Você está na página 1de 7

D Liberdade ou igualdade?

No século XIX, as exigências democráticas não


partiam apenas dos burgueses, mas antes de tudo
eram também anseios dos operários, cujo número
crescia consideravelmente, já que a Revolução
Industrial, iniciada no século anterior, aumentara
a concentração urbana. Os operários, organizados
em sindicatos e influenciados por ideias socialis-
tas e anarquistas, reivindicavam melhores condi-
ções de trabalho e de moradia (como veremos no
próximo capítulo).
O impacto das recentes organizações de massa
deram a tônica do pensamento político do século
XIX. Diante das novas exigências de igualdade,
segundo as quais a liberdade deveria se estender a Na te la A votação (The polling), de 1754, o pintor inglês
um número cada vez maior de pessoas por meio da William Hogarth faz uma abordagem satírica de
candidatos à eleição ped indo votos e ressa lta ndo um ar
legislação e de garantias jurídicas, começou a con- de balbúrdia no evento.
figurar-se o liberalismo democrático.
As reivindicações de igualdade manifestaram-se
No campo da filosofia, desenvolvia-se a teoria utili-
das mais variadas maneiras:
tarista, cujos principais representantes foram]eremy
• defesa do sufrágio universal, contra o voto censi- Bentham e John Stuart Mill, como veremos a seguir.
tário, que excluía os não proprietários das esferas Jeremy Bentham (1748-1832) é o fundador do
de decisão; pressões para reformas eleitorais; utilitarismo. A teoria utilitarista pretende ser ins-
·ampliação das formas de representação (parti- trumento de renovação social, com base em um
dos, sindicatos); método rigorosamente científico.
• exigência de liberdade de imprensa;
• implantação da escola elementar universal, leiga,
gratuita e obrigatória, cuja luta se mostrou bem-
Lil PARA SABER MAIS
Para os utilitaristas, a verdade depende dos resul-
-sucedida na Europa e nos Estados Unidos. tados práticos alcançados pela ação, o que não sig-
Desse modo, os polos de liberdade e igualdade nifica reduzir grosseiramente a verdade à utilidade:
representam um confronto que ficou claro no século uma propos ição é verdadei ra q uando "funciona",
isto é, permite que nos orientemos na rea li dade,
XIX, mas que até hoje dilacera o pensamento liberal,
levando-nos de uma experiência a outra. O util ita-
dando origem a duas tendências principais: rismo influenciou as teorias pragmatistas no século
• o liberalismo conservador, que defende a liber- XX. Consu lte o capítulo 16, "A crise da razão".
dade, mas não a democracia: nele não prevale-
cem aspirações igualitárias;
Bentham substitui a teoria do direito natural, típica
• o liberalismo radical, que, além da liberdade, dos filósofos contratualistas do século anterior, pelo
defende a igualdade, a extensão dos benefícios "princípio da utilidade": o único critério para orien-
a todos. tar o legislador é criar leis que promovam a felicidade
Vejamos como, nas tendências do liberalismo na para o maior número de cidadãos e, nesse sentido,
Inglaterra e na França, essas ideias se desenvolve- critica as resoluções liberais que levam ao egoísmo.
ram, se bem que sempre nuançadas. Para ele, o governo deve visar à felicidade para um
número cada vez maior de pessoas. Seus objetivos
são: prover a subsistência, produzir a abundância,
O liberalismo inglês favorecer a igualdade e manter a segurança. Para
No século XIX, a Inglaterra constituía o país mais tanto, são necessárias eleições periódicas, sufrágio
poderoso do mundo, pois o império colonial britâ- livre e universal, liberdade de contrato.
nico expandira-se pelos diversos continentes. Além ]ohn Stuart Mill (1806-1873) seguiu inicialmente a
disso, vivia-se o apogeu da Revolução Industrial, que corrente utilitarista - na qual foi introduzido por seu
criou uma nova ordem, essencialmente moderna, pai,James Mill - , mas a modificou profundamente, já
com novos parâmetros econômicos e sociais. que sofreu outras influências, desde o positivismo de

