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EQUIPAMENTOS BÁSICOS PARA UM HOME STUDIO

Olá, gostaria de sugerir alguns equipamentos essenciais para você conseguir


um mínimo de qualidade nas produções, com uma boa relação custo-benefício.

Na minha opinião, um Home Studio deveria ter, pelo menos:

- 01 microfone multi-uso, versátil e confiável


- 01 pré-amplificador externo com alimentação Phantom Power
- Interface de áudio 24 bits, com 02 entradas (pelo menos uma do tipo INST)
- Par de monitores decentes
- Software de Gravação e Mixagem

Vamos ver abaixo mais detalhes sobre estes itens.

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MICROFONE

É melhor ter um microfone multi-uso de qualidade do que 2 ou 3 duvidosos.


Se fosse para escolher apenas um, fazendo um investimento duradouro, eu escolheria
um modelo a CONDENSADOR, com padrão CARDIÓIDE e cápsula GRANDE.

Como regra geral (geral, e não absoluta), os microfones a condensador possuem maior
sensibilidade para a captação de detalhes e transientes, oferecendo uma transparência na
gravação de vozes e instrumentos, se comparados aos modelos dinâmicos.

O padrão cardióide é o mais utilizado, possivelmente em 90% das gravações, com boa
rejeição da reverberação da sala e instrumentos que estejam fora da área de captação.

Cápsulas grandes tendem a gerar menos ruídos e são mais sensíveis.

Existem algumas dezenas de opções de microfones com estas características, numa faixa de
preços de US$80 a $200 (valor de mercado americano), entre eles:

- Audio-Technica AT-2020
- Studio Projects B1
- AKG Perception 220
- Audio-Technica AT-2035
- Studio Projects C1
- Samson CO1
- AKG Perception 120
- Samson CL7

Para este microfone multi-uso, não recomendaria um modelo abaixo desta faixa de preço.
Para a maioria dos equipamentos, inclusive os que veremos aqui, existe um limiar de custo
mínimo, abaixo do qual a qualidade cai consideravelmente.

Por outro lado, orçamentos maiores podem considerar modelos com o dobro do preço, para
uma maior qualidade e versatilidade. Gastos acima de $500 para o primeiro
microfone raramente se justificam.

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PRÉ-AMPLIFICADOR

Apesar da maioria das interfaces de áudio possuir ao menos um pré-amplificador integrado,


ele costuma ter qualidade bem inferior ao resto da cadeia de áudio, comprometendo o
resultado final da produção musical. Um pré de baixa qualidade pode distorcer o áudio e
adicionar ruídos, limitando a eficiência do microfone.

Um único pré-amplificador externo, de boa qualidade, pode ampliar radicalmente as


opções de gravação e tende a oferecer mais ganho (amplificação para sinais fracos), maior
transparência, medidor de nível, atenuador PAD, filtro de graves e facilidade de ajustes.

Muitos pré-amplificadores caros e tradicionais são famosos por alterar a sonoridade,


imprimindo uma característica própria que PODE ajudar alguns instrumentos e vozes.

Neste momento, em se tratando do primeiro pré, eu buscaria um modelo transparente, que


não altera o som e consegue suportar grandes variações de volume na fonte sonora.

Estas são algumas opções acessíveis:

- Presonus TubePRE
- Studio Projects VTB1
- Samson C-Valve
- ART Tube PAC

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INTERFACE DE ÁUDIO

Neste cenário, a interface somente terá a função de fazer a conversão A/D (analógico-digital)
para gravar as pistas no software e a conversão D/A (digital-analógica) para monitoração.

Uma entrada do tipo INST é essencial para a gravação de instrumentos que possuem
captadores, como guitarras e baixos elétricos. Modelos portáteis USB são acessíveis e podem
ser utilizados em diferentes situações, no estúdio, no palco, com notebook etc.

O driver da interface deve suportar algum padrão de baixa-latência, como o ASIO, disponível
para sistemas PC/Windows. Uma latência grande dificultará a monitoração de efeitos no
computador, retorno para os músicos, gravação MIDI e edições durante a mixagem.

Muitas interfaces oferecem monitoração com "latência-zero", permitindo que o sinal que está
entrando na interface para gravação seja copiado para a saída dos fones de ouvido. Assim, o
artista pode regular o volume do seu retorno e mixar pistas de playback em tempo real,
enquanto grava.

Existem literalmente centenas de opções de interfaces, com diferentes recursos e número de


entradas e saídas. Alguns recursos interessantes, mas não essenciais, seriam: mixagem
DSP, filtros, pad, taxas de conversão altas, entradas e saídas digitais.

