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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

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ÍNDICE

ÉTICA ........................................................................................................................................4
FILOSOFIA DO DIREITO ..............................................................................................17
DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................21
DIREITOS HUMANOS .....................................................................................................34
DIREITO INTERNACIONAL .........................................................................................37
DIREITO TRIBUTÁRIO ..................................................................................................40
DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................................46
DIREITO AMBIENTAL ....................................................................................................57
DIREITO CIVIL ..................................................................................................................60
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ..................................................69
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ...............................................................71
PROCESSO CIVIL .............................................................................................................75
DIREITO EMPRESARIAL ...............................................................................................91
DIREITO PENAL ................................................................................................................97
PROCESSO PENAL..........................................................................................................111
DIREITO DO TRABALHO.............................................................................................123
PROCESSO DO TRABALHO ........................................................................................134

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ÉTICA

DICA 01
DOS DIREITOS DO ADVOGADO
Atenção! Tema de maior incidência.
O advogado é indispensável para administração da justiça.
Os Direitos e prerrogativas dele, estão ligados às vantagens dadas a ele na função em que
exerce; mesmo em seu ministério privado, desempenha função social, múnus
público.
Entre magistrados, membros do Ministério Público e advogados, não há hierarquia e
nem subordinação, devendo o advogado ter tratamento compatível a sua função.

Direitos do advogado - fundamento legal: Art. 6º e 7º do EAOAB e Artigos 15 a 19


Reg. Geral OAB.
DICA 02
NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO
ART. 3-A e parágrafo único DO EAOAB, inserido pela Lei nº 14.039 de 2020.
Considerado notória especialização, profissionais ou sociedades de advogados, que
desempenham estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
entre outras atividades que permita concluir que o trabalho prestado por tal profissional é
indiscutivelmente mais adequado àquela prestação de serviço.
Esse tipo de prestação é considerado técnico e singular, o que facilita a contratação
direta pela administração pública (Dispensando possível licitação).
DICA 03
DA INVIOLABILIDADE DO ESCRITÓRIO DO ADVOGADO
De acordo com o Art. 7, inciso II EAOAB, o local de trabalho do advogado é inviolável,
tanto quanto todo seu instrumento de trabalho relativos à advocacia:

ARQUIVOS E
DADOS

É INVIOLÁVEL
CORRESPONDÊNCIAS

COMUNICAÇÕES
TELEFÔNICAS, ELETRONICA E
TELEMÁTICA

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DICA 04
DAS PRERROGATIVAS DO ADVOGADO: EXAME, VISTAS E RETIRADA DOS AUTOS
PROCESSUAIS
Fundamento legal: Artigo 7º, XIII, XIV, XV e XVI do EAOAB
Exame dos autos: Examinar os autos em qualquer órgão ou instituição
responsável por conduzir a investigação, mesmo sem procuração, podendo copiar e
fazer anotações.
Obs.: Salvo nos casos de segredo de justiça, é dispensável o exame dos autos
sem procuração.
Vistas dos autos: ter vista dos processos judiciais ou administrativos de
qualquer natureza, ou retirá-los pelos prazos legais.
Retirar autos findos: retirar autos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de 10
dias.
Assunto cobrado pelo Exame de Ordem com certa periodicidade.
DICA 05
DO INGRESSO LIVRE DO ADVOGADO
Fundamento legal: Art. 7º, VI, VII, VIII, X, XI e XX EAOAB

O advogado poderá ter acesso, sem restrições, aos seguintes locais, serviços ou
situações:

Todos os lugares onde ele exerça a advocacia.


Ex.: salas de sessão de julgamento e dependências de audiências, cartórios,
secretarias, ofícios de justiça, serviços notariais, delegacias, qualquer edifício ou
recinto que funcione outro serviço público onde o advogado possa colher prova ou
informações. (Outros exemplos, alíneas “a,b,c,d” do inciso VI do art. 7º EAOAB).

Independente de licença, o advogado poderá permanecer em pé ou sentado, ou


até mesmo se retirar dos locais mencionados anteriormente. inciso VII do art. 7º
eoab.

Ter acesso aos magistrados, independente de horário marcado. Art. 7º EAOAB,


inciso VIII.

Uso da palavra “pela ordem”, mediante intervenção sumária (intervenção


imediata, antes da conclusão do pleito), para esclarecer qualquer dúvida ou erro
em relação aos fatos. art. 7º EAOAB, inciso X.

Em casos de atraso de autoridade para ato judicial acima de 30 minutos, e


desde que o mesmo não esteja no recinto, poderá o advogado, por meio ata,
retirar-se do local. art. 7º EAOAB, inciso XX

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DICA 06
DA COMUNICAÇÃO COM O CLIENTE
O advogado é livre para comunicar-se com seus clientes, sendo pessoalmente e em
ambiente reservado.

O advogado também poderá se comunicar, mesmo sem procuração, quando seus


clientes estiverem:

Presos;

Detidos;

Recolhidos em ambientes civis ou militares.


Ainda que estes estejam incomunicáveis.
DICA 07
DA PRESENÇA DO REPRESENTANTE OAB

Fundamento legal: Art. 7º, IV e XXI, §3º EAOAB

Será direito do advogado a presença do representante da OAB, quando:

Advogado for preso em flagrante,

por motivo ligado a advocacia,

em caso de crime inafiançável.


Na falta do representante nos casos acima, torna-se nulo o ato.
Sendo os demais casos, necessário apenas a comunicação expressa à Seccional da
OAB.
DICA 08
DA PRISÃO DO ADVOGADO

O advogado tem a prerrogativa, de quando recolhido preso, ser feito em:

Sala de Estado Maior;

Com acomodações e instalações condignas;

Na falta, em prisão domiciliar.

O crime mencionado acima poderá ser qualquer delito.

A prisão mencionada será cautelar, pois se trata de ser anterior a sentença transitada
em julgado.
DICA 09
DO DESAGRAVO PÚBLICO

Fundamento legal: Art. 7º, XVII; XXI § 5º, e Arts. 18 e 19 RGEAOAB.

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O desagravo acontece quando o advogado é ofendido em razão da sua profissão
ou no exercício dela.

É um ato formal que objetiva mostrar repúdio a ofensas contra a classe dos
advogados.

Cabe ao Conselho competente promover o desagravo, independente da


responsabilidade criminal do infrator.

O desagravo público poderá ser de ofício, a pedido do próprio advogado ou de qualquer


pessoa.

Como defesa da classe de advogados, o desagravo público, independe da


concordância do ofendido.
Obs.: a competência ao desagravo será do Conselho Federal, quando este for
dirigido ao Conselheiro Federal ou Presidente do Conselho Seccional.
DICA 10
DO DESAGRAVO
O desagravo pode ser formulado por qualquer pessoa, e de acordo com o §4º do Art.
18 do RGEAOAB, recebido ou não as informações, desde que haja convencimento
do relator.

Questão Exame de Ordem XXX, 2019.


Em certa situação, uma advogada, inscrita na OAB, foi ofendida em razão do exercício
profissional durante a realização de uma audiência judicial. O ocorrido foi amplamente
divulgado na mídia, assumindo grande notoriedade e revelando, de modo urgente, a
necessidade de desagravo público.
Considerando que o desagravo será promovido pelo Conselho competente, seja pelo
órgão com atribuição ou pela Diretoria ad referendum, assinale a afirmativa correta.
Alternativas:
a) A atuação se dará apenas mediante provocação, a pedido da ofendida ou de
qualquer outra pessoa. É condição para concessão do desagravo a solicitação de
informações à pessoa ou autoridade apontada como ofensora.
b) A atuação se dará de ofício ou mediante pedido, o qual deverá ser formulado pela
ofendida, seu representante legal ou advogado inscrito na OAB. É condição para
concessão do desagravo a solicitação de informações à pessoa ou autoridade apontada
como ofensora.
c) A atuação se dará de ofício ou mediante provocação, seja da ofendida ou de
qualquer outra pessoa. Não é condição para concessão do desagravo a solicitação de
informações à pessoa ou autoridade apontada como ofensora.
d) A atuação se dará de ofício ou mediante pedido, o qual deverá ser formulado pela
ofendida, seu representante legal ou advogado inscrito na OAB. Não é condição para
concessão do desagravo a solicitação de informações à pessoa ou autoridade apontada
como ofensora.
Resposta: Alternativa “c”.
Assunto de alta incidência na OAB.

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DICA 11
ADVOGADO COMO TESTEMUNHA. ASSISTÊNCIA AOS CLIENTES.

Fundamento legal: Art. 7º, XIX, XXI.

É livre ao advogado o depor como testemunha em processo em que foi ou esteja


como procurador; ainda que tenha conhecimento dos fatos.

Mesmo autorizado, ou solicitado, o advogado também é livre para depor ou não


como testemunha.
O advogado também poderá prestar assistência aos seus clientes investigados, durante o
procedimento, apresentando razões e quesitos.
Obs.: Caso não seja respeitada a assistência do advogado ao cliente, todo o
procedimento e suas provas poderão ser nulas.
DICA 12
IMUNIDADE PROFISSIONAL
O advogado possui imunidade profissional em qualquer manifestação da sua parte, em
função da sua atividade e no seu exercício, sendo em juízo ou fora dele, respondendo
pelos excessos que cometer perante a OAB.

Não responderá por:

Injúria;

Difamação;

Desacato (Expressão declarada inconstitucional pelo STF).

Questão Exame de Ordem XXXII, 2021.


A advogada Clotilde, em manifestação oral em juízo, proferiu algumas palavras sobre
o adversário processual de seu cliente. Na ocasião, a pessoa mencionada alegou que
teria sido vítima de crime de injúria.
Considerando o disposto no Estatuto da Advocacia e da OAB, é correto afirmar que
Alternativas:
a) as palavras proferidas podem constituir crime de injúria, a fim de se tutelar a
adequada condução da atividade jurisdicional. Além disso, Clotilde poderá responder
disciplinarmente perante a OAB pelos excessos que tiver cometido.
b) a imunidade profissional conferida a Clotilde assegura que as palavras proferidas
não constituem injúria, tampouco são passíveis de responsabilização disciplinar
perante a OAB, independentemente da alegação de excesso.
c) a imunidade profissional conferida a Clotilde assegura que as palavras proferidas
não constituem injúria. Contudo, ela poderá responder disciplinarmente perante a OAB
pelos excessos que tiver cometido.
d) as palavras proferidas podem constituir crime de injúria, a fim de se tutelar a
adequada condução da atividade jurisdicional. Contudo, não são passíveis de
responsabilização disciplinar perante a OAB, independentemente da alegação de
excesso.
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Resposta: alternativa “c” - Questão fundamentada no Art. 7º, inciso XXI, §2º do
EAOAB.

DICA 13
DAS INSTALAÇÕES AO ADVOGADO

É direito do advogado ter instalações condignas para exercer sua profissão em:

Fóruns,

Tribunais,

Juizados,

Delegacias de polícia,

Presídios,

Salas especiais permanentes.


Cabem ao Poder Judiciário e ao Poder Executivo a garantia deste direito.
DICA 14
DOS DIREITOS DA ADVOGADA

Fundamento legal: Art. 7º-A EAOAB


Prerrogativas conferidas à mulher advogada por meio da Lei nº 13.363/2016.
Quadro dos direitos:

Gestante Lactante Adotante A que der à luz

Acesso a creche, Acesso a creche, Acesso a creche,


onde houver, ou a onde houver, ou a onde houver, ou a local
local adequado ao local
adequado ao
------------------- atendimento das
adequado ao
necessidades do atendimento das
bebê. atendimento das necessidades do bebê.
necessidades do
120 dias/período 120 dias/período de
bebê.
de amamentação. amamentação.
120 dias/período
de amamentação.

Entrada em
tribunais sem ser
submetida a
detector de ------------------- ------------------- -------------------
metal e
aparelho raio x.
Período da
gravidez.

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Reserva de vaga
em garagens dos
------------------- ------------------- -------------------
foros.
Período da
gravidez.

Gestante Lactante Adotante A que der à luz

Preferência na Preferência na Preferência na Preferência na


ordem das ordem das ordem das ordem das
sustentações sustentações sustentações sustentações
orais e orais e orais e orais e
audiências, audiências,
audiências, audiências,
mediante mediante
comprovação. comprovação. mediante mediante
comprovação. comprovação.
Por 120 Por 120
dias/período de dias/período de Por 120 Por 120
amamentação. amamentação. dias/período de dias/período de
amamentação. amamentação.

Suspensão de Suspensão de
prazos prazos
processuais, processuais,
------------------- ------------------- quando
quando for a única
patrona da causa, for a única
com notificação do patrona da causa,
cliente. com notificação do
cliente.
Por 30 dias.
Por 30 dias.

Atenção! Tema novo e de alta incidência nas provas.


DICA 15
VIOLAÇÃO DAS PRERROGATIVAS DO ADVOGADO
O art. 7º-B do EAOAB é um dos temas mais novos apresentado pela lei 13.869/2019. Tal
artigo conceitua como crime violar prerrogativas do advogado, descritas no artigo 7º
do EAOAB.

Esses incisos dizem a respeito:

A inviolabilidade do escritório do advogado.

A comunicação advogado e cliente;

A presença de representante da OAB;

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Prisão do advogado.
A infração desses dispositivos, gera detenção de 3 meses a 1 ano mais multa.
DICA 16
DO DIREITO DO USO DO NOME SOCIAL DO ADVOGADO

Tema atual no exame de ordem!

Decisão do Conselho Pleno do Conselho Federal da OAB, que Advogados (as)


travestis e transexuais poderão usar o nome social no Registro da Ordem dos
Advogados do Brasil, sendo apreciada, no Art. 33, parágrafo único do Regulamento Geral
do EAOAB. Esta informação será inserida mediante requerimento do advogado (a).

Questão Exame de Ordem XXXII, 2021.


Maria, formada em uma renomada faculdade de Direito, é transexual. Após a
aprovação no Exame de Ordem e do cumprimento dos demais requisitos, Maria
receberá a carteira de identidade de advogado, relativa à sua inscrição originária.
Sobre a hipótese apresentada, de acordo com o disposto na Lei nº 8.906/94 e no
Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
a) É admitida a inclusão do nome social de Maria, em seguida ao nome registral,
havendo exigência normativa de que este seja o nome pelo qual Maria se identifica e é
socialmente reconhecida, mediante mero requerimento formulado pela advogada.
b) É admitida a inclusão do nome social de Maria, desde que, por exigência normativa,
este seja o nome pelo qual Maria se identifica e que consta em registro civil de
pessoas naturais, originariamente ou por alteração, mediante mero requerimento
formulado pela advogada.
c) É admitida a inclusão do nome social de Maria, independentemente de menção ao
nome registral, havendo exigência normativa de que este seja o nome pelo qual Maria
se identifica, e é socialmente reconhecida, e de que haja prévia aprovação em sessão
do Conselho Seccional respectivo.
d) Não há previsão na Lei nº 8.906/94 e no Regulamento Geral do Estatuto da
Advocacia e da OAB sobre a inclusão do nome social de Maria na carteira de
identidade do advogado, embora tal direito possa advir de interpretação do disposto
na Constituição Federal, desde que haja cirurgia prévia de redesignação sexual e
posterior alteração do nome registral da advogada para aquele pelo qual ela se
identifica e é socialmente reconhecida.
Resposta: alternativa “c” - Art. 33, III, RGOAB.

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DICA 17
DA INSCRIÇÃO NA OAB: DOS REQUISITOS PARA INSCRIÇÃO DO ADVOGADO E
DO ESTAGIÁRIO DE DIREITO

Advogado Estagiário
Art. 8, incisos I ao VII do EAOAB Art. 9, incisos I e II, §§ 1 ao 4º da EAOAB

Capacidade civil Capacidade civil

Diploma ou Certidão de Graduação Estar matriculado em Curso Jurídico,


em Direito. podendo estagiar nos últimos anos do
mesmo.

Advogado Estagiário
Art. 8, incisos I ao VII do EAOAB Art. 9, incisos I e II, §§ 1 ao 4º da EAOAB

Título de Eleitor e quitação do Título de Eleitor e quitação do serviço


serviço militar, se brasileiro. militar também é requisito ao Estagiário
para inscrição na OAB.

Aprovação em Exame de Ordem. Admitido em Estágio Profissional,


realizado nos últimos anos do curso
jurídico, com duração de até 02 anos*

Não exercer atividade Incompatível Inciso II, §2º - Vedada Inscrição, o Aluno
que exercer atividade incompatível.

Idoneidade Moral *** (próxima dica) Idoneidade Moral *** (próxima dica)

Prestar compromisso perante Prestar compromisso perante Conselho.


Conselho.

Questão Exame de Ordem XXXII, 2021.


Lia, aluna do oitavo período de uma Faculdade de Direito, obteve de certo escritório de
advocacia a proposta de um estágio profissional. Assim, pretende providenciar sua
inscrição como estagiária junto à OAB.
Lia deverá requerer sua inscrição como estagiária junto ao Conselho Seccional em cujo
território se situa
Alternativas:
a) a sede do escritório onde atuará.

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b) a sede principal da sua atividade de estagiária de advocacia.
c) o seu domicílio de pessoa física.
d) a Faculdade de Direito em que estuda.
Resposta: Letra “d” – Fundamentação: Art. 9, II, §2º EAOAB.
Comentário: A questão exige o conhecimento de que o Estagiário deverá:
Estar matriculado no curso jurídico em seus últimos anos;
O estágio profissional terá um prazo de 02 anos;
A inscrição será realizada no Conselho Seccional, onde se localize seu curso jurídico.

DICA 18
DA IDONEIDADE MORAL
Pode ser suscitada por qualquer pessoa.
Em processo disciplinar, deve ser declarada mediante decisão que obtenha no mínimo
2/3 dos votos de todos os membros do Conselho competente. (Art. 8º, VII, § 3º EAOAB)
Não ter sido condenado pela pratica de crime infamante (honra, dignidade, boa fama),
salvo se reabilitado judicialmente.

DICA 19
DA IDONEIDADE MORAL – SÚMULAS RELEVANTES

O Conselho Federal, por intermédio do conselho pleno, editou as seguintes súmulas a


respeito da idoneidade e inscrição nos quadros da OAB:

SÚMULA 09/2019

Abordou sobre a violência contra as mulheres; que configura ato inidôneo aquele
que a praticar, independente de instancia criminal, cabendo ao Conselho Seccional a
análise do caso.

SÚMULA 10/2019

Versou sobre atos de violência contra crianças e adolescentes, idosos e pessoas


com deficiência física ou mental, o que também torna o bacharel inidôneo para
inscrição nos quadros da OAB, dependendo da análise do Conselho.

SÚMULA 11/2019

Também preceitua que a prática de violência física, sexual, psicológica, material e


moral contra pessoa LGBTIQI+ configura fator apto a demonstrar a ausência de
idoneidade moral para a inscrição de bacharel em direito na OAB, cabendo análise do
Conselho em caso concreto.

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DICA 20
INSCRIÇÃO PRINCIPAL E SUPLEMENTAR

O advogado pode exercer sua profissão em todo território nacional, com liberdade,
tendo sua inscrição:
Inscrição principal: Realizada no
CONSELHO SECCIONAL em cujo território
pretende estabelecer DOMICILIO
PROFISSIONAL (Art. 10 EAOAB).
Inscrição do
Advogado

Inscrição suplementar: Será feita nos


CONSELHOS SECCIONAIS em que exercer a
profissão com HABITUALIDADE (Art. 10,
§2º).

Considera-se habitualidade o advogado que exceder sua intervenção judicial em


cinco causas por ano.
DICA 21
DO CANCELAMENTO E LICENCIAMENTO DA INSCRIÇÃO

CANCELAMENTO – Art. 11 EAOAB LICENCIAMENTO – Art. 12 EAOAB

Requerimento do profissional. Requerimento do profissional, por motivo


justificado.

Sofrer penalidade de EXCLUSÃO. Exercício TEMPORÁRIO de atividade


Incompatível.
Ex.: Cargo eletivo de Prefeito do
Município.

Falecimento do advogado. Sofrer doença mental considerada


CURÁVEL.

Exercício de atividade INCOMPATÍVEL.


Atividade DEFINITIVA. ---
Ex.: Aprovação em concurso para
Magistratura.

Perda dos requisitos para a inscrição. ---

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A inscrição do advogado, uma vez cancelada, não será restaurada com
numeração anterior, cabendo então nova inscrição, e, para isso, será preciso verificar e
preencher os requisitos presentes no Art. 8 do EAOAB.
DICA 22
DAS ATIVIDADES PRIVATIVAS DA ADVOCACIA

Fundamento legal: Art. 1º EAOAB

São atividades privativas do advogado:

Postulação em qualquer órgão do poder judiciário;

Dos juizados especiais;

Atividades de consultoria;

Assessoria,

Direção jurídica e gerência jurídica.


A função de Diretoria e Gerência Jurídica serão privativas do advogado em qualquer
empresa pública, privada ou paraestatal.
Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem
ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.
DICA 23
EXCEÇÕES DAS ATIVIDADES PRIVATIVAS
Sobre as atividades privativas, é importante citar algumas exceções:

Impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal;


No JEC até 20 salários mínimos;
Juizados Federais;
Fazenda Pública;
Justiça do Trabalho
Juiz de Paz.
Em caso de atos e contratos de pessoas jurídicas, a exceção se dá para ME, EPP e
EIRELI.
Atenção às exceções, que vem caindo com periodicidade no Exame!
DICA 24
DO JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Exceção de alta incidência na OAB.

De acordo com o art. 791 da CLT, empregado e empregador podem postular


diretamente, sem advogado, perante a Justiça do Trabalho, o que caracteriza o “Jus
Postulandi”.

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A limitação se dá nas varas do trabalho e tribunais regionais, quando competência
originária.

SÚMULA 425 TST

O jus postulandi, não alcança: Ação rescisória, MS, Ação Cautelar e recursos referentes
ao TST.

DICA 25
DA IMPETRAÇÃO DO HABEAS CORPUS
A impetração do habeas corpus não é atividade privativa do advogado.

O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa, inclusive, o estudante de
direito.

Questão Exame de Ordem XXVII, 2018.


Guilherme é bacharel em Direito, não inscrito na OAB como advogado. Ao se deparar com
situações de ilegalidade que ameaçam a liberdade de locomoção de seus amigos César e João,
e com situação de abuso de poder que ameaça direito líquido e certo de seu amigo Antônio,
Guilherme, valendo-se de seus conhecimentos jurídicos, impetra habeas corpus em
favor de César na Justiça Comum Estadual, em 1ª instância; habeas corpus em favor
de Antônio, perante o Tribunal de Justiça, em 2ª instância; e mandado de segurança
em favor de João, na Justiça Federal, em 1ª instância.
Considerando o que dispõe o Estatuto da OAB acerca da atividade da advocacia,
assinale a afirmativa correta.
Alternativas
a) Guilherme pode impetrar habeas corpus em favor de César, mas não pode
impetrar habeas corpus em favor de Antônio, nem mandado de segurança em favor de
João.
b) Guilherme pode impetrar habeas corpus em favor de César e Antônio, mas não
pode impetrar mandado de segurança em favor de João.
c) Guilherme pode impetrar habeas corpus em favor de César e Antônio, e também
pode impetrar mandado de segurança em favor de João.
d) Guilherme pode impetrar mandado de segurança em favor de João, mas não pode
impetrar habeas corpus em favor de César e Antônio.
Resposta: Alternativa a. A resposta está fundamentada nos Art. 1º, II, § 1º EAOAB,
onde traz que habeas corpus não é atividade privativa de advogado.
Tal questão exige do candidato o conhecimento de que a impetração do habeas
corpus não é atividade privativa do advogado.
O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa, INCLUSIVE, o estudante
de direito, mencionado na questão.
A capacidade postulatória do Mandado de Segurança, será do advogado, portanto,
Guilherme não terá tal capacidade.

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FILOSOFIA DO DIREITO

DICA 26
NORBERTO BOBBIO - ANTINOMIAS

Antinomias: A antinomia representa fenômeno comum que espelha o conflito entre


duas normas, dois princípios, entre uma norma e um princípio geral de direito em sua
aplicação prática a um caso particular. É o fenômeno situado dentro da estrutura do
sistema jurídico que só a terapêutica jurídica pode suprimir a contradição. Para Bobbio,
identificam-se as antinomias em três situações:
Contrariedade: uma norma ordena a fazer algo e outra proíbe;

Contraditoriedade: uma norma ordena fazer e outra permite não fazer;


Contraditoriedade: uma norma proíbe fazer e outra permite fazer.
“A situação de normas incompatíveis entre si é uma das dificuldades frente as quais se
encontram os juristas de todos os tempos, tendo esta situação uma denominação própria:
Antinomia. Assim, em considerando o ordenamento jurídico uma unidade sistêmica, o
Direito não tolera antinomias.” – Norberto Bobbio

Critérios:

Critério Hierárquico: Norma constitucional prevalece sobre Lei complementar e lei


ordinária.
Critério cronológico: Lei posterior prevalece sobre lei anterior. Lex posterior derogat
legi priori.
Critério da especialidade: Lei especial prevalece sobre lei geral.
Como isto pode cair na prova?

Questão simulada:
A antinomia é uma situação na qual são colocadas em existência duas normas, das
quais uma obriga e a outra proíbe, ou uma obriga e a outra permite, ou uma proíbe e
a outra permite o mesmo comportamento. Um jurista que abordou muito este assunto
foi:
a) Miguel Reale
b) Joaquim Barbosa
c) Norberto Bobbio
d) Santo Agostinho
Resposta: Letra C

DICA 27
ULPIANO

Ulpiano, importante jurista romano, resumiu em três os conceitos pelos quais devia ser
regida a sociedade romana e consequentemente suas leis: Não prejudicar ninguém,

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viver honestamente e dar a cada um aquilo que lhe corresponde (Iustitia est
constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi).
Para o romano Ulpiano, justiça é a vontade constante e perpetua de dar a cada um
o que é seu por direito. Ulpiano também defendia que um dos principais pilares
jurídicos deveria ser o “não ofender ninguém”, e tal pensamento acabou sendo a base
principiológica do Princípio libertário da não agressão.
Lembrando: Na Roma destes filósofos, as leis eram regidas pelos chamados Mos
maiorum, que eram os costumes e regras, não escritos, que regiam a vida dos romanos e
de todos que lá viviam.
DICA 28
CÍCERO
Na visão do romano e jusnaturalista Cícero, a honestidade e a boa-fé deve sempre
reger a vida e convivência social. Cícero tinha esta visão principalmente acerca dos
assuntos relacionados ao direito privado. Cícero é defensor da república e da trilha
estóica, que defende que o governante deve ser dotado de sabedoria, para assim guiar os
governados, sem se deixar influenciar pelas paixões.
Advogado, político, filósofo e orador romano, Cícero era um grande representante da
visão estóica. Cícero pensava que a sabedoria é indispensável aos magistrados. A
sabedoria é a principal virtude ou excelência da forma de governo aristocrática,
que Cícero translitera para a República, isto é, para a forma de governo misto.
Cícero segue a trilha estóica porque entende que a sabedoria é capaz de neutralizar as
paixões, por isso ele diz que o mais admirável na aristocracia é que aqueles que mandam
não estão submetidos às paixões. Para Cícero, as ideias platônicas do Estado ideal, cujo
governo compete aos sábios, eram perfeitamente complementares com a doutrina estóica
do Logos (razão Universal).
“A natureza quer que a amizade seja auxiliadora de virtudes, mas não companheira de
vícios”
Importante: Para Cícero, só a honestidade é boa, pois na honestidade estão
incluídas todas as virtudes.

Os requisitos para ser um bom orador (segundo Cícero):


Ser filosofo: O bom orador deve sempre buscar o porquê de fatos importantes (Ex.:
O que é justiça? O que é a vida?).

Ser moralista: Para Cícero, ser moralista era o mesmo que ser coerente, ou seja, você
defender atitudes que segundo seus valores, são as corretas.
Ser ator: Um bom orador deve, segundo Cícero, seria você passar a emoção correta
no momento correto.
Ser poeta: É o que traz no seu discurso a beleza das palavras, trazendo ao discurso
argumentos que realmente convençam.
DICA 29
POSITIVISMO JURÍDICO

É uma corrente de pensamento que se opõe ao jusnaturalismo ao negar que o direito


seja dado pela natureza. Para o positivismo o direito é construído de forma social,
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não tendo vínculos metafísicos. Um exemplo bastante conhecido pelos operadores de
direito refere-se ao livro “O caso dos exploradores de caverna”, onde é apresentado um
caso de antropofagia praticada por exploradores de caverna presos em uma caverna
subterrânea. O ministro Keen, por exemplo, tem uma visão claramente positivista, pois
ele julga o que é certo e errado segundo a lei.
Como isto pode cair na prova?

Questão simulada:
“A única questão que se nos apresenta para ser decidida consiste em saber se os réus,
dentro do significado do N.C.S.A. (n.s.) § 12-A, privaram intencionalmente da vida a
Roger Whetmore. O texto exato da lei é o seguinte: “Quem quer que intencionalmente
prive a outrem da vida será punido com a morte”. Devo supor que qualquer observador
imparcial, que queira extrair destas palavras o seu significado natural, concederá
imediatamente que os réus privaram “intencionalmente da vida a Roger Whetmore”.
(FULLER, 1976, p.42).
No livro “O caso dos exploradores de caverna”, o ministro Keen profere o seu voto a
favor da execução dos exploradores, levando muito a sério o que a lei fala, não se
afastando do legalismo. Assim, suas falas são carregadas de uma hermenêutica da
legislação de forma literal.
Podemos afirmar que a visão do ministro Keen está alinhada ao:
a) Jusnaturalismo
b) Socialismo
c) Juspositivismo
d) Capitalismo
Resposta: Letra C

DICA 30
JUSNATURALISMO

Totalmente oposto ao positivismo jurídico (ou seja, o direito devidamente positivado


em lei), sendo o jusnaturalismo é defensor do direito natural. O jusnaturalismo tem
como fontes a razão e a moral. Para os jusnaturalistas, a lei que esteja em sentido
contrário ao direito natural não é direito.

Fontes do direito natural: Na Grécia, a razão era uma das fontes do direito natural,
sendo assim as leis não poderiam ser diferentes da razão, mas sim em sentido
convergente à razão. Já na Europa medieval, a vontade de Deus era também vista
com uma fonte de direito natural. E mais: Agostinho de Hipona (também chamado de
Santo Agostinho) dizia que a vontade de Deus era igual à razão.
Como isto poderia cair na minha prova?

Questão simulada:
“uma lei injusta simplesmente não é lei”. Agostinho de Hipona
Santo Agostinho, também conhecido como Agostinho de Hipona, era um ferrenho
defensor do direito natural, que tem como uma de suas bases a razão. Na sua visão, a
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vontade de Deus era alinhada à razão. Diante de tais informações, podemos dizer que
ele era um defensor do:
a) Ideal revolucionário contra pensamentos teológicos;
b) Jusnaturalismo;
c) Juspositivismo;
d) Capitalismo de base.
Resposta: Letra B

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DIREITO CONSTITUCIONAL

DICA 31
HISTÓRIA CONSTITUCIONAL BRASILEIRA

1824 (Império): Poder Imperial - trouxe quatro poderes imperiais e o Poder


Moderador.

