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Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm using


allometric relationships

Article  in  Horticultura Brasileira · June 2008

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4 150

4 authors, including:

Marcos Vinicius Folegatti Adriano Valentim Diotto


Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" University of Lavras (UFLA), Lavras, Brazil
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pesquisa
RAMOS A; BOVI MLA; FOLEGATTI MV; DIOTTO AV. 2008. Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas.
Horticultura Brasileira 26: 138-143.

Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio


de relações alométricas
Adriana Ramos1; Marilene Leão Alves Bovi2; Marcos Vinícius Folegatti3; Adriano Valentim Diotto4
1
Universidade Estadual de Santa Cruz, Rod Ilhéus-Itabuna, km 16, 45662-000 Ilhéus-BA; 2in memoriam; 3ESALQ, C. postal 9, 13418-
900 Piracicaba-SP; 4Suproser, Rua Igarassu, 108, 13484-023 Limeira-SP; aramos2004@uol.com.br; mvfolegga@esalq.usp.br;
avdiotto@yahoo.com.br

RESUMO ABSTRACT
Relações alométricas para estimativa da área foliar e da biomas- Leaf area and aboveground biomass estimates in peach palm
sa total em pupunheiras (Bactris gasipaes Kunth) têm sido empre- using allometric relationships
gadas por diversos autores, sendo úteis especialmente em pesquisas Allometric relations for estimation of leaf area and biomass in
relacionadas à fisiologia vegetal. No entanto, área foliar e biomassa peach palm (Bactris gasipaes Kunth) are found in literature and are
aérea são características de elevada plasticidade, podendo variar acen- very useful especially in plant physiology research. However, leaf
tuadamente por causas genéticas e edafoclimáticas. O presente tra- and biomass area parameters are quite variable as a function of
balho foi desenvolvido com o objetivo de identificar as equações genetics and environment. The objective of this work was to identify
mais adequadas para determinação da área foliar e da biomassa aé- the most adjustable equations for peach palm leaf area and biomass
rea (foliar e total) da pupunheira, em condições de limitações sazo- area, in restricted by hydric and thermic factors. 14 peach palms
nais hídricas e térmicas. Foram utilizadas 14 plantas de pupunheiras (Putumayo landrace from Yurimaguas, Peru) were planted in 2 x 1
da raça Putumayo (Yurimaguas), cultivadas no espaçamento de 2,0 m spacing. The parameters measured in the field were: main stem
m x 1,0 m. Foram mensurados altura e diâmetro da haste principal, height, main stem diameter, leaf number and rachis length and
número de folhas, comprimento, espessura e largura da ráquis foliar thickness. Fresh and dry mass of rachis, leaflets, palm heart and
de plantas apresentando altura entre 0,37 e 2,00 m, com duas plantas stem were obtained. Plants selected for this study presented main
por altura. Obtiveram-se ainda as massas fresca e seca da ráquis, stem height varying from 0.37 to 2.00 m, with two plants by length.
dos folíolos, dos palmitos e dos estipes das plantas. Os dados foram In the laboratory were measured the leaf area and dry matter weight.
submetidos à análise de regressão e ajustes de equações. A equação Equations were fitted using regression analysis. The equation for
para determinação da área foliar da pupunheira foi obtida pela re- peach palm leaf area was obtained by regression of leaflets dry
gressão para o peso seco dos folíolos. Dentre os modelos testados, weight. Among the tested models, non linear equations of the type
as equações não lineares do tipo Y= axb e Y= abx apresentaram me- Y= axb and Y= abx presented better fit (R2>0.88). The values of leaf
lhor ajuste (R2>0,88). Os valores de área foliar, biomassa foliar e area, leaf biomass and total leaf biomass varied between 0,84 – 14,06
biomassa aérea total variaram de 0,84 a 14,06 m2, de 0,78 a 2,45 kg m2, 0,78 – 2,45 kg planta-1 and 0,14 a 4,44 kg planta-1. Among the
planta-1 e de 0,14 a 4,44 kg planta-1, respectivamente. Dentre as ca- parameters studied, plant height and rachis thickness were the most
racterísticas avaliadas, a altura da haste e a espessura da ráquis fo- suitable for best indirect estimation of leaf area and aboveground
liar se mostraram as mais adequadas para estimativa da área foliar, biomass in peach palm plants.
da biomassa foliar e da biomassa aérea total da pupunheira, tanto
pela sua facilidade de mensuração, quanto pela sua alta correlação
com os demais caracteres.

