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Nota Técnica #12.968-2016 - Permite Acumular Proventos Aposentadoria de Com Cargo Docente de
Nota Técnica #12.968-2016 - Permite Acumular Proventos Aposentadoria de Com Cargo Docente de
Referência:
SUMÁRIO EXECUTIVO
ANÁLISE
2. Iniciaram-se os autos em razão da CONSULTA Nº 001/2016 – GAB/PFRN/fbsa, por
meio da qual a Procuradoria Federal no Estado do Rio Grande do Norte sinalizou possível
divergência de entendimento entre as disposições constantes do Parecer AC-54/2006 da
Advocacia-Geral da União-AGU e as conclusões deste Órgão Central do Sistema de
Pessoal Civil da Administração Federal - SIPEC, constantes da NOTA TÉCNICA Nº
83/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP, especificamente acerca da acumulação de
cargo público efetivo/emprego/função/proventos/cargo em comissão/contrato
temporário por aposentado em regime de dedicação exclusiva, de que trata o inciso
I do art. 14 e o art. 15 do Decreto nº 94.664, de 23 de julho de 1987.
8. De imediato, e sem delongas, tudo indica, nos termos das reproduções citadas na
Consulta, que, de fato, há um aparente conflito entre o entendimento do Ministério do
Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, por sua Secretaria de Gestão de Pessoas e
Relações do Trabalho, quanto aos feitos práticos decorrentes da orientação normativa
fixada no Parecer AGU AC-54/2006, em relação ao entendimento contido, no tema
em questão, na Nota Técnica nº 93/2014/CGNOR/SEGEP/MP.
(...)
Nesses termos, com amparo nos fatos ali narrados e em face das razões sintetizadas,
tudo indica que há, de fato, aparente conflito de entendimentos jurídicos entre o
Ministério do Planejamento, por sua atual Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações
do Trabalho, por orientação da Consulto ria Jurídica da Pasta, e a Orientação
Normativa constante do PARECER AGU AC-54/2006, ocasionando, como
consequência, potencial insegurança jurídica na aplicação prática da mencionada
Orientação Normativa, recomendando, assim, a remessa do presente expediente à
Consultoria Geral da União para conhecimento, e para que, se entender apropriado,
ouvir, inicialmente, à Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento, como seu
órgão de execução, acerca dos fatos noticiados, ou, então, para que, no uso de suas
atribuições de consultoria e de assessoramento jurídicos, oriente os órgãos
competentes da Pasta, especialmente o Órgão Central do SIPEC, quanto o efetivo
alcance e a extensão da Orientação Normativa em questão.
15. A razão de ser desse entendimento é clara: enquanto a acumulabilidade genérica entre os
diversos cargos, para os servidores em geral, é definida em tese nas alíneas do inciso XVI do
artigo 37 da Constituição, o requisito adicional da compatibilidade de horários, por outro
lado, não pode jamais ser aferido em tese, devendo-se analisar a situação concreta de cada
servidor que pleiteia acumular cargos, e não somente no momento da posse no segundo cargo,
mas enquanto perdurar o exercício cumulado de ambos, pois o seu objetivo é garantir, em
prol do interesse da Administração quanto à consecução dos fins públicos relacionados aos
serviços prestados pelo Estado e seus agentes, que os mesmos consigam conciliar, durante a
sua jornada de trabalho, a carga horária prevista para cada uma das duas funções, sem
prejuízo, ainda que parcial, de nenhuma delas.
