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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE DESIGN
CURSO DE DESIGN GRÁFICO - MANHÃ

100 ANOS DE ATHOS BULCÃO

CAROLINA SENNA
EXPRESSÃO GRÁFICA III
PROF: ISABELA E TATIANA

BELO HORIZONTE
2018
Uma breve história sobre a vida e a arte de Athos Bulcão:

Athos Bulcão nasceu na Zona Sul do Rio de Janeiro e logo cedo desistiu do curso
de medicina para se dedicar às artes visuais. Teve sua primeira exposição individual
na inauguração da sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil, deixando clara a linha
tênue entre sua arte e a arquitetura.
Teve a oportunidade de trabalhar como assistente de Cândido Portinari e logo em
seguida se mudou para Paris, onde viveu por 5 anos.
Athos també'm trabalhou com Oscar Niemeyer e participou significativamente da
construção de Brasília, se mudando para lá posteriormente.
Se diferenciando de grande parte dos artistas, Bulcão teve sua obra reconhecida
ainda vivo e recebeu diversos prêmios pelos seus trabalhos.
Faleceu aos 90 anos devido a complicações do Parkinson.

Foto: Acervo da Fundação Athos Bulcão


A Exposição 100 anos de Athos Bulcão:

A exposição "100 ANOS DE ATHOS BULCÃO" foi concebida para comemorar o


centenário do artista. Ela propõe contextualizar a obra e a trajetória de Athos,
colocando lado a lado trabalhos produzidos em períodos distintos, vinculando os
diferentes segmentos de sua carreira.
A mostra é um tipo de celebração, uma homenagem a Athos, que resgata o valor
individual de sua arte em grande estilo, reunindo mais de 300 obras que exibem seu
caminho do Brasil ao exterior, desde seu aprendizado sobre cores até sua
inspiração inicial pela azulejaria portuguesa.

Foto: Acervo da Fundação Athos Bulcão


A minha experiência:

Logo que cheguei, o segurança me falou para guardar a bolsa no armário, "Será
que acham que eu vou roubar alguma coisa?", pensei. Subi os 3 andares de
elevador, porque minha bota estava me matando.
Cheguei na exposição, uma moça me recepcionou dizendo algo sobre não poder
usar o flash, eu disse "ok" e segui em frente.
Virei à esquerda e havia uma sala grande, com demonstrações de figurinos de
teatro e lenços, "A exposição não era sobre azulejos?". Segui em frente.
Cheguei em uma sala onde haviam MUITAS máscaras, todas pareciam
experimentos de materiais diferentes, eram muitas cores, tudo bastante agressivo.
No meio disso tudo, uma menina que aparentava ter mais ou menos a minha idade
não parava de tirar selfies. Me senti constrangida, não sei porquê. Não quis
atrapalhar as fotos dela, segui em frente.
A partir daí comecei a ser bombardeada por formas geométricas. Coloridas, com
diversas texturas, lembrei de Romero Britto (sem querer ofender nenhum dos
envolvidos).

Achei algumas das padronagens muito parecidas com o que fiz no meu trabalho, o
que fez com que eu me sentisse bem.
Segui em frente e comecei a ficar assustada. As cores me deixaram sem entender o
que estava acontecendo. Era tudo meio pastel, com muita informação... nada
parecido com o que eu vi no instagram dos meus colegas de turma.

"SERÁ QUE EU ESTOU NO LUGAR CERTO?"


Até que em determinado momento da visita eu me deparei com 3 obras
completamente diferentes, dispostas lado a lado, e pensei "Nossa, isso aqui tá
diferente demais... esse Athos Bulcão deve ter vivido momentos muito diferentes ao
longo da vida. Nossa, mas tá bem diferente mesmo... não é possível que sejam da
mesma pessoa..."
Não eram da mesma pessoa.
Me senti muito inocente, fiquei até com um pouco de raiva de mim mesma, e decidi
que a partir daquele momento, eu iria analisar apenas e somente as obras de Athos
Bulcão. Não sei se fiz certo.
Foi então que cheguei em uma parte com azulejos e projetos. Projetos tão bem
feitos que me lembraram as aulas de Representação Técnica. Comecei a me sentir
culpada "Será que eu deveria ter feito desenhos técnicos com os meus carimbos?".
Me lembrei de um professor que disse uma vez "Se vocês quiserem ser artistas,
vocês tem que ir fazer artes plásticas. Aqui vocês vão aprender a trabalhar para a
indústria. Você não cria o que você quiser, aqui não é lugar de piração". Confesso
que quando ele disse isso, senti um pouco de raiva. Agora eu não sei mais.
O que me trouxe essas lembranças foi o fato de que em um dos projetos, Athos
coloriu a forma com caneta hidrocor em papel vegetal, e isso ficou com uma cor
linda, que eu nunca havia visto antes, um tipo de vermelho com uma "exposição"
alta (gostei tanto, que esqueci de tirar uma foto). Tive vontade de explicar pra esse
professor que talvez eu possa fazer as duas coisas.
Depois disso, me senti mais aberta para gostar das coisas. Pra ser sincera, o que
eu mais gostei, foi a disposição das obras. Talvez também tenha gostado das fotos
enormes no começo de cada seção.
Também me impressionou a ousadia na disposição das formas no espaço. Não tive
coragem de ser tão... atrevida (?) em relação ao meu trabalho. Os azulejos se
encaixam em diversos sentidos. Queria ter ido a essa exposição antes de ter
executado o projeto.
No mais, saí do CCBB pensando em diversas coisas:
O que é o design gráfico na prática e onde o designer pode atuar na realidade?
Por que pouquíssimos artistas plásticos brasileiros são reconhecidos?
Por que os artistas plásticos que eu conheço nunca moraram na França?
Será que um dia universitários vão fazer trabalhos sobre mim?
É isso.
Referências:
<http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2008/07/428147-artista-plastico-athos-
bulcao-morre-em-brasilia.shtml> Consultado em 02 de Maio de 2018
<https://oglobo.globo.com/cultura/athos-bulcao-morre-aos-90-anos-3608446> 02 de
Maio de 2018
<http://www.fundathos.org.br/> 02 de Maio de 2018
<https://artsandculture.google.com/partner/funda%C3%A7%C3%A3o-athos-
bulc%C3%A3o> 02 de Maio de 2018

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