Liberalismo e democracia C•pitulo 25 [


J
Comte ao socialismo de Saint-Simon. Embora amigo recolheu informações para sua obra mais famosa,
e admirador de Tocqueville, Stuart Mill desenvolveu Democracia na América, cujos dois volumes foram
o liberalismo na linha de aspiração mais democrática. publicados em 1835 e 1840.
Atento ao sofrimento das massas oprimidas, defendeu a Tocqueville tinha plena consciência de que a implan-
coparticipação na indústria bem como a representação tação da democracia era inevitável, mas seu grande
proporcional na política a fim de permitir a expressão de desafio era conciliar liberdade e igualdade. Ele temia a
opiniões minoritárias. Como acirrado defensor da abso- excessiva concentração de poderes no Estado, cujo resul-
luta liberdade de expressão, do pluralismo e da diversi- tado seria a tirania ou o surgimento de uma sociedade
dade, valorizava o debate das teorias conflitantes. de massa, que anula as diferenças individuais e leva ao
Sob a influência de sua mulher, Harriet Taylor, conformismo da opinião e à "tirania da maioria".
feminista e socialista, participou da fundação da Para evitar esses desequili'brios julgava impor-
primeira sociedade defensora do direito de voto tante a promulgação de leis que garantissem as
para as mulheres. liberdades fundamentais e a vigilância constante
pelo exercício da cidadania.
Alguns autores, ao examinar a ênfase de
Tocqueville nos temores quanto aos riscos do iguali-
tarismo, destacam o traço aristocrático da sua visão
de mundo. A propósito da tensão entre liberdade e
igualdade, Norberto Bobbio comenta a respeito de
Tocqueville:

[... ]dividido como estava entre a admiração-


-inquietude pela democracia e a devoção-solicitude
Cartaz sobre a luta das sufragistas na Inglaterra, pela liberdade individual, trazia dentro de si o
século XIX. Desde esse período eclodiram dissídio entre liberdade e igualdade. Lembram-se da
movimentos de reivindicação do voto feminino, célebre frase com que ele encerra sua obra maior? "As
aprovado pela Inglaterra, em 1918.
nações modernas não podem evitar que as condições
se tornem iguais; mas depende delas que a igualdade
S O liberalismo francês as leve à escravidão ou à liberdade, à civilização ou à
barbárie, à prosperidade ou à miséria."1
Enquanto na Inglaterra e nos Estados Unidos
as instituições políticas e sociais consolidavam os
ideais liberais, a França enfrentou no século XIX I] Hegel: a critica
experiências difíceis e contraditórias, após a espe-
rança de "liberdade, igualdade e fraternidade",
ao contratualismo
representada pela Revolução Francesa: Friedrich Hegel (1770-1831), filósofo alemão,
• o governo do revolucionário Robespierre, decla- acompanhou apaixonadamente os acontecimentos
radamente ultrademocrático, descambou no que marcaram um ponto de ruptura da história: a
Terror; derrocada do mundo feudal e o fortalecimento da
ordem burguesa. É essa a contradição dialética cuja
• Napoleão Bonaparte foi coroado imperador;
resolução Hegel aponta como a tarefa da Razão .
• com Napoleão III, a França entrou no Segundo Para compreendermos, porém, a crítica que Hegel
Império, distanciando-se cada vez mais dos faz às concepções liberais que o antecederam, é pre-
ideais democráticos. ciso nos reportarmos à sua concepção dialética, da
qual resultou um novo conceito de história: o presente
• Tocqueville é retomado como resultado de longo e dramático pro-
Alexis de Tocqueville (1805-1859), aristocrata de cesso, por isso a história não é a simples acumulação
nascimento e conhecido como o "Montesquieu do e justaposição de fatos acontecidos no tempo, mas o
século XIX", analisou com lucidez as contradições fruto de verdadeiro engendramento, de um devir cujo
de seu tempo. Esteve nos Estados Unidos, onde motor interno é a contradição dialética.

