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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

FITOPATOLOGIA
Trabalho sobre doenças e epidemias.

Discente:
Felipe Souza da Cruz RA: 172055751

ILHA SOLTEIRA

Agosto/2019
Cancro Cítrico

1. Agente etiológico.

Essa doença é causada por uma bactéria, a Xanthomonas citri subsp. citri, e afeta todas as
espécies e variedades de citros que tem importância comercial. Se apresenta como uma das
mais graves doenças da citricultura brasileira.

2. Importância econômica.

Tem origem na asiática e ocorre de forma endêmica em todos os países produtores, foi
constatado pela primeira vez no Brasil em 1957, nos estados de São Paulo e Paraná.

De um modo geral, ocorre de forma severa em regiões onde o clima no verão é quente
e úmido, manifestando-se em folhas, frutos e ramos através da formação de lesões necróticas.
Os sintomas geralmente são muito característicos, mas podem variar de acordo com o órgão
afetado e idade de quando infectado pela bactéria

Os impactos desta doença são diversos e estão relacionados à desfolha das plantas, à
depreciação da qualidade da produção pela presença de lesões em frutos, à redução na produção
pela queda prematura de frutos e à restrição da comercialização da produção para áreas livres
da doença.
3. Sintomas

Existem vários métodos empregados para o diagnóstico de cancro cítrico. No entanto,


na maioria das vezes, em condições de campo a doença pode ser confirmada em amostras de
folhas, frutos e ramos apenas pelo reconhecimento dos sintomas típicos e decorrentes
característicos.

Pode-se também utilizar o teste sorológico que é composto por uma pequena bolsa
plástica com solução tampão e uma fita específica para detecção da bactéria causadora do
cancro cítrico. Basta macerar parte ou toda a lesão dentro da bolsa com tampão e inserir a fita.
O resultado aparece em poucos minutos. Duas linhas horizontais vermelhas na fita confirmam
a presença da bactéria do cancro cítrico na amostra.

Quando o resultado é negativo, apenas a linha controle aparece. Por não exigir
infraestrutura e treinamento específicos, essa ferramenta é de grande utilidade tanto em
laboratórios como no campo, onde o próprio produtor ou encarregado podem confirmar com
segurança a ocorrência de cancro cítrico.

As lesões provocadas pelo cancro cítrico são salientes, o que não ocorre na maioria das
outras doenças e pragas. Os sintomas de cancro cítrico podem ocorrer em folhas, frutos e ramos.
De modo geral, as lesões da doença são semelhantes nas diferentes partes da planta. Os
primeiros sintomas aparecem nas folhas, e são nestas que se encontram em maior quantidade
em comparação com a presença de sintomas em frutos e ramos.

Folha: Tornam-se visíveis de duas a cinco semanas após a infecção. No início, se formam
pontos escurecidos, muitas vezes ao redor começa a clarear e aparecer uma cor mais amarelada,
resultado da multiplicação da bactéria e encharcamento do tecido vegetal.
Os sintomas evoluem para pústulas de coloração marrom-clara. As lesões são
observadas primeiro na parte inferior. Com o progresso da doença, tornam-se maiores e podem
atingir mais de um centímetro de diâmetro, nesta fase são circulares, salientes e visíveis nos
dois lados da folha. Na maioria das vezes, apresentam halo amarelado evidente, mas é possível
encontrar lesões com diferentes níveis de tons de amarelo ao seu redor ou mesmo sem halo. É
possível ainda que ocorram sintomas com bordas mais escuras.

Fruto: é mais comum as lesões aparecerem na parte voltada para o exterior da copa das plantas.
Isso ocorre devido à maior exposição desse lado a chuvas e ventos, fatores que aumentam a
predisposição às infecções. À medida que ocorre o aumento da área afetada, as lesões em frutos
podem apresentar anéis circulares e rachaduras. As lesões de cancro cítrico não afetam
diretamente a qualidade da polpa dos frutos. Os frutos de laranja são suscetíveis durante os
primeiros quatro meses após a queda de pétalas, até atingirem aproximadamente 50 mm de
diâmetro.
Ramo: As lesões de cancro cítrico em ramos são menos frequentes que nos demais órgãos.
Estas lesões são importantes para a sobrevivência da doença no pomar, pois permanecem na
planta por vários anos. Além disso, podem resultar em rachaduras, que levam à seca do ramo e
prejudicam o seu desenvolvimento, sobretudo nos primeiros anos da planta. O cancro cítrico
não provoca a morte das árvores doentes.

4. Controle

Como não existe método curativo para a doença, a única forma de eliminar o cancro
cítrico é por erradicação do material contaminado. No entanto, só a erradicação das árvores
contaminadas não garante a eliminação da bactéria causadora do cancro cítrico. Também é
importante eliminar as rebrotas que surgem na área onde foi realizada a erradicação e queima
das árvores. Essas rebrotas podem estar contaminadas pelo cancro cítrico.

Todo o material (como enxadas), máquinas e implementos (trator e grade) usados na


eliminação das rebrotas devem ser pulverizados com bactericida. A área onde o foco da doença
foi encontrado fica temporariamente interditada. Os demais talhões podem ser comercializados,
depois de inspecionados. Não é permitido o replantio de citros por um período de dois anos,
nas áreas que tiveram plantas erradicadas por causa da doença.

Mudas Sadias: A compra de mudas de citros certificadas, produzidas em viveiros registrados


pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria Estadual de Agricultura e
Abastecimento (SAA), é a primeira medida de controle para a formação de um pomar
saudável e para evitar a rápida disseminação da doença nos pomares.

