Você está na página 1de 65

Procedimentos do

Registro Imobiliário

© 2016 Prof. Dr. Ivanildo Figueiredo


Doutor e Mestre em Direito Privado (UFPE)
Especialista em Direito Registral Imobiliário (PUC-MG)
Professor da Faculdade de Direito do Recife (UFPE)
Professor da Escola Judicial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (ESJUD)
Professor da Escola Superior da Advocacia (ESA-OAB/PE)
Registro de imóveis
Regime jurídico

Constituição Federal
- Art. 22, XXV – Competência legislativa da União em
matéria de registros públicos.
- Art. 24, IV – Competência concorrente da União e
Estados para legislar sobre custas e emolumentos.
- Art. 236 – Delegação dos serviços notariais e
registrais pelo Poder Público, para exercício em
regime privado.
Código Civil de 2002
Lei 6.015/1973
Lei 8.935/1994

2
Função e finalidade legal do
Registro de Imóveis

Lei 6.015/73

Art. 1º. Os serviços concernentes aos


Registros Públicos, estabelecidos pela
legislação civil para autenticidade,
segurança e eficácia dos atos
jurídicos, ficam sujeitos ao regime
estabelecido nesta Lei.

3
Lei 8.935/94

Art. 1º. Serviços notariais e de registro


são os de organização técnica e
administrativa destinados a garantir a
publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia dos atos
jurídicos.

4
Conceito de registro imobiliário
“O registro imobiliário é o poder legal de
agentes do ofício público, para efetuar todas as
operações relativas a bens imóveis e a direitos a
ele condizentes, promovendo atos de
escrituração, assegurando aos requerentes a
aquisição de exercício do direito de propriedade
e a instituição de ônus reais de fruição, garantia
ou de aquisição”
(Maria Helena Diniz)

5
Sistemas de registro imobiliário

Sistema francês (efeito pessoal): O registro


imobiliário é meramente declaratório, uma vez que
a propriedade é transferida e adquirida no ato da
contratação, valendo o registro somente para
publicidade perante terceiros.
Sistema alemão (efeito real): O acordo de
vontades manifestado perante o registro de
imóveis é que produz a transmissão eficaz da
propriedade, possuindo natureza constitutiva,
distinto do contrato que deu causa ao negócio
jurídico.
6
Lei 6.015/1973
Lei de Registros Públicos
Implantou o sistema de matrícula em
substituição ao regime de registro stricto sensu,
assumindo esse registro caráter cadastral;
Definiu os novos procedimentos específicos de
registro (atos principais e constitutivos e
direitos) e de averbação (atos secundários e de
caráter modificativo).
Permitiu a adoção da escrituração
individualizada em fichas datilografadas,
mecanizadas ou computadorizadas, em
substituição aos livros de escrituração registral.
7
Princípios do registro imobiliário

1) Princípio da legalidade - Somente podem ser


registrados e averbados os atos e documentos
que atendam às normas e prescrições legais,
cabendo ao oficial de registro interpretar
corretamente as disposições expressas em lei.
2) Princípio da especialidade - O registro
imobiliário deve conter a descrição completa
do imóvel, “feita mediante indicação de suas
características e confrontações, localização, área
e denominação, se rural, ou logradouro e
número, se urbano, e sua designação cadastral,
se houver” (Lei 6015/73, art. 176, § 1º).
8
3) Princípio da continuidade - Os lançamentos
constantes do registro devem ser contínuos,
sem qualquer interrupção, cabendo ao oficial
escriturar na ficha do imóvel, na estrita ordem
cronológica, todos os fatos jurídicos
constitutivos, modificativos, translativos ou
extintivos de direitos sobre o imóvel (Lei
6015/73, art. 195).
4) Princípio da unitariedade - Cada imóvel
registrado somente pode ter uma única
matrícula (Lei 6015/73, art. 176, § 1º, inciso I).

