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1. INTRODUÇÃO
A sociedade tem passado por profundas transformações que atingem os mais variados
sectores. Dentre essas mudanças, que ocorreram com maior intensidade a partir das últimas
décadas do século XX, destaca-se aquela que diz respeito ao valor e poder da informação. Seu
efeito foi tão expressivo, que hoje se vive na chamada “Sociedade da Informação”, onde o uso
estratégico e eficaz da informação é factor de vantagem competitiva e gerador de novos
conhecimentos (OLIVEIRA, 2005).
O profissional da informação da actualidade precisa possuir um perfil inovador
impulsionado pelas transformações ocorridas continuamente na sociedade da informação,
buscando um aperfeiçoamento de seus conhecimentos, dando continuidade a sua formação
académica adquirindo novos conhecimentos e actualizando os existentes.
Em face dessa realidade, os profissionais da informação tornaram-se essenciais, pois são
os responsáveis pela disponibilização de informações capazes de agregar valor às actividades das
organizações. Nesse contexto, “o profissional de informação, deve estar apto a exercer esse
relevante papel, na medida em que busca, selecciona, organiza, divulga e dissemina a
informação, (…)” (GUIMARÃES, 2000). Como essa preparação inclui “actualização e
direcionamento da conduta profissional, o seu perfil tem evoluído de acordo com as exigências
do mercado de trabalho e também de acordo com os desafios do momento” (SANTOS 2000, p.
113). Ainda de acordo com Santos (2000) o Profissional da Informação deve ter como perfil: a)
Ser um especialista na área de conhecimento que actua; b) ser um profundo conhecedor dos
recursos informacionais disponíveis; c) ser um gerente efectivo; d) ter domínio das técnicas do
tratamento da documentação; e) ser um líder para enfrentar as mudanças e suas consequências.
Actualmente, podemos destacar algumas qualificações fundamentais necessárias ao
profissional para a formação do seu perfil profissional propostos por Martins (2004), tais como:
a) Domínio das tecnologias de informação; b) aquisição de mais de um idioma; c) capacidade de
comunicação e de relacionamento interpessoal; d) capacidade e administrativa; e) administração
estratégica; f) educação continuada; g) planeamento estratégico; h) adaptabilidade social; i) visão
interna e externa do ambiente; j) gestão participativa envolvendo todos os funcionários da
unidade de informação; k) tomada de decisões compartilhadas; l) trabalhar em equipa de forma
globalizada e regionalizada; m) deve ser participativo, flexível, inovador, criativo, delegar
poderes facilitando a interacção entre os níveis hierárquicos e a comunicação entre eles.
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O presente trabalho de pesquisa tem como objectivo identificar o perfil dos profissionais
de informação que actuam no Centro de Documentação e Informação Agrária, a sua formação,
forma de actualização, competências e habilidades.
De acordo com Tessitore 1 (2003) apud Moreiro Gonzalez e Mangue (2014), o Centro de
Documentação:
Ainda de acordo com Moreiro Gonzalez e Mangue (2014), “a função dos centros de
documentação abrange algumas actividades próprias da biblioteconomia, da arquivística e da
informática, sendo o seu campo bem maior, exigindo especialização no aproveitamento de
documentos de toda espécie”. Por tanto, um centro de documentação centra-se pura e
simplesmente na informação, seja ela bibliotecária ou arquivística.
O Centro de Documentação e Informação do Sector Agrário (CDA) é uma unidade de
informação localizada na cidade de Maputo e, foi criado pelo Diploma Ministerial n˚3/88 de 06
de Janeiro, como instituição subordinada ao Ministério da Agricultura de Moçambique,
responsável pela implementação e operação de um sistema nacional de documentação e
informação agrária. O CDA tem como objectivo dar a conhecer aos profissionais do sector
agrário a informação e documentação existente em Moçambique, sobre a agricultura e áreas afins
e, facilitar o acesso a essa informação e documentação, em função das necessidades desses
mesmos profissionais.
