Apresentação

Esta Unidade, intitulada “O

Iluminismo, a independên-
cia dos Estados Unidos e a
Revolução Francesa”, rela-
ciona-se às seguintes Unida-
des Temáticas da BNCC do U N I DA D E I I
8o ano: O mundo contempo-
râneo: o Antigo Regime em
crise e Os processos de inde-
pendência nas Américas. O Iluminismo,
a independência
Em consonância com a Com-
petência Geral da Educa-
ção Básica n. 1, a Unidade

dos Estados Unidos e

estimula os estudantes a
valorizar e utilizar os co-
nhecimentos historicamente
construídos sobre o mundo

a Revolução Francesa
físico, social, cultural e di-
gital para entender e expli-
car a realidade, continuar
aprendendo e colaborar
para a construção de uma
sociedade justa, democráti-
ca e inclusiva.
Os conteúdos trabalhados
na Unidade (no texto prin-
cipal, nas seções e nas ativi-
dades propostas) também
buscam levar os estudantes
a desenvolver as seguintes
Competências Específicas
do Componente Curricu-
lar História: Compreender
acontecimentos históricos,
relações de poder e proces-
sos e mecanismos de trans-
formação e manutenção das
estruturas sociais, políticas,
econômicas e culturais ao
longo do tempo e em dife-
rentes espaços para analisar,
posicionar-se e intervir no
mundo contemporâneo (1)
e Identificar interpretações
que expressem visões de di-
ferentes sujeitos, culturas Detalhe da Estátua da Liberdade,
e povos com relação a um localizada em Nova York. A obra,
mesmo contexto histórico, do escultor Auguste Bartholdi, foi
e posicionar-se criticamente um presente da França para os
com base em princípios éti- estadunidenses, em homenagem ao
cos, democráticos, inclusi- centenário da independência dos Estados
vos, sustentáveis e solidários Unidos. O título oficial da estátua é
A Liberdade iluminando o mundo, que
(4).
remete ao Iluminismo e à liberdade, um
dos ideais da Revolução Francesa.

