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Sobre Mitos e Realidades Runificadas

Conta-se que em Roma, nas antigas cerimônias de entronização de um rei, o ritual ancestral
mandava que acima do Monte Capitolino o novo líder repousasse num banco construído em
pedra talhada, com sua face voltada para o sul, e estando toda a plateia das gens romanas em a-
guardo, esperava-se um sinal de assentimento que marcaria a aprovação dos Deuses acerca da
nova realeza. Este sinal vinha precisamente de um trovão explodindo nos céus ou do magistral
voo de uma ave no momento de exata atenção. Este era o olímpico sinal de aquiescência da
divindade responsável pela aprovação divina do monarca, o soberano primordial Júpiter.

Nimrod de Rosário atesta que uma superestrutura cultural é construída com objetos culturais e
homens que lhe asignam enlaces de valor. Nos Fundamentos da Sabedoria Hiperbórea
encontramos que o voo de uma ave, seu trajeto e seu momento, é, pois, uma forma externa
incorpórea, cujo sentido cultural adquirido o transforma num objeto cultural em enlace de valor
com outro determinado objeto dentro de uma cultura. Tal enlace, com seu momento de realce
axiológico emergente, constitui um sistema real. Neste caso descrito, estando os olhares
direcionados aos céus, o voo da ave afirma-se como um objeto cultural em enlace axiológico
com o candidato ao posto de realeza, estando ambos, por sua vez, sincronicamente relacionados
às divindades olímpicas que embasam e confirmam o significado do rito.

Na Índia, já no domínio dos Brahmannes, altos sacerdotes iniciados na magia negra shambálica,
o governo inglês quis extinguir um rito corrente referente ao sacrifício das esposas viúvas junto
ao enterro de seu marido falecido. Os sacerdotes, a casta dominante nesta época, foram
contrários à extinção do rito, usando a autoridade do texto sagrado do Rig-Veda para sustentar a
permanência dos sacrifícios. Max Miller, especialista no estudo de mitologias, conta que
Coolebrooke, um indianista inglês, foi então solicitado para estudar o caso acerca dessa “lei”
sagrada justificativa dos sacrifícios e o quanto estes rituais estavam verdadeiramente enraizados
na cultura local. Constatou, pois, que se tratava de uma questão de interpretação simbólica do
capítulo exato do livro sagrado. Questão linguística de domínio verbal e semântico dos textos
em forma mitológica, cuja base é exatamente a Kabala acústica: com apenas a pronúncia
alterada em um símbolo sintático, o termo “altar” – que em sânscrito pronuncia-se ”agre” –
transformou-se, nos olhos dos brâmanes e segundo a autoridade da casta, na forma “fogo” – que
em sânscrito é “agneh” –; em vez, então, de participarem do culto no altar e de lá partirem,
incontáveis mulheres foram sacrificadas por uma tão pequena alteração semiótica.

Sabemos da Semântica Noológica que a língua dos brâmanes, o sânscrito, é, junto ao hebraico,
uma língua que contém poderes derivados da Kabala Acustica shambálica, são as línguas dos
sacerdotes sacrificadores, ferramenta cabalística de todo e qualquer rito de sangue derramado ou
que gere dor e sofrimento sob a potência de um Símbolo Sagrado. Estes ritos são a forma mais
eficaz de recarregamento energético das estratégias demoníacas dos Siddhas Magos Traidores e
que causam o maior prazer ao Demiurgo. Mitos e ritos nestes moldes sacrificiais reunidos sob o
ideal do Pacto Cultural assim como as respectivas civilizações que os abarcaram, erigiram-se
sob o mandato dos Siddhas Traidores, estando assim suas respectivas expressões culturais
mitológicas, artísticas, etc, recheadas de leis derivadas cujo objetivo é a imersão da alma em dor
e sofrimento, em forma devocional, para controle das massas humanas.

Como se pode notar pelas descrições acima, o domínio esotérico e exotérico de realidades
míticas, mitos culturais, arquétipos, formas simbólicas deificadas, textos sagrados, e demais
expressões de reconhecida obliquidade semântica, nos revela a relação estrutural do homem
com o transcendente, ou melhor, revela a expressão psicossocial, em uma determinada cultura,
da realidade mítica ontológica e das forças arquetípicas organizadoras das tradições e
civilizações. Um tal conhecimento é essencial para toda e qualquer ação de despertar, assim
como também pode ser, e geralmente sempre é, utilizado pelo Pacto cultural para concreção dos
objetivos evolutivos das comunidades de viryas. Por isso, a posse desses conhecimentos é de
extrema importância estratégica ao virya dormido. Devido a sua profundidade estrutural os
Mitos Antigos carregam verdades da mais alta transcendência; suas estruturas semânticas
possuem um grande potencial despertante e orientador, propriedades compartilhadas também
pelo conhecimento de aspectos civilizacionais e culturais de povos do Pacto de Sangue; ambos
podem orientar o virya a um posicionamento cultural menos degradado, para daí assumir o
caminho estratégico ao despertar. O virya desperto ativa, através de sua capacidade de
anamnese, a percepção compreensiva dos registros culturais para implodir os tapa-signos os
quais a ação deletéria de representantes do Pacto Cultural implantaram nessas linguagens ao
longo de sua existência.

Desde já, àqueles que garimpam aspectos arquetípicos em varias mitologias e civilizações aos
quais valorizam acentuadamente, ou àqueles que não enxergam para além de suas míseras
estantes de livros e fórmulas doutrinais, assim como para aqueles meramente atraídos pelos
aspectos estéticos das Mitologias, a todos estes asseguramos a estrutura diferenciada da relação
entre os homens e suas divindades nas civilizações e mitologias erigidas sobre a áurea do
Sangue hiperbóreo, fruto de uma herança bélica extraterrestre, a toda forma mitológica e
civilizacional derivada do pacto cultural. Esta é uma verdade captada pelas propriedades
intuitivas da Memória de Sangue e da Predisposição Gnóstica.