A Constituição de 1824 previa o Poder Moderador, que estava nas mãos do Imperador.

1891 (República): Adoção do sistema federativo - controle de constitucionalidade e


separação entre os três poderes.

1934 (Estado Novo): Avanço com relação aos direitos sociais, direitos dos
trabalhadores.

1937 (Constituição Polaca): recebeu apelido de Polaca, por ter sido inspirada no
modelo semifascista polonês, era autoritária e concedia ao governo poderes
praticamente ilimitados.

1946 (Democratização): Processo de democratização.

A Constituição de 1946 foi promulgada e reinaugurou o período democrático no


Brasil, tendo contemplado um rol de direitos e garantias individuais. (Esse assunto foi
cobrado na prova da OAB de 2016).

O controle concentrado de constitucionalidade surgiu somente com a EC nº 16/1965,


que foi editada sob a égide da Constituição de 1946. Vale dizer, até a edição da referida
emenda, funcionava apenas o controle difuso de constitucionalidade.

1967 (Regime militar): Regime da Ditadura.

1988 (Redemocratização, constituição cidadã): Redemocratização, constituição


cidadã, ampliação de direitos.

DICA 32
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 - A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
No contexto histórico em que foi elaborada, a Constituição Federal de 1988 precisava
trazer inovações, ampliar direitos e resgatar as garantias individuais asseguradas pela
Carta de 1946 que foram suprimidas durante o Regime Militar. Logo no seu início,
a Constituição conhecida como Cidadã identifica os fundamentos e as bases do Estado
brasileiro que se instaura com ela: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político.
A importância dada pelos constituintes foi tão grande aos direitos e garantias
fundamentais que eles foram posicionados antes mesmo da estruturação do Estado,
como ocorria nas constituições anteriores. Os legisladores reservaram o
artigo 5º da Constituição aos direitos e deveres individuais e coletivos e lhes
conferiram o status de cláusulas pétreas, ou seja, não podem ser abolidos por meio de
emenda constitucional.
É o artigo 5º que assegura o direito à propriedade, à liberdade de ir e vir, de se
expressar, de ter a religião que quiser, de ter garantida a inviolabilidade do lar, da
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correspondência e das contas bancárias, salvo por decisão judicial. Também é esse
dispositivo que criminaliza o racismo, proíbe a tortura, garante a herança, o direito à
ampla defesa, a justiça gratuita aos necessitados, a presunção da inocência e à certidão
de nascimento e de óbito gratuitas aos reconhecidamente pobres.
No artigo 6º, a Carta Federal consagra como direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Já no
artigo 7º constitucionaliza um rol de direitos trabalhistas, dos quais as principais
inovações são a unificação dos direitos de trabalhadores urbanos e rurais, a jornada de
trabalho de oito horas diárias e 44 horas semanais, a majoração da hora extra para no
mínimo 50% da hora normal, o aumento da licença-maternidade para 120 dias, a
instituição da licença-maternidade e o direito de greve sem as restrições anteriores.
DICA 33
PAPEL DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Uma constituição é o conjunto de normas jurídicas que ocupa o topo da hierarquia do
direito de um Estado, e que pode ou não ser codificada como um documento escrito.
Limitando o alcance do próprio governo, a maioria das constituições garante certos
direitos para as pessoas. A Constituição Federal de 1988, nossa Constituição Cidadã,
assegura diversas garantias constitucionais, com o objetivo de dar maior efetividade
aos direitos fundamentais, permitindo assim a participação do Poder Judiciário sempre que
houver lesão ou ameaça de lesão a direitos.
DICA 34
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES - CONTEÚDO

Quanto ao conteúdo as constituições são classificadas como:

Material: materialmente, identifica-se como as normas que regulam a estrutura do


Estado, a sua organização e os direitos fundamentais. Só os temas atinentes a esse
escopo são constitucionais. Desta forma, as regras que fossem materialmente
constitucionais, codificadas ou não em um mesmo documento, seriam essencialmente
constitucionais. Tudo o mais que constar da Constituição e que a isso não se refira não
será matéria constitucional.

Formal: É o modo de ser do Estado, estabelecido em documento escrito. Não se


há de pesquisar qual o conteúdo da matéria. Tudo o que estiver na constituição é matéria
constitucional.

Mista: Uma classificação ainda polêmica, e não sendo adotada por alguns
doutrinadores. Essa teoria traz que, nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição Federal,
os Tratados e as Convenções de direitos humanos, aprovados em cada casa do Congresso,
em dois turnos, com voto de 3/5 de seus membros equivalerão a uma Emenda
Constitucional, ou seja, um documento de natureza constitucional que está fora da
Constituição, sendo adotado tanto o critério material como o formal. É a Teoria do Bloco
da Constitucionalidade, através da qual não é constitucional apenas o que está na CF, mas
toda e qualquer regra de natureza constitucional. Portanto, para alguns, o sistema que
usamos é o misto.
Portanto, ao analisar a Constituição Federal de 1988 em relação com seu conteúdo,
pode-se dizer que ela é formal ou formalmente. O que seria dizer que a constituição é o
modo de ser do Estado, estabelecido em documento escrito. Não se há de pesquisar qual
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o conteúdo da matéria. Tudo o que há na constituição é matéria constitucional. Essa
distinção hoje perde o sentido, carreando toda a doutrina no sentido de considerar
materialmente constitucional tudo o que formalmente nela se contiver.

CF/88 → Conteúdo → Formal

DICA 35
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES - ESTABILIDADE

Quanto à estabilidade as constituições podem ser:

Rígidas: constituições que exigem, para sua alteração, um processo legis mais árduo
do que o processo de alteração das normas não constitucionais.

Flexíveis: o processo de alteração é idêntico às normas não constitucionais. Não há


hierarquia entre as leis.

Semirrígidas/Semiflexíveis: algumas matérias tem alteração mais difícil, outras nem


tanto.

Fixas: podem ser alteradas por poder igual ao que a criou, poder constituinte
originário.

Transitoriamente flexíveis: por um tempo serão suscetíveis de reforma e depois


passam a ser rígidas.

Imutáveis: inalteráveis, verdadeira relíquia.


A constituição brasileira atual pode ser classificada como rígida em relação a sua
mutabilidade, uma vez que o processo de alteração é mais rigoroso do que o processo
de elaboração das leis ordinárias, em consonância com princípio da supremacia da
Constituição.

CF/88 → Estabilidade → Rígida

DICA 36
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES - FORMA

Quanto à forma as constituições são classificadas como:

Escrita: É constituição consistente num código, num documento único sistematizado. É


o sistema usual no continente europeu e, consequentemente, em toda a América Latina.

Costumeira\não escrita\consuetudinária: É a constituição consistente em normas


esparsas, não aglutinadas em um texto solene, centrada nos usos e costumes, na prática
política e judicial. Seu grande exemplo é a constituição inglesa que não tem um
documento escrito, um código. Ao contrário o seu direito constitucional decorre da
identificação dos chamados direitos imemoriais do povo inglês. O sistema parlamentarista,
que é o grande modelo para todo o mundo civilizado, não está estruturado em qualquer
norma escrita.

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Quanto à Forma a Constituição Federal de 1988 é escrita. Constituição escrita é
aquela sistematizada em um único documento constitucional escrito.

CF/88 → Forma → Escrita

DICA 37
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES - ORIGEM

A classificação de uma constituição quanto à origem:

Constituição promulgada, democrática, popular ou votada: Elaborada pela


Assembleia Nacional Constituinte, composta por representantes legitimamente eleitos pelo
povo, com a finalidade de sua elaboração. Como ocorreu com as Constituições brasileiras
de 1891, 1934, 1946, 1988.

Constituição outorgada: Elaborada sem a participação popular, estas são impostas


pelo poder da época. Como ocorreu com a Constituição de 1824 (outorgada pelo
Imperador Dom Pedro I), Constituição de 1937 (imposta por Getulio Vargas), Carta
Política de 1967 (instituída pelo regime militar) e Emenda Constitucional 1/1969, que
alterou substancialmente a Constituição de 1967 (outorgada por uma junta militar).

Cesarista: São outorgadas, mas dependem de ratificação popular através do


referendo. Um exemplo é a constituição napoleônica que, embora aparente ser
promulgada, tem núcleo de outorgada. São feitas pelo governador sem observância da
capacidade popular.

Pactuada: Decorre de um acordo entre dois grupos sociais, havendo mais de um


titular do poder constituinte. Um exemplo é a Carta Magna de 1215, que decorreu de um
acordo entre o rei e a nobreza.
A Constituição Federal de 1988 é promulgada, pois foi elaborada com a participação
popular. Originou-se de um órgão constituinte composto de representantes do povo,
eleitos com a finalidade de elaborar o texto constitucional.

CF/88 → Origem → Promulgada

DICA 38
CONSTITUIÇÃO - EXTENSÃO

A classificação de uma constituição quanto à extensão:

Sintéticas: Preveem somente princípios e normas gerais, organizando e limitando o


poder do Estado apenas com diretrizes gerais, mínimas, firmando princípios, não detalhes.
É concisa, breve, sucinta, também chamada de Constituição Federal negativa.

Analíticas: Abrangem todos os assuntos que entende relevantes. São amplas,


extensas, prolixas, detalhas, como a nossa Constituição de 1988, por exemplo.
Quanto à Extensão a Origem a Constituição Federal é analítica, pois examina e
regulamenta todos os assuntos que entende relevantes. Contém normas materialmente
constitucionais e normas formalmente constitucionais. Por essa razão, é extensa e prolixa.
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CF/88 → Extensão →Analítica

DICA 39
CONSTITUIÇÃO - FINALIDADE

Constituição Garantia: Limita-se a fixar os direitos e garantias. É uma carta


declaratória.

Constituição Dirigente: Além de fixar direitos e garantias, fixa metas estatais, fixa
uma direção para o Estado.
Quanto à Finalidade a Constituição Federal de 1988 é dirigente, pois além de criar
limites para a atuação do Estado com a previsão de direitos e garantias fundamentais, cria
direitos, garantias e metas para o Governo. Dirige programas institucionais para o Estado,
preocupa-se não só com o presente, mas também com o futuro, buscando condicionar os
órgãos estatais à satisfação de objetivos predefinidos. O termo “dirigente” significa que a
Constituição “dirige” a atuação futura do Estado, por meio da previsão de metas. E
caracteriza-se pela presença de normas constitucionais de eficácia limitada definidoras de
princípios programáticos.

CF/88 → Finalidade → Dirigente

DICA 40
CONSTITUIÇÃO - MODO DE ELABORAÇÃO

A classificação de uma constituição quanto ao modo de elaboração:

Dogmáticas: São as constituições escritas, elaboradas por um órgão especialmente


designado para esse fim, normalmente designado Assembleia Nacional Constituinte. Adota
expressamente a ideia de direito prevalente num momento dado.

Históricas: São as constituições consuetudinárias, fruto de uma lenta e contínua


síntese da história e da tradição de um povo.
A Constituição Federal é Dogmática, pois originou-se de um trabalho legislativo
específico e de um determinado órgão constituinte, sistematizando os dogmas
fundamentais da política e do direito dominantes naquele momento histórico. Tem esse
nome por refletir os dogmas presentes, e, por isso, será sempre escrita.

CF/88 → Modo de elaboração → Dogmática

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DICA 41
CONSTITUIÇÃO - CLASSIFICAÇÃO

Vale relembrar como a nossa Constituição Federal pode ser classificada hoje:

Quanto ao conteúdo: Materiais e formais.

Quanto à forma: Escritas e não escritas.

Quanto ao modo de elaboração: Dogmática e histórica.

Quanto a origem: Promulgadas e outorgadas

Quanto a estabilidade: Rígidas, super-rígidas, semirrígidas e flexíveis.

Quanto a extensão: Analítica e sintética.

Vamos utilizar um mnemônico para melhor fixação!


A CF/88 é classificada como uma PEDRAF:

P Promulgada

E Escrita

D Dogmática

R Rígida

A Analítica

F Formal

Questão, OAB 2020:


A Constituição de determinado país veiculou os seguintes artigos:
Art. X. As normas desta Constituição poderão ser alteradas mediante processo legislativo
próprio, com a aprovação da maioria qualificada de três quintos dos membros das
respectivas Casas Legislativas, em dois turnos de votação, exceto as normas
constitucionais que não versarem sobre a estrutura do Estado ou sobre os direitos e
garantias fundamentais, que poderão ser alteradas por intermédio de lei
infraconstitucional.
Art. Y. A presente Constituição, concebida diretamente pelo Exmo. Sr. Presidente da
República, deverá ser submetida à consulta popular, por meio de plebiscito, visando à sua
aprovação definitiva.
Art. Z. A ordem econômica será fundada na livre iniciativa e na valorização do trabalho
humano, devendo seguir os princípios reitores da democracia liberal e da social
democracia, bem como o respeito aos direitos fundamentais de primeira dimensão
(direitos civis e políticos) e de segunda dimensão (direitos sociais, econômicos, culturais e
trabalhistas).

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Com base no fragmento acima, é certo afirmar que a classificação da Constituição do
referido país seria
(a) semirrígida, promulgada, heterodoxa.
(b) flexível, outorgada, compromissória.
(c) rígida, bonapartista e ortodoxa.
(d) semiflexível, cesarista e compromissória.
Resposta: Letra D

Comentário:
Art. X. - Trata-se de uma constituição semiflexível, uma vez que possui normas que
podem ser modificadas com procedimento próprio e outras que podem ser modificadas
por lei infraconstitucionais.
Art. Y. - Trata-se de uma constituição cesarista, pois é elaborada unilateralmente e posta
posteriormente a consulta popular.
Art. Z. – trata-se de uma constituição compromissória, uma vez que traça os objetivos a
serem perseguidos pelo Estado.

DICA 42
CONSTITUIÇÃO - OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA CF

Outras características da Constituição Federal de 1988, são:

Quanto à correspondência com a realidade: Normativa.


Quanto à finalidade: Constituição-dirigente.
Quanto ao conteúdo ideológico: Constituição Social.
Quanto ao local da decretação: Auto constituição/Autônoma.
Quanto ao sistema: Constituição Principiológica ou Aberta.

Quanto à ideologia: Eclética / Pragmática / Heterodoxa.


DICA 43
CONSTITUIÇÃO - TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
Uma das concepções de constituição é a trazida por Carl Schmitt, a partir de sua obra “A
Teoria da Constituição”, de 1920. Na sua visão, a Constituição seria fruto da vontade do
povo, titular do poder constituinte, e por isso mesmo é que essa teoria é considerada
decisionista ou voluntarista. Para ele, a constituição é uma decisão política fundamental
que visa estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. A validade da
constituição se baseia na decisão política que lhe dá existência, e não na justiça de suas
normas.

Não importando aqui se a constituição corresponde ou não aos fatores reais de poder
que imperam na sociedade. O que interessa é que ela seja um produto da vontade do
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titular do Poder Constituinte. Schmitt distingue ainda a Constituição de leis
constitucionais:

A primeira, segundo ele, dispõe apenas sobre matérias de grande relevância jurídica
(decisões políticas fundamentais), como é o caso da organização do Estado, por exemplo.

A segunda, por sua vez, seriam normas que fazem parte formalmente do texto
constitucional, mas que tratam de assuntos de menor importância.
A concepção política de Constituição guarda correlação com a classificação das normas
em materialmente constitucionais e formalmente constitucionais. As normas
materialmente constitucionais correspondem àquilo que Carl Schmitt denominou
“Constituição”. Normas formalmente constitucionais são o que o autor chamou de “leis
constitucionais”.

DICA 44
CONSTITUIÇÃO - TEORIA DA CONSTITUIÇÃO - CONCEPÇÕES OU SENTIDOS

Concepções ou Sentidos de Constituição, são:

Sentido sociológico: Segundo Lassale, a Constituição seria a soma dos fatores reais
de poder dentro de uma sociedade. Uma constituição só seria legítima se representasse o
efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder, caso não
ocorresse, ela seria ilegítima, seria uma mera folha de papel.

Sentido político: Para Carl Schmitt a Constituição é uma decisão política


fundamental do titular do constituinte. E traz as normas de organização do Estado,
limitação do estado, direitos individuais, normas de conteúdo materialmente
constitucionais.

Sentido jurídico: Para Hans Kelsen a Constituição é fruto da vontade racional do


homem, e não das leis naturais. É considerada norma jurídica pura, abstraindo-se de
qualquer consideração de cunho político, social, filosófico. Para o sentido lógico-
jurídico Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de
fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva, que
equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras
normas, lei nacional no seu mais alto grau.

Sentido lógico-jurídico: norma pressuposta - hipotética fundamental.

Sentido jurídico-positivo: norma posta - Constituição escrita que ocupa o todo do


ordenamento jurídico.
DICA 45
CONSTITUIÇÃO - SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

Supremacia Material - É um corolário do objeto clássico das constituições, ou seja,


das chamadas matérias constitucionais, as quais são os fundamentos do Estado de
Direito. Por isso, segundo a doutrina, estão acima das leis. A supremacia material é
um atributo de toda constituição. Não gera consequências jurídicas.

Supremacia Formal - É uma característica exclusiva das constituições rígidas. A


supremacia formal decorre da rigidez (isto é muito importante para o controle de
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constitucionalidade). A rigidez constitucional decorre exatamente da previsão de um
processo especial e agravado, reservado para alteração das normas constitucionais,
significantemente distinto do processo comum e simples, previsto para a elaboração e
alteração das leis complementares e ordinárias.

A supremacia formal da Constituição decorre da rigidez e da presença de


mecanismos de controle de Constitucionalidade. Porém, a supremacia material,
que é a que decorre de uma consciência constitucional.
Fixando!

Formal → típica de constituições rígidas


Material → típica de constituições flexíveis

Questão, OAB 2020:


Muitos Estados ocidentais, a partir do processo revolucionário franco-americano do final
do século XVIII, atribuíram aos juízes a função de interpretar a Constituição, daí surgindo
a denominada jurisdição constitucional.
A respeito do controle de constitucionalidade exercido por esse tipo de estrutura orgânica,
assinale a afirmativa correta.
(a) A supremacia da Constituição e a hierarquia das fontes normativas destacam-se entre
os pressupostos do controle de constitucionalidade.
(b) A denominada mutação constitucional é uma modalidade de controle de
constitucionalidade realizado pela jurisdição constitucional.
(c) O controle concentrado de constitucionalidade consiste na análise da compatibilidade
de qualquer norma infraconstitucional com a Constituição.
(d) O controle de constitucionalidade de qualquer decreto regulamentar deve ser realizado
pela via difusa.
Resposta: Letra A
Comentário: Segundo o princípio da supremacia da constituição e de acordo com a
hierarquia das fontes normativas todas as normas que compõe o texto constitucional
gozam de supremacia frente às leis infraconstitucionais.

DICA 46
CONSTITUIÇÃO - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Os princípios constitucionais são aqueles que guardam os valores fundamentais da
ordem jurídica e servem como limite de atuação para o agente público. São
nos princípios constitucionais que se condensa bens e valores considerados fundamentos
de validade de todo sistema jurídico. Vejamos o que diz texto constitucional:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:

A soberania;
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A cidadania;
A dignidade da pessoa humana;

Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;


O pluralismo político.”
O Texto constitucional também traz no parágrafo único que, todo o poder emana do povo,
que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
DICA 47
CONSTITUIÇÃO - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - PRINCÍPIO DO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
A República Federativa do Brasil é um Estado Democrático, e isso significa que o
poder político é legitimado pelas escolhas tomadas pelo povo e não há autoridade que
esteja acima dele. Dizer que um Estado é democrático compreende a elevação da
igualdade entre os cidadãos e o repúdio aos status sociais. Em uma democracia, todos os
cidadãos têm igual valor para influenciar seus governantes.
Mas não é só, a República Federativa do Brasil também é um Estado de Direito.
Resumindo, no Brasil há a primazia da lei. Ninguém está acima da ordem jurídica, e
também não está abaixo dela. Perante à lei, todos são iguais. O chamado rule of law (ou
império da Lei) se opõe ao antigo rule of men (império dos homens), no qual a posição
social ocupada pelo sujeito (nobre ou não) determinava quais eram seus privilégios. Nesse
sentido, o Estado de Direito surge justamente para frear e controlar os arbítrios,
juntamente com a sociedade.
DICA 48
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - PRINCÍPIO DA SOBERANIA POPULAR
É como Estado Democrático deve ser efetivado. Assim, o exercício do poder do povo se dá
através dos representantes eleitos – em voto universal, secreto e periódico – mas também
diretamente. Diz-se que no Brasil há uma democracia semi-direta, pois em algumas
funções são exercidas pelos representantes eleitos. A própria constituição trouxe uma
série de instituições participativas por meio das quais o cidadão toma as decisões políticas
por si próprio.
Tem-se como exemplos; o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, que são
ferramentas positivadas na Constituição Federal para intervenção direta no processo
legislativo.

O plebiscito significa a oportunidade de manifestação do povo antes da deliberação


pelo Congresso Nacional.

O referendo é a consulta ex-post do Poder Legislativo ao cidadão, para que aceite ou


rejeite a proposta já formulada.
DICA 49
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - PRINCÍPIO DA SOBERANIA NACIONAL
A soberania corresponde ao poder de autodeterminação dos povos, típico das nações
independentes.

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Do ponto de vista interno – significa dizer que o Estado Brasileiro é superior a
qualquer outra organização existente ou que venha existir.

Do ponto de vista externo - é dizer que o Brasil está em situação de igualdade


formal perante os demais Estados internacionais, com os quais pode estabelecer relações
sem vínculo de sujeição.
No entanto, é importante notar que a soberania nacional está cada vez mais complexa em
uma sociedade que não encontra fronteiras. Nesse cenário, se faz necessário a frequente
utilização do direito estrangeiro para resolver questões nacionais, sobretudo quando os
conflitos envolvem tratados de direitos humanos. Um exemplo disso é a incidência da
GDPR, lei de proteção de dados europeia, para todos os negócios brasileiros que operem
na Europa.
DICA 50
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - PRINCÍPIO DA CIDADANIA
Esse princípio traz a ideia do reconhecimento do indivíduo como pessoa integrada à
sociedade estatal e, portanto, possuidora de direitos políticos ativos e passivos (influenciar
e ser influenciado nas decisões políticas).
Aqui, o cidadão não deve ser confundido com o nacional. A nacionalidade indica o vínculo
ao território estatal, seja por nascimento ou naturalização, a cidadania é o status
ligado ao regime jurídico, o possuidor ou possuidora de direitos políticos.
DICA 51
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOAL
HUMANA
Esse princípio traduz a ideia do ser humano como alguém irrepetível e único, razão
pela qual não pode ser tomado como meio para o atingimento dos objetivos do Estado,
mas como um fim em si mesmo. Do ponto de vista jurídico, o conteúdo da dignidade da
pessoa se relaciona com os direitos fundamentais. Nesse sentido, somente terá a
dignidade preservada aquele sujeito que seja titular dos direitos relativos à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, sem qualquer discriminação.
A dignidade é a base de todos os direitos constitucionais, sejam individuais ou coletivos,
de participação política ou dos trabalhadores.

ATENÇÃO!

O Princípio da dignidade da pessoa humana se aplica a todos os brasileiros,


mas também aos estrangeiros no País.

DICA 52
PODER CONSTITUINTE: EVOLUÇÃO DO PODER CONSTITUINTE

Versão clássica: Poder Constituinte na modalidade originária é um poder de fato


(não jurídico), criador de uma nova ordem jurídica por meio da elaboração de uma nova
constituição. Seu titular é a nação.

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Versão moderna: Titular é o povo, seu exercício é realizado pelas Assembleias
Constituintes, incorporando instrumentos de decisão popular como o plebiscito e o
referendo.

Versão contemporânea: Também denominado de patriotismo constitucional, traz


a ideia de autonomia. O ato fundador da Constituição de um Estado passa a ser tomado
como um “processo de aprendizado social capaz de se corrigir si mesmo”.

DICA 53
TEORIAS DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Teoria jusnaturalista – o poder constituinte é um poder de direito, anterior e


superior ao direito posto. Tem-se a ideia de um Direito Natural.

Teoria positivista – o poder constituinte é um poder de fato, funda a si próprio.


Trata- se de uma ruptura não jurídica, rompendo cm a lei máxima e se impondo como
uma força social ou político social.

Teoria da natureza híbrida – o poder constituinte é visto a partir de duas


perspectivas: como ruptura, é um poder de fato, mas na elaboração, é um poder de
direito. Ocorre, na verdade, uma ruptura jurídico-política que visa romper com a ordem
anterior e constituir uma nova ordem.

DICA 54
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO

Características:

Inicial;

Autônomo;

Permanente;

Incondicionado;

Ilimitado.

Para a doutrina mais adequada, o Poder Constituinte Originário não pode ser
compreendido como absoluto, sendo limitado por aspectos espaciais, culturais e pelos
direitos humanos (direitos suprapositivos).

DICA 55
PODER CONSTITUINTE DERIVADOR REFORMADOR

Natureza Jurídica: poder jurídico.

Por definição é limitado e condicionado pelo Poder Constituinte Originário.

Reforma é gênero e possui duas espécies: revisão e emenda.

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Revisão Constitucional Emenda Constitucional

Reforma global do texto (art. 3º, ADCT) Alteração do texto da CF/88 (art. 60, CF)
Realizada após 5 anos da promulgação da Legitimidade: Presidente da
CF/88, em sessão unicameral (Congresso República; um terço da Câmara dos
Nacional), com quórum de maioria absoluta Deputados ou do Senado federal; mais
para aprovação das emendas de revisão. da metade das Assembleias Legislativas
Ocorreu em 1994, aprovando 6 emendas. da federação, com votação de maioria
simples em cada uma delas.

Forma: Discutida em cada uma das


casas do Congresso Nacional, em dois
turnos com três quintos dos votos dos
membros.

Limites Materiais: não pode ser


objeto de EC a forma federativa de
Estado; o voto direito, secreto, universal
e periódico; a separação dos Poderes e
os direitos e garantias individuais.

DICA BÔNUS
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE

É entendido como consequência da autonomia político-administrativa garantida


constitucionalmente, é a possibilidade dos Estados-membros de se auto organizarem por
meio de suas constituições estaduais.

Características: derivado, subordinado e condicionado.

Limites: princípios constitucionais sensíveis; princípios federais extensíveis; e


princípios constitucionais estabelecidos (normas de competência e normas de
preordenação).

A reforma da Constituição estadual deve respeitar os parâmetros estabelecidos pelo Poder


Constituinte Originário para a reforma (pontual via emendas) da Constituição federal.

Não há que se falar em revisão na Constituição Estadual.

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DIREITOS HUMANOS

DICA 56
CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), “os direitos humanos são direitos
inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo,
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.
Para André Ramos, “consiste na qualidade intrínseca e distintiva de cada ser
humano, que o protege contra todo tratamento degradante e discriminação odiosa, bem
como assegura condições matérias mínimas de sobrevivência. Consiste em atributo que
todo indivíduo possui, inerente à sua condição humana”.

Não importa à vontade ou especificidade do indivíduo.

Proteção desde a concepção, durante toda a vida e inclusive no pós-morte.

Principal distinção: Direitos Humanos x Direitos Fundamentais

Direitos Humanos: direitos universalmente aceito pelo plano internacional.

Direitos Fundamentais: direitos positivados na ordem interna dos Estados (na


Constituição).

DICA 57
FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
Importante pontuar que não existe uma lista fechada de direitos humanos e o
reconhecimento de tais direitos, passam por uma constante evolução histórica.

A legitimidade para aplicação decorre de três teorias:

Teoria jusnaturalista: Estariam fundamentados em normas anteriores e superiores


ao direito estatal, de origem divina ou decorrente da razão humana.

Direitos Humanos equivalem aos direitos naturais.

Teoria positivista: Fundamentados nos textos legais dos Estados, encontram seu
preceito de validade forma na Constituição.

Teoria moralista: Os direitos humanos equivalem a direitos subjetivos baseados


em princípios, independente de regras prévias.
As teorias não são conflitantes, elas se completam.
DICA 58
AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS
O reconhecimento e consolidação dos direitos humanos ocorreu com o passar dos anos,
tendo como marco sua internacionalização o fim da II Guerra Mundial, sendo
apontado três momentos que contribuem para a compreensão da afirmação dos direitos
humanos.
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Direito humanitário/Movimento da Cruz Vermelha: Estabelecido para a proteção
da vida e saúde de pessoas envolvidas em conflitos armados.

Pós I Guerra Mundial: Os Estados assinaram um tratado de paz chamado Tratado de


Versalhes em 1919, previsto a criação da Liga das Nações e da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) para promoção da justiça social.

Pós II Guerra Mundial: Processo de internacionalização dos direitos humanos,


resultando na expansão além das fronteiras estatais e a consagração de tais direitos.
DICA 59
GERAÇÕES/DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS

Primeira Geração: Envolvem os direitos de Liberdade, direitos civis, políticos e as


liberdades clássicas.
Marco: Revoluções Liberais do Século XVIII na Europa e Estados Unidos.
O papel do Estado na defesa dos direitos humanos de primeira geração é passivo
(prestações negativas).

Ex.: Direito à liberdade, intimidade, segurança, propriedade, igualdade perante a lei.

Segunda Geração: Envolvem os direitos de Igualdade, direitos econômicos, sociais e


culturais.
Marco: Frutos das chamadas lutas sociais na Europa e Américas, sendo seus marcos a
Constituição Mexicana, a Alemã de Weimar.
O papel do Estado na defesa dos direitos humanos de segunda geração é ativo
(prestações positivas).

Ex.: Direito à saúde, educação, previdência social, habitação, entre outros.

Terceira Geração: Envolvem os direitos de Fraternidade.


Marco: Pós Segunda Guerra Mundial.
De titularidade da comunidade.

Ex.: Direito ao desenvolvimento, a autodeterminação, direito ao meio ambiente


equilibrado.

Quarta Geração: resultante da globalização dos direitos humanos, corresponde ao


direito ao pluralismo, bioética e limites à manipulação genética.

Quinta Geração: contemplam o direito à paz em toda a humanidade.


As três primeiras gerações são as mais cobradas, a quarta e quinta gerações ainda
são discutidas doutrinariamente, mas o entendimento apresentado é adotado pela maioria
dos autores.
DICA 60
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS
Historicidade: frutos de momentos históricos.
Universalidade: para todas as pessoas, sem distinção.
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Relatividade: podem sofrer limitação quando confrontados com outros direitos.
Exceção: Vedação à tortura e à escravidão.
Essencialidade: essencial à dignidade da pessoa humana.
Irrenunciabilidade: são irrenunciáveis.
Imprescritibilidade: não se extinguem pelo decurso do tempo.
Inviolabilidade: insuscetíveis de violação.
Inexauribilidade: possibilidade de surgirem novos direitos humanos.
Vedação ao retrocesso: não admitem o regresso, a diminuição dos meios de
proteção.
Inalienabilidade: não possuem conteúdo econômico-patrimonial, portanto não são
intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
DIREITO INTERNACIONAL

DICA 61
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
O Direito Internacional Público é um conjunto de preceitos que regem as relações
internacionais.

São regidos por princípios, a saber: soberania, autonomia (não ingerência), respeito
aos direitos humanos, interdição do uso da força e cooperação internacional.
Os sujeitos do Direito Internacional para a doutrina clássica são apenas os Estados
(países) e Organizações Internacionais, para a doutrina contemporânea, são
considerados sujeitos também, os indivíduos.

SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL

Doutrina clássica Doutrina contemporânea

Estados (países); Estados (países);

Organizações Internacionais. Organizações Internacionais; e

Indivíduos

DICA 62
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
Servem para a solução de casos concretos.

O art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, estabelece como fonte para a


resolução de controvérsias que lhe forem submetidos:
Convenções internacionais, gerais e especiais;
Costume internacional;
Princípios gerais de direito;
Decisões judiciárias; e
Doutrina.
Fique atento!

O rol é exemplificativo/não taxativo, podemos incluir no rol os atos unilaterais e a


analogia.

Não há hierarquia entre as fontes.


DICA 63
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS (OIs)
São formadas pela vontade dos Estados, com o objetivo de coordenar as atividades
relacionadas a cada missão.
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Não existe hierarquia entre as OIs.

Ex.: A ONU que tem uma missão de manutenção da paz e segurança internacional.

Temos diversas OIs constituídas, com as mais variadas finalidades, como a saúde, o
comércio.

A escolha da sede da OI cabe aos próprios membros, podendo ser escolhido a


instalação em um território não membro, após a escolha é celebrado o acordo-sede.

Se um Estado não cumprir o previsto na OI, é permitido a aplicação de sanções,


que podem ir de uma notificação, suspensão ou até a expulsão, em último caso.

São formadas exclusivamente por Estados ou outras OI.


DICA 64
ESTADO
Os Estados são os sujeitos que dão origem às OIs.

Para o reconhecimento de um Estado como sujeito do direito internacional, são


necessários três elementos:
População (elemento humano);
Território (elemento físico); e
Governo (elemento político).
Tome nota!

Do ponto de vista do direito internacional, a população inclui somente os indivíduos


ligados pelo vínculo da nacionalidade e não pela presença física no território.

O território, estabelecerá os limites do exercício da jurisdição geral e exclusiva,


a jurisdição não é absoluta, existe a possibilidade de um Estado exercer jurisdição em
outro, é o caso das embaixadas e consulados.

Em relação ao governo, temos a igualdade soberana, todos os Estados possuem o


mesmo atributo soberano, não existindo uma autoridade central.
DICA 65
NACIONALIDADE
É o vínculo político-jurídico entre o Estado e o indivíduo.
O Estado prestará proteção para todos os seus nacionais residentes no exterior, pois
o indivíduo está submetido às regras de seu Estado nacional.

Existem dois tipos de nacionalidade:


Primária/originária: decorre do nascimento, pelo critério territorial (jus solis),
sanguíneo (jus sanguinis) ou ambos. Recebe o status de NATO, possui efeito ex tunc –
retroage ao nascimento.
São brasileiros natos (art.12, I da CF): os nascidos no território brasileiro, ainda
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; os nascidos
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil e os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou
de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou
venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Pais brasileiros = nato ou naturalizado.
Secundária/derivada/originária: estabelecida voluntariamente após o nascimento.
Possuem o status de naturalizado, possui efeito ex nunc.
Tome nota!

A naturalização possui previsão na Constituição Federal, na Lei 13445/2017 e no


regulamento 9.199/2017. Existem quatro tipos de naturalização: a ordinária,
extraordinária, a especial e a provisória (as duas primeiras são mais cobradas).

A naturalização ordinária está prevista no art. 12, II, alínea a, da CF: adquiram a
nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Para os não originários de países
de língua portuguesa, os critérios estão previstos no art.65 da Lei 13445/2017.

A naturalização extraordinária está prevista no art. 12, II, alínea b, da CF: os


estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há
mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a
nacionalidade brasileira.

Situação especial dos portugueses, previsão no art. 12, II, § 1º CF, cabível apenas
para os portugueses com residência permanente no Brasil, existe um Tratado de
Amizade, cooperação e consulta garantindo a reciprocidade e são atribuídos os direitos
inerentes ao brasileiro naturalizado.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
DIREITO TRIBUTÁRIO
DICA 66
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
A exclusão do crédito tributário pode ser definida como hipóteses previstas em lei
específica do ente tributante em que se obsta o lançamento do crédito tributário,
impedindo sua formação.
Nesses casos, o sujeito ativo ainda deve cumprir as obrigações acessórias que lhe são
impostas.
Hipóteses devem ser interpretadas restritivamente.
DICA 67
ISENÇÃO, IMUNIDADE, NÃO INCIDÊNCIA E ALÍQUOTA ZERO
Os conceitos de isenção, imunidade, não incidência e alíquota zero referem-se a hipóteses
em que o contribuinte não é obrigado ao pagamento de tributos. Porém, esses conceitos
não se confundem!
Vamos diferenciá-los, pois o examinador pode utilizá-los para fazer pegadinhas!

Imunidade: Possui previsão constitucional. Trata-se de hipóteses em que é


VEDADO o exercício da competência pelo ente tributante. Exemplo: Não se pode
instituir IPVA (imposto estadual) sobre o veículo de um ente municipal em razão da
vedação constitucional prevista no art.150, VI, “a” da CR/88, que assim dispõe: “Art.150
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas na constituição é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI – Instituir impostos sobre: a) o
patrimônio, renda, serviços, uns dos outros”.

Isenção: Possui previsão legal. Lei de competência do ente tributante poderá prever
hipóteses em que se impede o lançamento do crédito tributário. Neste caso, o ente já
exerceu sua competência ao instituir o tributo, porém o lançamento (constituição do
crédito tributário) será impedido por previsão em lei. Exemplo: Lei Municipal que prevê a
isenção de IPTU a imóveis com área inferior ao módulo urbano.

Não incidência: Hipótese em que não há o dever de pagar tributos, pois não há
subsunção do fato ocorrido no mundo real e aquele previsto abstratamente na norma. Ou
seja, a norma descreve uma hipótese de incidência que não se verifica no mundo
fático. Exemplo: não é possível cobrança de IPVA sobre embarcações e aeronaves, pois o
imposto somente incide sobre a propriedade de veículos automotores. Como embarcações
e aeronaves não são veículos automotores não é possível a cobrança de IPVA.

Alíquota zero: Hipótese em que não há o dever de pagar tributos porque, em razão de
política fiscal, um dos elementos de quantificação do tributo – qual seja a alíquota
– é zerada. Exemplo: O governo visando incentivar a compra de produtos sustentáveis
zera a alíquota do ICMS incidente nas operações com mercadorias de origem sustentável.
DICA 68
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Conceituando a anistia: É hipótese de perdão legal à infração tributária. Dessa


forma, o ente prevê em lei causa que impede o lançamento do crédito tributário referente
à penalidade pecuniária anteriormente aplicada.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
É VEDADA a concessão de anistia a:

Fato tipificado como crime ou contração;

Fatos praticados com dolo, fraude ou simulação;

Fato decorrente de conluio doloso entre pessoas físicas ou jurídicas. ATENÇÃO: nessa
hipótese a lei do ente tributante pode permitir a concessão de anistia.

CUIDADO

A isenção também é uma hipótese de exclusão do crédito tributária. Porém, na


isenção há causa legal que impede o lançamento do crédito tributário referente ao
tributo e não à penalidade pecuniária, como ocorre na anistia.

DICA 69
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Toda obrigação é relação jurídica transitória entre credor e devedor.
A relação jurídico-tributária, ou obrigação tributária, é sempre composta por um ente
da administração pública (União, Estado, Município e DF) OU outro a quem tenha sido
delegada essa função (sendo credor), e no polo passivo por um particular obrigado ao
cumprimento da obrigação (devedor).
DICA 70
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

As obrigações tributárias podem ser três:

Obrigação de pagar tributo: possui natureza contributiva e se fundamenta no


dever fundamental de pagar tributos. O critério para seu estabelecimento é a revelação de
capacidade contributiva. Envolvem, necessária e exclusivamente, o fisco e o
contribuinte.

Obrigações acessórias: obrigações de caráter formal ou instrumental que


possuem natureza de colaboração. Se fundam no dever fundamental de colaboração e o
critério para seu estabelecimento é a capacidade de colaboração. Envolvem o fisco e
qualquer pessoa, contribuinte ou não.

Obrigações punitivas: possuem natureza sancionatória e tem como pressuposto


de fato o cometimento de infrações à legislação tributária. Infrações consistem no
descumprimento de obrigações contributivas ou de colaboração. Fundamento: dever de
cumprir a lei. Critérios para fixação: pessoalidade, culpabilidade e proporcionalidade.
DICA 71
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
A obrigação tributária pode ser dividida em duas espécies: obrigações principais e
acessórias. Art. 113. CTN A obrigação tributária é principal ou acessória.

Obrigação principal: consiste sempre em uma obrigação de dar dinheiro, prestação


pecuniária, traduzindo-se no dever de pagar o tributo ou a multa (juros, correção,
etc.) quando ocorrido fato gerador previsto em lei específica.
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41
Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Obrigação acessória: são deveres instrumentais consistentes em obrigações de fazer,
não fazer ou tolerar, instituídas no interesse de fiscalização e arrecadação do ente. Essas
obrigações são quaisquer obrigações que você tenha com o fisco que não seja
pecuniária (tudo que não é obrigação pecuniária, principal).
DICA 72
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
A obrigação tributária principal: consiste sempre em uma obrigação de dar dinheiro,
prestação pecuniária, traduzindo-se no dever de pagar o tributo ou a multa (juros,
correção, etc.) quando ocorrido fato gerador previsto em lei específica.
Art.113 § 1º CTN A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por
objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o
crédito dela decorrente.

Estão sujeitas a reserva legal absoluta, dependendo de lei em sentido estrito que
defina seus aspectos.
Art. 150 CR/88. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo
sem lei que o estabeleça; Art. 97 CTN. Somente a lei pode estabelecer: V - a cominação
de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras
infrações nela definidas.
OBS.: a multa não é tributo, mas a obrigação de pagar multa possui natureza
tributária.
DICA 73
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
A obrigação de pagar a multa é uma obrigação principal!
Legislador fez a opção por enquadrar a multa como obrigação principal para submetê-la
ao mesmo regime de cobrança que os tributos. A multa tem como fato gerador a
ocorrência de ato ilícito (ato contrário à legislação tributária), gerando dever de pagar
essa prestação pecuniária, podendo ser tanto um descumprimento de obrigação
instrumental, quanto um descumprimento de obrigação de pagar tributo.

CUIDADO

Aplicação da multa deve observar critérios como a proporcionalidade /culpabilidade/


pessoalidade.

DICA 74
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
As obrigações acessórias são deveres instrumentais consistentes em obrigações de
fazer, não fazer ou tolerar, instituídas no interesse de fiscalização e arrecadação do
ente.
Art.113 § 2º CTN A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto
as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da
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fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
As obrigações instrumentais se fundam no dever de colaboração das pessoas para com a
Administração Pública. Essas relações jurídicas envolvem o fisco e qualquer pessoa,
contribuinte ou não.
DICA 75
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
As obrigações acessórias podem estar dispostas em toda a legislação tributária, que
compreende: lei, tratados internacionais, decretos e normas complementares (atos
administrativos com conteúdo normativo).

Art.113 § 2º CTN A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por


objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
Art. 96. CTN A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as
convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que
versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

Fique atento!
Diferente das obrigações principais: devem estar previstas em lei em sentido estrito.
DICA 76
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
O não cumprimento de uma obrigação acessória converte-se em obrigação
principal, consistente na multa.

Art. 113 § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-
se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Mas a aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória depende de


previsão legal específica, exigida expressamente pelo art. 97, V, do CTN.

Ex.: sempre que possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados de
acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Pagamento do imposto deve
expressar sua capacidade econômica. Porém, há pessoas que fraudam/erram isso na hora
de comunicar suas expressões de riqueza. É facultado, a administração tributária
(administração pública no exercício das funções de constituição, fiscalização e arrecadação
de tributos – secretaria da receita federal) identificar os patrimônios, rendimentos e
atividades econômicas do contribuinte. A secretaria da receita federal identifica essas
manifestações de riqueza por meio das obrigações acessórias.
DICA 77
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Autonomia entre obrigação principal e acessória: no Direito Civil, aplica-se o


princípio da gravitação jurídica, que dispõe que o acessório sempre segue o principal. No

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Direito Tributário, as obrigações acessórias e principais são autônomas. Exemplo
de hipóteses em que:

Há só obrigação principal: IPTU: você só paga, não presta informação, etc.

Há só obrigação acessória: casos de isenção e imunidade (excluem a obrigação


principal, mantendo-se a acessória).
DICA 78
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Elementos que compõem a obrigação tributária principal: a lei instituidora de um


tributo não apenas define a hipótese de incidência (antecedente da norma), como
prescreve a obrigação decorrente (consequente da norma).
A norma tributária impositiva é, assim, composta por essas duas partes. O antecedente
da norma é composto do aspecto material/ aspecto espacial/ aspecto temporal, haja vista
que a lei descreve uma hipótese de incidência em que descreve um fato gerador,
enquanto o consequente é composto do aspecto subjetivo (ativo e passivo) e aspectos
quantitativos. A obrigação tributária, assim, é formada pela união desses fatores: a
hipótese de incidência e o fato gerador.

Hipótese de incidência: momento abstrato previsto em ler como capaz de ensejar a


cobrança de tributo.

Fato gerador/fato imponível/ fato jurígeno: fato ocorrido no mundo concreto que
enseja a incidência de tributo.
DICA 79
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Elementos objetivos da obrigação principal:

Elemento Material: descreve qual a situação geradora da obrigação tributária.

Elemento Espacial: refere-se sobre onde ocorre o fato gerador.

Elemento Temporal: descreve quando se deve considerar ocorrida a obrigação


tributária.

Elemento Quantitativo: descreve qual o montante devido. O quanto de tributo a


pessoa irá pagar (valor). Para determinar o valor deve observar dois elementos: base de
cálculo + alíquota.
DICA 80
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
O elemento material da obrigação tributária principal refere-se à descrição material do
que vem a ser a hipótese de incidência, ou seja, descrição do que pode ocorrer ou não,
observando o previsto na Constituição.
Somente a lei cria incidência (define o que é fato gerador), dessa forma, mesmo que a
Constituição autorize que determinada situação enseje cobrança de tributo, assim só o
será, caso o contribuinte tenha descrito aquela hipótese de incidência em lei.

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Art. 114 CTN. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como
necessária e suficiente à sua ocorrência.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

DICA 81
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública é o conjunto de órgãos e entidades que integram a estrutura
administrativa do Estado, com o objetivo de efetivar a vontade política para cumprimento
do interesse público.

O Governo decide qual política adotar e a máquina pública (Administração Pública)


executa o rumo adotado.

Sentido material/objetivo: é a atividade estatal exercida sob um regime jurídico, por


meio de serviço público, polícia administrativa, fomento à iniciativa privada ou
intervenção.

Sentido formal/subjetivo: são os sujeitos que atuam em nome da Administração


Pública, se dividindo em Administração Pública Direta (entes da federação) e
Administração Pública Indireta (órgãos e entidades).
DICA 82
PRINCÍPIOS QUE REGEM O REGIME JURÍDICO

SUPREMACIA DO O interesse público prevalece em


INTERESSE detrimento dos interesses particular, por
PÚBLICO exemplo, a desapropriação.

Voltado à atuação do administrador, posto


que este deve exercer suas funções sempre
INDISPONIBILIDADE DO
buscando garantir o interesse público, não
INTERESSE PÚBLICO
devendo desistir dos feitos ou dispor de
suas prerrogativas.

DICA 83
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS

Estão previstos no caput do artigo 37, são eles:

L egalidade

I mpessoalidade

M oralidade “L I M P E”

P ublicidade

E ficiência

Esses princípios balizam a atuação de toda Administração Pública, seja:

Direta (União, Estados, Distrito Federal e Munícipios); ou

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Indireta (autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista e empresa
pública) dos três Poderes (Judiciário, Executivo e Legislativo).

DICA 84
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Trata-se de expoente máximo do Estado Democrático de Direito. Traduz a submissão do


Poder Público à lei.

O princípio da legalidade possui dupla acepção, uma que diz respeito à Administração
Pública e outra aos particulares, vejamos:

Particulares: é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe.

Administração pública: pode fazer apenas o que a lei determina (ato vinculado) ou
autoriza (ato discricionário).

Em que pese ser o expoente máximo do Estado Democrático de Direito, o princípio da


legalidade, excepcionalmente, pode ser relativizado, permitindo que o Poder Público ladeie
às disposições legais. Nos casos de decretação do estado de defesa e de sítio; e de
edição de medida provisória, o Chefe do Poder Executivo detém maior liberdade de
atuação.

DICA 85
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

É conhecido também como princípio da isonomia e princípio da finalidade.

Possui 03 acepções, vejamos:

Finalidade: a finalidade precípua da Administração Pública é buscar satisfazer o


interesse público. Caso o ato seja praticado com finalidade distinta a essa, restará NULO
por desvio de finalidade.

Em sentido amplo, o princípio da impessoalidade busca o atendimento do


interesse público. Já em sentido estrito, visa atender a finalidade específica
prevista em lei para o ato administrativo.

Vedação à promoção pessoal: não é permitido ao agente público se valer de


realizações da Administração Público como se fossem próprias. Assim, é vedado, por
exemplo, constar símbolo de partido político em obra pública. Trata-se de proibição
expressamente prevista no parágrafo 1º, do artigo 37, da CF/88.

§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos


públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades ou servidores públicos.

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Isonomia: a Administração Pública deve se relacionar com os particulares de forma
imparcial.

DICA 86
PRINCÍPIO DA MORALIDADE

Impõe aos agentes públicos o dever de atuar de forma honesta. Sua atuação dever
pautar-se pelos princípios da boa-fé e probidade.

A ação popular, prevista no artigo 5º, inciso LXXIII, é instrumento de controle da


moralidade administrativa.

Caso o agente público não atue com a probidade prevista, o parágrafo 4º, do artigo 37,
prevê que os atos de improbidade acarretarão em suspensão dos direitos políticos;
perda da função pública; indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.

DICA 87
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

Trata-se do dever de transparência na atuação pública.

Possui dupla acepção:

Requisito de eficácia dos atos administrativos;

Transparência da atuação administrativa, de forma a possibilitar o controle pelos


administrados.

O princípio da publicidade não é absoluto, encontra limites no direito à inviolabilidade da


intimidade e da vida privada; e as informações indispensáveis à segurança do Estado e da
Sociedade.

DICA 88
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

Foi introduzido na CF/88 a partir da EC nº. 19/98. Com o advento da emenda citada,
passou-se do modelo de administração burocrática para o de administração gerencial.

O agente público deve conjugar a busca da melhoria da qualidade dos serviços públicos
com a racionalidade dos gastos públicos.

Princípio da economicidade: em síntese, ordena que seja feita avaliação do custo e


benefício dos gastos públicos.

DICA 89

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


O artigo 2º, da CF/88 dispõe, expressamente, sobre a separação de poderes. Trata-se de
doutrina nascida na obra “Espírito das Leis” de Montesquieu. Segundo preconiza o
dispositivo em apreço, são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Judiciário, o Executivo e o Legislativo.
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Administração Direta (Entes Políticos): União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Administração Indireta (Entes Administrativos): Autarquia, Sociedade de


Economia Mista, Fundação Pública e Empresa Pública.

Quanto à criação das entidades da Administração Indireta, a CF/88, nos incisos XIX e XX,
do artigo 37, dispõe que somente por lei (ordinária) poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, no caso da fundação, definir as áreas de sua
atuação.

Nota-se que a lei ordinária cria (direto) a autarquia e autoriza a criação dos demais
entes administrativos.

DICA 90
CENTRALIZAÇÃO, DESCONCENTRAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
Na administração direta, os entes praticam as atividades através de órgãos, de forma
centralizada, desconcentrada, concentrada e descentralizada.

Centralização: Na centralização a pessoa política (União, Estados, DF ou Municípios)


pratica suas atividades por meio de seus órgãos, realizado diretamente a atividade
administrativa, sem interferência de outra entidade.

Desconcentração: Na desconcentração há uma distribuição interna de competência,


dentro da mesma pessoa jurídica.
Há o controle hierárquico, pois os órgãos de menor hierarquia ficam subordinados aos
seus superiores.

Concentração: A concentração ocorre quando um único órgão desempenha todas as


funções do ente político, sem divisão com órgãos menores.

Descentralização: A atividade é prestada por pessoa diversa. O Estado resolve


repassar a atividade para outra pessoa executar em seu lugar.

Ex.: concessão, permissão ou autorização para execução de um serviço público para


empresas particulares, através de contratos, precedidos de licitação.
DICA 91
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA - DOS ÓRGÃOS - CLASSIFICAÇÃO

Quanto à posição estatal - cai bastante nas provas - os órgãos podem ser:
independentes, autônomos, superiores e subalternos.

- Independentes

- Autônomos
Os órgãos podem ser: - Superiores

- Subalternos

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DICA 92
ÓRGÃOS INDEPENDENTES

Os órgãos independentes são os originários da Constituição de 1988 e


representativos dos poderes do Estado, de modo que não possuem qualquer
subordinação hierárquica ou funcional.

Também são chamados de órgãos primários do Estado, pois exercem as funções


outorgadas diretamente pela Constituição Federal.

Ex.: Chefias do Executivo - Presidência da República.

DICA 93
ÓRGÃOS AUTÔNOMOS
Os órgãos autônomos são aqueles que estão na cúpula da administração.
Encontram-se localizados imediatamente abaixo dos órgãos independentes e estão
diretamente subordinados aos seus chefes.
Tem ampla autonomia administrativa e financeira.
Exercem funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das
atividades que estão dentro de sua esfera de competência.
Ex.: Ministérios e secretarias de Estado.

DICA 94
ÓRGÃOS SUPERIORES

Os órgãos superiores possuem poder de direção, controle, decisão e comando de


assuntos relacionados com a sua competência específica.

Estão sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia mais elevada.

Não gozam de autonomia administrativa nem financeira.

Sua atuação funcional se restringe ao planejamento e soluções técnicas dentro da sua


área de competência.

Ex.: Gabinetes, Divisões, Coordenadorias e Departamentos.

DICA 95
ÓRGÃOS SUBALTERNOS

Os órgãos subalternos são todos aqueles subordinados a órgãos mais elevados, com
reduzido poder de decisão e predominância de atribuições de execução.

São destinados à realização de serviços de rotina, tarefas de formalização de atos,


cumprimento de decisões, dentre outras atribuições.

Ex.: Delegacia

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DICA 96
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA - DOS ÓRGÃOS - CLASSIFICAÇÃO

Quanto à posição estatal, os órgãos podem ser: simples ou compostos.

Quanto à posição - Simples


estatal, os órgãos
- Compostos
podem ser:

Simples: constituídos por apenas um centro de competência

Compostos: em sua estrutura, reúnem outros órgãos menores, com função idêntica ou
funções auxiliares.

DICA 97
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA - CARACTERÍSTICAS DOS ÓRGÃOS

- Personalidade jurídica
Órgãos não possuem - Patrimônio próprio

- Capacidade processual

Os órgãos não possuem:

Personalidade jurídica: Quem terá capacidade jurídica para responder pelos atos
praticados pelos órgãos será a pessoa jurídica que realizou a desconcentração.

Patrimônio próprio: Todo o patrimônio utilizado pelo órgão é da pessoa jurídica a


qual ele pertence.

Capacidade processual: Como regra, os órgãos não possuem capacidade processual,


de modo que não podem figurar em qualquer dos polos (autor/réu) de uma demanda
processual. No entanto, os órgãos independentes e os autônomos têm capacidade
processual para tutelar as suas prerrogativas institucionais.

DICA 98
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA
A administração indireta é composta por pessoas jurídicas, com personalidade
jurídica:
Autarquias;
Fundações;
Empresas Públicas;
Sociedades de Economia Mista;
As pessoas jurídicas que se enquadram na administração indireta necessitam de lei para
sua existência.

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Autarquia – criada por lei – A publicação de lei cria a autarquia.
A autarquia possuí personalidade jurídica de direito público.

Empresa Pública ( Ex: Caixa Federal) e Sociedade de Economia Mista ( Ex:


Banco do Brasil) são autorizadas por lei, necessitando do registro de seu ato
constitutivo nos órgãos responsáveis para que ganhem vida.
EP / SEM – Possuem personalidade jurídica de direito privado.

Fundação Pública - são autorizadas por lei e lei complementar deverá definir suas
áreas de atuação.
Fundação – personalidade jurídica pode ser de direito público ou de direito privado.
Se público é criada por lei como a autarquia; Se privado, é autorizada por lei como
EP/SEM, devendo ser registrada para ganhar vida.
DICA 99
DIFERENÇAS: EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA

DIFERENÇAS

Empresa Pública Sociedade de Economia Mista

Pessoas jurídicas de direito privado. Pessoas jurídicas de direito privado.

Criadas mediante autorização legal Criadas mediante autorização legal

Capital exclusivamente público Capital público e privado (o poder


público detém a maioria do capital
votante).

Prestação de serviço público ou exploração Prestação de serviço público ou


de atividade econômica. exploração de atividade econômica.

Qualquer forma de organização empresarial Sob a forma de sociedade anônima

Foro Federal (apenas empresa pública Foro comum


federal)

Questão, OAB 2018.


No ano corrente, a União decidiu criar uma nova empresa pública, para a realização de
atividades de relevante interesse econômico. Para tanto, fez editar a respectiva lei
autorizativa e promoveu a inscrição dos respectivos atos constitutivos no registro
competente. Após a devida estruturação, tal entidade administrativa está em vias de
iniciar suas atividades.
Acerca dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a), assinale a afirmativa
correta.
(a) A participação de outras pessoas de direito público interno, na constituição do capital
social da entidade administrativa, é permitida, desde que a maioria do capital votante
permaneça em propriedade da União.

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52
Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
(b) A União não poderia ter promovido a inscrição dos atos constitutivos no registro
competente, na medida em que a criação de tal entidade administrativa decorre
diretamente da lei.
(c) A entidade administrativa em análise constitui uma pessoa jurídica de direito público,
que não poderá contar com privilégios fiscais e trabalhistas.
(d) Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços para a entidade
administrativa, em regra, não precisam ser precedidos de licitação.
Resposta: Letra A
Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado,
com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é
integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da
União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da
empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem
como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios.

DICA 100
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA
AUTARQUIA

Características da autarquia:

Natureza: pessoa jurídica de direito público

Atividade: Típica de Estado

Regime de pessoal: Presidente (cargo em comissão) / Demais servidores (Cargo


efetivo)

Bens: impenhoráveis, imprescritíveis e inalienáveis.

Imunidade tributária: não paga impostos sobre o patrimônio, bens e serviços

Prescrição: dívidas e direitos prescrevem em 5 anos

Se sujeita a lei de licitações.

DICA 101
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS
FUNDAÇÕES
Características das fundações:
Natureza:

Direito público - Lei cria;

Direito privado - Lei autoriza.


Atividades de caráter social, isto é, não exclusivas do Estado

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Regime de pessoal:

Direito público - servidores estatutários;

Direito privado – CLT.

Questão, OAB 2015.


O Estado XYZ pretende criar uma nova universidade estadual sob a forma de fundação
pública. Considerando que é intenção do Estado atribuir personalidade jurídica de direito
público a tal fundação, assinale a afirmativa correta.
(a) Tal fundação há de ser criada com o registro de seus atos constitutivos, após a edição
de lei ordinária autorizando sua instituição.
(b) Tal fundação há de ser criada por lei ordinária específica.
(c) Não é possível a criação de uma fundação pública com personalidade jurídica de direito
público.
(d) Tal fundação há de ser criada por lei complementar específica.
Resposta: Letra B
Comentário: Art. 37, inciso XIX, CF - somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista
e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua
atuação;
Fundação pública possui natureza jurídica de autarquia e, assim, são até mesmo
chamadas de fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. Seu regime jurídico em
tudo se assemelha ao das autarquias, inclusive no que tange à técnica de criação, que
ocorre por meio de lei ordinária específica.
Esquematizando:

Somente por lei específica poderá ser criada = autarquia – Obs.: fundação pública
possui natureza jurídica de autarquia.

Autorizada a instituição de: empresa pública, sociedade de economia mista e fundação.

Cabendo a lei complementar que define as áreas de sua atuação.

DICA 102
TERCEIRO SETOR: ENTIDADES PARAESTATAIS

1º Setor: Administração Direta e Indireta.

2º Setor: Particulares em colaboração. Ex.: Concessionários de serviço público.

3º Setor: Entidades Paraestatais. Ex.: Organizações Sociais e OSCIP.

Conceito de entidades paraestatais:

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
São pessoas jurídicas privadas que não integram a estrutura da administração direta
ou indireta, mas colaboram com o Estado no desempenho de atividades de interesse
público, mas não exclusivas de Estado, de natureza não lucrativa. Integram o chamado
Terceiro Setor.
Espécies de entes do terceiro setor:
Entidades do serviço social autônomo;
Organizações sociais (OS);
Organizações da sociedade civil de interesse público (OSIP);
Entidades de apoio.

DICA BÔNUS

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) E ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE


INTERESSE PÚBLICO (OSCIPS)

OS OSCIPS

A qualificação é ato discricionário A qualificação é ato vinculado

Celebra contrato de gestão - (pode Celebra termo de parceria - (permite


repasse recursos/bens, isenção fiscal, repasse recursos, prevê metas, prazos,
empréstimo de servidores). direitos e obrigações).

Há dispensa de licitação se contratar com Não há dispensa de licitação se contratar


poder público com o poder público

Fique atento!

O.S - Contrato de Gestão (ato discricionário);

O.S.C.I.P - Termo de Parceria (ato vinculado);

O.S.C - Termo de Cooperação/Fomento - Lei 13.019/14.

Questão OAB,2017:
A Associação Delta se dedica à promoção do voluntariado e foi qualificada como
Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos – OSCIP, após o que formalizou termo
de parceria com a União, por meio do qual recebeu recursos que aplicou integralmente na
realização de suas atividades, inclusive na aquisição de um imóvel, que passou a ser a
sede da entidade. Com base nessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.
(a) A Associação não poderia ter sido qualificada como OSCIP, considerando que o seu
objeto é a promoção do voluntariado.
(b) A qualificação como OSCIP é ato discricionário da Administração Pública, que poderia
indeferi-lo, mesmo que preenchidos os requisitos legais.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
(c) A qualificação como OSCIP não autoriza o recebimento de recursos financeiros por
meio de termo de parceria, mas somente mediante contrato de gestão.
(d) A Associação não tem liberdade para alienar livremente os bens adquiridos com
recursos públicos provenientes de termo de parceria.
Resposta: Letra D
Comentário: A assertiva A está incorreta, conforme previsão do art. 3º, inciso VII, da Lei
nº 9.790/99. Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer caso, o
princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito de atuação das
Organizações, somente será conferido às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, cujos objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: (...)
VII - promoção do voluntariado;
A assertiva B está incorreta, conforme previsão do art. 1º, §2º, da Lei nº 9.790/99. Art.
1º, § 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento
dos requisitos instituídos por esta Lei.
A assertiva C está incorreta, conforme previsão do art. 9º da Lei nº 9.790/99. Art. 9º Fica
instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser firmado
entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o
fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3o desta Lei.
Lembrando:
Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos – OSCIP → termo de parceria;
Organização social – OS → contrato de gestão
A assertiva D está incorreta, conforme previsão do art. 15º da Lei nº 9.790/99. Art. 15.
Caso a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da celebração do
Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de inalienabilidade.