9
5) Princípio da legitimação registral - Todo
registro constante no ofício de imóveis competente
possui uma presunção de legitimidade, e “o
registro, enquanto não cancelado, produz todos os
efeitos legais ainda que, por outra maneira, se
prove que o título está desfeito, anulado, extinto
ou rescindido (Lei 6015/73, art. 252).
6) Princípio da instância - É aquele que atribui
competência privativa aos oficiais de registro de
imóveis para a prática dos atos registrais,
relativamente aos imóveis situados na respectiva
circunscrição, sendo inválido e ineficaz o ato de
registro ou averbação realizado por cartório sem
competência legal (Lei 8935/94 art. 13, inciso II).
10
7) Princípio da prioridade – A ordem de
apresentação do título no cartório de registro de
imóveis assegura a precedência do direito,
seja em caráter de graduação, relativo a títulos
compatíveis, seja em caráter de exclusão,
quando se tratar de títulos incompatíveis entre si
(Lei 6015/73, art. 186).
8) Princípio da publicidade – A publicidade tem
como finalidade tornar o registro e os direitos
reais incidentes sobre o imóvel do conhecimento
público e assim oponível a terceiros (Lei
6015/73, arts. 16/17).

11
Fases do registro imobiliário

• Registro Geral
Inscrição e Transcrição (Lei 1.237/1864)
• Matrícula do imóvel
Registro e Averbação (Lei 6.015/1973)

“Art. 168. Na designação genérica de


registro, consideram-se englobadas a
inscrição e a transcrição a que se referem as
leis civis.” (Lei 6015/73)

12
Natureza do Registro

Títulos privados Natureza constitutiva


(transcrição)

Títulos judiciais Natureza declaratória


(inscrição)

“Presume-se pertencer o direito real à


pessoa, em cujo nome se inscreveu ou
transcreveu” (Código Civil 1916, art. 859)

13
Efeitos do registro
(Lei 6.015/73)

“Art. 172. No Registro de Imóveis serão


feitos, nos termos desta Lei, o registro e a
averbação dos títulos ou atos constitutivos,
declaratórios, translativos e extintos de
direitos reais sobre imóveis reconhecidos em
lei, "inter vivos" ou "mortis causa" quer para
sua constituição, transferência e extinção,
quer para sua validade em relação a
terceiros, quer para a sua
disponibilidade.”
14
Procedimentos do registro
imobiliário

Livros de escrituração
(Lei 6015/73, art. 173)

Livro nº 1 - Protocolo
Livro nº 2 - Registro Geral
Livro nº 3 - Registro Auxiliar
Livro nº 4 - Indicador Real
Livro nº 5 - Indicador Pessoal

15
LIVRO Nº 1 – Protocolo
(Lei 6015/73, art. 174).

Finalidade - Servirá para apontamento de


todos os títulos apresentados diariamente,
com exceção dos títulos apresentados
apenas para exame e cálculo dos
respectivos emolumentos.

16
LIVRO Nº 2 – Registro geral
(Lei 6015/73, art. 176)

FINALIDADE – Representa o livro


principal, destinado à matrícula dos
imóveis e ao registro ou averbação dos
atos correspondentes, sendo que cada
imóvel terá matrícula própria, aberta
por ocasião do primeiro registro a ser feito
na vigência da Lei 6015/73.

17
LIVRO Nº 3 – Registro auxiliar
(Lei 6015/73, art. 177)

FINALIDADE – É destinado ao registro dos


atos que, sendo atribuídos ao Registro de
Imóveis por disposição legal, não digam
respeito diretamente a imóvel matriculado.

18
Assentamentos no registro auxiliar

1) as cédulas de crédito rural e de crédito industrial;


2) as convenções de condomínio;
3) o penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na
indústria, instalados e em funcionamento, com os
respectivos pertences ou sem eles;
4) as convenções antenupciais;
5) os contratos de penhor rural;
6) os títulos que, a requerimento do interessado, forem
registrados no seu inteiro teor, sem prejuízo do ato,
praticado no Livro nº 2.