Na atual fase da Kali Yuga a sinarquia maneja o conhecimento das realidades míticas através de
linguagens culturais e seus campos semânticos em áreas conhecidas como Mitografia, Mitologia
Comparada, História das Religiões, Tradicionalismo, doutrinas esotéricas, dentre outras e
demais interligadas. São estruturas doutrinais que observam os mitos desde fora, ou seja,
possuem uma tendência a se conformar horizontalmente ao ambiente cultural racionalista,
perdendo a essência oblíqua do mito propriamente dito. Ainda que possam conservar uma certa
abertura a verdades noológicas, na Kali Yuga estas linguagens apenas ocupam espaço nas
superestruturas, raramente servindo como força mágica atuante nas superestruturas de fatos
culturais no macrocosmos estimulando eventos reais. Sobre os conceitos-fatia de “sacralização”,
“tradição”, “decadência”, “religiosidade”, “culto”, “hierarquia”, “ser”, “deus”, “religião”, dentre
outros, os campos semânticos destas linguagens culturais sustentam sistemas reais de claros
vetores axiológicos de direcionamento sacerdotal- religioso, cujos registros culturais indicam a
intencionalidade tática contida no direcionamento a este tipo psicossocial. O efeito pragmático
destes campos axiológicos é amparar a manifestação cultural da ética psicológica em suas
expressões sacralizantes e lúdicas, dissolvendo o potencial noológico contido nos Símbolos
Eternos plasmados nos mitos originais, obscurecendo-os por tapa-signos filosóficos e
teológicos. O objetivo é, numa das instâncias culturais, possibilitar a ascendência psicossocial
do tipo sacerdotal-sacralizador, aquele que afirma o significado do Símbolo Sagrado em direção
entelequial, criando-se alto-sacerdotes, intelectuais influentes, revolucionários arquetípicos, ou
outros tipos onde a religiosidade contemplativa sobrepõe-se sobre vários aspectos psíquicos,
dentre outros possíveis; ou, em estratos psíquicos de mais baixa capacidade voltiva, a impressão
do tipo lúdico-deotólogo, com seus jogos de palavras filosóficos e expressão cultural moralista,
tipos cuja superficialidade de interesse perfaz a curiosidade, a casualidade, mecanicidade e
relativização. Temos assim, um tipo psicoideo que atribui ao tempo transcendente uma
qualidade oblíqua, que não chega ao nível propriamente mítico, derivada de um sentido de
decadência que se manifesta como uma força afetivamente desviada, beirando a emergência de
um símbolo sagrado. Este desvio afetivo do símbolo “decadência” aplicado ao tempo
transcendente em forma cultural, ou seja, à dimensão histórica, causa a perda de claridade
daquilo que se liga ao “presente” e ao “futuro”, de forma que a todo objeto ou fato cultural
aplicado a estas formas temporais, do “hoje” e do “amanhã” a consciência moldada de forma
sacral signa um imediato valor repulsivo, restando, pois, uma posição cultural de mera
contemplação do passado, seja por meio literário, seja por um moralismo conservador-
tradicionalista.

Na base disto encontra-se o equívoco gnosiológico do sujeito cultural em presente extensivo,


visão linear culturalmente negativa, nesse caso, mas que pode ser condicionada positivamente,
gerando outro sistema moral arquetípico, como nos progressistas, por exemplo. A partir de certo
nível essa visão é completada pelo arquétipo do paraíso perdido, idade dourada antiga,
expressões anímicas registradas na alma pasú. Sabe-se que a posição de sujeito em presente
extensivo, na maioria dos casos, e ainda mais na Kali Yuga, degenera-se ao A.R.S.E.P.E.
(Aspecto Raça Sagrada em Presente Extensivo), transmutando o indivíduo que a assume num
agente anti-espiritual ativo, inimigo declarado do Espírito.

Ao virya perdido há nesses contextos culturais uma substância espiritual atraente, decorrente,
como já falamos, da eterna presença de significados noológicos nos mitos de sangue de origem
hiperbórea, bem como na superestrutura de fatos históricos de suas respectivas civilizações. Esta
atração aponta, com efeito, para uma predisposição gnóstica latente, em geral, revelando-se
acima da mera curiosidade cultural. Mas além do fato destas linguagens terem sido impregnadas
de significados que apontam à alma sacerdotal, como acima comentamos, elas acabaram
também por se horizontalizar, ou seja, perderam a verticalidade das verdades espirituais em
nome de esquemas racionalizados de acordo com premissas culturais, o que também fora
estrategicamente planejado.

Sobre o primeiro aspecto – a contaminação anímica – o virya dormido precisa orientar-se afim
de que exerça o Valor necessário para a resignação simbólica destas estruturas semânticas,
chegando assim à certeza que são os aspectos guerreiros e heroicos os quais são os verdadeiros
estruturadores de mitos e civilizações hiperbóreas. Ao segundo aspecto – a horizontalização
cultural – é preciso o virya adquirir a Vontade necessária para a percepção compreensiva da
semântica, colocar-se em posição de sujeito compreensivo, o qual verdadeiramente revela os
mecanismos espirituais do homem antigo, seus deuses, seus mitos, etc. Verdades espirituais
aprisionadas em estratos culturais abissais só podem ser acessadas por uma compreensão
noológica pura, que é, em si mesma, um ato ético.

De posse dos conhecimentos provindos da Semântica Noológica da sabedoria dos Siddhas


Guerreiros, linguagem de guerra total, tentaremos orientar alguns aspectos que possam
minimizar o estado de confusão estratégica acerca deste assunto, afim de que realidades
semióticas se abram e o Eu a caminho da conquista do Selbst possa compreender o que é ou não
expressão do espírito encadeado, ou o que é ou não expressão da magia shambálica, e como
estão os dois imbricados na cultura.