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DIREITO AMBIENTAL

DICA 103
DO MEIO AMBIENTE E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ART. 225.

A CF/88 possui vários dispositivos protetivos ao meio ambiente, motivo pelo qual já foi
cunhada pelo STF como Constituição Ecológica e Constituição Verde.

O art. 225 da CF/88 é a chamada norma matriz e prevê que todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo classificado como bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, cabendo ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.

DICA 104
DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO À GARANTIA DE EFETIVIDADE

A Constituição, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado, prevê como atribuições do Poder Público:

preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo


ecológico das espécies e ecossistemas.

ATENÇÃO!

Para José Afonso da Silva processos ecológicos essenciais são aqueles governados,
sustentados ou intensamente afetados pelos ecossistemas, sendo indispensáveis à
produção de alimentos, à saúde e a outros aspectos da sobrevivência humana e
do desenvolvimento sustentado.

preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as


entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético.

definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a


serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos
que justifiquem sua proteção.

exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente


causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.

controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e


substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente.

promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a


conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em
risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.

No RE 494601/RS, o STF entendeu ser constitucional o sacrifício de animais em


cultos praticados por religiões de matriz africana.

DICA 105

DA RESPONSABILIDADE DOS CAUSADORES DE DANOS AMBIENTAL


Conforme expressamente previsto na Constituição, as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

Portanto, a ocorrência de danos ao meio ambiente acarreta tríplice responsabilidade:


Responsabilidade Civil.
Responsabilidade Penal.
Responsabilidade Administrativa.
A responsabilidade civil é objetiva, não sendo necessário analisar culpa/dolo do
autor, bastando para a punição a comprovação do nexo de causalidade entre a conduta e
o dano.
DICA 106
DO PATRIMÔNIO NACIONAL
São considerados patrimônio nacional:

A Floresta Amazônica brasileira.

A Mata Atlântica.

A Serra do Mar.

O Pantanal Mato Grossense.

A Zona Costeira.
A utilização destes biomas será feita na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto aos recursos naturais.
DICA 107
DAS COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS EM MATÉRIA AMBIENTAL
O art. 23 da Constituição prevê como competência comum (administrativa):

proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,


os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos.

proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

preservar as florestas, a fauna e a flora;


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registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
Fique atento a essa dica: todas essas competências administrativas se iniciam
com verbos.
As normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios serão fixadas por Leis complementares, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Quanto à competência legislativa, o art. 24 da CF prevê que compete à União, aos


Estados e ao Distrito Federal, dentre outros, legislar concorrentemente sobre:

florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição.

proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico.


responsabilidade por danos ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.
A competência legislativa da União recai sobre o estabelecimento de normas
gerais, enquanto os Estados e o Distrito Federal legislam de forma complementar.
Em caso de inexistência de norma federal, poderão exercer a competência
legislativa plena, sendo que havendo superveniência de lei federal sobre normas gerais
suspende-se a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Em relação aos Municípios, conforme previsto no art. 30 da CR/88, poderão:
Tratar de assuntos de interesse local.
Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

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DIREITO CIVIL

DICA 108
LINDB: VIGÊNCIA DAS NORMAS

De acordo com o art. 1º da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro (LINDB), a lei


começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. Entretanto,
nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia
3 meses depois de oficialmente publicada (art. 1º, § 1º LINDB).
IMPORTANTE: A lei só ganha vigência depois da vacatio legis (lapso temporal
necessário para que as pessoas tenham conhecimento de sua existência).
DICA 109
LINDB: REVOGAÇÃO DAS NORMAS

Após cumprida a vacatio legis e entrando em vigor, a lei continuará vigendo até que
venha outra e, expressa ou tacitamente, a revogue (princípio da continuidade das
normas). A revogação de uma lei, no sistema brasileiro, só é admitida por outra lei
que a revogue (art. 2º LINDB).
Pegadinha de prova:

A revogação é gênero, da qual ab-rogação e derrogação são espécies.


a) ab-rogação: revogação total da lei.
b) derrogação: revogação parcial da lei.

DICA 110
PESSOA NATURAL

De acordo com o art. 1º do CC, toda pessoa é capaz de direitos e deveres na vida
civil.
A capacidade civil pode ser dividida de três formas: capacidade de fato, capacidade de
direito e capacidade plena.

CAPACIDADE DE CAPACIDADE DE CAPACIDADE PLENA


FATO/EXERCÍCIO DIREITO/GOZO

Capacidade para exercer Capacidade para ser Legitimação: capacidade


direitos na órbita civil; sujeito de direitos e especial para determinado
deveres na ordem civil; ato ou negócio jurídico;
Nem todas as pessoas
naturais possuem Toda pessoa natural Legitimidade:
(incapazes do art. 3º e 4º, possui; capacidade processual;
CC);
Termina com a morte. Personalidade: soma
Adquire-se com a dos caracteres ou aptidões
maioridade civil ou da pessoa.
emancipação.

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DICA 111
INCAPACIDADES

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES RELATIVAMENTE INCAPAZES

Apenas os menores de 16 anos. Maiores de 16 anos e menores de


Não existem maiores de idade que 18 anos;
sejam absolutamente incapazes.
(art. 3º CC) Ébrios habituais e viciados em
tóxicos;

Pessoas que, por causa transitória


ou definitiva, não puderem expressar
vontade;

Pródigos. (art. 4º, CC)

OBS.: Os absolutamente incapazes devem ser representados enquanto os


relativamente incapazes devem ser assistidos.
DICA 112
O TRATAMENTO JURÍDICO DO NASCITURO
Nascituro é aquele que já está concebido, no ventre materno, mas ainda não nasceu. É
aquele que ainda está no corpo da genitora.
Devido à imprecisão do art. 2º do CC ao estabelecer a natureza jurídica do nascituro,
foram arquitetadas três teorias sobre o tema: natalista, condicionalista e
concepcionista.

TEORIAS SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO NASCITURO

Teoria Natalista: defende que a personalidade jurídica se inicia com o


nascimento com vida, seria uma interpretação literal do art. 2º do CC.

Teoria Condicionalista: defende que a personalidade jurídica do nascituro está


condicionada ao nascimento com vida. Ou seja, há uma condição pendente para
sua personalidade jurídica, que é o nascimento com vida.

Teoria Concepcionista: entende que o nascituro já titulariza desde a concepção


os direitos da personalidade. No entanto, os direitos patrimoniais estão
condicionados ao nascimento com vida (teoria que prevalece no STJ).

OBS: Nascer com vida significa o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório do


recém-nascido, e isso se verifica por meio de um exame denominado docimasia
hidrostática de galeno.

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DICA 113
EMANCIPAÇÃO

A emancipação antecipa os efeitos civis da maioridade antes dos 18 anos de idade.

Modalidades de emancipação (art. 5º, CC):

Voluntária – realizada com a concessão dos pais, por meio de escritura pública,
tendo o menor 16 anos completos.

Judicial – realizada por sentença judicial, tendo o menor 16 anos completos;

Legal – decorre da norma jurídica, em casos de: casamento; exercício de emprego


público efetivo; colação de grau em ensino superior; ou emancipação profissional ou
laboral.
DICA 114
DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa humana e a sua dignidade.


Via de regra são intransmissíveis, irrenunciáveis e indisponíveis (art. 11, CC). Entretanto,
podem sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral.

SÚMULA 227 do STJ

A pessoa jurídica tem direitos da personalidade por equiparação legal e, em razão


disso, pode sofrer dano moral (posicionamento do STJ).

A súmula 227, do STJ, poderá ser questão de prova.


DICA 115
PROTEÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
A proteção dos direitos da personalidade pode ser de modo preventivo, suspendendo
atos que ameacem ofender a integralidade do indivíduo, ou de modo repressivo, por
meio da ação indenizatória, que tem por objetivo a reparação patrimonial do dano
causado. Nestes casos temos o dano moral (quando não houver conteúdo econômico na
lesão) e o dano material (quando houver perda ou prejuízo a bem patrimonial).
Importante:

SÚMULA 387 do STJ

A Súmula 387 do STJ permite a cumulação de indenizações de dano estético e


dano moral.

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DICA 116
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO

ASSOCIAÇÕES Conjunto de pessoas.

SOCIEDADES Em regra, é o conjunto de pessoas, salvo a


sociedade limitada unipessoal.

FUNDAÇÕES Conjunto de bens.

ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS Conjunto de pessoas.

PARTIDOS POLÍTICOS Conjunto de pessoas

EIRELIs Pessoas jurídicas formadas por uma só pessoa.

TOME NOTA:
A pessoa jurídica de direito privado tem existência a partir dos atos constitutivos no
respectivo registro.
DICA 117
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Em regra, a pessoa jurídica não se confunde com seus sócios, associados,
instituidores ou administradores. Contudo, em casos de abusos praticados por
membros das pessoas jurídicas existe a possibilidade de quebrar essa autonomia por meio
da desconsideração da personalidade jurídica.
TOME NOTA:

Existem duas modalidades de desconsideração:


Desconsideração direta ou regular: os bens dos sócios ou administradores
respondem por dívidas da pessoa jurídica.
Desconsideração inversa ou invertida: os bens da pessoa jurídica respondem por
dívidas dos sócios ou administradores.
DICA 118
BENFEITORIAS
As benfeitorias são obras realizadas pelo homem na estrutura de uma coisa. Isto é, são
acréscimos e melhoramentos realizados no principal (art. 96 e 97 do CC).
QUESTÃO DE PROVA:

As benfeitorias podem ser classificadas como:

Necessárias – acréscimos que são indispensáveis para a manutenção ou


conservação do bem.

Úteis – acréscimos que facilitam ou melhoram o uso do bem.

Voluptuárias – empreendidas por mero deleite, com o fito, tão somente, de


embelezar o bem.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
DICA 119
BEM DE FAMÍLIA

De acordo com a Lei nº 8.009/90, o imóvel residencial do próprio casal ou da entidade


familiar é considerado um bem de família, não respondendo por qualquer tipo de
dívida contraída pelos cônjuges, pais ou filhos, que sejam proprietários e nele residam.
Há algumas exceções previstas em lei, como os créditos trabalhistas de
trabalhadores da própria residência.
TOME NOTA:

O bem de família pode ser classificado em duas espécies:

Bem de família voluntário – instituído por ato de vontade da entidade familiar, por
meio da formalização do registro de imóveis, gerando dois efeitos: impenhorabilidade
limitada e inalienabilidade relativa (arts. 1711 a 1717 do CC).

Bem de família legal – refere-se à impenhorabilidade legal do bem de família


independentemente de inscrição voluntária em cartório (Lei nº 8.009/90).
DICA 120
FATO JURÍDICO

Fato jurídico é todo evento natural ou humano que possui repercussão na esfera
jurídica.

O fato jurídico em sentido estrito é aquele que ocorre sem vontade humana e
pode ser subdividido em:

Ordinário – é aquele previsível, como o nascimento, a morte, a maioridade etc.


Ressalta-se que o passar do tempo é previsível, e se manifesta nas relações jurídicas por
meio dos institutos da prescrição e decadência;

Extraordinário - é aquele fato imprevisível, sendo incabível imputar a alguém o


extraordinário, pois carece de vontade humana, como exemplo, pode-se citar uma pessoa
que deixou de entregar um veículo que foi vendido pois ele foi destruído por uma
enchente no dia posterior.
DICA 121
ATO JURÍDICO
É toda manifestação de vontade que está de acordo com o ordenamento jurídico. É
composto pelo elemento volitivo (manifestação de vontade humana) e pela licitude.
O ato jurídico é subdividido em:
Atos ilícitos – são aqueles atos contrários ao ordenamento jurídico, ocasionando o
fenômeno da responsabilidade civil;
Atos lícitos – são aqueles praticados em conformidade com o ordenamento jurídico
civilista. Estes atos podem ser: (a) ato jurídico em sentido estrito: é aquele que a
vontade humana está direcionada para o ato em si, e suas consequências já
estão previstas na lei.
Ex.: o reconhecimento de paternidade; (b) negócio jurídico: é aquele que a vontade
humana está direcionada para as consequências de determinado ato, dentre as
permitidas pela lei.
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Ex.: os contratos e o testamento.
DICA 122
NEGÓCIO JURÍDICO

REQUISITOS DE VALIDADE DO REQUISITOS DE EFICÁCIA DO


NEGÓCIO JURÍDICO NEGÓCIO JURÍDICO

Partes capazes; Condição: condiciona a eficácia do


negócio jurídico a evento futuro e
incerto;

Vontade livre; Termo: relaciona a eficácia do negócio


jurídico a evento futuro e certo;

Objeto lícito, possível e Encargo: é um ônus introduzido em um


determinável; ato de liberalidade.

Forma prescrita ou não defesa em lei.

OBS: Caso haja algum vício nos requisitos de validade, o negócio jurídico será
inválido.
DICA 123
REQUISITOS DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO

CONDIÇÃO TERMO INICIAL ENCARGO


SUSPENSIVA

Evento futuro e incerto. Evento futuro e certo Ônus e liberalidade.

Suspende a aquisição e o Apenas suspende o Não suspende a


exercício do direito. exercício do direito. aquisição e nem o
exercício do direito.

Não há direito adquirido. Há direito adquirido. Há direito adquirido.

Ex.: João irá ganhar um Ex.: Joana dará à Lúcia Ex.: Pedro doa sua
carro de Pedro quando for um carro no Natal desse casa para Joaquim para
aprovado no vestibular. ano. que ele construa uma
creche.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
DICA 124
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: ERRO
O erro consiste em uma falsa representação da realidade, em que o próprio agente
se engana sozinho sobre as circunstâncias elementares do negócio jurídico. Para
que haja a invalidação do negócio jurídico, é necessário que o erro seja essencial ou
substancial.

Ex.: João compra um faqueiro e se dispôs a pagar a quantia de 1 mil reais, acreditando
que o objeto era de prata. O vendedor, por sua vez, aceita o valor sem hesitar. Passado
algum tempo, João descobre que o faqueiro não era de prata.
DICA 125
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: DOLO
No dolo o sujeito é colocado em erro intencionalmente pela outra parte e, por isso,
pode haver indenizações de prejuízos oriundos do comportamento astucioso. Desse modo,
configura-se o dolo por meio de expediente astucioso empregado para conduzir
alguém à prática de um ato que o prejudique e aproveite ao autor do dolo ou a
terceiro.
DICA 126
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: LESÃO E ESTADO DE PERIGO
A lesão é o prejuízo resultante da enorme desproporção existente entre as
prestações de um contrato no momento de sua celebração, determinada pela
inexperiência de uma das partes. O objetivo da lei é evitar a exploração usurária de
um dos contratantes com o outro, que não precisa ter conhecimento da parte contrária
(art. 157, CC).
Já o estado de perigo é uma situação de extrema necessidade (conhecida pela
parte contrária) que conduz uma pessoa a celebrar um negócio jurídico em que se
assume uma obrigação desproporcional e excessivamente onerosa (art. 156, CC).
DICA 127
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: COAÇÃO MORAL
Coação moral é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre uma pessoa para
obrigá-la, contra sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio. O que a
caracteriza é o emprego da violência psicológica para viciar a vontade. Para a coação ser
configurada, ela deve ser grave, causar temor à vítima e constituir ameaça de prejuízo à
pessoa, seus bens ou à sua família (art. 151, CC).

Ex.: Joana vai fazer uma doação para Luiz porque foi ameaçada de morte caso não o
faça.
DICA 128
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: FRAUDE CONTRA CREDORES
A fraude contra credores diz respeito à hipótese de um devedor que possui o débito e a
responsabilidade, mas que pratica atos de dilação patrimonial, com a nítida
intenção, de que no futuro, não tenha bens para pagamento da dívida. Em razão
disso, resta ao credor ajuizar uma ação pauliana ou revocatória para anular os atos
praticados pelo devedor.
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Para a caracterização da fraude contra credores é necessário a demonstração de dois
requisitos cumulativos: (i) objetivo – diminuição ou esvaziamos do patrimônio do
devedor, até a sua insolvência (denominado eventus damni); (ii) subjetivo – intenção
maliciosa do devedor de causar dano (denominado consilium fraudis), arts. 158 a 165,
CC.
DICA 129
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: SIMULAÇÃO
É a manifestação de vontade com desacordo proposital entre a vontade interna (intenção)
e a vontade externa (manifestação/declaração). A pessoa declara uma coisa, quando na
verdade queria outra, ou nada queria.
NÃO CONFUNDIR:
Diversamente do que ocorre na reserva mental, na simulação os contratantes agem
em conluio para prejudicar terceiro. Na reserva mental o declarante não age em
conluio com o declaratário. A simulação invalida o negócio jurídico e a reserva
mental não.
DICA 130
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA

Extingue a pretensão. Extingue o direito.

Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz. Pode ser reconhecida de ofício pelo
juiz.

É renunciável, desde que não cause É irrenunciável.


prejuízos a terceiros e depois da
prescrição se consumar.

Existe a previsão de suspensão, Em regra, não há suspensão,


interrupção e impedimento do prazo. interrupção e impedimento do prazo.

Os prazos são exclusivamente em anos Os prazos podem ser em dias,


(arts. 205 e 206, CC). meses ou ano e dia.

OBS.: Não corre os prazos da prescrição e da decadência contra os


ABSOLUTAMENTE incapazes.
DICA 131
RESPONSABILIDADE CIVIL

A Responsabilidade Civil é definida como toda ação ou omissão que causa a violação
de uma norma, seja ela legal ou contratual.

No Direito Civil, a regra é a Responsabilidade Civil subjetiva.


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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

DIREITO CIVIL

REGRA: Responsabilidade Civil SUBJETIVA, necessitando da comprovação de


dolo ou culpa, arts. 186 e 927 do CC.

DICA 132
CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL

As excludentes da responsabilidade civil podem ser classificadas do seguinte


modo:

Excludente da causalidade: fato da vítima, fato de terceiro, caso fortuito e a


força maior;

Excludentes da imputabilidade: menoridade e alienação mental do agente;

Excludentes da ilicitude: cumprimento do dever legal; exercício regular do direito;


estado de necessidade; legítima defesa; anuência da vítima e cláusula de não indenizar.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DICA 133
HISTÓRICO
Por muitos anos, a criança e o adolescente não tiveram seus direitos resguardados em
nenhuma legislação brasileira, a nível mundial também não existia.

Apenas em 1830 foi criada uma norma referente à criança no Brasil, já no ano de
1890, o Código Penal legislou sobre os adolescentes em conflito com a lei, seguindo o
mesmo entendimento do Código de menos de 1919, uma visão marginalizada e
assistencialista em relação à criança e ao adolescente, sem qualquer interesse no
reconhecimento em sujeito de direitos.
A nível mundial (direito internacional) algumas declarações tiveram grande relevância
para a proteção dos direitos existentes hoje, podendo ser destacada a Declaração de
Genebra, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Declaração dos Direitos
da criança (passou a considerar a criança e o adolescente como sujeito de direito).

No Brasil, inspirado pelas declarações mundiais, a Constituição de 1988 estabeleceu


a criação de uma norma protetiva para a criança e ao adolescente, resultando na Lei
8069/1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Com a criação do estatuto, eles passaram a possuir proteção integral.
DICA 134
DISTINÇÃO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE
O legislador adotou o critério cronológico para realizar a distinção, conforme previsão
do art. 2º, da Lei n. 8.069/1990.

CRIANÇA: até 12 anos, incompletos. É aplicada medida de proteção e não possuem


caráter sancionatório.

ADOLESCENTE: de 12 aos 18 anos incompletos. É aplicada medida socioeducativa,


possuem caráter sancionatório e finalidade pedagógica.

Aplica-se excepcionalmente o Estatuto da criança e do adolescente às pessoas entre


18 e 21 anos de idade, são os casos de adoção e apuração de ato infracional/cumprindo
medida socioeducativa.
DICA 135
PRINCÍPIOS

Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: refere-se ao mínimo existencial da


pessoa, possui previsão no art. 1º, III da CF, servindo de fundamento para outros
princípios.

Princípio da Proteção Integral à Criança e ao Adolescente: A criança e o


adolescente são considerados mais frágeis, assim, o legislador assegurou direitos e
privilégios em detrimento das demais pessoas. Protege desde a concepção, o pré-natal,
passando pelo nascimento até a maioridade civil. Previsto no art. 6º da CF e art. 3º do
ECA.
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Princípio da Prioridade Absoluta: É um metaprincípio, pois a criança e o
adolescente são assegurados a prioridade integral, em todas as áreas e em prioridade
com as demais pessoas. Previsto no art. 3º, I da Convenção sobre Direitos da Criança e
do adolescente; art. 227 da CF e art. 4º do ECA.
Derivam do princípio da prioridade absoluta: o Princípio da Condição da Criança e
do Adolescente (estabelece que são sujeitos de direitos); Princípio da Responsabilidade
Primária e Solidária do Poder Público; Princípio da Privacidade (respeito a intimidade,
imagem e reserva da vida privada); Princípio da Responsabilidade Parental; Princípio da
Oitiva Obrigatória e Participação (pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores); Princípio da Oitiva Obrigatória e Participação.

Princípio da Excepcionalidade: restringir-se-á a liberdade da criança e do


adolescente somente em último caso, conforme art. 227, § 3º, V, da CF.
DICA 136
PODER FAMILIAR
O poder familiar compete aos pais, na forma do art. 1631 do CC e art. 21 do ECA,
refere-se aos direitos e deveres que os pais têm em relação aos filhos.
Os filhos, enquanto menores (não emancipados), estão sujeitos ao poder familiar.
Será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, que possuem
deveres e responsabilidades compartilhadas no cuidado e na educação da criança.
Na falta ou impedimento de um dos pais, o outro exercerá com exclusividade.
DICA 137
OBRIGAÇÕES DERIVADAS DO PODER FAMILIAR
O art. 22 do ECA e, de forma mais abrangente, o art. 1634 do CC estabelece as
obrigações decorrente do exercício do poder familiar.

Incumbe aos pais o sustento, guarda e educação dos filhos menores.

Cabe aos pais também a criação e a educação; a guarda unilateral ou compartilhada;


conceder ou negar consentimento para viagem, casarem, viajarem ao exterior, mudar de
residência; nomear-lhes tutor; representá-los judicial e extrajudicialmente; reclamá-los de
quem ilegalmente os detenha e exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços
próprios de sua idade e condição.

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CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

DICA 138
INICIAÇÃO AO DIREITO DO CONSUMIDOR - CONCEITOS INICIAIS

O direito do consumidor é considerado um direito fundamental previsto na CF/88,


sem seu art. 5º, inciso XXXII, assim como um princípio da ordem econômica nos
termos do art.170, caput e inciso V. O principal instrumento jurídico de proteção ao
consumidor está no Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei 8.078/90, que é
considerada um microssistema jurídico, sendo aplicável não apenas para a defesa do
consumidor, mas também para a tutela coletiva de direitos.
O CDC disciplina as relações de consumo em geral, mas nada impede, caso haja norma
mais favorável em outra norma, que a mesma seja aplicada, como por exemplo, norma
legal presente no Código Civil, desde que o objetivo maior seja a proteção do
consumidor, que é considerado parte mais vulnerável da relação jurídica. Nesse sentido,
aplica-se a técnica chamada de diálogo das fontes, teoria desenvolvida pelo alemão Erick
Jayme.
Segundo Flávio Tartuce, a doutrina do diálogo das fontes significa que as normas jurídicas
não se excluem por serem de ramos jurídicos distintos, até porque o Direito é um só, mas
se complementam, como é o caso da interação do CDC e do CC/02, em matéria de
responsabilidade civil e Direito contratual.

Deve-se entender que o CDC é uma lei principiológica, ou seja, é uma lei que serve
de norma geral para outras normas que cuidem de relações de consumo. Dessa forma,
por exemplo, uma lei que trate dos planos de saúde individuais está sujeita à incidência
concomitante do CDC, como norma geral.
Para Luiz Antônio Rizzato Nunes, o CDC é norma de ordem pública e de interesse
social, geral e principiológica, quer dizer, é uma norma que prevalece sobre as demais
normas especiais anteriores que com ele colidirem. Sendo assim, como o CDC é regido por
normas de ordem pública O juiz pode conhecer de ofício de toda a matéria nele
disciplinada.
DICA 139
CONSUMIDOR
Mas, afinal, o que a lei considera como consumidor? O CDC traz a seguinte
previsão:
Art. 2°. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

O conceito acima previsto na lei, que é o conceito stricto sensu ou standard, traz então a
possibilidade de ser considerado consumidor tanto a pessoa física, como a pessoa jurídica,
e revela de extrema importância atentar para o conceito geral de destinatário
final. Somente os destinatários finais, de acordo com a legislação, é que serão
considerados consumidores.

A doutrina, por sua vez, traz a seguinte interpretação sobre quem seria o destinatário
final:

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71
Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

Teoria Maximalista – consumidor seria qualquer pessoa física ou jurídica que retira
do mercado de consumo um bem ou serviço. Para essa teoria, não importa se o
bem/serviço adquirido servirá para atendimento pessoal ou profissional, como no caso
em que uma indústria adquire matéria-prima (também chamado insumo) para produzir
um bem e o revende.

Teoria Finalista ou Subjetiva – consumidor seria aquele que retira o bem ou serviço
para necessidades próprias, é o destinatário fático e econômico, isto é, exclui do
conceito de consumidor a figura do consumidor intermediário, que adquiriria o produto
apenas como insumo.

Teoria Mitigada/temperada/atenuada – STJ tem aplicado essa teoria, como se


fosse uma intermediária entre a teoria maximalista e teoria finalista, pois aceita que a
pessoa jurídica também seja considerada como consumidora, caso o bem que adquira
seja fora de sua área de atuação, devendo haver a comprovação da
vulnerabilidade da pessoa jurídica no caso concreto.

Ex.: empresa que adquire obra de arte apenas para enfeitar a sala de recepções, mas
cujo objeto social seja a comercialização de veículos.

DICA 140
JURISPRUDÊNCIAS ATUALIZADAS SOBRE CONCEITO DE CONSUMIDOR:
APLICAÇÃO DO CDC
Em maio de 2021, o STJ aplicou, mais uma vez a teoria mitigada do conceito de
consumidor para considerar o adquirente de unidade imobiliária, mesmo não sendo o
destinatário final do bem, entendendo que o referido adquirente, ainda que tenha
comprado o imóvel apenas para investimento, como estava de boa-fé e não se tratava de
especialista em investimentos imobiliários, estava presente a vulnerabilidade e, portanto,
foi considerado consumidor. (STJ, 4ª T. AgInt no AREsp 1786252/RJ, Min. Antonio Carlos
Ferreira).
Outras situações em que a jurisprudência entende pela aplicação do CDC:
Jurisprudência em teses, STJ, ed.n.74, Tema 12: As normas do CDC são aplicáveis aos
contratos do Sistema Financeiro de Habitação - SFH, desde que não vinculados ao
Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS e posteriores à entrada em vigor
da Lei n. 8.078/90.

Súmulas aplicáveis quanto ao reconhecimento de relação de consumo:

Súmula 608, STJ: Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por entidades de autogestão.

Súmula 563, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas


de previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados
com entidades fechadas.

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72
Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
DICA 141
JURISPRUDÊNCIAS ATUALIZADAS SOBRE CONCEITO DE CONSUMIDOR: NÃO
APLICAÇÃO DO CDC

Em julho de 2020, o STJ entendeu pela não aplicabilidade do CDC ao produtor rural
que adquire insumos agrícolas, pois não considerado destinatário final nos termos do
art. 2º do CDC. Nesse sentido:

JURISPRUDÊNCIA

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. CONTRATO


DE AQUISIÇÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS. PRODUTOR RURAL. INAPLICABILIDADE DO
CDC. PRECEDENTES DOS STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.1. Nos termos da jurisprudência
do STJ, o produtor rural não deve ser considerado destinatário final no contrato
de compra e venda de insumos agrícolas, motivo pelo qual não incide, nesses
casos, o Código de Defesa do Consumidor. Precedentes. Incidência da Súmula
83/STJ.2. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 363.209/RS, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 15/06/2020, DJe 01/07/2020).

Em outra decisão recente de 2020, também constatou-se que não incide o código de
defesa do consumidor na relação entre acionistas investidores e a sociedade anônima
de capital aberto com ações negociadas no mercado de valores mobiliários.

Outras situações de não reconhecimento de relação de consumo:

Não se aplica o CDC aos contratos administrativos, tendo em vista que a


Administração Pública já goza de outras prerrogativas asseguradas pela lei.

Não se aplica o CDC aos contratos de fiança bancária no âmbito de um contrato


administrativo, que já goza de prerrogativas próprias, não havendo que se falar em
liberdade contratual. Pode-se concluir, portanto, que a fiança bancária acessória a um
contrato administrativo também não representa uma relação de consumo. STJ. 3ª T. REsp
1.745.415-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 14/05/19 (Info 649).

Não se aplica o CDC ao contrato de conta corrente mantido entre corretora de


BITCOIN e instituição financeira. 3ª T. REsp 1696214-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, j. 9/10/18 (Info 636).

Também não se aplica o CDC ao Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados


por Veículos Automotores de via Terrestres ou por sua carga, a pessoas transportadas ou
não – DPVAT. (INFO 614, STJ).
DICA 142
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO

Além do conceito padrão de consumidor previsto no art. 2º do CDC, teremos algumas


situações em que diante de situações excepcionais também poderá haver a figura do
consumidor por equiparação, embora não tenha sido o mesmo que adquirira o bem ou
serviço. Dessa forma, são três tipos de consumidor a serem estudados:

Consumidor no sentido coletivo: O consumidor, em sentido coletivo, atinge a


coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações
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73
Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
de consumo. É o consumidor stricto sensu ou standard:
Art. 2º, Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Grupo de pessoas que adquire ou esteja exposta à aquisição de produto alimentício
nocivo à saúde, como na situação de venda de produto estragado.

Consumidor Bystander: São todas as vítimas do acidente de consumo, ainda que


não sejam consumidores daquele bem ou serviço. Aplica-se em relação à
responsabilidade pelo fato do produto e do serviço nos termos do art. 17 do CDC, in
verbis:
Art. 17 - Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento. (CONSUMIDOR BYSTANDER).
É a vítima de acidente de consumo, a exemplo das pessoas que prestaram socorro às
vítimas da Boate Kiss (consumidores em sentindo estrito) e acabaram sofrendo lesões.
É a vítima de atropelamento de ônibus comercial.

Consumidor potencial: São todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às


práticas comerciais ou contratuais nele previstas (ofertas, publicidade, prática
abusivas, cobranças de dívidas, cadastros de banco de dados).
Art. 29 do CDC. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele
previstas.

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74
Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
PROCESSO CIVIL
DICA 143
TEORIAS DA AÇÃO

CIVILISTA (Imanentista) - Friedrich Carl von Savigny: direito de ação sem


autonomia. A ação como mera extensão do direito material.

