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Quinto Dia

A estratégia maligna
Deus tem um desejo no seu coração. Podemos dizer com toda certeza
que o desejo de Deus é colocar-se a si mesmo dentro do homem. Deus
deseja que Cristo habite dentro de um povo de modo que este povo seja
seu próprio corpo vivo, uma extensão de si mesmo.
O propósito eterno de Deus tem um ponto central. Toda a Bíblia tem um
ponto central. E o ponto central em torno do qual giram todas as outras
verdades espirituais é este: “ Cristo em nós “. Cristo sendo a nossa vida.
Uma vez que cada crente possui a vida de Deus dentro de si ele está apto
para ser um ministro, um sacerdote do Senhor.
Depois da ressurreição e ascenção do Senhor, Deus começou a
concretizar o seu propósito de ter entre os homens uma expressão viva
de Cristo. Este é o eterno desejo de Deus que será concretizado nessa
época em que vivemos. Se não desviarmos os nossos olhos e não
tivermos outras preocupações esta visão da Palavra de Deus ficará clara
para nós. A igreja é o mistério de Deus oculto desde a eternidade.
A visão de Deus é maravilhosa, mas logo depois que o Senhor começou
o seu projeto, Satanás veio para interferir e tentar impedir os planos de
Deus. A história da Igreja na terra já vai para quase dois mil anos e em
todo esse tempo Satanás esteve bastante ativo no seu intento destrutivo.
Inúmeras vezes e de várias formas ele tem agido contra a Igreja. Há uma
maneira bem simples de estudarmos as estratégias do inimigo. Podemos
dividí-las em três fases durante a história nesses dois mil anos:

Primeira estratégia - Desviar os olhos do “Cabeça”, Cristo


O centro da vida cristã é o próprio Cristo. Ele deve ser o nosso deleite, o
centro e a realidade. A vida de Cristo deve ser cada vez mais
superabundante em nós e por meio de nós. O seu próposito só pode ser
alcançado se os nossos olhos estiverem focalizados em Cristo,
desfrutando dele, deleitando nele e alimentando dele. Mas Satanás
sucitou muitos substitutos sutís, muitas imitações inteligentes.
Desde os dias de Paulo podemos ver a ação do Diabo nessa direção.
Paulo escreveu aos colossenses para tirar um substituto de Cristo que
surgira deles: a filosofia. A filosofia humana havia sido introduzida para
desviar os olhos de Jesus. Por isso Paulo escreveu dizendo-lhes que
Cristo precisa ser tudo em todos (Cl.3:11). Paulo os advertiu que
ninguém os enredasse com filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição
dos homens, conforme os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo.
(Cl.2:8)
Na carta aos hebreus podemos ver que inimigo tentou usar a própria
religião judaica para desviar olhos de Cristo. O Escritor aos hebreus
procurou mostrar que Cristo está acima de todas as coisas e é melhor do
que todas as coisas do Velho Testamento.
O livro de gálatas foi escrito para expor outro dos substitutos lançado
pelo inimigo. A lei foi dada por Deus e era absolutamente santa, boa e
justa mesmo do ponto de vista de Deus. Mas até mesmo isso foi usado
pelo inimigo para desviar a atenção de Cristo. Desta foma vemos que a
filosofia, a religião e a lei são todas usadas para desviar o povo do próprio
Cristo e desviar os seus olhos do centro.
Até mesmo os dons espirituais foram usados pelo inimigo tentando tirar
a atenção de Cristo. Na carta de primeiro aos Coríntios Paulo procura
mostrar o caminho sobremodo excelente que é o próprio Cristo. Hoje em
dia isto ainda é muito comum. Deus me livre de dizer que os dons são
coisas do passado ou que não vêm de Deus, mas devemos entender que
os dons são instrumentos e não o centro do propósito de Deus. Muitos
há que se envaidecem porque possuem um determinado dom e há outros
que vivem numa disputa para ver quem tem mais dons. Tudo isso tem
aparência de piedade, mas por detrás é obra malígna.
Se olharmos a história da Igreja depois do segundo século até os dias de
hoje veremos ainda muitos outros substitutos. Um que tem sido muito
usado é o ritualismo e a liturgia. Há aqueles que são rígidos, frios e que
não permitem que Cristo se manifeste na reunião. Se o Espírito Santo na
verdade se manifestasse em uma reunião assim não seria bem recebido.
Colocaram a liturgia como dogma e vivem em função dela.
Por outro lado há aqueles que repudiando esta atitude caem no oposto
sem perceberem que também estão desviando os olhos do povo para fora
de Cristo. São aqueles que colocam atrativos humanos nas reuniões.
Quando o Senhor não está presente é certo que precisarão de outra coisa
para substituí-lo. Surgem então os artístas da música com lindas vozes e
belos instrumentos, verdadeiras bandas e orquestras que entusiasmam
o povo e os atraem para o culto.
Há ainda os artistas do púlpito que com suas mensagens engraçadas e
divertidas atraem a muitos. Muitos não satisfeitos com isso ainda fazem
produções teatrais, verdadeiros “shows” para agradar a congregação.
Não somos contra nenhuma forma de expressão, mas devemos ser
bastante critériosos e observamos se Cristo está sendo o centro de tal
expressão litúrgica. Devemos voltar os nossos olhos para Jesus.
Muitas vezes até os próprios irmãos se tornam substitutos e ainda por
vezes a própria teologia desvia o nosso olhar do centro quando se perde
em discussões sobre pontos que reconhecidamente são secundários no
espaço da vontade eterna de Deus. Devemos ser cuidadosos e vigilantes
para não desviarmos os olhos do Senhor.
Mas nos deparamos com a pergunta, como corrigirmos este sério
problema? Devemos evidentemente nos voltar para Jesus, mas a melhor
estratégia para isso são as reuniões menores, as células. Vejamos alguns
motivos:
a) Dificilmente na célula haverá oportunidade para discussões
filosóficas, teologicas e coisas assim. Quando nos reunimos é para
desfrutar do Senhor e dificarmos uns aos outros pela palavra e pelo
Espírito.
b) Em uma célula não há liturgia nem formalismo religioso, pois tudo é
feito espontaneamente. Também não há os atrativos das grandes
reuniões como bandas de música, os “ grandes pregadores “, os belos
números especiais e assim por diante. Quem vai a uma reunião da célula
está indo por causa de Jesus, pois não haverá outro atrativo que não seja
Ele.
c) Nas células não há espaço para “ shows “ de qualquer espécie que
desviam a atenção do centro.
d) Nas células não há espaço para o ativimo religioso. Há muitos que
pensam que o mais importe é contruir prédios e cuidar de coisas
materiais da obra de Deus. Isto também se constitui em um grande
substituto para Cristo. É como aquela pessoa que está entediada e
procura preencher seu tempo fazendo mil coisas. Nas células não se
constrói nada e nem há patrimônio para ser preservado. Toda a atenção
é voltada exclusivamente para Jesus e sua igreja.
A primeira grande estratégia do inimigo foi desviar os olhos do Cabeça
do corpo e mostramos como as células são um instrumento divino para
destruir esta estratégia.

