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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

MARIA KAROLINY PONTES VIDAL

PROMOÇÃO DA POLITICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO MUNICIPIO


DE ARAÇAGI – PB

João Pessoa –2017


MARIA KAROLINY PONTES VIDAL

PROMOÇÃO DA POLITICA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NO MUNICIPIO


DE ARAÇAGI – PB

Projeto de intervenção apresentado ao curso de


Bacharelado em Serviço Social da Universidade Federal
da Paraíba como critério parcial de aprovação na
disciplina de Pesquisa em Serviço Social, sob a
orientação da professora Me. Liana Amaro Augusto de
Carvalho.
INTRODUÇÃO

O presente projeto parte de uma analise realizada sobre as condições sócio


históricas do trabalhador rural no Brasil e como essas condições impactam na
relação saúde\adoecimento deste trabalhador.

As relações de trabalho no âmbito rural são determinadas por fatores como


o desenvolvimento sócio econômico, pela localização geográfica dos postos de
trabalho, pelo desenvolvimento tecnológico implantado na atividade rural, vale
ressaltar que o caráter de extrema exploração também é traço marcante do trabalho
rural. E todas essas condicionantes colaboram para a dificuldade de garantia de
direitos trabalhistas como também de acesso a política de saúde.

Em decorrência das dificuldades encontradas na efetivação da política de


saúde para o trabalhador rural, a exemplo das condições precárias de trabalho,
trabalho informal, distância e dificuldade de acesso aos locais de trabalho etc.,
existe uma dificuldade da fiscalização e monitoramento das relações de trabalho
no âmbito rural.

A necessidade de uma intervenção que vise a promoção da efetivação da


política de saúde no município de Araçagi, se deve ao fato de ser um município
localizado no interior do estado da Paraíba, com uma atividade rural muito marcante
que se enquadra nas prerrogativas para a realização dessa intervenção.

Para a realização de uma intervenção que visa a promoção de uma política


de saúde do trabalhador numa localidade de pequeno porte, com recursos limitados
e de difícil acesso, quais estratégias usar? Quais dispositivos já presentes no
município podem ser utilizados?
APRESENTAÇÃO

Este projeto de intervenção visa realizar ações continuas junto as Unidades


Básicas de Saúde da Família (UBS) no município de Araçagi – PB localizadas em
sua zona rural, ações essas que se tenham como objetivo a promoção e a
efetivação da política de saúde do trabalhador nas especificidades do meio rural,
para facilitar o acesso do usuário a essa política, como também gerar um debate
acerca das suas condições de trabalho e como estas impactam na sua saúde. A
realização desse projeto será por meio do NASF, visto que este dispõe dos
recursos humanos necessários para implementação dessa intervenção.

O público alvo desta intervenção são os trabalhadores rurais do município


de Araçagi – PB e suas famílias que residem na zona rural do município e que são
atendidos nas UBS de sua localidades.
CARACTERISTICAS SOCIOS HISTORICAS DA ATIVIDADE RURAL

As atividades rurais no Brasil se entrelaçam com a formação da sociedade,


posto que, essas atividades estão presentes desde o início da colonização
portuguesa, permeando as relações de trabalho, na sua instauração com base no
trabalho escravo, com a abolição da escravidão, passa a mão de obra estrangeira.
Os três séculos em que a realização da atividade rural esteve baseada no trabalho
escravo deixaram marcas profundas na caracterização do trabalho no meio rural,
como a extrema exploração da mão de obra, salários insignificantes e longas
jornadas de trabalho intenso.

A agricultura se expandiu no pais seguindo a direção do seu povoamento,


do litoral para o interior, expansão que se baseou em como o território foi dividido,
favorecendo majoritariamente os interesses dos grandes proprietários em
detrimento do pequeno produtor.

“Nesse cenário, os interesses do grande latifúndio, iniciando


no modelo de ocupação adotado pelos portugueses de concessão
das capitanias hereditárias e perpetuado por políticas publicas de
“desenvolvimento”, convivem em conflito permanente com os
pequenos produtores e um contingente crescente trabalhadores
rurais excluídos do acesso a terra”.

