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Noções Básicas sobre

Tratamento de Efluentes
Parte II
Prof. Robson Alves de Oliveira
robson.aoliveira@gmail.com.br
robson.oliveira@unir.br

Ji-Paraná - 2014
TRATAMENTO PRIMÁRIO:

DECANTADORES
TRATAMENTO PRIMÁRIO

Tratamento Primário: remoção de sólidos sedimentáveis e matéria


orgânica em suspensão (DBO suspensa ou particulada).

Remoção por processos simples (sedimentação): implica na redução


da carga de DBO dirigida ao tratamento secundário (remoção mais
custosa)
A eficiência de remoção de sólidos situa-se em torno de 60 a 70%,
e a de DBO em torno de 25 a 35%.

Massa de sólidos sedimentados: lodo primário bruto.

Materiais flutuantes de menor massa específica (graxas e óleos)


sobem para a superfície dos decantadores, onde são coletados e
removidos do tanque para posterior tratamento.

3
SEDIMENTAÇÃO

a) Definição: operação unitária para remoção, por gravidade, de


partículas finas em suspensão.

b) Princípio: separação em função da diferença no peso específico entre


as partículas ou agregados sólidos e o líquido.

c) Objetivo:

- tratamento primário  remoção de material particulado suspenso


(decantadores primários),

- tratamento secundário  remoção de flocos biológicos ou coagulados


(decantadores secundários);

OBS.:
- em alguns casos pode ser a etapa final de tratamento;
- tanques sépticos são decantadores. 4
TIPOS DE SEDIMENTAÇÃO
 sedimentação discreta  remoção de areia e sedimentação simples
(desarenação);
 sedimentação floculenta  sedimentação primária e secundária, em
sistema de lodo ativado;

Refere-se à sedimentação de partículas que se aglomeram durante o


processo de sedimentação;

Neste caso são alteradas propriedades físicas das partículas (forma,


dimensão, densidade e velocidade de sedimentação);

Eficiência de remoção aumenta com profundidade e tempo de detenção.

Decantadores primários das ETAs (falar de tratamento primário avançado)

 sedimentação zonal “em manto”  decantadores secundários.

Refere-se à sedimentação de partículas que se aglomeram, formando


massas que sedimentam como um todo (um manto), verificando-se uma5
separação nítida entre água e lama.
TRATAMENTO PRIMÁRIO AVANÇADO
Tratamento Primário Avançado (TPA) ou Tratamento Primário
Quimicamente Assistido (CEPT):

 É baseado na remoção de sólidos em suspensão por meio dos processos


físico-químicos de coagulação, floculação e sedimentação.

 Na coagulação são empregadas baixas concentrações de sais de ferro,


combinadas ou não com polímeros catiônicos;

 A floculação é alcançada após a adição suplementar de polímeros


aniônicos e a ação de forças eletrostáticas que promovem o
agrupamento das partículas coaguladas em flocos de maior tamanho;

 Na sedimentação observa-se o incremento da velocidade de


sedimentação das partículas em função do aumento do seu tamanho.

 A unidade de decantação é similar à unidade de decantação


convencional, agregando-se apenas o sistema de dosagem e aplicação de
coagulantes e polímeros
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SEDIMENTAÇÃO DISCRETA

Teoria da sedimentação

Velocidade de sedimentação

Fe

Fa

Fg

Fe – força de empuxo
Fa – força de atrito
Fg – força da gravidade
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Fe = W.g em que W é a massa de líquido deslocado

Fa = CD.S.L.vs2/2

considerando-se a partícula esférica, S =

em que,

CD – coeficiente de atrito (admensional);


L – massa específica do líquido (kg m-3);
vs – velocidade de sedimentação (m s-1);
d – diâmetro da partícula (m);
S – seção transversal da partícula (m2).

