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CINQUENTA
CARROS
QUE
MUDARAM
O MUNDO

Job:E03-10040 Title:Design Museum-50 Cars


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DESIGN
MUSEUM

CINQUENTA
CARROS
QUE
MUDARAM
O MUNDO

autêntica

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CINQUENTA
CARROS

6 Introdução

8 Ford Modelo T 1908


10 GN Cyclecar 1910
12 Austin Seven c.1922-1928
14 Bugatti T35 B 1924
16 Salmson San Sebastian 1925
18 Tracta 1927
20 Dymaxion 1933
22 Citroën Traction Avant 1934
24 Bugatti Type 57 Atlantic 1936
26 Tatra T87 1936
28 BMW 328 1937
30 Alfa Romeo 8c 2900B Le Mans special 1938
32 Cisitalia Berlinetta 1946
34 Volkswagen original 1946
36 Ferrari 125S 1947
38 Land Rover 1948
40 Piaggio Ape 1948
42 Citroën 2CV 1949
44 Buick LeSabre carro-conceito 1951
46 Bertone BAT 1953
48 Alfa Romeo Giulietta Sprint 1954
50 Fiat Turbina 1954
52 Panhard Dyna 1954
54 Citroën DS 1955
56 Fiat 600 1955
58 Táxi Austin FX4 1956

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60 Lotus Elite 1957


62 Trabant 1957
64 Mini 1959
66 Saab 96 1960
68 Citroën Ami 1961
70 Jaguar E-Type 1961
72 Lamborghini 350 GTV 1963
74 Ford GT40 1964
76 Chevrolet Corvair 1965
78 Lamborghini Miura 1965
80 NSU Ro 80 1967
82 Bertone Carabo show car 1968
84 Range Rover 1970
86 Alfasud 1971
88 Austin Allegro 1973
90 VW Golf 1974
92 BMW Série 3 1975
94 Lancia Megagamma 1978
96 Mazda RX7 1978
98 Audi 100 1983
100 Toyota Prius 1997
102 Fiat Multipla 1998
104 Nissan Cube 1998
106 Smart 1998

108 Índice
112 Créditos

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CINQUENTA
CARROS

O carro, como o conhecemos, pode perfeitamente estar em vias À direita: Jaguar E-Type – um
de esquecimento em um mundo que tenta se convencer do seu ícone britânico no design de
carros.
empenho em reduzir as emissões de dióxido de carbono e, com
isso, salvar as suas cidades da expansão sem fim que vem dos
subúrbios, em densidades às quais poderão resistir apenas com
veículos coletivos. No entanto, há um século, o carro foi um
catalisador de mudança extremamente poderoso, cuja influência
pode ser facilmente comparada à do avião ou à do microchip.
Desde suas primeiras aparições, o carro tem exigido
consideração e, certamente, atraído veneração em vários níveis:
como objeto escultural, como produto do industrialismo de
vanguarda e como uma notável peça de engenharia.Assim, os
primeiros carros emprestaram a expressão formal de seus parentes
mais próximos, as charretes; e a Ford reconhecidamente modelou a
primeira linha de produção de automóveis com as técnicas dos
frigoríficos de Chicago, e os primeiros passos rumo à
autopropulsão dos movimentos mecânicos podem ser encontrados
no século XVIII. Da mesma forma, o carro foi usado como medida
de prestígio nacional, daí as sucessivas tentativas do Irã, da
Malásia, da Turquia, do Brasil, da Índia e da China para se
estabelecerem como montadoras mundiais.
No Design Museum, acreditamos que seja importante levar em
consideração esses extensos contextos, e não se concentrar
apenas em questões formais, sem levar em conta o quanto a
estilística pode ser sedutora. Nossa coleção inclui, por exemplo, um
protótipo de madeira do carro projetado por Le Corbusier, em 1928,
e um Nissan S Cargo de 1987, um dos primeiros carros feitos por
uma montadora convencional que reconhece os aspectos
emocionais e lúdicos do design de automóveis.