Quebra-Ventos: As barreiras de quebra-ventos são plantadas nos limites da propriedade e


também entre talhões. Os quebra-ventos não devem formar uma barreira compacta, mas
permeável. É recomendado colocar os quebra-ventos perpendicularmente à direção dos ventos
predominantes ou em sistemas de compartimentação.

O espaçamento entre as linhas de quebra-vento pode variar de 100 a 400 metros. O


ideal é que sejam instalados antes ou junto com o plantio do pomar para proporcionar
proteção nos primeiros anos das plantas de citros, quando são mais suscetíveis ao cancro. As
árvores atuam formando um obstáculo natural, reduzindo a velocidade de rajadas de vento e,
consequentemente, sua capacidade de disseminar a bactéria do cancro cítrico por gotas de
chuva e de causar ferimentos nas folhas pela abrasão de partículas de poeira e atrito de galhos,
que facilitam a entrada da bactéria. A espécie Corymbia torelliana é a mais indicada para as
condições do estado de São Paulo.

Cobre: a aplicação de cobre não previne a entrada da bactéria no pomar, mas esta medida
ajuda a reduzir a quantidade de sintomas nas plantas e a queda de frutos. Os produtos usados
são à base de cobre fixo como oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre e óxido cuproso. Os
cobres fixos apresentam baixa solubilidade em água e, por isso, proporcionam efeito residual
na planta.

Quando aplicados, estes bactericidas formam uma camada protetora e agem


preventivamente evitando novas infeções em folhas e frutos jovens. As aplicações podem ser
realizadas utilizando 40 a 50 mg de cobre metálico/m3 de copa até atingir 1 kg de cobre
metálico/ha. Quando isso ocorrer, as plantas estarão adultas e menos predispostas à doença e
o aumento da dose não é necessário. O volume de calda pode variar de 40 a 70 mL/m3 de
copa.

Em pomares jovens que ainda não estão em produção as aplicações devem ser
realizadas durante a primavera e verão sempre que houver brotações ou a cada 21 dias. Em
pomares em produção, as aplicações devem ser realizadas a cada 21 dias durante 120 dias a
partir da floração, até os frutos atingirem 50 mm de diâmetro aproximadamente.

Controle do minador dos citros: O inseto (Phyllocnistis citrella) provoca ferimentos na


planta, principalmente nas brotações e abre entradas para a penetração da bactéria do cancro
cítrico. O controle deste inseto deve ser feito preventivamente com inseticidas à base de
abamectina, quando as plantas apresentam brotações. Inseticidas neonicotinoides,
normalmente utilizados para o controle de Diaphorina citri, em plantas de até três anos,
também promovem o controle de adultos do minador.

Indutores de resistência: Além de promover o controle de importantes pragas e vetores que


afetam os citros, esses produtos promovem reduções significativas na intensidade do cancro
cítrico, principalmente em plantas jovens, com até três anos. Essa redução não ocorre pela
ação bactericida desses compostos ou somente pelo controle do minador dos citros, mas
principalmente pela ativação do sistema de defesa natural das plantas. Plantas tratadas com
indutores se tornam mais resistentes e dificultam a colonização da bactéria causadora do
cancro cítrico e a formação de lesões da doença.

Outras doenças e seus agentes etiológicos.

Mosaico da cana-de-açúcar: O agente causador da doença é o vírus do mosaico da cana-de-


açúcar. Existem descritas, até o momento, 14 linhagens diferentes deste vírus, definidas por
letras de A a N, sendo que no Brasil a mais comum é a linhagem B. A intensidade da infecção,
grau dos sintomas e perdas variam entre estas linhagens.

Mal das folhas de seringueira: O fungo Microcyclus ulei é o agente causador do mal das
folhas, sendo considerada a principal doença da seringueira.

Tristeza dos citros: A tristeza dos citros, causada pelo Citrus tristeza virus (CTV). O CTV
pertence ao gênero Closterovirus e é transmitido por material propagativo infectado e por
afídeos, sendo o pulgão-preto-dos-citros (Toxoptera citricida Kirkaldy) o vetor mais importante
no Brasil, cujo controle não é eficiente.

Ferrugem do cafeeiro: A doença causada pelo fungo Hemileia vastatrix.


Carvão da cana-de-açúcar: O agente causal, o fungo Ustilago scitaminea, parasita de tecido
meristemático e penetra nos tecidos não diferenciados, na base das escamas das gemas e das
folhas novas.

Amarelecimento fatal do dendezeiro: Chamado “Amarelecimento Fatal” (AF), é de etiologia


desconhecida.

Ferrugem marrom da cana-de-açúcar: Fungo Puccinia melanocephala.

Clorose variegada dos citros: Doença causada pela bactéria Xylella fastidiosa.

Vassoura-de-bruxa do cacaueiro: Doença dos cacaueiros causada por um fungo


basidiomiceto Moniliophtora perniciosa Stahel Aime & Phillips-Mora.

Nematóide do cisto da soja: É um nematóide endoparasita sedentário Heterodera glycines.

Pinta preta dos citros: causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa (Guignardia citricarpa).

Doença açucarada do sorgo: Fungo Claviceps africana.

Sigatoka negra: Fungo Mycosphaerella fijiensis.

Morte súbita dos citros: A doença ainda não tem causa confirmada. Suspeita-se que seja
causada por variantes do vírus da Tristeza do Citros (CTV) e/ou pelo CSDaV (Citrus Sudden
Death associated virus), transmitido de forma eficiente por um vetor aéreo.

Ferrugem asiática: Fungo Phakopsora pachyrhizi.

Greening dos citros: A bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus é atualmente a principal


causadora da doença

Ferrugem alaranjada: é uma doença causada pelo fungo Puccinia kuehnii.

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