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Força resultante (FR) = Fg - Fe - Fa = m.a - W.g - Fa

Se m = s.V e se V = .d3/6  m = s..d3/6

Quando a partícula alcança a velocidade final, FR = 0 (há equilíbrio entre


as forças), ou seja:

Fa = Fg – Fe  m.a – W.g = Fa  (s.Vs.g) – (w.Vs.g) = Fa

g.(s - w).V = Fa

como o volume de uma partícula esférica é V = .d3/6

(CD..d2.w.vs2)/8 = g.(s - w)..d3/6 

vs2 = [4.(s - w).g.d]/(3.w.CD)

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OBS.: no tratamento de águas residuárias pode-se considerar que a
sedimentação ocorre segundo a Lei de Stokes, onde CD = 24/Re

se Re = d.vs.w/w, então:

vs2 = (s - w).g.d2.vs/(18.w)  vs = (s - w).g.d2/(18.w)

ou vs = (s - w).g.d2/(18.w.w)

em que,

vs – velocidade de sedimentação (m s-1);


s – massa específica do sólido (kg m-3);
w – massa específica do líquido (kg m-3);
g – aceleração da gravidade (m s-2);
w – viscosidade absoluta do líquido (kg m-1 s-1);
w – viscosidade cinemática do líquido (m2 s-1);
d – diâmetro da partícula (m). 10
Velocidade de arraste

Equação empírica:

em que,

va – velocidade de arraste das partículas (cm s-1);


 - constante que depende do material a ser arrastado (admensional):
* 0,04 para material granular;
* 0,06 para não uniforme e floculado.
f – fator de fricção de Darcy-Weisbach
* 0,02  material mais liso;
* 0,03  cimento.
g – aceleração da gravidade (cm s-2);
d - diâmetro da partícula (cm);
s – massa específica da partícula (g cm-3).

* velocidade horizontal: vh = Q/S= Q/(B.h)


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Velocidade teórica de sedimentação de cistos de protozoários e de ovos de
helmintos.

Espécie Características de cistos e ovos Velocidade de


Tamanho Massa específica Forma sedimentação
(m) (kg m-3) (m h-1)
Protozoários
Entamoeba 150x50 1.055 cilíndrica 12,55
histoytica
Helmintos
Ascaris 55x40 1.110 esférica 0,65
lumbricoides
Uncinárias 60x40 1.055 esférica 0,30
Shistossoma 150x50 1.018 cilíndrica 12,55
spp.
Taenia 30 1.100 esférica 0,26
saginata
Thricuris 50x22 1.500 cilíndrica 1,53
trichiura
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Tipos de decantadores

Retangulares

relação comprimento largura: 3:1 a 5:1;

profundidade de 2,0 a 2,5 m;

declividade de 6 a 8% em direção ao poço


de lodo;
calhas vertedoras em até 2/3 do comprimento do tanque.

Vantagem:

possibilidade de emprego de mão-de-obra de menor qualificação e maior


facilidade de construção;

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Tipos de decantadores

Retangulares

14
Circulares

diâmetros de 10 a 60 m;

profundidade de 2,0 a 3,0 m;

declividade em torno de 8% em
direção ao poço de lodo
(60-160 mm m-1).

Vantagens:

menor custo de equipamentos;


menor custo de manutenção;
fluxo afluente radial (do centro para a borda) favorece o remanso;
maior comprimento da calha coletora por volume de efluente  maior
equalização do fluxo.
15
Circulares

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Dimensionamento
 taxa de aplicação superficial:

A = Q/Ta

em que,
A – área superficial (m2).
Q – vazão (m3 h-1);
Ta – taxa de aplicação (m3 m-2 d-1);

* Ta de 15 a 35 m3.m-2.d-1, preferencialmente < 25 m3.m-2.d-1;

* Metcalf & Eddy (1991):

** decantadores primários seguidos de tratamento secundário 


Ta de 32 - 48 m3.m-2.d-1;
** decantadores primários com retorno de lodo ativado 
Ta de 24 - 34 m3.m-2.d-1;
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 taxa da calha vertedora

L = Q/Tcv
em que,

L – comprimento total do vertedor (m).


Tcv – taxa da calha vertedora (m3 m-1 d-1);

* Tcv: 140 a 189 m3.m-1.d-1; (125 - 500 m3.m-1.d-1).

