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FUNDAMENTO DA OPÇÃO
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emigração ordenada, com vista a uma efectiva ocupação do território,
com o surgimento de pólos de urbanização e desenvolvimento.
A inventariação sistematizada das disponibilidades em solos com
elevado potencial de irrigação, já foi efectuada por Castanheira Diniz,
Barros Aguiar e outros estudiosos que calcorrearam o país de lés a lés e
as suas obras estão disponíveis para consulta.
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de complexos sistemas de bombagem, canais de condução de água ou
construção de tanques para posterior distribuição às áreas a irrigar.
Na região, a implementação de projectos de irrigação conhece
grande desenvolvimento e algumas tecnologias vêm sendo introduzidas
com muito sucesso. É o caso da rega por micro-aspersão na Fazenda
Lussumbo, a rega com pivot central nas Fazendas Kala-Kala e Neves e
Neves, no Kikuxi onde várias propriedades têm implantado tanques
reservatórios revestidos com venil e fazem uso da rega por aspersão
clássica. Também no Calumbo, onde se podem encontrar vários
sistemas de rega: pivot central na Fazenda Kissama, micro-aspersão na
Agropecind e sistemas clássicos de rega por inundação.
O projecto Kala-Kala (Mazoso - Catete), levado a cabo pela
Odebrecht, é um exemplo do que deve ser feito em matéria de agricultura
para produção em escala.
Foram aí implatados três pivot centrais, sendo dois de 70 ha e um
de 100 há. Em consequência disso, colhe-se aí já, duas vezes ao ano,
milho, batata e feijão, com rendimentos de 4 tn/ha de milho que, em
condições normais, não passaria dos 300 kg/ha.
Na Fazenda Lussumbo, leva-se a cabo um projecto frutícola para
45.000 pés de mangueiras irrigadas com micro-aspersão, estimando-se
uma produção média por pé ao 3º ano, de 450 kg. Para esta fazenda
estão projectados dois pivots, aguardando por financiamento.
O Kikuxi, onde tem lugar um forte programa de venda de plantas
fruteiras, começa a dar ao surgimento de uma futura área frutícola por
excelência, prevendo-se que venham a ser comercializadas nos próximos
dois anos 185.000 pés de mangueiras, estimando-se uma produção
média de 350 kg/pé. A particularidade do Kikuxi é que as propriedades
são de 6 a 11 há e há maior diversidade de culturas. Introduzir nesta área
a micro-aspersão para uma melhor optimização da rega das fruteiras,
será um desafio dos próximos tempos. Alargar os sistemas de
distribuição de água ao longo dos 12 km do canal do Kikuxi, viabilizaria
mais 1.500 a 2.000 ha de terras, o que equivale a dizer 16.000 tn de grão
por ano, 45.000 tn de fruta, 2.000 empregos fixos e 155 empresas
agrícolas, para além de 108 milhões e 500 mil dólares de facturação, se
admitimos que cada empresa anualmente facture 700 mil dólares.
A Região do Sumbe está enquadrada no perímetro das
Cachoeiras à Escarpa do Amboim, ao longo do rio Keve ou Kuvo.
Para aproveitamento desta área, sugere-se a combinação do
sistema de rega mecânica com a rega por gravidade ou a pé, de que há
prática da região. Referem-se, por exemplo, as fazendas Kissute e
Canembe, com canais construídos pelos próprios.
A reabilitação dos canais existentes, fazendo integrar a iniciativa
privada bastante bem estabelecida, permitiria viabilizar 45.000 ha de
terras agricultáveis.
A introdução do pivot central na localidade denominada Zâmbia
faria surgir um polo de intensificação para a produção em escala e um
perímetro irrigado de grande soberba para as culturas da cana-de-
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açucar, palmar, milho, algodão, girassol, soja, feijão, citrinos, maracujá,
goiaba e outras tropicais, com boas condoções de desenvolvimento.
A construção de um canal com cerca de 6 km a partir da derivação
a montante das quedas das Cachoeiras permitiria a cultura regada do
Vale do Chole-Chole. Para esta região, a introdução de matrizes de
fruteira devidamente seleccionadas com particular realce para os citrinos
e palmar, faria desenvolver uma zona de considerável especialização,
utilizando-se a rega por micro-aspresão para expandir as plantações para
fora dos vales onde actualmente são praticadas, aproveitando melhor as
encostas e os relevos ondulados.
Investir num mínimo de 8 pivot centrais para 70 ha cada um,
representaria uma área de produção anual de 560 há, o que equivale a
dizer 33.600 tn de grão, 1.120 tn de feijão, 11.200 tn de forragens, 1.560
tn de batata, 1.120 empregos fixos e mais de 110 milhões de dólares em
facturação, considerando aqui as produções de óleo de palma e banana.