Foram várias as dificuldades enfrentadas para a realização deste estudo, a começar pela
escassez da bibliografia na área de Ciência de Informação em Moçambique, na qual tivemos que
recorrer em grande medida a periódicos electrónicos em sites online com maior enfoque às
Brasileiras, o outro factor prende-se com o facto de muitos funcionários públicos em
Moçambique, ainda se manterem fechados, reservando-se a não responder os questionários ou,
respondendo uma e deixando outra questão, alegadamente porque deve-se manter o sigilo
1
TESSITORE, V. Como implantar centros de documentação. São Paulo: Arquivo de Estado, Imprensa Oficial do
Estado, 2003.
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1.1 JUSTIFICATIVA
1.3 OBJECTIVOS
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo visa fornecer o suporte teórico para a presente pesquisa. O referencial
teórico apresenta os principais conceitos elaborados por autores especialistas nos assuntos
relacionados com o tema em pauta, tais como: o profissional de informação, formação do
profissional de informação, perfil do profissional de informação tradicional, perfil do profissional
de informação moderno, competências e habilidades, actuação e mercado de trabalho.
quer no que toca à formação, quer ainda do ponto de vista disciplinar (afectando a Arquivística, a
Biblioteconomia, a Documentação e potenciando a emergência da Ciência da Informação). A
crise do paradigma tradicional, centrado no objecto “documento” e numa lógica custodial e
tecnicista, voltada essencialmente para as questões do tratamento técnico e da recuperação da
informação – numa perspectiva redutora que aliena as problemáticas relativas ao contexto
orgânico de génese ou produção da informação e aos comportamentos psico-sociológicos
inerentes ao uso ou pesquisa – potenciou uma mudança paradigmática, perceptível sobretudo
através da investigação e literatura produzidas nos meios universitários, a qual ainda se encontra
em curso e em consolidação (GUIMARÃES, 1997).
Os tempos actuais são, pois, de crise e de mudança e a diversidade dos perfis
profissionais e dos modelos formativos, é um sinal inequívoco do sincretismo do paradigma
dominante. A literatura sobre a mudança que está em curso, no que toca às competências e ao
perfil do profissional da informação, é abundante e os estudos relativos à formação requerida
para o exercício da profissão, em todas as suas múltiplas vertentes, são também em número
significativo, o que traduz a preocupação em adaptar o ensino aos novos desafios postos pela
tecnologia, ou como é já vulgar dizer-se, resultantes da Sociedade da Informação.
De um modo geral, as associações profissionais ou as instituições responsáveis pela
formação têm procurado, de há alguns anos a esta parte, organizar debates de variado tipo sobre a
questão dos perfis e das competências profissionais e a tónica dominante é a de se reconhecer a
inevitabilidade da mudança e a necessidade imperiosa de renovar a formação.
Ao final da década de 80 e início da década de 90, diante da globalização de mercados e
da realidade das novas tecnologias, surge um novo conceito mais abrangente de profissional, o
chamado Profissional da Informação (GUIMARÃES, 1997). Nesse momento, ele se torna o
“Moderno Profissional da Informação”. Nesta mesma década, surgiram as Tecnologias da
Informação e Comunicação (TICs) exigindo uma tomada de postura por parte desses
profissionais. Dessa forma, ou enfrentava-se as novas tecnologias assumindo um novo perfil
profissional, ou ficava-se a mercê dos acontecimentos e do risco da perda de espaço no mercado
de trabalho. Ademais, na velocidade com que as coisas aconteciam, ao profissional cabia boa
parte da responsabilidade pela sua formação.
As escolas de Biblioteconomia, por sua vez não poderiam ficar responsáveis por uma
formação tão abrangente e diversificada. Era necessário um processo de formação orientado não
somente para “o fazer”, mas para o “pensar como fazer”. Os novos tempos exigiam uma
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adequação do ensino na universidade. O ensino deve ser analisado numa perspectiva mais ampla,
mais social, não deve se limitar às salas de aula, mas se embrenhar em todas as facetas da vida.