17. E não se diga que esse entendimento viola a premissa estabelecida pela Suprema Corte
no julgamento do RE nº 163.204/SP, quando, repita-se, afirmou-se que -a acumulação de
proventos e vencimentos somente é permitida quando se tratar de cargos, funções ou
empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela Constituição-, porque, se o
servidor estivesse em atividade nos dois cargos que pretende acumular, somente o confronto
efetivo e permanente entre as jornadas de trabalho previstas para ambos poderia definir a
existência real de compatibilidade de horários, ou não, procedimento que, mesmo que
aplicado ao servidor aposentado, gerará sempre o mesmo resultado, porque todo o seu tempo
laboral está disponível para o exercício do cargo no qual ainda está em atividade
18. As duas Câmaras do Tribunal de Contas da União possuem esse mesmo entendimento:
Voto do Ministro Relator
19. Ocorre que, como apontado pela Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento,
esta Advocacia-Geral da União tem posição parcialmente contrária ao que ora se expôs e aos
precedentes do STF e do TCU sobre a matéria. Trata-se do Parecer nº AGU/GQ 145:
Com a superveniência da Lei n. 9.527, de 1997, não mais se efetua a restituição de estipêndios
auferidos no período em que o servidor tiver acumulado cargos, empregos e funções públicas
em desacordo com as exceções constitucionais permissivas e de má fé.
20. A leitura da ementa acima apresentada, e dos fundamentos e conclusões do citado Parecer
nº AGU/GQ 145, confirma a sua atualidade e juridicidade, ao menos como regra geral,
ressalvada apenas a última afirmação constante em seu texto:
27. A acumulação, no regime de sessenta horas semanais, não impede a inativação no cargo
técnico ou científico, observadas as normas pertinentes, mas não ensejará a posterior inclusão
dos servidores no regime de quarenta horas, relativa ao cargo de magistério: caracterizar-se-
ia acumulação proibida, por força do art. 118, § 3º, da Lei n. 8.112, com a redação dada pela
Lei n. 9.527.(grifo nosso)
21. De fato, o servidor que acumula licitamente, nos termos previstos na Constituição, na
ativa, dois cargos públicos que, somados, exijam o cumprimento de uma jornada semanal de
60 horas, pode aposentar-se em ambos, ao mesmo tempo ou não, a depender do alcance dos
requisitos próprios (CF, art. 40, § 6º). Ressalva apenas se faz, porque expressa na
Constituição, aos servidores beneficiados pela norma inserta no anteriormente mencionado
artigo 11 da EC nº 20/98.
22. Porém, uma vez aposentado no cargo em que cumpria jornada de 40 horas semanais, não
há impedimento constitucional, ou mesmo no artigo 118, § 3º da Lei nº 8.112/90, que somente
repete as disposições constitucionais aqui expostas, para que, na ativa, aumente agora para
40 horas a jornada prestada no cargo que anteriormente lhe exigia apenas 20 horas semanais,
se admitida essa mudança pela legislação a ele aplicável, porque, repita-se, o requisito da
compatibilidade de horários deve ser aferido tendo em conta a situação concreta do servidor
em cada momento, e não em tese.
23. Diante dos fundamentos aqui apresentados, está o Parecer nº AGU/GQ 145 a merecer
revisão parcial para tornar sem efeito apenas a parte final de seu último parágrafo. Nesse
sentido, considerando que o mesmo foi aprovado pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da
República e publicado no Diário Oficial da União nos termos do artigo 40 § 1º da Lei
Complementar nº 73/93, a eventual aprovação superior da presente manifestação deverá estar
atribuída da mesma eficácia.
24. Em conclusão, -a acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida quando
se tratar de cargos, funções ou empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela
Constituição- (RE 163.204/SP), bem como nas demais situações previstas no § 10 do artigo
37 da Constituição, não incidindo, porém, nessa situação, o requisito da compatibilidade de
horários.
(...)
7. Todavia, em que pese esse entendimento, ainda assim esta Coordenação-Geral houve por
bem submeter os autos à manifestação da Consultoria Jurídica deste Ministério –
CONJUR/MP, em virtude do questionamento realizado pelo então Centro Federal de
Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte, mediante Ofício nº 116/2005-DRH-
CEFET/RN, a respeito da acumulação de proventos decorrentes de dois cargos de Professor,
em regime de dedicação exclusiva.
(...)
(...)
(...)
(...)
11. Contudo, caso não tenha sido apreciado por aquela Corte de Contas, deverão ser
aplicadas as orientações desta Coordenação, ou seja: a) fazer opção por um dos
cargos, com a dedicação exclusiva, renunciando a uma das aposentadorias, ou b)
acumular as aposentadorias sob o regime de 20 horas semanais de trabalho.