Palavras-chave: Bactris gasipaes, altura, fitomassa, pupunha, rela- Keywords: Bactris gasipaes, height, pejibaye, phytomass, rachis
ções alométricas. thickness.

(Recebido para publicação em 10 de janeiro de 2007; aceito em 9 de junho de 2008)

A análise de crescimento vegetativo


permite conhecer diferenças fun-
cionais e estruturais entre plantas. Pos-
pode ser mensurado de diversas manei-
ras, utilizando-se de medidas lineares,
de superfície, peso e/ou de número de
ções importantes quanto à fenologia e
são, muitas vezes, utilizadas para detec-
tar respostas diferenciais dos efeitos de
sibilita também avaliar o crescimento unidades estruturais. Entre as dimensões tratamento (Benincasa, 1988).
final da planta como um todo e a contri- lineares, é possível citar a altura da plan- As medidas de superfície estão re-
buição dos diferentes órgãos no cresci- ta, comprimento de ramificações e diâ- lacionadas principalmente à determina-
mento total. Curvas de crescimento, metro de caules. O crescimento também ção ou estimativa da superfície
efetuadas com base nesse tipo de análi- pode ser acompanhado a partir de uni- fotossinteticamente ativa. Dentre elas,
se, são muitas vezes utilizadas para de- dades estruturais morfológicas ou está o índice de área foliar (IAF), que é
tectar diferenças entre os tratamentos es- anatômicas, como número de ramifica- a relação entre a área foliar total e a área
tabelecidos. O crescimento de plantas ções, folhas, flores, frutos e raízes. Es- do solo sombreada pelas folhas. Méto-
sob diferentes condições ambientais tas medidas podem fornecer informa- dos indiretos e diretos para a determi-
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Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas

nação do IAF das palmeiras vêm sendo região de maior aptidão para a cultura ra da ráquis foliar. Esses dois últimos
empregados (Clement et al., 1985; no estado de São Paulo, Vega et al. caracteres foram medidos com o auxí-
Lamade, 1997; Martel & Clement, 1986, (2004) relataram que, devido aos altos lio de paquímetro digital, na folha + 2
1987). Estudos desenvolvidos por coeficientes de determinação encontra- (segunda folha completamente expan-
Hartley (1977), em dendezeiro, e por dos, a fitomassa da pupunheira pode ser dida), na região limite entre o pecíolo e
Child (1974), em coqueiro, têm demons- estimada de forma precisa pela utiliza- o limbo foliar (início do aparecimento
trado que a área foliar está diretamente ção de algumas relações alométricas. Os dos folíolos). Em laboratório, foram re-
relacionada à produção de frutos, sendo autores concluíram que, dentre todos os tiradas todas as folhas da haste princi-
um importante parâmetro de avaliação caracteres avaliados, a altura da haste pal e todos os folíolos de cada folha,
da produtividade. Clement et al. (1985) principal foi o caráter ideal para estimar obtendo-se a massa fresca da ráquis e
acreditando que esta correlação também a fitomassa de pupunheiras em cultivo dos folíolos, inclusive da folha flecha.
poderia ser verdadeira para a comercial. Pesaram-se também os palmitos e os
pupunheira, empregaram métodos não O presente trabalho foi desenvolvi- estipes das plantas, que foram cortados
destrutivos para estimar a área foliar a do com o objetivo de identificar equa- em pedaços para facilitar o processo de
partir de equações desenvolvidas por ções para determinação da área foliar e secagem. Em seguida, todo o material
Hardon et al. (1969) para o dendezeiro. da biomassa aérea (foliar e total) da foi levado para a estufa a 60°C, por qua-
Os métodos apresentaram coeficientes pupunheira para as condições de tro dias, pesando-o novamente para ob-
de regressão muito semelhantes para as Piracicaba, SP, região onde a espécie tenção do peso seco.
equações desenvolvidas para as duas está sujeita a limitações hídricas e tér- Antes de serem levados à estufa, os
espécies. Entretanto, os autores sugerem micas. folíolos foram separados em grupos que
pequenas modificações em algumas variaram de 1 a 50 folíolos, sendo obti-
equações, adaptando-as para seu uso em MATERIAL E MÉTODOS do o peso fresco de cada grupo. Os
pupunheiras. folíolos de cada grupo foram desenha-
Clement & Bovi (2000) discutiram O estudo foi conduzido EM área dos em papel sulfite e recortados para
métodos para análise de crescimento e experimental da USP–ESALQ, em obtenção da área foliar de cada folíolo,
produção em pupunheira, propondo a Piracicaba–SP (22°42’30" S, 47°30’00" empregando-se um medidor de área fo-
padronização de medidas a serem utili- W, altitude de 576 metros), em um liar (Li-Cor area meter, modelo LAI
zadas em experimentos agronômicos e Argissolo Vermelho Eutrófico típico. 3000). Este procedimento foi necessá-
genéticos visando à produção de palmi- Segundo a classificação climática de rio, pois os folíolos da pupunheira ten-
