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Educação Infantil

Módulo I

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Sumário

O Que é Educação Infantil? ........................................................4


Construção da Linguagem Oral e Escrita ......................................5
Construção do Conhecimento Lógico-Matemático ..........................9
Formação Pessoal e Social........................................................11
Conhecimento de Mundo..........................................................12
Natureza e Sociedade ..............................................................14
A Origem da Educação Infantil..................................................16
O Que é Ser Educador .............................................................18
Estatuto da Criança e do Adolescente ........................................20
A Pedagogia e a Filosofia..........................................................22
Repensando a Educação Infantil................................................27
O Papel dos Pais na Educação Escolar........................................30
Linhas Pedagógicas .................................................................32
Linha Construtivista ................................................................32
Linha Montessoriana................................................................34
Linha Waldorf .........................................................................36
O Comportamentalismo ...........................................................38
Linha Tradicional.....................................................................39
Os Métodos de Alfabetização ....................................................40
Método Sintético .....................................................................41
Método Analítico .....................................................................41
Método Alfabético ...................................................................42
Método Fônico ........................................................................42
Método Construtivista..............................................................43
A Troca de Letras na Alfabetização ............................................44
A Literatura Infantil .................................................................45
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Origens da Literatura Infantil....................................................46
As Mil e Uma Noites ................................................................46
O Ensino de Matemática na Educação Infantil .............................48
Propostas de Livros Didáticos para o Ensino da Matemática..........50
O Ensino de Matemática por meio de Jogos Infantis ....................52
Brincadeiras com Conteúdo ......................................................56

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O Que é Educação Infantil?
A Educação Infantil é a primeira
etapa da educação básica e destina-se ao
atendimento de crianças de zero a seis anos,
proporcionando à criança dessa faixa etária o
bem-estar físico, afetivo-social e intelectual,
por meio de atividades lúdicas que criam
oportunidades de desenvolvimento, a fim de
estimular a curiosidade, a espontaneidade e a
harmonia. Todas essas atividades contribuem
para a sua integração no triângulo família –
escola – comunidade. É importante frisar que,
apesar da Educação Infantil ser destinada para
crianças entre zero e seis anos de idade,
muitos dos conceitos apresentados durante o
curso são úteis também para crianças no Ensino Fundamental, entre 7 e 10 anos.
Este curso é indicado tanto para professores de Educação Infantil quanto aos pais
que desejam auxiliar no desempenho escolar de seus filhos. Em muitos pontos do curso,
escolhi utilizar apenas a palavra “Professor”, porém sempre leia como “Professor (Ou
Pais)”.
“... o desenvolvimento da criança é produto de instituições sociais e sistemas
educacionais, como família, escola, igreja, que ajudam a construir seu próprio pensamento
e descobrir o significado da ação do outro e de sua própria ação.”
Vygotsky

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Construção da Linguagem Oral e Escrita
A criança de 6 anos deve,
necessariamente, ser familiarizada
com a natureza do texto escrito e o
ambiente escolar deve possibilitar,
efetivamente, esse contato. A leitura do
texto escrito pelo professor/pais é
fundamental, pois o aluno gosta de
imitar atos de leitura (pseudoleituras).
A preocupação do
professor/pais não deve ser a de ensinar
um vocabulário específico, nem mesmo
de controlar as oportunidades de
questionamentos, testando a
compreensão de palavras que o aluno já
domina. A criança é capaz de ouvir a
leitura de textos redigidos em português bem elaborado, peculiar às narrativas escritas. Não
se deve infantilizar/subestimar o seu conhecimento da língua. Por isso, o professor só
poderá avaliar a aquisição vocabular do aluno, respondendo a perguntas feitas pelo próprio
aluno, em relação à história para ele lida.
Deve-se considerar que é usando a língua em situações comunicativas que a criança
termina por descobri-la e reconstruí-la como sistema. Portanto, ela deve ser apresentada de
forma contextualizada, para que, por meio de sua utilização, o aluno venha a dominá-la e a
perceber sua manifestação, lúdica e simbólica na magia dos contos de fadas, das cantigas de
roda, das parlendas, do teatro, da música, da dança etc.
O vocabulário infantil é ampliado pelo estímulo à leitura de textos literários e
similares, pois essa leitura, e não a massificação repetitiva, é o meio mais eficaz para
enriquecer o linguajar da criança e se constitui na chave-mestra do processo de ensino e de
aprendizagem. Desse modo, o processo de alfabetização não se deve organizar em torno do
treino de aptidões: coordenação motora, discriminação perceptual e linguagem oral.
A restrição ao uso desses procedimentos deve-se ao fato de que geram o
empobrecimento do processo, reduzindo a concepção de aluno alfabetizado à de possuidor
de algumas características como:
- simples domínio das habilidades de codificação e decodificação;

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- aptidões envolvidas no domínio das formas gráficas;
- linguagem oral como requisito básico para a língua escrita.

O domínio da linguagem oral não é o único requisito básico para escrever. A


ênfase na linguagem oral, como ponto de partida para a aprendizagem do escrito, tem
ignorado a funcionalidade que a criança necessita perceber na língua escrita para passar, de
fato, a se interessar em aprendê-la. Pois só se aprende a escrever, escrevendo, assim
como só se aprende a falar, falando e a ler, lendo.
Cada uma dessas ações apresenta uma funcionalidade peculiar. Então, certo
domínio de processamento de mensagens escritas já se faz necessário a partir do processo
de alfabetização.
O professor deve saber
que o processo de aquisição da
língua escrita se inicia
espontaneamente, a partir do
interesse da criança em
reproduzir atos de leitura,
independentemente do ensino
explícito de regras gramaticais
(pontuação, ortografia) e do
domínio dos mecanismo de
codificação e decodificação da
escrita, permitindo que o aluno
mirim comece a se tornar
letrado mesmo antes de
aprender a ler.
A criança é um ser que
pensa e que constrói ativamente o seu conhecimento do mundo e da própria linguagem.
Essas considerações são ponto comum entre Piaget, Luria e Vygotsky, embora ofereçam
interpretações diferentes para a construção do conhecimento pela criança. Por isso, não
podemos menosprezá-la, inferiorizá-la, subestimá-la.
Ao longo do processo de Educação Infantil, espera-se que a criança,
progressivamente, seja capaz de:

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- ampliar, gradativamente, suas possibilidades de comunicação e expressão,
interessando-se em conhecer vários gêneros orais e escritos e participando de diversas
situações de intercâmbio social, nas quais possa contar suas vivências, ouvir as de outras
pessoas, elaborar e responder perguntas;
- familiarizar-se com a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros
meios textuais e da vivência de diversas situações nas quais seu uso se faça necessário;
- escutar textos, apreciando a leitura feita pelo professor;
- interessar-se em escrever palavras e textos, ainda que de forma não-convencional;
- reconhecer seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do
cotidiano;
- escolher os livros para ler e apreciar;
- compreender o sentido das mensagens escritas que se manifestam sob diferentes
formas como: listas, rótulos, bilhetes, quadrinhos, folhetos etc.;
- perceber que as letras estão relacionadas às palavras enquanto uma sequência de
sons;
- perceber que as convenções textuais são fruto da vivência e dos contatos com
diferentes uso da escrita na sociedade. (É por meio da literatura que se manifesta o
potencial criativo de que pode ser portado o falante de uma língua. Como os usos literários
constituem a base da tradição gramatical, o professor deverá apresentar ao aluno textos
primordialmente literários/poéticos);
- compreender que as palavras assumem relações gramaticais e semânticas para
evidenciar o mundo externo e interno presentes no texto que se lê, envolvendo eventos,
ações e personagens;
- apresentar ideias textuais mais elaboradas e mais fortemente influenciadas pelos
personagens e pelos fatos que caracterizam o mundo da literatura infantil;
- identificar as peculiaridades dos textos escritos e falados, isto é, perceber a
existência de convenções que sustentam suas estruturas. (Ler e escrever são processos que
vão além do desenvolvimento das habilidades de codificação e decodificação, abrangendo
também o estímulo à aquisição de um estilo de linguagem que pode ser extremamente
importante para o êxito escolar e, sobretudo, para a vida íntima do aluno.);

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- perceber que a língua indicada pelas gramáticas (registro formal) constitui uma
variedade do Português, que difere não só do dialeto falado pelas camadas populares, como
também do dialeto-padrão utilizado coloquialmente. A língua escrita deve ser apresentada
na norma culta, isto é, com recursos léxico-gramaticais pouco frequentes e até mesmo
ausentes nos contextos de comunicação oral.;
- substituir as marcas de oralidade, como o uso de frases curtas e entrecortadas por
monossílabos (aí, né), no texto escrito, por recursos oferecidos pelo sistema de pontuação e
por conectivos mais adequados à linguagem escrita. (Não basta ensinar a escrever com
correção, respeitando as regras da gramática e empregando vocabulário abundante. Deve-se
fazer, também, com que o aluno perceba os tantos vícios de linguagem que prejudicam a
clareza, a simplicidade e a harmonia do estilo.);
- entender que estilo, em termos de linguagem, são as características próprias de
cada um, quando ao modo de falar ou escrever;
- planejar, imaginar, recriar textos a partir de leitura prévia de outros textos, a fim de
evidenciar as variedades/maneiras de montagens textuais. (A escrita sujeita a regras. Assim,
o estilo deve ligar-se a uma série de normas, umas de caráter gramatical e vocabular;
outras, de caráter essencialmente estilístico.);
- desenvolver o imaginário/simbólico por meio do uso frequente de textos
lúdico/poéticos.
Como parte da Construção da Linguagem Oral e Escrita, há diversas etapas, como
Construção do Conhecimento Lógico-Matemático, Formação Pessoal e Social,
Conhecimento do Mundo, entre outras. Estudaremos agora cada uma delas, evidenciando o
que se espera que a criança consiga fazer. Se você é pai/mãe, tente identificar em qual nível
de aprendizado encontra-se seu filho (ou seus filhos) e reforce os itens em que ele ainda não
possui conhecimento avançado. Se você é professor(a), procure desenvolver os itens em
todos os seus alunos.

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Construção do Conhecimento Lógico-Matemático
O conhecimento matemático
está presente em todos os momentos da
vida cotidiana, portanto indissociável na
formação de capacidades intelectuais,
na estruturação do pensamento, na
agilidade do raciocínio dedutivo do
aluno, na resolução de problemas, o que
vem apoiar a construção do
conhecimento em todas as áreas
curriculares.
O universo da matemática
permeia o desenvolvimento de
conceitos básicos nas diversas culturas,
abrangendo temas tais como: cidadania,
ética, orientação sexual, saúdo e meio
ambiente. Por isso, projetos que
privilegiem a interdisciplinaridade
destes temas devem ser desenvolvidos e
estimulados nas escolas.
A construção do pensamento parte sempre do concreto para o abstrato: primeiro, a
criança interage com o objeto, depois, formula hipóteses sobre ele.
O currículo de matemática, portanto, deve contemplar a pluralidade de contextos,
embasados nas experiências já vivenciadas pelo grupo sociocultural de alunos.
É importante desenvolver a autonomia intelectual, proporcionando ao aluno
condições de perceber o processo das mudanças contínuas, a fim de que esteja adequado à
dinâmica do seu contexto social.
Ao longo do processo de educação infantil, espera-se que a criança,
progressivamente, seja capaz de:
- reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as contagens orais e
as noções espaciais como ferramentas necessárias no seu cotidiano;
- comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados
encontrados em situações-problema relativas a quantidades, espaço físico e medidas,
utilizando a linguagem oral e a linguagem matemática;

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- ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade de lidar com
situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios;
- construir o significado do número natural a partir de seus diferentes usos no
contexto social, explorando situações-problema que envolvam contagens, medidas e
códigos numéricos;
- interpretar e produzir escritas numéricas, levantando hipóteses sobre elas, com
base na observação de regularidades, utilizando-se da linguagem oral, de registros
informais e da linguagem matemática;
- resolver situações-problema e construir, a partir delas, os significados das
operações fundamentais, buscando reconhecer que uma mesma operação está relacionada a
problemas diferentes e um mesmo problema pode ser resolvido pelo uso de diferentes
operações;
- desenvolver procedimentos de cálculo – mental, escrito, exato, aproximado –
pela observação de regularidades e de propriedades das operações e pela antecipação e
verificação de resultados;
- estabelecer pontos de referência para situar-se, posicionar-se e deslocar-se no
espaço, bem como para identificar relações de posição entre objetos no espaço, interpretar e
fornecer instruções, usando terminologia adequada;
- perceber semelhanças e diferenças entre objetos no espaço, identificando formas
tridimensionais ou bidimensionais, em situações que envolvam descrições orais,
construções e representações;
- reconhecer grandezas mensuráveis como comprimento, massa, capacidade e
elaborar estratégias pessoais de medida;
- utilizar informações sobre o tempo e a temperatura;
- utilizar instrumentos de medida, usuais ou não, estimar resultados e expressá-los
por meio de representações não necessariamente convencionais;
- identificar o uso de tabelas e gráficos para facilitar a leitura e a interpretação de
informações e construir formas pessoais de registro para comunicar as informações
coletadas.