(DIAS,2007, p.3)

Em linhas gerais, a agricultura extensiva com produção em larga escala de


monocultura, voltada para a exportação, principalmente produção de grãos,
caracterizada por grandes quantidades de terras concentradas em poder de poucos
proprietários. E as atividades rurais exercidas por agricultores possuidores de
pequenas propriedades, com uma produção diversa voltada para a subsistência.
Deste modo, as atividades rurais se configuram como relações e condições de
trabalho de extrema exploração com profundas marcas escravistas, e a disparidade
da divisão da terra e da produção agrícola.

A partir disso podemos discutir as condições do trabalhador rural e as


políticas públicas voltadas para a proteção da saúde desse trabalhador.
CONDIÇÕES DO TRABALHO NO AMBITO RURAL

Ao nos debruçarmos sobre a temática do trabalho rural faz-se necessário


primeiramente dizer que trabalhador, dentro da perspectiva do modo de produção
capitalista, é aquele que exerce atividades laborais, através da venda ou não da
sua força de trabalho para assegurar as condições objetivas de sobrevivência. Dito
isto, ressaltando como a constituição histórica do trabalho na sociedade brasileira
é marcada pela escravidão, podemos fazer um esboço das condições de trabalho
no meio rural.

Ao nos reportamos as atividades do trabalho rural visualizamos que essas


atividades são realizadas com o uso de objetos cortantes como, foices, facões e
enxadas como também com o uso de produtos químicos para o controle de pragas
e doenças e para o aumento da produtividade, tudo isso aliado a extrema
exploração do trabalhador, a informalidade do trabalho rural, a distância dos locais
de trabalho.

O fator da informalidade do trabalho rural é um condicionante determinante,


esse fato impossibilita precisar o número desses trabalhadores e também dificulta
o monitoramento e fiscalização da atividade rural, além de impossibilitar a proteção
desses trabalhadores pelas legislações trabalhistas. Ainda como agravante dessas
condições observamos o ataque do aporte neoliberal aos direitos sociais
historicamente conquistados pelos movimentos de luta da classe trabalhadora.

Essas condições de trabalho impactam diretamente na relação


saúde/adoecimento do trabalhador rural, e estas mesmas condições não
melhoraram ao longo dos anos e quanto mais afastados dos centros populacionais
esses locais de trabalho se encontram, mais profundas as relações de exploração.
A POLITICA DE SAÚDE VOLTADA PARA O TRABALHADOR RURAL

A Constituição Federal de 1988 no que dispõe sobre a saúde à reconhece


como um “direito do cidadão e um dever do Estado”, o que configura o substrato da
elaboração do SUS (Sistema Único de Saúde), assinalando seu princípios básicos;
a universalidade, equidade, integralidade, hierarquização, participação popular, e
descentralização político administrativa; ressaltando aqui o caráter da
universalidade e participação popular como princípios fundamentais. No entanto a
saúde como um reconhecida como direto assegurado constitucionalmente se deve
a luta política da classe trabalhadora e ao Movimento pela Reforma Sanitária.

As bases para a construção do SUS, mesmo que presente na Constituição


apenas se materializa a partir da Lei Orgânica da Saúde (LOS) que regulamenta e
que “define o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organização e
de funcionamento”.

A materialização e implementação do SUS se inicia em meio ao avanço da


ideologia neoliberal o que coloca um obstáculo na efetivação do acesso a saúde
enquanto direito universal, posto que a ideologia neoliberal busca diminuir as
responsabilidades do Estado para que estas passe a pertencer ao mercado.

Tanto a Constituição quanto a LOS estabelecem as responsabilidades do


Estado na promoção da saúde enquanto uma política pública e direito. O artigo 200
assinala que é de responsabilidade do SUS a saúde do trabalhador e o artigo 6 da
LOS ao dispor sobre as ações a serem executadas pelo SUS também apontam a
saúde do trabalhador como responsabilidade do mesmo.

O conceito de saúde do trabalhador diz respeito a relação saúde/doença


dentro do mundo do trabalho, observando a sua construção histórica no modo
produtivo. As políticas públicas no campo da saúde, voltadas para o trabalhador
são caracterizadas, principalmente, pela prevenção de acidentes de trabalho, pela
vigilância e monitoramento dos locais de trabalho para a redução dos índices de
mortalidade de corrente das atividades no campo do trabalho.