Considere os seguintes modelos como boas opções ou referências para sua pesquisa:

- Lexicon Alpha
- M-Audio Fast Track
- E-MU 0202
- Tascam US-122L
- Presonus AudioBox

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MONITORES

Para muita gente, a palavra "monitor" remete a monitores de vídeo, usados nos computadores.
No Áudio, MONITOR refere-se à caixa acústica, ou a qualquer sistema de monitoração utilizado
para escutarmos o áudio que está sendo tocado, gravado ou mixado.

A importância de um bom monitor de áudio é facilmente compreendida quando fazemos uma


comparação com os monitores de vídeo.

Quando um profissional da Imagem (designer, ilustrador, cineasta, fotógrafo) realiza seus


trabalhos, é fundamental que seu monitor de vídeo seja calibrado e confiável. Somente através
de um bom monitor, o profissional poderá fazer julgamentos precisos de cores, brilho,
contraste, ruídos, aspecto, foco.
Por exemplo, se o monitor de vídeo "puxar" para o verde, o profissional tenderá a
diminuir o verde das imagens e certamente elas ficarão desequilibradas, mesmo que
pareçam perfeitas no seu monitor! Se o monitor for muito escuro, talvez o técnico adicione
um brilho excessivo. E assim por diante.

É por isso que os monitores profissionais são bem diferentes dos demais: qualidade,
confiabilidade, funcionalidades e preço.

Por outro lado, o monitor do consumidor (que será usado para a visualização do projeto final)
talvez não seja tão preciso. Mas nesse caso, não há o que possamos fazer! O importante é
termos um projeto equilibrado, que possa ser apreciado nos seus mínimos detalhes, afinal
nunca sabemos se o monitor do usuário será fiel, se estará bem regulado ou não...

Além disso, quando realizamos um trabalho através de um bom monitor, estatisticamente, a


apresentação final para o consumidor final tende a ser boa, MESMO em monitores de baixa
qualidade.

No Áudio é a mesma coisa. Quando gravamos, editamos ou mixamos, é fundamental usarmos


um sistema de monitoração CONFIÁVEL, que nos mostre a REALIDADE. Somente assim,
poderemos escolher microfones, ajustar posicionamentos, equalizadores, volumes,
compressores e outros efeitos, com segurança.

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O SISTEMA DE MONITORAÇÃO

Talvez a maior dificuldade seja compreender que o som que escutamos (oriundo dos
monitores) é na verdade uma COMBINAÇÃO do som direto que atinge nossos ouvidos e das
reflexões da sala.

Em outras palavras, não existe o som dos monitores, o que existe é o som do
conjunto Sala + Monitores!

A sala tem influência direta nos nossos julgamentos, e é por isso que tratamos o assunto da
Acústica numa das primeiras newsletters.

Uma sala não equilibrada, excessivamente "morta" ou "viva", que modifique a monitoração,
poderá comprometer todo o potencial do seu monitor de áudio. Não adianta comprarmos o
melhor monitor do mundo (se é que isso existe), se a sala modificar negativamente o som.

Nesse sentido, temos que fazer algumas considerações:

1) MONITOR PERFEITO: Mesmo que a sala possua um excelente tratamento acústico, ela
ainda terá características particulares (reverberação, dimensões, modos ressonantes,
superfícies reflexivas, posicionamento de móveis, pessoas, monitores) que "pedem" um tipo de
monitor. Um determinado modelo de monitor pode ser perfeito para sua sala, mas péssimo
para outra.

2) MONITORES PRÓXIMOS (NEARFILED): Podemos aproximar os monitores do ouvinte


(técnico), de maneira que a sala tenha MENOS influência no som monitorado.

3) FONES DE OUVIDO: Podemos utilizar fones de ouvido que, naturalmente, não são
influenciados pela sala.

Como poderíamos esperar, cada ponto acima implica em prós e contras:


1) Pelo motivo relatado, é IMPOSSÍVEL indicar modelos com segurança, sem antes
entender as características particulares da sala, dos demais equipamentos, da planta, geometria
e objetivos do projeto. Isto normalmente significa horas de testes, medições e audições. Sinto
informar (e talvez você estivesse esperando a dica do melhor monitor de R$1000), mas entre
todos os equipamentos que costumo avaliar e eventualmente indicar, os mais difíceis são os
monitores. Naturalmente, colocarei algumas opções de marcas e modelos numa faixa de preço
para Home Studios, mas nunca confie demais nesta lista (ou em qualquer outra que
encontrar!). A melhor solução sempre foi - e sempre será - fazer um TESTE REAL, na sua sala.
Se os fabricantes ou lojas permitissem este tipo de teste com mais frequência, tudo ficaria mais
fácil...