Os professores, “ […] não ensinam, mas contribuem para a construção do conhecimento do aluno
são co-participes dessa construção” (ALMEIDA JÚNIOR, 2002, p. 147).
Hoje, as universidades estão buscando redefinir seu compromisso político-social a fim de
formar profissionais crítico-reflexivos centrando suas acções nos princípios da cidadania. Por
isso, são exigidas das Instituições de Ensino Superior, releituras nas formas de pensar, sentir e
actuar sobre a Sociedade da Informação.
A CBO de 1994, não utilizava a denominação profissional da informação, apenas
bibliotecário, biblioteconomista, e bibliotecônomo. Porém, na versão da CBO de 2002, passou-se
a utilizar profissionais de informação formando uma família que compõe: Bibliotecário,
Documentalista e Analista de Informações. Nesta classificação, o profissional da informação
tinha como sinónimos: Biblioteconomista, Bibliógrafo, Cientista da Informação, Consultor de
Informação, Especialista de Informação, Gerente de Informação e Gestor de Informação
(BRASIL, 2002, on-line).
Portanto, a profissão passou por grandes transformações mudando o nome e a forma de
agir dos seus profissionais. Assim como a evolução da ciência e da técnica ocorreu de forma tão
rápida que trouxe mudanças muito significativas na vida, no trabalho, na comunicação e na
quantidade de informações circulantes. É no universo do “saber” e do “saber fazer” que
ocorreram as maiores mudanças. Miranda e Solino (2006) nos ensinam que, para ser um actor
efectivo na Sociedade do Conhecimento, cada indivíduo deve saber traduzir o conhecimento em
informação útil para o desenvolvimento da sociedade.
Para o caso de formação de profissionais de informação em Moçambique, “ só a partir da
década 90 a Ciência da Informação começa a sair do estado de letargia no qual estava
mergulhada, época em que, de um modo geral, dá – se início a um processo sistemático de
formação de quadros, como um dos resultados da capacitação dos primeiros grupos de
bibliotecários e arquivistas que estudaram em países com alguma tradição nessas
áreas” (MOREIRO GONZALEZ, MANGUE, 2014, p.1).
Ainda de acordo com Moreiro Gonzalez e Mangue (2014):
finalistas saíram em 2012 e a primeira graduação foi em Maio de 2014, a qual foi
por nos testemunhada] na Universidade Eduardo Mondlane […].
A Biblioteconomia, como toda a profissão, carrega na sua essência traços tradicionais que
são incorporados ao longo dos anos. Antigamente, o papel principal do profissional de
informação era vigiar colecções de obras impressas em um determinado espaço.
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centrada na Informação, com consequências múltiplas, quer do ponto de vista disciplinar, quer no
exercício da profissão, traduzindo-se, a este nível, na necessidade de desenvolver competências
mais alargadas e diversas das anteriores.
O novo modelo económico exige um perfil com maior qualificação, envolvimento
emocional e social do trabalhador. O profissional ideal é aquele que tenha comunicação,
flexibilidade, interpretação de dados, integração funcional e a geração, absorção e troca de
conhecimento. Deve ser agente do processo de inovação, ser polivalente e cumprir várias tarefas
(ARRUDA; MARTELETO; SOUZA, 2000).
Castro (2000b), descreve alguns aspectos do moderno Profissional da Informação,
destacam-se os seguintes: actividades desenvolvidas em espaços com necessidade de informação,
tratamento e disseminação da informação em qualquer suporte físico, domínio de outros idiomas,
uso intenso das tecnologias, educação continuada intensa, participação activa em políticas
sociais, educacionais, científicas e tecnológicas.
De acordo com a (ARRUDA; MARTELETO; SOUZA, 2000):
Actualmente, o mercado de trabalho está cada vez mais exigente com os profissionais.
Não basta apenas ter uma graduação para ser contratado com um bom salário e cargo. Além da
graduação, as instituições exigem competências que possam unir-se à sua formação profissional.
