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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM – INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS:


ANTROPOLOGIA

LETÍCIA OLIVEIRA DA SILVA


PERÍODO: NOTURNO
RA: 141520

SÃO PAULO
2019
1-) Uma das contribuições da escola evolucionista na antropologia foi
sustentar a unidade psíquica da humanidade. Discorra sobre os modos como
Morgan, Frazer e Tylor tentaram demonstrar essa assertiva.

Durante o século XIX a corrente antropológica conhecida como evolucionismo


cultural é aceita pela maioria dos etnólogos que pressupunha uma unidade
psíquica do ser humano, na qual se dizia que todas as pessoas, mesmo de lugares
afastados, possuíam a mesma capacidade mental.
A princípio, Lewis Henry Morgan apresentou uma nomenclatura e métodos
de estudo do parentesco, leis de consanguinidade e descendência, concluindo que
a complexidade social e tecnológica combinava a terminologia do parentesco.
Desse modo, separando a evolução humana, todas as sociedades percorreriam
unilinearmente por estágios de desenvolvimento sociocultural análogos, do mais
primitivo modo de vida ao mais complexo. De Selvageria (uso de fogo, arco e
flecha, cerâmica), Barbárie (domesticação dos animais, agricultura, metalurgia) e
Civilização (domínio da escrita, propriedade privada). Logo, seria provável analisar
o passado da humanidade apenas investigando os povos mais “primitivos”.
Edward Burnett Tylor, antropólogo inglês, herdeiro do iluminismo e da
concepção universalista, define cultura compartilhando os postulados
evolucionistas de seu tempo: “em seu amplo sentido etnográfico, este todo
complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou
quaisquer outras capacidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de
uma sociedade”. (TYLOR, 1871, p.1). Para Tylor, foi o método comparativo de
estudo introduzido na etnologia que permitiu a conclusão por parte dele de que
todas as culturas estavam ligadas umas as outras em movimento de progresso,
tendo sua própria sociedade como modelo universal.
Por fim, James George Frazer em La rama dorada (1890), sugere o
desenvolvimento de fases do sistema de conhecimento, da magia à religião, dessa
à ciência. O autor acreditava que os povos “primitivos” apelam à “magia” já que sua
habilidade de resolver realisticamente o contexto se esgotava. A “magia” seria,
então, uma espécie de realidade substituta, por exemplo, em tempos de seca,
dançariam para fazer chover e fertilizar as colheitas; quando as plantações não
cresciam, dançariam para que isso acontecesse.
2-) Como Lévi-Strauss e Gilberto Freyre discutem a questão da “raça”.

Vinculado à escola de pensamento do Estruturalismo francês, Claude Lévi-


Strauss em “Raça e História” (1987), argumenta em oposição ao olhar europeu
etnocêntrico diante as diversas sociedades e analisa a concepção de progresso
como não integral, criticando a ideia evolucionista do século XIX.
A teoria do evolucionismo cultural tende a desfazer as diferenças, já que a
humanidade se volta a alcançar semelhante padrão de desenvolvimento cultural:
aquilo que é distinto ainda não evoluiu, o que leva ao repúdio, considerados como
selvagens.
O olhar Lévi-straussiano apresenta a tendência de uma homogeneização
tanto das sociedades quanto das culturas, da qual o pensamento leva a uma
ocidentalização mundial, num movimento linear que expandiria a progressiva
ausência da diversidade cultural. O autor discute que todos os seres humanos são
compostos de igual maneira, isto é, não há fundamento convincente para aceitar
uma “raça” inferior a outra somente pelo seu fenótipo. “todos os homens, sem
exceção, possuem uma linguagem, técnicas, uma arte, conhecimentos positivos,
crenças religiosas, uma organização social, econômica e política” (LÉVI-STRAUSS,
1993, p.349).
Para tal, não há sentido argumentar o conceito de Raça Humana, visto que o
número das distinções apoiadas em características corporais é muito curto quando
contraposto com as afinidades genéticas dos indivíduos, por isso concentra sua tese
no conceito de cultura, ou seja, os conceitos de raça e de cultura não podem ser
vistos como equivalentes. Destarte, a preocupação do autor se apresenta pelo fim
da distinção de raça entre os humanos, concluindo que há muito mais culturas
humanas que raças humanas, dado que não é legítimo classificar as culturas numa
ordem evolutiva linear.
O sociólogo Gilberto Freyre autor de Casa grande e Senzala (1933), chama a
atenção para a miscigenação que ocorre no Brasil colonial, proveniente da ligação
entre as três raças. Realçando que ocorreu uma mistura racial, miscigenaram-se
brancos e negros, brancos e índios, negros e índios. Até a publicação do livro, em
1933, preponderava no final do século XIX a tese de que o atraso brasileiro,
decadência e enfraquecimento para a nação, se deviam ao mal da mestiçagem.
Considerando, além do mais, no branqueamento progressivo da população.
Freyre buscou cessar com tal ideologia racial discriminatória, expondo a
beneficio de ser mestiço. Segundo ele, o futuro do Brasil, e seu êxito para a
convivência entre os povos, correspondem justamente por sua multirracialidade.
Assim, apropria-se a um posicionamento otimista à mistura de raças. Apostando na
miscigenação como propriedade que nos dá unicidade, não somente genética, mas
cultural e psíquica.

Referências Bibliográficas

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: Formação da família sob o regime da


economia patriarcal. 48ª Ed. São Paulo: Global, 2003.

MORGAN, Lewis Henry. A sociedade antiga. In: CASTRO, Celso. Evolucionismo


cultural. Rio de Janeiro, Zahar, 2005.

FRAZER, James George. La rama dorada: Magia y religión. México: Fondo de


Cultura Económica.

LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e história. In: Antropologia Estrutural Dois, Rio de


Janeiro, Tempo Brasileiro, 1987.

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