Você está na página 1de 22

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO

Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público


Departamento de Normas e Benefícios do Servidor
Coordenação-Geral de Aplicação das Normas

Nota Técnica nº 12968/2016-MP

Assunto: Acumulação de remuneração com proventos decorrentes de cargos submetidos


ao regime de Dedicação Exclusiva, de que trata o Decreto nº 94.664, de 23 de julho de
1987.

Referência:

SUMÁRIO EXECUTIVO

1. Retornam a esta Coordenação-Geral de Aplicação das Normas – CGNOR os autos em


epígrafe, após manifestação da Consultoria Jurídica deste Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão acerca das questões apresentadas por meio da NOTA
TÉCNICA Nº 11950/2016-MP, de 23 de agosto de 2016, concernente à possibilidade de
professor aposentado em regime de dedicação exclusiva acumular seus proventos com a
remuneração pelo exercício do mesmo cargo, com outras situações identificadas em casos
concretos.

ANÁLISE
2. Iniciaram-se os autos em razão da CONSULTA Nº 001/2016 – GAB/PFRN/fbsa, por
meio da qual a Procuradoria Federal no Estado do Rio Grande do Norte sinalizou possível
divergência de entendimento entre as disposições constantes do Parecer AC-54/2006 da
Advocacia-Geral da União-AGU e as conclusões deste Órgão Central do Sistema de
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, constantes da NOTA TÉCNICA Nº
83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, especificamente acerca da acumulação de
cargo público efetivo/emprego/função/proventos/cargo em comissão/contrato
temporário por aposentado em regime de dedicação exclusiva, de que trata o inciso
I do art. 14 e o art. 15 do Decreto nº 94.664, de 23 de julho de 1987.

3. Ao analisar a questão posta em voga, o Departamento de Consultoria da Procuradoria


Federal no Estado do Rio Grande do Norte, assim entendeu, na NOTA n. 00037/2016/
DEPCPNSU/PGF/AGU, de 29 de junho de 2016, in verbis:

8. De imediato, e sem delongas, tudo indica, nos termos das reproduções citadas na
Consulta, que, de fato, há um aparente conflito entre o entendimento do Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, por sua Secretaria de Gestão de Pessoas e
Relações do Trabalho, quanto aos feitos práticos decorrentes da orientação normativa
fixada no Parecer AGU AC-54/2006, em relação ao entendimento contido, no tema
em questão, na Nota Técnica nº 93/2014/CGNOR/SEGEP/MP.

9. Por outra, a Consulta em exame, em sua exposição, reproduziu parte da Nota


Técnica em questão da então SEGEP-/MP, além de fazer juntar aos autos a própria
manifestação, onde há a clara referência de que o entendimento da então SEGEP/MP
está amparado no PARECER/Nº 04393.17/2013/PPL/CONJUR-MP/CGU/AU e no
Acórdão nº 66/2013-TCU2ª Câmara, do Tribunal de Contas da União, o que induz a
dedução de que a Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento, aparentemente,
não está seguindo, pelo menos em parte, a Orientação Normativa inserta no Parecer
AGU AC-54/2006.

(...)

Nesses termos, com amparo nos fatos ali narrados e em face das razões sintetizadas,
tudo indica que há, de fato, aparente conflito de entendimentos jurídicos entre o
Ministério do Planejamento, por sua atual Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações
do Trabalho, por orientação da Consulto ria Jurídica da Pasta, e a Orientação
Normativa constante do PARECER AGU AC-54/2006, ocasionando, como
consequência, potencial insegurança jurídica na aplicação prática da mencionada
Orientação Normativa, recomendando, assim, a remessa do presente expediente à
Consultoria Geral da União para conhecimento, e para que, se entender apropriado,
ouvir, inicialmente, à Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento, como seu
órgão de execução, acerca dos fatos noticiados, ou, então, para que, no uso de suas
atribuições de consultoria e de assessoramento jurídicos, oriente os órgãos
competentes da Pasta, especialmente o Órgão Central do SIPEC, quanto o efetivo
alcance e a extensão da Orientação Normativa em questão.

4. Em atendimento ao procedimento sugerido, o Departamento de Coordenação e


Orientação de Órgãos Jurídicos da Consultoria-Geral da União manifestou-se por na
forma da COTA n. 00122/2016/DECOR/CGU/AGU, de 29 de julho de 2016, no sentido
de que fossem instadas a se manifestar, preliminarmente, a Consultoria Jurídica junto a
este Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e a Secretaria de Gestão de
Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público para: i) conhecimento do pedido; ii)
apresentação das considerações pertinentes; e iii) encaminhamento do atual entendimento
adotado acerca da possibilidade de professor aposentado em regime de dedicação
exclusiva poder acumular seus proventos com a remuneração pelo exercício do mesmo
cargo, em razão das disposições do PARECER AC-54/2006, Advocacia-Geral da União-
AGU.

5. É o que importa relatar.

6. Inicialmente, cabe destacar que a divergência de entendimentos apontada pela


Procuradoria Federal pode ser verificada nos seguintes excertos do Parecer AGU AC-
54/2006 e da NOTA TÉCNICA Nº 83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, colacionados
a seguir:

Parecer AC-54/2006 da Advocacia-Geral da União-AGU

Acumulação de cargos de magistério. Professora primária, aposentada, em acumulação com


o cargo de Professora de Música e Canto Orfeônico do Ensino Médio. Possibilidade.
Em se tratando de professora primária, aposentada, não há que falar-se em qualquer óbice
relativo a compatibilidade de horários e, quanto à correlação de matérias, ainda que se
justificasse tal requisito, no caso ele teria sido atendido.