Amaral (2010) afirma que as competências são formadas por aspectos intelectuais, emocionais e
morais, sendo todos importantes para o desempenho adequado das funções nas quais o
profissional é dito competente. Esta definição indica três dimensões para competência: o “saber”
que é o conhecimento adquirido, o “saber fazer” que são as habilidades e o “saber ser” que são
as atitudes. A competência, segundo Fleury e Fleury (2001) é um saber agir responsável e
reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades,
que agreguem valor económico à organização e valor social ao indivíduo. Portanto, pode-se
entender que a competência é a união do conhecimento, habilidades e, atitudes que o profissional,
de qualquer área, espera possuir.
A Sociedade da Informação e do Conhecimento possuem características que interferem no
trabalho do Profissional da Informação. Dessa forma, é importante estar atento a alguns itens que
constituem em um ponto inicial para uma actuação competente, dentre eles destacam-se: a
informação é um bem comercial; o saber tornou-se um factor económico; a distância e o tempo
entre a fonte de informação e os destinatários deixaram de ter importância; as tecnologias de
informação e de comunicação criaram novos mercados, novos serviços e alteraram a noção de
valor agregado à informação; a recuperação da informação tornou-se mais eficiente; o acesso às
informações armazenadas em vários locais, ficou mais fácil; o usuário da informação tornou-se
um potencial produtor da informação (BORGES, 2004).
Segundo Dutra e Carvalho (2006, p. 185), […] competência significa o somatório de
conhecimentos adquiridos no decorrer da vida, capazes de moldar-se às diversas situações do
quotidiano, para que seja possível reagirmos de modo diferenciado em cada situação, permitindo-
nos uma solução adequada para cada situação, de modo a possibilitar-nos realizar diversas
actividades. E em contrapartida a habilidade pode ser utilizada para inúmeras competências.
Dessa forma, competência é entendida como um conjunto de habilidades e de conhecimentos
teóricos e práticos que um determinado profissional necessita ter para cumprir suas actividades e
oferecer resultados satisfatórios.
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[…] se antes a actividade do bibliotecário podia ficar restrita aos limites físicos
de uma biblioteca e de uma colecção, agora o uso difundido da tecnologia a
serviço da informação transpõe barreiras físicas e institucionais.”
Tradicionalmente, a actuação do bibliotecário se resumia as bibliotecas públicas,
escolares, universitárias, especializadas, empresariais, arquivos e centros
culturais”.
a multiplicidade de funções, de forma que, “[…] parece plausível que um mesmo profissional
realize, ao mesmo tempo, actividades consideradas tradicionais e actividades emergentes”.
(FERREIRA, 2003, p. 45). É aí que reside a diversidade promotora da reconfiguração
profissional.
Souza (2001, p. 3/4), diversidade profissional significa múltiplos serviços que um
Profissional pode executar sem descaracterizar a identidade básica dos conhecimentos teóricos e
aplicados que detém como papéis ou funções de um grupo de indivíduos que se reconhecem entre
si pelo exercício dessas funções que em seu todo se define como uma singularidade social.
Quando se fala que o mercado está exigindo um novo perfil profissional, na verdade
refere-se a oferta de serviços diferentes dos tradicionalmente oferecidos por um determinado
profissional. As modificações ocorridas com a tecnologia não trouxeram consigo o perigo da
extinção da profissão de bibliotecário, muito pelo contrário, vieram representar uma possibilidade
de crescimento e absorção de novos conhecimentos que, agregados aos já existentes, possibilitam
a evolução desse grupo profissional (SOUZA, 2001).
Silva e Muniz (2008) dividem o mercado de trabalho do profissional de informação em
três grupos: a) mercado informacional tradicional: que engloba as bibliotecas públicas, escolares,
universitárias e especializadas, os centros culturais e os arquivos; b) mercado informacional
existente não ocupado: refere-se a bibliotecas escolares (embora seja um mercado tradicional,
ainda é pouco ocupado), editoras e livrarias, empresas privadas, provedores de Internet, banco de
dados e base de dados; c) mercado informacional – tendências: descreve que existe um imenso e
crescente mercado de trabalho para o Profissional da Informação, por exemplo, centros de
informação/documentação em empresas privadas; há um grande mercado de trabalho em
expansão: banco e bases de dados e portais de conteúdo e acesso.