19
LIVRO Nº 4 – Indicador Real – É o repositório
de todos os imóveis que figurarem nos demais
livros, devendo conter sua identificação, referência
aos números de ordem dos outros livros e
anotações necessárias (art. 179).

LIVRO Nº 5 – Indicador Pessoal - Dividido


alfabeticamente, será o repositório dos nomes de
todas as pessoas que, individual ou coletivamente,
ativa ou passivamente, direta ou indiretamente,
figurarem nos demais livros, fazendo-se referência
aos respectivos números de ordem (art. 180).

20
Atos de registro e averbação
Registro: Compreende os atos relativos à
transmissão da propriedade e de constituição de
direitos reais sobre imóveis, correspondendo aos
antigos procedimentos da transcrição e inscrição.

Averbação: Representa um ato acessório


destinado ao assentamento de modificações na
situação do imóvel ou do direito pessoal do
proprietário, sem alterar a essência do registro.

21
Obrigatoriedade do registro

Regra geral:
“Art. 169. Todos os atos enumerados no art.
167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no Cartório
da situação do imóvel”

Hipóteses específicas:
• Registro do projeto de loteamento: 180 dias (Lei
6.766/79, art. 18).
• Registro do contrato de compra e venda do SFH:
15 dias (Lei 4.380/64, art. 61, § 7º).
22
A matrícula

IMPORTÂNCIA DA MATRÍCULA:
Representa o cadastro individual de cada
imóvel (folio real), no qual são lançados
todos os assentamentos referentes à
propriedade e oneração, com seus caracteres
próprios e distintivos, sendo o modo pelo qual
o imóvel ingressa no registro imobiliário.

“Art. 228. A matrícula será efetuada por


ocasião do primeiro registro a ser lançado na
vigência desta Lei, mediante os elementos
constantes do título apresentado e do registro
anterior nele mencionado.”
23
Requisitos da matrícula
(art. 176)

1) o número de ordem, que seguirá ao infinito;


2) a data;
3) a identificação do imóvel, feita mediante indicação de suas
características e confrontações, localização, área e
denominação, se rural, ou logradouro e número, se urbano,
e sua designação cadastral, se houver;
4) o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário, bem
como:
a) tratando-se de pessoa física, o estado civil, a profissão, o
número de inscrição no CPF ou da cédula de identidade;
b) tratando-se de pessoa jurídica, a sede social e o número de
inscrição no CNPJ;
5) o número do registro anterior.
24
Mutações na matrícula

• Abertura (art. 228)


• Transferência de circunscrição (art. 229)
• Cancelamento
a) por decisão judicial, em virtude de abertura
inválida (art. 223, I);
b) por alienação parcial do imóvel
desmembrável (art. 223, II);
c) por fusão de matrículas de imóveis
remembrados (art. 223, III).

25
Atos sujeitos a registro
(art. 167, I)

1) compra e venda;
2) doação;
3) permuta;
4) dação em pagamento;
5) enfiteuse;
6) anticrese;
7) usufruto e uso sobre imóveis e da habitação.

26
8) servidões em geral;
9) loteamentos urbanos e rurais;
10) contratos de compromisso de compra e venda,
de cessão e de promessa de cessão de imóveis
não loteados;
11) contratos de promessa de compra e venda de
terrenos loteados e respectiva cessão e
promessa de cessão;
12) incorporações, instituições e convenções de
condomínio;
13) contratos de promessa de venda, cessão ou
promessa de cessão de unidades autônomas
condominiais (Lei nº 4.591/64).