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 profundidade do tanque (da superfície do líquido até o ponto mais alto
do fundo):

* retangulares: de 2,0 a 2,5 m;

* circulares; de 2,0 a 3,0 m.

 tempo de detenção hidráulica:

* muito longo  mau cheiro;

* muito curto  baixa eficiência de remoção

entre 1,5 e 2,5 h (preferencialmente 2 h).


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Considerações da NBR 12209 - Projeto de estações de
tratamento de esgoto sanitário:
- vazão maior que 250 L s-1  mais de um decantador;

- tubulação de remoção do lodo:  > 150 mm e declividade mínima de 3%.

- poço de acumulação do lodo deve ter paredes com inclinação menor que
0,75:1 e base inferior de no mínimo 0,60 m;

- decantadores com remoção mecanizada do lodo:


* dispositivo de remoção:
** v < 20 mm s-1  retangular;
** v < 40 mm s-1  circular.
* profundidade da lâmina d’água maior ou igual a 2,0 m;
* relação das dimensões:
** retangular: L:h > 4:1 B:h > 2:1 e L:B > 2:1;
** vh < 50 mm s-1;

- decantadores sem remoção mecanizada do lodo:


* profundidade da lâmina d’água maior ou igual a 0,50 m;
* circulares: diâmetro menor que 7,0 m;
* retangulares: largura menor que 5,0 m. 20
Eficiência
- esgotos domésticos:

* SS  50-70%;
* DBO  25-40%.

Operação
 manter a vazão o mais constante possível;

 manter os vertedores efluentes sempre limpos;

 lubrificação de componentes mecânicos.


 remoção contínua do lodo:
* automática (mecânica);
* com uso de bombas de sucção.

 encaminhar escuma para os digestores;

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Perturbações na operação
- lodo flutuando: decomposição no fundo  remoção do lodo com maior
frequência;
- líquido muito escuro: digestão anaeróbia  diminuir tempo de detenção ou
remover o lodo com maior frequência;
- sedimentação excessiva na calha de recolhimento: velocidade baixa na
calha  reduzir seção transversal da calha
- vertedores e superfície muito suja: acúmulo de sólidos  limpeza manual
ou cloração do líquido;

Disposição do lodo e escuma

- o lodo e a escuma coletados nos decantadores devem ser conduzidos aos


digestores e, posteriormente, a aterros sanitários ou dispostos no solo.

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Exemplo 04 – O efluente de uma estação de tratamento de esgoto
(ETE) possui uma vazão de 120 m3 dia-1.

a) Diante disso,você como técnico responsável da ETE deve


dimensionar um decantador retangular para sedimentação de ovos
de helmintos (diâmetro de 30 um e massa específica de 1400 kg m-
3), sabendo-se que o líquido possui uma viscosidade absoluta de
1,002 x 10-2 g cm-1 s-1 e massa específica de 998,2 kg m-3.
Considere um tempo de detenção de 120 minutos e uma relação
comprimento largura de 3:1.

b) Nesse decantador, está ocorrendo arraste de partículas? Justifique


sua resposta.

c) A taxa de aplicação superficial está dentro da faixa recomendada,


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que é de 15 a 35 m3 m-2 d-1? Justifique sua resposta.
TRATAMENTO
PRIMÁRIO/SECUNDÁRIO:

FILTRAÇÃO
TRATAMENTO PRIMÁRIO/SECUNDÁRIO

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS POR FILTRAÇÃO

Objetivos: remoção de SS, SD e CF, quando for o caso, para:


 minimizar problemas de entupimento de bombas, tubulações e emissores;
 facilitar tratamentos posteriores  fundamental para águas ricas em
material orgânico.

Princípios físicos:
 remoção de partículas ou flocos com diâmetro maior que o diâmetro dos
poros;
 remoção de partículas com diâmetro menor que o diâmetro dos poros 
em baixa velocidade há retenção de impurezas pois cada poro pode
funcionar como um pequeno sedimentador.