CONCRETA - Adolf Wach: direito de ação passa a ser visto de forma


autônoma/desvinculada do direito material. Todavia, para exercer o direito de ação,
seria necessário que essa fosse julgada procedente. A ação somente se concretizaria
pela procedência do pedido.

ABSTRATA - Heinrich Degenkolb e Alexander Plósz: o direito de ação continua sendo


autônomo, mas torna-se um direito abstrato, ou seja, independe se o pedido é
julgado procedente ou não.

ECLÉTICA - Enrico Tulio Liebman: adotada pelo CPC/15. o direito de ação


continua sendo autônomo e abstrato. Além disso, porém, o direito de ação fica
condicionado às chamadas condições da ação (interesse e legitimidade).

Ex.: Como exemplos temos os arts. 17 e 485 do CPC:


Art. 17 - Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Art. 485 - O juiz não resolverá o mérito quando: [...] VI – verificar ausência de
legitimidade ou de interesse processual (O autor exerce mero direito de petição haja
vista que há carência de ação).

ASSERÇÃO - O direito de ação continua sendo autônomo e abstrato. Essa teoria


também exige as condições da ação (interesse e legitimidade). Todavia, a análise da
presença das condições é feita tão somente com base nas assertivas do autor na
petição inicial. Após a dilação probatória, entendendo o juiz pela ausência das
condições da ação, acarretará no julgamento de mérito.

Ex.: haverá o reconhecimento da improcedência do pedido, com fulcro na


ilegitimidade da parte.
A teoria da asserção é adotada pelo STJ, motivo pelo qual é muito cobrada nas
provas.

DICA 144
DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO
Interesse processual e legitimidade ad causam são as chamadas condições da ação.

O interesse processual, também chamado de interesse de agir, é formado por um


binômio:

Necessidade: que é a necessidade de intervenção jurisdicional para satisfazer


determinada pretensão advinda de um dano ou perigo de dano.

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Utilidade: a ação, através do procedimento adequado, deve ser capaz de propiciar
uma melhora na situação jurídica da parte. Quando há inadequação da via eleita, não
há utilidade para a parte e configura-se carência de ação.

Quanto a legitimidade ad causam, para que se faça presente é necessário que os


sujeitos da relação jurídica de direito material sejam os mesmos da relação jurídica de
direito processual.
A legitimidade pode ser dada a qualquer indivíduo, bastando ser este titular do direito,
não fazendo distinção entre ser o sujeito capaz ou não.
A legitimidade pode ser dividida em:
ordinária: parte postula direito próprio em nome próprio.
extraordinária (substituição processual): parte pleiteia direito alheio em nome
próprio. Sendo necessária autorização legal.

O substituído poderá intervir no processo na qualidade de assistente litisconsorcial,


conforme previsão do art. 18, do CPC, o qual prevê que: ninguém poderá pleitear
direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como
assistente litisconsorcial.

ATENÇÃO!!

Não confundir substituição processual com sucessão processual, a sucessão


ocorre quando há a saída de uma parte para a entrada de outra.

Ex.: quando há morte de uma das partes e o direito discutido é transmissível.

DICA 145
DOS ELEMENTOS DA AÇÃO
Os elementos são a verdadeira marca da ação, a partir deles é que se poderá analisar a
existência de ações idênticas, distintas ou semelhantes.

ATENÇÃO!!

Não confundir os elementos da ação com as condições da ação (interesse


processual e legitimidade ad causam).

São elementos da ação:

Partes: que são todos os sujeitos que participam do processo.

Causa de Pedir: essa por sua vez se subdivide em causa de pedir próxima que são os
fundamentos jurídicos e causa de pedir remota que são os fatos.
Quanto a causa de pedir, o CPC adota a chamada teoria da substanciação, segundo a
qual é necessário explicitar os fundamentos jurídicos e os fatos, ou seja, a causa de
pedir próxima e remota.
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Pedido: em regra deve ser certo (expresso), salvo em alguns casos em que o pedido é
implícito: juros, correção monetária, verbas de sucumbência (incluídos os honorários
advocatícios) e prestações vincendas. O pedido também deve ser, em regra,
determinado. Quando se fala em determinação do pedido, está-se falando em liquidez,
ou seja, no aspecto quantitativo da petição.

Existem situações, entretanto, que se autoriza o pedido genérico:


ações universais: são as que se pleiteia uma universalidade de bens.

Ex.: pedido para que o réu entregue uma biblioteca, com todos os livros contidos
nesta;

impossibilidade de se determinar as consequências do ato ou do fato:

Ex.: ação que pleiteia perdas e danos por atropelamento, na qual não é possível
quantificar inicialmente os lucros cessantes por estar a vítima hospitalizada.

a apuração do valor ou do objeto depende de ato a ser praticado pelo réu:

Ex.: muito utilizado é a ação de exigir contas. Somente sendo possível definir o valor
que o autor faz jus após a prestação de contas do réu.
DICA 146
DA CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
O CPC traz a possibilidade de cumulação de pedidos contra um mesmo réu, ainda que não
haja conexão entre esses pedidos, não precisando os pedidos decorrerem de um
mesmo fato.

Cumulação própria: possibilidade de o autor obter procedência simultânea de dois ou


mais pedidos.

Cumulação própria simples: pedidos independentes. Juiz pode conceder, qualquer


deles ou ambos.

Ex.: danos materiais cumulados com danos morais.

Cumulação própria sucessiva: o segundo pedido só pode ser analisado se procedente


o primeiro.

Ex.: investigação de paternidade cumulada com alimentos. Neste caso, os alimentos


somente serão analisados se resolvida a questão da paternidade.

Cumulação imprópria: não há possibilidade de procedência simultânea de dois ou


mais pedidos. Na verdade, não há propriamente uma cumulação uma vez que o autor
não deseja os dois pedidos.

Cumulação imprópria subsidiária: juiz conhece o segundo pedido após não conhecer
o primeiro.
Ex.: pede-se a anulação do casamento, subsidiariamente (se não der) pede o divórcio.
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Cumulação imprópria alternativa: autor formula mais de um pedido para que o juiz
acolha qualquer deles. É como se o autor dissesse que tanto faz qual o juiz acolher,
sem que exista uma ordem de preferência.

DICA 147
DA POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DO PEDIDO

O art. 329 do CPC tratou da possibilidade de o autor modificar o pedido apresentado na


inicial. Existindo três possibilidades a depender do momento:

Pedido de modificação feito antes da citação do réu: possibilidade de alteração


do pedido ou causa de pedir, sendo desnecessário o consentimento do réu, afinal ele
não foi citado.

Pedido de modificação feito após a citação do réu: é possível modificar o


pedido ou causa de pedir. Porém, nesse momento, é necessário o consentimento do
réu que já fora citado.

Após a fase de saneamento do processo: não é mais possível qualquer alteração


no pedido ou causa de pedir.
DICA 148
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
O devido processo legal é tido como o princípio maior, sendo causa direta dos demais
princípios.
Quanto ao seu aspecto formal, é uma garantia de observância das formalidades contra
eventual abuso de poder.
Entretanto, também é necessário explorar o devido processo sobre o aspecto
material/substancial. Neste aspecto, tem-se os limites impostos ao poder
legislativo, impedindo que uma lei ou ato administrativo viole os direitos do cidadão.
Portanto, possui um alcance mais amplo do que as garantias formais.
DICA 149
DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
Possui previsão constitucional no art. 5º, LV da CF.

O CPC, também trouxe tal princípio em seu art. 7º, afirmando que cabe ao juiz zelar
pelo efetivo contraditório. Esse contraditório efetivo (também chamado de dinâmico),
é diferente do chamado contraditório estático e se firma em três pilares:

Direito de ação e reação/bilateralidade de audiência: é a ideia clássica deste


princípio, sendo basicamente o direito de dizer e desdizer.

Poder de influência: não basta a ação e reação, as partes devem ter o poder de
influenciar o ato decisório.

Proibição de decisão surpresa: juiz não pode surpreender as partes com as

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chamadas decisões de terceira via, ou seja, juiz não pode decidir com fundamento
sobre o qual não tenha dado às partes oportunidade de manifestação, mesmo se
tratando de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. É a previsão do art. 10 do CPC.

A regra é que o contraditório seja antecipado, conforme previsão do art. 9º do CPC.

Entretanto, o próprio dispositivo legal traz situações que excepcionam esta regra:

tutela provisória de urgência;

às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311;

à decisão prevista no art. 701. (ação monitória)

Contraditório inútil: ocorre quando a decisão é proferida sem a oitiva da parte, mas
é favorável a ela.

Contraditório eventual: exercido em outro processo.

Ex.: Embargos à execução, na qual a defesa da execução se dá em ação própria para


exercício do seu contraditório.
DICA 150
DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
Quando se trata da boa-fé, importa ao direito processual a chamada boa-fé objetiva,
que é aquela que não analisa a intenção do sujeito.

ATENÇÃO!

A verificação da violação à boa-fé objetiva dispensa a comprovação do


animus do sujeito processual. (En. 1, CJF).

VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM: a boa-fé impede a adoção de


comportamentos contraditórios. Não podendo a parte no curso do processo adotar um
comportamento que indica certa postura e, posteriormente, um comportamento
contraditório.

Ex.: expresso no CPC é o art. 1000, que prevê que a parte que aceitar expressa ou
tacitamente a decisão não poderá recorrer.

DUTY TO MITIGATE THE LOSS: esse princípio é um dever, fundado na boa-fé, de


mitigação pelo credor de seus próprios prejuízos. Deve o credor, diante do
inadimplemento do devedor, adotar medidas razoáveis para diminuir suas perdas.

Enunciado 169, CJF: O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a


evitar o agravamento do próprio prejuízo.

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DICA 151
DA REPRESENTAÇÃO EM JUÍZO DAS PESSOAS JURÍDICAS E FORMAIS
As pessoas jurídicas e formais possuem capacidade de ser parte desde que devidamente
representadas, sejam elas sujeitos ativos ou passivos da ação.

O art. 75 do CPC traz essa representação:

A União: pela Advocacia Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado.

Os Estados e o Distrito Federal: por seus Procuradores.


Conforme previsão do §4º do art. 75 do CPC, os Estados e o DF poderão ajustar
compromisso recíproco para a prática de atos de seus procuradores, desde que haja um
convênio para isso.

Os Municípios: por seu Prefeito ou pelos Procuradores.

As Autarquias e Fundações Públicas: por quem a lei do ente federado designar.

A Massa Falida: é representada pelo administrador judicial.

A Herança Jacente ou Vacante: pelo curador designado no processo.

O Espólio: pelo inventariante.

A Pessoa Jurídica: por quem os respectivos atos constitutivos designarem ou,


não havendo essa designação, por seus diretores.

A sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados sem


personalidade jurídica: pela pessoa a quem couber a administração de seus bens.

A Pessoa Jurídica Estrangeira: pelo gerente, representante ou administrador de


sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil.

O Condomínio: pelo administrador ou síndico.

DICA 152
CAPACIDADE POSTULATÓRIA

A capacidade postulatória é a capacidade de requerer (postular) em juízo, atribuída,


em regra, ao advogado.

Os estagiários, de acordo com o Estatuto da OAB, somente podem praticar atos


juntamente ao advogado e sob responsabilidade deste.
O art. 3º da Lei 8.906/94 prevê que o exercício da atividade de advocacia no território
brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB).
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§2º, O estagiário de advocacia, regulamente inscrito, pode praticar os atos previstos no
art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade
deste.

Existem situações em que pessoas sem formação jurídica poderão postular, como
por exemplo nos juizados especiais ou no caso de habeas corpus.
DICA 153
DO INSTRUMENTO DE MANDATO

Para exercer a capacidade postulatória faz-se necessária a juntada do instrumento de


mandato, mais conhecido como procuração.

Nos termos do art. 104 do CPC, o advogado não é admitido a postular em juízo sem
procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato
considerado urgente.
Nestas hipóteses, o advogado deverá, independente de caução, apresentar a
procuração no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período.

Caso o mandato não seja juntado dentro do prazo legal, os atos praticados pelo
advogado serão considerados ineficazes, ficando o advogado responsável pelas
despesas e por perdas e danos.

Conforme previsto no art. 105 do CPC, a procuração geral para o foro, outorgada por
instrumento público ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos
os atos do processo, exceto receber citação, confessar, reconhecer a procedência do
pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber, dar
quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência.
DICA 154
CONEXÃO E CONTINÊNCIA

A conexão e a continência dão a ideia da existência de mais de uma ação


tramitando em paralelo e com identidade parcial de elementos da ação (partes,
causa de pedir e pedido). Quando assim ocorrer, em regra, as ações serão reunidas para
julgamento conjunto, em verdadeira causa de modificação de competência.
A identidade dos elementos deverá ser parcial, afinal se fosse total ocorreria a chamada
litispendência.

Para que haja a conexão, conforme previsto no art. 55 do CPC, é preciso que haja
identidade da causa de pedir ou pedido.

Ex.: as execuções fundadas no mesmo título executivo.

Reconhecida a conexão, os processos deverão ser reunidos no juízo prevento, que é


aquele no qual primeiro ocorreu o registro ou a distribuição da inicial.
O § 3º do art. 55 trouxe grande novidade ao prever a possibilidade de reunião e
julgamento conjunto dos processos que possam gerar risco de prolação de decisões
conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão
entre eles.

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SÚMULAS DO STJ

Súmula 515 do STJ: A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui
faculdade do Juiz.
Súmula 235 do STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já
foi julgado.

Já a continência ocorre quando há duas ou mais causas com identidade de


partes e causa de pedir e o pedido de uma, por ser mais amplo, abranger o pedido da
outra.
A ação de pedido mais amplo é chamada continente, enquanto a de pedido menos
amplo é chamada de contida.

Caso a ação contida tenha sido proposta primeiro haverá a reunião das ações. Ao
contrário, se a ação continente tiver sido proposta antes, a ação contida será
extinta sem resolução do mérito.
DICA 155
DENUNCIAÇÃO DA LIDE

A denunciação da lide é uma das formas de intervenção de terceiro mais cobrada. É


cabível quando for possível intentar ação de regresso contra terceiro, caso a parte seja
derrotada.

A denunciação da lide pode ser feita tanto pelo autor como pelo réu.
Conforme art. 127 do CPC, feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá
assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à
petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu.
CUIDADO! O CPC/73 previa a possibilidade de o denunciado até aditar a inicial.
Atualmente só é possível apresentar novos argumentos.

Quanto à denunciação pelo réu, existem três desdobramentos lógicos de


acordo com o art. 128 do CPC:

se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo,


na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado.

se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua


defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à
ação regressiva

se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o


denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento,
pedir apenas a procedência da ação de regresso.

Havendo uma ação contra dois réus, é possível um dos réus denunciar da lide
contra o outro.
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Uma denunciação da lide extemporânea pode ser aproveitada caso o denunciado
aceite a denunciação, contestando apenas o mérito da demanda principal, ou seja, se o
próprio denunciado reconhece sua obrigação regressiva, ao contestar somente a inicial,
não há óbice à denunciação intempestiva.

A denunciação da lide não pode ser determinada de ofício.


De acordo com o art. 129 do CPC, caso o denunciante seja vencido na ação principal, o
juiz passará ao julgamento da denunciação da lide.
Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado,
sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência
em favor do denunciado.
Enunciado 122, FPPC: Vencido o denunciante na ação principal e não tendo
havido resistência à denunciação da lide, não cabe a condenação do denunciado nas
verbas de sucumbência.
DICA 156
CHAMAMENTO AO PROCESSO
O chamamento ao processo é possível quando existe entre o réu e um terceiro uma
relação de coobrigação.
De acordo com o art. 130 são essas as hipóteses possíveis de chamamento:
do afiançado, na ação em que o fiador for réu;

dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;


dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o
pagamento da dívida comum.
O chamamento ao processo só pode ser feito pelo réu, que o requererá na contestação e,
após, promoverá a citação dos terceiros (dentro de 30 dias). Estes integrarão a lide na
qualidade de litisconsortes passivos
Quando o CPC fala que o réu tem que promover a citação dentro de 30 dias, sob pena do
chamamento ficar sem feito, significa dizer que ele deve fornecer as condições para que a
citação ocorra e não que a citação deva efetivamente ocorrer dentro desse prazo.

O prazo de 30 dias se aplica para chamados que residem na mesma Comarca, pois
caso os terceiros chamados residam em outra Comarca, Seção ou Subseção Judiciária
esse prazo é de 2 meses.

A grande vantagem do chamamento ao processo é que caso for condenado e pagar a


totalidade da dívida, ele pode utilizar a sentença condenatória como título executivo
contra os demais, sem a necessidade de nova ação.
Entende o STJ que é inviável o chamamento ao processo de entes federativos em
demandas relacionadas ao fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de
saúde.
“O chamamento ao processo da União, nas demandas propostas contra os demais entes
federativos responsáveis para o fornecimento de medicamentos ou prestação de
serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se inadequado opor obstáculo inútil à
garantia fundamental do cidadão à saúde". (STJ, EDcl no REsp 1.203.244/2016)

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DICA 157
INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Em caso de ação contra pessoa jurídica é possível atingir o patrimônio dos sócios.
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da
parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.

É cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de


sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
Caso a desconsideração da personalidade jurídica seja requerida na petição inicial,
dispensa-se a instauração do incidente, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa
jurídica. Nesse caso não será suspenso o processo.

A desconsideração só será possível quando há abuso de personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Não basta a
configuração do estado de insolvência da empresa ou seu encerramento irregular de
atividade etc. É a chamada teoria maior da desconsideração da personalidade
jurídica.
Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e
requerer as provas cabíveis no prazo de 15 dias.
Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Existe ainda a chamada desconsideração inversa, na qual há uma ação contra o


sócio e busca-se atingir o patrimônio da PJ. É muito comum no direito de família,
sobretudo no caso de divórcio.

Enunciado 283, CJF: É cabível a desconsideração da personalidade jurídica


denominada inversa para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para
ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros.
De acordo com o art. 10 da Lei 9.099 não é admitida qualquer forma de intervenção de
terceiro nos juizados especiais. Todavia, o CPC prevê que o incidente de desconsideração
é aplicável aos juizados.
DICA 158
AMICUS CURIAE

O amicus curiae é um colaborador informal da justiça, desempenhando papel


contributivo muito relevante para pluralidade do diálogo, a fim de se obter arrimo para a
melhor decisão possível.
A participação do amicus curiae traz para o processo a representação da sociedade,
sobretudo em questões de grande repercussão social.

Para que o amicus curiae seja admitido, o juiz analisará a relevância da matéria, a
especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia. Poderá admitir, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das
partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa

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natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no
prazo de 15 dias de sua intimação.

Poderá ocorrer a participação do amicus curiae tanto nas causas de 1º grau como
nos Tribunais.

Portanto, os requisitos para participação do amicus curiae serão:

Relevância da matéria;

Especificidade do tema objeto da demanda; e

Repercussão social.

São irrecorríveis as decisões que solicitam (juiz age de ofício) ou admitem (há
requerimento para intervenção) a participação de amicus curiae.

Apesar de certa polêmica, o STF, no Informativo 920 decidiu ser também irrecorrível
a decisão denegatória de ingresso, no feito, como amicus curiae.
A intervenção do amicus curiae não implica alteração de competência. Dessa forma,
se intervém uma autarquia federal em uma ação que tramita na justiça estadual, não
haverá deslocamento para justiça federal.

Em regra, o amicus curiae não autoriza a interposição de recurso, salvo:

Embargos de Declaração; e

Recurso do acórdão que julga o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas. Esse


RE ou REsp que será interposto em face do IRDR também interposto pelo amicus curiae.
DICA 159
DOS PRAZOS DOS ATOS PROCESSUAIS

Conforme o art. 218 do CPC, os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos
em lei.
Em caso de ser a lei omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.
Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a
comparecimento após decorridas 48 horas.

Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 dias o prazo
para a prática de ato processual a cargo da parte.

Prazo legal: é aquele em que a lei fixa o prazo. Ex.: Prazo de interposição de recurso.

Prazo judicial: é o estipulado pelo juiz, tomando como base a complexidade do caso
concreto.
Com o advento do CPC/2015 acabou a chamada intempestividade por prematuridade,
que é aquela em que o ato é praticado antes do termo inicial do prazo.

Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão


somente os dias úteis. Essa regra se aplica apenas aos prazos processuais.

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DICA 160
SUSPENSÃO DOS PRAZOS PROCESSUAIS

Quando ocorre a suspensão, o prazo é retomado de onde parou, ao passo que


havendo a interrupção o prazo retorna do zero.
Uma das previsões de suspensão dos prazos é no período de recesso de 20/12 à
20/01.

Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os


membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os
auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante este período.
Nesse período não há realização de audiências ou sessões de julgamento.
Também se suspendem os prazos por obstáculo criado em detrimento da parte.

Trata-se de uma cláusula aberta, um conceito vago, sendo que em caso de o juiz
entender que uma parte opôs obstáculo injustificado poderá reconhecer a suspensão.

Nas hipóteses do art. 313 do CPC também ocorrerá a suspensão dos


prazos:

pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de


seu representante legal ou de seu procurador;

pela convenção das partes;

pela arguição de impedimento ou de suspeição;

pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;

quando a sentença de mérito:

depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de


inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro
processo pendente;

tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a


produção de certa prova, requisitada a outro juízo;

por motivo de força maior;

quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de


competência do Tribunal Marítimo;

nos demais casos que o CPC regula.

pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo


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processo constituir a única patrona da causa;

quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da causa


e tornar-se pai.

Ainda se suspendem os prazos processuais durante a execução de programas de


autocomposição, instituídos pelo poder judiciário.

Ex.: Semana da autocomposição.

DICA 161
PRECLUSÃO TEMPORAL

Finalizado o prazo para prática de determinado ato processual há extinção


automática do direito de praticá-lo, independentemente de qualquer declaração judicial
de que houve a preclusão temporal, salvo demonstrada a ocorrência de justa causa.
A justa causa estará configurada pelo impedimento da prática do ato por si ou por
mandatário devido a evento alheio à sua vontade.

Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe
assinar.

Não é possível fazer qualquer complementação de ato já praticado, em decorrência da


preclusão consumativa.
DICA 162
CONTAGEM DOS PRAZOS

Em regra, os prazos são contados com exclusão do dia de início e inclusão do dia
de vencimento, salvo disposição em sentido contrário.
Assim, não conta o dia da intimação, mas apenas o seguinte.
Caso o dia do começo ou do vencimento do prazo coincidir com dia em que o
expediente forense for encerrado antes ou iniciado após o horário normal, esse dia será
protraído para o primeiro dia útil seguinte. Trata-se de novidade uma vez que a
previsão do Código anterior era somente para o dia do vencimento.

Também se aplica essa regra no caso de ocorrer indisponibilidade do sistema


eletrônico, devendo essa ser reconhecida pelo poder judiciário.

Considera-se como data de publicação (intimação – dia do começo) o primeiro dia


útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.

A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da


publicação/intimação.

Ex.: Há uma disponibilização em 19/10/2021 (terça) de uma decisão determinando que


o autor pratique um ato em 5 dias. A intimação ocorrerá em 20/10/2021. Na quinta-feira
(21/10/2021) é o dia do início do prazo. Considerando que o prazo é de 5 dias úteis, o
prazo acabará em 27/10/2021 (quarta-feira).

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A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor,
desde que faça de maneira expressa.
DICA 163
PRAZOS DO JUIZ

Nos termos do art. 226 do CPC, o juiz proferirá:

os despachos no prazo de 5 dias;

as decisões interlocutórias no prazo de 10 dias;

as sentenças no prazo de 30 dias.

É possível, em qualquer grau de jurisdição, se existir motivo justificado, que o juiz


exceda tais prazos por igual período.
Os prazos do juiz são chamados impróprios, uma vez que mesmo descumpridos não
acarretará em preclusão.
DICA 164
PRAZO EM DOBRO
No processo civil terão prazo em dobro em qualquer juízo ou tribunal:
Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores e de escritórios de advocacia
distintos e processo físicos (não se aplica a autos eletrônicos), independente de
requerimento.

SÚMULA 641, STF

Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja
sucumbido.

Ministério Público, Fazenda Pública, Defensoria Pública e escritórios de prática jurídica.


Esses prazos são contados a partir da intimação pessoal do órgão. Em processo físico,
se dá a partir do momento da carga/remessa à repartição, ou seja, do recebimento dos
autos pela secretaria do órgão, ao contrário do advogado que é intimado pelo DJE.
Havendo prazo próprio não há que se falar de prazo em dobro para esses entes.
Conforme já decidiu o STF: “a regra que confere prazo em dobro à Fazenda Pública para
recorrer não se aplica aos processos objetivos, que se referem ao controle abstrato de
leis e atos normativos. (STF, ARE 830.727/2019)
Não possuem prazo em dobro: Empresas públicas; Sociedade de economia mista;
Fazenda Pública em processos objetivos (que se referem ao controle abstrato de
constitucionalidade; e Defensor Dativo.

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DICA 165
IMPEDIMENTOS TEMPORÁRIOS PARA A REALIZAÇÃO DA CITAÇÃO

O art. 244 enumera hipóteses em que temporariamente não se realizará a


citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

de quem estiver participando de ato de culto religioso.

de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou


afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento
e nos 7 (sete) dias seguintes;

de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento;

de doente, enquanto grave o seu estado.

Caso a citação seja realizada durante esses impedimentos temporários será anulável.
Há ainda outra previsão no art. 245: quando se verificar que o citando é mentalmente
incapaz ou está impossibilitado de receber a citação.
Essa impossibilidade é entendida pela doutrina como deficiência permanente
(ex.: réu surdo mudo).
Nesse caso, o oficial de justiça descreve o ocorrido, sem cumprimento.
O juiz determina o exame do citando, que será feito por um médico e apresentará laudo
em 5 dias, esse laudo será dispensado se pessoa da família apresentar declaração
médica, atestando a incapacidade.
Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando,
quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à
causa. A citação então será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa
dos interesses do citando.
DICA 166
MODALIDADES DE CITAÇÃO

São modalidades de citação na atual sistemática processual civil:

Correio;

Oficial de Justiça;

Escrivão ou chefe de secretaria: se dá quando o réu comparece à Secretaria, e o


próprio escrivão o cita;

Edital; e

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Eletrônica (arts. 5º e 6º da Lei 11.419/2006): essa citação é feita da mesma forma


que a intimação eletrônica.

Com exceção das MEs e EPPs, as empresas públicas e privadas devem manter cadastro
no PJe, para que possam ser preferencialmente citadas eletronicamente. Essa regra
também se aplica à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às
entidades da administração indireta.

DICA 167
CITAÇÃO POSTAL

A citação será feita por meio eletrônico ou pelo correio para qualquer
comarca do País – novidade legislativa acrescida pela Lei 14.195/2021.
Exceto:

Ações de estado (ações que geram alteração no estado civil, capacidade,


nacionalidade) Ex.: divórcio, anulação de casamento etc.)

Citando incapaz;

Pessoa de direito público (que será citada perante o órgão de representação);

Citando residir em local não atendido pelo correio;

Autor, justificadamente, requerer a citação de outra forma.

Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao


citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para
resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório.

A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a


entrega, que assine o recibo.
Quanto à citação das pessoas jurídicas, o CPC fala que é válida a entrega do
mandado a pessoas com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, na
pessoa de funcionário responsável pelo recebimento de correspondência.
Prevalece, portanto, a teoria da aparência, a fim de admitir a citação da PJ feita
àquele que aparentemente representasse a pessoa jurídica. Para a previsão legal do CPC
basta que seja um funcionário responsável pela correspondência.
No que se refere às pessoas físicas residentes em condomínios edilícios ou nos
loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da
portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá
recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da
correspondência está ausente.

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DIREITO EMPRESARIAL

DICA 168
TEORIA GERAL DA EMPRESA: CONCEITOS INICIAIS DE EMPRESA E EMPRESÁRIO
O atual Código Civil de 2002 adotou a teoria da empresa para conceituação de empresa e
empresário, em contraposição às antigas teorias do direito comercial – teoria subjetiva e
teoria dos atos de comércio.

Teoria subjetiva – a empresa é vista como um direito do comerciante (período


subjetivo das corporações de ofício) ou dos atos de comércio (período objetivo da
codificação napoleônica)

Teoria objetiva – a empresa é vista como um ato de comércio (período objetivo do


Código de Napoleão). Teoria adotada pelo Código Comercial Brasileiro até a unificação do
direito civil com a publicação do Código Civil de 1916.
A teoria da empresa adotada pela atual legislação desloca os conceitos inicias das teorias
então vigentes para a atividade empresarial.
Assim, empresário será aquele que exercer profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços, nos termos do
Art.966, do Código Civil de 2002.

Segundo a Doutrina de André Santa Cruz, a concepção moderna da teoria da empresa


deu-se através e jurista italiano, ASQUINI, que compreende a empresa como um
fenômeno econômico abrangendo a organização dos chamados fatores de produção:
natureza, capital, trabalho e tecnologia.

Assim, a empresa é vista como um fenômeno econômico poliédrico, com quatro


perfis distintos quando transposto para o Direito segundo citado por André Santa Cruz:
a) o perfil subjetivo, pelo qual a empresa seria uma pessoa (física ou jurídica, é preciso
ressaltar), ou seja, o empresário;
b) o perfil funcional, pelo qual a empresa seria uma “particular força em movimento que
é a atividade empresarial dirigida a um determinado escopo produtivo”, ou seja, uma
atividade econômica organizada;
c) o perfil objetivo (ou patrimonial), pelo qual a empresa seria um conjunto de bens
afetados ao exercício da atividade econômica desempenhada, ou seja, o estabelecimento
empresarial; e
d) o perfil corporativo, pelo qual a empresa seria uma comunidade laboral, uma instituição
que reúne o empresário e seus auxiliares ou colaboradores, ou seja, “um núcleo social
organizado em função de um fim econômico comum”. Esse último perfil não é adotado
pela atual teoria da empresa, diante de seus contornos atrelados à ideologia fascista da
época.
Para efeitos de provas objetiva, importante realizar a leitura da legislação específica.
Quanto à adoção da teoria da empresa pelo CC/02, leia-se o artigo 966, que trata a
matéria e seus incisos.