27
14) constituição do direito de superfície de imóvel
urbano;
15) sentenças declaratórias de usucapião;
16) julgados e atos jurídicos entre vivos que
dividirem imóveis ou os demarcarem inclusive
nos casos de incorporação que resultarem em
constituição de condomínio e atribuírem uma ou
mais unidades aos incorporadores;
17) sentenças que nos inventários, arrolamentos e
partilhas, adjudicarem bens de raiz em
pagamento das dívidas da herança;
18) penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis;

28
19) citações de ações reais ou pessoais
reipersecutórias, relativas a imóveis;
20) atos de entrega de legados de imóveis, dos
formais de partilha e das sentenças de adjudicação
em inventário ou arrolamento quando não houver
partilha;
21) desapropriação amigável e das sentenças que, em
processo de desapropriação, fixarem o valor da
indenização;
22) termos administrativos ou das sentenças
declaratórias da concessão de uso especial para fins
de moradia;
23) arrematação e adjudicação em hasta pública;
29
24) hipotecas legais, judiciais e convencionais;
25) alienação fiduciária em garantia de coisa
imóvel.
26) transferência de imóvel a sociedade;
27) penhor de máquinas industriais;
28) cédulas de crédito rural;
29) cédulas de crédito, industrial;
30) contratos de penhor rural;
31) empréstimos por obrigações ao portador ou
debêntures, inclusive as conversíveis em ações;

30
32) contratos de locação de prédios, com cláusula
de vigência da coisa locada;
33) convenções antenupciais;
34) dote;
35) instituição de bem de família;
36) rendas constituídas sobre imóveis ou a eles
vinculadas por disposição de última vontade.

31
Atos sujeitos a averbação
(art. 167, II)
1) convenções antenupciais e do regime de bens
diverso do legal, nos registros referentes a
imóveis ou a direitos reais pertencentes a
qualquer dos cônjuges, inclusive os adquiridos
posteriormente ao casamento;
2) alteração do nome por casamento ou por
divórcio, ou de outras circunstâncias que
tenham influência no registro ou nas pessoas
nele interessadas;
3) sentenças de separação de dote;
4) restabelecimento da sociedade conjugal;
32
5) sentenças de separação judicial, de divórcio e
de nulidade ou anulação de casamento, quando
nas respectivas partilhas existirem imóveis ou
direitos reais sujeitos a registro;
6) mudança de denominação e de numeração dos
prédios, da edificação, da reconstrução, da
demolição, do desmembramento e do
loteamento de imóveis;
7) " ex offício ", dos nomes dos logradouros,
decretados pelo poder público.
8) cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade
e incomunicabilidade impostas a imóveis, bem
como da constituição de fideicomisso;
9) cédulas hipotecárias;

33
10) caução e cessão fiduciária de direitos relativos a
imóveis;
11) termo de securitização de créditos imobiliários,
quando submetidos a regime fiduciário.
12) notificação para parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios de imóvel urbano;
13) extinção da concessão de uso especial para fins
de moradia;
14) extinção do direito de superfície do imóvel
urbano
15) por cancelamento, da extinção dos ônus e
direitos reais;
16) decisões, recursos e seus efeitos, que tenham
por objeto atos ou títulos registrados ou
averbados;
34
17) rerratificação do contrato de mútuo com pacto
adjeto de hipoteca em favor de entidade
integrante do SFH;
18) contrato de locação, para os fins de exercício
de direito de preferência.
19) atos pertinentes a unidades autônomas
condominiais sob regime da Lei 4.591/64,
quando a incorporação tiver sido formalizada
anteriormente à vigência da Lei 6.015/73;
20) contratos de promessa de compra e venda,
das cessões e das promessas de cessão
regidas pelo Decreto-lei 58/1937, quando o
loteamento se tiver formalizado anteriormente
à vigência da Lei 6.015/73.

35
21) da cessão de crédito imobiliário.
22) da reserva legal;
23) da servidão ambiental;
24) do destaque de imóvel de gleba pública
originária;
25) do auto de demarcação urbanística;
26) da extinção da legitimação de posse;
27) da extinção da concessão de uso especial para
fins de moradia;
28) da extinção da concessão de direito real de
uso;
29) da sub-rogação de dívida, da respectiva
garantia fiduciária ou hipotecária e da
alteração das condições contratuais,
36
Atos não registráveis

• Cessão de direitos hereditários.