Recurso não conhecido.

(RE nº 84.726/RJ, STF, 2ª Turma, rel. Min. Aldir Passarinho, DJ 10.12.82)

15. A razão de ser desse entendimento é clara: enquanto a acumulabilidade genérica entre os
diversos cargos, para os servidores em geral, é definida em tese nas alíneas do inciso XVI do
artigo 37 da Constituição, o requisito adicional da compatibilidade de horários, por outro
lado, não pode jamais ser aferido em tese, devendo-se analisar a situação concreta de cada
servidor que pleiteia acumular cargos, e não somente no momento da posse no segundo cargo,
mas enquanto perdurar o exercício cumulado de ambos, pois o seu objetivo é garantir, em
prol do interesse da Administração quanto à consecução dos fins públicos relacionados aos
serviços prestados pelo Estado e seus agentes, que os mesmos consigam conciliar, durante a
sua jornada de trabalho, a carga horária prevista para cada uma das duas funções, sem
prejuízo, ainda que parcial, de nenhuma delas.

16. Assim, quando o servidor já se encontra aposentado em um dos cargos, o requisito da


compatibilidade de horários perde a sua razão de ser, pois, por óbvio, não haverá jornada de
trabalho a cumprir neste se não há mais o seu exercício pelo inativo. Nas palavras diretas do
Ministro Bilac Pinto, nessa hipótese -perde o sentido o requisito da compatibilidade de
horários- (AI nº 46.230/SC).

17. E não se diga que esse entendimento viola a premissa estabelecida pela Suprema Corte
no julgamento do RE nº 163.204/SP, quando, repita-se, afirmou-se que -a acumulação de
proventos e vencimentos somente é permitida quando se tratar de cargos, funções ou
empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela Constituição-, porque, se o
servidor estivesse em atividade nos dois cargos que pretende acumular, somente o confronto
efetivo e permanente entre as jornadas de trabalho previstas para ambos poderia definir a
existência real de compatibilidade de horários, ou não, procedimento que, mesmo que
aplicado ao servidor aposentado, gerará sempre o mesmo resultado, porque todo o seu tempo
laboral está disponível para o exercício do cargo no qual ainda está em atividade

18. As duas Câmaras do Tribunal de Contas da União possuem esse mesmo entendimento:
Voto do Ministro Relator

Como visto, a acumulação em epígrafe refere-se a dois cargos de professor. A interessada


está na UFMS sob o regime da Dedicação Exclusiva, cujo impedimento é o exercício de
qualquer outra atividade remunerada (inciso I do art. 14 do Decreto n.º 94.664/87). Assim, o
fato de a interessada ser aposentada em outro cargo público, não se enquadra nesta vedação.
Nesse sentido, impende destacar trechos do Voto do Ministro Benjamin Zymler, proferido
na Decisão 322/2001, da Segunda Câmara:

4. Em estando aposentado do primeiro cargo de professor, o interessado pode exercer o


segundo cargo de professor sob qualquer regime previsto no Decreto n. º 94.664/87 (20 ou
40 horas semanais ou dedicação exclusiva), sem que com isso tenha incorrido em qualquer
incompatibilidade de horários, sendo, portanto, lícita a opção do interessado pelo regime de
dedicação exclusiva.

(Processo TC nº 000341/2004-2, Acórdão nº 155/2005, TCU, 1ª Câmara, rel. Min. Guilherme


Palmeira)

19. Ocorre que, como apontado pela Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento,
esta Advocacia-Geral da União tem posição parcialmente contrária ao que ora se expôs e aos
precedentes do STF e do TCU sobre a matéria. Trata-se do Parecer nº AGU/GQ 145:

Parecer nº AGU/GQ 145

Ementa: Ilícita a acumulação de dois cargos ou empregos de que decorra a sujeição do


servidor a regimes de trabalho que perfaçam o total de oitenta horas semanais, pois não se
considera atendido, em tais casos, o requisito da compatibilidade de horários.

Com a superveniência da Lei n. 9.527, de 1997, não mais se efetua a restituição de estipêndios
auferidos no período em que o servidor tiver acumulado cargos, empregos e funções públicas
em desacordo com as exceções constitucionais permissivas e de má fé.

20. A leitura da ementa acima apresentada, e dos fundamentos e conclusões do citado Parecer
nº AGU/GQ 145, confirma a sua atualidade e juridicidade, ao menos como regra geral,
ressalvada apenas a última afirmação constante em seu texto:

Parecer nº AGU/GQ 145

27. A acumulação, no regime de sessenta horas semanais, não impede a inativação no cargo
técnico ou científico, observadas as normas pertinentes, mas não ensejará a posterior inclusão
dos servidores no regime de quarenta horas, relativa ao cargo de magistério: caracterizar-se-
ia acumulação proibida, por força do art. 118, § 3º, da Lei n. 8.112, com a redação dada pela
Lei n. 9.527.(grifo nosso)

21. De fato, o servidor que acumula licitamente, nos termos previstos na Constituição, na
ativa, dois cargos públicos que, somados, exijam o cumprimento de uma jornada semanal de
60 horas, pode aposentar-se em ambos, ao mesmo tempo ou não, a depender do alcance dos
requisitos próprios (CF, art. 40, § 6º). Ressalva apenas se faz, porque expressa na
Constituição, aos servidores beneficiados pela norma inserta no anteriormente mencionado
artigo 11 da EC nº 20/98.