Na Região de Benguela, o desenvolvimento dos vales da
Catumbela e do Cavaco disponibiliza uma área de 8.000 ha de terras
agrícolas entre duas grandes cidades (Lobito e Benguela), com uma
expansão demográfica e assentamentos humanos ao longo de todas as
montanhas que dlimitam o vale, desde o Liro à Nossa Senhora da Graça.
O Vale da Catumbela, antes explorado unicamente pela açucareira
da Catumbela, está em reconversão, começando a ser loteado e cedido a
várias entidades para exploração. Possui um conjunto de infra-estruturas
hidráulicas, antes utilizadas para a rega de cana-de-açúcar em regime de
monocultura e propriedade de uma mesma entidade.
Estas infra-estruturas, que compreendem um açude de derivação,
um canal principal com cerca de 45 km, obras hidráulicas de regulação
de níveis e comportas, vertedores, pontes suspensas, bay passes para
passagem de veículos, sifões, canais secundários e terciáreos, redes de
drenagem num intrincado sistema que tem só 275 km (a distância que
cobre Luanda a Ndalatando), precisam de trabalhos de engenharia para
a sua reabilitação e adaptação ao novo sistema de exploração, que se vai
pondo em prática de modo desordenado.
Caso esta intervenção não seja feita, corre-se o risco muito sério (e
quero deixar aqui bem expressa a adevetência) de se salinizarem os
solos e de se forçar a subida do nível friático em mais de um terço do
vale, tornando inviável a prática de culturas com tradição. Por outro lado,
a não a não optimização do sistema de rega não permite a irrigação dos
blocos mais distantes do ponto de captação, forçando os agricultores a
abrir furos para a rega, com as consequências que daí advêm pela
utilização de água salobra com elevados índices de Na Cl+.
A intervenção neste vale permitiria o assentamento de pelo menos
100 agricultores, com áreas de até 2,5 ou 3 ha.
Poderia esperar-se uma colheita anual de 6 mil toneladas de
cereais, 40 mil tn de banana, 10 mil tn de mamão e 80 a 100 mil tn de
hortícolas diversos.
Estariam assim garantidos 12 mil postos de trabalho fixos e uma
renda anual de 180 milhões de dólares americanos.
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O Vale do Cavaco, que se estende desde a zona das Bimbas (na
cidade de Benguela), implantada na margem esquerda do rio Cavaco,
tem cerca de 2.500 ha de terras agricultáveis e mais de 1.000 ha no
conjunto de pequenos vales subsidiários.
Está praticamente todo parcelado e ocupado com propriedades
agrícolas, que utilizam poços de captação de água subterrânea para a
prática da agricultura irrigada. Tem problemas inerentes a esta prática
que põe em risco a salinização dos solos, em consequência do
abaixamento da toalha freática. O rio Cavaco é de carácter sazonal,
tendo por isso construída a barragem do Dungo no rio Coporolo e uma
conduta de derivação de caudais com cerca de 8 km, com um débito de 5
m3/s, garantindo desta forma o regular reabastecimento da napa freática.
Esta obra de engenharia, absolutamente necessária ao
aproveitamento agrícola da região, vem decaindo de modo assustador.
Adicionalmente, é necessário realizar obras de controlo das cheias que
sobrevêm durante a época das chuvas no Planalto Central e provocam
enornes prejuízos às culturas e uma importante redução dos solos
aráveis, que são arrastados pelas enxurradas e transportados para o
mar. Estes fenómenos erosivos decorrem de falta de investimento em
obras de regularização do rio Cavaco, nos três últimos troços.
Encontravam-se registados no Gabinete de Desenvolvimento do
Cavaco, 265 agricultores com parcelas variáveis, sendo as mais
expressivas de 50 ha.
O Cavaco pode proporcionar colheitas anuais que se estimam em
65.000 tn de banana, 15.000 tn de mamão, 125.000 tn de hortícolas,
6.600 empregos fixos e uma renda anual de 115 milhões de dólares.
Quer o Vale do Cavaco, quer o Vale da Catumbela, exigem uma
gestão técnica adequada do maneio da água e dos solos e uma prática
de rotação de culturas, para que se consiga uma redução da população
de nemátodes do solo, cuja infecção atingui níveis preocupantes devido à
prática de longos anos de nomencultura. Estas áreas, entre dois grandes
polos urbanos e com um porto internacional, um aeroporto capaz de
receber aviões de grande porte e sendo uma porta para o interior servida
de redes viárias e uma linha férrea transafricana, são como um autêntico
oásis no enquadramento paisagístico para quem desce a cadeia marginal
de montanhas.