• Testamento.
• Promessa de permuta.
• Opção de compra de imóvel.
• Contratos preliminares.
• Título de posse.
• Comodato de imóvel.
• Arrendamento de imóvel.

37
Regimes imobiliários
especiais

• Lei 4.380/1964 – Contratos imobiliários no SFH.


• Lei 4.504/1964 – Estatuto da Terra.
• Lei 4.591/1964 – Condomínio e incorporações.
• Lei 6.766/1979 – Parcelamento do solo urbano.
• Lei 9.514/1997 – Alienação fiduciária de imóvel.
• Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade.
• Lei 11.481/2007 – Regularização fundiária.
• Lei 11.977/2009 – Programa Minha Casa Minha
Vida – PMCMV.
38
Processo de registro
(arts. 182 a 216)

Etapas do processo
1) Protocolo
2) Prenotação

3) Exame

4) Formulação de exigências

5) Suscitação de dúvida

6) Registro

39
Regras gerais do procedimento
• Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o
número de ordem que lhes competir em razão
da seqüência rigorosa de sua apresentação
(art. 182).
• Será reproduzido, em cada título, o número de
ordem respectivo e a data de sua prenotação
(art. 183).
• O número de ordem determinará a prioridade
do título, e esta a preferência dos direitos
reais, ainda que apresentados pela mesma
pessoa mais de um título simultaneamente (art.
186).

40
• Protocolizado o título, o registro deverá ser
realizado pelo oficial dentro do prazo de 30
dias (art. 188).
• Não serão registrados, no mesmo dia, títulos
pelos quais se constituam direitos reais
contraditórios sobre o mesmo imóvel (art.
190).
• Prevalecerão, para efeito de prioridade de
registro, quando apresentados no mesmo dia, os
títulos prenotados no Protocolo sob
número de ordem mais baixo, protelando-se
o registro dos apresentados posteriormente,
pelo prazo correspondente a, pelo menos, um
dia útil. (art. 191).

41
Prenotação

Código Civil 2002: O registro é


eficaz desde o momento em que se
apresentar o título ao oficial do registro, e
este o prenotar no protocolo (art. 1.246).

Finalidade da prenotação: Assegura a


prioridade de registro àquele que primeiro
apresentar o título.

42
Prazo da prenotação

LEI 6015: “Cessarão automaticamente


os efeitos da prenotação se, decorridos
30 dias do seu lançamento no
Protocolo, o título não tiver sido
registrado por omissão do interessado
em atender às exigências legais.” (art.
205)

43
Exame do título

Conteúdo do exame: Análise dos aspectos


formais constantes do título, sob o ponto de vista
de sua autenticidade e regularidade, verificando o
estrito cumprimento das normas legais incidentes,
não cabendo ao oficial investigar o conteúdo das
cláusulas e estipulações do negócio originário,
nem se ater a detalhes resultantes de erro
material que não afetam nem interferem no
conteúdo do ato registral.

44
Efeitos do registro

Princípio geral: O registro imobiliário induz


prova de propriedade e de direitos reais sobre o
imóvel, estabelecendo uma presunção juris
tantum de domínio em favor do proprietário.

Consequência: O valor probante do registro


não é absoluto, podendo o ato que originou o
registro ou mesmo o próprio ato registral, ser
invalidado por sentença judicial.

45
A Matrícula

Matrícula é o registro individualizado e


detalhado do imóvel escriturado no Livro 2 –
Registro Geral, no qual ficarão lançados todos
os atos de constituição, transferência,
modificação e extinção dos direitos reais sobre
o imóvel respectivo.
Significados da matrícula
(Sérgio Jacomino)

• Ato jurídico de matrícula inscrição


inaugural no sistema de fólio real.

• Matrícula como sinônimo de fólio


real encerra as inscrições a ele
endereçadas relativamente à unidade
predial.
Lei 6.015/1973

Art. 227. Todo imóvel objeto de título a


ser registrado deve estar matriculado no Livro nº
2 - Registro Geral - obedecido o disposto no art.
176.