Souza (2001, p. 6) nos ensina que:
Hoje, suas actividades abrangem além da área tradicional das bibliotecas (organização de
acervos, sistemas de informação, preservação da memória e da história de uma organização), um
vasto campo em empresas públicas e privadas como: agências de publicidade, escritórios de
advocacia, departamentos jurídicos de empresas, editoras, bancos, indústrias, livrarias, jornais,
empresas de Internet, entre outros.
A Internet se configura em um espaço cada vez mais promissor para os profissionais da
informação, através dela novas possibilidades de trabalho surgem, destacam-se: as bibliotecas
virtuais, que requerem profissionais capacitados para organizarem as informações dispersas na
Internet; os catálogos dos motores de busca, que são construídos a partir da indexação dos
conteúdos disponíveis na Internet; e-editoras, que, da mesma forma que as tradicionais,
necessitam de profissionais para normalizar e auxiliar na edição de suas publicações (DUTRA;
CARVALHO, 2006).
Segundo Silva e Muniz (2008), as oportunidades de trabalho na Internet derivam da
desorganização excessiva da informação nesse ambiente. Assim, todas as actividades que
busquem filtrar e organizar essas informações terão grandes perspectivas de sucesso. Ademais,
estando o profissional munido de um espírito empreendedor, poderá ainda, ter a sua própria
empresa de consultoria, podendo contar com o auxílio das tecnologias para desenvolver suas
funções também de forma remota.
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3. METODOLOGIA
População, conforme Gil (2009, p. 98), “ […] significa o número total de elementos de
uma classe”. Dessa forma, a população que fez parte desta pesquisa foram os profissionais do
CDA, que até a altura da realização desta pesquisa, esta unidade de informação era composta por
11 (onze) profissionais.
A amostragem é a escolha de uma parte, ou amostra, da população a ser estudada de
forma que ela seja a mais representativa possível do todo. A amostra, para Marconi e Lakatos
(2009, p. 165), “ […] é uma parcela convenientemente seleccionada do universo (população); é o
subconjunto do universo.” A amostra pesquisada contou com 6 (seis) funcionários, representando
54.5% da população total pesquisada.
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Para a realização desta pesquisa, a colecta de dados foi feita no Centro de Documentação
e Informação do Sector Agrário (CDA) localizada na cidade de Maputo, criado pelo Diploma
Ministerial n˚3/88 de 06 de Janeiro, como instituição subordinada ao Ministério da Agricultura e
Segurança Alimentar de Moçambique (MASA), responsável pela implementação e operação de
um sistema nacional de documentação e informação agrária.
Esta unidade de informação tem como objectivo dar a conhecer aos profissionais do
sector agrário a informação e documentação existente em Moçambique sobre a agricultura e áreas
afins e, facilitar o acesso a essa informação e documentação, em função das necessidades desses
mesmos profissionais. O papel do CDA é de promover e desenvolver o SDISA (Sistema de
Documentação e Informação do Sector Agrário), incentivar a criação e desenvolvimento das
unidades documentais e apoiá-las tecnicamente, definir, divulgar e coordenar as metodologias e
rotinas de trabalho a serem adoptadas pelo sistema, assegurar e incentivar a participação de
Moçambique nos sistemas internacionais de informação agrária.
O SDISA é um sistema computarizado, descentralizado e autónomo, destinado a
processar e a tornar acessível a informação nacional e estrangeira de interesse para o sector
agrário em Moçambique. O SDISA é composto pelo CDA criado em 1988 como uma instituição
subordinada ao ex-Ministério da Agricultura (actualmente MASA), que é responsável pela
implementação do sistema; é composto também pelas unidades documentais, que são os centros
de documentação, bibliotecas, arquivos técnicos, núcleos documentais, criados nas instituições do
Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar quer a nível central, quer a nível provincial.