Deyan Sudjic, diretor do Design Museum

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FORD MODELO T 1908

O modelo T tem duas histórias.A mais evidente é que ele foi um À direita, acima: A sólida
perfeito dispositivo utilitário que motorizou os Estados Unidos. fábrica à luz do dia em
Highland Park, projetada por
Ele não tinha muitos dos caprichos dos carros anteriores, foi Albert Kahn, foi tão inovadora
cuidadosamente projetado e, para a época, era relativamente fácil quanto o carro para cuja
de conduzir, graças à transmissão semiautomática epicíclica. produção foi idealizada. O
Henry Ford (1863-1947) era um engenheiro intuitivo que tinha encaixe da carroceria, onde
carroceria encontra o motor e
treinado como mecânico em Detroit e adquirido um profundo o chassi, tornou-se uma peça
conhecimento das técnicas de fabricação. Mas ele nunca esqueceu ícone do processo de
suas raízes agrárias e queria produzir um carro de extrema produção em massa de
praticidade, que beneficiaria a população rural, de quem ele se automóveis. Esta seção ao ar
livre, fotografada em 1913,
sentia próximo. O flexível e bem arqueado Ford T se sentia em casa
deve ter sido, no entanto, algo
nas instáveis estradas rurais dos Estados Unidos naquela época. raro. À direita, abaixo: O Ford
O modelo T também tem um grande significado como símbolo Modelo T – “o carro que
e publicidade para a linha de produção da Ford e se tornou foco da motorizou a América”.
admiração em todo o mundo por aquilo que desde então ficou
conhecido como Fordismo. Diziam que a linha de produção em
série era a perfeita realização do projeto que começou no
Iluminismo para transformar homens em máquinas.Assim, o
filósofo escocês Adam Ferguson, do século XVIII, escreveu:
“Artes mecânicas têm melhor êxito se suprimirmos totalmente o
sentimento e a razão. Fábricas prosperam onde a oficina [...] pode
ser considerada como um motor, do qual as peças são os homens”.
Essa poderia ser uma descrição perfeita da fábrica integrada da
Ford em Highland Park. Curiosamente, Ford e seus métodos
impressionaram igualmente Adolf Hitler e Joseph Stalin.

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GN CYCLECAR 1910

Dois jovens loucos por carros têm um sonho de criar sua própria marca. À direita, acima:A equipe
Eles colocam seus projetos em conjunto na garagem de um de seus pais, do GN em Brooklands para
a corrida de 200 milhas em
e voilá! Eles têm um produto popular e um promissor negócio na área de 1922.Archie Frazer-Nash
motores.Tão simples – e atualmente tão impossível.Mas não em 1911, está no carro do meio,
quandoArchibald Frazer-Nash (1889-1965) e Ronald Godfrey (1887-1968) vestindo um casaco e o seu
tinham acabado de se formar na FinsburyTechnical College de Londres e, característico capacete de
tricô. À direita, abaixo:
com diplomas de engenheiros, criaram sua própria companhia, a Godfrey & Algumas fabricações
Nash (GN).O carro deles tinha um motor de dois cilindros refrigerado a ar, caseiras variantes do GN –
era mais parecido com uma motocicleta do que com um carro e, por isso, como a Sprint Basil
ficou conhecido como “cyclecar”(algo como “carrocicleta”).Em 1920Archie Davenport e o Spider
especial para subir ladeiras
criou, sozinho, a montadora de carros Frazer Nash, bem mais substancial,
– eram incrivelmente
embora fundamentada na mesma arquitetura básica. rápidas. Davenport no
Uma característica dos modelos foi que, em vez de uma caixa de Spider 1 original no teste
câmbio, eles tinham correntes e rodas dentadas de tamanhos diferentes de velocidade nas areias
de Skegness,
para proporcionar velocidades diferentes.Elas trabalhavam em um eixo
Lincolnshire, 1920.
intermediário sob o banco do motorista até o eixo traseiro, e a “marcha”era
trocada através de uma engrenagem de garras que mudava o movimento
de um jogo de correntes para outro.O sistema era rápido e eficaz.Além
disso, o carro não tinha engrenagem diferencial, porque o eixo traseiro era
uma peça única, e os motoristas de GNs ponderaram que os carros
trabalhavam melhor com aceleração alta.
O GN e os carros da Frazer Nash simbolizaram os carros
esportivos britânicos do período – delgados e libertinos, obtinham
desempenho com leveza e simplicidade. Condutores superesportivos
os transformaram em concorrentes improváveis em corrida de alta
velocidade em montanhas, e eles muitas vezes superavam o MG e o
Austin, assim como o GN Spider, de Basil Davenport, que sempre
estava impregnado, no paddock, com o aroma perfumado de álcool –
o combustível que ele usava. GNs e “Nashes” também ajudaram
a cultivar gerações de proprietários de oficinas mecânicas que se
tornaram a espinha dorsal de uma instituição britânica única, o
Vintage Sports Car Club. Um membro anônimo ainda homenageou
os inventores com este versinho encantador:

Nash e Godfrey odiavam engrenagem com dentes,


Fizeram um carro com garras e correntes.
E ele funcionou, mas seria igualmente competente
Se eles tivessem feito isso diferente?
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AUSTIN SEVEN c.1922-1928

O britânico Herbert Austin (1866-1941) emigrou para a Austrália À direita e abaixo: Como
quando jovem e trabalhou com engenharia, mas retornou a muitos barões do carro,
Herbert Austin queria
Birmingham e fundou sua própria companhia próxima a Longbridge, “motorizar as massas”. O útil
em 1905, que logo se voltou para o novo mercado de carros. Seus e barato Austin Seven provou
principais produtos eram vistos como sólidos veículos de médio que um carro “bebê” criado
porte, mas ele nutria um sonho, compartilhado por muitos dos apropriadamente era viável
e alterou profundamente o
pioneiros da indústria automobilística, de fazer um carro realmente cenário automobilismo britânico.
barato e popular.Apesar dos temores de seus codiretores, que
acreditavam (como muitos acreditam hoje) que um carro pequeno
significa um pequeno lucro, Austin se propôs a fazer “um carro
decente para o homem que, na época, podia bancar apenas
uma motocicleta e um sidecar (motocicleta de três rodas com
cabine acoplada para um passageiro)” e investiu muito de sua
fortuna no projeto.
O Austin Seven foi lançado em 1922 como um “verdadeiro”
carro pequeno, com um motor de quatro cilindros refrigerado a
água (embora de apenas 750cc), freio nas quatro rodas e uma
carroceria resistente às intempéries, se necessário.Tornou-se
muito popular e logo extinguiu do mercado os excêntricos e leves
“cyclecars”, como o GN.Austin refletiu que “o Seven fez mais do que
qualquer outra coisa para realizar a minha ambição de motorizar as
massas”. Como a Ford havia feito antes dele, Austin criou um novo
mercado para um novo tipo de produto.
Austin também produziu muitas variantes intrigantes do Seven,
incluindo conversíveis, versões esportivas, carros de corrida
inteiramente trabalhados e um modelo bonito, conhecido como
Grasshopper, ideal para os populares testes off-road daquela época.
Na era pós-Segunda Guerra Mundial, os velhos Austin Sevens
eram tão onipresentes e baratos que a construção de um Austin
Seven especial se tornou a maneira mais fácil de numerosos
construtores e motoristas participarem de corridas.As bases da
supremacia britânica de hoje na construção e no design da
Fórmula 1 decorrem da experiência e da perspicácia adotadas ao
ajustar e adaptar os Austin Sevens.