Art. 176. O Livro nº 2 - Registro Geral -


será destinado, à matrícula dos imóveis e ao
registro ou averbação dos atos relacionados no
art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3.
Princípio da unitariedade da matrícula

Art. 176, § 1o, inciso I. - O princípio “um


imóvel, uma matrícula” expressa o significado da
unitariedade registral.

REGRA DE EXCEÇÃO
• O art. 169, II, prevê que os registros relativos a
imóveis rurais situados em comarcas limítrofes
serão feitos em todas elas. Nesse caso, o imóvel
todo (não seccionado pelos limites territoriais) será
matriculado em ambas (ou mais) circunscrições.
• Nenhum lote (de loteamento) pode situar-se em
mais de uma circunscrição imobiliária.
Código de Normas da CGJ/PE

Art. 909. A matrícula compreende o registro


individualizado do imóvel, do modo como deve
constar no Livro 2 - Registro Geral,
compreendendo as suas características
identificadoras, de natureza pessoal e
material, como o nome do proprietário ou titular
do domínio e dos direitos reais de garantia ou
fruição, as especificações de áreas, cômodos e
regime jurídico, estando representada pela
respectiva ficha reproduzida ou duplicada em
arquivo eletrônico ou físico.
Importância da matrícula

Representa os elementos identificadores


de cada imóvel (folio real), no qual são
lançados todos os assentamentos
referentes à propriedade e oneração,
com seus caracteres próprios e
distintivos, sendo o modo pelo qual o
imóvel ingressa no registro imobiliário.
Requisitos da matrícula
(Lei 6.015/1973, art. 176; CN, art. 910)

1) o número de ordem, que seguirá ao infinito;

2) a data de abertura da matrícula;

3) a identificação precisa e detalhada do imóvel;

4) o nome e a qualificação do proprietário,


inclusive do domínio direto, quando houver;

5) o número e a data do registro anterior.


Caracterização do imóvel na matrícula
(CN, art. 911)

I - Imóveis urbanos:
a) as características básicas definidoras do imóvel, se
de natureza residencial, comercial ou industrial; a sua
individualização como casa, unidade imobiliária
autônoma, apartamento, sala, loja, terreno ou tipo de
construção, se averbada a licença de habite-se;
b) o número de identificação do imóvel no logradouro,
quando se tratar de prédio, ou o número da unidade
imobiliária autônoma, com o nome do respectivo
edifício, conjunto ou empreendimento;
c) o endereço completo do imóvel, com o nome do
logradouro, bairro, código de endereçamento postal
(CEP) e município;
d) a descrição dos cômodos, sua divisão interna, área
construída, área exclusiva, área comum e fração ideal
de terreno, neste caso em se tratando de condomínio
edilício;
e) sendo terreno sem construção, a descrição na
matrícula deverá indicar se fica do lado par ou ímpar
do logradouro, em que quadra e a que distância
métrica da edificação ou da esquina mais próxima, ou
número do lote e da quadra, se houver;
f) a situação jurídica do terreno, se alodial ou próprio,
enfitêutico ou terreno de marinha ou acrescido, e
respectivo regime, de ocupação ou aforamento;

g) em se tratando de casa, lote ou imóvel individual,


as suas confrontações, com os
terrenos contíguos e áreas ou logradouros públicos,
sua localização, metragem
da frente, dos lados e fundos, ângulos do perímetro, se
irregular, e área total do
terreno e área construída;