Como instrumento colecta dos dados foi utilizado um questionário estruturado composto
de questões abertas, fechadas e questões de múltipla escolha combinadas com perguntas abertas
(vide Apêndice). As perguntas abertas permitiram que o correspondente utiliza-se linguagem
própria respondendo de forma livre as questões; as perguntas fechadas são de alternativas fixas,
elas oferecem duas opções e o correspondente escolhe uma resposta; as perguntas de múltipla
escolha são fechadas, mas apresentam várias respostas possíveis onde o correspondente teve a
opção de assinalar uma ou várias alternativas apresentadas. A combinação de respostas de
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múltipla escolha com respostas abertas, possibilita a obtenção de mais informações sobre o
assunto (MARCONI; LAKATOS, 2009).
De acordo com Marconi e Lakatos (2009, p. 203), “ […] o questionário é um instrumento
de colecta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas
por escrito e sem a presença do entrevistador”.
4.1.1 Género
Foi elaborada a questão número 2 (dois) do questionário com intuito de identificar a idade
média dos profissionais de informação que trabalham no Centro de Documentação e Informação
Agrária. As faixas etárias encontram se ilustradas na Tabela 3.
A faixa etária que obteve maior indicação foi a dos profissionais que têm entre 36 a 40
anos, com 3 respostas (50%). Os demais sujeitos da amostra ficaram dispersos em outras faixas:
de 41 a 45 anos, 1 (uma) resposta (16,7%); de 46 a 50 anos, 1 (uma) resposta (16,7%); de 51 a 55
anos, 1 (uma) resposta (16,7%); e as restantes faixas não houve nenhuma resposta.
4.2 FORMAÇÃO
Quanto ao nível académico dos profissionais que actuam no CDA, 66.7% possuem o
nível de licenciatura e os restantes 33.3% possuem nível médio técnico profissional. Porém,
nenhum profissional possui o nível de Pós - graduação. Os dados estão ilustrados na Tabela 4 a
seguir.
Tabela 4: Nível académico dos profissionais que actuam do CDA
Licenciatura 4 66.7%
Total 6 100%
Dos profissionais que actuam no CDA, 83.3% mantém a sua actualização constante por
meio de Seminários, cursos e eventos, palestras, leituras de livros e/ou periódicos especializados,
sites da Ciência de Informação. Quanto à participação em grupos de profissionais de informação
66.7% Participam entre os seguintes grupos: equipa de profissionais de informação do MASA –
SDISA, da Comissão de avaliação de documentos de arquivos e do Sistema Nacional de
Arquivos de Estado, porém os restantes 33.3% não participam em nenhum grupo.
Tabela 6 – Categoria/função
Dos profissionais que actuam no CDA e que responderam o questionário, constata-se que,
todos iniciaram a sua carreira exactamente nesta Unidade de Informação (embora alguns como
quadros de outros sectores do MASA – visto que é o organismo de tutela do CDA), 50% tem
mais de 16 anos de serviço e os restantes 50% tem apenas 5 (cinco) ou menos de 5 (cinco) anos
de serviço. Esses dados permitem perceber a experiencia profissional dos profissionais. Os dados
estão ilustrados na tabela 7 a seguir.
Para esta questão, cerca de 50% dos profissionais do CDA, afirmaram ter aderido a esta
área, motivados pelo emprego pensando em obter salário. Já 33.3% afirmam ter sido motivados
pelo facto de nessa altura, esta área ainda era emergente e que despertou muita curiosidade pois,
precisavam de aprender novas tarefas e adquirir novos conhecimentos, 1 (um), o correspondente
a 16.7% afirma ter sido o gosto pela gestão das informações que o levou a abraçar a área.
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Dos profissionais que actuam no CDA e que responderam o questionário, 60% apontam
como principal dificuldade para actuar num Centro de Documentação e Informação a falta de
curso de Especialização em Documentação ou Ciência da Informação, 20% apontam como
insatisfação a falta de incentivos e consideração da área por parte dos dirigentes. Os dados são
ilustrados na Tabela 8 a seguir.