Princípio bioquímico:

 adsorção de material orgânico solúvel e coloidal e desenvolvimento de


bactérias  oxidação do material orgânico. 25
TIPOS DE FILTROS

Quanto à forma de operação

- operação descontínua dos filtros  maior purificação e maior


estabilidade no tratamento, entretanto não há regras para
intermitência da operação do sistema:

 contínuos (uso seguidamente por vários dias);


 intermitentes.

Quanto ao tipo de líquido a ser tratado

- água a ser potabilizada  filtros de areia rápidos ou lentos;

- esgoto doméstico  filtros de areia ou orgânicos;


- águas residuárias ricas em material orgânico  filtros orgânicos.

26
Quanto ao tipo de material filtrante

- meio filtrante ideal: material que venha proporcionar maior eficiência na


remoção de sólidos e que possa ser facilmente substituído e disposto no
meio.
 materiais inorgânicos: quartzo, antracita, pó de “pedra”, ilmenita
(FeTiO3), vidro moído, escória de alto-forno, minérios metálicos,
etc.
 materiais orgânicos: casca de arroz, a casca de frutos de cafeeiro,
o bagaço de cana-de-açúcar, o sabugo de milho, a serragem de
madeira, casca de coco, capim picado, etc.

Quanto à velocidade de filtração

- filtros rápidos  turbidez da água não deve exceder a 10 UTN;

- filtros lentos  águas submetidas ao processo de clarificação


(floculação química) anteriormente;

Quanto à direção do fluxo


- descendentes;
- ascendentes;
- laterais. 27
VARIÁVEIS DE PROJETO DOS FILTROS DE AREIA.

Diâmetro de partículas do material filtrante

Definição: diâmetro efetivo é a malha da peneira, em mm, que permite a


passagem de menos de 10% (em peso) do material filtrante.

- diâmetro muito grande:


 menor perda de carga;
 maior período de operação do filtro;
 menor eficiência na remoção de SS;

 devem apresentar colunas de filtração de maior altura

28
- diâmetro muito pequeno:

 maior eficiência na remoção de SS;


 maior perda de carga;
 menor período de operação do filtro.

- filtros rápidos: diâmetro efetivo entre 0,45 e 0,55 mm;

- filtros lentos: diâmetro efetivo entre 0,25 e 0,35 mm;


- filtros intermitentes: diâmetro entre 0,2 e 0,5 mm.

29
Definição: coeficiente de uniformidade (CUM) é a razão entre a malha da
peneira que permite a passagem de 60% (em peso) e a malha que
deixa passar 10% do material filtrante (tamanho efetivo).

- filtros rápidos: CUM de 1,2 a 1,7;


- filtros lentos: CUM < 3;
- filtros intermitentes: CUM de 2 a 5.

Taxa de aplicação

- muito altas: maior vazão tratada com menor eficiência na remoção de


poluentes e tendência em carrear flocos retidos;
- muito baixas: menor vazão tratada com maior eficiência na depuração do
líquido;
- filtros rápidos: 120 a até 1.200 m d-1, normalmente entre 240 e 360 m d-1;

- filtros lentos: 3 a 6 m d-1. Taxa de aplicação de 5 m d-1 para


intervalos de 4 dias de operação do filtro com esgoto doméstico.

- filtros intermitentes: 0,07 a 0,25 m d-1, com duas aplicações de esgoto


doméstico por dia. 30
Altura da coluna filtrante

- quanto maior a granulometria do material, maior deve ser a altura do


filtro.
 filtros rápidos: de 60 a 70 cm;
 filtros lentos: de 30 a 120 cm;
 filtros intermitentes: 46 a 76 cm.

Dreno do efluente dos filtros

- dreno de 30 cm, constituído por brita

31
Eficiência de remoção de poluentes

- DBO e SS: remoções superiores a 88-90% em esgoto doméstico;.