to. Dentre as medidas de superfície e Köppen, o clima é do tipo CWa, isto é dem a se enrolar quando destacados da
massa, os autores sugerem a determi- subtropical úmido, verão chuvoso, e in- ráquis foliar, o que torna imprecisa a
nação da área e da biomassa foliar pelo verno seco. A precipitação média anual determinação da área foliar pelo LAI
emprego de equações desenvolvidas é 1247 mm, temperatura média 21,1°C, 3000 quando realizado diretamente so-
anteriormente para a pupunheira. Não umidade relativa média de 74% e velo- bre o folíolo. A equação para determi-
obstante, afirmam que estas equações cidade do vento de 2,2 m s-1, com dire- nação da área foliar da pupunheira foi
devem ser validadas para as condições ção E/SE predominantemente (Ometto, então obtida pela regressão entre a área
locais de estudo, uma vez que área fo- 1981). Na área experimental foi insta- foliar (LAI 3000) e o peso seco dos
liar e biomassa são parâmetros altamen- lado um plantio de pupunheira (raça folíolos. O índice de área foliar (IAF)
te plásticos (Clement, 1995). Putumayo, originada em Yurimaguas) foi estimado pela relação entre a área
Utilizando pupunheiras da raça em maio de 1999, no espaçamento de foliar e o espaçamento. A biomassa fo-
Utilis-Tucurrique, material com espi- 2,0 m x 1,0 m. As plantas foram irrigadas liar foi obtida pela soma dos pesos se-
nhos, bastante diferente do que vem sen- diariamente e fertirrigadas semanalmen- cos dos folíolos e das ráquis. Para o cál-
do cultivado no Brasil, Ares et al. (2002) te (0,08 kg planta-1 de N), sendo a lâmi- culo da biomassa total, acrescentou-se
concluíram que o diâmetro da haste na estimada em função do Tanque Clas- à biomassa foliar o peso seco do estipe
principal foi a variável de melhor ajuste se A (100% da ETo). e do palmito (Clement; Bovi, 2000).
para a estimativa da biomassa aérea de Em novembro de 2001, foram utili- Foi realizada análise preliminar dos
pupunheiras com 1,9 a 21 anos de ida- zadas 14 plantas de pupunheira (30 me- dados visando caracterizar a população
de, em cultivo na Costa Rica. Recente- ses a campo) para estudo das equações amostrada para cada característica es-
mente Vega et al. (2004) estudaram a de área foliar e biomassa. As plantas tudada. Além da média, calculou-se o
utilização de relações alométricas para selecionadas apresentavam alturas va- coeficiente de variação, seguindo-se os
estimativa da fitomassa aérea de riando entre 0,37 e 2,00 m, como nor- procedimentos de Steel & Torrie (1980)
pupunheiras da raça Putumayo, mate- malmente acontece em cultivos comer- e utilizando-se o programa SAEG - Sis-
rial inerme e que vem sendo amplamente ciais. Foram utilizadas duas plantas por tema para Análises Estatísticas (Univer-
utilizado no Brasil para a produção co- altura. De cada planta foram sidade Federal de Viçosa, 1993). Os
mercial de palmito (Bovi, 1998). Utili- mensurados os caracteres da haste prin- dados foram estudados por análise de
zando plantas cultivadas em um cipal: altura, diâmetro, número de fo- regressão e ajuste de equações, tendo
espaçamento de 2 x 1 m, em Ubatuba, lhas e, comprimento, largura e espessu- como variável dependente as caracterís-

Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 139


A. Ramos et al.

comparado à largura (31,9%) e espes-


sura (37,8%) da ráquis foliar. As varia-
ções observadas nas diferentes caracte-
rísticas avaliadas em plantas com 30
meses de campo e submetidas ao mes-
mo tratamento (irrigação e adubação)
são provavelmente decorrentes da va-
riabilidade genética presente na popu-
lação de Yurimaguas. e vêm sendo re-
portada por vários autores (Bovi et al.,
1993; Clement, 1995; Ares et al., 2002).
Tal variabilidade genética, comum em
plantas que sofreram pouco ou nenhum
melhoramento genético, acarreta proble-
mas em estudos fitotécnicos, elevando
o coeficiente de variação, diminuindo a
precisão do experimento e tornando ne-
cessário o uso de maior número de re-
petições e de parcelas com tamanho ade-
quado.
A estimativa da área foliar das has-
Figura 1. Curvas ajustadas para estimativa da área foliar (m2) da pupunheira, em função da tes analisadas foi efetuada de forma in-
altura (m) e diâmetro (cm) da haste principal e da espessura (cm) e comprimento (m) da direta, seguindo o método proposto por
ráquis foliar (adjusted curves for peach palm leaf area (m2) as a function of height (m) and Benincasa (1988). Tão logo destacados
diameter (cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis). Piracicaba, da ráquis foliar os folíolos da pupunheira
ESALQ, 2002. se enrolam dificultando a passagem pelo
equipamento (LAI 3000). Esse compor-
tamento é comum em palmeiras e faz
ticas de natureza destrutiva e, como va- mitiu o desenvolvimento de relações parte da estratégia da planta para a eco-
riável independente, as características alométricas adequadas ao período de nomia de água. Enrolamento de folíolos
facilmente mensuráveis e não crescimento e início de produção de em condições de estresse hídrico foi
destrutivas (Hyams, 1997). As equações palmito da pupunheira. anteriormente observado nessa palmei-
de melhor ajuste foram selecionadas le- Dentre as características ra por Tucci (2004). De posse da equa-
vando-se em conta o coeficiente de de- mensuradas, a menos variável foi o nú- ção Y = 0,0147 + 0,0129x (R2=0,99),
terminação (ajustado para o número de mero de folhas, com coeficiente de va- onde x é o peso seco dos folíolos em
parâmetros da regressão, no caso das riação em torno de 18% e valores míni- gramas e Y é a área foliar em metros
equações não lineares) e o erro padrão mo e máximo de cinco e oito folhas quadrados, estimaram-se a área foliar e
da estimativa, ambos obtidos com o au- fotossinteticamente ativas, respectiva- o índice de área foliar (IAF). Os valores
xílio do programa CurveExpert 1.3 mente. Baixa variabilidade para esse de área foliar variaram de 0,84 a 14,06
(Hyams, 1997), atentando-se ainda para caráter em pupunheira já havia sido re- m2, com coeficiente de variação de
o significado biológico da equação. portada anteriormente por Bovi et al. 67,3%. A biomassa foliar média foi de
(1992, 1993), Clement (1995) e, mais 0,78 kg planta-1, com coeficiente de va-
RESULTADOS E DISCUSSÃO recentemente, por Ares et al. (2002). Por riação de 88,7%. A biomassa aérea total
sua vez, a característica com maior coe- variou de 0,14 a 4,44 kg planta-1, apre-
As plantas selecionadas para o pre- ficiente de variação (46,83%) foi a al- sentando coeficiente de variação de
sente estudo estavam com 30 meses no tura da haste principal, com valores mí- 90,5%. Observa-se que os coeficientes
campo. Mesmo nessa idade e receben- nimo e máximo de, respectivamente, de variação são maiores do que aqueles
do irrigação e adubação adequadas ao 0,25 m e 2,0 m. O diâmetro da haste obtidos para as características de fato
cultivo, foram observadas plantas com principal, característica altamente mensuradas, com valores superiores a
desenvolvimento muito abaixo do nor- correlacionada à altura (Bovi et al., 67%. Isto é esperado, visto que essas
mal. Dessa forma foi possível selecio- 1992; Vega et al., 2004) mostrou am- estimativas são baseadas em
nar desde plantas com 0,37 m de altura plitude de 0,04 a 0,13 m, apresentando mensurações indiretas, e, portanto, su-
e diâmetro da base inferior a 5 cm, até menor coeficiente de variação (32,38%) jeitas à adição de erros experimentais
aquelas plenamente desenvolvidas, com que a altura. Das características de fo- inerentes às diferentes etapas. Deve ser
a haste principal medindo 2,00 m de al- lha analisadas, o comprimento da ráquis esclarecido que os resultados reportados
tura e apresentando diâmetro de 0,13 m. foliar apresentou maior coeficiente de referem-se apenas à haste principal. É
Essa grande amplitude de variação per- variação, em torno de 43%, quando sabido (Vega et al., 2004), que a contri-