Dos profissionais do CDA que responderam a esta questão, 60% afirmam ter formação de
curta duração em gestão de bases de dados, 1 (um) deles, o correspondente a 20% possui uma
formação de nível superior em informática de gestão. Os dados são ilustrados na tabela 9 a
seguir.
Tabela 9: Formação em TIC’s dos profissionais do CDA
O domínio das TIC’s é imprescindível pois de acordo com FID (1991) apud (ARRUDA;
MARTELETO; SOUZA, 2000):
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
continuada específica na área de actuação do profissional que pode ser levada a cabo por meio de
cursos de especialização e, a sua valorização para qualificação do profissional inserido no
trabalho o que iria motivá-lo e, consequentemente, aumentar seu interesse pela continuidade na
profissão ou realização do trabalho com muita dedicação.
Através dos resultados obtidos, concluímos que os funcionários do CDA, em todos os
níveis, possuem competências pessoais do profissional de informação, exigidas pelo Brasil
(2002), consideradas como um diferencial para desenvolver actividades que estão relacionadas à
administração, organização, processamento técnico e disseminação da informação. Neste sentido
a competência profissional é uma mescla de conhecimentos, saber fazer, experiências e
comportamentos na unidade de informação (FARIA et al., 2005).
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECONOMIA, 3. 1999.
BERTO, Rosa Maria Vilhares de Souza; PLONSKI, Guilherme Ary. Gestão do Conhecimento e
as Novas Competências dos Profissionais da Informação. In: WORKSHOP BRASILEIRO DE
INTELIGÊNCIA COMPETITIVA E GESTÃO DO CONHECIMENTO, 1., Rio de Janeiro
[s.n.], 1999.
CRESPO, Isabel Merlo; RODRIGUES, Ana Vera Finardi; MIRANDA, Celina Leite. Educação
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 2. ed. São
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UC3M/DBD, 2014.
38
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actuação. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
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Profissionais da Informação: formação, perfil e actuação profissional. São Paulo: Polis, 2000.
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Anais... São Paulo: [s.n.], 2008. Disponível em:
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WALTER, Maria. Bibliotecário no Brasil: representação das profissões. 2008. 345f. (Doutorado
em Ciência da Informação e Documentação, Universidade de Brasília, 2008).
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DADOS PESSOAIS
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Faixa Etária:
( ) 18 a 30 anos
( ) 31 a 40 anos
( ) 41 a 50 anos ( ) 51 a 60 anos
( ) acima de 61 anos
FORMAÇÃO
3. Em que área se formou?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
4. Tempo de formação nessa área:
( ) 1 a 5 anos ( ) 6 a 10 anos ( ) 11 a 15 anos ( ) anos ou mais
5. O sr.(a) possui formação na área da Documentação, Biblioteconomia ou Arquivística?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, indica a área em que se formou ______________________________________________
_____________________________________________________________________________
6. O sr.(a) possui curso de pós-graduação?
( ) Sim, Especialização Área __________________________________________________
( ) Sim, Mestrado Área __________________________________________________
( ) Sim, Doutoramento Área __________________________________________________
( ) Não
7. Indique seu conhecimento em língua estrangeira: nível básico, médio ou superior.
- Idioma:.................................................. Nível:.............................................................
- Idioma:.................................................. Nível: ............................................................
- Idioma:.................................................. Nível:.............................................................
- Idioma:.................................................. Nível:.............................................................
- Nenhum ( )
8. O sr.(a) participou de algum curso para actuar num centro de Documentação e
Informação?
41
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual?______________________________________________________________
9. Como o sr.(a) se mantém actualizado em sua área de actuação? Pode marcar mais de
uma opção.
( ) Seminários
( ) Cursos e eventos
( ) Palestras
( ) Leituras de livros e/ou periódicos especializados
( ) Blogs
( ) Sites da Ciência de Informação
Outros. Especifique _____________________________________________________________