Como apontado anteriormente um dos princípios do SUS é a


descentralização, essa perspectiva fundamenta o “desenvolvimento da atenção
primaria ou atenção básica”. O foco da atenção básica é o atendimento voltado
para a prevenção de doenças e promoção da saúde em atenção as famílias de
determinadas comunidades. O Programa de Saúde da Família e o Programa de
Agentes Comunitários são componentes essenciais da atenção básica. O PFS é a
porta de entrada aos demais serviços do SUS.

Atualmente composto por uma equipe denominada multiprofissional que


atua nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) formada por um médico, um
enfermeiro, um técnico em enfermagem, um dentista, um assistente em saúde
bucal e de 4 a 6 agentes de saúde. Essas unidades são geridas pelo município
seguindo o caráter da descentralização do SUS. Em 2008 com o intuito de ampliar
e melhorar o atendimento da atenção básica, foral estabelecidos os Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF). Esses aparelhos atuam no sentindo da
efetivação do acesso dos usuários as políticas de saúde.

A partir do exposto sobre a história e as condições do trabalho rural, sobre a


constituição da política de saúde do trabalhador e de algumas características do
funcionamento da atenção básica e dada as condições da atual conjuntura política
no país faz-se necessário a construção de ambientes que possibilitem ao usuários
compreender as políticas públicas não como favores concedidos mas como direitos
adquiridos historicamente por meio da luta dos movimentos da classe trabalhadora.
OBJETIVO GERAL

Realizar ações, dirigidas pelo NASF, voltadas a promoção e efetivação da


política de saúde do trabalhador para os trabalhadores rurais nas UBS do município
de Araçagi – PB

OBJETIVOS ESPECIFICOS

 Promover formações e debates sobre a política de saúde do


trabalhador e sua aplicação aos trabalhadores rurais para a equipe
multiprofissional das UBS realizadas pelo NASF;
 Promover a construção de ferramentas para a identificação e
monitoramento da relação saúde/doença decorrentes da atividade
rural;
 Realizar ações que forneçam aos usuários o conhecimento da política
de saúde do trabalhador.

METAS

A intervenção pretende alcançar 40 famílias de cada uma das localidades


atendidas nas UBS da zona rural do município de Araçagi. Assinalando que as
mesmas se apropriaram do conhecimento acerca da política.

Identificar dentro dessas 40 famílias todos os casos de adoecimento


decorrentes da atividade no campo.

Distribuir no mínimo 80 kits de proteção periodicamente a cada três meses


para os possíveis agentes de adoecimento.
METODOLOGIA

Para a realização da intervenção é necessário num primeiro momento a


realização de formações com as equipes multiprofissionais das UBS da zona rural
do município, essas formações serão facilitadas pelo NASF. Começando com as
unidades que atendem o maior número de famílias, Canafistula, Agrovila Tainha,
Agrovila Mulunguzinho, Assentamento Santa Lucia e Assentamento Maria Preta.

Para as formações das equipes multiprofissionais serão realizadas


palestras, por profissionais que detenham conhecimento acerca da política Saúde
do trabalhador e das especificidades do trabalhador rural. Com vistas sobre os
riscos e as formas de prevenção de doenças decorrentes da atividade no campo.

Para os Agentes de saúde as formações terão o intuito de discutir a política


de saúde do trabalhador, como ela se aplica ao trabalhador rural e como essa
política se aplica a sua realidade.

As formações realizadas serão fomentadas pelo NASF, também serão


oferecidos as esquipes multiprofissionais das UBS material como cartilhas e
panfletos que tratem sobre a temática da intervenção.

Para auxiliar na avaliação será montado com as equipes tanto do NASF


quanto das UBS um formulário como mecanismo de monitoramento e identificação
das relações de adoecimento decorrentes da atividade rural.

Nesse sentido será construído juntos as equipes também um questionário a


ser aplicado pelos agentes de saúde junto aos usuários, no início, durante e depois
da intervenção para analisar como a política foi apreendida pelo usuário.