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Formação Pessoal e Social
Identidade e Autonomia
A escola, como instituição do conhecimento de uma forma
mais ampla, deve criar um ambiente de acolhimento que dê segurança
e confiança á criança, garantido-lhe oportunidades para que seja
capaz de:
- ter uma imagem positiva de si, ampliando sua
autoconfiança, identificando cada vez mais suas limitações e
possibilidades e agindo de acordo com elas;
- estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e
crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de
comunicação e interação social;
- estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a
articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e
desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
- brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e
necessidades;
- descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e
seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-
estar;
- observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada
vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
- utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita)
ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser
compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu
processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade
expressiva;
- conhecer manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e
participação frente a elas e valorizando a diversidade.

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Conhecimento de Mundo
Movimento, Música, Arte e
Educação Física
As brincadeiras que compõem o
repertório infantil e que variam conforme
a cultura regional apresentam-se como
oportunidades privilegiadas para
desenvolver habilidades infantis no plano
motor, no cognitivo, no afetivo e no
emocional, ampliando o vocabulário e o
pensamento lógico-matemático.
No decorrer desta fase, a criança
deve ser capaz de:
- controlar gradualmente o próprio movimento, aperfeiçoando seus recursos de
deslocamento e ajustando suas habilidades motoras para utilização em jogos,
brincadeiras, danças e demais situações;
- apropriar-se progressivamente da imagem global de seu corpo, conhecendo e
identificando seus segmentos e elementos, desenvolvendo cada vez mais uma atitude de
interesse e cuidado com o próprio corpo;
- explorar e identificar elementos da música para se expressar, interagir com os
outros e ampliar seu conhecimento do mundo;
- perceber e expressar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio de
improvisações, composições e interpretações musicais;
- interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas diversas
obras artísticas (regionais, nacionais ou internacionais), ampliando seu conhecimento do
mundo e da cultura;
- produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da pintura, da
modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, o cuidado e o respeito
pelo processo de produção e criação;
- expressar-se e saber comunicar-se em artes, mantendo atitude de busca pessoal
e/ou coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a sensibilidade e a reflexão
ao realizar e fruir produções artísticas;

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- interagir com materiais, instrumentos e procedimentos variados em artes (Artes
Visuais, Dança, Música, Teatro), experimentando-os e conhecendo-os de modo a utilizá-los
nos trabalhos pessoais;
- edificar relação de autoconfiança com a produção artística pessoal e o
conhecimento estético, respeitando a própria produção e a dos colegas, no percurso de
criação que abriga multiplicidade de procedimentos e soluções;
- compreender e saber identificar a arte como fato histórico contextualizado nas
diversas culturas, conhecendo, respeitando e podendo observar as produções presentes no
entorno, assim como as demais do patrimônio cultural e do universo natural, identificando a
existência de diferenças nos padrões artísticos e estéticos;
- observar com interesse e curiosidade as relações entre o homem e a realidade,
exercitando a discussão, indagando, argumentando e apreciando arte de modo sensível;
- compreender e saber identificar aspectos da função e dos resultados do trabalho
do artista, reconhecendo, em sua própria experiência de aprendiz, aspectos do processo
percorrido pelo artista;
- buscar e saber organizar informações sobre arte, em contato com artistas,
documentos, acervos, nos espaços da escola e fora dela (livros, revistas, jornais,
ilustrações, dispositivos, vídeos, discos, cartazes) e acervos públicos (museus, galerias,
centros de cultura, bibliotecas, fonotecas, videotecas, cinematecas), reconhecendo e
compreendendo a variedade dos produtos artísticos e concepções estéticas presente na
história das diferentes culturas e etnias;
- participar de diferentes atividades corporais, procurando adotar uma atitude
cooperativa e solidária, sem discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais,
físicas, sexuais ou culturais;
- conhecer certas possibilidades e limitações corporais pessoais, de forma a poder
estabelecer algumas metas pessoais, qualitativas e quantitativas;
- conhecer, valorizar, apreciar e desfrutar algumas das diferentes manifestações
de cultura corporal presentes no cotidiano;
- organizar autonomamente alguns jogos, brincadeiras ou outras atividades
corporais simples.

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Natureza e Sociedade
No decorrer desta fase, a
criança deve ser capaz de:
- interessar-se e demonstrar
curiosidade pelo mundo social e
natural, formulando perguntas,
imaginando soluções para
compreendê-lo, manifestando
opiniões próprias sobre os
acontecimentos, buscando
informações e confrontando ideias;
- comparar acontecimentos
no tempo, tendo como referência anterioridade, posterioridade e simultaneidade;
- reconhecer algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e culturais,
de dimensão cotidiana, existentes no seu grupo de convívio escolar e na sua localidade;
- reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas e
culturais nas vivências cotidiana das famílias, da escola e da coletividade, no tempo, no
mesmo espaço de convivência;
- estabelecer relações entre o presente e o passado;
- estabelecer algumas relações entre o modo de vida característico de seu grupo
social e de outros grupos;
- conhecer e comparar a presença da natureza, expressa na paisagem local, às
manifestações da natureza presentes em outras paisagens;
- reconhecer semelhanças e diferenças nos modos com que diferentes grupos
sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas determinações nas
relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar e no lazer;
- saber utilizar a observação e a descrição na leitura direta ou indireta da paisagem,
sobretudo por meio de ilustrações e da linguagem oral;
- reconhecer, no seu cotidiano, os referenciais espaciais de localização, orientação
e distância, de modo a deslocar-se com autonomia e representar os lugares onde vive e se
relaciona;

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- reconhecer, na paisagem local e no lugar em que se encontram inseridas, as
diferentes manifestações da natureza e a apropriação e transformação dela pela ação de
sua coletividade, de seu grupo social;
- reconhecer a importância de uma atitude responsável de cuidado com o meio em
que vive, evitando o desperdício e percebendo os cuidados que se deve ter na preservação e
na manutenção da natureza;
- estabelecer algumas relações entre o meio ambiente e as formas de vida que ali
se estabelecem, valorizando sua importância para a preservação das espécies e para a
qualidade da vida humana;
- observar, registrar e comunicar algumas semelhanças e diferenças entre
diversos ambientes, identificando a presença comum de água, seres vivos, ar, luz, calor,
solo e características específicas dos ambientes diferentes;
- estabelecer relações entre características e comportamentos dos seres vivos e
condições do ambiente em que vivem, valorizando a diversidade da vida;
- observar e identificar algumas características do corpo humano e alguns
comportamentos nas diferentes fases da vida, do homem e da mulher, respeitando as
diferenças individuais;
- reconhecer processos e etapas de transformação de materiais em objetos;
- realizar experimentos simples em materiais e objetos do ambiente para investigar
características e propriedades dos materiais e de algumas formas de energia;
- utilizar características e propriedades de materiais, objetos, seres vivos para
elaborar classificações;
- formular perguntas e suposições sobre o assunto em estudo;
- organizar e registrar informações por meio de desenhos, quadros, esquemas,
listas e pequenos textos, sob orientação do professor;
- comunicar-se de modo oral, escrito e por meio desenhos, perguntas, suposições,
dados e conclusões, respeitando as diferentes opiniões e utilizando as informações obtidas
para justificar suas ideias;
- valorizar atitudes e comportamentos favoráveis à saúde, quanto à alimentação e
á higiene pessoal, desenvolvendo a responsabilidade no cuidado com o próprio corpo e com
os espaços em que habita.

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A Origem da Educação Infantil
O atendimento às crianças de 0 a 5
anos em instituições especializadas tem
origem com as mudanças sociais e
econômicas, causadas pelas revoluções
industriais no mundo todo. Neste momento
as mulheres deixaram seus lares por um
período, onde eram cumpridoras de seus
afazeres de criação dos filhos e os deveres
domésticos, cuidando do marido e família,
para entrarem no mercado de trabalho.
Atrelado a este fato, sob pressão dos
trabalhadores urbanos, que viam nas creches
um direito, seus e de seus filhos, por
melhores condições de vida, deu-se início ao
atendimento da educação infantil (termo
atual referente ao atendimento de crianças de 0 a 5 anos) no Brasil.
Até 1920, as instituições tinham um caráter exclusivamente filantrópico e
caracterizado por seu difícil acesso oriundo do período colonial e imperialista da história do
Brasil. A partir desta data, deu início á uma nova configuração.
Na década de 1930, o Estado assumiu o papel de buscar incentivo (financiamento)
de órgãos privados, que viriam a colaborar com a proteção da infância. Diversos órgãos
foram criados voltados à assistência infantil, (Ministério da Saúde; Ministério da Justiça e
Negócios Interiores, Previdência Social e Assistência social , Ministério da Educação e
também a iniciativa privada). Nesta década passou-se a preocupar-se com a educação
física e higiene das crianças como fator de desenvolvimento das mesmas, tendo como
principal objetivo o combate à mortalidade infantil. Nesta época iniciou-se a organização
de creches, jardins de infância e pré-escolas de maneira desordenada e sempre numa
perspectiva emergencial, como se os problemas infantis criados pela sociedade, pudessem
ser resolvidos por essas instituições. A iniciativa pioneira da associação Pró-Infância,
dirigida por Pérola Byington organiza na cidade de São Paulo os Parques Infantis,
fundamentado na recreação, saúde e disciplina social. Em 1935, o Departamento de Cultura
da Prefeitura Municipal de São Paulo, tendo à frente o modernista Mário de Andrade
institui os Parques Infantis que tinham como lema educar, assistir e recrear. Em 1940 surgiu
o departamento Nacional da Criança, com objetivo de ordenar atividades dirigidas à
infância, maternidade e adolescência, sendo administrado pelo Ministério da saúde.

16
Na década de 1950 havia uma forte tendência médico-higiênica do departamento
nacional da Criança, desenvolvendo vários programas e campanhas visando o combate à
desnutrição, vacinação e diversos estudos e pesquisas de cunho médico realizadas no
Instituto Fernandes Figueira. Era também fornecido auxílio técnico para a criação,
ampliação ou reformas de obras de proteção materno-infantil do país, basicamente
hospitais e maternidades.
Na década de 1960, o Departamento Nacional da Criança teve um
enfraquecimento e acabou transferindo algumas de suas responsabilidades para outros
setores, prevalecendo o caráter médico-assistencialista, enfocando suas ações em reduzir a
mortalidade materna infantil. Na década de 1970 temos a promulgação da lei nº 5.692, de
1971, o qual faz referência à educação infantil, dirigindo-a como ser conveniente à
educação em escolas maternais, jardins de infância e instituições equivalentes. Em outro
artigo, é sugerido que as empresas particulares, as quais têm mulheres com filhos menores
de sete anos, ofertem atendimento (educacional) a estas crianças, podendo ser auxiliadas
pelo poder público. Tal lei recebeu inúmeras críticas, quanto sua superficialidade, sua
dificuldade na realização, pois não havia um programa mais específico para estimular as
empresas a criação das pré-escolas.
Com esta pequena retrospectiva histórica, verifica-se que a Educação Infantil
surgiu com um caráter de assistência a saúde e preservação da vida, não se relacionando
com o fator educacional. A pré-escola surgiu da urbana e típica sociedade industrial; não
surgiu com fins educativos, mas sim para prestar assistência.
A partir da década de 80, ocorre a abertura política e os movimentos pelos direitos
humanos se intensificam. Na constituição de 1988 aumentam as leis que protegem os
cidadãos e seus direitos, o direito a educação e o apoio à educação infantil. A partir da
Constituição as famílias tem direito a creche para seus filhos até 6 anos de idade. Isso é o
que diz o Art. 208 dessa constituição. Nesta época também aumenta o número de mulheres
que trabalham fora, aumentando assim a demanda por creches e pré-escola.
O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, Lei nº 8.069/1990 diz no Art. 54:
“É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente... Parágrafo IV: Atendimento em
creches e pré-escolas as crianças de 0 a 5 anos de Idade”. Ou seja, a Educação Infantil é
um dever do estado e direito das crianças famílias.
A lei 9.394/96 foi a primeira a incluir a educação infantil entre as diretrizes que
regem a educação, porém, esta continua não sendo obrigatória, apenas direito das crianças e
famílias. Nessa lei ela faz parte da primeira etapa da Educação Básica.
Essas leis trouxeram modificações para a Educação Infantil, ou seja, a partir da
década de 90 ela passa a fazer parte da Educação e não mais do assistencialismo. Desse
modo a formação dos profissionais também é modificada.
17
O Que é Ser Educador
Ser educador hoje é
viver intensamente o seu
tempo; conviver é ter
consciência e sensibilidade.
Não se pode imaginar um
futuro para a humanidade sem
educadores, assim como não se
pode pensar num futuro sem
poetas e filósofos. Os
educadores, numa visão
emancipadora, não só
transformam a informação em
conhecimento e em consciência
crítica, mas também formam
pessoas cidadãs.
Diante dos falsos pregadores da palavra, os educadores são os verdadeiros, "amantes
da sabedoria"; os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber, porque
constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam juntos um mundo
mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Os educadores são imprescindíveis,
sendo eles os verdadeiros construtores do processo de ensino-aprendizagem.
A aprendizagem é um processo que ocorre ao longo da vida, são momentos muitas
vezes, de conflitos e divergências. Vive-se hoje o chamado mundo globalizado que
necessita, cada vez mais, de competências e habilidades, agilidade e sensibilidade,
pressupostos de caráter humano que solicitam novos valores e critérios compatíveis com as
mudanças da sociedade atual.
O educador é o responsável por estimular o prazer de compreender, descobrir,
construir o conhecimento, curiosidade, autonomia e atenção no aluno. É preciso ensinar a
pensar; a pensar a realidade e não apenas o "já dito" o "já feito", e só reproduzir o
conhecimento.
O conhecimento tem presença garantida em qualquer projeção que se faça no futuro,
por isso, há o consenso de que o desenvolvimento de um país está condicionado à
qualidade de sua educação.