22. Porém, uma vez aposentado no cargo em que cumpria jornada de 40 horas semanais, não
há impedimento constitucional, ou mesmo no artigo 118, § 3º da Lei nº 8.112/90, que somente
repete as disposições constitucionais aqui expostas, para que, na ativa, aumente agora para
40 horas a jornada prestada no cargo que anteriormente lhe exigia apenas 20 horas semanais,
se admitida essa mudança pela legislação a ele aplicável, porque, repita-se, o requisito da
compatibilidade de horários deve ser aferido tendo em conta a situação concreta do servidor
em cada momento, e não em tese.

23. Diante dos fundamentos aqui apresentados, está o Parecer nº AGU/GQ 145 a merecer
revisão parcial para tornar sem efeito apenas a parte final de seu último parágrafo. Nesse
sentido, considerando que o mesmo foi aprovado pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da
República e publicado no Diário Oficial da União nos termos do artigo 40 § 1º da Lei
Complementar nº 73/93, a eventual aprovação superior da presente manifestação deverá estar
atribuída da mesma eficácia.
24. Em conclusão, -a acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida quando
se tratar de cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela
Constituição- (RE 163.204/SP), bem como nas demais situações previstas no § 10 do artigo
37 da Constituição, não incidindo, porém, nessa situação, o requisito da compatibilidade de
horários.

NOTA TÉCNICA Nº 83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP

6. Ademais esta CGNOR, por intermédio da Nota Técnica nº


899/CGNOR/DENOP/SRH/MP, assim se posicionou:

3. De fato, em que pese o próprio texto constitucional autorizar a acumulação


de dois cargos públicos de professor, desde que haja compatibilidade de
horário, tal hipótese não se afigura possível no caso de professores que,
espontaneamente, se submetem ao regime de dedicação exclusiva. Frise-se que
tal regime dá ensejo à percepção de gratificação especial e obriga o professor
a prestar 40 (quarenta) horas semanais de trabalho em dois turnos diários,
sendo também impedido de exercer outra atividade remunerada, pública ou
privada. Isso é o que dispõe o art. 14 do Decreto nº 94.664/1987, que
regulamenta a Lei nº 7.596/1987. Vejamos:
(...)

5. Assim, sendo de modo diverso ao que se expôs nas Notas Técnicas em


epígrafe, conclui-se pela impossibilidade de acumulação do cargo de
Professor em regime de dedicação exclusiva com qualquer outra atividade
pública ou privada. (grifos nossos)

(...)

7. Todavia, em que pese esse entendimento, ainda assim esta Coordenação-Geral houve por
bem submeter os autos à manifestação da Consultoria Jurídica deste Ministério –
CONJUR/MP, em virtude do questionamento realizado pelo então Centro Federal de
Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, mediante Ofício nº 116/2005-DRH-
CEFET/RN, a respeito da acumulação de proventos decorrentes de dois cargos de Professor,
em regime de dedicação exclusiva.

8. Aquela Consultoria Jurídica, mediante PARECER/Nº 1508-3.17/2013/PPL/CONJUR-


MP/CGU/AGU, de 13 de novembro de 2013 (fls. 58 a 65), proferiu a seguinte manifestação,
verbis:

9. Com efeito, esta CONJUR/MP, através [sic] do PARECER/Nº 0439-


3.17/2013/PPL/CONJUR-MP/CGU/AU, se manifestou sobre matéria análoga prestando,
quanto ao regime de dedicação exclusiva, os seguintes esclarecimentos:

(...)

26. Nessa perspectiva, no que pertine ao regime de dedicação exclusiva,


afigura-se ILÍCITA, enquanto em atividade, a acumulação pelo docente
da carreira de Magistério.

(...)

11. Como se vê, trata-se de matéria suficientemente esclarecida no âmbito da


Administração Pública Federal, inexistindo, portanto, dúvidas quanto à
ilicitude de acumulação e cargos submetidos ao regime de dedicação
exclusiva.

12. Assim, ratificando o entendimento esposado no referido Parecer, segundo


o qual, o teor do que prescreve o § 3º do art. 118 da Lei nº 8.112, de 1990,
somente é lícita a percepção de vencimentos de cargo ou emprego efetivo
com proventos da inatividade se tal acumulação também se afigurar lícita em
atividade, tem-se que os quesitos formulados nas alíneas “a” e “b” da
consulta devem ser respondidos negativamente, ou seja, não é lícita a
acumulação: (i) nem de proventos com vencimentos; (ii) nem de proventos
com proventos decorrentes do cargo de professor quanto submetidos ao
regime de dedicação exclusiva.

13. Em face de todo o exposto, conclui-se que, somente após a alteração do


regime, quando efetivamente deixar de se submeter à dedicação exclusiva, é
que poderá o servidor, em atividade, acumular os respectivos cargos de
professor, e, via de consequência, se beneficiar, da dupla aposentação.

9. Ainda é de bom alvitre mencionar aqui o ACÓRDÃO Nº 6620/2013-TCU-2ª Câmara,


emanado pelo Tribunal de Contas da União em 14 de novembro de 2013, que trata de caso
análogo ao dos autos, e assim dispõe:

(...)