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Assim, não é qualquer pessoa que pode ser considerada empresária, apenas aquela
que realize atividade econômica de forma habitual, profissionalmente. Dessa
forma, por exemplo, uma pessoa que vende eventualmente seu veículo, de uso pessoal,
para adquirir outro ou não, não deve ser considerado empresário, pois lhe falta a
habitualidade requerida na lei.
Empresa, nesse sentido, é uma atividade econômica, ou seja, visa lucro, para a produção
de bens ou de serviços, não mais prevalecendo as teorias subjetiva ou de atos do
comércio no Brasil.
DICA 169
TEORIA GERAL DA EMPRESA: ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS – AGENTES
ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO

Exclusão de Profissionais intelectuais do conceito de empresário, salvo se


presente o elemento empresa.
De acordo com o parágrafo único do art.966 do CC/02, não se considera empresário
quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística,
ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa, ou seja, será empresa se for atividade econômica
organizada, por exemplo, com a presença de empregados, para a obtenção de lucros.
Fábio Ulhoa Coelho, em seu Manual de Direito Empresarial, explica que a empresa é
atividade econômica organizada, desde que nela se encontre, articulados pelo empresário,
os fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia.
Nesse sentido, segundo Coelho, não é empresário quem explora atividade de atividade
de produção ou circulação de bens ou serviços sem alguns desses fatores e, por exemplo,
o comerciante de perfumes que leva ele mesmo, à sacola, os produtos até os locais de
trabalho ou residência dos potenciais consumidores explora atividade de circulação de
bens, fá-lo com intuito de lucro, habitualidade e em nome próprio, mas não é empresário,
porque em seu mister não contrata empregado, não organiza mão de obra.
Um outro exemplo é o médico que é procurado por pacientes para serem atendidos
pessoalmente, sendo o fator pessoalidade muito importante para descaracterizar o
elemento empresa. Na medida em que os pacientes passaram a buscar a clínica com
inúmeros médicos (uma policlínica, por exemplo), já com empregados e sem
necessariamente serem atendidos pelo médico fundador da mesma, pode-se entender que
haverá a impessoalidade necessária para a caracterização do elemento empresa.
Todavia, para outros autores, como André Souza Cruz Ramos, nesse ponto, diverge de
Fabio Ulhoa Coelho, por entender que a atividade empresarial poderá estar presente
ainda que não exista a contratação de empregados, como é o caso dos
empresários individuais ou mesmo dos empresários virtuais. Mais importante aqui
é a presença da atividade econômica visando o lucro.
DICA 170
TEORIA GERAL DA EMPRESA: ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS – OUTROS
AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO

Empresários rurais não registrados na junta comercial.


De acordo com o CC/02, o empresário rural que não se registrar na junta comercial, não
será considerado empresa, mas mero exercente de atividade civil. Vale lembrar que,
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
para qualquer atividade empresarial será obrigatória a inscrição do empresário no Registro
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade
(Art.967, CC/02). Em relação ao empresário rural, aplica-se o art.971 a seguir:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode,
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer
inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que,
depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a
registro.
NOVIDADE LEGISLATIVA!
Art.971, Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que
desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em que, com a
inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos. (Incluído pela Lei nº
14.193, de 2021)!!! Reler sempre que possível, chances de ser cobrado.
Nesse caso, se associação futebolística em caráter habitual e profissional optar pelo
registro empresarial, da mesma forma que o empresário rural, passará a ser considerada
empresa, para todos os efeitos.
DICA 171
TEORIA GERAL DA EMPRESA: ATIVIDADES ECONÔMICAS CIVIS – OUTROS
AGENTES ECONÔMICOS EXCLUÍDOS DO CONCEITO DE EMPRESÁRIO

Cooperativas:
Por fim, a terceira situação em que atividade econômica civil não será considerada
empresarial, conforme previsão expressa da lei:

Cooperativa nunca será considerada atividade empresária, ainda que tenha elemento
empresa.
Destaca-se: a cooperativa poderá obter lucro, mas esse não poderá ser o
principal fim da mesma. Ainda que a cooperativa se inscrevesse como empresa na Junta
comercial, nunca poderá ser considerada empresária. De acordo com a lei civil (artigo
muito cobrado em provas!):
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por
objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e,
simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
DICA 172
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil) versa, em
seus arts. 15 a 17, sobre a sociedade de advogados, dispondo que ela é uma “(...)
sociedade simples de prestação de serviço de advocacia (...)” submetida à
regulação específica prevista na referida lei.
Dessa forma, ainda que haja o elemento empresa (se pensarmos em grandes
escritórios de advocacia, que a pessoalidade do serviço se dilui, parecendo-se mais com
uma verdadeira empresa), a sociedade de advogados não é considerada como
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
sociedade empresarial, diante da especialidade do Estatuto da Advocacia e da Ordem
dos Advogados do Brasil. A sociedade de advogados é uma sociedade em nome coletivo,
em que seus sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.
A Lei 8.906/1994 atualmente permite a constituição de “sociedade unipessoal de
advocacia”, isto é, uma sociedade de advogados com apenas um sócio.
DICA 173
TEORIA GERAL DA EMPRESA: CAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DE EMPRESA
De acordo com o Código Civil, art. 972, podem exercer a atividade de empresário os que
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.
Não confundir o art.974, que trata da continuidade do exercício da atividade
empresarial por incapaz por meio de uma autorização judicial (isto é, a incapacidade foi
superveniente à constituição da empresa), com a situação em que o incapaz, com 16 anos
completos, preenche as condições para a sua emancipação em decorrência do
estabelecimento comercial em razão do qual tenha economia própria, prevista no art. 5º,
§ único, V do CC.
Destaca-se que, caso haja a autorização judicial para continuidade da atividade
empresarial pelo menor, o patrimônio anterior do mesmo ficará protegido do resultado da
empresa, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
Regra geral - art. 972, CC: só pode exercer empresa quem estiver em pleno gozo
da capacidade civil e não for legalmente impedido.

EXCEÇÃO - art. 974, CC: o incapaz pode ser autorizado a continuar empresa
individual quando:
a) a incapacidade for superveniente ou
b) houver titularidade adquirida por sucessão causa mortis.
DICA 174
TEORIA GERAL DA EMPRESA: IMPEDIMENTOS PARA O EXERCÍCIO DE EMPRESA
Apenas os capazes civilmente poderão exercer a empresa, salvo o incapaz autorizado
pelo Juiz excepcionalmente. Assim, os incapazes são, em regra, impedidos de
exercer empresa. Não se confunda o exercício de empresa, ou seja, de abrir uma
empresa como empresário individual ou ser sócio administrador de uma sociedade
empresarial, da própria condição de sócio, situação diversa.

São impedidos de exercer empresa:

Magistrados, de acordo com a LOMAN – LC 35/75;

Membros do Ministério Público – Lei 8.625/93;

Servidores públicos federais, nos termos da Lei 8.112/90;

Militares – Lei 6.880/80;

Pessoas condenadas pela pratica de determinados crimes – art. 1011, §1º, CC.

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DICA 175
SOCIEDADE ENTRE PESSOAS CASADAS
Impossibilidade de sociedade empresarial entre pessoas casadas no regime de
comunhão universal de bens ou no da separação obrigatória, conforme art.977, cc.
Importante: não havia proibição de sociedade empresarial na situação
supramencionada no antigo Código Civil. Assim, antes do CC/02 podia haver sociedade
empresarial constituída entre pessoas casadas no regime de comunhão de bens ou no da
separação absoluta.
Independente do regime de bens, o empresário casado pode, sem necessidade de
outorga conjugal, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-
los de ônus real.
DICA 176
NOME EMPRESARIAL
De acordo com art. 1.155, do CC/02, considera-se nome empresarial a firma ou
denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.

Firma – individual ou social, formada por um nome civil – do próprio empresário, no


caso de firma individual, ou de um ou mais sócios, no caso de firma social. O núcleo da
firma é, pois, sempre um nome civil (por exemplo, Miguel Reale ou M. Reale). Pode ser
indicado o ramo da atividade – ex: Miguel Reale Estofados.

Denominação – aqui utiliza-se um nome de fantasia e o objeto social. Deverá ser


utilizada por sociedades de capital, tais como as sociedades anônimas. Ex: União açúcares
S.A.
A maioria da doutrina ainda traz a hipótese de uso de firma ou denominação de forma
opcional pelas EIRELIS - empresas individuais de responsabilidade limitada. No entanto,
as EIRELIS foram extintas pela Lei 14.195/21, publicada em 26 de agosto de 2021, em
seu artigo 41.
Como as disposições do art.41 da Lei 14.195/21 são contrárias às disposições contidas no
CC/02 sobre as EIRELI, revogam-na tacitamente, extinguindo o tipo societário. As Eireli é
a sigla utilizada para a empresa individual de responsabilidade limitada, que era
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente
integralizado, que não podia ser inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País nos termos do art.980-A, do CC. Tal dispositivo foi revogado e não mais
existe a EIRELI.
DICA 177
NOME EMPRESARIAL

Nova modalidade de nome empresarial:


A Lei de ambiente de negócios, publicada em 26 de agosto de 2021, já em vigor, traz
significativas mudanças em diversos ramos do direito, especialmente no âmbito do
direito empresarial. Dentre as mudanças, insere um novo nome empresarial, com a
finalidade de facilitar a abertura de empresas no País.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Dessa forma, modificou a lei 8.934/94 (lei que dispõe sobre o Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades afins e dá outras providências), através da inserção do
art.35, nos seguintes termos:
Art. 35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de
inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido
da partícula identificadora do tipo societário ou jurídico, quando exigida por lei.
Assim, surge nova modalidade de nome empresarial que é a inscrição apenas do
CNPJ, seguindo da identificação do tipo societário conforme exigido em lei.

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DIREITO PENAL

DICA 178
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

Nullum crimen sine praevia lege (não há crime sem lei anterior que o defina)

Não há:

Crime sem lei anterior que o defina;


Pena sem prévia cominação legal.
A elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei;

Divisão do princípio da legalidade: reserva legal + anterioridade da lei penal.


DICA 179
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL

Somente lei em sentido estrito (formal) pode:


Definir condutas criminosas; e
Estabelecer sanções penais (penas e medidas de segurança).
Fique atento!

Não podem estabelecer condutas criminosas nem sanções:

Medidas Provisórias (MP);

Decretos;

Demais diplomas legislativos.


CUIDADO!

MP em matéria penal: pode, se favorável ao réu (STF).

Ex.: descriminalização de condutas.


DICA 180
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL

A lei deve ser anterior a prática do crime;

Culmina no princípio da irretroatividade da lei penal gravosa.


Fique atento!

Lei penal não retroage para prejudicar;

Lei penal retroage para beneficiar.

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DICA 181
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE DA LEI PENAL

Proibição da edição de lei:

Vagas,

Imprecisas.

Normas penais em branco (NPB)


São legais, pois respeitam o princípio da reserva legal;

Sua aplicação depende de outra norma.

Podem ser:

Homogêneas (sentido amplo): complementação por fonte homóloga (pelo mesmo


órgão que produziu a NPB);
Heterogêneas (sentido estrito): complementação por fonte heteróloga (por órgão
diverso daquele que produziu a NPB).

Proibido:

Analogia in malam partem (desfavor do réu);

É possível a interpretação extensiva, mesmo que prejudicial ao réu (STF).


DICA 182
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA

O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que
a sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado (caráter fragmentário).

Intervenção do DP fica
condicionada ao fracasso
Subsidiariedade
das demais esferas de
controle
Princípio da intervenção
mínima
Apenas tutela os bens
Fragmentariedade jurídicos mais relevantes

DICA 183
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE

Nilo Batista explica que o princípio da lesividade/ofensividade apresenta quatro


funções:

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1) "proibir a incriminação de uma atitude interna”

2) "proibir a incriminação de uma conduta que não


exceda o âmbito do próprio autor"
Princípio da lesividade
3) "proibir a incriminação de simples estados existenciais"

4) afastar a "incriminação de condutas desviadas que não


afetem qualquer bem jurídico"

"proibir a incriminação de uma atitude interna”: As ideias e convicções, os


desejos, aspirações e sentimentos dos homens não podem constituir o fundamento de um
tipo penal. Dessa forma, evidencia-se, mais uma vez, a radical separação entre direito e
moral que deve nortear o direito penal, ao impedir que o sujeito seja punido por
pensamentos e ideias, daí a exigência da exterioridade da ação para que haja uma
reprovação penal.
"proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio
autor", impedindo a punição e a criminalização de atos preparatórios.

"proibir a incriminação de simples estados existenciais", norteando o direito


penal do fato e eliminando-se a possibilidade da criação de um direito penal do autor.
por fim, o princípio da lesividade tem por objetivo afastar a "incriminação de
condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico".
DICA 184
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU BAGATELA

O direito penal não deve se ocupar de condutas insignificantes, incapazes de lesar ou


pelo menos colocar em perigo bem jurídico protegido pela lei penal.

Requisitos do princípio da insignificância:

mínima ofensividade da conduta do agente;


nenhuma periculosidade social da ação;

reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;


inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Memorize!

INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA


P. DA INSIGNIFICÂNCIA P. DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO

A situação nasce penalmente relevante. O


A situação já nasce atípica. O fato é atípico fato é típico do ponto de vista formal e
por atipicidade material material. Em virtude de circunstâncias
envolvendo o fato e o seu autor, constata-
se que a pena se tornou desnecessária.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

O agente tem que ser processado (a ação


penal deve ser iniciada) e somente após a
análise das peculiaridades do caso
O agente não deveria nem mesmo ser concreto, o juiz poderia reconhecer a
processado já que o fato é atípico desnecessidade da pena.

Não tem previsão legal no direito brasileiro Está previsto no artigo 59 do CP.

DICA 185
APLICAÇÃO DA LEI PENAL: PRINCÍPIOS APLICADOS

A aplicação da Lei Penal é regida por dois princípios, da legalidade e da


anterioridade, que estão expressos na Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXIX,
que diz “não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal”;

Isso significa que só será crime se a previsão em lei estiver sido criada antes do fato
praticado;

Outro princípio que rege a aplicação da lei penal é o princípio da irretroatividade da


lei penal, previsto no art. 5º, XL, da CF/88, segundo o qual “a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu”.

Quando a lei retroage, ela se aplica aos fatos praticados antes de sua criação.
DICA 186
LEI PENAL NO TEMPO

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Abolitio criminis: descriminalização da conduta – não necessariamente legaliza a


conduta. Ex.: adultério.

Efeito penal da sentença condenatória.

Principal Execução da pena


Efeito da sentença
penal condenatória Reincidência,
Secundário antecedentes
criminais, etc

Fique atento!
A abolitio criminis não cessa os efeitos extrapenais: art. 91, 91-A e 92 do CP - reparação
de dano, perda do mandato, perda do poder familiar, etc.

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DICA 187
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL

Art. 2º, Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.

Desdobramento do princípio da legalidade;

Cláusula pétrea, uma vez que também está previsto no art. 5º da CF/88;

Se houver o trânsito em julgado quem aplica a lei nova é o juízo da execução.

Entendimento jurisprudencial
STF/STJ: não é possível combinação de leis. Analisa-se a nova lei no todo, pois senão o
juiz estaria aplicando uma terceira lei que resultaria na junção de duas leis, atuando como
legislador positivo.
Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das
execuções a aplicação de lei mais benigna.
Súmula 471-STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos
antes da vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.

DICA 188
LEI EXCEPCIONAL E LEI TEMPORÁRIA

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou


cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.

→ Lei temporária: prazo determinado para sua vigência. Ex.: Lei Geral da Copa.

→ Lei excepcional: vigora enquanto perdurarem as situações de instabilidade


institucional.

Características: auto revogabilidade, ultratividade (aplica a lei mesmo depois da lei não
estiver mais em vigor)

Leis intermitentes são as leis temporárias ou excepcionais.


Fique atento!
Segundo Rogério Greco, extra-atividade é gênero do qual seriam espécies a ultra-
atividade e a retroatividade.

→ Ultratividade: ocorre quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os


fatos ocorridos durante a sua vigência.
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→ Retroatividade: possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de
regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor.
Memorize!

Ativas Retroatividade: retroage no


Aplicação da lei a fatos tempo para alcançar fatos
ocorridos durante sua vigência ocorridos antes de sua entrada
em vigor.
Leis penais

Extra-ativas (extra-atividade)
Aplicação da lei fora do seu
Ultra-atividade: quando a lei penal,
período de vigência
depois de revogada, avança no tempo
de modo a continuar a regular os fatos
ocorridos durante a vigência. Ex,: Leis
excepcionais, temporárias, crimes
continuados.

Ex.: Ultratividade: Leis Excepcionais ou Temporárias. Aplica-se a legislação do tempo


do cometer do fato delitivo, mesmo que não mais vigente.
Ex.: Ultratividade: Crimes Continuados (quando vários crimes são praticados em
continuidade delitiva – art. 71 do CP) ou permanentes (aquele que o momento
consumativa se prolonga no tempo – sequestro).
DICA 189
TEMPO E LUGAR DO CRIME

O TEMPO do crime será considerado no momento de sua ação ou omissão (teoria da


atividade);

O LUGAR do crime será considerado no momento da ação ou da omissão ou o lugar


onde o resultado aconteceu ou deveria ter acontecido (teoria da ubiquidade);

L Lugar

U Ubiquidade

T Tempo

A Atividade

Não se aplica a teoria da ubiquidade:

CPP: teoria do resultado (art. 70). Aplicado nas hipóteses de crimes plurilocais.
Abrangem lugares distintos, mas todos dentro do mesmo país.
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Crimes conexos: crimes conexos são crimes que estão relacionados entre si. Não
aceitam a ubiquidade uma vez que não constituem unidade jurídica.

Crimes plurilocais: teoria do resultado

Infrações penais de menor potencial ofensivo (juizado especial): teoria da


atividade

Crimes falimentares: local da decretação da falência.

Atos infracionais: teoria da atividade

Crimes contra a vida: teoria da atividade - deve preponderar a teoria da atividade,


devido à dificuldade em se realizar o júri.

Questão Exame da Ordem, 2020:


André, nascido em 21/11/2001, adquiriu de Francisco, em 18/11/2019, grande
quantidade de droga, com o fim de vendê-la aos convidados de seu aniversário, que seria
celebrado em 24/11/2019. Imediatamente após a compra, guardou a droga no armário de
seu quarto.
Em 23/11/2019, a partir de uma denúncia anônima e munidos do respectivo mandado de
busca e apreensão deferido judicialmente, policiais compareceram à residência de André,
onde encontraram e apreenderam a droga que era por ele armazenada. De imediato, a
mãe de André entrou em contato com o advogado da família.
Considerando apenas as informações expostas, na Delegacia, o advogado de André deverá
esclarecer à família que André, penalmente, será considerado
(a) inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de
tráfico, em razão de sua menoridade quando da aquisição da droga, com base na Teoria
da Atividade adotada pelo Código Penal para definir o momento do crime.
(b) inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de
tráfico, tendo em vista que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o
momento do crime.
(c) imputável, podendo responder pelo delito de tráfico de drogas, mesmo adotando o
Código Penal a Teoria da Atividade para definir o momento do crime.
(d) imputável, podendo responder pelo delito de associação para o tráfico, que tem
natureza permanente, tendo em vista que o Código Penal adota a Teoria do Resultado
para definir o momento do crime.
Resposta: Letra C
Comentário: Para resolver a questão, faz-se necessário se atentar em alguns dados:

Nascimento de André: 21/11/2001

Maioridade de André: 21/11/2019

Data que André adquiriu a droga: 18/11/2019 - menor inimputável

Data que André mantinha a droga em depósito: até 23/11/2019

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
O delito de tráfico de drogas está elencado no art. 33, caput, da Lei 11.343/06 e assim
dispõe:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar (...)
O delito de tráfico de drogas é um crime que se protrai no tempo, sendo considerado um
crime permanente. Diante disso, afasta-se a teoria da atividade, adotada pelo CP, pois o
crime continua em atividade até que seja encerrado. Logo, no momento em que os
policiais compareceram à residência do autor, onde encontraram e apreenderam a droga
que era por ele armazenada, no dia 23/11/2019 – André já era maior de idade e, por isso,
imputável.
Fique atento, pois nem todos os núcleos do tipo são considerados permanentes, a
exemplo da conduta de adquirir (doutrina entende que seria crime formal).

DICA 190
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO

Em regra, a lei penal brasileira se aplica aos fatos praticados no território nacional;

Excepcionalmente, pode se aplicar a fatos praticados fora do país, são os casos de


extraterritorialidade;

A extraterritorialidade pode ser incondicionada, quando a lei brasileira de aplica em


qualquer hipótese, até mesmo se o agente já tiver sido condenado ou absolvido no
exterior, ou condicionada quando depender de alguns requisitos;

As aeronaves ou embarcações do GOVERNO brasileiro são consideradas extensão


do BRASIL, ou seja, se aplica o princípio da territorialidade.
DICA 191
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

Crime contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

Princípio de proteção / real / da defesa: aplica-se a lei penal brasileira aos crimes
praticados no exterior quando o bem jurídico violado for brasileiro. O que importa nesse
caso é a função pública exercida pelo Presidente.

Crime contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,


de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
ou fundação instituída pelo Poder Público;

Princípio de proteção / real / da defesa

Crime contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

Princípio de proteção / real / da defesa

Crime de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

Princípio da Justiça Universal ou cosmopolita

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

Crimes contra a vida P. de proteção / real


ou a liberdade do PR / da defesa

Crimes contra ao
patrimônio ou a fé P. de proteção / real
Extraterritorialidade pública da adm / da defesa
incondicionada direta e indireta

Crimes contra a adm


P. de proteção / real
pública - por quem
/ da defesa
está a seu serviço

O agente é punido segundo


a lei brasileira, ainda que Crimes de genocídio,
absolvido ou condenado no P. da Justiça
quando o agente for
estrangeiro. Universal ou
brasileiro ou
cosmopolita
domiciliado no Brasil

DICA 192
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

Crimes ocorridos fora do Brasil e que o Brasil irá pretender aplicar a sua lei penal
brasileira desde que estejam implementadas algumas condições previstas no art. 7º, II do
CP.
a) Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir:

Princípio da justiça universal / cosmopolita / jurisdição mundial.


b) Crimes praticados por brasileiro:

Princípio da nacionalidade ativa: é importante a aplicação da lei, pois o brasileiro nato


não pode ser extraditado.
c) Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados:

Quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

Princípio da bandeira / pavilhão / representação / subsidiário / substituição.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

Crimes que, por


P. justiça universal /
tratado ou
cosmopolita /
convenção, o Brasil
jurisdição mundial
se obrigou a reprimir

Crimes praticados P. Princípio da


Extraterritorialidade por brasileiro nacionalidade ativa:
condicionada

Crimes praticados em
aeronaves ou
P. da bandeira /
embarcações
pavilhão /
brasileiras, mercantes
representação /
ou de propriedade
subsidiário /
privada, quando em
substituição
território estrangeiro e
aí não sejam julgados

DICA 193
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA: CONDIÇÕES CUMULATIVAS

Nos casos de extraterritorialidade condicionada, a aplicação da lei brasileira depende do


concurso das seguintes condições (cumulativas):

Entrar o agente no território nacional;

Ser o fato punível também no país em que foi praticado;

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;

Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta
a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

Questão Exame da Ordem, 2021.


Paulo e Júlia viajaram para Portugal, em novembro de 2019, em comemoração ao
aniversário de um ano de casamento. Na cidade de Lisboa, dentro do quarto do hotel, por
ciúmes da esposa que teria olhado para terceira pessoa durante o jantar, Paulo veio a
agredi-la, causando-lhe lesões leves reconhecidas no laudo próprio. Com a intervenção de
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
funcionários do hotel que ouviram os gritos da vítima, Paulo acabou encaminhado para
Delegacia, sendo liberado mediante o pagamento de fiança e autorizado seu retorno ao
Brasil.
Paulo, na semana seguinte, retornou para o Brasil, sem que houvesse qualquer ação penal
em seu desfavor em Portugal, enquanto Júlia permaneceu em Lisboa. Ciente de que o fato
já era do conhecimento das autoridades brasileiras e preocupado com sua situação
jurídica no país, Paulo procura você, na condição de advogado(a), para obter sua
orientação.
Considerando apenas as informações narradas, você, como advogado(a), deve esclarecer
que a lei brasileira
(a) não poderá ser aplicada, tendo em vista que houve prisão em flagrante em Portugal e
em razão da vedação do bis in idem.
(b) poderá ser aplicada diante do retorno de Paulo ao Brasil, independentemente do
retorno de Júlia e de sua manifestação de vontade sobre o interesse de ver o autor
responsabilizado criminalmente.
(c) poderá ser aplicada, desde que Júlia retorne ao país e ofereça representação no prazo
decadencial de seis meses.
(d) poderá ser aplicada, ainda que Paulo venha a ser denunciado e absolvido pela justiça
de Portugal.
Resposta: Letra B
Comentário: De início, destaca-se que a questão narra um crime de violência doméstica
e familiar praticar por Paulo contra sua mulher Júlia. O fato ocorreu durante um passeio
do casal na cidade de Lisboa, Portugal.
Segundo consta, a vítima, em razão das agressões do marido, sofreu lesões corporais
leves (artigo 129, § 9º, do Código Penal). A propósito, a conduta praticada constitui-se
em crime de ação penal pública incondicionada, conforme entendimento adotado pelo
Supremo Tribunal Federal (ADI 4424 DF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (súmula
542).
Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de
violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
Ademais, por se tratar de hipótese de extraterritorialidade condicionada (crime praticado
por brasileiro – art. 7º, §2º, CP), um dos requisitos para a instauração de processo
criminal no Brasil seria o retorno de Paulo ao país. Vale dizer, a manifestação de Júlia é
desnecessária, uma vez que se trata de violência doméstica e familiar contra a mulher
(crime de ação pública incondicionada).

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DICA 194
EXTRATERRITORIALIDADE

MNÊMONICO – “PAG A BET”

INCONDICIONADA

P Presidente

A Administração

G Genocídio

CONDICIONADA

B Brasileiro

E Embarcação ou Aeronave privada

T Tratado ou Convenção

DICA 195
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

A pena cumprida no estrangeiro influencia na condenação brasileira pelo mesmo crime


da seguinte forma:

Quando as penas são diversas, atenua a pena imposta no Brasil;

Quando são idênticas nela é computada;


DICA 196
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas


consequências, pode ser homologada (STJ) no Brasil para:
a) Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos
civis

Depende de requerimento da parte interessada


b) Sujeitá-lo a medida de segurança

Não pode homologar a sentença estrangeira para imposição de pena.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
MS: inimputabilidade por doença mental – (i) internação ou (ii) tratamento
ambulatorial.

Depende de tratado de extradição com o país que emanou a sentença OU requisição do


Ministro da Justiça.
DICA 197
CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS

RECLUSÃO

CRIMES

DETENÇÃO
INFRAÇÕES
PENAIS

CONTRAVENÇÕES
PRISÃO SIMPLES
("crime anão")

CRIME CONTRAVENÇÃO

PENA MÁXIMA 40 anos 5 anos

PENA reclusão ou detenção prisão simples

NÃO PODE ser aplicada PODE ser aplicada


MULTA
isoladamente isoladamente

TENTATIVA Cabe NÃO cabe

Todas APENAS pública


AÇÃO PENAL
incondicionada

DICA BÔNUS
CRIME

Infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção;


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Previsto no código penal e legislação extravagante;
Penal de multa não pode ser aplicada isoladamente;

É possível a tentativa;
Todos os tipos de ação penal.

CONTRAVENÇÃO:
Infração penal a que a lei comina pena de prisão simples;

Lei das Contravenções Penais (Dec-Lei nº 3.688/41);


Penal de multa pode ser aplicada isoladamente;
Não cabe tentativa;

Somente ação penal pública incondicionada.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
PROCESSO PENAL

DICA 198
GARANTIAS DO INVESTIGADO NO INQUÉRITO POLICIAL - COMUNICAÇÃO DA
PRISÃO
De acordo com o art. 5º, inciso LXII, da Constituição de 1988 [...] "a prisão de qualquer
pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada".
O referido inciso define que a prisão deverá ser publicizada, no sentido de se tornar
pública ao juiz competente e à família do preso, ou à pessoa por ele indicada.
Trata-se de um direito de extrema relevância para o Estado Democrático de Direito.
DICA 199
DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL - DIREITO AO
SILÊNCIO
Segundo o artigo 5º, inciso LXIII, da Constituição de 1988 [...] "o preso será informado de
seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado".
Verifica-se que o referido dispositivo constitucional consagra o direito fundamental ao
silêncio, uma das implicações do princípio nemo tenetur detegere, segundo o qual
ninguém será obrigado a produzir provas contra si, modalidade da autodefesa
passiva.
DICA 200
DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO PENAL - IDENTIFICAÇÃO
DOS RESPONSÁVEIS PELA PRISÃO
Um dos direitos constitucionais garantidos ao preso, considerado inclusive uma garantia
fundamental, é o de ter a identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial. Veja só, na íntegra:
Artigo 5º, inciso LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão ou por seu interrogatório policial;
Assim, quando da sua prisão, é seu direito saber quem o prendeu ou quem o interrogou e,
inclusive, a não observância desse direito no primeiro caso, pode ensejar ao
relaxamento da prisão, ao passo que no segundo, na nulidade do procedimento.
Resumindo:
Fui preso? Tenho direito de ser informado sobre quem me prendeu ou interrogou.
DICA 201
DA INCOMUNICABILIDADE

Conceito: era a possibilidade de que o preso no IP não tivesse contato com terceiros,
em favor da eficiência da investigação.

Requisitos:

Ordem judicial motivada;

Prazo de 3 dias;
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Acesso do advogado.

Filtro constitucional: com o advento do art. 136, § 3º, IV, CF que inadmite a
incomunicabilidade mesmo no Estado de Defesa, conclui-se que o art. 21 do CPP não foi
recepcionado (interpretação lógica).
DICA 202
DO INQUÉRITO POLICIAL - CONCEITO DO INQUÉRITO POLICIAL

Conceito: O inquérito consiste num conjunto de diligências visando elucidar os fatos,


as fontes de prova. Além disso, possui caráter preparatório, pois através dele a polícia
investigativa possibilita que o titular da ação penal (ex.: Ministério Público) possa
ingressar com a Ação Penal.

Natureza do inquérito: O inquérito policial possui a natureza de um procedimento


administrativo, preparatório, presidido pela autoridade policial (delegado de polícia).
NÃO é um processo ou procedimento judicial!

Condução do inquérito: Vejam o art. 2º §1º da Lei 12.830/2013, que prevê que cabe
ao delegado de polícia a condução do inquérito policial, o que reforça a sua natureza
administrativa, e não jurisdicional.
DICA 203
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

Procedimento ESCRITO As peças do inquérito devem ser reduzidas a escrito.


(art. 9º, CPP)

O inquérito é dispensável à propositura da Ação Penal.


Procedimento
O MP dispensará o inquérito se com a representação
DISPENSÁVEL (art. 39,
forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a
§5, CPP)
ação penal.

Uma vez instaurado, a autoridade policial NÃO pode


mandar arquivar os autos do inquérito policial.
Procedimento
INDISPONÍVEL O delegado pode até concluir que o fato apurado não é
crime, mas não pode arquivar o inquérito.
(art. 17, CPP)
Quem o faz é o Ministério Público, titular da ação penal,
observando o procedimento do art. 28 do CPP.

A autoridade deve assegurar o SIGILO no inquérito,


Procedimento SIGILOSO necessário à elucidação do fato.
(art. 20)
Imaginem se cair no conhecimento popular que um
determinado chefe do tráfico está sendo objeto de uma

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

interceptação telefônica. A medida ficaria sem efeito,


correto? É por isso que o inquérito é um procedimento
SIGILOSO.

DICA 204
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: PROCEDIMENTO INQUISITIVO
No inquérito policial há concentração de poder em autoridade única. Logo, há o
afastamento do contraditório e da ampla defesa. (NESTOR TÁVORA)
Fique atento!
A título de conhecimento, ressalte-se que é possível que o inquérito tenha contraditório e
ampla defesa. Havendo desejo político, é possível a regulação de inquéritos com
contraditório e ampla defesa, a exemplo do inquérito para a expulsão do estrangeiro
regulado na Lei de Migração (Art. 58, Lei 13.445/2017).
DICA 205
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: PROCEDIMENTO DISCRICIONÁRIO
O Delegado preside a investigação da forma que entender mais estratégico, adequando o
Inquérito Policial a realidade do crime apurado.
Tome nota!