18
A tarefa de educar, no entanto é delicada porque supõe, em princípio, amor,
desprendimento, doçura, firmeza, paciência e decisão, além do domínio dos conteúdos e
metodologias. Daí a necessidade da motivação, do encantamento; motivação que deve vir
de dentro do próprio aluno, oportunizada pelos estímulos do professor.
O sentido de ensinar é fazer com que o ser humano veja novos padrões de vida,
novas formas de perceber, ser, pensar e agir, e que vão auxiliar no uso do conhecimento, na
resolução de problemas, construções de novos significados e pensamentos.
E para que o indivíduo tenha experiências intelectuais estimulantes e socialmente
relevantes é preciso a mediação do professor com boa conduta e domínio dos
conhecimentos que deve ensinar e dos meios para fazê-lo com eficácia. O educador deve
saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
própria produção ou a sua construção.
O educador deve ter liberdade e autoridade, e que a liberdade deve ser vivida em
coerência com a autoridade na condução de suas aulas; não pode ser imparcial em suas
atitudes, deve sempre mostrar o que pensa, apontando diferentes caminhos, evitando
conclusões, para que o aluno procure o que acredita, com suas explicações, se
responsabilizando pelas consequências e construindo assim sua autonomia.
Motivar e automotivar-se, é de fundamental importância no processo de docência, é
a busca não apenas do conhecimento teórico e prático através de capacitação e formação,
mas da relação docente-discente, sendo esta peça fundamental para a formação e educação
crítica dos cidadãos.

19
Estatuto da Criança e do Adolescente
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) foi instituído pela Lei 8.069 de 13
de julho de 1990. Trata-se de um conjunto de normas que tem como objetivo proteger a
integridade da criança e do adolescente no Brasil.

Este Estatuto resgata juridicamente a atenção universalizada a todas as crianças e


adolescentes, respeitando normativas internacionais, como por exemplo a Declaração dos
Direitos da Criança da ONU (Resolução 1.386 - 20 de novembro de 1959).
Crianças x adolescentes
Considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade. Excepcionalmente, nos casos expressos em lei,
aplica-se este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Cidadãos
Com a introdução do ECA em 1990, crianças e adolescentes passaram a ser
considerados cidadãos, com direitos pessoais e sociais garantidos. Assim, os governos
municipais foram desafiados a implementar políticas públicas dirigidas a esse segmento.
Essa foi uma mudança significativa em relação à legislação anterior, instituída em 1979,
chamada Código de Menores.
Infrações
O ECA é um instrumento de desenvolvimento social que garante proteção especial
àquele segmento considerado pessoal e socialmente mais sensível. Assim, os casos de
infração que não impliquem grave ameaça podem ser beneficiados pela remissão (perdão)
como forma de exclusão ou suspensão do processo.

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A apreensão se restringe a apenas a dois casos:
• flagrante delito de infração penal
• ordem expressa e fundamentada do juiz
O internamento é aplicado apenas a adolescentes que cometem graves infrações,
sendo obedecidos os princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à sua condição de
pessoa em desenvolvimento.
Crimes contra crianças e adolescentes
O Estatuto pune o abuso do poder familiar, das autoridades e dos responsáveis pelas
crianças e adolescentes. Além disso, existem políticas públicas como:
• Serviços de proteção e defesa das crianças e adolescentes vitimizados
• Políticas de assistência
• Proteção jurídico-social

21
A Pedagogia e a Filosofia
O primeiro passo para entendermos
o que é pedagogia inclui uma revisão
terminológica. Precisamos localizar o
termo “pedagogia”, e ver o que cai sobre
sua delimitação e o que escapa de sua
alçada. Para tal, a melhor maneira de agir é
comparar o termo “pedagogia” com outros
três termos que, em geral, são tomados –
erradamente – como seus sinônimos:
“filosofia da educação”, “didática” e
“educação”.
O termo “educação”, ou seja, a
palavra que usamos para fazer referência
ao “ato educativo”, nada mais designa do
que a prática social que identificamos como uma situação temporal e espacial determinada
na qual ocorre a relação ensino-aprendizagem, formal ou informal.
A relação ensino-aprendizagem é guiada, sempre, por alguma teoria, mas nem
sempre tal teoria pode ser explicitada em todo o seu conjunto e detalhes pelos que
participam de tal relação – o professor e o estudante, o educador e o educando – da mesma
forma que poderia fazer um terceiro elemento, o observador, então munido de uma ou mais
teorias a respeito das teorias educacionais. A educação, uma vez que é a prática social da
relação ensino-aprendizagem no tempo e no espaço, acaba em um ato e nunca mais se
repete. Nem mesmo os mesmos participantes podem repeti-la. Nem podem gravá-la. Nem
na memória nem por meio de máquinas. É um fenômeno intersubjetivo de comunicação
que se encerra em seu desdobrar. No caso, se falamos de um encontro entre o professor e o
estudante, falamos de um fenômeno educacional – que é único. Quando ocorrer outro
encontro do mesmo tipo, ele nunca será o mesmo e, enfim, só superficialmente será similar
ao anterior.

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O termo “didática” designa um saber especial. Muitos dizem que é um saber
técnico, porque vem de uma área onde se acumulam os saberes que nos dizem como
devemos usar da chamada “razão instrumental” para melhor contribuirmos com a relação
ensino-aprendizagem. A razão técnica ou instrumental é aquela que faz a melhor
adequação entre os meios e os fins escolhidos. A didática é uma expressão pedagógica da
razão instrumental. Sua utilidade é imensa, pois sem ela nossos meios escolhidos poderiam,
simplesmente, não serem os melhores disponíveis para o que se ensina e se aprende e,
então, estaríamos fazendo da educação não a melhor educação possível.
Mas a didática depende da pedagogia. Ou seja, depende da área onde os saberes
são, em última instância, normas, regras, disposições, caminhos e/ou métodos. O termo
“pedagogia”, tomado em um sentido estrito, designa a norma em relação à educação. “Que
é que devemos fazer, e que instrumentos didáticos devemos usar, para a nossa educação?” –
esta é a pergunta que norteia toda e qualquer corrente pedagógica, o que deve estar na
mente do pedagogo.
Às vezes tomamos a palavra “pedagogia” em um sentido lato; trata-se da pedagogia
como o campo de conhecimentos que abriga o que chamamos de “saberes da área da
educação” – como a filosofia da educação, a didática, a educação e a própria pedagogia,
tomada então em sentido estrito. Mas, de fato, é em um sentido estrito que a pedagogia
nos deve interessar. Pois, quando ampliamos a extensão do termo o que resta pouco nos
ajuda a entender o quadro no qual se dá a diferenciação dos saberes relativos ao ensino. A
pedagogia, em um sentido estrito, está ligada às suas origens na Grécia antiga. Aqueles
que os gregos antigos chamavam de “pedagogo” era o escravo que levava a criança para o
local da relação ensino-aprendizagem; não era exclusivamente um instrutor, ao contrário,
era um condutor, alguém responsável pela melhoria da conduta geral do estudante, moral e
intelectual. Ou seja, o escravo pedagogo tinha a norma para a boa educação; se, por acaso,
precisasse de especialistas para a instrução – e é certo que precisava –, conduzia a criança
até lugares específicos, os lugares próprios para o “ensino de idiomas, de gramática e
cálculo”, de um lado, e para a “educação corporal”, de outro.
A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de saberes
que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma boa educação, é mais ou
menos consensual entre os autores que discutem a temática da educação. Ela, a pedagogia,
é aquela parte do saber que está ligada à razão que não se resume à razão instrumental
apenas, mas que inclui a razão enquanto razoabilidade; a racionalidade que nos possibilita o
convívio, ou seja, a vigência da tolerância e, mesmo, do amor.

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Ao falarmos, por exemplo, “não seja violento, use da razão”, queremos ser
compreendidos como dizendo, “use de métodos de comunicação que são próprios do
diálogo” – os métodos e normas da sociedade liberal (ideal). É esse tipo de razão ou
racionalidade que conduz, ou produz, a pedagogia. A didática busca meios para que a
educação aconteça e, assim, é guiada pela razão técnica ou instrumental, enquanto que a
pedagogia busca nortear a educação, e é guiada pela razoabilidade, pela fixação de regras
que só se colocam por conta da existência de um ou vários objetivos; no caso, objetivos
educacionais, o que é posto como meta e valor em educação. Quem estabelece tais
valores?
Pedagogia, didática e educação estão ligadas. Mas a filosofia da educação é um
saber mais independente, que pode ou não ter um vínculo com os saberes da pedagogia e da
didática, ou do saber-prático (e imediato) que faz a educação acontecer. O termo “filosofia
da educação” aponta para um tipo de saber que, de um modo amplo, é aquele acumulado na
discussão sobre o campo educacional. Faz assim ou para colocar valores e fins e legitimá-
los através de fundamentos, ou para colocar valores e fins e legitimá-los através de
justificações. Há, portanto, dois grandes tipos de filosofia da educação: a filosofia da
educação que serve como fundamentação para a pedagogia e filosofia da educação que
serve como justificação.
A filosofia da educação não está vinculada somente à razão instrumental ou à razão
comunicativa liberal, mas tem como sua produtora a razão enquanto elemento que escolhe
fins e, portanto, que valora.
Ela pode falar em "valor de verdade" e "valor moral", pode separá-los em campos
que se excluem ou não, mas, sempre, vai falar em valor. A razão, aqui, é a razão que diz
quais são os objetivos da educação e, então, que explicita se as normas da pedagogia podem
ser mantidas ou não, e que normas são essas. Tais normais devem parecer legitimas, caso
contrário, pelo menos em princípio, elas não terão seguidores. O que as torna legítimas?
Um discurso – o discurso filosófico, a filosofia da educação ou fundacionista ou
justificadora. Se a legitimação da pedagogia se dá através de uma metafísica que encontra
um fundamento último para que a educação se processe de uma maneira e não de outra,
dizemos que a filosofia da educação fundamenta a pedagogia e, consequentemente, a
educação. Se a legitimação da pedagogia se dá através de um conjunto de argumentos que
tentam justificá-la, sem requisitar um ponto arquimediano metafísico, então dizemos que a
filosofia da educação justifica a pedagogia e, consequentemente, a educação.

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Se nós acreditamos, por exemplo, no âmbito da filosofia da educação, que “somos
iguais porque todos nós somos filhos de Deus” ou que “somos iguais porque somos todos
seres humanos” ou que “somos iguais porque todos possuímos, diferentemente dos animais,
razão”, podemos então, no âmbito da fixação de normas pedagógicas, dizer que nossa
educação “tem como objetivo não destruir nossa igualdade original”. A igualdade
baseada na origem divina, ou baseada na noção de ser humano ou na posse de algo que
poderia chamar “razão”, funcionam, neste caso, como fundamentos metafísicos para uma
pedagogia igualitária.
Mas se alguém diz que tal crença metafísica não é algo que podemos crer à luz de
crenças mais convincentes, e se nós não queremos abandonar a nossa pedagogia igualitária,
então nos cabe ou convencer nosso interlocutor da validade do ponto metafísico (o que
implica em refazer o sistema filosófico adotado) ou, então, argumentar de modo a justificar
que a igualdade como fim da educação vale a pena, por exemplo, porque ela possibilitará
um mundo com menos injustiça, um mundo melhor – usamos aí um argumento pragmático,
que não implica qualquer metafísica. Assim, uma mesma pedagogia (uma pedagogia
igualitária, por exemplo), pode ter discursos legitimadores diferentes, isto é, filosofias da
educação diferentes. Quem legitima a pedagogia pode apelar para a fundamentação ou para
a justificação.
Uma tal reflexão – a de como a pedagogia se legitima - é própria da “área da
filosofia da educação”. É o trabalho próprio aos filósofos da educação. Não raro, é uma
discussão que envolve argumentos técnicos em filosofia e, portanto, não produz um saber
que possa ser de domínio imediato dos que estão executando a relação ensino-
aprendizagem, embora os professores conheçam, ao menos, as máximas filosófico-
pedagógicas que escapam do domínio técnico e lhes caem nos ouvidos, e, assim, eles ficam
satisfeitos com suas pedagogias. Não raro, uma única máxima filosófico-pedagógica guia
uma vida inteira de trabalho de um professor.