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BUGATTIT35 B 1924

Se Ettore Bugatti (1881-1947) tivesse projetado apenas um À direita: H. Heusser no


carro, o T35 B seria suficiente para torná-lo imortal. Seu pai, Dreieck Buckower – um
circuito triangular no leste de
Carlo, era um artista, joalheiro e designer de móveis Art Berlim, 1924. O T35 foi um
Nouveau, por isso, Ettore estudou arte na Accademia Brera, “carro de corridas de
em Milão. No entanto, ele também foi muito atraído para o novo catálogo”, que você poderia
campo do automobilismo e tornou-se um aprendiz na empresa comprar e com o qual você
poderia vencer.Abaixo:
Prinetti & Stucchi, de Milão. Em 1899, Bugatti venceu a classe de Pôster original de 1925.
triciclo do Grande Prêmio de Reggio Emilia com uma máquina
Prinetti & Stucchi de projeto próprio.
Em 1910, Bugatti se estabeleceu como fabricante em
Molsheim, Alsácia, onde produziu uma fascinante série de carros
de alto desempenho que tinha características extraordinárias –
ainda que agressivas ou arcaicas. Bugatti sempre se recusou a ser
influenciado pela indústria automobilística convencional e foi
chamado de “o último dos engenheiros artistas”, capaz de construir
um negócio em torno de sua própria personalidade e gostos. Seus
projetos eram muito influenciados por sua filosofia do carro de le pur
sang – o puro-sangue –, um reflexo de sua paixão por cavalos
e cães. Dessa forma, suas partes mecânicas podem parecer
orgânicas: a extremidade elegantemente forjada do eixo dianteiro
do T35 B nos lembra mais um pulso do que um dos elementos
da máquina.
O T35 B de oito cilindros, lançado em 1924, foi considerado,
em relação à estética, o carro de corrida mais satisfatório já feito.
Ele ganhou uma reputação fenomenal porque, além dos vários
Grandes Prêmios conquistados pela fábrica, os amadores também
podiam comprar um e vencer. Ele representa o ponto alto da
produção Bugatti, pois veio em um momento em que a meticulosa
manufatura de sua fábrica de montagem e mão de obra produzia
com um desempenho significativamente superior. Mais tarde, como
Bugatti procurou equiparar-se com a oferta cada vez mais
industrializada de seus rivais, os carros ficaram mais atarracados
e a leveza, o equilíbrio e a precisão do T35 B nunca mais
foram recuperados.

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SALMSON SAN SEBASTIAN 1925

Os franceses foram os primeiros motoristas a compreender que À direita: Um modelo


esta nova forma de mobilidade era tanto qualificada quanto chique. Salmson San Sebastian
superturbinado. Uma mostra
Durante os anos 1920 e 1930, houve um grande florescimento da improvisada de carros em
imaginação mecânica uma vez que as garagens e as grandes Chiswick, durante a Regata
fábricas inovaram e projetaram carros novos, embora muitas das de 1927.Abaixo: Emile Petit, o
características mecânicas ofertadas fossem excêntricas e construtor, com um dos
carros de motor de duplo
condenadas ao fracasso. comando no circuito de
Levallois-Perret, na periferia noroeste de Paris, foi o local de Miramas, sul da França, 1924.
grande parte dessa efervescência da engenharia, e lá a fábrica
Salmson habitou na rua maravilhosamente nomeada Point du Jour
(“Rua do Amanhecer”), produzindo flexíveis carros esportivos de
1.100cc.A Salmson era uma verdadeira empresa de engenharia,
que fazia motores aeronáuticos e ferramentas industriais, e talvez
esse seja o motivo pelo qual os seus carros tenham sido os
melhores dessa nova geração.
Leves e elegantes, com um estilo de carroceria que ecoou até
nos mais caros Bugattis de corrida, os Salmsons eram movidos por
um bonito e avançado motor de duplo comando e contou com
performances notáveis em Le Mans e Brooklands, onde, em 1927,
o desempenho do carro turbinado poderia rodar a mais de 100 mph
(160,9 km/h). Eles foram os concorrentes naturais do Amilcar, que
tinha aparência esportiva semelhante, mas ostentava um motor
muito mais rudimentar. (A bailarina Isadora Duncan estava, na
verdade, em um Amilcar, e não em um Bugatti como
frequentemente é dito, quando ela morreu estrangulada por seu
xale esvoaçante.)
Os Salmsons ofereciam visual esportivo e excitante, para
muitos pela primeira vez (O MG na Grã-Bretanha estava quase dez
anos atrás do Salmson no quesito de oferta de uma série leve de
dois lugares), e eles armaram as bases de um tipo de veículo de
lazer que é representado hoje por carros como o Mazda MX-5.