Ainda para o usuário serão construídas oficinas, rodas de conversa e


debates sobre a política de saúde do trabalhador dentro da sua realidade. No intuito
de atrair o usuário serão promovidos sorteios de brindes, realização de cafés
comunitários, distribuição de kit’s que auxiliem na prevenção de doenças e de
acidentes de trabalho.
AVALIAÇÃO

Reuniões trimestrais com as equipes multiprofissionais de cada UBS da zona


rural do município, levantamento dos dados coletados a partir dos formulários
preenchidos pelas equipes e pelos questionários respondidos pelos usuários.

RECURSOS

Recursos Materiais: financiamento público adquirido através de licitação para a


realização da intervenção; matérias de segurança, óculos, luvas e mascaras,
material gráfico, cartilhas e folders; material de escritório, papel e caneta.

Recursos humanos: a equipe multiprofissional do NASF e as equipes


multiprofissionais das UBS, palestrantes das áreas de enfermagem, terapia
ocupacional, segurança no trabalho, fisioterapeuta e Assistente Social.
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO

TEMPO x ETAPAS FEV/2018 MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Formação das equipes X


Multiprofissionais

Palestra sobre segurança do X


trabalho
X
Palestra sobre política de saúde
do trabalhador

Construção do formulário e do X
questionário
X
Aplicação do questionário

X
Primeira reunião de avaliação

Primeira oficina com os usuários X


Apresentação da intervenção
Oficina sobre segurança do X
trabalho com os usuários/café
comunitário
X
Palestra sobre a política de
saúde para os usuários
X
Segunda reunião de
avaliação/construção de novo
questionário
Palestra sobre doenças X
decorrentes da atividade rural

Aplicação do segundo X
questionário

Distribuição de cartilhas/folders X
informativos para os usuários
X
Distribuição de kits de segurança

X
Aplicação do último questionário

X
Última reunião de
avaliação/levantamento dos
dados
ORÇAMENTO GERAL DO PROJETO

ORÇAMENTO
Especificação Quantidade Unidade (R$) Total (R$)
Despesa com confecção de cartilhas 500 4,68 2.340
(tamanho fechado 22 x 15,5 cm, capa em
papel couche fosco 230 g, 4/1 votrd,
plastificação fosca + miolo com número de
páginas em papel couche fosco 115 g, 4/4
cor, acabamento granpo canoa - 20 páginas)
Despesa com folder (folder simples, 600 0,86 516,00
tamanho a4 aberto com 2 dobras em papel
couche fosco 180g, 4/4 cores, plastificação
fosca com prova digital.
Despesa com compra de Papel Sulfite 10 15,95 159,5
Report A4 75gr, 210x297 – Resma (500fls)

Despesa com compra de Máscara Desc Pff2 3 185,00 555,00


Proteção Produtos Quimicos Pacte 100 Unid

Despesa com a compra de Luva Nitrílica 500 pares 28,98 14,490


Nitriflex Cano Longo sem Forro Danny

Óculos De Segurança Modelo Kamaleon 500 2,50 1.250

Caneta Compactor 07 Azul caixa com 50 uni. 1 46,70 46,70


REFERENCIAS

Almeida, Celia; Bahia, Ligia; Macinko, James; Paim, Jairnilson; Travassos, Claudia.
O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de


Atenção Básica.
Área Técnica de Saúde do Trabalhador
Saúde do trabalhador / Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica,
Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas, Área Técnica de
Saúde do Trabalhador. - Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

COUTO, Berenice Rojas. Formulação de projeto de trabalho profissional. In:


CFESS; ABEPSS. Serviço Social: direitos sociais e competências
profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 20,09.

Dias Costa, Elizabeth. Condições de vida, trabalho, saúde e doenças dos


trabalhadores rurais no Brasil. Saúde do Trabalhador Rural – RENAST.
Organização Tarcísio Marcio Pinheiro. Versão Fevereiro de 2006.

Poligano, Marcus Vinicius. História das Políticas de Saúde no Brasil: uma


pequena revisão.

Simões, Carlos. Curso de direito do Serviço Social. 5 ed.SP. Cortez, 2011.

Souza Lourenço, Edvânia Ângela de; Fenner Bertani, Íris. Saúde do trabalhador
no SUS: desafios e perspectivas frente à precarização do trabalho. Revista
Brasileira de Saúde Ocupacional, vol. 32, núm. 115, enero-junio, 2007, pp. 121-134
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho São
Paulo, Brasil.

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