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Que não se tire daí a conclusão que
os professores devem apenas saber
didática, ou , ao contrário, que vão ser
“críticos” e bem mais capazes se souberem
filosofia da educação, seja esta
fundacionista ou justificadora. O saber de
cada professor varia. Uns podem ter uma
aptidão melhor para a reflexão filosófica, e
serem desajeitados para o trabalho que
implica forte aptidão didática, outros
podem dominar os trâmites das normas da
pedagogia, e não terem gosto pela reflexão da filosofia da educação. Outros, ainda, podem
ser práticos, meramente práticos, e se saírem bem em resultados de aproveitamento com os
alunos.
O importante é que, na formação dos professores, se saiba que empregamos todos
os tipos de racionalidades que temos em nossa linguagem (a instrumental, a da tolerância e
a que fixa objetivos e valores), e que a formação deve ser harmoniosa, pois tem tudo, em
suas vestes originais, para ser harmoniosa – pois fazer educação nos leva, sempre, para os
quatro saberes acima apontados, e para o emprego das três formas de racionalidade.
A harmonia não vem de separarmos, equitativamente, o que cada professor precisa
saber em filosofia da educação, pedagogia, didática e ensino (educação). A harmonia vem,
sim, da nossa capacidade de termos políticas educacionais que cultivem as instituições de
formação de professores que protegem uma cultura onde os quatro saberes acima descritos
não fiquem a descoberto, nas mãos de leigos. Tal cultura, sem que seja preciso qualquer
reunião formal, será o fator determinante de convergência das conversações, no interior das
instituições onde se dá a formação do professor, e ela poderá criar legiões de bons
professores, em graus diferentes de aptidões. Isso vale para qualquer instituição de ensino
que forma professores.

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Repensando a Educação Infantil
Diz um
provérbio chinês que "a
mais alta das torres
começa no solo". Isto
leva-nos a repensar
toda a estrutura
Educacional no que
concerne a Educação
Infantil, com uma
ampla gama de
transformações
necessárias para
garantir aos nossos
alunos uma educação
de qualidade, como é
tão frequentemente defendido nos discursos políticos e em inúmeras teorias.
Por meio de um diálogo com professores do Ensino Fundamental que trabalham
com primeira série poderemos, com certeza, alavancar algumas diferenças básicas
encontradas por estes em alfabetizar alunos que frequentaram a Educação Infantil e aqueles
que chegam na escola pela primeira vez já na primeira série, sendo que os primeiros, se
bem preparados em nossas creches e escolas que trabalham com esta modalidade de ensino,
chegarão à primeira série com o devido alicerce para acompanharem a fase de
alfabetização, o que consequentemente facilitará todo o processo educativo, melhorando em
muito o seu desempenho ao longo de sua vida escolar.
Sabemos que é na Educação Infantil que a criança adquire os primeiros preparos
para o convívio social, tem as primeiras noções de valores morais e também, através de
atividades apropriadas, aprimora suas capacidades cognitivas e motoras.
Um pedreiro para edificar uma torre precisa saber, primeiramente, preparar o
canteiro de obras, tirar o esquadro, fazer as formas e as sapatas da construção de tamanho
adequado para suportar todo o peso que será sobreposto em cima deles, escolher o ferro da
armação para que suporte este peso, e preparar a massa com as misturas adequadas de areia,
ferro e cimento. Após este processo, o pedreiro deverá deixar secar o concreto, para depois
começar a edificar a torre. Até aqui o pedreiro somente trabalhou a base da torre.
Se o pedreiro não tiver o preparo necessário, não compreender os passos, as
medidas, enfim, não dominar o processo necessário para fazer a base da torre, esta não terá
o suporte necessário para todo o peso que será acrescentado e acabará ruindo.
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Eis ai uma bela metáfora, que nos leva a refletir sobre o papel, extremamente
relevante, da Educação Infantil para o restante da vida escolar de nossas crianças.
Precisamos, então, pensar na necessidade do bom preparo do professor para que
desenvolva atividades adequadas a esta faixa etária das crianças, para que não aconteça de,
ao invés de bem prepará-las, acabar fazendo com que "toda a torre acabe ruindo". Como no
caso do pedreiro, a falta de conhecimento do professor que não domina o processo
cognitivo e psicológico pelo qual a criança passa nesta idade pode levar ao fracasso, o que
pode "comprometer toda a obra" ou seja, comprometer todo o desempenho da criança, não
apenas escolar, mas social e familiar também.
A criança aprende mais dos zero aos seis anos do que um adulto ao longo de toda a
sua vida. Precisamos pensar então sobre o que queremos que ela aprenda, quais os valores
que precisam ser alicerçados neste período e qual o compromisso da escola e do Estado
com a referida aprendizagem. Creio que precisamos, urgentemente, repensar a prática
educativa de nossos escolas, onde, comumente, são designados os professores menos
preparados e menos comprometidos para trabalha com a Educação Infantil, já que é uma
fase escolar que não possui obrigatoriedade legislativa, sem precisar apresentar resultados
quanto ao desempenho do aluno, ou seja, muitos professores preferem a Educação Infantil
"por não haver cobranças e não precisar apresentar resultados". Enfim, por julgarem
não existir necessidade de compromisso do professor com a aprendizagem das crianças. Se
o nosso pedreiro pensar assim, a sua torre vai ruir antes de chegar ao final, o mesmo vai
acontecer com nossos alunos se continuarmos encarando desta forma a primeira fase
escolar das crianças, entregando-as, em alguns casos, nas mãos de profissionais
despreparados e descomprometidos.
Sabemos que todos os defeitos de caráter são devidos a um tratamento errado que a
criança teve durante o primeiro período. Quando as crianças foram descuradas neste
período sua mente está vazia por que não se lhes deu oportunidade de construí-la".
Precisamos portanto repensar as propostas educacionais hora vigentes para a fase da
Educação Infantil, pois se confiarmos nossas crianças a profissionais competentes, que
detêm profundo conhecimento sobre a fase do desenvolvimento Infantil propostas pôr
autores como Piaget, Montessori, Vigotski, entre outros, os resultados serão bem mais
compensatórios, facilitando em muito a aquisição do saber nos anos vindouros do
estudante.

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Outro item de relevância neste repensar hora proposto é o de que, atualmente,
muitas das famílias brasileiras não possuem as mínimas condições, tanto econômicas
como culturais de bem atender seus pequeninos, sendo que, neste caso, profissionais bem
preparados e o devido investimento do Estado poderão contribuir em muito para que estas
sejam mais bem cuidadas, tanto física quanto educacionalmente, contribuindo assim para
que sejam futuros adultos mais bem resolvidos. Talvez esta seja a chave para combater
males como drogas e violência, afinal, o caminho da tão falada dignidade social passa
antes de tudo pelo banco de uma escola.
Precisamos rever inclusive a questão legislativa, tornando, quem sabe, a Educação
Infantil obrigatória, ofertando cursos de aperfeiçoamento e formação continuada para os
profissionais de nossos Centros de Educação Infantil, escolhendo os melhores professores,
com o devido embasamento teórico, "alicerçando" adequadamente a base desta
construção, compromisso pessoal e coletivo de todos aqueles que de uma forma ou de outra
possuem alguma ligação com a educação, tanto a família, como os professores, políticos,
etc.
Desta forma, garantiremos aos nossos educandos uma forte base educativa, capaz de
suportar todo o peso da obra educacional que será acrescentada ao longo dos seus anos
escolares, e conduzindo-os de forma sadia e responsável para uma vida adulta plena de
realizações, e estaremos certos de que cumprimos com nossa missão.

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O Papel dos Pais na Educação Escolar
Pesquisadores da área costumam brincar que
a melhor maneira de ter sucesso na escola é escolher
cuidadosamente os pais. Essa incoerência não deixa
de ser instrutiva, pois há uma inexorável associação
entre certos tipos de família e bons resultados na
escola. Os filhos de famílias mais educadas e mais
ricas tendem a se sair melhor na escola, comparados
a outros que não têm essas características.
Mas tal regularidade observada esconde tanto quanto revela. Isso porque filhos
de famílias educadas são quase sempre mais prósperos, frequentam escolas melhores, têm
maior acesso a bens culturais e recebem mais atenção da família. Desde que nascem são
preparados para a escola. Estaríamos diante de um determinismo odioso, só premiando os
que já têm mais?
Houve muitas tentativas de deslindar as influências de cada um desses fatores. Mas,
uma vez que eles vêm todos embolados, métodos estatísticos complexos são usados para
separar o efeito líquido de cada um. Como as resmas de tabelas produzidas pelo
computador são de interpretação difícil, ficamos sempre com o travo amargo de um
problema mal resolvido.
Mas ficando à espreita, às vezes, a natureza se deixa apanhar mais desnuda,
revelando alguns de seus segredos. Uma dessas situações ocorreu em uma pesquisa recente,
testando alunos de um colégio com uma clientela bem-educada, de classe social homogênea
e interessada em que seus filhos recebam a melhor educação possível.
Portanto, o que quer que se observe comparando os alunos dessas escolas não pode
ser atribuído a diferenças na qualidade do ensino ou na maior ou menor educação dos pais.
É um resultado cristalino.
A pesquisa apresentou ao estudante uma enorme bateria de perguntas acerca do que
ele tinha em casa, como livros, revistas, jornais, enciclopédias, computador, ou de
atividades como curso de informática, inglês, aula particular, visitas a museus e viagens ao
exterior.
Montes de respostas foram remexidos no caldeirão dos modelos estatísticos, na
busca dos fatores correlacionados com o bom desempenho escolar. Mas havia muitas
surpresas. Nada do que foi citado acima pareceu explicar melhores ou piores resultados
escolares, ou porque todos os alunos já tinham o que é realmente importante ou porque tais
coisas não são realmente tão fatais no desempenho escolar.

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Mas dois fatores apresentaram um impacto brutal nos resultados. O primeiro é
a atitude dos pais com respeito ao dever de casa. Quando os pais sistematicamente
verificam se os filhos estão fazendo a lição, o rendimento escolar é muito maior. Não é
preciso fazer o dever do filho nem mesmo ajudar. O que faz a diferença é o
acompanhamento próximo, levando o filho a gastar mais tempo nos estudos.
O segundo fator é a frequência de conversas entre pais e filhos. Os pais e mães
que dedicam tempo para conversar com os filhos recebem no fim do mês boletins com
notas bem mais altas. A atenção pessoal, a presença e a interação é que diferenciam
resultados medíocres de resultados excepcionais. Não precisa ser conversa sobre escola;
basta ao filho ter a presença próxima e a interação com os pais.
Esses são resultados aliviadores. Imagine se fossem as viagens ao exterior e os
computadores que fizessem a diferença. Seria o peso do dinheiro determinando os
resultados escolares. Mas não custa dinheiro ver se a meninada está fazendo seus deveres
assiduamente. Tampouco conversar com os filhos é caro. Ou seja, o segredo do sucesso é
barato.
Quando trazemos tais resultados para situações escolares mais típicas, é preciso
certo cuidado, pois pode parecer que a qualidade da escola, os professores e a forma de
ensinar não importam. Ou que outras características da família sejam irrelevantes - o que
certamente não é o caso. Mas o que nos demonstra o estudo é que, quando tudo mais é
igual, o que faz diferença é a atenção dos pais para a vida escolar e pessoal dos filhos. E
esse conselho serve para todos os pais, pobres ou ricos.

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Linhas Pedagógicas
Linha Construtivista
Inspirado nas ideias do suíço Jean Piaget (1896- 1980), o
método procura instigar a curiosidade, já que o aluno é levado a
encontrar as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de
sua interação com a realidade e com os colegas.
Uma aluna de Piaget, Emilia Ferrero, ampliou a teoria para o
campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se
alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o
contato com letras e textos.
O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente
do próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estimulo a
dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros procedimentos. A partir de sua
ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do
mundo.
Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem da
própria interação da criança com o meio em que vive. Vão sendo formados esquemas que
lhe permitem agir sobre a realidade de um modo muito mais complexo do que podia fazer
com seus reflexos iniciais, e sua conduta vai enriquecendo-se constantemente. Assim,
constrói um mundo de objetos e de pessoas onde começa a ser capaz de fazer antecipações
sobre o que irá acontecer.
O método enfatiza a importância do erro não como um tropeço, mas como um
trampolim na rota da aprendizagem. A teoria condena a rigidez nos procedimentos de
ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente
estranho ao universo pessoal do aluno.
As disciplinas estão voltadas para a reflexão e autoavaliação, portanto a escola
não é considerada rígida.
Existem várias escolas utilizando este método. Mais do que uma linha pedagógica, o
construtivismo é uma teoria psicológica que busca explicar como se modificam as
estratégias de conhecimento do individuo no decorrer de sua vida.
Quem foi o pai da ideia: o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980).