1
BOBEIO, Norberto. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro:
Campus, 2000. p. 270-271.

Unidade 5 Filosofia política


• O Estado: síntese final
A dialética da consciência-de-si não deve nos
fazer supor que Hegel estaria, como os contratua-
listas, explicando um possível "estado de naturezà'.
Na verdade ele nega a anterioridade dos indi-
víduos - seja ela concebida formal ou histori-
camente - ,pois não é o indivíduo que escolhe o
Estado, mas é por ele constituído. Ou seja, não há
como pensar o indivíduo em estado de natureza,
porque ele é sempre um indivíduo social.
Segundo a concepção dialética hegeliana, o Estado
sintetiza, numa realidade coletiva, a totalidade dos inte-
resses contraditórios entre os indivíduos. Vejamos:
• a família é a síntese dos interesses contraditó-
rios entre seus membros;
• a sociedade civil é a síntese que supera as divergên-
cias entre as diversas famílias; Hegel foi o primeiro
No século XVIII, diversos movimentos expressavam as
aspirações de liberdade e igua ldade. A Declaração dos a usar a expressão sociedade civil, dando-lhe um
Direitos do Homem e do Cidadão (representada nesta tela sentido novo, que corresponde à esfera interme-
do sécu lo XVIII), na Fra nça revo lucionária de 1789, refletiu diária entre a família e o Estado; a sociedade civil
intenções que até hoje representam nossos anseios.
é o lugar das atividades econômicas, e, portanto,
onde prevalecem os interesses privados, sempre
L:lill PARA SABER MAIS antagônicos entre si, por isso mesmo é o lugar das
O pensamento de Hege l é abordado também no
diferenças sociais entre ricos e pobres e da rivali-
capítu lo 15, ''A crítica à metafís ica". dade dos profissionais entre si;
• o Estado representa a unidade final, a síntese
mais perfeita que supera as contradições exis-
• A dialética do senhor e do escravo tentes entre o privado e o público e que põem
Na obra Fenomenologia do espírito, 2 Hegel desen- em perigo a coletividade; no Estado, cada um
volve uma passagem importante para compreen- tem a clara consciência de agir em busca do
der a maneira dialética pela qual ele explica como a bem coletivo, sendo, assim, por excelência, a
consciência torna-se autoconsciência. esfera dos interesses públicos e universais.
Ao examinar o conceito de consciência-de-si,
Hegel descobre que a consciência é movida pelo
desejo de exteriorização e, portanto, tende para fora
de si, para um "outro", do qual precisa se "apropriar",
"dominar": cada eu precisa de outra consciência que
o reconheça. E isso se faz pelo confronto, pela luta,
pela dominação. Aquele que se arriscou e venceu,
torna-se o senhor; e o que se intimidou, aceita a Nesta pintura do
sécu lo XIX, Hegel
servidão e trabalha para o senhor. foi retratado
Aos poucos, inverte-se o processo: o senhor, que na biblioteca
era forte e dono de si, passa a depender em tudo do da sua casa em
Berl im, vest indo
servo, e é este que se fortalece, ao se descobrir capaz o traj e que ele
e independente pelo trabalho. No entanto, a assime- costumava usar
tria dessa relação entre independente e dependente pe la m anhã. O
reproduz a relação entre sujeito e objeto, quando o barrete indica
q ue ele perte ncia
melhor seria entre dois sujeitos, em que o reconhe- ao mundo
cimento fosse mútuo e recíproco. acadêm ico.

2
HEGEL, G. Friedrich. Fenomenologia do espírito. Petrópolis: Vozes, 1992. p. 126-134 (correspondem
aos parágrafos 178 a 195).

liberalismo e democracia Capítulo 2 5


No movimento dialético, as esferas da família e
da sociedade civil não devem ser entendidas como
formas anteriores ou exteriores ao Estado, pois na
verdade só existem e se desenvolvem no Estado.

