12 de novembro de 2010
Hospital São Roque: todos somos responsáveis
A notícia do fechamento do Hospital São
Roque pela sua direção, anunciado a se-
mana passada pelo seu diretor geral, Dr.
José Luiz Mauricio Pereira, caiu como
uma bomba em Morro da Fumaça. Isso
causou um corre-corre há muito não vis-
to na cidade. Principalmente os vereado-
res, que representam a sociedade como
um todo, se mobilizaram e sob o coman-
do do presidente da casa, Ademar Ber-
tan (PSDB), decidiram chamar todas as
partes envolvidas para tratar do assunto
na casa legislativa. Já que não poderia
haver local melhor, todos acreditamos.
Estavam presentes, o prefeito munici-
pal Baltazar Pellegrin, como responsável
pela gestão da saúde no município; o
diretor geral do hospital São Roque, Dr.
José Luiz Mauricio Pereira; A sociedade
mantenedora do Hospital, através do
presidente Sr. Valter Espíndola; O páro-
co da cidade, padre Orlando Cechinel; o
presidente da Cermoful, Armando “Tin-
to” Bif; o gerente da Secretaria Regional
de Saúde, José Cláudio Gonçalves (Ne-
guinho); O presidente do Colegiado dos
gestores de Saúde da Amrec, Luiz Anto-
nio Fabro; Fábio Souza Medeiros, pre-
sidente do Conselho Municipal de Saú-
de; secretários municipais; vereadores;
funcionários do hospital, e população
em geral. O diretor geral do hospital, Dr.
José Luiz foi o primeiro a falar. Fez uma
explanação da situação do hospital como
um todo. Disse das boas condições do
aparelhamento do hospital. Disse de sua
luta, nos 16 anos que está à frente da
instituição, sempre tentando fazer com
que as contas sejam pagas. Mas que de
uns tempos para cá a situação tem se
agravado. Disse que não está fazendo
“política”, mas que a situação financei-
ra do hospital está em situação muito
difícil. Reclamou abertamente e direta-
mente ao prefeito municipal (que se en-
contrava ao seu lado na mesa) pedindo
explicações do não repasse dos valores
referentes aos plantões, dentre outras
reivindicações. Disse que tem tentado
fazer um acordo com a prefeitura, mas
que não teria tido a resposta desejada.
“Prefeito, fomos ao limite. Infelizmente
a água do copo transbordou”, disse ele.
Logo em seguida, o presidente da Câ-
mara Ademar Bertan pediu a palavra do
presidente da Sociedade mantenedora
do hospital, Valter Espindola. “O hospi-
tal São Roque tem uma história linda.
Não podemos deixar que essa história
seja prejudicada”, iniciou ele. Sr. Valter
ressaltou a importância de estarem ali
naquele momento todos os fumacenses
discutindo o assunto. “Só a união de to-
dos irá fazer com essa história não seja
arranhada e que a atual situação finan-
Geral
ceira seja resolvida. Espero que mais
pessoas juntem-se a nós. Eu mesmo já
não tenho tanta saúde para continuar lu-
tando”, finalizou ele. O gerente regional
da Saúde, José Cláudio Gonçalves, disse
da importância da discussão sobre um
assunto tão importante e principalmen-
te a iniciativa da Câmara de Vereadores
em estar proporcionando essa discussão
pública. “A saúde não tem partido. Esta-
mos todos aqui desarmados de interes-
ses políticos partidários em prol daque-
les que mais necessitam de atendimento
do hospital, que são os que não podem
pagar um atendimento particular ou de
planos de saúde. “O SUS realmente está
defasado em seus valores a serem pa-
gos nos procedimentos médicos. Mas
o Ministério da Saúde está discutindo a
correção da tabela vigente. Isso significa
que todos temos que ter um pouco de
paciência e principalmente, desprendi-
mento público”, disse Neguinho. O ge-
rente também fez um relato da situa-
ção administrativa do hospital e que o
mesmo está passando por uma audito-
ria para que ajustes sejam feitos para
a assinatura da Contratualização. “E o
Folha da Fumaça
que isso significa: o hospital tem que
seguir algumas exigências do Ministério
da Saúde e da Secretaria de Saúde do
Estado de Santa Catarina, como o com-
promisso de executar 4 procedimentos:
Pediatria, obstetrícia, psiquiatria e cirur-
gias eletivas”, continuou ele. Neguinho
disse que sem esses compromissos o
poder público (Prefeitura, Governo do
Estado e Governo Federal) não podem
fazer repasses, sob pena dos repassa-
dores serem responsabilizados judicial-
mente. Neguinho também disse da di-
ficuldade de outros hospitais da região.
