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A
acusação à escola. Análise sumária do libelo. Escola tradicional e pseudo-escola nova.
Identidade doutrinária de uma e outra. A teoria da escola nova ou melhor, progressiva.
Reacionários e renovadores nova ou, melhor, progressiva têm o mesmo ideal...
Mais do que tudo, costuma investir contra as escolas. Se há crise nas letras, se
não se escreve como dantes, se a língua evolui e perde antigos sabores primitivos e
ingênuos, é que as escolas já não são as mesmas e urge reformá-las.
Não haverá, realmente, na aplicação das teorias modernas o excesso de zêlo que a
charge do caricaturista procurou assinalar?
Não direi que não. Pode haver, na aplicação da teoria. Não nos parece, porém, que
haja na teoria, em sua compreensão exata.
Passar daí para o domínio da escola onde não se faz senão o que der na veneta,
onde tudo seja prazer no sentido pejorativo e flácido dêsse têrmo, seria substituir o regime
do compulsório, desagradável e deseducativo da escola tradicional pelo regime do
caprichoso, extravagante e igualmente deseducativo de uma falsa escola nova.
O que sucede, porém, com os falsos renovadores? Sucede que êles julgam que
aquêle meio "normal ou favorável", é o meio em que não haja solicitações de espécie
alguma, é o meio em que não homem não chegue mesmo a ocupar-se, e viva entregue aos
valvéns da sua fantasia, do seu capricho e da sua vontade desgovernada por falta de
estímulos sérios e fortes.
Não será, porém, sem graves perigos que tais experiências se hão de processar. E
são elas que justificam a charge do caricaturista a que nos referimos.
Só uma atitude falsa de educador, de reverência pouco lúcida para com tudo que é
infantil, em que se não distingam o transitório do permanente, o desviado do correto, o
importante do não importante, é que pode conduzir à organização de escolas cujo centro
sejam o capricho, a incerteza, a inconstância e a extravagância infantis - isto é - tudo que,
na criança, define os seus limites e as suas inferioridades.
Êsse deve ser o produto da escola. Êsse o objetivo por que trabalham os que
desejam vê-Ia renovada e eficiente.
O reacionário e o renovador, dentro de cada um de nós, ou dentro da sociedade,
querem a mesma coisa, têm o mesmo ideal, mas vêem faces antagônicas do movimento
que nos poderia conduzir para a aspiração comum.