2) A monitoração "nearfiled" é possivelmente a melhor solução para Home Studios,


porque minimiza os efeitos da sala. Nesta configuração, os monitores estão a aproximadamente
01 metro, formando um triângulo equilátero com o ouvinte. Todos os monitores sugeridos
abaixo são do tipo nearfield. Normalmente, podemos melhorar MUITO o nosso sistema de
monitoração através do POSICIONAMENTO dos monitores e do ouvinte. Antes de comprar um
novo modelo, procure variar a posição dos monitores na sala, você pode ficar surpreso com o
resultado, justamente porque a interação com a sala varia! Via de regra, eles devem ficar
afastados das paredes (traseiras e laterais), formando uma simetria.

3) Utilizar fones de ouvidos é um bom recurso em diversas situações, mas NÃO


SUBSTITUI o uso de monitores tradicionais. Se por um lado a influência da sala é
anulada, por outro, surgem outros problemas. A noção de estéreo (palco sonoro) se torna irreal
e exagerada, dificultando o ajuste de panorama, e detalhes do áudio podem parecer mais
presentes, influenciando nos ajustes de volumes e efeitos. Os fones podem ser muito úteis
durante a edição do material, pequenos ajustes ou como monitores ALTERNATIVOS durante o
trabalho. Mas não recomendo que você se habitue a trabalhar com fones e nem confiar neles,
porque inúmeros técnicos e produtores já descobriram há muito tempo que isso não se traduz
em produções equilibradas. Acredite neles!

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EXEMPLOS DE MARCAS E MODELOS (US$200 a 300/par)

Em todo caso, aqui estão alguns modelos de monitores ativos, do tipo nearfiled, que
frequentemente habitam os Home Studios com bom desempenho (desde que a sala seja
tratada e eles estejam bem posicionados):

- Alesis M1 Active MkII


- JBL LSR2325P
- M-Audio BX5a Deluxe
- Mackie MR5
- Yamanha HS50M

Como quase tudo na vida, quanto maior o preço, normalmente melhor a qualidade. Quando
escolher seus monitores, repare se os tipos de conexões são compatíveis com seus demais
equipamentos, se possui circuito de proteção contra sobrecarga e uma resposta extensa nos
graves (tipicamente até 60Hz). Monitores muito pequenos podem exigir um sub-woofer
adicional, encarecendo o setup e complicando os ajustes de posicionameto.

Nos últimos anos, diversos fabricantes lançaram modelos de monitores com equalização
corretiva, que acompanham microfone de medição e software. A promessa seria "compensar"
as deficiências acústicas da sala. Costumo dizer que esta é uma solução "suja",
equivalente a compensar o excesso de sal na comida com açúcar!

Pode ajudar em alguns casos bem específicos, mas não resolve o problema, por dois motivos
principais: a equalização só funcionará para uma determinada posição da sala - e nem sempre
estaremos imóveis naquela mesma posição. E depois, porque este procedimento não modifica
em nada as características de reverberação da sala, que são tão ou mais importantes do que a
equalização durante a monitoração.

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SOFTWARE

Depois de experimentar vários pacotes de gravação, mixagem e produção musical, cada vez
mais acredito que o melhor DAW (digital audio workstation) que existe é aquela com o qual
temos maior familiaridade. A familiaridade se traduz diretamente em velocidade e criatividade.

Se você utiliza algum software de produção musical e já passou pelos difíceis meses
(ou anos!) de aprendizado - conhecendo os recursos, ferramentas, atalhos,
procedimentos - é muito provável que uma mudança de DAW não se justifique.
Continue com o mesmo!

Hoje em dia, a grande maioria dos pacotes oferece as MESMAS funcionalidades e qualidade de
áudio. Quando algúem diz que determinado software soa melhor do que outro, provavelmente
a culpa não é do software, mas sim de alguma configuração feita pelo usuário ou algum outro
equipamento na cadeia.

Com raras excessões, todos os principais pacotes podem gravar, editar e mixar com excelente
qualidade, suportando os principais plugins (marcas e modelos) do mercado, tanto em
plataformas WINDOWS quanto MAC. Da mesma forma, módulos e programas específicos de
GERAÇÃO de timbres, como samplers e sintetizadores, podem funcionar conectados a estes
pacotes sem problemas.

