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A era das chamadas ‘’FAKE NEWS’’

A invenção de notícias falsas para efeito de manipulação e difamação de


pessoas e instituições não é um fenômeno recente, desde os primeiros passos
firmes do jornalismo no mundo, essa prática já era utilizada. Desde esses
tempos havia uma preocupação em separar a mentira e a calúnia do que era
realmente verdadeiro. Claro que, cada época com as suas particularidades. O
contexto da qual vivemos hoje, exige muito mais recursos para uma solução
eficaz. No passado não havia a possibilidade de espalhamento rápido que
temos hoje, o que antes se espalhava com panfletos, hoje com o advento das
novas tecnologias, as notícias falsas podem causar efeitos devastadores em
questão de segundos se trata de uma ameaça real à democracia.

O termo ‘’Fake News’’ surgiu em 2016, sendo muito repetido pelo então
candidato à presidência da república, Donald Trump, que se referia assim aos
veículos de comunicação e os jornalistas que relacionava o seu nome a coisas
negativas. Antes mesmo de Donald Trump se apossar do termo, ocorria a
criação de um modelo de negócio legal, utilizando-se de noticias falsas. Jovens
da cidade de Veles na Macedônia criaram sites de notícias faltas, tudo o que
precisavam era acesso a internet de alta velocidade, domínio de mídias sociais
e pessoas dispostas a pagarem por mobilização digital ou acessos. Ninguém
conseguiria prever a dimensão que tomaria a combinação de elementos como
tecnologia e textos inventados com alta capacidade de compartilhamento. Além
de não conseguir prever, não foi possível barrar o crescimento da chamada
‘’indústria da desinformação’’, hoje já existem até grandes empresas que atuam
na fabricação de notícias falsas.

Tanto as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016 quanto a do


Brasil no ano passado, foram fortemente influenciadas pelas Fake News, em
um sistema de compartilhamento tão complexo e poderoso que a maioria das
pessoas não pode imaginar. Ainda está sob investigação, a denúncia que
acusa o partido do atual presidente da república Jair Bolsonaro, de manter
relações com empresas contratadas para impulsionar notícias falsas contra o
Partido dos Trabalhadores PT e o seu candidato Fernando Haddad.
A receita para o sucesso desse modelo de negócio, capaz de afetar
seriamente a democracia, além de questões políticas, questões econômicas e
sociais, é atribuída ao uso do sensacionalismo, conteúdos apelativos, que
sejam fáceis de serem republicados e espalhados nas diversas plataformas de
mídias sociais, principalmente o Facebook e o Whats’app que atingem milhares
de pessoas.

Outra questão importante a ser ressalta é a capacidade de lidar com


instantaneidade que foi imposto aos jornalistas na era de webjornalismo. A
informação tendo que ser disseminada rapidamente, em uma competição
acirrada de quem irá dar o ‘’furo da notícia’’, a checagem, função essencial do
jornalista, passou a ser ‘’deixada de lado’’ pois não há tempo para checar as
informações como antes, o que colabora na propagação e popularização de
notícias falsas, que são alimentadas por sistemas de algoritmos e pela
estrutura de dados agregados em torno de utilizadores.

No entanto, com a preocupação real dos efeitos devastadores das notícias


falsas, começaram a surgir agências especializadas de checagem que vêm
contribuindo para desvendar várias inverdades que foram espalhadas com o
intuído de manipular e enganar as pessoas, principalmente no campo político.

Falta preparo para que as pessoas possam lidam com esse sistema mediático
que se impôs nos últimos anos. Falta também conscientização da população,
para que entendam o que está ocorrendo, para que não fechem os olhos para
a realidade que está aí à frente, disseminando cada vez mais informações
falsas e aumentando o discurso do ódio.

Alguns especialistas apontam que o principal desafio dos dias de hoje consiste
em proteger os dados pessoais, já que estes estão expostos de forma absurda
na internet. Tudo o que se faz, é observado. E tudo o que é observado é
utilizado para traçar perfis de pessoas que são mais suscetíveis a disseminar
informações falsas, até mesmo sem ler. Para o professor do Mestrado em
direito do Instituto Brasiliense de Direito Público, Danilo Doneda, o problema
das chamadas Fake News, está mais associados à proteção de dados pessoas
do que as discussões sobre verdades. Ele aponta que sem a utilização abusiva
de dados pessoais a disseminação das notícias falsas não teria atingido esse
patamar da qual se encontra hoje.

Desde que as autoridades e órgãos públicos e privados começaram a agir


pelo combate à desinformação, poucos foram os avanços. Em Julho de 2018
foi aprovada a Lei de Proteção de Dados Pessoais, da qual seus efeitos não
incidiram sobre o curso das eleições que já estava acirrado nesse mesmo
período. Houve algumas medidas de proteção tomadas pelas plataformas
Facebook, Twitter e Google, no entanto na plataforma, Whats’app, não houve
nenhuma medida de regulamentação, o que fez com que o canal fosse a mídia
social mais usada para a disseminação de inverdades durante o período
eleitoral, posteriormente às eleições foi criadas algumas medidas na tentativa
de frear a crescente disseminação de notícias falsas pela mídia social
whats’app, porém, pouco se avançou desde então. De acordo com artigo da
jornalista e Doutora em Comunicação Helena Martins, Os especialistas
sugeriram um controle da própria plataforma, baseados em recursos de
limitação em disseminação de informações, além de recursos que
possibilitassem a checagem de informações, a fim de se fericar se são
verdadeiras ou falsas, além de trabalhar em conjunto com o Tribunal Superior
Eleitoral, os meios de comunicação e a sociedade civil para desenvolver uma
nova educação, conscientização, segurança e aprendizado sobre a
disseminação de desinformação no Brasil.

O Brasil passa por um período de centraliza

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