Os arts. 6º e 7º do CPP, de forma não exaustiva, apontam diligências que podem ou


devem ser cumpridas, para melhor aparelhar o Inquérito Policial.

As diligências requeridas pela vítima ou pelo suspeito podem ser negadas, salvo
o exame de corpo de delito quando a infração deixar vestígios (arts. 14, 158 e 184 do
CPP).
DICA 206
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: PROCEDIMENTO SIGILOSO
Cabe ao delegado de polícia velar pelo sigilo em favor da eficiência da investigação (art.
20, CPP).

Princípio da presunção de inocência:


Informações do Inquérito Policial não serão apontadas na certidão de antecedentes
criminais.
DICA 207
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: PROCEDIMENTO ESCRITO
Prevalece a forma documental, sendo que os atos orais serão reduzidos a termo (art.
9º, CPP).

O delegado deve rubricar todas as laudas do Inquérito Policial.

As novas ferramentas tecnológicas podem ser empregadas na documentação, o que


envolve captação de som e imagem, assim como a estenotipia (técnica de resumo de
palavras por símbolos).

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
DICA 208
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: PROCEDIMENTO INDISPONÍVEL
O delegado NUNCA poderá arquivar o inquérito policial.
Toda investigação iniciada deve ser concluída e encaminhada a autoridade competente.

Memorize!

JAMAIS poderá arquivar o inquérito


Delegado
policial

DICA 209
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: PROCEDIMENTO DISPENSÁVEL
A deflagração do processo independe da prévia elaboração do Inquérito Policial
(posição majoritária)
Fique atento! Inquérito indispensável (posição minoritária).
Para Henrique Hoffmann, em posição minoritária, o inquérito é indispensável para a
deflagração do processo; afinal, é possível que o inquérito seja a fonte de fornecimento de
justa causa para o ajuizamento da ação penal.
DICA 210
CONTRADITÓRIO DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL

O contraditório é um dos princípios bases do processo penal, expressamente


consagrado na Constituição Federal. Contudo, o inquérito policial é um procedimento
sigiloso. Então, como fazer para conciliar essas duas previsões?
Regra geral, não há contraditório pleno no âmbito do inquérito policial. Trata-se de
um procedimento de característica inquisitorial, em que o contraditório e a estrutura
dialética, típica da ampla defesa e dos processos judiciais, não é observada.
O Estatuto da OAB prevê que é direito do advogado examinar, mesmo sem
procuração, os autos do inquérito policial (art. 7º, inciso XIV, Estatuto da OAB).
A forma que a jurisprudência encontrou de compatibilizar isso é permitindo ao advogado o
amplo acesso aos elementos de prova que já tiverem sido documentadas no inquérito
policial. As diligências ainda em curso não serão permitidas o acesso ao advogado.
É isso o que quer dizer a Súmula Vinculante n. 14: “é direito do defensor, no interesse
do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
DICA 211
INQUÉRITO POLICIAL CONTRA POLICIAIS PELO USO DAS FORÇAS LETAIS
Inovação importante trazida pelo Pacote Anticrime!
Em regra geral, não se observa o contraditório pleno e efetivo no inquérito policial, dada a
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sua estrutura inquisitorial e sigilosa. Mas os advogados possuem acesso às diligências que
já tiverem sido documentadas, conforme súmula vinculante n. 14.
Uma novidade trazida pelo Pacote Anticrime e que de certa forma excepciona essa
restrição ao contraditório no âmbito do inquérito policial está prevista no art. 14-A do
CPP.
No caso em que os policiais forem investigados por algum fato relacionado ao uso da
força letal (ex.: arma de fogo), praticados no exercício profissional. O policial investigado
deverá ser citado sobre a instauração do inquérito, podendo constituir defensor no
prazo de 48 horas, contados do recebimento da citação.
Se o prazo de 48 horas acabar sem que o policial tenha constituído advogado, deverá ser
intimado a instituição a que estava vinculado na época dos fatos para que, no
prazo de 48 horas, indique algum defensor para a representação do investigado.
A previsão de citação do investigado acerca da instauração do inquérito é uma novidade, e
que só existe nos crimes em que os policiais forem investigados pelo uso das forças letais.
É uma novidade que de certa forma “fortalece” o contraditório, mesmo em sede de
investigação criminal!
DICA 212
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL
Não deixe de fazer a redação LITERAL do art. 155 do CPP!!

FORÇA PROBATÓRIA DO INQUÉRITO POLICIAL (ARTIGO 155, CPP)

São colhidos no inquérito policial, Sozinhas, NÃO podem


ELEMENTOS DE
sem a observância do embasar a
INFORMAÇÃO
contraditório. condenação.

São aquelas produzidas sob o São elas que servem


contraditório judicial, durante a para embasar a
PROVAS instrução criminal. condenação.

FORÇA PROBATÓRIA DO INQUÉRITO POLICIAL (ARTIGO 155, CPP)

ELEMENTOS São elementos que, embora São eles:


MIGRATÓRIOS colhidos durante o inquérito policial,
podem servir para embasar a 1) provas
condenação. cautelares;
2) provas não
repetíveis;
3) provas
antecipadas.

DICA 213
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL

Somente será considerado prova no âmbito do processo penal aquela submetida ao


contraditório judicial, ou seja, aquela colhida durante a instrução processual penal (fase
processual), em que seja dada oportunidade para a parte acusada se manifestar
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
previamente, participando ativamente da sua colheita.
No âmbito do inquérito policial, isso não ocorre. O Inquérito Policial é um
procedimento sigiloso, em que NÃO se observa o contraditório prévio. A parte
investigada não participa das investigações, não participa da colheita da prova.
Quando o juiz for analisar se condena ou não o acusado, ele deverá observar as PROVAS
produzidas em contraditório judicial. Ele NÃO poderá, como regra, fundamentar a sua
condenação exclusivamente nos elementos informativos colhidos durante a investigação.
Na verdade, esses elementos colhidos pela entidade responsável, durante o inquérito
policial, tecnicamente sequer são chamados de provas, mas sim ELEMENTOS DE
INFORMAÇÃO. Isso porque tais elementos não se prestam como provas, mas sim como
elemento para que o Ministério Público faça a acusação, bem como para direcionar os
rumos da instrução criminal, na fase processual.
Certo? Espero que sim! Mas, existem algumas exceções… Isso porque muitas vezes os
elementos de informação colhidos na delegacia NÃO poderão ser repetidos durante a
instrução criminal, seja porque às vezes os vestígios desaparecem, ou ainda porque a
testemunha que prestou o depoimento morreu, etc.
É por isso que a lei ressalva as provas cautelares, não repetíveis e as antecipadas.
Essas provas cautelares, não repetíveis e antecipadas são chamadas de elementos
migratórios. Recebem esse nome porque, embora colhidas durante o inquérito policial,
elas podem, sozinhas, embasar a condenação do juiz.
Prova irrepetível, por exemplo, é aquela que simplesmente desapareceu, como a
constatação da embriaguez, a constatação dos hematomas de uma mulher agredida, etc.
Já Prova cautelar são aquelas pautadas pela necessidade e urgência, como o caso de
uma interceptação telefônica. Não há como o juiz repetir essa prova, concordam?
DICA 214
DURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Importante!!!!
A duração do inquérito variará de acordo com o réu estar preso ou não. Além disso, há
uma regra específica na Lei de Drogas que é importante vocês saberem!
Duração do inquérito para réu preso
Primeiramente, em se tratando de réu preso, o CPP prevê o prazo de 10 dias, contados
do dia em que se executar a ordem de prisão.
Porém, o Pacote Anticrime passou a prever a possibilidade de o juiz prorrogar o
inquérito em se tratando de réu preso, por uma única vez, por mais 15 dias. Se, após
essa prorrogação, ainda não houver concluído as investigações, a prisão deverá ser
imediatamente relaxada.
Portanto, para RÉU PRESO = 10 dias, prorrogáveis por mais 15 dias.
Duração do inquérito para réu solto:
Além disso, em se tratando de réu solto, a duração do inquérito é de 30 dias, podendo
haver sucessivas prorrogações na hipótese de o caso ser de difícil elucidação (na prática,
quase todo inquérito com réu solto extrapola esse prazo).
Duração do inquérito na lei de drogas:
Há uma outra regra específica na Lei de Drogas que é importante você memorize.
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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Em se tratando de inquérito para apurar os crimes previstos na lei de drogas
(exemplo: tráfico de entorpecentes), a duração do inquérito é de 30 dias para o réu
preso, e de 90 dias para o réu solto, podendo, em ambos os casos, ser duplicados pelo
juiz (ver artigo 51 da Lei de Drogas).
DICA 215
DURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

PRAZO DE RÉU PRESO RÉU SOLTO


CONCLUSÃO

Regra do CPP Prazo de 10 dias, contados da data em Prazo de 30


que se executar a ordem de prisão (art. 10, dias, podendo ser
CPP) prorrogado.
O pacote anticrime passou a prever a
possibilidade de prorrogação, por uma
única vez, por mais 15 dias. (art. 3º-B,
CPP)

Lei de Drogas 30 dias (podendo ser duplicado) 90 dias


(podendo ser
duplicado)

ATENÇÃO!

Para complementar os estudos, vale a leitura do art. 155 do CPP!!


Para complementar as informações dessa dica, FAÇAM A LEITURA LITERAL de
três artigos:
artigo 10 do CPP;
art. 3º-B, §2º, do CPP;
art. 51 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006).

DICA 216
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL (ART. 5º, CPP)


Possibilidade de
Espécie de crimes Observação
instaurar
De ofício, pelo delegado A peça inaugural do inquérito será
Nos crimes de ação uma portaria.
penal pública
Mediante requerimento Se o requerimento de instauração
INCONDICIONADA
do ofendido for indeferido, cabe recurso ao
Chefe de Polícia.
Ver artigo 5º, CPP
Por requisição da Prevalece que a autoridade

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autoridade judiciária e do judiciária requisitar a instauração


Ministério Público de inquérito policial ofende o
Sistema Acusatório.
Notícia de qualquer É o que chamamos de delatio
pessoa do povo criminis. Na prática, exercida
através do B.O.

DICA 217

NOTITIA CRIMINIS, DELATIO CRIMINIS E DENÚNCIA ANÔNIMA


Notitia criminis: é o conhecimento, por parte da autoridade policial, acerca de um
crime. A partir dela, o delegado dá início à investigação, apurando a sua verdadeira
ocorrência bem como descobrindo a sua autoria. Pode ser espontâneo (ex: delegado ao
andar na rua vê a prática de um crime) ou provocado (ex.: B.O., requisição do MP, etc)

Delatio criminis: é uma espécie de notitia criminis. Quando qualquer pessoa do


povo (e não a vítima/ofendido) comunica um fato criminoso à autoridade policial.

Denúncia anônima: esse ponto é importante. A denúncia anônima é um importante


instrumento no combate à criminalidade. Porém, a CF veda expressamente o anonimato
(art. 5º, inciso IV).

É por isso que, diante de uma denúncia anônima, a autoridade policial não pode, de
pronto, instaurar um inquérito policial.

Pelo contrário, deverá verificar a procedência e a veracidade das informações veiculadas


pela denúncia anônima, através de um procedimento chamado de Verificação da
Procedência das Informações (VPI), previsto no art. 5º, §3º do CPP.

Portanto, a denúncia anônima, por si só, NÃO serve para fundamentar a instauração de
inquérito policial. Mas, a partir dela, pode a polícia realizar diligências preliminares para
apurar a veracidade das informações obtidas anonimamente e, a partir disso, instaurar o
inquérito.

Questão Exame de Ordem, 2018.


Após receber denúncia anônima, por meio de disque-denúncia, de grave crime de estupro
com resultado morte que teria sido praticado por Lauro, 19 anos, na semana pretérita, a
autoridade policial, de imediato, instaura inquérito policial para apurar a suposta prática
delitiva. Lauro é chamado à Delegacia e apresenta sua identidade recém-obtida; em
seguida, é realizada sua identificação criminal, com colheita de digitais e fotografias.
Em que pese não ter sido encontrado o cadáver até aquele momento das investigações, a
autoridade policial, para resguardar a prova, pretende colher material sanguíneo do
indiciado Lauro para fins de futuro confronto, além de desejar realizar, com base nas
declarações de uma testemunha presencial localizada, uma reprodução simulada dos
fatos; no entanto, Lauro se recusa tanto a participar da reprodução simulada quanto a
permitir a colheita de seu material sanguíneo. É, ainda, realizado o reconhecimento de
Lauro por uma testemunha após ser-lhe mostrada a fotografia dele, sem que fossem
colocadas imagens de outros indivíduos com características semelhantes.
Ao ser informado sobre os fatos, na defesa do interesse de seu cliente, o(a) advogado(a)
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de Lauro, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar que
(a) o inquérito policial não poderia ser instaurado, de imediato, com base em denúncia
anônima isoladamente, sendo exigida a realização de diligências preliminares para
confirmar as informações iniciais.
(b) o indiciado não poderá ser obrigado a fornecer seu material sanguíneo para a
autoridade policial, ainda que seja possível constrangê-lo a participar da reprodução
simulada dos fatos, independentemente de sua vontade.
(c) o vício do inquérito policial, no que tange ao reconhecimento de pessoa, invalida a
ação penal como um todo, ainda que baseada em outros elementos informativos, e não
somente no ato viciado.
(d) a autoridade policial, como regra, deverá identificar criminalmente o indiciado, ainda
que civilmente identificado, por meio de processo datiloscópico, mas não poderia fazê-lo
por fotografias.
Resposta: Letra A
Comentário: No caso em análise, tem-se que o inquérito policial não poderia ser
instaurado, de imediato, com base em denúncia anônima isoladamente. Na realidade,
seria necessário a realização de diligências preliminares para confirmar as informações
iniciais. Por isso, a alternativa “A” é o gabarito da questão.

DICA 218
REQUISIÇÕES DE INFORMAÇÕES (ARTS. 13-A E 13-B)

REQUISIÇÕES DOS ARTS. 13-A E 13-B

1. Possibilidade do MP e delegado requisitar


REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES
dados e informações cadastrais de órgãos
(art. 13-A)
públicos ou empresas privadas.

2. INDEPENDE de autorização judicial

1) Sequestro e cárcere privado; 2) Redução à


condição análoga à de escravo; 3) Tráfico de
pessoas; 4) Extorsão; 5) Extorsão mediante
sequestro; 6) Envio de criança ao exterior.

Qual o prazo para atendimento? 24 horas.

1. Possibilidade do MP e delegado requisitar


meios técnicos necessários que permitam a
localização da vítima às empresas de
telecomunicação.

2. PRECISA de autorização judicial, mas se o


REQUISIÇÃO DE MEIOS
juiz não se manifestar em 12 horas, a
TÉCNICOS ADEQUADOS
autoridade pode requisitar diretamente, com
(ART. 13-B)
imediata comunicação ao juiz.

3. Previsto apenas para o crime de tráfico de


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pessoas

4. Prazo máximo da diligência: 30 dias,


renovável por igual período

5. Nesses casos, o inquérito policial deve ser


instaurado em 72 horas, contado do registro da
ocorrência.

DICA 219
INDICIAMENTO

Indiciar significa atribuir a autoria de uma infração penal a uma pessoa. Significa que o
delegado de polícia está afirmando que aquela pessoa é o principal suspeito, o provável
autor daquele crime.
Nos termos do art. 2º, §6º da Lei 12.830/2013, o indiciamento é ato privativo do
Delegado de Polícia, e se dá por ato formal e fundamentado da autoridade policial.
Vejam, portanto, que NÃO cabe ao juiz e nem ao Ministério Público indiciar ninguém,
mas tão somente o delegado!!
DICA BÔNUS
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
O pacote anticrime trouxe significativa alterações no que diz respeito à forma de
arquivamento do inquérito policial, com as modificações no art. 28 do CPP.
Por força do caráter indisponível do inquérito, a autoridade policial não pode mandar
arquivar os autos do inquérito. Além disso, o arquivamento também NÃO pode ser
determinado de ofício pelo juiz.
Na verdade, incumbe exclusivamente ao MP avaliar se os elementos de informação
colhidos são ou não suficientes para o oferecimento da denúncia.
O Pacote Anticrime implementou uma mudança na forma de arquivamento do inquérito
policial, implementando o que se chama de arquivamento no âmbito do Ministério
Público.
Agora, caso o MP entenda que é caso de arquivamento do inquérito, deverá realizar a
comunicação à vítima, ao investigado e à autoridade policial. Ainda, deverá
encaminhar os autos para a instância de Revisão Ministerial, para fins de
HOMOLOGAÇÃO.
PRESTEM BEM ATENÇÃO: quem homologa o arquivamento do inquérito é um
“órgão superior” do próprio Ministério Público, chamado de instância de Revisão
Ministerial.
Antes do pacote anticrime, o MP pedia o arquivamento do inquérito ao juiz, que deveria
homologar o arquivamento. No entanto, caso o juiz discordasse do MP e entendesse que
NÃO seria caso de arquivamento, deveria remeter os autos ao Procurador Geral de Justiça.
Veja, portanto, a novidade: agora o arquivamento não passa pelo crivo do juiz. O juiz
não decide mais se vai ou não arquivar. Se o MP entender que é caso de arquivamento,
faz as comunicações e submete à instância de Revisão Ministerial.

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Portanto: se o MP entender que é caso de arquivamento, ele submete à homologação da
instância de Revisão Ministerial. NÃO É MAIS O JUIZ que homologa o arquivamento!!!
Por fim, se a vítima não concordar com o arquivamento do inquérito, poderá recorrer, no
prazo de 30 DIAS, submetendo a matéria à revisão de instância no âmbito do Ministério
Público.

ATENÇÃO!

Por conta da concessão de liminar na ADI 6305/DF, pelo Ministro Luiz Fux, está
suspensa “sine die” a alteração constante da lei nº 13.964/2019, no que tange o
procedimento de arquivamento de inquérito policial. Portanto, até o momento,
prevalece a redação anterior desse artigo, ou seja, MP pede arquivamento e
encaminha para o Magistrado, tendo esse a competência de deferir ou não!

Note que aqui, é extremamente importante ter conhecimento a respeito da redação


anterior (ainda vigente) e a suspensão da redação nova, haja vista que a FGV
(OAB) pode cobrar do candidato esse assunto, exigindo que esse tenha conhecimento a
respeito da ADI 6305/DF.

Questão Exame de Ordem, 2021.


Após concluído inquérito policial para apurar a prática do crime de homicídio em desfavor
de Jonas, o Ministério Público requereu o seu arquivamento por falta de justa causa, pois
não conseguiu identificar o(s) autor(es) do delito, o que restou devidamente homologado
pelo juiz competente. Um mês após o arquivamento do inquérito policial, uma
testemunha, que não havia sido anteriormente identificada, compareceu à delegacia de
polícia alegando possuir informações quanto ao autor do homicídio de Jonas.
A família de Jonas, ao tomar conhecimento dos fatos, procura você, como advogado(a) da
família, para esclarecimentos. Diante da notícia de existência de novas provas aptas a
identificar o autor do crime, você deverá esclarecer aos familiares da vítima que o órgão
ministerial
(a) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento não
faz coisa julgada material independentemente de seu fundamento.
(b) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento
é imutável na presente hipótese.
(c) não poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois se trata de mera notícia,
inexistindo efetivamente qualquer prova nova quanto à autoria do delito.
(d) poderá promover o desarquivamento do inquérito, pois a decisão de arquivamento fez
apenas coisa julgada formal no caso concreto.
Resposta: Letra D
Comentário: CPP, art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Súmula 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Fique atento!
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Coisa julgada Formal, arquivar inquérito por:

Ausência de provas;

Ausência de pressuposto processuais;

Falta de justa causa;


Coisa julgada Material, arquivado por:

Certeza da atipicidade do fato;

Certeza da extinção da punibilidade;

Excludente de culpabilidade ou ilicitude (há divergência);

DICA BÔNUS
TERMO CIRCUNSTANCIADO
No âmbito dos Juizados Especiais Criminais, NÃO se exige a instauração de inquéritos
policiais. O inquérito é substituído por um procedimento mais simples e mais célere,
chamado de Termo Circunstanciado.
Portanto, o procedimento para investigar crimes de menor potencial ofensivo (pena
máxima menor do que 2 anos) é o Termo Circunstanciado.
Nos termos do art. 69 da Lei 9.099/95, “a autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com
o autor do fato e a vítima”.

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DIREITO DO TRABALHO

DICA 220
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO
É uma das fontes autônomas do Direito do Trabalho, o sindicato que representa os
empregados negocia com o sindicato que representa os empregadores. Logo, de uma
forma mais resumida, a Convenção Coletiva de Trabalho é uma forma de solução de
conflitos entre categorias profissional e econômica.
Como isto pode cair na minha prova?

QUESTÃO SIMULADA:
O sindicato dos bancários faz uma negociação com o sindicato dos banqueiros. Logo,
estamos diante de uma Convenção Coletiva de Trabalho, que é uma:
a) Jurisprudência
b) Fonte heterônoma
c) Fonte autônoma
d) Sentença normativa
Resposta: Letra C

DICA 221
PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO

Constante no art. 764 da CLT, este princípio visa evitar o litigio. Havendo, portanto,
sucesso na conciliação, dali nascerá um termo de conciliação, que posteriormente será
lavrado. E é importante que você saiba que A Lei 9.958/2000 normatiza a existência das
chamadas Comissões de Conciliação Prévia, que tem como base este princípio. Um
ponto de extrema importância também é necessário, na conciliação, que as partes
estejam representadas por advogados diferentes. Veja o que a CLT diz sobre isto:
“Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição
conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por advogado.
§ 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
§ 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de sua
categoria.”
E não esqueça: Ao ser concluída a conciliação, esta vai se tornar irrecorrível, exceto em
casos onde há prestações devidas à Previdência Social, conforme traz o artigo 831 da CLT.
DICA 222
OIT – ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

Existem algumas informações de suma importância sobre a OIT: Ela tem


personalidade própria e independente, fazendo parte da Organização das Nações
Unidas como órgão especializado, com sua autonomia administrativa, financeira e de

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decisão. De uma forma mais resumida e simplificada: Ela é uma pessoa jurídica de
direito público internacional e de caráter permanente.
É entidade paraestatal? Não, pois não tem características de entidade supraestatal.
Importante: é necessário que você saiba que a OIT realiza suas atividades por
intermédio de 3 órgãos, que são:

Conferência Internacional do Trabalho.

Conselho de Administração.

Repartição (ou Oficina) Internacional do Trabalho.


DICA 223
ACORDO COLETIVO DE TRABALHO
É o acordo pactuado entre uma ou mais empresas e o sindicato representativo
dos trabalhadores daquela base territorial. Aplica-se tão somente às empresas
signatárias e aos seus respectivos empregados (art. 611, § 1º da CLT). Vamos ver um
pequeno exemplo a seguir:

O sindicato dos empregados da categoria X do Estado Alfa realizam negociações


fervorosas com empresa ZZZ, que também fica no Estado Alfa. A negociação feita é o
Acordo Coletivo de Trabalho, que valerá apenas para os empregados daquela empresa,
que fica no Estado Alfa.
As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre terão prevalência sobre
as estipuladas em convenção coletiva de trabalho, conforme traz o artigo 620 da CLT. Fique
atento a isto.
DICA 224
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO
Sendo o trabalhador (empregado) a parte mais hipossuficiente da relação trabalhista, há
na CLT previsões que visam dar a proteção ao empregado, seguindo, por exemplo, a
mesma ideia do CDC, que visa proteger o consumidor, parte mais hipossuficiente da
relação consumerista. Quer um exemplo da aplicação deste princípio? O fato de o depósito
recursal ser obrigatório apenas para o reclamado.

ATENÇÃO!

A Reforma Trabalhista trouxe uma certa flexibilização deste princípio, como pode
ser visto, por exemplo, extinção do contrato de trabalho por meio do chamado
comum acordo entre as partes (art. 484-A, CLT). Outro exemplo é a prevalência
do negociado sobre o legislado, ou seja, a negociação coletiva tem prevalência em
algumas situações sobre a lei. Você pode ver isto no art. 611 A da CLT.

Atenção: A FGV já cobrou isto em uma recente questão discursiva. Veja:

Questão Exame de Ordem XXX, 2019.


Letícia trabalhava como operadora de empilhadeira e ganhava R$ 1.500,00 (um mil e
quinhentos reais) mensais, valor previsto na convenção coletiva de sua categoria.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Ocorre que na unidade da Federação na qual Letícia trabalhava foi fixado piso regional
estadual de R$ 1.700,00 (um mil e setecentos reais) para a função de operador de
empilhadeira.
Em razão disso, após ter trabalhado o ano de 2018 e ser dispensada sem justa causa,
Letícia ajuizou reclamação trabalhista postulando a diferença salarial entre aquilo que
ela recebia mensalmente e o piso regional estadual.
Considerando a situação posta, os termos da CLT e o entendimento consolidado do
TST, responda às indagações a seguir.
a) Em relação ao pedido de diferença salarial, como advogado(a) do ex-empregador,
que tese jurídica você apresentaria? Justifique.
Resposta: Uma das teses que o examinando poderia trazer é justamente que o
negociado prevalece sobre o legislado, conforme o Art. 611-A, inciso IX, da CLT.
Comentário: Mas o que diz este artigo?
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência
sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado,
e remuneração por desempenho individual.

DICA 225
TRABALHO VOLUNTÁRIO
O trabalho voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação trabalhista ou
previdenciária entre as partes nele envolvidas. Logo, não a de se falar na aplicação da CLT
neste trabalho. E mais: Por mais que não gere vínculo laboral, o trabalhador voluntário
pode ser ressarcido pelas despesas que realizar no desempenho das atividades
voluntárias, desde que comprove tais despesas e que elas estejam autorizadas de forma
expressa pela entidade a que for prestado este serviço voluntário. Você encontrará esta
disposição no artigo 3º da Lei n. 9.608/98.
A lei acima citada ainda traz um formalismo para o trabalho voluntário, requerendo
celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do
serviço, devendo neste termo haver o objeto e as condições do trabalho.
DICA 226
RELAÇÃO DE EMPREGO
Os sujeitos da relação de emprego são o empregado e o empregador.

São elementos da relação de emprego:

Pessoalidade;

Não eventualidade (ou continuidade);

Subordinação; e

Onerosidade (ou remuneração).


Veja como a banca FGV cobrou isto em uma prova de concurso:

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Questão simulada, 2017.


Para que alguém seja considerado empregado na forma prevista na CLT, NÃO é
necessário o seguinte requisito:
a) exclusividade;
b) subordinação;
c) pessoalidade;
d) onerosidade;
e) não eventualidade.
Resposta: Letra A
Comentário: A questão deseja o requisito que não é necessário na relação, que no
caso é a exclusividade.

DICA 227
TRABALHO AUTÔNOMO
Aqui, não temos a subordinação, ou seja, o trabalhador autônomo labora com
independência, sem prestar contas a um empregador. Para deixar mais fácil o
entendimento: O autônomo é uma pessoa física que exerce, de forma habitual, uma
atividade profissional devidamente remunerada. A independência e a habitualidade são,
portanto, as notas características deste tipo de trabalho.

Independência + habitualidade + inexistência de subordinação = Trabalhador autônomo

Os trabalhadores autônomos mais conhecidos são os profissionais liberais, como por


exemplo os médicos, dentistas, advogados entre outros. Há também profissionais
técnicos, como por exemplo desenhistas, tradutores entre outros. E por fim há os
trabalhadores que, mesmo não tendo um diploma de nível superior ou técnico, fazem o
seu trabalho com a devida autonomia, como por exemplo os pedreiros.
DICA 228
TRABALHO AVULSO
No trabalho avulso, temos o trabalho prestado de forma esporádica, por pouco
tempo e a vários tomadores (sendo é vedada a contratação direta do trabalhador pelo
tomador dos serviços), sem que se tenha a fixação a qualquer um deles. Mas atente-se ao
seguinte fato: O trabalho avulso é feito de forma necessária por intermédio de alguma
entidade específica, o que faz com que a relação também seja necessariamente triangular,
envolvendo o fornecedor de mão de obra (entidade intermediária), o trabalhador avulso e
o tomador do serviço.

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fornecedor de mão de obra (entidade intermediária)

trabalhador Tomador do
avulso serviço

DICA 229
ESTAGIÁRIO
O estágio é normatizado pela Lei 11.788/2008, sendo classificado da seguinte forma: “ato
educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à
preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino
regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio,
da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
da educação de jovens e adultos” (art. 1º).

Sendo assim, o estágio não cria qualquer vínculo de cunho empregatício, mas é
necessário que sejam preenchidos os seguintes requisitos:

matrícula e frequência regular do estudante na escola;

celebração de um termo de compromisso;

interveniência da instituição de ensino;

compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas nos


termos de compromisso.
Estudantes estrangeiros podem ser estagiários aqui no Brasil? Sim, estes
estudantes estrangeiros devem estar matriculados de forma regular em cursos superiores
no Brasil, autorizados ou reconhecidos, sempre sendo observado o prazo de vigência do
visto temporário de estudante do estrangeiro.

Sobre a jornada do estagiário:

4 horas diárias e 20 horas semanais: Esta jornada se aplica no caso de estudantes


de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
de educação de jovens e adultos (EJA);

6 horas diárias e 30 horas semanais: Esta jornada se aplica no caso de estudantes


do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular;

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40 horas semanais: Esta jornada se aplica no caso de estudantes de cursos que
alternem teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais,
desde que exista uma previsão neste campo no projeto pedagógico do curso e da
instituição de ensino em que estuda.

DICA 230
EMPREGADO DOMÉSTICO
Regulados pela Lei Complementar n. 150/2015, segundo a qual é empregado doméstico
“aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e
de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por
mais de 2 (dois) dias por semana”. E mais: É proibida a contratação da pessoa menor de
18 anos para desempenho de trabalho doméstico conforme traz o artigo 1º, parágrafo
único da Lei Complementar n. 150/2015.

ATENÇÃO!

O empregador doméstico NÃO pode ser pessoa jurídica, mas somente pode ser pessoa
física.

Eu tenho uma dúvida: O zelador pode ser considerado como empregado doméstico?
Não. A Lei 2.757/1956 excluiu porteiros, faxineiros, zeladores e serventes de prédios de
apartamentos residenciais desta classificação, todavia desde que laborem a serviço da
administração do edifício, das regras específicas do trabalho doméstico, e por isto são
considerados como trabalhadores urbanos, sendo aplicáveis a eles todos os direitos que
estão descritos no art. 7º da CF/88.
DICA 231
EMPREGADO RURAL
Empregado rural é o trabalhador que labora, em uma propriedade rural ou prédio
rústico, de forma contínua e mediante o pagamento de remuneração, conforme
pode ser devidamente constatado no art. 2º da Lei n. 5.889/73. Lembrando sempre que
os direitos do trabalhador rural são iguais aos do trabalhador urbano, segundo a CF/88.

São requisitos para que o trabalhador seja considerado rural:

Que o trabalho seja desenvolvido para empregador rural;

Que o trabalho seja desenvolvido em propriedade rural ou prédio rústico.