Voltando à analogia que fizemos no início, é sabido que o programa referência para
manipulação de imagem é o Adobe® Photoshop. Ele é praticamente um sinônimo de edição de
imagem, mas certamente não é a única opção. Existem vários pacotes tão poderosos quanto o
Photoshop, mas ainda assim, é recomendável que um profissional da área já tenha trabalhado
nele ou pelo menos tenha a opção de abrir arquivos do seu formato.

No Áudio, o equivalente seria o Digidesign® Pro Tools. Sem dúvida, é a linguagem universal
entre os estúdios de produção e, dependendo dos trabalhos realizados, é importante que o
produtor musical tenha um mínimo de familiaridade com este software.

Novamente, isso não significa que seja o "melhor", mais versátil ou mais fácil de se usar.
Sistemas Pro Tools requerem um hardware específico e não funcionam nativamente com os
populares plugins VST. Algumas DAWs alternativas, igualmente poderosas, são:

- Ableton Live
- Apple Logic Studio
- Audacity (freeware, mais simples)
- Cakewalk Sonar
- MOTU Digital Performer
- Propellerhead Reason (geração de áudio) e Record
- Reaper (shareware)
- Sony Acid Pro
- Steinberg Cubase e Nuendo

Procure se familiarizar com um ou dois destes pacotes e muito provavelmente estará apto a
realizar qualquer tipo de produção: gravação, edição, mixagem, masterização. Especificamente
na área de edição e masterização, existem também excelentes opções como o Steinberg
Wavelab e o Sony Sound Forge.

Antes de colecionar inúmeros plugins (como efeitos, synths e samplers), procure utilizar os
plugins que já acompanham o DAW. Digo por experiência: apesar de ter adquirido
inúmeros plugins ao longo dos anos, sempre ao final de um mês de trabalho,
provavelmente acabei utilizando os mesmos 3 ou 4 com os quais já estou
acostumado.

No final das contas, um equalizador é um equalizador. E um compressor é um compressor.


Dificilmente o modelo do plugin fará tanta diferença no resultado final quanto o domínio sobre
a ferramenta, um bom sistema de monitoração e ouvidos treinados. O mesmo conceito pode se
extender a reverbs, delays e samplers. É tudo uma questão de preferência pessoal, muito mais
de familiaridade, do que qualidade de áudio.

Em resumo, não acredite que um novo software ou um determinado modelo de plugin possa,
de uma hora para outra, melhorar sua capacidade de produção musical. Poderíamos dizer o
mesmo de microfones, prés e interfaces. Primeiro devemos explorar ao máximo os
equipamentos que já temos, para depois descobrir na prática o que está faltando e como
podemos adicionar uma cereja ao bolo!

Frequentemente, recebo emails que perguntam sobre equipamentos, se recomendo


o modelo X ou o modelo Y, o que acho de determinado monitor ou interface de
áudio. Desde que o equipamento tenha um mínimo de qualidade (e isso é fácil de descobrir!),
minha resposta provavelmente será a mesa: acho que este modelo é mais do que suficiente
para você realizar excelentes trabalhos.

Lembre-se: primeiro vem o CONHECIMENTO, através de prática e normalmente, anos de


estudo, erros e acertos. Depois, vêm acústica da sala, elétrica, uso correto de equipamentos,
técnicas de captação, músicos, instrumentos, composição, planejamento - não necessariamente
nesta ordem. Por fim, os equipamentos em si!

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ACESSÓRIOS

Nunca é demais ter pelo um destes na manga, o que pode salvar o seu dia:

- Cabo de microfone longo, 10m ou mais, de boa qualidade (ou seja, não aquele mais
baratinho!)
- Afinador de guitarra / baixo elétrico
- D.I. box - para captação de sinais mais limpos e naturais de guitarras, baixos, teclados e
outros instrumentos elétricos
- Medidor de Decibel (decibelímetro) - para calibragem do volume de monitoração e escolha
de microfones durante gravações
- Um par de caixas alternativas, de baixa qualidade - para testar a mixagem / masterização
em um sistema de monitoração deficiente (que tal aquele mini-system encostado no armário?)
- Dois pedestais para microfones, com ajustes de altura e angulação
- Gravador portátil, mesmo que bem simples - para registro de ensaios e testes
- Protetor auricular - para as longas horas de gravação e ensaio
- Saquinhos de SILICA-GEL - para evitar umidade nos microfones e equipamentos
- Adaptadores para conectores (P2-P10, mono-estéreo, XLR-P10, inserts, RCA-P10 etc.)
- Disco rígido externo ou Pen Drive de alta capacidade - para backups e gravações externas
- Filtro Anti-Pop (ou anti-puff) - para microfonação de vocais e alguns instrumentos
- CDs virgens e Caneta para CDs

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Espero ter ajudado um pouco mais!

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