A despeito de um “mundo sacralizado” temos muito o que falar, pois há, na cultura, uma ligação
axiológica positiva frente a uma realidade estruturada nestes moldes, como, em geral, foram
povos da História. Contudo, a mera valorização de um ambiente cultural formado por essa
matriz – um dos pressupostos dinâmicos da esfera axiológica dessas linguagens modernas as
quais acima citamos – não é suficiente para esclarecer as máximas verdades do Espírito.
Portanto o virya deve a estas últimas buscar no exercício de sua capacidade de anamnese e re-
conhecê-las profundamente. Uma realidade sacralizada, como os mundos antigos e civilizações
históricas é, diz-se, um ambiente cultural determinado no qual todo processo, todo fato cultural
e todo elemento estrutural possuem uma intrínseca ligação simbólica com a esfera do sagrado.
Toda realidade é símbolo do sagrado, dos deuses, heróis, e demais entidades transcendentes.
Muito embora as civilizações forjadas sobre Estratégias dos Siddhas Leais contenham
necessariamente este aspecto “sacralizado”, tais civilizações vão muito mais a fundo na
complexidade de sua realidade espiritual, ou seja, suas respectivas culturas possuem elementos
manifestados que as levam a uma “metassacralização”. É tanto a manifestação gloriosa do
Graal, sob uma determinada forma mística, quanto a plasmação rúnica de altos iniciados
hiperbóreos em toda realidade envolta num cerco de uma Arquêmona macrocósmica – de
máxima transcendência noológica e guerreira – os princípios que sustentam os alicerces
estruturais de um “mundo” pactuado pelo Sangue. Esta é, com efeito, uma obra de magistral
domínio de Pontônica Noológica, que resulta na sincronização carismática de todos os homens
de um povo, transformados em viryas, em torno da Mística que envolve os Deuses Leais ao
Espírito, do bando guerreiro do verdadeiro Kristos da Atlântida, cuja energia mística provem do
contínuo êxtase rúnico em contato mágico com a energia direta do Parakleto.

Na dita realidade sacralizada, ritos e símbolos do sagrado são fundamentados sobre a


manifestação cultural mitológica/religiosa/esotérica de Símbolos Sagrados que, manejados por
sacerdotes ou mestres, adquirem suas respectivas linguagens operacionais míticas, para
manifestar na comunidade o símbolo e/ou para manipular seu fluxo psíquico coletivo. O
Símbolo Sagrado emerge no sujeito consciente, transformando-se em “deus da esfera psíquica”,
controlador da alma; em nível esotérico ele o faz através de ensinamentos metafísicos, iniciação
ou ritos, e, em nível cultural exotérico, decorrente ou não de uma estratégica psicossocial, sua
emergência se dá através de um fato cultural de dramaticidade reconhecida na comunidade ou
individualmente (na verdade há em geral sobreposição destes caminhos). Tendo por essência os
aspectos mais desconhecidos e insólitos para a razão de um determinado ente, o Símbolo
Sagrado, uma vez projetado no seu respectivo ente representativo, dá a este a marca do
“sagrado”; nada mais do que a aproximação à ideia pensada e dita pelo aspecto Logos do
Criador. Logo, necessariamente, todo Símbolo Sagrado culturalmente difundido, e toda
realidade sacralizada nos aspectos que aqui afirmamos, tende à devoção massificante, ou seja,
conduz à plena manifestação do signo universal da dor, que resulta, em resposta, na ética
psicológica do pasú. A transcendência, nestes termos, refere-se à obliquidade do significado
projetado, à proximidade semântica com o símbolo arquetípico do “deus do ente”, inserido
desde a projeção do signo. Temos então que uma hierofania, por exemplo, é propriamente o
exato significado mítico em sua obliquidade essencial plasmado no ente e reconhecido
culturalmente na forma das narrativas míticas, ritos, celebrações, etc. Assim, toda a
superestrutura cultural vai sendo moldada pelo poder numinoso dos Símbolos Sagrados,
formando uma realidade estruturada, em sua profundidade psíquica coletiva, pela potência astral
de um Arquétipo Psicoideo cuja manifestação é interligada à do Símbolo Sagrado.

É possível identificar e de certa forma catalogar toda impressão arquetípica contida nas
expressões culturais mitológicas na maioria das civilizações ditas históricas. Mitos que se ligam
a ritos de renovação, de fecundidade, simbolismo das águas, deuses ctônicos, místicas lunares e
solares, feitos heroicos, seres fantásticos e monstros, celebrações orgiásticas, divindades
femininas, e todas as demais expressões mitológicas das diferentes visões de uma realidade
sacralizada, contém um componente arquetípico primordial estruturado no inconsciente coletivo
da comunidade cujo fundamento é a memória arquetípica. No microcosmos estes arquétipos são
formatados na estrutura psíquica através das matrizes funcionais do desígnio caracol. Em geral,
desta trama arquetípica é retirada o sentido de universalidade dos mitos e seus respectivos
temas, contudo, ao virya que na posição de IHPC se encontre, torna-se claro o equívoco
gnosiológico do sujeito cultural que trabalha em cima desta universalidade, de onde justamente
deriva o fator de valorização de toda e qualquer realizada considerada sacralizada ou tradicional.
Esta é a marca do universalismo nestes tipos psicológicos.

Totalmente diferente é uma realidade “sacralizada” aos moldes de uma estratégia hiperbórea.

Utilizamos mais acima o conceito-fatia de “metassacralização” para mostrarmos a maior


profundidade e luminosidade espiritual dos mundos erguidos sobre a certeza do Espírito
Incriado e seu aprisionamento, certeza esta refletida na concepção da superioridade de toda
forma transcendente sobre o meio meramente humano e material, que são, em si, criados. Esta
visão é culturalmente conhecida – mundo do ser e mundo do devir – já tendo sido, pois,
horizontalizada, o que causou a perda de sua sustentação noológica, encontrada precisamente na
Hostilidade Essencial do Espírito quando revertido e aprisionado pela traição dos Siddhas
Magos de Dejung. Tal como foram o mundo perdido dos Cro-Magnon, a Hélade Clássica, os
Tartesos, outras civilizações ou comunidades perdidas no tempo, culminando no máximo cerco
hiperbóreo do mundo romano, bem como nas últimas manifestações históricas do Pacto de
Sangue, todas podem ser unificadas como manifestações de estratégias de Liberação Espiritual
levadas a cabo pelos Siddhas Guerreiros, Cavaleiros do Graal descidos ao inferno material e
heróis viryas berserk, que atuaram nessa Guerra Eterna.

Devemos admitir que as realidades sacralizadas, sociedades tradicionais, mesmo tendo uma
superioridade anímica em comparação à cultura materializada da atual época do Kali Yuga, elas
por fim ainda afirmam o poder da Kalachakra, sistema real de gigantescas proporções que é
conteúdo do mistério do encadeamento, e por isso, todas estas mitologias fundamentadas sobre
as influências psicossociais de Símbolos Sagrados e seus respectivos Psicoideos são
arquetipicamente programadas para evoluírem em direção à sua substituição ou adaptação de
sentido para que sirvam em última estância ao encadeamento do Espírito. Podendo desaparecer,
serem invertidas ou retornarem de forma cíclica, em suma, são arquetipicamente projetadas para
secularizar-se e profanar-se ao longo do decorrer do tempo transcendente.