• A influência hegeliana
A respeito da importância de Hegel, diz Gildo
Marçal Brandão:

Com Hegel, portanto, completa-se o movimento


iniciado por Maquiavel, voltado para
apreender o Estado tal como ele é, uma realidade
histórica, inteiramente mundana, produzida
pela ação dos homens. Nesse percurso foram
definitivamente arquivadas as teorias da origem
natural ou divina do poder político; afirmada
a absoluta soberania e excelência do Estado; a Gravura francesa, de 18g8, satirizando a partilha da
especificidade da política diante da religião, da China pelas potências imperialistas. A expansão
imperialista das grandes potências do século XIX se
moral e de qualquer outra ideologia; reconhecida a fez pela colonização de territórios na Ásia e na África.
modernidade e central idade da questão da liberdade
e, sobretudo- pois é esta a principal contribuição
• apesar da difusão das ideias democráticas, nos
de Hegel-, resolvido o Estado num processo
grandes centros da Europa permaneceram sem
histórico, inteiramente imanente. 3 solução questões econômicas e sociais que afli-
giam a crescente massa de operários: pobreza,
A importância do Estado na filosofia política de jornada de trabalho de 14 a 16 horas, mão de
Hegel provocou interpretações diversas, inclusive a de obra mal paga de mulheres e crianças;
ter sido ele um teórico do absolutismo prussiano, ideias • a expansão do capitalismo estimulou ideias
que, em última análise, justificariam o totalitarismo no imperialistas que justificaram a colonização e,
século XX. Vários filósofos insurgiram-se contra essa por essa razão, os países europeus "democráti-
simplificação deformadora do pensamento hegeliano, cos" não abriram mão do controle econômico
desde o próprio Marx até Eric Weil, no século XX. e político sobre suas colônias. O próprio John
Hegel exerceu grande influência na política Stuart Mill argumentava que a ideia de governo
posterior, e seus seguidores dividiram-se em dois democrático ajustava-se apenas aos hábitos dos
grupos opostos, denominados direita e esquerda povos avançados, sobretudo dos brancos.
hegeliana. Entre esses últimos, encontram-se No Brasil, os movimentos liberais do século XIX
Marx e Engels. restringiram-se à luta pela liberalização do comér-
cio, na esperança de sacudir o jugo do monopólio
português. No entanto, mantinha-se a tradição das
I) As contradições do século XIX elites, a escravidão e o analfabetismo, compatíveis
Em comparação com as teorias liberais dos dois com o tipo de economia agrária então vigente.
séculos anteriores, os pensadores do século XIX A contrapartida do discurso liberal encontrou-se
representam um avanço em direção às ideias de nas teorias socialistas, como veremos no próximo
liberdade e igualdade. No entanto, nesse período capítulo.
ainda persistiram inúmeras contradições:
• nem sempre a implantação das aspirações libe- Imanente. Qualidade do que pertence ao interior
rais conciliou os interesses econômicos aos do ser. No contexto, o Estado resulta do movimento
aspectos éticos e intelectuais que essas mesmas dialético, do qual representa a unidade final, a síntese
que supera a contradição entre o privado e o público.
teorias defendiam;

3
BRANDÃO, Gildo Marçal. "Hegel: o Estado como realização histórica da liberdade". Em: WEFFORT,
Francisco C. (Org.). Os clássicos da política. v. 2. São Paulo: Ática, 1989. p. lll-112.