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Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas

buição dos perfilhos para a biomassa


aérea total, do estádio de implantação
ao início de colheita de palmito (altura
variando entre e 0,17 a 2,16 m), é pe-
quena e pode ser desprezada. Segundo
Vega et al. (2004), nesse estádio de cres-
cimento a dominância da planta-mãe
(haste principal) é muito grande, indi-
cando que em plantas com até 2,16 m
de altura, estimando-se a biomassa aé-
rea apenas da haste principal obtém-se
uma precisão adequada da fitomassa
aérea total da touceira.
As relações entre a área foliar e as
características mensurados puderam ser
expressas por uma série de equações,
algumas delas mostrando bom ajuste e
significado biológico (Figura 1). Para
todas as quatro características avaliadas,
o melhor ajuste das curvas foi o poten-
cial, com coeficientes de determinação Figura 2. Curvas ajustadas para estimativa da biomassa foliar (kg planta-1) da pupunheira,
elevados, com magnitudes de 0,95, 0,94 em relação à altura (m) e diâmetro (cm) da planta e espessura (cm) e comprimento (m) da
e 0,91 para espessura da ráquis e diâ- ráquis foliar, obtida pela relação entre área foliar (m2) e peso seco (g) (adjusted curves for
metro e altura da haste principal, res- peach palm leaf biomass (m2) as a function of height (m) and diameter (cm) of main stem
pectivamente. Para o comprimento de and thinckness and length (m) of foliar rachis, obtained of leaf area versus dry weight).
ráquis o coeficiente de determinação foi Piracicaba, ESALQ, 2002.
menor (R2 = 0,88), porém ainda estatis-
ticamente significativo (p<0,01). Cabe
recordar que o comprimento, a largura que durante o desenvolvimento com a espessura e o comprimento da
e a espessura da ráquis foliar da vegetativo da planta, como parte do pro- ráquis foliar, com altos coeficientes de
pupunheira são medidas lineares, fáceis cesso fisiológico da pupunheira, a cada determinação (0,98; 0,97; 0,99 e 0,90,
de serem tomadas com razoável preci- período, surgem novas folhas e ocorre a respectivamente). Entretanto, somente
são e que são amplamente utilizadas em morte de folhas mais velhas. Entretan- para altura, o melhor ajuste foi o poten-
palmeiras (Bovi et al., 1992; Clement, to, certa flutuação do número de folhas, cial (Y= axb). Para diâmetro da haste
1995). pode estar associada à diminuição acen- principal, e para espessura e comprimen-
Como a variação entre o número de tuada da temperatura média em alguns to de ráquis, o melhor ajuste foi o
folhas foi muito pequena, apesar das períodos do ano, conforme observado exponencial (Y= abx), devido aos pon-
diferentes alturas entre as plantas, fo- pela autora. Isso explicaria essa dimi- tos representados pelas plantas com al-
ram testados vários ajustes para estima- nuição do número de folhas no período tura entre 1,70 e 2,0 m que resultaram
tiva da equação de regressão, entretan- de coleta dos dados, bem como, esta em biomassa bem superior às demais
to, não foi possível um modelo de ajus- quase uniformidade em relação ao nú- plantas. Plantas nessa faixa de altura
te significativo. Como este trabalho é mero de folhas, entre as plantas estuda- possuíam significativamente maior nú-
parte de um experimento realizado de das. Não obstante, é comum a falta de mero de folhas, além destas apresenta-
1998 a 2002, onde foram estudados o ajuste quando se considera o número de rem maiores dimensões, avaliadas aqui
crescimento vegetativo e a produtivida- folhas em pupunheira. Vários autores pelo comprimento, largura e espessura
de das plantas de pupunha em função têm relatado esse aspecto, tais como da ráquis foliar.
de níveis de irrigação e doses de aduba- Ares et al. (2002), Bovi et al. (1992), Observa-se que as equações de me-
ção nitrogenada, aplicadas via Bovi et al. (1993), Clement, (1995) e lhor ajuste para a estimativa da biomas-
fertirrigação, Ramos (2002) observou Vega et al. (2004). Por esse motivo sa aérea total da haste principal em re-
que durante todo o período estudado, o Clement & Bovi (2000) sugerem, além lação à altura e ao diâmetro das mes-
número médio de folhas variou de 5,8 a da contagem do número de folhas, a in- mas, assim como em relação ao com-
8,4, e, ao final do experimento (dois clusão de outros caracteres a elas rela- primento e à espessura da ráquis foliar
anos após o plantio, antes do corte das cionados, especialmente aqueles relacio- (Figura 3) foram semelhantes às obti-
plantas), o número médio de folhas foi nados às dimensões do limbo foliar. das anteriormente para a biomassa fo-
de 6,9, período em que foram tomados A biomassa foliar (Figura 2) apre- liar, com ajuste potencial para a altura e
os parâmetros de crescimento para de- sentou forte relação com a altura e o diâ- exponencial para os demais caracteres.
terminação das equações. Vale ressaltar metro da haste principal, assim como Os coeficientes de determinação tam-