Ao virya que tenha compreendido de forma apolínea os meandros da cultura e seus efeitos no
sujeito consciente e o quanto ela pode lhe afastar da verdade do Espírito, que tenha então
compreendido a Serpente com o Símbolo da Origem, é possível intuir que, sacralizada ou não,
toda realidade é o Valplads e que somente o Incriado é a verdadeira realidade superior, não
determinada arquetipicamente, e acessível pelos estratos superiores do Sangue, independente de
qualquer concepção metafísica que se faça dela. Não se olha ao passado em sua trama labiríntica
histórico-arquetípica, mira-se unicamente desde o Ponto Tau e une-se carismaticamente o Fio
Rúnico em direção estratégica, excluindo-se considerações de categorias temporais. Avançar
retrocedendo; paradoxo luminoso que perfura a alma racional em sua delicadeza andrógena
iluminista.
Com base nisso, tentemos então descrever de forma compreensiva, por conceitos-fatia e enlaces
de obliquidade adequada, os aspectos noológicos conformadores destas estratégias que nos
autorizam o uso do termo “metassacralização”.

É da manifestação místico-graalíca das Runas Incriadas que o plano dos Siddhas Guerreiros
começa a se plasmar. Estas são as Armas de guerra mais poderosas que nos deixou Wotan, o
enviado e camarada eterno do Kristus guerreiro de Luz Incriada. Desde a runa Hagal, com suas
duas Runas Tyr em encontro titânico, representando a união dos poderes incriados dos Siddhas
com os viryas despertos, assim como da Sieg, em sua complexão resignadora do sentido
evolutivo e estruturadora da Escada Infinita em direção à Origem, e também com a Runa de
ação guerreira Tyr; com elas toda a realidade passa a organizar-se geometricamente em Ângulos
Retos de indução noológica, despertando viryas para a conquista do Selbst, transmutado toda
coletividade pela resignação luciférica dos Símbolos Sagrados e da espiral serpentina dos raios
negros que emanam da Kalachakra, dos eflúvios cabalísticos enviados pelos Magos Traidores
desde shambala, e dos desígnios massificadores do gregarismo anímico.

Diretamente do Parakleto provém a qualidade mística das estratégias hiperbóreas cuja essência
é o poder carismático em forma de sincronia do Sangue Astral. Este é sempre o ambiente de
manifestação do Graal, orientação absoluta do Espírito em sua Reversão Gnóstica.

Em suma, então, uma civilização erguida sobre o poder das Runas Incriadas, Estratégia do Pacto
de Sangue, como foi Roma, por exemplo, é uma realidade marcada pela resignação simbólica
cultural resultante numa ética e numa visão de mundo contidas em um fator noológico-
estratégico, propriamente de caráter místico-heroico, mantidas por uma superestrutura cultural
incrustada de ângulos retos ônticos e ontológicos sobre os quais Pontífices hiperbóreos projetam
o polo infinito, forjando pontos culturais de sustentação mística, resultando em mitos cuja
linguagem oblíqua é geometricamente resignada, estando, não obstante, toda a realidade
civilizacional cercada, desde sua base geocrônica, pelas Leis operativas das Artes Maiores
Hiperbóreas: Guerra, Política e Arquitetura. Temos aqui a compreensão e aplicação do
Princípio do Cerco e do mistério do Ângulo Reto. Assim, estrutura-se o rúnico em nível pré-
ontológico, cuja indeterminação ontológica intrínseca, derivada de sua não-designação
demiúrgica, abre a janela para a manifestação graalíca como uma esfera noológica imanente ao
Cerco a qual ocupa o lugar da esfera de sentido do mundo, resultando em fragmentação da
consciência do demiurgo. Esta é a completude do Pacto de Sangue vitorioso.

Quando falamos em resignação simbólica afirmamos que não mais Símbolos Sagrados intentam
o desenrolar de sua enteléquia nas psiques. Tais são resignados pelos Símbolos Eternos que,
desde a Minne, irão sustentar uma ética de máxima virilidade da Atitude Graciosa Luciférica.
Esta é a ética do virya desperto, aquele para o qual a devoção, o medo, o amor, o ódio, a
salvação, o perdão, o ressentimento, e todas as demais formas de porta de entrada dos Símbolos
Sagrados, estão resignados por uma conduta pautada na frieza, na calma do desapego superior e
na Honra.

Quando falamos em linguagens oblíquas geometricamente resignadas, referimo-nos à estrutura


sêmica dos mitos hiperbóreos, que hão de brotar nas civilizações de sangue, e que atingem um
grau superior de transcendência-obliquidade sem aumentar, na verdade anulando, o fator
devocional e fagocitador dos Símbolos Sagrados pela sua proximidade sêmica do Logos
plasmador demiúrgico. Todos estes Mitos que ao longo do tempo transcendente nos chegaram
em suas formas narrativas, estiveram vivos nas respectivas culturas hiperbóreas, ou seja,
expressaram um fator estratégico, configurando um plano de significação sustentado não pelo
sentido cultural dos entes sobre a base de matrizes astrais, mas sim pelo Sangue e organizado
geometricamente pela manifestação inclinada da runa swastica, em seu giro dextrógiro –
símbolo da aceleração dos macroprocessos – ou levógiro – símbolo de retorno à Origem.

Resulta, pois, deste Mitos hiperbóreos, culturamente runificados, a expressão compreensiva


para o despertar do Símbolo Sagrado do Virya, Tirodinguibur. São então mitos que ultrapassam
o mero sentido arquetípico, são linguagens de Indução Noológica, que apontam diretamente ao
Eu, à Busca, ao Labirinto, auxiliam o virya no processo de individuação e absorção de todas as
esferas pela compreensão do estado de desorientação até chegar-se à Fenestra Infernalis da
Runa limitante Odal, e sair-se pelo Ponto Tau. São expressões culturais cuja semiótica angular-
geométrica leva à perda de potência do Signo da Dor devido à reorientação da circularidade
espiral desde a esfera de sombra pelas Runas Incriadas, e sustentam uma ética guerreira de
sentido transcendente, que leva à aproximação ao Símbolo da Origem. Assim são os Mitos
gregos, romanos, e outros que podemos citar dentro do grande caldeirão de confusão no qual a
sinarquia os joga.

