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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ


DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA

ERRO EM REGIME PERMANENTE

Inicialmente veja o sistema realimentado mostrado na figura 1, onde é aplicado um


degrau na entrada. Este sistema é um controlador de temperatura.
O sinal de referência, que indica a temperatura desejada, é comparado com o valor
medido da temperatura. A diferença entre os dois sinais gera o sinal de erro. Este sinal de
erro é amplificado e aplicado à resistência. A corrente que passa pela resistência irá gerar
calor.

Referência erro Amplificador


K

Medidor de
resistência
temperatura

Figura 1- sistema realimentado

Para aquecer a resistência é necessário que haja uma tensão na entrada do


amplificador, para que este sinal possa ser amplificado, e assim gerar tensão e corrente
que serão aplicados à resistência. O sinal na entrada do amplificador é chamado sinal de
erro.
Aumentando-se o ganho do sistema, o valor do erro diminui. Mas sempre será
necessário que haja um erro.
Para sistemas como o mostrado na figura acima, sem integrador, sempre haverá um
erro finito.
Para que o erro seja zero, deve-se colocar um integrador na malha.
Sistemas sem integrador são chamados sistemas do tipo 0. Para este tipo de
sistema o erro, devido a um degrau, é finito.
Se for aplicada uma rampa na entrada, o sistema da figura acima não conseguirá
acompanhar e o erro irá aumentar de forma indefinida. Mas se for colocado um integrador,
o sistema conseguirá acompanhar o sinal de entrada, mas com um erro finito. Para que o
erro seja zero, deve-se der dois integradores na malha. Desta forma um sistema do tipo 1,
consegue acompanhar uma rampa na entrada com erro finito. Para não Ter erro deve-se
colocar um integrado na malha, ou seja Ter o equivalente a dois integradores na malha.

CÁLCULO DOS ERROS


O erro em regime permanente significa o erro que o sistema tem após a resposta
transitória ter terminado.

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Dado o sistema realimentado mostrado na figura abaixo:

E(z) C(z)
R(z) G(z)

B(z)
H(z)

O erro é definido como:

E(z) = R(z) – B(z) = R(z) – H(z) C(z) = R(z) – G(z) H(z) E(z)

Para se encontrar o erro em regime, aplica-se o teorema do valor final:

e*ss = lim e*(t) = lim e(kt) = lim (1 – z-1)E(z)


t k z1
Para o sinal discreto

A função de transferência do erro é dada por:

E(z) = R(z)
1 + G(z)H(z)

O termo G(z)H(z) é chamado função de transferência em malha aberta, e de forma


geral pode ser escrita como:

G(z)H(z) = K  (z-zi)
(z-1)N  (z-pi)

N é chamado o Tipo do Sistema. Se N=0, tem-se um sistema tipo zero. Se N=1,


tem-se um sistema tipo um, e assim por diante.
Define-se Kdc como sendo o ganho DC em malha aberta, com os pólos em z=1
removidos. Fazendo-se o limite quando z  1:
N=0 – sistema tipo zero
Kdc = K  (z-zi) N=1 – sistema tipo 1
 (z-pj) etc
para z =1

ERRO DEVIDO À UMA SEQÜÊNCIA DEGRAU NA ENTRADA


A função degrau no domínio do tempo é: r(t)=Ru(t), onde u(t)=1, para t  0. A
transformada de Laplace é dada por R(s)=R/s.
A função degrau, no plano z, tem a função de transferência mostrada a seguir:

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R(z) = Rz
z - 1
onde: R é a amplitude do sinal de
entrada

Substituindo a equação do degrau na equação do erro, obtém-se:

e*ss = lim (1-z-1) 1 Rz


z1 1 + G(z)H(z) z -1

e*ss = lim R = R
z1 1 + G(z)H(z) 1 + lim G(z)H(z)
z1

A constante de erro de posição é definida como:

Kp = lim G(z)H(z)
z1

O erro devido à uma função degrau na entrada é dado por:


e*ss = R
1+ Kp

Para se ter erro zero, quando se aplica uma sequencia degrau na entrada, Kp deve
ser infinito. Para kp ser infinito implica que a função G(z)H(z) deve Ter um pólo, ao menos,
em z=1.
Para sistemas com tipo 1, o erro será zero.

ERRO DEVIDO À UMA SEQÜÊNCIA RAMPA NA ENTRADA


A função rampa, no domínio do tempo, é: r(t) = Rtu s(t). A transformada de Laplace
da função rampa é: R(s)=R/s2.
A transformada Z, da função rampa, é dada por:
R(z) = RTz / (z-1)2
O erro em regime é dado por:
E(z) = RTz 1
2
(z-1) [1 + G(z)H(z) ]

e*ss = lim (1-z-1) RTz 1


2
z1 (z-1) [1 + G(z)H(z) ]

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e*ss = lim RT
z1 [1 + G(z)H(z) ] (z -1)

e*ss = R
lim (z -1) G(z)H(z)
z1 T
A constante de erro de velocidade é definida como:

Kv = 1 lim [(z -1) G(z)H(z) ]


T z1

O erro devido à uma rampa na entrada é dado por:


e*ss = R
Kv

Para se Ter erro zero, Kv deve ser infinito. Isto significa que G(z)H(z) deve ter, no
mínimo, dois pólos em z=1.
O termo erro de velocidade é usado para indicar o erro para uma entrada rampa. A
dimensão do erro de velocidade é a mesma que a do erro do sistema, isto é, o erro de
velocidade não é um erro de velocidade, mas um erro na posição devido à entrada tipo
rampa.