9.3.2.1. aposentadoria no cargo de professor-adjunto, em regime de


dedicação exclusiva, da UnB, sem fazer jus ao benefício constante destes
autos, em face da incompatibilidade de acumulação dos cargos por causa do
regime de dedicação exclusiva, conforme vedação contida no art. 37, incisos
XVI, da Constituição Federal, c/c o Decreto 94.664/87, art. 14, inciso I;

9.3.2.2. aposentadoria no cargo de professor-adjunto, em regime de


dedicação exclusiva, da UFMG, renunciando a sua aposentadoria junto à
UnB, em face dos dispositivos mencionados no subitem anterior;

9.3.2.3. acumular as aposentadorias de no cargo de professor-adjunto, tanto


da UFMG quanto da UnB, desde que ambas sob regime tempo parcial de
vinte horas semanais de trabalho, em consonância com o disposto no art. 37,
incisos XVI, da Constituição Federal, c/c o Decreto 94.664/87, art. 14, inciso
II;

9.3.3. caso a beneficiária opte pela aposentadoria no cargo de professora


junto à UFMG, em havendo provimento judicial desfavorável à interessada
no âmbito do Processo 2008.38.00.001103-2, em trâmite na Justiça Federal
de Minas Gerais (15ª Vara Federal), promova, nos termos do art. 46 da Lei
8.112/1990, a restituição ao erário dos valores pagos indevidamente a título
de diferença do art. 192 do mesmo diploma legal;
9.3.4. alerte a interessada de que o efeito suspensivo proveniente de eventual
interposição de recursos junto ao TCU não a exime da devolução dos valores
indevidamente percebidos após a notificação, em caso de não provimento
desses recursos;

10. Entretanto, considerando que a inatividade do servidor se deu há mais de 20 anos,


entendemos que deve ser verificado se o novo ato de aposentadoria (compulsória)
foi julgado pelo Tribunal de Contas da União. Caso positivo, recomenda-se
encaminhar o assunto para apreciação dessa Corte de contas, para pronunciamento,
tendo em vista o estabelecido no art. 1º da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992,
verbis:

Art. 1º Ao Tribunal de Contas da União, órgão de controle externo, compete, nos


termos da Constituição Federal e na forma estabelecida nesta Lei:

(...)

V – apreciar, para fins de registro, na forma estabelecida no Regime Interno, a


legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder público federal,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;

11. Contudo, caso não tenha sido apreciado por aquela Corte de Contas, deverão ser
aplicadas as orientações desta Coordenação, ou seja: a) fazer opção por um dos
cargos, com a dedicação exclusiva, renunciando a uma das aposentadorias, ou b)
acumular as aposentadorias sob o regime de 20 horas semanais de trabalho.

(...)

14. Diante do mencionado, não remanescem dúvidas sobre a ilegalidade da


acumulação de dois cargos públicos de Professor, em regime de dedicação exclusiva,
com outra atividade remunerada pública ou privada. Assim, resta inevitável,
igualmente, a acumulação de proventos decorrentes de dois cargos públicos de
Professor, em regime de dedicação exclusiva. Da mesma forma, não há falar em
acumulação de um cargo público efetivo de Professor em regime de DE com uma
aposentadoria no mesmo regime.

7. Em resumo, o Parecer AGU AC-54/2006, determina que:

I – a acumulação de proventos e de vencimentos somente é permitida quando


se tratar de cargos, empregos ou funções acumuláveis na atividade conforme
disposto na Constituição Federal: e

II – em se tratando de acumulação de proventos e vencimentos, não incidirá


a requisito da compatibilidade de horários.

8. Entretanto, em que pese o caráter normativo e vinculante dos Pareceres aprovados pelo
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, o Órgão Central do SIPEC, em razão do
que objetiva e das premissas do regime de Dedicação Exclusiva, levantou a possibilidade
de o PARECER AGU AC-54 não possibilitar acumulação de cargos por professores
submetidos a esse regime, os quais, por isso, estão obrigados ao cumprimento de 40
(quarenta) horas semanais em dois turnos diários, sendo-lhes vedado o exercício de outra
atividade remunerada, pública ou privada, conforme disposto no art. 14 do Decreto nº
94.664, de 23 de abril de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987.

9. Por esta razão, foi exarada a NOTA TÉCNICA Nº 889/CGNOR/DENOP/SRH/MP. Na


oportunidade, submeteu-se os autos à apreciação da CONJUR/MP que se manifestou no
PARECER/Nº 1508-3.17/2013/PPL/CONJUR-MP/CGU/AGU, de 13 de novembro de
2013, nestes termos:

9. Com efeito, esta CONJUR/MP, através [sic] do PARECER/Nº 0439-


3.17/2013/PPL/CONJUR-MP/CGU/AU, se manifestou sobre matéria
análoga prestando, quanto ao regime de dedicação exclusiva, os seguintes
esclarecimentos:
(...)

26. Nessa perspectiva, no que pertine ao regime de dedicação exclusiva, afigura-se


ILÍCITA, enquanto em atividade, a acumulação pelo docente da carreira de
Magistério.

(...)

11. Como se vê, trata-se de matéria suficientemente esclarecida no âmbito da


Administração Pública Federal, inexistindo, portanto, dúvidas quanto à ilicitude de
acumulação e cargos submetidos ao regime de dedicação exclusiva.