DICA 232
AERONAUTAS E AEROVIÁRIOS

Apesar de serem regidos por uma legislação própria, é necessário que você saiba que
limitações temporais imposta pela legislação, que são:

Tripulação mínima ou simples: 11 horas (máximo de 10 horas o tempo de voo);

Tripulação composta: 14 horas (máximo de 12 o tempo de voo);

Tripulação de revezamento: 20 horas (máximo de 17 horas o tempo de voo).

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Dica: voo noturno = voo feito entre o pôr do sol e o nascer do sol.
Importante: O exercício da profissão de aeronauta um exercício laboral privativo de
brasileiros, mas há as exceções previstas no Código Brasileiro de Aeronáutica.
DICA 233
PRONTIDÃO
O conceito de prontidão muitas vezes acaba por passar batido na hora dos estudos. A
prontidão nada mais é que o tempo em que o empregado fica nas dependências do
local de trabalho, aguardando ordens. Está previsão pode ser vista no artigo 244,
parágrafo 3º da CLT.
Ah, e não esqueça: A remuneração do período de prontidão é de 2/3 do salário-hora
normal e a escala de prontidão será de, 12 horas, no máximo.
Cuidado: Não confunda prontidão com sobreaviso. Na prontidão, temos a situação do
empregado permanece nas dependências do seu local de trabalho, esperando ordens. Já
no sobreaviso o empregado fica na sua residência, entretanto fica esperando a qualquer
tempo o chamado para o serviço, conforme o disposto no art. 244, § 2º da CLT.
DICA 234
EMPREGADO “HIPERSUFICIENTE”

Você já ouviu falar no empregado “hipersuficiente”? Isso mesmo. A nossa


legislação trouxe recentemente esta figura, mais precisamente no artigo 444 da CLT. Mas
quem é este empregado? O empregado hipersuficiente é o que é portador de diploma
de curso superior e perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o
limite dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Note que é preciso que
haja os dois requisitos:

Portador de diploma de curso superior + que perceba salário mensal igual ou


superior a duas vezes o limite dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social
= Empregado hipersuficiente.

Veja como a banca pode cobrar isto:

Questão simulada:
Suzano é empregado da empresa Abobrinha S. A, e tem diploma de curso superior na
área de contabilidade. Além disto, Suzano também recebe um salário superior a duas
vezes o limite dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Ele deseja
acordar diretamente com seu empregador sobre o banco de horas anual. Mas antes,
ele procura você, um famoso advogado, para saber sobre o assunto. Você esclarece
que:
a) Não é possível, pois todo trabalhador é hipossuficiente, pelo disposto no art. 444
da CLT
b) Não é possível, pois todo trabalhador da área da contabilidade é hipossuficiente,
conforme disposto no artigo 444 da CLT
c) É possível, pois o trabalhador com nível superior (diploma) e que perceba salário
mensal igual ou superior a duas vezes o limite dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social é hipersuficiente e pode negociar diretamente com o empregador

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sobre as hipóteses previstas no art. 611-A da CLT
d) É possível, pois a Reforma Trabalhista aboliu a hipossuficiência da figura de todo
empregado, inclusive do trabalhador com nível superior (diploma) e que perceba
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite dos benefícios do Regime Geral
de Previdência Social é hipersuficiente e pode negociar diretamente com o
empregador sobre as hipóteses previstas no art. 611-A da CLT
Resposta: Letra C
Comentário: Cuidado com a letra D. A Reforma não aboliu a hipossuficiência de todos
os empregados.

DICA 235
CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO

É a exceção à regra, pois a regra é que o contrato seja por tempo indeterminado.
Logo, o contrato por prazo determinado só pode ser devidamente pactuado de forma
excepcional, sendo válido apenas nas hipóteses seguintes:
a) serviços cuja natureza ou transitoriedade justifiquem a predeterminação de
prazo, ou seja, as atividades a serem desenvolvidas pelo empregado devem ser
transitórias em relação à atividade preponderante do empregador;
b) atividades empresariais de cunho transitório (exemplo: grupos de teatro).
c) contrato de experiência.
Sobre o contrato por experiência: Sobre a prorrogação do contrato de experiência, é
necessário que você saiba que o TST já tem posicionamento. Veja:

SÚMULA 188 do TST

O contrato de experiência pode ser prorrogado, respeitado o limite máximo de 90


(noventa) dias.

DICA 236
CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE
É o tipo de contrato aonde há a prestação de serviços, com a devida subordinação, não
contínua, havendo ainda a alternância de períodos de prestação de serviços e de
inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
atividade do empregado e do empregador (art. 443, § 3º, CLT).
A propósito: Os períodos de inatividade não são considerados tempo à disposição
do empregador, podendo o trabalhador prestar serviços a outros contratantes, conforme
traz o art. 452-A, § 5º da CLT.
Importante: Não se aplicam as regras do contrato de trabalho intermitente aos
aeronautas, regidos por legislação própria.
Certo, mas como funciona a questão da resposta do empregado intermitente?

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Ao receber a devida convocação, o empregado terá o prazo de 24 horas para
responder ao chamado, e assim ocorrer uma das três possibilidades a seguir:

O empregado não responder à convocação, ficando em silêncio, o que presume a


recusa;

O empregado recusar a oferta, o que não tira a subordinação para fins do contrato de
trabalho intermitente;

O empregado aceitar a oferta, laborando nos serviços demandados pelo empregador


para o período.
DICA 237
NULIDADES DO CONTRATO DE TRABALHO

Ocorre em três casos: Quando o trabalho for proibido, quando o contrato de


trabalho tiver um objeto ilícito e quando Administração Pública, quer seja direta ou
indireta, contratar empregados sem aprovação prévia em concurso público, como
exige o art. 37, II, da CF/88.
E mais: No caso do trabalho proibido, a nulidade terá um efeito ex nunc, não
retroagindo. Já no caso do objeto ilícito, a nulidade terá um efeito ex tunc, retroagindo o
contrato desde sua origem.
E qual a diferença do trabalho proibido para o trabalho com objeto? Um exemplo
de trabalho proibido é o que emprega pessoas menores de forma irregular. Já no caso do
trabalho com objeto ilícito, temos como exemplo a pessoa que trabalha com jogo do
bicho. Veja a OJ seguinte:

OJ 199 do TST

“É nulo o contrato de trabalho celebrado para o desempenho de atividade inerente à


prática do jogo do bicho, ante a ilicitude de seu objeto, o que subtrai o requisito de
validade para a formação do ato jurídico.”

DICA 238
JORNADA DE TRABALHO
Jornada é uma medida de tempo aonde está incluído o tempo diário de trabalho do
empregado. Lembrando sempre que não são considerados como tempo à disposição do
empregador os momentos em que o empregado, por sua escolha própria, busque
proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas,
bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades
particulares como por exemplo práticas religiosas, lazer, estudo, descanso, momentos de
alimentação , atividades de relacionamento social, higiene pessoal e troca de roupa ou
uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Você
pode ler tudo isto lá no art. 4º, § 2º da CLT.

Ex.: Sua prova pode trazer uma situação aonde o empregado, de livre e espontânea
vontade, realize todas as terças um culto ecumênico nas dependências do trabalho,
durando tais cultos uma hora. Essa hora do culto não pode ser computada como tempo à
disposição do empregador.

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A propósito, a seguinte súmula é muito importante para quem vai fazer o Exame da OAB.
Veja:

SÚMULA 429 do TST

“Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo


necessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de
trabalho, desde que supere o limite de 10 (dez) minutos diários”.

Logo, para que você memorize melhor:

Jornada de trabalho normal (art. 7º, XIII, da Constituição Federal).

Não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais.

Pode haver a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de


trabalho.

DICA 239
JORNADAS ESPECIAIS DE TRABALHO – BANCÁRIO
Algumas categorias possuem jornadas de trabalho especiais. Uma destas categorias é
a dos bancários. O artigo 224 da CLT afirma que a jornada de trabalho destes profissionais
(empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal) será de 6 (seis)
horas contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados. Logo, totalizando 30 horas
de trabalho por semana. Em outras palavras: Os bancários obtiveram a redução de
jornada para seis horas, ante oito horas dos demais trabalhadores.
Sendo assim, o período de desenvolvimento da jornada do bancário é das 7h às 22h,
de 2ª a 6ª feiras. E atenção: Como o assunto é sobre bancários, um tema já trabalhado
em uma prova da OAB é referente à equiparação dos trabalhadores de lotéricas à
categoria dos bancários. E o TRT da 4ª Região já se posicionou no sentido de não
equiparação, ou seja, o empregado de casa lotérica não estaria equiparado ao bancário,
mesmo que lide em seu trabalho com dinheiro. A não equiparação também não enseja o
pagamento de adicional de periculosidade. O assunto foi tema da segunda fase do Exame
de OAB, em uma contestação aonde o espelho do gabarito mostrava que o reclamante
não tinha direito à equiparação com a categoria dos bancários, tendo como base o artigo
511 da CLT.

Sábado = dia útil não trabalhado

Súmula 113 do TST

“O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado. Não
cabe repercussão do pagamento de horas extras habituais em sua remuneração.”

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Intervalo intrajornada = 15 minutos

Veja como a banca já cobrou este assunto:

Questão Exame de Ordem XXVI, 2018.


Jorge era caixa bancário e trabalhava para o Banco Múltiplo S/A. Recebia salário fixo de
R$ 4.000,00 mensais. Além disso, recebia comissão de 3% sobre cada seguro de carro,
vida e previdência oferecido e aceito pelos clientes do Banco, o que fazia
concomitantemente com suas atividades de caixa, computando-se o desempenho para
suas metas e da agência. Os produtos em referência não eram do banco, mas, sim, da
Seguradora Múltiplo S/A, empresa do mesmo grupo econômico do empregador de
Jorge.
Diante disso, observando o entendimento jurisprudencial consolidado do TST, bem
como as disposições da CLT, assinale a afirmativa correta.
a) Os valores recebidos a título de comissão não devem integrar a remuneração de
Jorge, por se tratar de liberalidade.
b) Os valores recebidos a título de comissão não devem integrar a remuneração de
Jorge, porque relacionados a produtos de terceiros.
c) Os valores recebidos a título de comissão devem integrar a remuneração de Jorge.
d) Os valores recebidos a título de comissão não devem integrar a remuneração de
Jorge, uma vez que ocorreram dentro do horário normal de trabalho, para o qual Jorge
já é remunerado pelo banco.
Resposta: Letra C
Comentário: Neste caso, devemos observar o disposto na Súmula 93 do TST: “Integra
a remuneração do bancário a vantagem pecuniária por ele auferida na colocação ou na
venda de papéis ou valores mobiliários de empresas pertencentes ao mesmo grupo
econômico, se exercida essa atividade no horário e no local de trabalho e com o
consentimento, tácito ou expresso, do banco empregador.”

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PROCESSO DO TRABALHO

DICA 240
IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS

O artigo 893, § 1º traz esta disposição, dizendo que são incabíveis recursos de
decisões proferidas no decurso do processo, devendo a parte prejudicada esperar
que seja devidamente proferida a decisão final para somente aí dela recorrer. Este artigo
afirma o seguinte:
“Art. 893, § 1º Os incidentes do processo serão resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal,
admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em
recursos da decisão definitiva.”
Em outras palavras: Se faz necessário que haja uma decisão definitiva para que assim se
interponha um recurso, não cabendo interposição de recursos diante de uma decisão
interlocutória.
Mas cuidado, o TST entende que a decisão pode ser impugnada de forma imediata
quando esta afrontar súmula ou orientação jurisprudencial do TST. Vejamos a
seguir:

SÚMULA 214 DO TST

Decisão interlocutória - Irrecorribilidade. Na Justiça do Trabalho, nos termos do art.


893, § 1°, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso de imediato, salvo
nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial
do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o
disposto no art. 799, § 2. °, da CLT.

DICA 241
PREPOSTO
O preposto é uma pessoa que irá representar outrem na audiência, e ele não precisa
ser empregado do empregador, necessitando ter conhecimento dos fatos ali
trabalhados. É preciso também que o preposto apresente uma carta devidamente
assinada pelo representante legal da reclamada ou pelo empregador pessoa física.
Em outras palavras: O preposto não precisa ser empregado, mas precisa ter uma carta
assinada pelo que ele vai representar e também conhecer o caso ali tratado.
Sobre a não necessidade do preposto ser empregado: O TST já se posicionou neste ponto.
Tal determinação acaba por deixar a Sumula 377 do TST desatualizada.

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DICA 242
PRINCÍPIO DA ORALIDADE
Um dos principais princípios ligados à audiência, sendo assim de suma importância. O
princípio da oralidade pode ser visto no artigo 847 da CLT, por exemplo. Mas atenção:

Este princípio encontra-se em variados momentos processuais. Vejamos a seguir:

PRINCÍPIO DA ORALIDADE Defesa do reclamado- verbal-


Deve ser apresentada em
audiência, em até 20 minutos

PRINCÍPIO DA ORALIDADE Razões finais- verbal- até 10


minutos para cada parte

PRINCÍPIO DA ORALIDADE Petição inicial- verbal- distribuição e


posterior redução a termo

DICA 243
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
Faz parte da organização da Justiça do Trabalho. O TST (Tribunal Superior do Trabalho),
tem 27 ministros, a sua nomeação é feita pelo Presidente da República e necessário
que haja a devida aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, por meio de
uma sabatina. Esses ministros devem ter mais de 35 e menos de 65 anos.

Órgãos que funcionam junto ao TST:

Escola Nacional de
Formação e Conselho Superior da
Aperfeiçoamento de Justiça do Trabalho
Magistrados do Trabalho

ATENÇÃO!

Destes 27 Ministros, um quinto das vagas será reservado aos membros da


Advocacia e do Ministério Público, o que é o “quinto constitucional”. E importante:
No TST são julgados: Recurso de revista, Recurso Ordinário e embargos ao TST.

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DICA 244
TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO
Também faz parte da Justiça do Trabalho, deve ter no mínimo de 7 juízes, estes juízes
devem ser nomeados, devendo ainda estes possuir mais de 30 anos e menos de 65
anos. Assim como os ministros do TST, a sua nomeação deverá ser feita pelo
Presidente da República e por fim, não há necessidade de sabatina para a
aprovação, diferente neste ponto dos Ministros do TST.
Há TRT em todos os Estado brasileiros? Não, não há TRT no Tocantins, Amapá, Acre e
Roraima. E há dois em São Paulo.
DICA 245
JUÍZES DO TRABALHO
O juiz do trabalho deve ser aprovado em concurso de provas e títulos, ingressando
como juiz substituto, designado pelo Presidente do TRT para auxiliar ou substituir nas
Varas do Trabalho. Passados 2 anos no exercício, ele irá tornar-se vitalício no cargo.
Art. 112 da CF/88: a Lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não
abrangidas por sua jurisdição, atribuí-La aos juízes de direito, com recurso para o
respectivo Tribunal Regional do Trabalho".
Ótimo, mas o que acontece nas comarcas onde não tiver juiz do trabalho? Nas
comarcas onde não houver juiz do trabalho, por Lei, os Juízes de Direito poderão ser
investidos da jurisdição trabalhista. Das sentenças que proferirem caberá recurso
ordinário para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho (art. 112 da CF/1988 e art. 668
da CLT).
E como surge uma nova vara trabalhista? Há requisitos? Há o requisito da
frequência de reclamações trabalhistas em cada órgão já existente exceda, seguidamente,
a 1.500 reclamações trabalhistas por ano.
DICA 246
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL
Faz parte das competências da Justiça do Trabalho. Apenas o juiz poderá fazê-lo.
Lembrando sempre que o juiz poderá indeferir a homologação, caso veja nela alguma
nulidade ou irregularidade. Ocorrendo isto, volta a correr o prazo prescricional que foi
suspenso, tendo em mente o ajuizamento da ação.
"Art. 652, CLT. Compete às Varas do Trabalho: (...) f) decidir quanto à homologação de
acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça do Trabalho."
O juiz indeferiu a homologação do meu acordo trabalhista extrajudicial. Cabe interposição
de algum recurso? Sim, cabe interposição de recurso ordinário.
DICA 247
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO
Seu papel é exercer, na forma normatizada da Lei, a vigilância de cunho
administrativo, orçamentário, patrimonial e financeiro da Justiça do Trabalho, tanto
de primeiro quanto de segundo grau, como órgão central do sistema, tendo suas
deliberações efeito vinculante.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
São seus valores a ética; acessibilidade; agilidade; eficiência; transparência; inovação;
valorização das pessoas; sustentabilidade; efetividade; comprometimento; segurança
jurídica; respeito à diversidade; imparcialidade; responsabilização.
Como este órgão foi criado? O Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) foi
criado pela Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004, com o
acréscimo do art. 111-A da CF/88.
DICA 248
PARTES E PROCURADORES
No Processo do Trabalho o autor é denominado de reclamante e o réu, reclamado. É
importante que você se acostume com estas nomenclaturas.
E mais: No Processo do Trabalho, é necessário haver a capacidade das partes. Esta
capacidade ocorre aos 18 anos (art. 792 da CLT), e quando a parte não tem esta idade,
tem que estar em juízo com a assistência ou representação.

O reclamado poderá enviar para representa-lo pelo gerente ou preposto. Ah, é


importante que você saiba que advogado não pode, no mesmo processo, ser patrono e
preposto do empregador ou cliente.
Lembrando: O art. 7°, XXXIII da CF/88 veda o trabalho noturno, perigoso e
insalubre aos menores de 18 anos e de qualquer trabalho aos menores de 16 anos,
exceto na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.
DICA 249
PRERROGATIVAS DO MPT

Lembrando sempre que o Ministério Público tem autonomia e independência da


instituição. Além disso, são princípios do MP a unidade, a indivisibilidade e a
independência funcional, princípios estes normatizados no art. 127, § 1° da CF/88.
Logo, é assunto muito letra de lei. Segundo o art. art. 18 da LC 75/1993, são
prerrogativas deste ente:

Institucionais:
a) sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes singulares ou
presidentes dos órgãos judiciários perante os quais oficiem;
b) usar vestes talares;
e) ter ingresso e trânsitos livres, em razão de serviço, em qualquer recinto público ou
privado, respeitada a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio;
d) a prioridade em qualquer serviço de transporte ou comunicação, público ou privado, no
território nacional, quando em serviço de caráter urgente;
e) o porte de arma, independentemente de autorização;
f) carteira de identidade especial, de acordo com modelo aprovado pelo Procurador-Geral
da República e por ele expedida, nela se consignando as prerrogativas constantes do
inciso I, alíneas 'c', 'd' e 'e' do inciso II, alíneas 'd', 'e' e 'f', deste artigo;

Processuais:

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
a) do Procurador-Geral da República, ser processado e julgado, nos crimes comuns, pelo
Supremo Tribunal Federal e pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade;
b) do membro do Ministério Público da União que oficie perante tribunais, ser processado
e julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelo Superior Tribunal de Justiça;
e) do membro do Ministério Público da União que oficie perante juízos de primeira
instância, ser processado e julgado, nos crimes comuns e de responsabilidade, pelos
Tribunais Regionais Federais, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
d) ser preso ou detido somente por ordem escrita do tribunal competente ou em razão de
flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata comunicação
àquele tribunal e ao Procurador-Geral da República, sob pena de responsabilidade;
e) ser recolhido à prisão especial ou à sala especial de Estado-Maior, com direito à
privacidade e à disposição do tribunal competente para o julgamento, quando sujeito a
prisão antes da decisão final; e a dependência separada no estabelecimento em que tiver
de ser cumprida a pena;
f) não ser indiciado em inquérito policial, observado o disposto no parágrafo único deste
artigo;
g) ser ouvido, como testemunhas, em dia, hora e Local previamente ajustados com o
magistrado ou a autoridade competente;
h) receber intimação pessoalmente nos autos em qualquer processo e grau de jurisdição
nos feitos em que tiver que oficiar.
Parágrafo único. Quando, no curso de investigação, houver indício de prática de infração
penal por membro do Ministério Público da União, a autoridade policial, civil ou militar,
remeterá imediatamente os autos ao Procurador-Geral da República, que designará
membro do Ministério Público para prosseguimento da apuração do fato".
DICA 250
VEDAÇÕES AOS AGENTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Os membros do Ministério Público possuem algumas vedações que são elencadas no


art. 128, § 5°, II, da CF/88. No que tange ao Ministério Público da União, as proibições
são impostas, também, pelo art. 237 da Lei Complementar 75/1993. De acordo com a
Constituição Federal, em seu já citado dispositivo, constituem-se proibições aos agentes
do Ministério Público:
Art. 128. (...)
§ 5° (...)

as seguintes vedações:
a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou
custas processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de
magistério;

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
e) exercer atividade político-partidária;
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.
Importante: Lembre-se que o Ministério Público do Trabalho (MPT) integra o
Ministério Público da União (MPU), possuindo todas as garantias e prerrogativas e estando
submetido às vedações que disciplinam a instituição Ministério Público. Em outras
palavras: O Ministério Público da União alcança o Ministério Público Federal, o Ministério
Público Militar, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios.

FAZEM PARTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO:

o Procurador-Geral do Trabalho

o Colégio de Procuradores do Trabalho

o Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho

a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público do Trabalho

a Corregedoria do Ministério Público do Trabalho

os Procuradores Regionais do Trabalho

os Subprocuradores--Gerais do Trabalho

os Procuradores do Trabalho.

DICA 251
COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA

As Comissões de Conciliação Prévia foram criadas em 2000, inserindo artigos 625-A a


625-H na CLT, visando estimular a cultura da conciliação antes do ajuizamento das
ações trabalhistas, evitando o ajuizamento de ações que podem ter suas demandas
resolvidas de forma amistosa pela conciliação. Lembrando que neste assunto, estamos
tratando da esfera extrajudicial.

No caso da Comissão de Conciliação Prévia (CCP), criada no campo empresarial, é


preciso haja no mínimo 2 e no máximo de 10 membros para cada polo (trabalhadores
e empregadores). E mais: O mandato será de 01 ano dos representantes, sendo
permitida uma recondução. Por fim, mas não menos importante: O título que nasce
desta conciliação é o título executivo extrajudicial. Logo, este título poderá ser executado
diretamente diante da Justiça do Trabalho, caso haja descumprimento.
Veja como uma banca diferente cobrou recentemente este assunto:

QUESTÃO, 2020.
As comissões de conciliação prévia:
a) podem solucionar conflitos individuais e coletivos de trabalho por meio da
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arbitragem.
b) podem solucionar conflitos individuais de trabalho por meio da arbitragem.
c) podem solucionar conflitos coletivos de trabalho por meio da arbitragem.
d) podem solucionar conflitos individuais de trabalho por meio da arbitragem, desde
que empregado e empregador estejam de acordo.
e) não podem solucionar conflitos de trabalho por meio da arbitragem.
Resposta: Letra E

Veja este importante apontamento do doutrinador Élisson Miessa:


"[...] a comissão não tem atribuição para resolver conflitos coletivos, que serão
solucionados por mediação, arbitragem, acordo ou convenção coletiva, ou ainda por
dissídio coletivo." Élisson Miessa. Curso de Direito Processual do Trabalho, 2021, p. 150
DICA 252
INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público do Trabalho pode sim intervir, como um fiscal da lei, tendo assim
uma função importante nas sessões realizadas nos Tribunais Regionais do Trabalho e
Tribunal Superior do Trabalho, como também produzindo os pareceres, desde que haja o
interesse público evidente na situação.
Uma informação importante para quem estuda este assunto é que o instrumento de
atuação judicial do Ministério Público do Trabalho de maior importância é a ação
civil pública, usada na proteção dos interesses metaindividuais no campo trabalhista.
Veja: Não é que as outros instrumentos não são importantes, mas a Ação Civil
Pública é a mais comum e que na hora do estudo não pode ser deixada de lado. Há
também outras formas de participação do MPT, como por exemplo a ação rescisória, o
dissídio coletivo de greve, a ação anulatória de cláusula convencional, o mandado de
segurança (remédio constitucional a ser melhor trabalhado em dicas posteriores) entre
outros.
DICA 253
AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A ação civil pública é um instrumento jurídico e processual normatizado na CF/88 para a


defesa judicial dos interesses ou interesses ou direito difusos, coletivos e individuais
homogêneos. Até mesmo o CDC traz esta disposição da Ação Civil Pública.

QUESTÃO, 2021.
Considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal
Federal, julgue o item quanto aos reflexos processuais da natureza jurídica dos
conselhos profissionais.
Os conselhos profissionais ostentam legitimidade ampla e irrestrita para a propositura
de ação civil pública.
Resposta: Errado

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Veja: O erro da assertiva está na expressão “ampla e irrestrita”. É preciso que o
conselho tenha a chamada pertinência temática, logo tal legitimidade tem sim restrição: A
pertinência temática.

Ex.: O conselho profissional dos farmacêuticos não pode ingressar com a Ação civil
pública em um assunto que seja da categoria dos engenheiros.
DICA 254
DESPACHOS

Os despachos (também chamados de atos ordinatórios ou de impulso oficial) são atos


de movimentação do processo e como não tem forma nem tampouco trazem
qualquer prejuízo às partes, não poderão ser impugnados via recurso, nos termos
do art. 1.001 do CPC.
Em outras palavras, são pronunciamentos feitos pelo juiz no decorrer do processo, de
ofício ou a requerimento da parte. Basicamente, nos despachos, o objetivo não é dar
uma solução o processo em si, mas é determinar medidas necessárias para o
julgamento da ação em curso. Em suma, são movimentações administrativas, como
por exemplo, designação de audiência.
DICA 255
INFORMATIZANDO O PROCESSO
A prática eletrônica de atos processuais será feita por meio do Sistema Processo
Judicial Eletrônico (PJe) instalado na Justiça do Trabalho nos termos da Lei nº
11.419/06, arts. 193 a 199, do CPC e da Resolução 185/2017 do Conselho Superior da
Justiça.
A ideia é facilitar a vida de todos e evitar o acúmulo de processos físicos. Aqui cabe até
mesmo a questão da pandemia: Visando evitar aglomerações em fóruns e varas, atrás de
processos físicos, os processos eletrônicos auxiliam nesta questão do isolamento social.

Posto isto, nos termos do art. 1°, § 2°, da Lei 11.419/2006, considera-se:
a) Meio Eletrônico;
b) Transmissão Eletrônica;
c) Assinatura Eletrônica.
DICA 256
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

O benefício da justiça gratuita está previsto no art. 790, §§ 3° e 4°, da CLT. Observe:
"Art. 790, CLT. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no Tribunal
Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e emolumentos obedecerá às
instruções que serão expedidas pelo Tribunal Superior do Trabalho. ( ... )
§ 3° É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a trasladas e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

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§ 4° O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de
recursos para o pagamento das custas do processo."

QUESTÃO, 2021.
Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, o beneficiário da justiça gratuita
a) continua responsável pelo pagamento dos honorários periciais quando sucumbente
na pretensão objeto da perícia.

b) fica dispensado do pagamento dos honorários periciais quando sucumbente na


pretensão objeto da perícia, independentemente de qualquer outra circunstância.

c) não pode ser condenado ao pagamento de honorários de sucumbência.

d) deve quitar os honorários de sucumbência no prazo de três anos após o trânsito em


julgado da decisão, sob pena de inscrição no Cadastro Nacional de Devedores
Trabalhistas.

e) não pode ser condenado ao pagamento de honorários de sucumbência em


percentual superior a 10% (dez por cento) calculado sobre o valor atualizado da
causa.

Resposta: Letra A

Dica de ouro: A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da


parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, mesmo que seja beneficiária da
justiça gratuita.
Este benefício vale tanto para pessoas jurídicas quanto físicas? Sim.
DICA 257
IMPUGNANDO O PEDIDO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Uma vez deferido o pedido da justiça gratuita, a parte contrária pode fornecer a
impugnação na contestação (se a justiça gratuita for requerida na petição inicial), na
réplica (se a justiça gratuita for requerida na contestação), nas contrarrazões (se a justiça
gratuita for requerida no recurso) e no prazo de 15 dias (se a justiça gratuita for
requerida em petição avulsa). A impugnação será feita nos próprios autos, sem que haja a
suspensão do processo em si.

A propósito, caso a prova te pergunte a seguinte indagação:


O juiz indeferiu, no dia 20/04/21 a justiça gratuita de cliente XYW com base no argumento
de que ele apresentou apenas uma declaração de hipossuficiência econômica firmada pelo
XYW. Com base em entendimento atual do TST, o juiz agiu de forma certa ou errada?
E aí? Você falaria o que?
A atitude do juiz foi errônea. Veja o que uma súmula do TST diz:

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01

SÚMULA 463 DO TST

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da Orientação


Jurisprudencial nº 304 da SBDI-I, com alterações decorrentes do CPC de 2015)
I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à
pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela
parte ou por seu advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos
para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);
II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária a
demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo.

DICA 258
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Os honorários serão devidos ao advogado, mesmo que atue em causa própria, por
ter representado o processo a parte vencedora. Tenha cuidado com um ponto: Com a
Reforma Trabalhista, os chamados honorários sucumbenciais não são devidos somente
aos sindicatos, mas também aos advogados particulares.
Informação importante: O Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento, por
intermédio da Súmula 512, de que NÃO há cabimento da condenação em honorários
advocatícios na ação de mandado de segurança.

Há 3 tipos de honorários:

Contratuais,

Assistenciais (nos casos em que o reclamante é assistido pelo sindicato de sua


categoria), e

Sucumbenciais.

Ao fixar os honorários, o juízo deverá observar:

o grau de zelo do profissional;

o lugar de prestação do serviço;

a natureza e a importância da causa; e

o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 791, §
2°, CLT).
Veja como a banca já cobrou este assunto:

QUESTÃO OAB, EXAME XXVII, 2018.


Em reclamação trabalhista ajuizada em fevereiro de 2018, os pedidos formulados por
Paulo em face do seu ex-empregador foram julgados totalmente procedentes.

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Memorex OAB – Exame XXXIV – Rodada 01
Em relação à verba honorária, de acordo com a CLT, sabendo-se que o patrocínio de
Paulo foi feito por advogado particular por ele contratado, assinale a afirmativa
correta.
a) Não haverá condenação em honorários advocatícios, porque o autor não está
assistido pelo sindicato de classe.

b) Haverá condenação em honorários de, no mínimo, 10% e de, no máximo, 20% em


favor do advogado.

c) Haverá condenação em honorários de, no mínimo, 5% e de, no máximo, 15% em


favor do advogado.

d) Somente se a assistência do advogado do autor for gratuita é que haverá


condenação em honorários, de até 20%.

Resposta: Letra C
CLT Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o
máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa.

DICA 259
EXCEÇÕES À JUSTIÇA GRATUITA
O beneficiário da Justiça Gratuita tem suas prerrogativas. Mas há situações que a justiça
gratuita não tem alcance.
As multas processuais são um exemplo clássico deste não alcance, o que pode ser
visto no art. 98, § 4° do CPC.
E atente-se para uma questão importante: Na Justiça gratuita, o beneficiário tem o direito
de precisar adiantar as despesas, todavia se no final o beneficiário for vencido será
responsável por elas. Logo, não pense na justiça gratuita como uma isenção total.

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