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TRACTA 1927

A cena entre-guerras do automobilismo francês foi povoada por À direita, acima: Um Tracta no
personalidades coloridas e inventivas que acreditavam estar teste do Junior Club Car, em 8
de março de 1930.A tração
mudando a cara do automobilismo popular. E algumas vezes isso dianteira pode ter ajudado,
realmente ocorria. Em 1920, Jean-Albert Grégoire (1899-1992) mas a composição baixa do
administrava uma garagem em Versailles que, segundo ele: Tracta também foi feita com a
“Permitiu-me viver e satisfazer humilde mas constantemente, a intenção de garantir uma boa
performance.À direita, abaixo:
minha paixão por automóveis”. A delicada cauda pontuda foi
Como tantos entusiastas da época, Grégoire queria fundar sua uma característica
própria marca de carros e explorar suas próprias ideias de design. emblemática dos carros
A Grégoire's Tracta Cars, fundada entre 1927 e 1932, estava entre esportivos franceses da
década de 1920.
as primeiras a oferecer carros de tração dianteira para venda em
geral. É difícil perceber como uma mudança dessas foi
revolucionária para a época e Grégoire fez muito para popularizar
a ideia, principalmente através de excelentes desempenhos em Le
Mans e outras competições esportivas. No entanto, ele comentou:
“Eu não acho que a Société des Automobiles Tracta algum dia
tenha sido um sucesso em vender um carro por um preço maior
que seu custo, independentemente de quanto valesse”.
Muito do esforço de Grégoire era financiado por seu amigo
Pierre Fenaille, embora Grégoire ingratamente tenha comentado
que sua “fortuna considerável apenas reforçou a sua prudência
financeira inata”. No entanto, ao contrário de tantos pequenos
construtores, Grégoire fez a sua empresa ser um sucesso,
fornecendo para vários usuários civis e militares suas juntas
giratórias Tracta para tração dianteira. Ele também teve uma
participação pequena e menos bem-sucedida no projeto do
Citroën Traction Avant.

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DYMAXION 1933

Buckminster Fuller (1895-1983) foi um arquiteto autodidata, com À direita e abaixo: O formato
um pensamento extremamente original, e um convincente orador, do futuro? Há algo ao mesmo
tempo admirável e triste na
comprometido em discutir o seu personalizado e imaginado futuro tentativa pretensiosa de
“racional” da existência, por vezes em quatro horas de aulas. Parte Buckminster Fuller de refazer
dessa visão incluía um novo sistema industrial de construir casas, o o mundo.
qual ele chamou de “Dymaxion”, um termo que é, ao mesmo tempo,
chamativo, científico e indecifrável. Naturalmente, os habitantes
dessas novas moradias deveriam ter um carro voador, e,
consequentemente, o design do primeiro carro Dymaxion mostra
grossas asas infláveis. O carro foi construído sem as asas, mas
com a intenção de levantar sua cauda e fazê-lo planar sobre as
duas rodas da frente – uma tendência que tornou difícil controlá-lo
quando em velocidade –, o volante traseiro dificultou o controle
quando ia mais devagar também!
Numa época em que as montadoras convencionais estavam
experimentando tanto o motor traseiro com tração traseira ou o
motor dianteiro com tração dianteira, o Dymaxion resistiu a todas as
tendências por ter, de forma exclusiva, motor traseiro e tração
dianteira. Infelizmente, o protótipo envolveu-se em um acidente fatal
na Exposição Mundial de Chicago de 1933, embora isso não tenha
tido ligação alguma com os aspectos não convencionais do design.
Esse carro talvez possa ser considerado mais como uma
polêmica modernista do que como um veículo prático. Em conjunto
com o estranho design concebido por Walter Gropius para o Adler,
o Dymaxion provou, de uma vez por todas, que os arquitetos não
devem se intrometer no design automotivo.

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