ERRO DEVIDO À UMA SEQÜÊNCIA PARÁBOLA NA ENTRADA

A função parábola, no domínio do tempo, é: r(t) = Rt 2us(t)/2

A transformada Z, da função parábola, é dada por:


R(z) = RT2z (z+1) / [2(z-1)3]

O erro em regime é dado por:

e*ss = lim (1-z-1) R T2 (z + 1)z 1


3
z1 2 (z -1) [1 + G(z)H(z)]

e*ss = T2 lim R (z + 1)
2 z1 (z -1)2 [1 + G(z)H(z) ]

e*ss = R
lim 2 (z -1)2 G(z)H(z)
z1 T2 (z+1)

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A constante de erro de aceleração é definida como:

Ka = 2 lim [(z -1)2 G(z)H(z) ]


T2 z1 (z+1)

O erro devido à uma rampa na entrada é dado por:


e*ss = R
Ka

O termo erro de aceleração, isto é o erro devido a uma entrada em parábola, é um


erro na posição.

RESUMO DOS ERROS EM REGIME PERMANENTE

TIPO DO Erro em regime permanente


SISTEMA Para sinal de entrada Para sinal de entrada Para sinal de entrada
degrau rampa parábola
Tipo 0 ess=R/(1+Kp) Infinito Infinito
Tipo 1 ess=0 R/Kv Infinito
Tipo 2 ess=0 0 R/Ka

Exemplo
a) Determine o ganho K para que o sistema tenha um coeficiente de amortecimento de 0,7.

10
K (z – 0,8) (z + 0,8)

O lugar das raízes, junto com o lugar geométrico de  constante, igual a 0,7 é
mostrado na figura abaixo.
O ponto de interesse ocorre quando o lugar das raízes encontra o lugar de 
constante (ponto P). Pela figura abaixo é possível observar que este ponto é: z= 0,22j .
Lembrando que a equação característica é dada por: 1 + K G(s) H(s) =0; KGH= -1;
|KGH| =1; |K| = | 1/GH| ;

|K| = 1
10
(z – 0,8 ) (z + 0,8)

|K| = | (z + 0,8) (z - 0,8)/10 | no ponto z=0,22j

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|K| = | (0,22j + 0,8)(0,22j –0,8)/10 | = 0,83. 0.83/10= 0,069

Outra forma é utilizar o critério de módulo, que determina que do ponto em que
acontece o encontro do lugar das raízes com o lugar de qsi constante (ponto P), sejam
desenhados vetores para os pólos (v1 e v2). O ganho é se obtém como; K= v1.v2/10=
0,07

b) Calcule o erro em regime para um degrau unitário na entrada.


Kp = 0,7/((1-0,8)(1+0,8))= 0,7/0,36= 1,94
e = 1/(1+kp) = 1/(2,94) = 0,34
Análise da resposta: como está sendo aplicado um degrau unitário na entrada, era
esperado que a saída tivesse também valor unitário, isto é y=1. Mas com o erro é de 0,34,
isto significa que a saída terá valor de y= 0,66.

c) Calcule o ganho K2 para se ter erro de regime = 0,1


Para se ter e=0,1 ; como e=1/(1+kp), chegamos a kp=9.
Kp = 10 . K2 =9
(1 – 0,8)( 1+0,8)

K2= 9.0,36/10 = 0,324

d) Para o valor de ganho K2, qual o coeficiente de amortecimento e qual o


significado disto na resposta ao degrau unitário?

EXERCÍCIOS: (obs: em todos os problemas, a realimentação é negativa)


1) a)Calcule o ganho do sistema para se ter kp=5, sendo aplicado uma sequência
degrau unitário na entrada.

K
(z-0,9) z

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b) Qual o valor do erro em regime, e da saída em regime.
c) Determine os polos em malha fechada.

2) Calcule o erro em regime, sendo aplicada uma rampa unitária na entrada, com
R=1. T=1s.

1,5
(z-1) (z+1)

3) a) Determine o erro em regime para k=1, para o sistema abaixo, para um degrau
unitário na entrada. Use T=1ms:
b) calcule o valor de K para erro=0,05 e calcule Kp
c) simule os itens a e b, usando o simulink.
K SOZ 100
s+ 100

4) Para o sistema da questão 3, coloque um integrador, T=1ms,:

z K SOZ 100
z-1 s+ 100

a) Varie o ganho K, e verifique de que forma o ganho k altera o erro em regime.


b) Que característica o ganho K altera ?
c) Calcule Kv para k=10
d) Simule este sistema

5) a) Para a questão 4, aplique uma rampa unitária na entrada, varie K e verifique o


que acontece com o erro em regime.
b) Para K=1, calcule o erro em regime
c) para K=30, calcule o erro em regime.

6) Para os sistemas abaixo, calcule o erro para uma rampa unitária e para um
degrau unitário aplicados na entrada:
a)
Z
Z - 0,2

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b)
Z Z
Z - 1 Z - 0,2

c)

Z Z Z
Z - 1 Z - 1 Z - 0,2

Resposta:
Figura Entrada Entrada rampa
degrau
a Erro finito Erro infinito
b Erro zero Erro finito
c Erro zero Erro zero

PARA O PLANO S

Kp=lim G(s)H(s) Kv=lim s G(s)H(s) Ka=lim s2G(s)H(s)


s0 s0 s0

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