Segunda estratégia - Tirar as funções dos membros do corpo


A partir do quarto século o inimigo criou o sistema de clérigos e leigos.
Isto aconteceu logo depois que a igreja torunou-se a religião oficial do
império romano. Depois de procurar de todas as formas desviar os olhos
da cabeça e se possível deixar o corpo sem cabeça, que fez inimigo?
Inventou um sistema de clérigos e leigos. Qual foi a sua intenção em
fazer isso? Foi a de matar todas as funções dos membros do corpo.
Originalmente todos os membros funcionavam adequadamente, mas
gradualmente as funções foram sendo passadas para um pequeno
número de cristãos. Desde que a maioria foi posta de lado o corpo ficou
inutilizado, paralizado.
Observe bem a maneira como o inimigo agiu: primeiro tirou a cabeça do
corpo, agora tirou as funções dos membros do corpo. Ele anestesiou o
corpo. Devemos nos levantar contra esta estratégia malígna. Na igreja
do Senhor todos são sacerdotes, todos ministram diante do altar, todos
conhecem a Deus e todos tem acesso ao Santo dos Santos. Não há
privilégiados.
Hoje em dia com tantos reverendos e doutores em divindade o inimigo
tem conseguido anestesiar os membros para que não funcionem. Há
dois tipos diferentes de funcionamento desta estratégia. O primeiro tipo
é quando os cléricos se colocam acima dos leigos afirmando que são eles
os que sabem, os que conhecem e portanto são incontestáveis. Chegam
mesmo a proibir os membros de pregar, ensinar ou fazer qualquer outra
coisa. Hoje em dia, em muitos lugares a única função dos membros é ir
ao prédio da igreja e se assentar no banco olhando prá frente para ouvir
o reverendo, o pastor.
Transformamos a vida da Igreja em algo patético. Um certo desenhista
plástico foi convidado para pintar um quadro retratando a igreja. No seu
quadro ele pintou um monte de nádegas com dois olhos enormes em
cima. Isso mostra realmente o retrato da igreja: um monte de nádegas
com dois olhos esbugalhados. Os membros da igreja só sabem sentar e
olhar prá frente, nada mais. Com as nádegas se assentam, com os olhos
vêem. São as únicas funções que desempenham.
O segundo tipo de clericalismo é consequência do primeiro. O povo fica
tão acostumado a esta situação que ele mesmo contrata um pregador
profissional, um funcionário do púlpito e exige que ele faça a obra de
Deus enquanto eles apenas dão o dinheiro. No primeiro caso o clero
proíbe o povo de falar. No segundo caso o povo não quer falar e obriga
um profissional a abrir a boca.
Qual a estratégia devemos usar para combater esse veneno da serpente?
Mais uma vez a minha resposta são os grupos menores, as
células.Vejamos porquê:
a) Em uma célula todos tem oportunidade de falar e não apenas uns
poucos privilegiados.
b) Em uma célula todos evangelizam. Hoje em dia evangelizar se
trasformou em simplesmente convidar para ir ao culto. Na célula,
porém, não se faz apenas um convite para a reunião de domingo, mas se
evangeliza lá fora, onde os pecadores estão.
c) Na célula não existe um profissional à frente formado em alguma
faculdade, mas o líder é formado pelo discipulado pessoal. Ainda que
haja níveis de autoridade e diferentes funções, não há clérigos e leigos,
todos funcionam, todos trabalham.

Terceira estratégia - Dividir o corpo


Veja que o inimigo em primeiro lugar tirou a cabeça do corpo, depois
anestesiou os membros tirou as suas funções, mas agora ele lançou seu
último ataque, ele cortou o corpo em pedaços. Dividiu o corpo.
Satanás não ficou satisfeito com apenas os dois primeiros itens. Ele deu
um outro passo criando todas as denominações e divisões do corpo de
Cristo. Esfalecendo o corpo o inimigo procura destruir a expressão de
Cristo na Terra. A vida foi substituida, as funções foram anestesiadas e
o Corpo foi cortado em pedaços.
Eu calculo que há em Goiânia cerca de 500 mil crentes. Suponha que
estes 500 mil cristãos estivessem unidos numa única igreja em Goiânia.
Que impácto seria! Se houvesse tal testemunho seria fácil conquistar
toda a terra para Cristo. Qual o lugar neste planeta onde se pode dizer
que o inimigo não causou todos esses três estragos? A expressão da
igreja está realmente arruinada. Mas o Espírito está mudando esse
quadro.
Temos visto o lado negro da questão, mas há outro lado que tenho que
falar, Deus está se movendo na terra. Deus está restaurando a sua Igreja.
Qual o caminho desta restauração? Creio que o caminho de ida deve ser
o mesmo caminho de volta. Em primeiro lugar devemos voltar toda a
nossa atenção para Cristo como o centro da nossa vida. Devemos nos
levantar contra substitutos e repudiar toda obra meramente humana
sem a vida de Cristo como centro.
Em segundo lugar o sistema de clerigo-leigos deve ser abolido de nosso
meio. Todos os membros do corpo devem funcionar adequadamente.
Precisamos rejeitar toda forma sutil de clericalismo.
Em terceiro lugar devemos buscar a restauração da Igreja. Devemos ser
contra toda divisão humana. Não penso que as denominações vão se
unir, mas creio que o povo de Deus que está dentro das denominações
vão prevalecer na unidade. O povo de Deus é pela unidade, mas os
líderes das instituições humanas querem resistir a Deus.
As celulas podem ser um instrumento de Deus para a restauração da
unidade da Igreja. De que forma?
a) As células não são instituições e não tem nome na frente da casa como
os templos religiosos.
b) Nas células o preconceito e as divisões são abolidas, pois cristãos de
várias denominações que residem em um bairro se sentem livres para
participar.

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