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0021
A C Ó R D Ã O
(4ª Turma)
GMCB/ca
PROCESSO Nº TST-RR-39-19.2015.5.06.0021
Firmado por assinatura digital em 13/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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PROCESSO Nº TST-RR-39-19.2015.5.06.0021
V O T O
1. CONHECIMENTO
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PROCESSO Nº TST-RR-39-19.2015.5.06.0021
TRANSCENDÊNCIA
[...]. Se toda má aplicação do direito representa
gravame ao interesse público na justiça do caso concreto (único modo
de se assegurar a efetividade do ordenamento jurídico), não há como
se dizer irrelevante a decisão em que isso ocorre.
A questão federal só é irrelevante quando não
resulta violência à inteireza e à efetividade da lei federal. Fora
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isso, será navegar no mar incerto do "mais ou menos", ao sabor dos
ventos e segundo a vontade dos deuses que geram os ventos nos céus
dos homens.
Logo, voltase ao ponto inicial. Quando se nega
vigência à lei federal ou quando se lhe dá interpretação
incompatível, atingese a lei federal de modo relevante e é do
interesse público afastar essa ofensa ao Direito individual, por
constituir também uma ofensa ao Direito objetivo, donde ser
relevante a questão que configura. (PASSOS, José Joaquim Calmon de.
Da arguição de relevância no recurso extraordinário. In Revista
forense: comemorativa 100 anos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, v.
1, p. 581607)
Cumpre destacar que, no caso da transcendência em
recurso de revista, o § 1º do artigo 896A da CLT estabelece os
parâmetros em que é possível reconhecer o interesse público no
julgamento da causa e, por conseguinte, a sua transcendência, ao
prever os indicadores de ordem econômica, política, jurídica e
social.
Na hipótese, considerando a possibilidade de a
decisão recorrida contrariar entendimento consubstanciado na Súmula
nº 331 e diante da função constitucional uniformizadora desta Corte,
verificase a transcendência política, nos termos do artigo 896A, §
1º, II, da CLT.
2. MÉRITO
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PROCESSO Nº TST-RR-39-19.2015.5.06.0021
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PROCESSO Nº TST-RR-39-19.2015.5.06.0021
(...)
Ainda a respeito do tema, de relevo trazer a lição de Vólia Bonfim
Cassar, no tocante à subordinação estrutural. Aduz a autora que "toda vez
que o empregado executar serviços essenciais à atividade-fim da empresa,
isto é, que se inserem na sua atividade econômica, ele terá uma
subordinação estrutural ou integrativa, já que integra o processo produtivo
e a dinâmica estrutural de funcionamento da empresa ou do tomador de
serviços" (Direito do Trabalho, Rio de Janeiro, Impetus, 2011, p. 272). É
exatamente o que se divisa na lide sob apreciação.
Na hipótese em epígrafe, aferiu-se que o empregado estava
inserido na dinâmica empresarial do ITAÚ UNIBANCO S/A,
perseguindo créditos de sua propriedade, utilizando seus sistemas e
sofrendo fiscalização por parte do tomador de serviços. Inegável a
sujeição laboral ao poder diretivo da instituição bancária e, como
corolário, a sua subordinação jurídica.
Evidenciada a prestação do trabalho de forma pessoal, não-eventual,
onerosa e subordinada da reclamante em favor do ITAÚ UNIBANCO S/A
(artigos 2º e 3º da CLT).
A fraude à legislação trabalhista que ora se verifica teve por único
escopo evitar o enquadramento da autora na categoria dos bancários, para
que não usufruísse dos benefícios da categoria, tanto legais, quanto
normativos. A terceirização ilícita perpetrada atrai a aplicação do art.
9º da CLT, devendo-se formar o vínculo diretamente com o tomador de
serviços, na forma do item I da súmula 331 do TST, com
enquadramento do reclamante na categoria dos bancários.
(...)
O reconhecimento da solidariedade entre tomadora e prestadora
é medida que se impõe. De fato, a intermediação de mão-de-obra
perpetrada entre as empresas constitui burla à legislação trabalhista, que
veio a ocasionar dano ao obreira. Enquadra-se, pois, na definição de ato
ilícito constante no art. 927 do Código Civil pátrio, aplicável
subsidiariamente a esta Especializada, em virtude do que versa o art. 8º,
parágrafo único, da CLT.
Por todos os motivos acima expostos, com fulcro no art. 9º da CLT e
itens I e III da súmula 331 do TST, considerando que houve fraude na
terceirização, mantida a nulidade do contrato de trabalho celebrado
com a CONTAX S/A e o reconhecimento do vínculo empregatício da
reclamante diretamente com o ITAÚ UNIBANCO S/A, na função
pessoal de escritório, porquanto adequada às atividades exercidas pela
obreira que, por óbvio, não guardam semelhança com as de 'Pessoal de
Portaria, Contínuo e Serventes'.
A consequência da vinculação direta é a retificação na CTPS do
reclamante, obrigação que se mantém.
(...)
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por instituição financeira, para fins de reconhecimento do vínculo
de emprego diretamente com o tomador dos serviços.
A aferição da licitude da terceirização no âmbito
desta colenda Corte Superior demandava prévia análise do objeto da
contratação. Isso porque sempre se entendeu pela impossibilidade da
terceirização de serviços ligados à atividade precípua da tomadora
de serviços, com o fim de evitar a arregimentação de empregados por
meio da intermediação de mão de obra e, por consequência, a
precarização de direitos trabalhistas.
Nesse contexto, caso restasse comprovada a
terceirização da atividade precípua da empresa tomadora de serviço,
o vínculo de emprego deveria ser reconhecido diretamente com ela,
por ser a real beneficiária dos serviços prestados, conforme se
depreende da orientação consolidada nos itens I, II e III da Súmula
nº 331, de seguinte teor:
PROCESSO Nº TST-RR-39-19.2015.5.06.0021
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No presente caso, o Tribunal Regional reconheceu a
ilicitude da terceirização pelo simples fato de que haver contrato
de prestação de serviços de cobrança entabulado entre o ITAÚ
UNIBANCO S/A e a CONTAX S/A, cujo objeto consistia na prestação de
serviços de telemarketing ativo e receptivo para recuperação de
créditos, tendo o reclamante laborado na cobrança aos clientes
inadimplentes e em várias atividades relacionadas com os cartões de
crédito do ITAÚ UNIBANCO. Diante desse contexto, concluiuse que a
atividade desempenhada estava inserida no fim social do banco
reclamado.
Nesse contexto, em razão dos fundamentos acima
consignados, entendo que o egrégio Tribunal Regional, ao reconhecer
o vínculo de emprego diretamente com o tomador dos serviços, acabou
por dissentir do entendimento do E. Supremo Tribunal Federal, bem
como da diretriz da Súmula no 331, I.
Dou provimento ao agravo de instrumento para
determinar o processamento do recurso de revista da primeira
reclamada.
Com fulcro no artigo 897, § 7º, da CLT, passa esta
Turma ao exame do recurso de revista destrancado, no particular.
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ISTO POSTO
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