12. Assim, ratificando o entendimento esposado no referido Parecer, segundo o qual,


o teor do que prescreve o § 3º do art. 118 da Lei nº 8.112, de 1990, somente é lícita
a percepção de vencimentos de cargo ou emprego efetivo com proventos da
inatividade se tal acumulação também se afigurar lícita em atividade, tem-se que
os quesitos formulados nas alíneas “a” e “b” da consulta devem ser respondidos
negativamente, ou seja, não é lícita a acumulação: (i) nem de proventos com
vencimentos; (ii) nem de proventos com proventos decorrentes do cargo de professor
quanto submetidos ao regime de dedicação exclusiva.

13. Em face de todo o exposto, conclui-se que, somente após a alteração do regime,
quando efetivamente deixar de se submeter à dedicação exclusiva, é que poderá o
servidor, em atividade, acumular os respectivos cargos de professor, e, via de
consequência, se beneficiar, da dupla aposentação.

10. De acordo com conclusão constante do item 9 do PARECER/Nº 0439-


3.17/2013/PPL/CONJUR-MP/CGU/AU retro, a CONJUR/MP ressaltou que esta matéria
já estaria suficientemente esclarecida no âmbito da Administração Federal e que não
existiriam dúvidas acerca da ilicitude de acumulação de cargos submetidos ao
regime de dedicação exclusiva.

11. Tal afirmativa é reforçada ainda, quando, em excertos extraídos do mesmo item 9, a
CONJUR/MP ressalta: “no que pertine ao regime de dedicação exclusiva, afigura-se
ILÍCITA, enquanto em atividade, a acumulação pelo docente da carreira de
Magistério”; e em seguida complementa: “sendo ilícita a acumulação de cargo em
regime de dedicação exclusiva pelo docente da carreira de magistério enquanto em
atividade, também o será na inatividade.”

12. Extraiu-se das conclusões retro que, a acumulação de cargos submetida ao regime de
DE é ilícita enquanto o servidor estiver em atividade e que, em relação a esse regime de
trabalho, a ilicitude se mantém também na inatividade.

13. Assim, ante as conclusões apresentadas pelo órgão de assessoramento jurídico, o


Órgão Central do SIPEC exarou a NOTA TÉCNICA Nº
83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, objeto do questionamento de divergência
interpretativa, concluindo ser ilegal a acumulação de dois cargos públicos de
professor, submetidos ao regime de Dedicação Exclusiva e igualmente, de um cargo
público em regime de DE com uma aposentadoria no mesmo regime.

14. Este entendimento, vigente no âmbito do SIPEC, foi objeto de questionamento da


Procuradoria Federal no Estado do Rio Grande do Norte por entender estar,
comprovadamente, divergente do entendimento da Advocacia-Geral da União, constante
do PARECER AC-54, de 2006, aprovado pelo excelentíssimo Senhor Presidente da
República. Por esta razão é que, mais uma vez, a SEGRT reanalisou o assunto, utilizando-
se tanto da legislação que o rege, quanto das manifestações da CONJUR/MP, exaradas
em resposta às diversas dúvidas suscitadas anteriormente por esta Secretaria.

15. Nesta última ocasião foi expedida a NOTA TÉCNICA Nº 11950/2016-MP, de 23 de


agosto de 2016, na qual, mais uma vez, em razão das mais diversas situações decorrentes
da vedação de acumulação de cargos na forma posta em voga e ao quantitativo de
servidores que se encontram impedidos de efetivar alterações funcionais sistêmicas em
razão dessa vedação, submetemos os seguintes questionamentos à oitiva da Consultoria
Jurídica:
29. Diante disso, com o objetivo de garantir o interesse público em torno do tema,
temos por necessário sugerir o envio destes autos, que apresentam as razões pelas
quais o entendimento atual da SEGRT firma-se de forma restritiva, à oitiva da
CONJUR/MP, à qual solicita-se, além da avaliação integral do assunto, resposta aos
seguintes questionamentos pontuais:

I - o regime de Dedicação Exclusiva deixa de ser um regime de trabalho quando o


servidor se aposenta, passando a ser somente uma parcela dos proventos, uma vez que
o servidor não está mais sujeito ao cumprimento de carga horária?

II - em caso positivo, é legal a acumulação de um cargo efetivo por servidor detentor


de aposentadoria decorrente de um cargo de professor em regime de dedicação
exclusiva?

III - caso a dedicação exclusiva deixe de ser um regime de trabalho a partir da


aposentadoria do servidor, é possível a acumulação nas situações elencadas a seguir?

a) acumulação de proventos com DE com outro cargo professor;

b) acumulação de proventos com DE com outro cargo de professor em regime de DE;

c) acumulação de proventos com DE com outro cargo técnico-científico;

d) acumulação de proventos com DE com função em entidade privada;

e) acumulação de proventos com DE com contrato de professor temporário; e

f) acumulação de proventos com DE com cargos ou funções comissionadas.

IV- Por fim, que acumulações poderão gerar dupla aposentação?

16. Instada a se manifestar, a CONJUR/MP, essencialmente, assim se pronunciou no


PARECER n. 01119/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU, aprovado pelo
DESPACHO DE APROVAÇÃO n. 02792/2016/CONJUR-MP/CGU/AGU, de 6 de
setembro de 2016, acostado às fls. 71-90:,

(...)