E que o próprio Hospital São José de-
morou anos, para só agora assinarem a
contratualização. “O Governo do Estado
tem todo interesse em resolver a situa-
ção do Hospital São Roque, mas a assi-
natura da contratualização é imprescin-
dível. Não adianta apenas compromisso
“de boca””, completou ele. O presidente
do Colegiado dos Gestores de Saúde da
Amrec, Luiz Antonio Fabro, disse da im-
portância da adequação dos hospitais de
toda a região com as exigências do Mi-
nistério da Saúde. Principalmente quan-
to a destinação das AIH (Autorização
03
de Internação Hospitalar). “O Ministério
da Saúde está cada vez mais exigente.
E em qualquer dúvida põe o Ministério
Público para intermediar as partes. Por-
tanto hoje aqui é o início de um enten-
dimento. As partes precisam ceder. Ter a
sapiência de ceder”, finalizou Fabro. Ele
disse ainda que todos deveriam se es-
pelhar no Sr. Valter Espíndola, que mes-
mo sem muita saúde, tem dedicado seu
tempo em tentar resolver a situação do
hospital. O prefeito municipal Baltazar
Pellegrin, foi o último a falar. Praticamen-
te repetiu o que o gerente regional José
Cláudio Gonçalves havia dito, de que não
pode repassar recursos para o hospital
sem a assinatura da contratualização. O
prefeito também disse de sua surpresa
em saber da notícia do fechamento do
hospital pela imprensa da região. Mes-
mo estando num processo de entendi-
mento para assinatura do contrato para
oficializar o repasse de recursos, que se-
gundo o prefeito já estaria definido: R$
14.800,00. Mas que, por exigência da
Secretaria regional de Saúde, só seria
repassado após a assinatura do contrato.
O prefeito também disse que nunca pe-
diu para que fosse auditoria no hospital,
como é voz corrente pelas ruas. “Eu não
fiz isso. É fácil botar a culpa no prefeito”,
disse ele. O prefeito disse ainda que tudo
que depender da administração, destro
do que for possível e dentro do que for
legal, será feito. “Precisamos todos es-
tarem unidos. Administração municipal,
empresários, sociedades como um todo.
Todos somos responsáveis pela solução
desse problema”, disse ele. O prefeito
fez questão de parabenizar a iniciativa
do presidente da Câmara Ademar Bertan
por estarem todos discutindo esse as-
sunto de tamanha importância. O pároco
Orlando Cechinel também foi chamado
pelo presidente da Câmara para falar.
Disse apenas que seria uma vergonha
ver o hospital fechado, depois de tanta
história e tanta luta dos que fizeram ele
resistir até hoje. “ O hospital presta um
bom serviço. Precisamos mantê-lo fun-
cionando e melhora-lo ainda mais. Eu
mesmo já fui atendido lá várias vezes.
Vida e saúde para o povo”, finalizou ele.
Encontro em Florianópolis
Ficou acertado no encontro que todas as par-
tes estarão em Florianópolis, nesta sexta-feira,
dia 12 de Novembro, na Secretaria de Saúde do
Estado, para dirimirem qualquer dúvida sobre a
contratualização, e se todos estiverem de acordo,
quem sabe “fazerem a assinatura do contrato”.