Unidade 5 Filosofia política


Leitura complementar
Liberdade e igualdade

"O significado tradicional de liberdade- aquele a são iguais 'em dignidade e direitos'. A expressão seria
partir do qual se falava de uma liberdade de culto, ou extremamente genérica se não devesse ser entendida
de pensamento, ou de reunião, ou de associação, em no sentido de que os 'direitos' sobre os quais fala são
sentido geral e específico, de uma liberdade pessoal precisamente os direitos fundamentais enunciados em
- era aquele relacionado à faculdade de se fazer ou seguida. O que na prática significa que os direitos fun-
não fazer determinadas coisas não impedido por nor- damentais enunciados na Declaração devem consti-
mas vinculantes; era a liberdade entendida como não tuir uma espécie de mínimo denominador comum das
impedimento, ou liberdade negativa. A esfera da liber- legislações de todos os países. É como se disséssemos,
dade coincidia com a esfera dos comportamentos não em primeiro lugar, que os seres humanos são livres[... ],
regulados, e portanto lícitos ou indiferentes.[... ] e posteriormente se acrescenta que são iguais no gozo
A primeira ampliação do conceito de liberdade ocor- dessa liberdade. [... ]
reu com a passagem da teoria da liberdade como não Com relação à segunda pergunta, 'igualdade entre
impedimento para a teoria da liberdade como autono- quem?', a Declaração responde que, no que se refere
mia, quando 'liberdade' passou a ser entendida não aos direitos fundamentais, todos os seres humanos
mais apenas como o não ser impedido por normas são iguais, ou seja, responde afirmando uma igual-
externas, mas [...] como o obedecer a leis estabeleci- dade entre todos, e não apenas entre os pertencentes
das por nós para nós mesmos. Com o conceito de auto- a esta ou aquela categoria. Isto significa que, em rela-
nomia , a liberdade não consiste mais na ausência de ção aos direitos fundamentais enumerados na decla-
leis, mas sim na presença de leis internamente deseja- ração, todos os seres humanos devem ser considera-
das e internamente estabelecidas. Quando afirmou, no dos pertencentes à mesma categoria. Como tenhamos
Contrato social, que a liberdade é 'a obediência à lei que chegado ao reconhecimento de que os seres huma-
prescrevemos a nós mesmos', Rousseau deu-nos a mais nos, todos os seres humanos, pertencem à mesma
perfeita definição desse novo conceito de liberdade, que categoria em relação aos direitos fundamentais cada
pode bem ser definida como rousseauniana. Com base vez mais amplos, não pode ser nem de longe resu-
nesse conceito de liberdade como autonomia nasceu a mido. Podemos dizer, contudo, em linhas gerais, que
teoria da liberdade política como desenvolvimento das esse ponto de chegada é a conclusão de um processo
liberdades civis, ou da forma democrática de regimento histórico de sucessivas equiparações entre diferentes,
como desenvolvimento e integração puramente e origi- ou seja, de sucessivas eliminações de discriminações
nariamente liberal. [... ] entre indivíduos, que fez desaparecer pouco a pouco
Também o conceito de igualdade é extremamente categorias parciais descriminantes absorvendo-as em
amplo e pode ser enriquecido por diferentes conteúdos. uma categoria geral unificadora.[... ] A igualdade entre
Tal como ocorreu com a história do direito de liberdade, todos os seres humanos em relação aos direitos fun-
a história do direito à igualdade também se desenvolveu damentais é o resultado de um processo de gradual
por sucessivos enriquecimentos. Dizer que nas relações eliminação de discriminações, e portanto de unifica-
humanas deve ser aplicado o princípio da igualdade ção daquilo que ia sendo reconhecido como idêntico:
significa muito pouco, se não forem especificados ao uma natureza comum do homem acima de qualquer
menos dois aspectos: 1) igualdade em quê? 2) igualdade diferença de sexo, raça, religião etc."
entre quem?[... ] BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política: a filosofia
Com relação à primeira pergunta, 'igualdade em quê?', política e as lições dos clássicos.
a Declaração Universal responde que os seres humanos Rio de janeiro: Campus, 2000. p. 488-492.

?Questões
11 Qual é o sentido da liberdade negativa? Como esse conceito evoluiu?
11 Sob que aspectos podemos entender o conceito de igualdade?
11 Quais são as dificuldades da política contemporânea em alcançar o equilíbrio
entre liberdade e igualdade?