18. Da interpretação sistemática e teleológica do Parecer AGU AC54/2006,


depreende-se que não haveria qualquer óbice à acumulação de proventos ou de
proventos e vencimentos com a percepção, em ambos, do acréscimo devido em razão
do regime de dedicação exclusiva, visto que, também nessa hipótese, estaria superada
a questão da compatibilidade de horários e da vedação quanto ao exercício de qualquer
outra atividade remunerada pública ou privada, que não se estendem aos servidores
aposentados no citado regime.

19. Portanto, esta Consultoria Jurídica entende pertinente conferir ao posicionamento


sufragado pela Advocacia-Geral da União no Parecer AGU AC54/2006 interpretação
extensiva à situação específica de acumulação de proventos com vencimentos ou de
proventos com proventos, ambos decorrentes de cargos de professor submetidos ao
regime de dedicação exclusiva, desde que, obviamente, os referidos cargos tenham
sido titularizados em períodos diversos, de modo que o exercício do segundo cargo
tenha ocorrido após a aposentadoria no primeiro, pois, nesse caso, além de respeitada
a vedação de exercício de outra atividade remunerada, não haveria inobservância do
requisito da compatibilidade de horários.

(...)

22. Passa-se, agora, à análise, em tópicos sucessivos, dos questionamentos feitos pela
SEGRT/MP.

I – o regime de Dedicação Exclusiva deixa de ser um regime de trabalho quando o


servidor se aposenta, passando a ser somente uma parcela dos proventos, uma vez
que o servidor não está mais sujeito ao cumprimento de carga horária?

23. O regime de dedicação exclusiva a que podem se submeter os professores das


carreiras de Magistério Superior e de Magistério de 1º e 2º graus constitui, consoante
expressamente previsto no Decreto nº 94.664/87, regime laboral que implica a
obrigação de prestar 40 (quarenta) horas semanais de trabalho em dois turnos diários
completos e o impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública ou
privada. Distingue-se dos regimes de tempo integral de 40 (quarenta) horas semanais
de trabalho, em dois turnos diários completos, e de tempo parcial de vinte horas
semanais de trabalho, que não obstam o exercício de outra atividade remunerada pelo
professor que a eles se sujeite. Eis o que dispõem os artigos 14 e 15 do aludido decreto
a respeito da matéria:

(...)

24. Quando o docente submetido ao regime de dedicação exclusiva se aposenta do


cargo, referido regime de trabalho, que tem como propósito direcionar o professor às
funções que lhe são atribuídas para obter do mesmo um melhor aproveitamento
profissional, deixa de ser efetivamente um regime laboral para aquele servidor, tendo-
se em vista que não haverá exercício do cargo na inatividade e que o servidor,
consequentemente, não se sujeitará ao cumprimento de carga horária de trabalho. Nos
termos do Parecer AGU AC54/2006, "quando o servidor já se encontra aposentado
em um dos cargos, o requisito da compatibilidade de horários perde a sua razão de
ser, pois, por óbvio, não haverá jornada de trabalho a cumprir neste se não há mais
o seu exercício pelo inativo" e, "mesmo que aplicado ao servidor aposentado, gerará
sempre o mesmo resultado, porque todo o seu tempo laboral está disponível para o
exercício do cargo no qual ainda está em atividade".

25. Portanto, uma vez aposentado no cargo sujeito ao regime de dedicação exclusiva,
o servidor deixa de se submeter ao referido regime laboral e passa a fazer jus ao
pagamento dos proventos que lhe forem devidos, incluída a parcela do acréscimo
salarial referente à dedicação exclusiva.

II – em caso positivo, é legal a acumulação de um cargo efetivo por servidor detentor


de aposentadoria decorrente de um cargo de professor em regime de dedicação
exclusiva?

26. A acumulação de proventos de aposentadoria decorrentes de um cargo de


professor em regime de dedicação exclusiva com a remuneração de cargo público
efetivo é possível, pois, reitera-se, o regime de dedicação exclusiva obsta o
desempenho de outra atividade remunerada apenas durante o período de exercício da
função em dedicação exclusiva, inexistindo impedimento a que, uma vez aposentado
em cargo submetido ao regime de dedicação exclusiva, o servidor venha a manter
novo vínculo funcional com o poder público, ainda que em cargo também sujeito ao
regime de dedicação exclusiva. Não há que se falar, ademais, na incidência do
requisito de compatibilidade de horários, pois, conforme consignado no Parecer AGU
AC54/2006, aludido requisito não se aplica quando o servidor se aposenta em um dos
cargos objeto de acumulação.

27. Pertinente destacar que a acumulação de proventos de aposentadoria decorrentes


de um cargo de professor em regime de dedicação exclusiva com a remuneração de
cargo público efetivo foi a hipótese concreta que ensejou a prolação do Parecer
vinculante AGU AC54/2006 e a favor da qual se pronunciou a Advocacia-Geral da
União.

28. Importante ressaltar, ainda, contudo, que mencionada acumulação é viável a


depender do cargo efetivo exercido pelo servidor docente aposentado, sendo
imprescindível a observância do texto da Constituição de 1988, que prevê o seguinte
sobre a temática em comento, in verbis:
"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

(...)

XVI é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de


1998)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela


Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões


regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)

XVII a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

(...)