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O que diz: segundo Piaget, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o
nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atin-
gida. Assim, a criança constrói o conhecimento a partir de suas descobertas, quando em
contato com o mundo e com os objetos. Por isso, não adianta ensinar a um aluno algo que
ele ainda não tem condições intelectuais de absorver. Ou seja, o trabalho de educar não
deve se limitar a transmitir conteúdos, mas a favorecer a atividade mental do aluno. Por
isso, importante é não apenas assimilar conceitos, mas também gerar questionamentos, -
ampliar as ideias.
Onde está o foco: no aluno e em suas operações mentais.
Qual é o papel do professor: observar o aluno, investigar quais são os seus conhe-
cimentos prévios, seus interesses e, a partir dessa bagagem, procurar apresentar diversos
elementos para que o aluno construa seu conhecimento. O professor cria situações para que
o aluno chegue ao conhecimento.
Como se aprende: experimentando, vivenciando.
Como se introduz um novo conceito: para falar em multiplicação, por exemplo, o
professor pode apresentar uma sequência de somas, até que o aluno chegue ao conceito da
multiplicação. Nada de decorar tabuada. Ou, para apresentar formas geométricas, o profes-
sor dará aos alunos vários materiais, eles farão desenhos e observarão figuras até percebe-
rem o círculo, o quadrado, o triângulo, etc.
Quais são os reflexos na sala de aula: há menos interferência do professor, que
respeita as fases do aluno e procura corresponder aos seus interesses. As salas têm mais
objetos para manusear, mais material, como blocos lógicos, figuras, etc. As correções não
acontecem de modo imediato, pois os erros são considerados parte do processo de aprendi-
zagem.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: pessoas com autonomia. Gente que inte-
rage com o meio, que tem ideias próprias e é capaz de criar, com uma visão particular do
mundo.

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Linha Montessoriana
Criada pela pedagoga italiana Maria
Montessori (1870-1952), a linha montessoriana
valoriza a educação pelos sentidos e pelo
movimento para estimular a concentração e as
percepções sensório-motoras da criança.
O método parte da ideia de que a criança é
dotada de infinitas potencialidades. Individualidade,
atividade e liberdade do aluno são as bases da
teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo
como, simultaneamente, sujeito e objeto do ensino.
Maria Montessori acreditava que nem a
educação nem a vida deveriam se limitar às conquistas materiais. Os objetivos individuais
mais importantes seriam: encontrar um lugar no mundo, desenvolver um trabalho
gratificante e nutrir paz e densidade interiores para ter a capacidade de amar.
As escolas montessorianas incentivam seus alunos a desenvolver um senso de
responsabilidade pelo próprio aprendizado e adquirir autoconfiança. As instituições
levam em conta a personalidade de cada criança, enfatizando experiências e manuseios de
materiais para obter a concentração individual e o aprendizado. Os alunos são expostos a
trabalhos, jogos e atividades lúdicas, que os aproximem da ciência, da arte e da música.
A divisão das turmas segue um modelo diferente do convencional: as crianças de
idades diferentes são agrupadas numa mesma turma. Nessas classes, alunos de 5 e 6 anos
estudam na mesma sala e seguem um programa único. Posteriormente eles passam para as
turmas de 7 e 8, em seguida para as de 9 e 10, e, finalmente alcançam o último estágio, que
agrega jovens de 11,12,13 e 14 anos. Até os 10 anos, os alunos têm aulas com um único
professor polivalente, enquanto nas salas de 11 a 14, esse professor ganha a companhia de
docentes específicos para cada disciplina.
Os professores dessa linha de ensino são guias que removem obstáculos da
aprendizagem, localizando e trabalhando as dificuldades de cada aluno. Sugerem e
orientam as atividades, deixando que o próprio aluno se corrija, adquirindo assim maior
autoconfiança.
A avaliação é realizada para todas as tarefas, portanto, não existem provas
formais.
Quem foi o pai da ideia: a pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952)

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O que diz: a linha montessoriana valoriza a educação pelos sentidos e pelo
movimento para estimular a concentração e as percepções sensório-motoras da criança.
Onde está o foco: no aluno. A teoria montessoriana crê que as crianças trazem
dentro de si o potencial criador que permite que elas mesmas conduzam o aprendizado e
encontrem um lugar no mundo. Todo conhecimento passa por uma prática e a escola deve
facilitar o acesso a ela.
Qual o papel do professor: Maria Montessori foi pioneira no campo pedagógico ao
dar mais ênfase à autoeducação do aluno do que ao papel do professor como fonte de
conhecimento. Ela acreditava que a educação é uma conquista da criança, pois percebeu
que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as
condições. Assim como no construtivismo, os professores assumem o papel de guia,
conduzindo e motivando o aluno no processo de aprendizado.
Como se aprende: o método Montessori parte do concreto rumo ao abstrato.
Baseia-se na observação de que meninos e meninas aprendem melhor pela experiência
direta de procura e descoberta. Para tornar esse processo o mais rico possível, a educadora
italiana desenvolveu os materiais didáticos que constituem um dos aspectos mais
conhecidos de seu trabalho. São objetos simples, mas muito atraentes, e projetados para
provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do
sistema decimal à estrutura da linguagem.
Como se introduz um novo conceito: na Educação Infantil, enfatiza a manipulação
de peças de tamanhos, formas, texturas e cores diferentes. Na alfabetização, com a ajuda
de objetos como o alfabeto móvel, utiliza-se o método fonético, em que o aprendizado parte
do som da letra para se construir a palavra e depois o texto. Devido principalmente, às
exigências do vestibular, a pedagogia montessoriana raramente é aplicada no Ensino
Médio.
Quais os reflexos na sala de aula: crianças de idades diferentes são agrupadas
numa mesma turma. Nessas classes multi-idades, alunos de 5 e 6 anos estudam na mesma
sala e seguem um programa único. Posteriormente eles passam para as turmas de 7 e 8, em
seguida para as de 9 e 10, e, finalmente, alcançam o último estágio, que agrega jovens de
11, 12, 13 e 14 anos. Até os 10 anos, os alunos têm aulas com um único professor
polivalente, enquanto nas salas de 11 a 14, esse professor ganha a companhia de docentes
específicos para cada uma das disciplinas.

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Para que esse método funcione bem, frequentemente há atividades em duplas, trios
ou grupos. Dependendo do conteúdo, o professor pode dividir a classe em grupos por idade.
A maior parte do material didático, especialmente entre os mais novos, é de uso coletivo,
como livros e lápis. A avaliação é feita para todas as tarefas, portanto, não existem provas
formais. Além de dar um conceito para cada aluno, os professores preparam boletins
detalhados, especificando as posturas e os procedimentos dos estudantes.
Que tipo de individuo pretende formar: individualidade, atividade e liberdade do
aluno são as bases da teoria, com ênfase para o conceito de indivíduo como,
simultaneamente, sujeito e objeto do ensino. Montessori defendia uma concepção de
educação que se estende além dos limites do acúmulo de informações. O objetivo da escola
é a formação integral do jovem, uma “educação para a vida”. A filosofia e os métodos
elaborados pela médica italiana procuram desenvolver o potencial criativo desde a primeira
infância, associando-o à vontade de aprender – conceito que ela considerava inerente a
todos os seres humanos.
Linha Waldorf
A Pedagogia Waldorf se baseia na Antroposofia (gr.: antropos = ser humano; sofia
= sabedoria), ciência elaborada por Rudolf Steiner, que estuda o ser humano em seus três
aspectos: o físico, a alma e o espírito, de acordo com as características de cada um e da sua
faixa etária, buscando-se uma perfeita integração do corpo, da alma e do espírito, ou seja,
entre o pensar, o sentir e o querer.
Foi criada em 1919 na Alemanha e está presente no mundo inteiro. O ensino teórico
é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corporais,
artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes. O foco principal da Pedagogia
Waldorf é o de desenvolver seres humanos capazes de, por eles próprios, dar sentido e
direção às suas vidas.
Tanto o aprimoramento cognitivo como o amadurecimento emocional e a
capacidade volitiva recebem igual atenção no dia a dia da escola. Nessa concepção
predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não de mero acúmulo de
informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais necessárias ao ser
humano.
O currículo, que se orienta pela lei básica da biografia humana, os setênios – ciclos
de sete anos- (0-7/ 7-14/ 14-21) oferece ricas vivências, alternando as matérias do
conhecimento com aquelas que se direcionam ao sentir e agir. Não há repetência,
justamente para que as etapas de aprendizagem possam estar em sintonia com o ritmo
biológico próprio de cada idade.
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No primeiro ciclo (0-7), a ênfase é no desenvolvimento psicomotor, essa fase é
dedicada principalmente às atividades lúdicas, ela não inclui o processo de alfabetização. O
segundo ciclo (7-14), que corresponde ao ensino fundamental, compreende a alfabetização
e a educação dos sentimentos, para que os alunos adquiram maturidade emocional. Nesta
fase, não existe professores específicos para cada disciplina, mas sim um tutor responsável
por todas as matérias, que acompanha a mesma turma durante os sete anos. O tutor é uma
referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se espelhar.
Já no terceiro ciclo, equivalente ao ensino médio (14-21), o estudante está pronto
para exercitar o pensamento e fazer uma análise crítica do mundo. As disciplinas são
dividas por épocas, em vez de ter aulas de diversas disciplinas ao longo do dia ou da
semana, o estudante passa quatro semanas vendo uma única matéria. Nessa fase entram os
professores especialistas, mas as classes continuam com um tutor.
A avaliação dos alunos é baseada nas atividades diárias, que resultam em boletins
descritivos. O progresso dos alunos é exposto detalhadamente em boletins manuscritos, nos
quais são mencionadas as habilidades sociais e virtudes como perseverança, interesse,
automotivação e força de vontade. Como consequência, o jovem aluno tem grandes chances
de se tornar um adulto saudável e equilibrado capaz de agir com segurança no mundo.
Quem foi o pai da ideia: o educador austríaco Rudolf Steiner (1861-1925)
O que diz: a vivência deve preceder a teoria. Deste modo, o método prevê que o
currículo escolar deve ser individualizado e levar em conta apenas as necessidades de
aprendizado do aluno em cada fase da sua vida.
Onde está o foco: no aluno e no tutor.
Qual o papel do professor: cada classe tem um tutor responsável por todas as
matérias, que acompanha a mesma turma durante sete anos. "Nós precisamos ser uma
referência de comportamento e disciplina para que o aluno possa se espelhar", justifica
Alfredo Rheingantz, professor e membro da coordenação da Escola Waldorf Rudolf
Steiner. Durante o período correspondente ao Ensino Médio, as classes ganham professores
especialistas, mas continuam com um tutor.
Como se aprende: o ensino é dividido em ciclos de sete anos (de 0 a 7, de 8 a 14 e
de 15 a 21 anos) e não há repetência, justamente para que as etapas de aprendizagem
possam estar em sintonia com o ritmo biológico próprio de cada idade. Como não há
provas, as avaliações são baseadas nas atividades diárias, que resultam em boletins
descritivos sobre o comportamento, a maturidade e o aproveitamento dos estudantes.

37
Como se introduz um novo conceito: outra característica da pedagogia Waldorf é
o ensino em épocas. Em vez de ter aulas de diversas disciplinas ao longo do dia ou da
semana, o aluno passa quatro semanas apenas vendo uma única matéria. Isso permite que o
aluno lembre mais facilmente o que viu e aprofunde melhor os conteúdos.
Quais são os reflexos na sala de aula: no primeiro ciclo, a ênfase é no
desenvolvimento da coordenação motora e no despertar da memória. Como essa fase é
dedicada principalmente às atividades lúdicas, ela não inclui o processo de alfabetização,
que acontece apenas no segundo ciclo. Neste, que corresponde ao ensino fundamental, o
foco é na educação dos sentimentos para que os alunos adquiram maturidade emocional.
Daí a pedagogia Waldorf ser repleta de atividades artísticas, como música, teatro e artes
plásticas, além de trabalhos manuais, como marcenaria, tricô e jardinagem.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: o método Waldorf visa desenvolver a
personalidade do aluno, florescendo nele a clareza do raciocínio, equilibro emocional e a
iniciativa de ação. Ao final da escola, o estudante está pronto para exercitar o pensamento e
fazer uma análise crítica do mundo.

O Comportamentalismo
Quem foi o pai da ideia: o
psicólogo norte-americano Burrhus
Frederic Skinner (1904-1990).
O que diz: que é possível modelar
o indivíduo, condicionando seus
comportamentos. Para tanto, devem-se
utilizar os estímulos e reforços adequados.
Segundo Skinner, todo comportamento é
determinado pelo ambiente, mesmo que a
relação do indivíduo com esse ambiente
não seja passiva, e sim de interação. Ou
seja, um professor pode definir que resultado pretende alcançar com seus alunos e oferecer-
lhes os estímulos e recompensas adequados à medida que os alunos avançam.
Onde está o foco: nos conteúdos a serem transmitidos e no professor.
Qual é o papel do professor: o professor, ou até o livro didático, em alguns casos,
é a autoridade máxima, detentora do conhecimento. O aluno é o aprendiz que deve absorver
esse conhecimento quanto mais, melhor.