“Hás de encontrar em ti próprio Telêmaco, alguns pensamentos; outros serão por qualquer
divindade inspirados; pois creio que vieste ao mundo e cresceste não contra a vontade dos
Deuses”. Assim comunica a deusa Atena a Telêmaco, na Odisseia. O jovem Telêmaco, símbolo
representativo do virya despertante, resiste na eminência de ser fagocitado por símbolos
sagrados devido à ameaça a sua mãe pelos pretendentes, bem como pelo desaparecimento de
seu pai Odisseu. Clama, então, a Deusa Atena para que as decisões do jovem venham
diretamente do Eu profundo, constituído por pura Vontade Egóica, em ligação inseparável com
a Vontade dos Deuses Siddhas Leais; clama, portanto, que atinja-se o êxtase rúnico com a
divina Hagal; assim são os “pensamentos inspirados” pelas “divindades”-Siddhas Guerreiros.
Tal como Atena, as demais divindades Greco-romanas, são representativas de Grandes Guias
Hiperbóreos, Espíritos Despertos, Siddhas Berserk; têm, portanto, anulada a estrutura psicoidea
de alimentação psíquica do homem como são os arquétipos psicoideos de manifestação coletiva
característicos de deuses asiáticos, orientais, enfim, aqueles próprios do pacto cultural. Tais
divindades famintas, manifestadas desde arquétipos por símbolos sagrados, desenvolvem seu
processo mediante o consumo de energia psíquica da comunidade, energia esta extraída não
mais do que da dor e sofrimento. Muito pelo contrário, configurando a instância de uma
realidade runificada, os Deuses luminosos Greco-romanos são despertadores da Vontade: “A um
encontro com a divindade sempre segue, de imediato, o agir de modo decisivo”, diz Walter Otto
em “Os Deuses da Grécia”; são ainda presenças inspiradoras e camaradas orientadores; como
escreve Bruno Snell: “Em Homero, quando um deus aparece ao homem, não o reduz a pó, mas,
ao contrário, eleva-o e o torna livre, forte, corajoso e seguro”.

Esta referência a Homero é, aliás, de extrema importância, pois ela guarda a verdade de um
símbolo eterno hiperbóreo que se revela em sua complexão espiritual de sangue: Ilíada e
Odisseia formam um magnífico sistema real artificial, ambos com proporção de superobjetos
culturais axiológicos, de qual todo e qualquer registro cultural aponta para a realidade ôntica e
ontológica dos deuses manifestados e os heróis na Guerra de Troia, como expressão mística das
Runas Incriadas, evento este que atualizou a ética guerreira e afirmou a mística da Estratégia
Atlante-Mediterrânea, a qual se conduziria com a atuação dos dórios e jônios contra os povos do
pacto cultural na Hélade. Os Deuses, na Guerra de Troia, manifestaram-se como núcleos de Vril
e os heróis como viryas bersercks.
Por um potencial noológico tão magistral é, toda essa mitologia, fruto de uma contínua
subversão semântica por parte de agentes do pacto cultural, que agem desde a manifestação do
A.R.S.E.P.E. horizontalizando o contínuum noológico destes mitos e implantando símbolos
desvirtuados de humanismo, amor, tolerância, etc. Também toda uma série de interpretações
psicanalíticas e demais contextos semânticos que subvertem a compreensão do Labirinto
Interior configuram ferramentas culturais de destruição dos significados espirituais. Mas a ação
corrosiva deste aspecto do Demiurgo pode incidir diretamente sobre a trama mítica, dentro da
própria essência mitológica, e isso várias vezes aconteceu, como ação efetuada por altos
iniciados Golem e sacerdotes da Fraternidade Branca, exemplos são o mito de Perseu ao
decapitar a Medusa, subversão sobre a Deusa Pyrena que transforma o guerreiro em homem de
pedra; ou a narrativa que descreve o mito de Zeus e Ganimedes, a qual Platão designa como
sendo uma “malvada invenção cretense”; Creta já naquela época caída sob a influência de
sacerdotes sodomitas fenícios.

Zeus, Ares, Atena, Apolo e os demais deuses maiores do panteão grego, como também Júpiter,
Marte e Netuno, suas expressões romanas, configuram divindades que resignam a devoção à
perfeição, à bondade, ao amor e à paz, aspectos entelequiados numa divindade; destroem
também a expressão coletiva de egregoros psíquicos que incidem em comportamentos
orgiasticos e animalescos, todos estes elementos recorrentes em divindades diversas na
reconhecida expressão devocional dos povos do Pacto Cultural.

São entidades urânicas que matam, ferem e podem ser feridas, não se afastam das contingências
humanas por separação, mas por superação das mesmas, praticam atos de tom humano, não
exigem adoração, na verdade a repudiam, destroem pela Graça Luciférica a expressão dos
macroarquétipos “Bem” e “Mal”; estão, com efeito, além deles. Afirmam, pelo contrário, a
atualização cultural da Soberania, da Superioridade Espiritual e do Valor Guerreiro.