42

42 – 1o BIMESTRE

C
onhecimento, progresso, liber-
dade, igualdade entre as pes-
soas e oposição ao clero eram
alguns dos valores defendidos pelo Ilu-
minismo, movimento iniciado na Europa
no século XVIII.
As ideias iluministas estiveram pre-
sentes em movimentos que provoca-
ram grandes transformações políticas
e sociais, como a Revolução Francesa,
a independência dos Estados Unidos
e as independências das colônias da
América ibérica.
O que você já sabe sobre o Ilumi-
nismo? Qual é a relação entre as ideias
iluministas, como igualdade e liber-
dade, e o desejo das colônias america-
nas de se tornarem independentes das
metrópoles?
Você verá
nesta Unidade:
As principais características do Ilu-
minismo e do liberalismo econômico
O que foi o despotismo esclarecido
Como as ideias iluministas influen-
ciaram a independência dos Estados
Unidos
O contexto em que ocorreu a Re-
volução Francesa e a maneira como
COMSTOCK/STOCKBYTE/GETTY IMAGES
aconteceu esse processo
Como a Revolução Francesa trans-
formou as relações sociais na França
e influenciou outras sociedades em
todo o planeta
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Objetos de conhecimento trabalhados na Unidade
• A questão do iluminismo e da ilustração.
• Revolução Francesa e seus desdobramentos.
• Independência dos Estados Unidos da América.
Nesta Unidade
A independência dos Esta-
dos Unidos (1776) e a Re-
volução Francesa (1789)
marcaram o final do século
XVIII. Os dois acontecimen-
tos inspiraram-se no ideário
liberal-iluminista, promove-
ram profundas rupturas em
relação ao Antigo Regime e
influenciaram movimentos
organizados posteriormen-
te, tanto na América quanto
na Europa. A independência
dos Estados Unidos provo-
cou uma fratura irreversível
no sistema colonial. Após o
movimento pela indepen-
dência nas treze colônias,
várias nações independentes
surgiriam em toda a Amé-
rica. Com isso se extinguiria
uma significativa fonte de
sustentação de alguns go-
vernos absolutistas na Euro-
pa. A grande ruptura com o
Antigo Regime, entretanto,
seria anunciada pela multi-
dão nas ruas de Paris. Para
muitos estudiosos, a Revo-
lução Francesa representa
a estreia definitiva do povo
como sujeito da história. E
isso porque foram as cama-
das sociais não privilegiadas
que colocaram abaixo as
principais estruturas do ab-
solutismo, como a opressão
política, os privilégios de
origem social e a servidão.
Hoje nenhuma instituição
ou pessoa pode ignorar o
direito de todos à vida, de
forma justa e digna. Her-
damos essa conquista dos
indivíduos do século XVIII,
dos teóricos iluministas e
dos revolucionários estadu-
nidenses e franceses. Foram
eles que deram início à cons-
trução do moderno conceito
de cidadania, que passou a
fundamentar as regras da
política, a organização do
Estado, a existência de uma
Constituição que rege os
atos dos cidadãos de muitos
países, as relações pessoais e
mesmo o convívio entre os
povos.
1o BIMESTRE – 43
Sobre o Capítulo
O Capítulo traz subsídios
para que os estudantes com-
preendam as ideias ilumi-
nistas e a ruptura que elas
propunham em relação à so-
ciedade do período. É impor-
tante que em um primeiro
momento eles identifiquem
as características que fun-
damentavam a sociedade
do Antigo Regime, que
predominou na Europa até
mea dos do século XVIII. A
nobreza e o clero constituí-
am as camadas dominantes.
A rígida hierarquia não pos-
sibilitava nenhuma mobili-
dade social. A grande massa
da população era formada
por camponeses, artesãos,
comerciantes e burgueses,
sem poderes políticos. As
ideias renovadoras criadas
pelos filósofos iluministas
se difundiram pela Europa e
alcançaram também outras
regiões do mundo, influen-
ciando diversos movimentos
revolucionários do século
XVIII.
Inicie uma conversa com os
estudantes sobre o tema do
Capítulo e argumente que,
há pouco mais de trezentos
anos, o conceito de direitos
humanos apareceu em dis-
NASA
cursos políticos e, com ele,
a defesa da liberdade e da
igualdade de natureza entre
os seres humanos. A Decla-
ração de Independência dos
Estados Unidos afirmou o di-
reito de todos lutarem pela
liberdade e a obrigação dos
governos de assegurarem a
felicidade dos governados.
44
Habilidades trabalhadas ao longo deste Capítulo
EF08HI01: Identificar os principais aspectos conceituais do iluminismo
e do liberalismo e discutir a relação entre eles e a organização do
mundo contemporâneo.
44 – 1o BIMESTRE
4
CAPÍTULO
O Iluminismo
e a independência
dos Estados Unidos
No século XVIII, a sociedade europeia era profundamente desigual e hierarquizada.
O clero e a nobreza eram os grupos dominantes. Eles eram donos das maiores pro-
priedades de terra e estavam isentos de muitos impostos. A maior parte da população
era formada basicamente por camponeses, trabalhadores urbanos e burgueses. Esses
grupos não tinham acesso aos privilégios da nobreza nem a postos de comando e
pagavam altos impostos.
A sociedade europeia do Antigo Regime era uma sociedade estamental, na qual a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
origem, mais do que a renda, determinava a posição social do indivíduo. A sociedade
era dividida em estamentos (camadas), entre os quais os indivíduos praticamente não
tinham nenhuma possibilidade de transitar.
Nesse período, formou-se na Europa um movimento de intelectuais conhecido
como Iluminismo. Os iluministas defendiam a igualdade e a autonomia dos seres
humanos e eram contrários aos privilégios da nobreza. Neste Capítulo, você vai ver
que, além de influenciar grandes parcelas da população europeia, essas ideias inspi-
raram os habitantes de diversas colônias na América, como os Estados Unidos, que
passaram a lutar por sua independência.
Astronautas
estadunidenses da
Estação Espacial
Internacional
comemoram o
aniversário da
independência dos
Estados Unidos, em
2007. A igualdade e
a liberdade, valores
fundamentais do
Iluminismo, são
mencionadas na
Declaração de
Independência dos
Estados Unidos.
Unidade II – O Iluminismo, a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa
EF08HI06: Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo
e país para o entendimento de conflitos e tensões.
EF08HI07: Identificar e contextualizar as especificidades dos diversos
processos de independência nas Américas, seus aspectos populacio-
nais e suas conformações territoriais.
 Orientações
Os primeiros questionamen-
tos que abalariam o velho
O PENSAMENTO ILUMINISTA regime ganharam corpo na
Inglaterra do século XVII, e
O Iluminismo, também conhecido como Ilustração, foi vieram à tona durante a Re-
volução Puritana (1640) e a
um movimento de crítica ao Antigo Regime. Os pensadores Revolução Gloriosa (1688),
iluministas, intelectuais de diversas áreas do conhecimento, estudadas na Unidade I des-
eram contrários à influência política e cultural da Igreja, aos te volume.
privilégios da nobreza, à servidão no campo, aos monopó- A valorização da razão e a
A oração de Voltaire. 1778. recusa às explicações basea-
lios comerciais e à censura. Água-forte (detalhe),
das na fé religiosa, tan-
Eles defendiam a igualdade entre os seres humanos, ou 21 cm   13 cm. Biblioteca
Nacional da França, Paris.
to para os fenômenos da
seja, que ninguém deveria ter privilégios em razão de sua Na gravura, o filósofo natureza quanto para os
origem familiar ou social. Defendiam, também, que as leis iluminista Voltaire aparece acontecimentos das socie-
sob raios de luz, que dades humanas, foram o
deveriam ser determinadas com base na razão humana, denominador comum entre
simbolizam, de forma
sem recorrer a justificativas religiosas ou à tradição. Con- metafórica, o Iluminismo. os pensadores iluministas.
sideravam, ainda, que o estabelecimento de um contrato O termo “iluminismo” Daí derivaram ideias como
originou-se da ideia de os direitos naturais do ser
social, um acordo realizado entre os cidadãos e o Estado, que, na Idade Média, a humano (Locke), o contrato
garantiria a propriedade e a convivência pacífica entre as Europa teria vivido um social (Locke e Rousseau), a
pessoas. longo período de trevas, separação dos três pode-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