Leitura complementar Unidade 5


2Revendo o capitulo IJ Considerando o pensamento de Hegel, responda
D Explique que mudanças ocorridas no século XIX às questões.
fizeram mudar a orientação do liberalismo. a) Qual é a concepção de Estado em Hegel?
IJ Compare Stuart Mill e Tocqueville, considerando a b) Que aspecto de seu método lhe permite chegar
distinção entre as duas concepções de liberalismo à sua concepção?
e da relação entre liberdade e igualdade.
c) Por que ele critica as teorias contratualistas que
11 Sob que aspectos Hegel introduziu uma nova ma- o antecederam?
neira de compreender a política?
IJ Do ponto de vista social, quais foram as principais 11 Em que sentido é dialética a relação entre senhor
e escravo? Dê exemplos de outras situações em
contradições do século XIX?
que existe a relação dominador e dominado.
?Aplicando os conceitos
?Dissertação
IJ As duas frases a seguir são de Stuart Mill. Analise
o significado delas, indicando por que são IJ Considerando a ampliação do debate sobre o
contraditórias. sufrágio universal no século XIX, leia o trecho de
"Cada um é o único guardião autêntico da própria Norberto Bobbio e faça uma dissertação parares-
saúde, tanto fisica, quanto mental e espiritual." ponder à questão: "O povo sabe votar?".
"O despotismo é uma forma legitima de governo "John Stuart Mill escreveu que enquanto a auto-
quando se está na presença de bárbaros, desde cracia precisa de cidadãos passivos, a demo-
que o fim seja o progresso deles e os meios sejam
cracia sobrevive apenas se pode contar com
adequados para sua efetiva obtenção." (Em:
um número cada vez maior de cidadãos ativos.
Norberto Bobbio. Liberalismo e democracia. 3. ed.
São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 67.) Pessoalmente, estou convencido da contribuição
decisiva que podem dar as ciências sociais à for-
11 Leia a citação de Tocqueville e justifique qual rela- mação desses cidadãos e dessa maneira, defini-
ção ele estabelece entre liberdade e igualdade.
tivamente, ao bom funcionamento de um regime
"Imaginemos sob quais novos aspectos o des- democrático.
potismo poderia ser produzido no mundo: vejo
uma multidão inumerável de homens semelhan- Comecei afirmando que se pode definir a demo-
tes e iguais, que nada mais fazem que girar sobre cracia como o poder em público. Mas há público
si mesmos, em busca de pequenos e vulgares e público. Retomando a afirmativa desdenhosa
prazeres com que saciar a alma ... Acima deles de Hegel, segundo a qual o povo não sabe o que
ergue-se um poder imenso e tutelar, que se encar-
quer, poderíamos dizer que o público do qual
rega sozinho de lhes garantir a satisfação dos
precisa a democracia é o público composto por
bens e de velar por sua sorte. É absoluto, minu-
cioso, sistemático, previdente e brando." (Alexis aqueles que sabem o que querem." (Norberto
de Tocqueville. A democracia na América. Em: Bobbio. Teoria geral da política: a filosofia polí-
Norberto Bobbio. Liberalismo e democracia. 3. ed. tica e as lições dos clássicos. Rio de Janeiro:
São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 51-52.) Campus, 2000. p. 398-399.)
26

O M éxico hoje e amanhã. Mural de Diego Rivera, 1929-1935.

Diego Rivera (1886-1957), artista mexicano, distinguiu-se


na arte murahsta, tendo pintado inúmeros afrescos nos quais
sobressai seu engajamento político na causa socialista. No
mural O México hoje e amanhã (1929-1935), encomendado
para o palácio do governo mexicano, Rivera descreve o
que pensa sobre a política do seu tempo: no centro, em
enquadramento, a vida de ricos burgueses, clero, políticos,
militares; ao redor, os trabalhadores, o povo sofrido e os
movimentos de oposição (observe a faixa onde se lê huelga,
"greve"); e, no alto, centralizada, a figura de Marx apontando
para um futuro promissor.

319

Você também pode gostar