Poseidon, deus dos mares, é a entidade que representa, podemos dizer, o resultado da resignação
rúnica do simbolismo das águas. Divindades relacionadas ao ambiente aquático, marcadas pelo
simbolismo do indiferenciado, da virtualidade, expressões do mundo arquetípico, símbolos de
cura, da vida pura rejuvenescida, imersão, batismo, ligados ao simbolismo da fecundidade, da
mulher, do peixe, da espiral do caracol onde reside no fundo das águas – representação desde o
desígnio caracol –; tais expressões míticas são então superadas pela selvageria berserk de um
deus dominador, filho de Kronos, domador de monstros marinhos; Poseidon porta o titânico
Tridente, representativo da Runa Incriada Guibur, que sustenta sua expressão mítica, arma dos
Siddhas Leais. Ensina agora ao virya o Valor daquele que mesmo em meio às profundezas de
um ambiente caótico e indiferenciado tem o fervor olímpico da hostilidade para o domínio do
Eu e a conquista do Selbst. Seu correspondente romano foi, por tais semelhanças, também deus
honrado pelas Legiões Romanas, Netuno. O mesmo acontece em divindades “aquáticas”
menores, como foram, por exemplo, as Ninfas; nelas temos também um resultado superior:
eram amiúde mães de Heróis locais, aconselhadoras e rígidas. Também destacada verticalidade
espiritual encontramos com relação aos mitos que giram em torno do feminino essencial.
Próprios do pacto cultural são os mitos ligados a simbolismos que apreendem o feminino desde
instâncias da alma, manifestação de aspectos de Binah tal como reconhecidos pelos pasúes,
principalmente por sua herança terrestre (Mãe Terra, aspectos reunidos sob os conceitos-fatia de
“telúrico” e “ctônico”). Este feminino anímico tem o poder de fixar os desígnios interiores das
energias astrais e psíquicas – caracol e serpente – e manifestam-se diretamente a energias dos
chakras inferiores; são, portanto, em geral, mitos de fecundidade, temática sexual, reprodução,
entidades fálicas e, em níveis mais degradados, mitos que sustentam ritos orgiásticos e
egrégoros coletivos. Como se vê deles derivam linguagens de grande poder psicossocial, sempre
dominadas e aplicadas por agentes da sinarquia em todas as eras. Na Hélade, contudo, foi o
Feminino telúrico e ctônico totalmente resignado pela expressão rúnica das Deusas guerreiras,
como Atenas. O feminino arquetípico transmuta-se então no Virginal, a angularidade
manifestada do A-Mort, guia eterno dos Espíritos Hiperbóreos; é o ideal da Dama hiperbórea
que outorga ao virya a Vontade e a graça do Vril, e para a qual se demonstra o Valor. Atena
porta seu escudo indestrutível, protetor, em cuja concepção encontra-se a presença da Runa
Odal. Todas as deusas guerreiras hiperbóreas destroem a criação do feminino arquetípico feita
pelo Demiurgo misógino, e sincronizam com a Minne a compreensão mais profunda do
Mistério da Origem. Assim também foi Artemis Lucífera, aquela que carrega em cada mão uma
tocha, símbolo da luz incriada que emana desde o signo da Origem.

Em Roma – seguindo agora por alguns outros aspectos civilizacionais das realidades runificadas
– grande destaque teve o valor do Sangue Astral, a Herança Hiperbórea do Sangue Puro. Esta
penetrou em todo patriciado romano, nas gens, bem como na estrutura político-social desta
civilização. A representação do progenitor da estirpe, em geral um herói ou grande líder, é o
tapa-signo cultural do ancestral hiperbóreo passível de ser reassumido, pela herança do sangue
astral, naqueles viryas de sangue mais puro. Os Claudios honravam como origem de seu tronco
o herói Claudio, os Calpúnios honravam a Calpo, os Julius a Julius, foram todos Grandes
Antepassados hiperbóreos, Cavaleiros do Graal. Foi este aspecto uma grande obra de Pontônica
hiperbórea, manejada por guerreiros da mais alta sabedoria. Todo o ambiente familiar foi
resignado de qualquer aspecto karmico em sua acepção arquetípica derivada do Arquétipo
Psicoideo Familia, através de sistemas reais Escada Caracol, que iam dos ritos familiares ao
redor do fogo sagrado, regidos pelo espírito guerreiro masculino do pater, até à própria
residência construída sobre técnicas líticas em consonância ao Princípio do Cerco. Foi, pois,
uma associação rúnica de reintegração do Sangue Astral desde as raízes noológicas mais
profundas. Esta organização patriarcal romana que esteve estritamente ligada à prática da
Agricultura Mágica, deixou os siddhas Traidores e sacerdotes golem completamente confusos
e estagnados em suas técnicas de subversão psicossocial por grande espaço de tempo.

A Muralha Atlante Mediterrânea, Estratégia dos Siddhas Leais que culminou em Roma, obteve
máxima Glória ao plasmar Símbolos Eternos nas diferentes mitologias dos diversos povos que
se ergueram sob sua mística, assim como alterou a própria estrutura do espaço-tempo de Maya
ao cravar Máquinas de Pedra por toda Europa, runificou, portanto, as realidades civilizacionais
de diferentes povos indo-europeus. Alexandre da Macedônia, enviado direto do siddha Apolo,
virya berserk da mais pura estirpe guerreira, chegou à proximidade de enviar seus exércitos
dentro de shambala pela porta do Himalaia. Assim também os Dórios, Jônios, povos vindos
diretamente pela porta da Thule Polar extinguiram os povos do pacto cultural até então
encontrados na Europa antiga, degradados após o esquecimento das leis deixadas pelos Atlantes
Brancos. Os Tartessos, povo do mais alto grau de pureza de sangue, guardiões da Espada Sábia,
assim como os etruscos em grande parte de sua existência, que criaram mecanismos culturais os
quais permitiram as primeiras expressões do caráter político-guerreiro romano; todos estes
foram povos partícipes desta estratégia, cuja vitória deu-se com a atuação de magnificência
eterna das runificadas Legiões Romanas, exército composto por viryas despertos do bando
guerreiro de Kristus Lúcifer, reconhecido por este em sua Lealdade, Vontade e Honra.

Em todas essas civilizações houve a manifestação comum das três artes maiores hiperbóreas
(Guerra, Arquitetura e Política), bem como uma aplicação magistral das artes menores. A
despeito destas últimas, digno de nota foi o uso da retórica filosófica, com os filósofos pré-
socráticos e principalmente Platão, o qual afirma uma semântica metafísica de grande
obliquidade, com Símbolos Eternos plasmados em linguagem filosófica, contra a invasão dos
sofistas educados no oriente e na Atenas já caída no pacto cultural. E a escultura, praticada por
mestres iniciados nos mistérios hiperbóreos e na técnica da pedra talhada.

É importante que se deixe claro que não há superioridade intrínseca de uma Arte Maior para
outra, apenas em determinado Kairos uma é mais estratégica do que a outra, o mesmo valendo
para as artes menores.