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Como se aprende: por memorização e repetição. Sabe aquelas aulas de inglês em
que a professora dizia: "Children, repeat after me..."?
Como se introduz um novo conceito: o professor faz um planejamento e apresenta
os conceitos. Algo do gênero: "Crianças, hoje vamos estudar as equações de segundo grau".
Quais são os reflexos na sala de aula: as aulas, em geral, são expositivas, com o
professor falando e a turma, de preferência, quieta. Erros são corrigidos imediatamente e
recorre-se à repetição.
Que tipo de indivíduo espera-se formar: pessoas com vasto saber enciclopédico.
Indivíduos focados no trabalho, que correspondem às demandas e se ajustam bem aos
ambientes.

Linha Tradicional
A linha tradicional de ensino
teve a sua origem no século XVIII, a
partir do Iluminismo. O objetivo
principal era universalizar o acesso do
indivíduo ao conhecimento. Possui um
modelo firmado e certa resistência em
aceitar inovações, e por isso foi
considerada ultrapassada nas décadas
de 60 e 70.
As escolas que adotam a linha
tradicional acreditam que a formação
de um aluno crítico e criativo depende
justamente da bagagem de informação
adquirida e do domínio dos
conhecimentos consolidados.
Não há lugar para o aluno atuar, agir ou reagir de forma individual. Não existem
atividades práticas que permitem aos alunos inquirir, criar e construir. Geralmente, as aulas
são expositivas, com muita teoria e exercícios sistematizados para a memorização.
O professor é o guia do processo educativo e exerce uma espécie de “poder”. Tem
como função transmitir conhecimento e informações, mantendo certa distância dos alunos,
que são “elementos passivos”, em sala de aula.
As avaliações são periódicas, por meio de provas, e medem a quantidade de
informação que o aluno conseguiu absorver.
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São escolas que preparam seus alunos para o vestibular desde o início do currículo
escolar e enfatizam que não há como formar um aluno questionador sem uma base sólida,
rígida e normativa de informação.

Os Métodos de Alfabetização
Agora estudaremos um pouco sobre os
métodos de Alfabetização, suas vantagens e
desvantagens:
O melhor método para a alfabetização é
uma discussão antiga entre os especialistas no
assunto e também entre os pais quando vão
escolher um escola para seus filhos começaram a
ler as primeiras palavras e frases. No caso
brasileiro, com os elevados índices de
analfabetismo e os graves problemas estruturais
na rede pública de ensino, especialistas debatem
qual seria o melhor método para revolucionar, ou
pelo menos, melhorar a educação brasileira. Ao
longo das décadas, houve uma mudança da forma de pensar a educação, que passou de
ser vista da perspectiva de como o aluno aprende e não como o professor ensina.
São muitas as formas de alfabetizar e cada uma delas destaca um aspecto no
aprendizado. Desde o método fônico, adotado na maioria dos países do mundo, que faz
associação entre as letras e sons, passando pelo método da linguagem total, que não utiliza
cartilhas, e o alfabético, que trabalha com o soletramento, todos contribuem, de uma forma
ou de outra, para o processo de alfabetização.

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Método Sintético
O método sintético estabelece uma correspondência entre o som
e a grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado por letra
por letra, ou sílaba por sílaba e palavra por palavra.
Os métodos sintéticos podem ser divididos em três tipos: o
alfabético, o fônico e o silábico. No alfabético, o estudante aprende inicialmente as letras,
depois forma as sílabas juntando as consoantes com as vogais, para, depois, formar as
palavras que constroem o texto.
No fônico, também conhecido como fonético, o aluno parte do som das letras,
unindo o som da consoante com o som da vogal, pronunciando a sílaba formada. Já no
silábico, ou silabação, o estudante aprende primeiro as sílabas para formar as palavras.
Por este método, a aprendizagem é feita, em primeiro lugar, por meio de uma leitura
mecânica do texto, através da decifração das palavras, vindo posteriormente a sua leitura
com compreensão.
Neste método, as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos e professores no
aprendizado, apresentando um fonema e seu grafema correspondente por vez, evitando
confusões auditivas e visuais.
Como este aprendizado é feito de forma mecânica, através da repetição, o método
sintético é tido pelos críticos como mais cansativo e enfadonho para as crianças, pois é
baseado apenas na repetição e é fora da realidade da criança, que não cria nada, apenas age
sem autonomia.

Método Analítico
O método analítico, também conhecido como “método olhar
e dizer”, defende que a leitura é um ato global e audiovisual.
Partindo deste princípio, os seguidores do método começam a
trabalhar a partir de unidades completas de linguagem para
depois dividi-las em partes menores. Por exemplo, a criança parte da frase para extrair as
palavras e, depois, dividi-las em unidades mais simples, as sílabas.
Este método pode ser divido em palavração, setenciação ou global. Na palavração,
como o próprio nome diz, parte-se da palavra. Primeiro, existe o contato com os vocábulos
em uma sequência que engloba todos os sons da língua e, depois da aquisição de certo
número de palavras, inicia-se a formação das frases.

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Na setenciação, a unidade inicial do aprendizado é a frase, que é depois dividida em
palavras, de onde são extraídos os elementos mais simples: as sílabas. Já no global,
também conhecido como conto e estória, o método é composto por várias unidades de
leitura que têm começo, meio e fim, sendo ligadas por frases com sentido para formar um
enredo de interesse da criança. Os críticos deste método dizem que a criança não aprende a
ler, apenas decora.
Método Alfabético
Um dos mais antigos sistemas de alfabetização, o método
alfabético, também conhecido como soletração, tem como princípio
de que a leitura parte da decoração oral das letras do alfabeto, depois,
todas as suas combinações silábicas e, em seguida, as palavras. A
partir daí, a criança começa a ler sentenças curtas e vai evoluindo até
conhecer histórias.
Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a palavra. Por
exemplo, a palavra casa soletra-se assim c, a, ca, s, a, sa, casa. O método Alfabético permite
a utilização de cartilhas.
As principais críticas a este método estão relacionadas à repetição dos exercícios, o
que o tornaria tedioso para as crianças, além de não respeitar os conhecimentos adquiridos
pelos alunos antes de eles ingressarem na escola.
O método alfabético, apesar de não ser o indicado pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais, ainda é muito utilizado em diversas cidades do interior do Nordeste e Norte do
país, já que é mais simples de ser aplicado por professores leigos, através da repetição das
Cartas de ABC, e na alfabetização doméstica.

Método Fônico
O método fônico consiste no aprendizado através da
associação entre fonemas e grafemas, ou seja, sons e letras. Esse
método de ensino permite primeiro descobrir o princípio
alfabético e, progressivamente, dominar o conhecimento
ortográfico próprio de sua língua, através de textos produzidos
especificamente para este fim.
O método é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, ou seja, as
relações entre sons e letras devem ser feitas através do planejamento de atividades lúdicas
para levar as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e a decodificar a escrita no
fluxo da fala e do pensamento.

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O método fônico nasceu como uma crítica ao método da soletração ou alfabético.
Primeiro são ensinadas as formas e os sons das vogais. Depois são ensinadas as consoantes,
sendo, aos poucos, estabelecidas relações mais complexas. Cada letra é aprendida como um
fonema que, juntamente com outro, forma sílabas e palavras. São ensinadas, em primeiro
lugar, as sílabas mais simples e depois as mais complexas.
Visando aproximar os alunos de algum significado é que foram criadas variações do
método fônico. O que difere uma modalidade da outra é a maneira de apresentar os sons:
seja a partir de uma palavra significativa, de uma palavra vinculada à imagem e som, de um
personagem associado a um fonema, de uma onomatopeia ou de uma história para dar
sentido à apresentação dos fonemas. Um exemplo deste método é o professor que escreve
uma letra no quadro e apresenta imagens de objetos que comecem com esta letra. Em
seguida, escreve várias palavras no quadro e pede para os alunos apontarem a letra
inicialmente apresentada. A partir do conhecimento já adquirido, o aluno pode apresentar
outras palavras com esta letra.
Os especialistas dizem que este método alfabetiza crianças, em média, no período
de quatro a seis meses. Este é o método mais recomendado nas diretrizes curriculares dos
países desenvolvidos que utilizam a linguagem alfabética.
A maior crítica a este método é que não serve para trabalhar com as muitas exceções
da língua portuguesa. Por exemplo, como explicar que cassa e caça têm a mesma pronúncia
e se escrevem de maneira diferente?
Método Construtivista
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, também conhecido como
PCNs, são uma espécie de manual para as escolas sobre como deveria ser
a orientação para o ensino, de acordo com o Ministério da Educação.
Criado em 1998, este documento tem como função orientar e garantir a
coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e
recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a
produção pedagógica atual.
Os PCNs propõem um currículo baseado no domínio das competências básicas e
que esteja em consonância com os diversos contextos de vida dos alunos. "Mais do que
reproduzir dados, denominar classificações ou identificar símbolos, estar formado para a
vida, num mundo como o atual, de tão rápidas transformações e de tão difíceis
contradições, significa saber se informar, se comunicar, argumentar, compreender e agir,
enfrentar problemas de qualquer natureza, participar socialmente, de forma prática e
solidária, ser capaz de elaborar críticas ou propostas e, especialmente, adquirir uma atitude
de permanente aprendizado", diz o documento.
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Os PCNs foram estabelecidos a partir de uma série de encontros, reuniões e de
discussão realizados por especialistas e educadores de todo o país, de acordo com as
diretrizes gerais estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases. Segundo o MEC, estes
documentos foram feitos para ajudar o professor na execução de seu trabalho, servindo de
estímulo e apoio à reflexão sobre a sua prática diária, ao planejamento das aulas e,
sobretudo, ao desenvolvimento do currículo da escola, formando jovens brasileiros para
enfrentar a vida adulta com mais segurança.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem a linha construtivista como método
de alfabetização. Surgida na década de 80, a partir de estudiosas da área como Ana
Teberowsky e Emília Ferreiro, esta linha defende que a escola deve valorizar o
conhecimento que a criança tem antes de ingressar no estabelecimento. A sua ênfase é na
leitura e na língua escrita.
Os construtivistas são contra a elaboração de um material único para ser aplicado a
todas as crianças, como as cartilhas, e rejeitam a prioridade do processo fônico. Por este
método, as escolas, durante o processo de alfabetização, devem utilizar textos que estejam
próximos do universo da criança.
Os defensores do método fônico culpam o construtivismo, base dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, pelos problemas de alfabetização no Brasil. Segundo os críticos, a
concepção construtivista, em muitos casos, ignora que os estudantes de classe baixa, vindos
de famílias menos letradas, trazem de casa uma bagagem cultural muito pequena,
dificultando a sua adaptação a este método.

A Troca de Letras na Alfabetização


Ler e escrever, depois que a gente aprende, vira um
processo quase automático. Mal paramos para observar
quantas curvas e retas formam as letras de uma palavra. Na
infância, porém, esse conhecimento ainda está em
construção. Lá, aprendemos a direção da escrita e a grafia
de cada letra. Nessa fase, é comum algumas crianças
confundirem o sentido da escrita, começando a partir da
direita, ou trocar letras como P e D, em geral, isso se
corrige sem maiores problemas.
Não diga que está errado

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Para resolver a questão, o ideal é conversar com a criança sobre as trocas. O
recomendável é nunca dizer que a criança está errada. Prefira chamar a atenção de outra
maneira. Sugira que ela compare o que escreveu com o que foi escrito pelo professor ou por
um colega. Pedir que ela leia o que escreveu nem sempre funciona, porque, naquele
momento, ela enxerga a letra espelhada como se fosse a correta. Essa comparação visual é
mais eficiente.
Número 3 ou letra E?
Essa confusão é normal e passageira – e desaparece à medida que a criança escreve
mais. É muito normal encontrar alunos que espelham letras e números. Geralmente, fazem
confusão com números (espelhando 9, 6 e até o 2) e se atrapalham com letras e números,
como E e 3.
E... se não passar?
Se, depois de alfabetizada, a criança seguir escrevendo letras espelhadas, aí sim os
pais devem ficar mais atentos e consultar uma psicopedagoga, para checar se há algum
problema de aprendizagem.

A Literatura Infantil
A designação infantil faz com que
esta modalidade literária seja considerada
"menor" por alguns, infelizmente.
Principalmente os educadores
vivenciam de perto a evolução do
maravilhoso ser que é a criança. O contato
com textos recheados de encantamento faz-
nos perceber quão importante e cheia de
responsabilidade é toda forma de literatura.
A palavra literatura é intransitiva e,
independente do adjetivo que receba, é arte e
deleite. Sendo assim, o termo infantil
associado à literatura não significa que ela
tenha sido feita necessariamente para
crianças. Na verdade, a literatura infantil
acaba sendo aquela que corresponde, de
alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifique com ele.