(...)
8. Entretanto, em que pese o caráter normativo e vinculante dos Pareceres aprovados pelo
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, o Órgão Central do SIPEC, em razão do
que objetiva e das premissas do regime de Dedicação Exclusiva, levantou a possibilidade
de o PARECER AGU AC-54 não possibilitar acumulação de cargos por professores
submetidos a esse regime, os quais, por isso, estão obrigados ao cumprimento de 40
(quarenta) horas semanais em dois turnos diários, sendo-lhes vedado o exercício de outra
atividade remunerada, pública ou privada, conforme disposto no art. 14 do Decreto nº
94.664, de 23 de abril de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987.
(...)
13. Em face de todo o exposto, conclui-se que, somente após a alteração do regime,
quando efetivamente deixar de se submeter à dedicação exclusiva, é que poderá o
servidor, em atividade, acumular os respectivos cargos de professor, e, via de
consequência, se beneficiar, da dupla aposentação.
11. Tal afirmativa é reforçada ainda, quando, em excertos extraídos do mesmo item 9, a
CONJUR/MP ressalta: “no que pertine ao regime de dedicação exclusiva, afigura-se
ILÍCITA, enquanto em atividade, a acumulação pelo docente da carreira de
Magistério”; e em seguida complementa: “sendo ilícita a acumulação de cargo em
regime de dedicação exclusiva pelo docente da carreira de magistério enquanto em
atividade, também o será na inatividade.”
12. Extraiu-se das conclusões retro que, a acumulação de cargos submetida ao regime de
DE é ilícita enquanto o servidor estiver em atividade e que, em relação a esse regime de
trabalho, a ilicitude se mantém também na inatividade.
(...)
(...)
22. Passa-se, agora, à análise, em tópicos sucessivos, dos questionamentos feitos pela
SEGRT/MP.
(...)
25. Portanto, uma vez aposentado no cargo sujeito ao regime de dedicação exclusiva,
o servidor deixa de se submeter ao referido regime laboral e passa a fazer jus ao
pagamento dos proventos que lhe forem devidos, incluída a parcela do acréscimo
salarial referente à dedicação exclusiva.
(...)
(...)
34. Ocorre que o parágrafo primeiro do mesmo dispositivo legal trouxe ressalva para
a hipótese em que o contratado não ocupa cargo efetivo das carreiras de magistério de
que trata a Lei nº 7.596/87. Se o professor aposentado, ainda que sob o regime de
dedicação exclusiva, não mais ocupa o cargo efetivo do qual se inativou, visto que a
aposentadoria é hipótese de vacância do cargo público (art. 33, inciso VII, da Lei nº
8.112/90), entende-se que a ressalva em tela se aplica à sua situação. Portanto,
considerando-se que o requisito da compatibilidade de horários não incide na
acumulação em exame em razão da aposentadoria do cargo de docente em regime de
dedicação exclusiva, nada impede que esse professor aposentado acumule os
proventos da inatividade com a remuneração correspondente ao contrato por tempo
determinado, na função de professor substituto das instituições federais de ensino, na
forma do art. 6º, § 1º, inciso I, da Lei nº 8.745/93, caso de acumulação que se
fundamenta, também, no art. 37, inciso XVI, alínea a, e parágrafo dez, da Constituição
Federal.
17. Isto posto, este Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal
– SIPEC, em atenção às conclusões jurídicas apontadas pela CONJUR/MP no PARECER
n. 01119/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-MP/CGU/AGU, passa a adotar o seguinte
entendimento, em relação à acumulação de proventos de Professor submetido ao regime
de dedicação exclusiva, enquanto na ativa:
d) de cargos eletivos;
CONCLUSÃO
20. Isto posto, sugere-se a restituição dos autos à Consultoria Jurídica desta Pasta,
conforme solicitado no item 38 do PARECER n. 01119/2016/LFL/CGJRH/CONJUR-
MP/CGU/AGU.