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do


art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

29. Conforme permissão constitucional expressa, decorrente da leitura combinada dos


dispositivos acima reproduzidos, afigura-se viável a acumulação de proventos de
aposentadoria de um cargo de professor em regime de dedicação exclusiva com a
remuneração de outro cargo efetivo de professor em qualquer regime laboral
(inclusive de dedicação exclusiva) e com a remuneração de cargo técnico ou
científico, por serem acumuláveis, na forma da Constituição, bem como com a
remuneração de cargos eletivos e de cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração.
30. Respondidos acima, portanto, também, os questionamentos III.a, III.b, III.c, e III.f
(possibilidade de acumulação de proventos de um cargo de professor em regime de
dedicação exclusiva com outro cargo de professor, com outro cargo de professor em
regime de DE, com outro cargo técnico-científico e com cargos ou funções
comissionadas), inicia-se a apreciação das perguntas restantes, consubstanciadas nos
itens III.d, III.e e IV.

III - caso a dedicação exclusiva deixe de ser um regime de trabalho a partir da


aposentadoria do servidor, é possível a acumulação nas situações elencadas a
seguir?

d) acumulação de proventos com DE com função em entidade privada;

31. No que diz respeito à acumulação de proventos de aposentadoria de cargo sujeito


ao regime de dedicação exclusiva com a remuneração por exercício de função em
entidade privada, entendida como a atividade profissional desempenhada fora da
Administração Pública, direta ou indireta, da União, dos Estados, do Distrito Federal
e do Município, esta Consultoria Jurídica entende que é possível referida acumulação,
pois, como já evidenciado ao longo do presente parecer, a dedicação exclusiva nada
mais é do que um regime de trabalho, ao qual deixa de se submeter o servidor que se
aposenta. Portanto, a partir da aposentadoria, o servidor não mais se sujeita ao regime
de trabalho e, consequentemente, não há que se falar em dedicação exclusiva.

III - caso a dedicação exclusiva deixe de ser um regime de trabalho a partir da


aposentadoria do servidor, é possível a acumulação nas situações elencadas a
seguir?

e) acumulação de proventos com DE com contrato de professor temporário; e

32. No tocante à possibilidade de acumulação de proventos de aposentadoria de cargo


sujeito ao regime de dedicação exclusiva com a remuneração decorrente de contrato
de professor temporário, cumpre observar o que prevê o artigo 6º, parágrafo primeiro,
inciso I, da Lei nº 8.745/93, incluído pela Lei nº 11.123, de 2005:

"Art. 6º É proibida a contratação, nos termos desta Lei, de servidores da


Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como de empregados ou servidores de suas subsidiárias e
controladas.

§ 1o Excetua-se do disposto no caput deste artigo, condicionada à formal


comprovação da compatibilidade de horários, a contratação de: (Redação dada pela
Lei nº 11.123, de 2005)
I – professor substituto nas instituições federais de ensino, desde que o contratado não
ocupe cargo efetivo integrante das carreiras de magistério de que trata a Lei no 7.596,
de 10 de abril de 1987; (Incluído pela Lei nº 11.123, de 2005) (...)" (grifos acrescidos)

33. Consoante devidamente pontuado no PARECER/MP/CONJUR/RA/Nº


12572.9/2003, de 29 de novembro de 2003, a que fez referência a SEGRT/MP na Nota
Técnica nº 11950/2016MP, é irrefutável que, mesmo estando aposentado, o docente
não perde a qualidade de servidor público, conquanto se torne inativo.

Nesse contexto, ao servidor que se aposentou no cargo de docente em regime de


dedicação exclusiva aplicar-se-ia, em um primeiro momento, a vedação geral de
contratação constante do caput do artigo retrotranscrito.

34. Ocorre que o parágrafo primeiro do mesmo dispositivo legal trouxe ressalva para
a hipótese em que o contratado não ocupa cargo efetivo das carreiras de magistério de
que trata a Lei nº 7.596/87. Se o professor aposentado, ainda que sob o regime de
dedicação exclusiva, não mais ocupa o cargo efetivo do qual se inativou, visto que a
aposentadoria é hipótese de vacância do cargo público (art. 33, inciso VII, da Lei nº
8.112/90), entende-se que a ressalva em tela se aplica à sua situação. Portanto,
considerando-se que o requisito da compatibilidade de horários não incide na
acumulação em exame em razão da aposentadoria do cargo de docente em regime de
dedicação exclusiva, nada impede que esse professor aposentado acumule os
proventos da inatividade com a remuneração correspondente ao contrato por tempo
determinado, na função de professor substituto das instituições federais de ensino, na
forma do art. 6º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.745/93, caso de acumulação que se
fundamenta, também, no art. 37, inciso XVI, alínea a, e parágrafo dez, da Constituição
Federal.

IV – Por fim, que acumulações poderão gerar dupla aposentação?

35. É possível a percepção de dupla aposentação nas mesmas hipóteses em que se


reputa permitida a acumulação de proventos com vencimentos. Absurda se revela a
adoção de tese contrária, pois não se pode facultar a acumulação dos proventos de
aposentadoria de cargo sujeito ao regime de dedicação exclusiva com a remuneração
de cargos ou funções, e negar, no futuro, o direito à percepção dos respectivos
proventos.