Hortic. bras., v. 26, n. 2, abr.-jun. 2008 141


A. Ramos et al.

(apenas número), sem levar em conta


também suas dimensões (comprimento
e largura). No entanto, merece destaque
a relação encontrada entre a espessura
da ráquis foliar e a área foliar e/ou
biomassas. A espessura da ráquis foliar,
medida no ponto da inserção dos pri-
meiros folíolos, é um caráter de fácil
mensuração (com auxílio de régua,
paquímetro convencional ou digital),
apresentando natureza não destrutiva.
Por meio de equações não lineares sim-
ples (Y= axb e/ou Y= abx) pode-se utilizá-
lo para estimar, com elevada precisão
(R2>0,95; P<0,01), tanto a área foliar
quanto às biomassas foliar e total aérea
da pupunheira. Apresenta, portanto,
maior utilidade que o diâmetro ou a al-
tura da haste, caracteres indiretos con-
siderados, até então, como ideais para
estimativas indiretas de biomassa em
Figura 3. Curvas ajustadas para estimativa da biomassa aérea total (kg planta-1) da pupunheira, pupunheira (Ares et al. 2002).
em relação à altura (m) e diâmetro da haste principal (cm) e espessura (cm) e comprimento
(m) da ráquis foliar, obtida pela relação entre área foliar (m2) e peso seco (g) (adjusted AGRADECIMENTOS
curves for peach palm total área leaf biomass (m2) as a function of height (m) and diameter
(cm) of main stem and thinckness and length (m) of foliar rachis, obtained of leaf area
Este trabalho é parte da dissertação
versus dry weight). Piracicaba, ESALQ, 2002.
do primeiro autor, com projeto (98/
13229-4) financiado pela FAPESP.
bém foram elevados, com magnitudes tado posteriormente em laboratório.
de 0,98 para altura da haste principal e Ainda mais, pela particularidade dos REFERÊNCIAS
espessura da ráquis foliar; 0,95 para diâ- folíolos excisados da pupunheira de se
metro da planta e 0,90 para comprimen- enrolarem quando destacados da ráquis ARES A; QUESADA JP; BONICHE J; YOST RS;
to da folha. Esses resultados eram espe- foliar e, por isso, não podem ser utiliza- MOLINA E; SMYTH J. 2002. Allometric
relationships in Bactris gasipaes for heart-of-
rados, visto que a biomassa aérea total dos diretamente no medidor de área fo- palm production agroecosystems in Costa
é resultante da biomassa foliar, compos- liar. Com isso, adiciona-se ao processo Rica. Journal of Agricultural Science. 138:
ta pelas folhas externas (pecíolos e uma operação demorada e delicada de 285-292.
limbos), acrescida do peso do estipe, do desenho dos folíolos em papel e recorte BENINCASA MMP. 1988. Análise do
palmito e das bainhas internas das fo- dos contornos, para só então medir-se a crescimento de plantas: noções básicas.
Jaboticabal: FUNEP, 42 p. (Boletim Técnico
lhas que protegem o palmito. área foliar. Isso tudo, além da demora 467 a).
Conforme esperado, os coeficientes adicional, acarreta erros experimentais BOVI MLA. 1998. Palmito pupunha informações
de determinação foram também eleva- dificilmente eliminados nas etapas pos- básicas para cultivo. Campinas: IAC, 50 p.
dos quando da relação entre a área fo- teriores. Dessa forma, há necessidade de (Boletim Técnico 173).
se identificarem características mais fa- BOVI MLA; SAES LA, GODOY JUNIOR G.
liar e as biomassas foliar (R2 = 0,94 para
1992. Correlações fenotípicas entre caracteres
Y = 0,076x1,313) e total (R2 = 0,90 para Y cilmente mensuráveis, de preferência de
não destrutíveis e palmito em pupunheiras.
= 0,136x 1,324) da haste principal de natureza não destrutiva, e que se Revista Turrialba. 42: 382-390.
pupunheira (gráficos não apresentados). correlacionam adequadamente com a BOVI MLA; GODOY JUNIOR G; CAMARGO
Resultados semelhantes foram obtidos biomassa. SB; SPIERING SH. 1993. Caracteres indiretos
anteriormente por Szott et al. (1993) e No presente trabalho não foram en- na seleção de pupunheiras inermes (Bactris
gasipaes H.B.K.) para palmito. In:
recentemente por Vega et al. (2004), contrados ajustes satisfatórios quando se CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE
com população de mesma origem ge- considerou a relação entre o número de BIOLOGIA, AGRONOMIA E
nética. No entanto, como discutido por folhas e a área foliar ou as biomassas INDUSTRIALIZACION DE PIJUAYO, 4,
estes últimos autores, a estimativa da foliar e aérea total da pupunheira. Re- Iquitos. Anais... San José: UFCR, p.163-176.
área foliar é feita quase sempre de for- sultados semelhantes foram obtidos an- CHILD R. 1974. Coconuts (Cocos nucifera L.).
2nd. ed. London: Longman, 335 p.
ma indireta, demandando análises teriormente por Bovi et al. (1993) e mais
CLEMENT CR. 1995. Growth and analysis of
destrutivas a campo em amostra repre- recentemente por Vega et al. (2004), pejibaye (Bactris gasipaes Kunth, Palmae) in
sentativa da população em estudo, se- indicando a pouca utilidade desse cará- Hawaii, Honolul. University of Hawaii at
guida de trabalho considerável execu- ter quando analisado separadamente Manoa. 221 p (Tese doutorado).

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Estimativas da área foliar e da biomassa aérea da pupunheira por meio de relações alométricas

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