A Guerra, sua concepção para o virya, sua vivência e sua prática, é a pura expressão do Tergum
Hostis, a face armada da Hostilidade Essencial do Espírito-esfera revertido, primeira
manifestação da declaração de guerra contra o mundo material. Todo sentido de busca que o
virya apresenta ao longo de sua vida conforma a diretriz interior da guerra do Eu em direção ao
Selbst, desde sua arquêmona Odal liberada do tempo transcendente, onde o virya pode implodir
sua alma criada, perfurando com a lâmina rúnica da Espada Tirodal o Anahata chakra,
decapitando as três cabeças da besta demiúrgica, deuses interiores que afirmam o signo da dor
espiral desde os estratos mais profundos do inconsciente: Eros, Hypnos e Tanathos. Vencer a
um Deus para se tornar senhor de si mesmo, ou morrer tentando.

Também a Arte da Guerra vem naturalmente e inexoravelmente ao encontro de todo povo que
assuma o Pacto de Sangue. Em geral, sempre o fator quantitativo material a favor do inimigo,
será superado pela Vontade, a Coragem e o domínio da Arte de forjar Armas de Guerra,
conhecimento adquirido desde os Cro-Magnon, para eliminar a débil criação de Jeovah que foi
o pasú. A Runa Tyr, Runa de guerra, plasma-se em mística ontológica em toda ideia de arma
mortal contra os inimigos do espírito. Grandes desafios bélicos enfrentaram e venceram os
povos do pacto de sangue, e seus feitos, seja na vitória quanto na derrota, sempre conterão
símbolos eternos hiperbóreos no profundo de seus respectivos significados. Na Hélade e em
Roma o ideal do homem guerreiro foi superado em seu fator arquetípico pela ascendência do
guerreiro desperto, ou seja, guerreiro régio e aristocrata. Assim foram os Espartanos e as
Legiões Romanas os maiores símbolos. O nível de perfeição bélica do legionário foi inatingível
por qualquer estratégia da Fraternidade Branca em seu fator quantitativo, tal foi o grau de vitória
e sucesso das Legiões runificadas que, frente ao desespero dos sacerdotes golem, o próprio
demiurgo teve que interceder: projeta o raio telúrico derivado da descida de Shekinah, a vinda
do falso kristus, o messias sacerdotal de amor, figura de inversão de todos os símbolos
hiperbóreos e da memória de sangue.

A Política é a arte hiperbórea que origina o ideal imperial. Atua como ciência de preparação
para manifestação do Graal, assim como para a recepção e aceitação carismática do Líder de
Sangue Puro. Aliás, é o Carisma a energia verdadeira da Arte Política, pois superando os
enlaces culturais da política sinárquica, o Carisma afirma a fidelidade como meio de união e
concórdia em meio ao povo desperto e a Honra para aqueles que ascenderam até a Elite. A
Política, assim entendida, é sempre uma ciência mística, cuja base noológica tem de
necessariamente difundir-se à sua Ciência Menor interligada que é a retórica filosófica. Contra
esse sentido exato o pacto cultural culmina em formas quase entelequiadas de arquétipos
psicoideos que embasam visões racionalistas, cujo fato histórico inaugurador é precisamente a
superestrutura do fato cultural iluminista. O virya desperto em ação estratégica, nestes dias da
Kali Yuga, deve saber manejar os aspectos noológicos expressos em teoria política e ação
cultural real, atualizando os devidos tapa-signos em favor de uma mitologização runificada das
linguagens políticas, afim de que a Mística e não a razão dialética assuma o controle e faça
funcionar o motor mágico social do Graal. Assim como o fez o virya berserk Julius Evola,
nascido em Roma: “O fundamento de todo Estado verdadeiro é a transcendência de seu
princípio, quer dizer, o princípio da soberania, da autoridade e da legitimidade”. Mas voltando
à Política tal como resultante na Muralha Atlante-Mediterrânea, em várias épocas em que está
estratégia transcorreu, é marcante a resignação cultural que se deu sobre o mito shambálico dos
“Dois Poderes”, mito forjado desde a catástrofe atlântica pelos Siddhas Traidores que tem por
função relativizar e distorcer o poder carismático e político de um Rei de Sangue, afirmando a
impossibilidade de junção dos poderes régio-militar e sacral-transcendente. Em toda estratégia
este mito foi, com efeito, destruído, adquirindo os líderes, reis, e até mesmo generais, um caráter
de sacralidade marcial, ou seja, um sentido rúnico. Esta propriedade carismática de reabilitação
dos dois poderes que se manifestou politicamente tanto nas polis gregas quanto na cidade
imperial romana, deu o caráter de solenidade transcendente e respeito máximo à esfera política
cotidiana, mesmo em períodos de menor expressão hiperbórea em tiranos ou derrotas militares.

A Arquitetura, magistralmente presente em qualquer civilização runificada, é máxima ciência


hiperbórea de plasmação de espaços rúnicos e cercos infinitos no macrocosmos. Sua atuação
possibilita, juntamente com as Artes Menores, a manifestação da Beleza Incriada. Também liga-
se estritamente com a ciência da guerra, expressão concomitante de Hostilidade. Ao falarmos da
Arquitetura falamos, pois, das construções hiperbóreas, principalmente menires, dolmens,
templos e castelos, construções baseadas no Princípio do Cerco, manifestação da Runa Odal no
macrocosmos. Na Atlântida, a raça hiperbórea formava uma pouco numerosa casta de
Construtores Líticos, guerreiros sábios, mestres na arte da guerra e das fortificações de pedra.
Conhecimento passado pelos Atlantes Brancos a todo Pacto de Sangue, desde os Cro-Magnon,
Hélade, Roma, Vikings, etc.

A pedra é o material essencial das construções verdadeiramente hiperbóreas. Não obstante, é o


mais adequado. A pedra é o material de mais lenta enteléquia de todos os criados a partir do
arquétipo gravis, diferente, por exemplo, do metal, que tem, digamos, uma enteléquia de mais
rápida manifestação. Esta lentidão evolutiva, de cuja semiótica deriva símbolos de durabilidade
e eternidade, é originada daquilo que a pedra contém previamente a seu ser-em-si, sob o
arquétipo manú designador do mundo mineral, precisamente um espírito lítico, os Oleg,
encadeados por um mistério da mais alta transcendência, desde os tempos mais primordiais da
Criação doentia do Uno. Vindos de um outro universo desconhecido, ou seja, sendo exteriores à
Criação, estes espíritos líticos manifestam um sentido pétreo de hostilidade, de onde sua baixa
enteléquia. Runificadas, as pedras são objetos protetores do virya, em suas várias espécies de
cristais.