36. Portanto, na hipótese de acumulação legal dos proventos de aposentadoria de


cargo de docente sujeito ao regime de dedicação exclusiva com a remuneração de
outro cargo de professor também sujeito ao regime de dedicação exclusiva, que se
opta por destacar em razão de constituir objeto central do feito em análise, poderá
haver, quando do preenchimento dos pressupostos normativos para a aposentadoria
no segundo cargo, a percepção de dupla aposentadoria no âmbito da dedicação
exclusiva, desde que, ressalta-se mais uma vez, o exercício dos cargos tenha ocorrido
em períodos distintos pois, nessa hipótese, tem-se que foram perfeitamente
observados, em atividade, a vedação de exercício de atividade remunerada paralela e
o requisito da compatibilidade de horários.

17. Isto posto, este Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal
– SIPEC, em atenção às conclusões jurídicas apontadas pela CONJUR/MP no PARECER
n. 01119/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU, passa a adotar o seguinte
entendimento, em relação à acumulação de proventos de Professor submetido ao regime
de dedicação exclusiva, enquanto na ativa:

I – a dedicação exclusiva deixa de ser um regime de trabalho a partir da


aposentadoria do servidor, inexistindo, assim, a incidência do requisito de
compatibilidade de horários após a aposentação;

II – é possível a acumulação de proventos de aposentadoria decorrentes de um


cargo de professor em regime de dedicação exclusiva com a remuneração:

a) de outro cargo público efetivo, desde que observado o art. 37 da


Constituição Federal de 1988;

b) de outro cargo efetivo de professor em qualquer regime laboral, inclusive


de dedicação exclusiva;

c) de cargo técnico ou científico;

d) de cargos eletivos;

e) de cargos comissionados declarados em lei de livre nomeação e


exoneração;

f) com a remuneração por exercício de função em entidade privada,


entendida como a atividade profissional desempenhada fora da
Administração Pública, direta ou indireta, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e do Município;

g) decorrente de contrato por tempo determinado, na função de professor


substituto das instituições federais de ensino, na forma do art. 6º, § 1º, inciso
I, da Lei nº 8.745/93, caso de acumulação que se fundamenta, também, no
art. 37, inciso XVI, alínea "a", e § 10, da Constituição Federal.

III – é possível a percepção de dupla aposentadoria decorrente de cargo em regime


de dedicação exclusiva, quando:

a) o exercício dos cargos tenham ocorrido em períodos distintos e tenham


sido observados, em atividade, a vedação do exercício de atividade
remunerada paralela e o requisito da compatibilidade de horários. (itens
35 e 36 do Parecer).

CONCLUSÃO

18. Em decorrência da adoção das conclusões supra, torne-se insubsistente a NOTA


TÉCNICA Nº 83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP que, enquanto vigente, entendia
pela ilegalidade da acumulação de dois cargos públicos de professor submetidos ao
regime de dedicação exclusiva bem como a de um cargo público em regime de DE com
uma aposentadoria no mesmo regime.

19. Ademais, encaminhe-se cópia da presente manifestação ao Departamento de Gestão


de Pessoal Civil – DEGEP/SEGEP para conhecimento e providências que entenderem
pertinentes com vistas à adequação sistêmica que possibilite a implementação das
disposições dessa Nota Técnica, bem como a atualização do CONLEGIS a fim de alterar
a situação da NOTA TÉCNICA Nº 83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP e, no que
couber, o item 14 da NOTA TÉCNICA Nº 141/2016-MP.

20. Isto posto, sugere-se a restituição dos autos à Consultoria Jurídica desta Pasta,
conforme solicitado no item 38 do PARECER n. 01119/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-
MP/CGU/AGU.

À consideração da Senhora Coordenadora-Geral de Aplicação das Normas-Substituta.

CLEONICE SOUSA DE OLIVEIRA

Chefe da Divisão de Planos de Cargos e Carreiras

De acordo. À deliberação da Senhora Diretora do Departamento de Normas e Benefícios


do Servidor, para apreciação dos termos técnicos expostos e, se de acordo, encaminhar
ao Senhor Secretário de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público
para deliberação.

MÁRCIA ALVES DE ASSIS

Coordenadora-Geral de Aplicação das Normas-Substituta

De acordo. À deliberação do Senhor Secretário de Gestão de Pessoas e Relações do


Trabalho no Serviço Público.

RENATA VILA NOVA DE MOURA

Diretora do Departamento de Normas e Benefícios do Servidor

Aprovo. Restituam-se os autos à Consultoria Jurídica e encaminhe-se cópia da presente


manifestação ao Departamento de Gestão de Pessoal Civil – DEGEP/SEGEP, na forma
proposta.
AUGUSTO AKIRA CHIBA
Secretário de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público

Documento assinado eletronicamente por RENATA VILA NOVA DE MOURA HOLANDA,


Diretora do Departamento de Normas e Benefícios do Servidor, em 15/09/2016, às 15:41.

Documento assinado eletronicamente por CLEONICE SOUSA DE OLIVEIRA, Chefe de


Divisão, em 15/09/2016, às 15:42.

Documento assinado eletronicamente por MARCIA ALVES DE ASSIS, Coordenadora-


Geral de Aplicação das Normas - Substituta, em 15/09/2016, às 15:43.

Documento assinado eletronicamente por AUGUSTO AKIRA CHIBA, Secretário de Gestão


de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público, em 15/09/2016, às 16:22.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site


[https://seimp.planejamento.gov.br/conferir], informando o código verificador 2437188 e o
código CRC C0DD50C0.

Criado por 40037622153, versão 18 por 57831629149 em 15/09/2016 15:22:51.

Você também pode gostar