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A autêntica literatura infantil não deve ser feita essencialmente com intenção
pedagógica, didática ou para incentivar hábito de leitura. Este tipo de texto deve ser
produzido pela criança que há em cada um de nós. Assim o poder de cativar esse público
tão exigente e importante aparece.
O grande segredo é trabalhar o imaginário e a fantasia. E como foi que tudo
começou?
Origens da Literatura Infantil

O impulso de contar histórias deve ter nascido no homem, no momento em que ele
sentiu necessidade de comunicar aos outros alguma experiência sua, que poderia ter
significação para todos. Não há povo que não se orgulhe de suas histórias, tradições e
lendas, pois são a expressão de sua cultura e devem ser preservadas. Concentra-se aqui a
íntima relação entre a literatura e a oralidade.
A célula máter da Literatura Infantil, hoje conhecida como "clássica", encontra-se
na Novelística Popular Medieval que tem suas origens na Índia. Descobriu-se que, desde
essa época, a palavra impôs-se ao homem como algo mágico, como um poder misterioso,
que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir. São também de caráter
mágico ou fantasioso as narrativas conhecidas hoje como literatura primordial. Nela foi
descoberto o fundo fabuloso das narrativas orientais, que se forjaram durante séculos a.C., e
se difundiram por todo o mundo, através da tradição oral.
A Literatura Infantil constitui-se como gênero durante o século XVII, época em
que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no âmbito artístico.
O aparecimento da Literatura Infantil tem características próprias, pois decorre da
ascensão da família burguesa, do novo "status" concedido à infância na sociedade e da
reorganização da escola. Sua emergência deveu-se, antes de tudo, à sua associação com a
Pedagogia, já que as histórias eram elaboradas para se converterem em instrumento dela.
É a partir do século XVIII que a criança passa a ser considerada um ser diferente do
adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida
dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.
As Mil e Uma Noites
Coleção de contos árabes (Alf Lailah Oua Lailah) compilados provavelmente entre
os séculos XIII e XVI. São estruturados como histórias em cadeia, em que cada conto
termina com uma deixa que o liga ao seguinte. Essa estruturação força o ouvinte curioso a
retornar para continuar a história, interrompida com suspense no ar.

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Foi o orientalista francês Antoine Galland o responsável por tornar o livro de As mil
e uma Noites conhecido no ocidente (1704). Não existe texto fixo para a obra, variando seu
conteúdo de manuscrito a manuscrito. Os árabes foram reunindo e adaptando esses contos
maravilhosos de várias tradições. Assim, os contos mais antigos são provavelmente do
Egito do séc. XII. A eles foram sendo agregados contos hindus, persas, siríacos e judaicos.
O uso do número 1001 sugere que podem aparecer mais histórias, ligadas por um
fio condutor infinito. Usar 1000 talvez desse a ideia de fechamento, inteiro, que não
caracteriza a proposta da obra.
Os mais famosos contos são:
• O Mercador e o Gênio
• Aladim ou a Lâmpada Maravilhosa
• Ali-Babá e os Quarenta Ladrões Exterminados por uma Escrava
• As Sete Viagens de Simbá, o Marinheiro
O rei persa Shariar, vitimado pela infidelidade de sua mulher, mandou matá-la e
resolveu passar cada noite com uma esposa diferente, que mandava degolar na manhã
seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade, esta iniciou um conto que despertou o
interesse do rei em ouvir-lhe a continuação na noite seguinte. Sherazade, por artificiosa
ligação dos seus contos, conseguiu encantar o monarca por mil e uma noites e foi poupada
da morte.
A história conta que, durante três anos, moças eram sacrificadas pelo rei, até que já
não havia mais virgens no reino, e o vizir não sabia mais o que fazer para atender o desejo
do rei. Foi quando uma de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse como noiva do
rei, pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim que a esperava. A princesa, após
ser possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária "História do Mercador e do Efrit",
mas, antes que a manhã rompesse, ela parava seu relato, deixando um clima de suspense, só
dando continuidade à narrativa na manhã seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver,
graças à sua palavra sábia e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três
filhos e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei
finalmente responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade.
Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a liberdade se conquista com o
exercício da criatividade.

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O Ensino de Matemática na Educação Infantil
O aumento do número de
informações e a velocidade com
que elas chegam a nós exigem uma
habilidade no processamento e na
obtenção de resultados eficientes.
Devido a essa exigência, que fez e
ainda está fazendo com que nos
preocupemos antecipadamente
com a educação e o ingresso mais
cedo no ensino sistemático, a
educação infantil assume um papel
importantíssimo na educação das
crianças.
Paulo Freire que trouxe à
tona a problemática da importância de ler o mundo vem endossar o papel da Matemática na
compreensão e na intervenção desta leitura. Nada melhor que iniciar a leitura do mundo
desde cedo, já nos primeiros dias de vida; sistematicamente nos primeiros anos da educação
infantil para uma caminhada mais segura e benéfica no desenvolvimento das crianças.
Onde podemos encontrar o uso da matemática? Desde uma simples compra de
guloseima ao grandioso projeto espacial internacional; nas diversas áreas do conhecimento,
no idioma falado por um povo, na religião, na ética, na gastronomia são encontrados
conceitos matemáticos. Vivemos no mundo rodeado de números, a invenção deles nos
trouxe benefícios e malefícios, como já afirmou Platão no século V a. C que "os números
governam o mundo".
A capacidade de ir além é uma proeza da humanidade que se apega com os
conceitos matemáticos para progredir cada vez mais e assim construir mais um pilar na
história da humanidade, assim podemos reforçar a fala de Roger Bacon: "O abandono da
Matemática traz dano a todo o conhecimento, pois aquele que a ignora não pode conhecer
as outras ciências ou as coisas do mundo."
Não quero dizer que a Matemática é uma ciência superior a todas as outras.
Tampouco, estou menosprezando as contribuições das outras áreas do conhecimento para o
progresso da humanidade. Enfatiza-se aqui, a colaboração que a Matemática presta às
demais Ciências, seja no ramo da lógica, da estatística, da aritmética, da geometria, da
álgebra, seja onde for, ela fornece meios para o passo seguinte que será tomado.

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Em matemática a criança deve partir do fazer para o textualizar. Sobretudo na
educação infantil o fazer é instrumento necessário no progresso da criança, pois quando ela
constrói, se sente realizada, enriquecida, sai de um estado desafiador para um
engrandecedor. Ela passa a olhar sua criação com cuidado e atenção, estando pronta para
falar sobre ela e dizer como chegou ao fim. Ela se supera. Fortalece sua autonomia.
Pensamento esse embasado nos estudos de Confúcio, pois afirma: "Se ouço, esqueço; se
olho, recordo; se faço, compreendo".
No momento em que a criança possui um brinquedo e com ele interage, as relações
sociais e o uso dos números estão presentes. Quando falta um brinquedo, a criança procura,
vai atrás porque sabe que sua coleção está incompleta, algo estar faltando, houve perda. E
a mesma estando no estágio do egocentrismo, não suporta o sentimento da perda. É um
ponto que na educação infantil deve ser trabalhado incessantemente - a perda está para
todos nós, assim como o espaço está para a Física. As pessoas sempre terão de perder algo,
e trabalhar com os pequenos esse sentimento pode amenizar problemas futuros
fortalecendo sua autoestima e sua capacidade de resistência. Quando o educador
desenvolver atividades com os pequenos, nas quais haja subtração, o mesmo deve ter em
mente que o deixar para o outro está nas entrelinhas da atividade realizada. Estimular a
verbalização do aluno, deixar que ele exponha sua opinião sobre esse sentimento é
importante para prosseguir na práxis pedagógica.
Dante nos lembra que a Matemática é, em especial, um modo de pensar. Por isso,
faz-se necessário trabalhar o quanto antes esse pensar com as crianças, para um
fortalecimento mais eficaz nos alicerces da aprendizagem dessa disciplina. É na primeira
etapa da educação básica o momento para alicerçar a construção dos conceitos
matemáticos.
São através de conceitos simples que as crianças irão buscar o complexo. Seja na
elaboração da ideia de número; da classificação; nas noções de grandeza, tempo, direção e
sentido, posição, capacidade e massa; no trabalho com a simbolização, sequências e
correspondências; explorando a ideia das operações matemáticas, a manipulação
geométrica e a construção e interpretação estatística de fatos e situações. Iniciando a
compreensão, partindo sempre de uma situação problema, para maiores progressos futuros
no desenvolvimento pleno do ser humano.
O desafio da descoberta leva a criança a refletir, a manipular, a agir, para solucionar
uma situação-problema. O jogo lhe dá prazer, ela aprende brincando e satisfeita, ao
contrário do aborrecimento causado por atividades rotineiras. Como no jogo a criança
é livre pra criar, arriscar-se e errar sem censuras, sua autoconfiança se desenvolve mais
facilmente.

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Quando os pequenos estão brincando ou jogando o erro é encarado de forma
desculpabilizada. Se errarem durante uma rodada ou numa partida eles podem recuperar na
outra. Para eles não é importante saber de imediato os procedimentos: o como jogar ou
brincar, o essencial é estar interagindo com os demais. E é durante a interação que eles irão
aprender as regras, as maneiras de como jogar ou brincar; um ajuda o outro, ora com
exemplos ora com a fala. Essa ajuda pode lhe ser muito útil na aprendizagem, pois ele
poderá realizar tarefas que sozinha não seria capaz de conseguir. Segundo os estudos de
Vygotsky, o que a criança hoje realiza com ajuda (nível de desenvolvimento real), amanhã
será capaz de realizar de modo independente (nível de desenvolvimento potencial). Entre
esses níveis está a zona de desenvolvimento proximal, caracterizada pelas informações que
a criança recebe, porém, ainda não estão amadurecidas ou totalmente assimiladas. O
processo da aprendizagem se dar através da interação com o meio e com os outros. A
criança, portanto, irá desenvolver a maturação, o que sozinha ela não conseguiria.
Propostas Pedagógicas de Livros Didáticos para o Ensino da
Matemática
São várias as propostas de editoras para o ensino na educação infantil. Elas
oferecem uma variedade de elementos que podem ajudar o profissional no seu trabalho e,
também, encantar as crianças com as cores que o material traz.
Entretanto ao avaliar estes livros o professor deve observar a formação do autor,
suas experiências na área educacional, o tipo de corrente filosófica em que ele se baseia
para fundamentar a formulação do material didático.
É raro encontrar no ramo editorial autores de livros didáticos para a educação
infantil em matemática, com formação específica na área. A grande maioria dos autores é
graduada em Pedagogia ou em Letras. Entretanto, podemos encontrar matemáticos que
formulam livros de Matemática para essa fase da educação básica. Não desqualificando o
trabalho de outros profissionais sobre o tema, porém quando há uma formulação por parte
dos mesmos são muitas as lacunas matemáticas existentes. O estudioso da Matemática
pode escolher com propriedade o significado mais adequado a ser trabalhado e sobre
tudo, conhece intimamente as implicações matemáticas sobre o desenvolvimento da
criança. Contudo, a maioria dos licenciados em Matemática, não se interessa no estudo da
criança, não gostam do trabalho miúdo e nem tão pouco de estar observando como as
crianças formulam seus conceitos sobre temas matemáticos. Claro que há exceções.