h) o número do cadastro imobiliário na Prefeitura


Municipal.
II - nos imóveis rurais:
a) a caracterização e localização do imóvel rural, e sua
denominação como empresa rural, fazenda, sítio, granja
ou chácara, se houver;
b) o endereço do imóvel, com o nome do logradouro ou
rodovia de acesso, código de endereçamento postal
(CEP), localidade, distrito e município;
c) o código de cadastro de imóvel rural (CCIR) do
INCRA;
d) a definição como propriedade produtiva, se aplicável,
contendo a descrição das plantações, culturas e
destinação agrícola, pastoril ou agropecuária e da área
explorada, conforme os dados do cadastro de imóvel
rural (CCIR) do INCRA;
e) as confrontações, áreas, limites e rumos do imóvel,
obtidas através de sistema de coordenadas geodésicas ou
georreferenciamento, com anotação de responsabilidade
técnica (ART) do profissional responsável;
f) a referência e identificação dos recursos e acidentes
naturais existentes no imóvel rural, como recursos
hídricos representados por rios, lagos, lagoas, açudes ou
nascentes, assim como áreas de preservação ambiental;
g) a descrição das benfeitorias e construções e bens de
raiz, como casas, galpões, depósitos, reservatórios,
poços, viveiros, currais e outras acessões, com
referência, se existente, da área construída;
h) a área de reserva florestal ou reserva ambiental
especificada nos cadastros dos órgãos federais e
estaduais competentes.
Critérios para a descrição do imóvel
(CN, art. 911)
• A identificação dos confrontantes deverá ter como
referência a caracterização do imóvel e sua
denominação, não podendo ser empregados termos
variáveis, equívocos ou imprecisos, suscetíveis de
alteração, como, por exemplo, plantações, acessões ou
outros indicadores não registráveis na matrícula do
confrontante.
• Na matrícula, preferencialmente, não existindo
registro correlato do imóvel lindeiro, devem ser
mencionados, como confrontantes, os próprios prédios
e suas respectivas matrículas e não, o nome dos seus
proprietários.
• O nome ou identificação dos proprietários ou
possuidores confrontantes poderá ser referido na
matrícula dos imóveis rurais se assim estiver registrado
na matrícula do imóvel lindeiro ou confinante.

• Na especificação e descrição das confrontações dos


imóveis urbanos ou rurais é vedado o uso de
expressões genéricas, tais como "com quem de direito",
ou "com sucessores " de determinadas pessoas.

• Nos loteamentos regulares, a indicação dos


confrontantes deverá ter como referência os lotes
contíguos da mesma quadra, com a indicação do
número da matrícula respectiva no Livro 2 - Registro
Geral.
Elementos para a caracterização do imóvel

• Memorial de Incorporação;

• Licença de Habite-se da Prefeitura;

• Certidão Narrativa da Prefeitura;

• Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR)


do INCRA e Memorial descritivo por
georreferenciamento (Lei 10.267/2001).
Correção da matrícula pela
apresentação de documentos de
descrição e caracterização do imóvel
(CN, art. 913)

Art. 913. Se, por qualquer motivo, não


constar, do título e do registro anterior, os
elementos indispensáveis à caracterização do
imóvel, poderá o proprietário ou interessado, para
fins de descrição e especificação na matrícula,
solicitar a sua complementação, mediante a
apresentação de documentos oficiais.
Intangibilidade do conteúdo da
matrícula

Art. 914. Somente em cumprimento de


ordem ou mandado de juiz com competência em
Registros Públicos, o oficial procederá a registro
ou averbação de título relativo a imóvel com
características ou elementos divergentes daqueles
constantes dos assentamentos da respectiva
matrícula.
Mutações na matrícula
(Lei 6.015/1973)

• Abertura (art. 228)

• Transferência de circunscrição (art. 229)

• Cancelamento
a) por decisão judicial, em virtude de abertura
inválida (art. 223, I);
b) por alienação parcial do imóvel desmembrável
(art. 223, II);
c) por fusão de matrículas de imóveis
remembrados (art. 223, III).
Abertura da matrícula
(Lei 6.015/1973)

Art. 228. A matrícula será efetuada por


ocasião do primeiro registro a ser lançado na
vigência desta Lei, mediante os elementos
constantes do título apresentado e do registro
anterior nele mencionado.
Modos de abertura da matrícula

a) Por requerimento da parte (art. 228)

b) Por força de lei (art. 234)

c) Por decisão judicial (art. 226)

d) De ofício (art. 295)

Você também pode gostar