- remoções de DBO superiores a 95% em filtros intermitentes usados no
tratamento de esgoto doméstico;
- remoção aumenta quando há uso de agentes floculantes;
- filtros lentos: maior eficiência na remoção de DBO, SS e bactérias

Manejo dos filtros de areia

- com o uso há gradativa obstrução dos poros do leito filtrante e aumento


da perda de carga  necessário a troca do material filtrante (no caso
de alguns filtros lentos) ou a retrolavagem (no caso de filtros rápidos);
- Filtros lentos e intermitentes exigem “amadurecimento” para maior
eficiência;
- Filtros lentos: troca de material quando a perda de carga alcançar de 1
a 2 mca;

32
- Filtros intermitentes:

 tempo de uso depende da temperatura do material a ser filtrado,


qualidade da água, quantidade de matéria orgânica presente e
incidência luminosa;

 remoção e substituição da camada superficial de 5 a 7,5 cm de


areia em filtros intermitentes.

Destino da areia removida

 limpeza da areia não é economicamente viável:

 disposição no solo;

 aterro sanitário.

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VARIÁVEIS DE PROJETO DE FILTROS ORGÂNICOS

Material filtrante

- águas residuárias agroindustriais: muito ricas em SS e SDT  rápida


colmatação superficial  uso de materiais filtrantes que possam ser
continuamente trocados.

- materiais orgânicos substituídos podem ser compostados  adubos


orgânicos.

Diâmetro de partículas

- faixa de 2-4 mm: mais adequada


(Lo MONACO, 2001).

34
Esquema de montagem de um filtro orgânico 35
Protótipo utilizado para
teste de filtração

36
Condições do material retirado dos filtros orgânicos

Compostagem do material retirado dos filtros orgânicos 37


adubo orgânico de alto valor fertilizante
38
TRATAMENTO SECUNDÁRIO:

REATOR ANAERÓBIO
Reator Anaeróbio de
Fluxo Ascendente

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Reatores UASB - Aspectos Gerais:
• Capacidade para a assimilação de elevadas cargas;

• Presença de sistema separador trifásico 


essencial para a retenção da biomassa no sistema;
• Biomassa na forma granular e floculenta possibilita a
degradação do material orgânico.

•O UASB no Brasil inicialmente foi nomeado como


digestor anaeróbio de fluxo ascendente (DAFA).

• Inicialmente a tecnologia UASB foi desenvolvida


para tratamento de águas residuárias industriais
41

concentradas.
Reatores UASB

42
FUNCIONAMENTO
• O UASB é adequado para tratamento de esgotos
domésticos em países em desenvolvimento (testes
tiveram início em 1976).

• No UASB o esgoto afluente entra pelo fundo do


reator.

• Em seu movimento ascendente o esgoto atravessa uma


camada de lodo biológico que se encontra na parte
inferior do reator.

• Passa por um separador de fases enquanto escoa em


direção à superfície. 43
FUNCIONAMENTO

• O reator consiste de um leito de lodo, uma zona de


sedimentação, e o separador de fase.

• Este separador de fases tem a finalidade de:


• dividir a zona de digestão (parte inferior), onde se
encontra a manta de lodo responsável pela digestão
anaeróbia;
• e a zona de sedimentação (parte superior).

• O esgoto atravessa a zona de digestão escoando


pelas passagens do separador de fases e alcançando a
zona de sedimentação. 44
Biogás

Efluente

Separador
trifásico

Esgoto
Afluente Biomassa
Granulada

45
46
FUNCIONAMENTO

• Após o efluente entrar e ser distribuída pelo fundo


do reator UASB, flui pela zona de digestão, onde se
encontra o leito de lodo, ocorrendo a mistura do
material orgânico nela presente com o lodo.

• Os sólidos orgânicos suspensos são quebrados


(biodegradados e digeridos através de uma
transformação anaeróbia), resultando na produção de
biogás e no crescimento da biomassa bacteriana.

• O biogás segue em trajetória ascendente com o


líquido em direção ao separador de fases. 47
FUNCIONAMENTO

• O separador de fases deve permitir que a


velocidade do líquido seja progressivamente reduzida,
de modo a ser superada pela velocidade de
sedimentação das partículas.