50
Para tentar resolver ou amenizar esse problema, há editoras que reúnem
especialistas das diversas áreas e que possuem competências didáticas sobre a educação
como um todo para elaborarem coleções de livros na educação infantil. São pedagogos,
licenciados e/ou bacharéis em Matemática, Ciências, História, Geografia, Letras e
Comunicação Social. Eles possuem especializações, sejam na área em que realizaram seus
estudos acadêmicos ou na própria educação infantil, e experiência na educação básica.
Pode-se pensar em Matemática de maneira clara e espontânea, pois ela se manifesta
de forma simples e sutil, contudo realiza modificações grandiosas no pensar de cada um
que consegue estar intimo dos conceitos matemáticos.
As crianças manifestam o estreitamento com noções matemáticas desde a maneira
como cortam um papel até na habilidade de tomar decisões. No momento em que elas
utilizam o pensamento automaticamente suas habilidades matemáticas se manifestam, não
importa se poucas ou muitas, o fundamental é que as relações existentes entre elas (as
crianças) e a Matemática propiciam avanços que se observados podem facilitar o
entendimento sobre outras áreas do conhecimento.
Quando as crianças começam a dizer que têm dois bonecos, cinco petecas, duas
pulseiras ou uma boneca a ideia de número está se construindo na sua psique. Quando
começa a relacionar o conjunto de brinquedos que ela possui com o conjunto que seu amigo
possui, sua mente amplia as relações interpessoais e se abre para questionar.
A educação infantil possibilita nos pequenos uma sistematização dos conhecimentos
de maneira agradável e rica. Ela vem dar suporte para o ensino fundamental, para que os
alunos possam se nutrir de ingredientes que venham somar com os que eles já trazem do
contexto familiar e assim fortalecê-las para a descoberta de novos conhecimentos.
Trabalhar com os alunos da educação infantil, em especial os do III período e a
Matemática é envolver-se constantemente com desafios, os quais fazendo uso dela se pode
alcançar êxitos constantes.
O pensar logicamente nos proporciona uma sistematização das nossas atitudes e
nos encaminha para a busca das descobertas. As crianças procuram sempre algo novo,
querem sempre manipular algum objeto... Aprendendo conceitos matemáticos: como
lateralidade (esquerda/ direita), lugar (perto / longe, em cima/ embaixo), tamanho (grande /
pequeno), quantidade, adição, subtração e tantos outros podendo progredir na realização de
suas atividades. Com a linguagem mais ampla e o pensamento mais abrangente os alunos
do III período estão intimamente ligados com conceitos matemáticos que são externados
desde uma simples brincadeira até um comentário que venham a fazer sobre o mundo e os
outros. As crianças pensam matematicamente, agem utilizando a matemática, mas de modo
intuitivo e estabelecem relações mentais com a ajuda da matemática ampliando suas
descobertas e solidificando o saber.
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O Ensino de Matemática por meio de Jogos Infantis
Uma proposta de trabalho de
matemática para a escola infantil deve
encorajar a exploração de uma grande variedade
de ideias matemáticas relativas a números,
medidas, geometria e noções rudimentares de
estatística, de forma que as crianças
desenvolvam e conservem um prazer e uma
curiosidade acerca da matemática. Uma proposta
assim incorpora contextos do mundo real, as
experiências e a linguagem natural da criança
no desenvolvimento das noções matemáticas,
sem, no entanto, esquecer que a escola deve
fazer o aluno ir além do que parece saber, deve
tentar compreender como ele pensa e fazer as
interferências no sentido de levar cada aluno a
ampliar progressivamente suas noções matemáticas. Nas próximas páginas mostrarei
algumas experiências que já tive em projetos matemáticos para a Educação Infantil.
Enfatizamos a importância de se desenvolver atividades matemáticas na escola
infantil, uma vez que estamos inseridos no universo dos números desde que nascemos e que
as crianças são capazes de desenvolver noções matemáticas mesmo antes de entrar na
escola. Consideramos o conhecimento que utilizam na sua vida como, por exemplo,
seriação, classificação, contagem numérica, etc. Partindo deste referencial acreditamos que
frequentar uma classe de Educação Infantil significa, além da convivência entre pares, ter
acesso a muitas oportunidades para a construção de novos conhecimentos, graças às ações
que a criança exerce sobre o mundo real.
O importante é trabalhar a matemática sem se preocupar com a representação dos
números ou com o registro no papel. Permitindo à criança criar, explorar e inventar seu
próprio modo de expressão e de relação com o mundo. Tudo o que temos que fazer é criar
condições para que a matemática seja descoberta, oferecer estímulo e estar atentos às
descobertas das crianças.

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Existem muitas formas de trabalhar com a matemática na escola Infantil. Ela está
presente na arte, na música, em histórias, na forma como organizo o meu pensamento,
nas brincadeiras e jogos infantis, na hora de dividir porções de lanche, etc. é aí que são
construídos conhecimentos matemáticos como tamanhos, distância, comprimento, cores e
formas. Uma criança aprende muito de matemática, sem que o adulto precise ensiná-la.
Descobrem coisas iguais e diferentes, organizam, classificam e criam conjuntos,
estabelecem relações, observam os tamanhos das coisas, brincam com as formas, ocupam
um espaço e assim, vivem e descobrem a matemática.
Proporcionamos um ambiente "matematizador" com brincadeiras, jogos e atividades
lúdicas, interativas e desafiadoras, capaz de encorajar os alunos a propor soluções, explorar
possibilidades, levantar hipóteses, desenvolver noções matemáticas e raciocínio.
De fato enquanto brinca a criança pode ser incentivada a realizar contagens,
comparar quantidades, identificar algarismos, adicionar pontos que fez durante a
brincadeira, perceber intervalos numéricos, isto é, iniciar a aprendizagem dos conteúdos
relacionados ao desenvolvimento do pensar aritmético. Por outro lado, brincar é uma
oportunidade para perceber distâncias, desenvolver noções de velocidade, duração, tempo,
força, altura e fazer estimativas envolvendo todas essas grandezas.

Algumas situações vivenciadas na sala de aula:


- Brincamos livremente com os
blocos lógicos, fazendo o reconhecimento
de suas características. Seriando-os e
classificando-os quanto à cor, forma,
tamanho e espessura. Propomos criar
novas figuras agrupando as peças
aleatoriamente. Através de algumas formas
como, por exemplo, um círculo grande, um
quadrado grande e cinco retângulos
pequenos compor a forma da figura
humana;
- Exploramos a modelagem em diferentes circunstancias. Utilizando argila e massa
de modelar criando figuras e formas, seriando e classificando. Confeccionamos massa de
pão, estudando as medidas e as quantidades de ingredientes necessários para fazê-la.
Compomos um bonequinho com a forma humana decoramos com olhos, nariz e boca,
colocamos numa forma e assamos. Confeccionamos massa de negrinhos também
observando as quantidades dos ingredientes compondo as bolinhas estudando as formas,
tamanhos e quantidades;
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- Utilizamos caixas de tamanhos e formatos diferentes com aberturas nas formas
geométricas para colocar e tirar objetos explorando as diversas possibilidades. Fizemos um
túnel utilizando uma caixa grande em formato retangular explorando possibilidades de
atravessá-lo;
- Através da literatura "O ratinho e as cores"
foi possível descobrir a formação de algumas cores e
seus respectivos nomes;
- Confeccionamos dados com a representação
de quantidades e cores, os quais foram instrumentos
indispensáveis para contagem e observação de cores
em brincadeiras com peças de jogos de encaixe;

- Propomos experiências com altura -


Medimos a altura de nossos colegas identificando o
maior e o menor, e comparamos entre si e com objetos presentes na sala de aula, através do
olhar ou da utilização de instrumentos de medida, convencionais ou não. Com tiras de
papel pardo representamos a altura de cada criança e compomos um gráfico de barras em
ordem crescente;

Através destas atividades lúdicas,


envolvendo jogos e brincadeiras,
propiciamos trocas de informações,
criamos situações que favoreceram o
desenvolvimento da sociabilidade, da
cooperação e do respeito mútuo entre os
alunos, desenvolvendo também as noções
de perto/longe, dentro/fora,
pequeno/grande, grosso/fino, por baixo/por
cima, na frente/atrás, cheio/vazio,
maior/menor.
Notamos o crescimento diário de cada criança ao desenvolverem noções de
tempo, quantidade, tamanho, classificação e comparação de formas, contagem identificação
de algarismos, percepção espacial, entre outras.
Este tipo de abordagem, quando cuidadosamente preparada, se apresenta como um
recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento matemático.

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No seu processo de desenvolvimento, a criança vai criando várias relações entre
objetos e situações vivenciadas por ela e, sentindo a necessidade de solucionar um
problema, de fazer uma reflexão, estabelece relações cada vez mais complexas que lhe
permitirão desenvolver noções matemáticas mais e mais sofisticadas.
Desde cedo as crianças devem ser acostumadas a ouvir uma linguagem
matemática empregada em diferentes contextos para que possam fazer a sua própria
construção de significado na interação com os colegas e adultos do seu meio A professora
de educação infantil deve dar à criança oportunidade para observar tudo que a rodeia,
contando, comparando, medindo, etc. Dessa iniciação dependerá muito seu interesse pela
Matemática no decorrer de sua vida. Devemos então, como educadores incentivar a criança,
no seu universo povoado de sentidos, dos seres mágicos, de risos, de travessuras, de
imagens, curiosidades e números que irão auxiliar a criança na exploração e compreensão
do mundo da matemática.
O papel do professor é de grande importância nesse processo, uma vez que, além de
deixar a criança livre para manipular e experimentar os materiais, como também observar
as reações decorrentes, deve, em seguida, propor à criança problemas reais a serem
resolvidos, criando, assim, uma situação de aprendizagem significativa.
Muito Além dos Números
Ensinar noções básicas de matemática e geometria fica muito mais fácil quando se
sabe aproveitar a curiosidade natural de crianças em idade pré-escolar. Um dos conteúdos
previstos no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é o trabalho com
forma e espaço, ou seja, mostrar que os objetos têm formatos próprios (círculos, quadrados
etc.) e que é possível mostrar lugares (como a sala, a escola e as ruas do bairro) na forma de
desenho. Caminhos percorridos de um ponto a outro, como um circuito de obstáculos, e
a representação oral e gráfica desses percursos, com mapas artesanais, são bons exemplos
de como fazer isso. Um trabalho intencional com a matemática contribui para elaborar e
sistematizar esses novos conhecimentos.
Nas Orientações Didáticas do Referencial Curricular, no que diz respeito ao
desenvolvimento do conteúdo de espaço e forma, está previsto que as experiências
ocorram, prioritariamente, na sua relação com o mundo à nossa volta - e não partindo da
geometria propriamente dita. O texto ainda diz que o trabalho na Educação Infantil deve
apresentar desafios para a turma. Ações como construir e deslocar-se são tão
importantes quanto o registro dessas mesmas ações. O objetivo é levar a garotada a adquirir
um controle maior sobre seus atos, de forma a permitir que problemas de natureza espacial
possam ser resolvidos, potencializando o desenvolvimento do pensamento geométrico,
mesmo que ainda não seja a hora de utilizar essa nomenclatura

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Brincadeiras com Conteúdo
A professora Regina Lúcia de Miranda Conceição, de Osasco, na Grande São Paulo,
desenvolveu com sua classe de 5 anos algumas atividades de percurso durante dois meses.
"Para coordenar as informações que percebem do espaço, as crianças precisam ter
oportunidade de observar essas informações, descrever e representá-las". Ela conta que, há
alguns anos, fazia essa tarefa sem a preocupação com conteúdos, só como uma brincadeira
mesmo. Com o passar do tempo, percebeu que, além da coordenação motora e do esquema
corporal necessários para equilibrar-se, rolar, andar agachado, arrastar e pular, é possível
levar os pequenos a evoluir para a percepção de deslocamentos de um local para outro,
construindo a noção de ponto de referência.
O ponto de partida pode ser uma roda de conversa, para explicar o que é um
percurso. Em seguida, o ideal é levar a meninada ao local onde a atividade será realizada
(seja o pátio da escola, seja um parque). Nesse momento, cada criança deve ter a chance de
apresentar como ela acredita ser possível fazer a trilha, usando os materiais disponíveis:
cadeiras, pneus, colchões, mesas, latas, cabos de vassoura e outros objetos do cotidiano. O
grande barato é que todos participam da brincadeira e avançam coletivamente na
construção do conhecimento. Em seguida, cabe a você mostrar como representar
graficamente o trajeto desenvolvido pelo grupo. Todos vão adorar esse exercício de
transposição do real para o desenho no papel.
Mais complexo é o trabalho com deslocamentos - da escola para casa ou até outro
local próximo. No princípio, dificilmente a turma conseguirá planejar esses trajetos (nem
os mais simples). É necessário, então, deixar que todos se manifestem oralmente para
contar como acreditam que se faz essa 'viagem' mais longa. Aos poucos, dá para apresentar
três situações distintas para a classe: o microespaço (dentro da própria escola), o
mesoespaço (o que está em torno do prédio) e o macroespaço (distâncias maiores, como as
que precisam ser feitas até a casa das crianças, o que exige a compreensão do conceito de
ponto de referência para poder criar um mapa que ajude qualquer outra pessoa a chegar
corretamente ao destino).
O ensino tradicional de noções de geometria na Educação Infantil restringe-se à
apresentação do nome das formas (triângulo, retângulo etc.) e suas propriedades, em vez de
ajudar a turma a organizar sua relação com o espaço. Daí a importância de explorar os
deslocamentos reais que as crianças fazem e ensinar jeitos de representá-los. É justamente
aos 4 ou 5 anos que se constroem os conceitos espaciais. Isso se dá de forma progressiva:
aprender a desviar de obstáculos, abaixar-se quando é necessário passar por baixo de
alguma coisa, descobrir caminhos diferentes para chegar ao mesmo lugar e, finalmente,
começar a compreender os trajetos que cada um percorre diariamente.

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O matemático francês Henri Poincaré já dizia que "para um sujeito imóvel não há
espaço nem geometria", o que ajuda a ressaltar a importância do movimento nessa fase do
desenvolvimento infantil.

Conclusão do Módulo 1
Parabéns por ter chegado até aqui!
Espero que tenha compreendido sobre o básico da Educação Infantil, o Papel dos
Pais na Educação, as diferentes Linhas Pedagógicas.
No próximo módulo estudaremos sobre Motricidade, Avaliações na Educação
Infantil, Importância da Música, entre outros conceitos interessantes.
Neste ponto encerra-se o módulo 1 do curso. Para passar ao módulo 2, faça a
avaliação deste módulo. Lembrando que cada curso é composto por 2 módulos. Ao final
dos 2 módulos você receberá seu certificado de conclusão do curso.

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