Absolutamente todas as construções hiperbóreas seguem pautas precisas acerca de sua


fundamentação como ente no macrocosmo, partindo-se daí a superobjeto cultural axiológico
para apreciação noológica de viryas futuros, o que resulta em estruturas de eterna indução
noológica, intuição espiritual vertical. Desde suas bases geocrônicas, os templos romanos ou
castelos medievais, por exemplo, estabilizaram no macrocosmos psicorregiões perfeitamente
adequadas para ascendência de espaços de significação oblíquos que se realizam efetivamente
com a manifestação da Runa de Ouro, transporte do Graal. No auge desta sincronização
carismática, estas construções geram intersecção de planos e áreas liberadas do tempo
transcendente, fora da consciência do Demiurgo; são assim feridas incuráveis na trama de
Maya.
Erguidos em pedra, com direcionamento vertical, perspectiva rúnica, ângulos retos, e demais
características, somadas à afirmação do símbolo lítico de durabilidade e eternidade, as
construções hiperbóreas possuem uma beleza incriada que resigna os aspectos anímicos e
hipnóticos de todo ente criado sob o signo do amor e do supremo bem, ou seja, da postura de
sentido afetivo ao ente. São belezas ligadas à hostilidade essencial e, por isso, possuem um fator
estratégico inserido desde seu ser-em-si, e captado pelo virya em posição compreensiva.
Ficando o próprio material pétreo ressoante com a Pedra caída da Coroa de Kristus Lúcifer, o
Graal.

Toda construção hiperbórea contém formas místicas e metafísicas, ou seja, noológicas, que pré-
determinam a manifestação monádica e arquetípica. São precisamente Runas Incriadas
encravadas pela força do Vril que subjazem detrás da imanência ôntica do ente construído que
lhe dão o preciso fator estratégico.

O Panteão de Agripa, para citarmos apenas uma das mais fantásticas obras do domínio
arquitetônico hiperbóreo, é representativo do espírito-esfera erguendo-se na realidade poliédrica
do macrocosmos. Todo o templo é uma imagem cultural do Graal, construído pelo arquiteto do
Imperador Adriano, Vitruvio, seguindo pautas hiperbóreas para resultar numa arquêmona lítica
indestrutível, impossível de ser resignada por tapa-signos culturais por mais que sacerdotes do
pacto cultural o tentem, dada a pureza rúnica empreendida na construção. O ósculo na parte
superior é representativo do caminho aberto ao Selbst que se encontra nos estratos superiores do
Eu, orientado runicamente pela construção nas laterais de forma geométrica, com a precisão da
Regra Dourada e encrustrações de signos rúnicos; em definitivo manifesta o caminho desde a
realidade exterior do macrocosmos, da quadratura dos pontos cardeais, até ao reencontro ao eu
infinito no âmbito estratégico do Octogono Tau da Runa Hagal dos Siddhas Guerreiros
Luciféricos. É possível, em suma, afirmar que em seu interior somente o Parakleto se manifesta
e nenhum outro campo arquetípico criado quando da projeção do polo infinito.

Visualizada uma construção hiperbórea, no marco de uma Mística, um enlace rúnico conforma-
se na psique, e um ente de significação espiritual, um símbolo eterno, rompe misticamente a
consciência em direção ao Eu forçando sua compreensão desde a esfera do Sangue, ao mesmo
tempo a conformação vertical e angular da obra adentrando a esfera sensorial estabelece a
projeção do polo infinito do Espírito nos ângulos retos, e assim estimula a ascendência e
afirmação de planos de significação não habituais. Sem a presença da esfera mística é possível
ainda que as propriedades harmônicas transcendentes da construção manifeste enlaces não-
habituais com verdades não tão degradadas pela cultura, mas isso irá depender da pureza de
sangue do virya observador.

Nota-se, então, como a arte arquitetural perfaz uma linguagem oblíqua de manifestação ôntica
de equivalência estratégia à própria linguagem mítica, onde no argumento mítico, na forma de
uma leitura de histórias mitológicas, nas transmissões rituais orais ou mesmo em interpretações
filosóficas a posteriori, a percepção do argumento oblíquo emergindo na forma de símbolo
proposicional possibilita que o polo infinito do espírito pulse para o Eu no exato momento
angular do significado e retire o virya do estado de desorientação cultural pelo instante em que
uma verdade noológica fique a vista do eu perdido.

Argumentos como este da Ilíada, de claro potencial resignador sobre “pontos fracos” para o
virya perdido:

“No coração tudo Heitor compreendeu, e a si próprio, então, disse:


“Pobre de mim! É bem certo que os Deuses à morte me devotam.
Tive a impressão de que o forte Deífobo estava ao meu lado,
Mas na cidade se encontra; foi tudo por arte de Atena.
Inevitável, a morte funesta de mim se aproxima.
Há muito tempo, decerto, Zeus grande e seu filho frecheiro
Determinaram que as coisas assim se passassem, pois eles,
Sempre benévolos, soíam salvar-me; ora o Fado me alcança.
Que, pelo menos, obscuro não venha a morrer, inativo;
Hei de fazer algo digno, que chegue ao porvir, exaltado”.

Poderíamos por fim conduzir todo o conjunto das mitologias hiperbóreas e várias outros povos
do pacto de sangue sobre estas verdades rúnicas, mas isso resultaria numa extensão demasiada
para os objetivos deste texto. Concentramo-nos no mundo grego-romano por sua qualidade
noológica assim como para efeito estratégico do texto, pois de vir sendo mais acessível
culturalmente ao virya despertante.

Não vamos mais nos estender; ao virya que tenha interiorizado as verdades noológicas de forma
compreensiva, na posição semiótica de I.H.P.C., que tenha percebido o mistério do Ângulo Reto
que permeia este texto, alertamos para o estudo aprofundado da linguagem de guerra da
Semântica Noológica, esta lhe garante a entrada no campo carismático dos Siddhas Leias e dos
camaradas que se ajuntam em fileiras cada vez maiores e implacáveis contra as forças da
matéria e de seu criador.

VVV y V

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