resultado do controle res (Montesquieu), entre

Essas novas concepções sobre a política e sobre o poder da Igreja sobre a cultura
tantas outras. Vale lembrar
abalaram o Antigo Regime. A princípio, os ideais iluministas e a sociedade. Na visão
dos iluministas, só a
que, pelo mesmo motivo,
influenciaram profundamente as Revoluções Inglesas do razão poderia direcionar o século XVIII foi também
século XVII e, depois, impulsionaram a Revolução Indus- a história humana para o um tempo de grande de-
caminho da luz. senvolvimento científico e
trial. Contudo, foi na França,
de formulação de projetos
BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA, PARIS

durante o século XVIII, que de educação para as novas

a influência da sociedade gerações. A defesa da liber-
pelos ideais iluministas atin- dade como direito natural
do ser humano permanece
giu seu auge, com a Revolu- até os dias de hoje como um
ção Francesa. ideal, seja para a sociedade,
O Iluminismo provocou seja para os indivíduos.
mudanças políticas e econô- Os iluministas defendiam
também a difusão do co-
micas. Sua influência também
nhecimento, a educação do
se estendeu para a educação, povo e a criação de escolas
a cultura, a arte e a moral da para todas as pessoas. Até
época. Além disso, os ideais então, no Antigo Regime, a
educação formal era um pri-
iluministas inspirariam movi- vilégio dos nobres.
mentos de independência
em muitas colônias da Amé- Observação
Professor, o estudo dos con-
rica, como ocorreu nos Esta-
teúdos apresentados ao lon-
dos Unidos, bem como a go das páginas 45 a 51 possi-
Conjuração Mineira, no Brasil. bilita o desenvolvimento da
Ainda hoje, esses princípios habilidade EF08HI01. Dessa
forma, estimule a reflexão
são evocados por diversos dos estudantes sobre as
movimentos sociais. principais ideias e conceitos
dos intelectuais iluministas,
Capítulo 4 – O Iluminismo e a independência dos Estados Unidos 45 assim como dos pensadores
liberais, procurando levá-los
a estabelecer relações com a
Sugestão para o estudante: organização do mundo con-
temporâneo.
NASCIMENTO, Milton Meira do. Iluminismo: A Revolução das Luzes. São Paulo: Ática, 1998. (Coleção História Moderna).
O livro aborda o movimento iluminista, suas principais ideias e como estas influenciaram a história europeia no século XVIII e a formação
do pensamento moderno.

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