• Isto possibilita que este material sólido que passa


pelas aberturas no separador de fases possa se
sedimentar sobre a superfície inclinada do separador.

• Esta condição dependerá das condições hidráulicas


do escoamento.
48
FUNCIONAMENTO

• O acúmulo de sólidos implica no aumento do peso


desse material que, então, deslizará, voltando para a
zona de digestão, na parte inferior do reator.

• A presença de uma zona de sedimentação acima do


separador de fases resulta na retenção do lodo,
permitindo a presença de uma grande massa na zona
de digestão.

• Na parte interna do separador de fases fica a


câmara de acumulação do biogás que se forma na zona
de digestão. 49
FUNCIONAMENTO

• O projeto do UASB garante os dois pré-requisitos


para digestão anaeróbia eficiente:

a) através do escoamento ascensional do afluente


passando pela camada de lodo, assegura-se um
contato intenso entre o material orgânico e o
lodo .
b) o decantador interno garante a retenção de uma
grande massa de lodo no reator.

50
FUNCIONAMENTO
• A estabilização da matéria orgânica ocorre na zona
da manta de lodo (não há necessidade de dispositivos
de mistura, pois esta é promovida pelo fluxo
ascensional e pelas bolhas de gás).

• Com a contínua entrada de alimento no reator (DBO),


há um continuo crescimento de biomassa →
necessidade de remoção periódica dessa biomassa
(lodo) para manter o sistema em equilíbrio.

• A produção de lodo nos reatores anaeróbios é baixa.

• O lodo do UASB já sai digerido e adensado, podendo


51
ser simplesmente desidratado.
FUNCIONAMENTO
• A retirada do lodo do reator UASB é feita por meio
de tubulações laterais, próximas ao fundo, em níveis
diferentes (o operador pode selecionar o melhor nível
de lodo e a quantidade desejada).

• Característica do processo: “limitação” na eficiência


de remoção da DBO (em torno de 70%).

• Inferior a maioria dos outros processo de


tratamento biológico.

• Para atingir a eficiência desejada, o reator UASB é


geralmente seguido por um pós-tratamento. 52
FUNCIONAMENTO
• O pós-tratamento pode ser qualquer processo
secundário (aeróbio ou anaeróbio).

• O pós-tratamento será bem compacto (70% da DBO


já foi removida).

• Pós-tratamento por sistemas de aeração terá


consumo energético menor, em virtude da menor
carga orgânica afluente ao pós-tratamento.

• O tamanho total das unidades (UASB + pós-


tratamento), é menor quando comparado a outros
sistemas sem UASB. 53
FORMAS
• Podem ser circulares ou retangulares.

• Principal fator para estabelecimento da


configuração adequada: a obrigatoriedade de dotar o
reator UASB de condições favoráveis à imobilização
em flocos ou grânulos da biomassa ativa ao mesmo
tempo que garanta sua retenção dentro dele.

• A desagregação ou perda de lodo já imobilizado tem


muito a ver com a eficiência do reator.

54
FORMAS

• Os reatores de seção circular são mais econômicos do


ponto de vista estrutural, sendo mais utilizados para
atendimento a pequenas populações, usualmente com
uma unidade única.

• Para atendimento a populações maiores, os reatores


retangulares passam a ser mais indicados, uma vez que
uma parede pode servir a dois módulos contíguos.

55
Variáveis de projeto - So < 2500 mg/ L (diluído):

* Tempo de detenção hidráulica (TDH):

TDH = V/Q

 6 a 16 horas

* Carga hidráulica volumétrica (CHV):

CHV = 1/TDH = Q/V

 até 5,0 m3 m-3 d-1


56
Variáveis de projeto - So > 2500 mg/ L
(concentrado):

* Taxa de aplicação volumétrica (Lv):

Lv = (So.Q)/V → V = (So.Q)/Lv

Lv ≤ 15 kg/m3.d

Vazão máxima = 1m3/h

57
Separador trifásico

Reator UASB – ETE Campinas SP 58


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Obrigado pela atenção

Continua na próxima aula!

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