A Região do Cunene, servida essencialmente pelo rio Cunene, é
de longe a área com as melhores condições para o estabelecimento de
ambiciosos projectos de irrigação, que podem encontrar espaço desde a
Barragem da Matala à fronteira com a Namíbia.
É também a região com maior número de estudos de
aproveitamento hídrico, pelo interesse que despertou às autoridades
portuguesas e sul-africanas no período que antecedeu a Independência
Nacional, com o intuito de construirem aí o cinturão branco. Previam os
portugueses alojar na 1ª fase 500.000 famílias e vários perímetros
irrigados começaram a ser estabelecidos na região. O potencial pecuário
da região detido pelo sector tradicional ronda o milhão de animais, que
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anualmente percorre mais de mil quilómetros em busca de água e
pastos.
Não é possível descrever esta região no espaço que me é
reservado nesta comunicação, pois correria o grave risco da omissão de
factores e elementos de que hoje disponho - por muito ter discutido com
as populações e com as autoridades locais, a melhor estratégia para o
Cunene.
Recordo apenas que um dos grandes argumentos da invasão sul-
africana foi a protecção da barragem hidroeléctrica do Luacana e da
barragem do Calueque, esta última, construída para a derivação de água
do Cunene para o norte da Namibía ao longo de um canal de mais de 30
km e o grande aproveitamento agrícola denominado “Etunda”. O projecto
“Etunda”, na Namibía, compreende sistemas de rega de pivot central,
micro-aspersão e gota-a-gota, em mais de 1.600 ha. Uma parte
importante dos caudais, vem sendo armazenado em grandes albufeiras e
vales especificamente construidos para o efeito.
O perímetro da Matala, já construído e com assentamentos
estabelecidos, parece-nos ser demasiado importante para não ser
referido, até porque a sua defesa do ponto de vista militar é justificada
pela presença da estação hidroeléctrica que abastece as províncias da
Huíla e do Namibe. A sua reabilitação exige intervenção nas obras de
engenharia, já estabelecidas e de certo incontestáveis do ponto de vista
técnico e económico. A sua limitante de momento é de natureza militar,
pois situa-se na fronteira das terras altas e do complexo do milho de
sequeiro (Quipungo, Caconda, Gove), bastante fustigadas pela guerra,
que de tempos em tempos promove assaltos para roubar gado e
alimentos das populações.
Na região do Humbe-Quiteve, vários estudos de ordenamento
começaram a ser elaborados e ensaios experimentais foram realizados
no Matunto, com utilização de vários sistemas de rega e de culturas, com
resultados francamente animadores.
Elegeria esta região que faz fronteira com o Cafu e se estende até
Xangongo, para implantar os primeiros sistemas de rega para a prática
da agricultura intensiva, demarcando-se aí um perímetro não superior a
2.000 ha.
Ouso propor que para aí se dirijam os grandes projectos florestais
que permitam instalar polígonos de até 65.000 ha de eucalipto, na
perspectiva de industrialização da pasta de papel e de produção de
postes para as cercas de propriedades agro-pecuárias e de condutores
de electricidade para as áreas rurais. Pode destinar-se 45.000 ha para
produção de cana-de-açúcar (que encontra condições climáticas
extraordinárias ao seu desenvolvimento), para além de 2.000 ha de
fruteiras tropicais e asiáticas - que têm mercado na região da Ásia, para
onde se dirigem os futuros mercados de competição se quisermos ter na
agricultura um forte contribuinte das finanças públicas no próximo futuro.
A associação de cereais (milho, massango, massambala) em rotação
com algodão, girassol, amendoim e feijão, dariam volumes de produção
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interessantes para circulação de mercadorias, o que daria um impulso ao
desenvolvimento do corredor internacional do Namibe.
No nosso conceito, o gado é um factor de estabilização financeira
da propriedade agrícola, como o são as fruteiras. O gado deverá utilizar
os sub-produtos das culturas alimentares, principalmente dos cereais,
mas (no dizer dos zootecnistas), sem competir com o homem.
Por isso, é absolutamente imprescindível começarmos a considerar
a sua intensificação através da plantação de pastagens melhoradas e
mais produtivas, capazes de gerar volumes de massa verde que possam
ser traduzidos em carne convertida. Assim se conseguirá uma maior
sedentarização dos povos pastores, uma melhoria da sua condição de
vida e da educação para os seus filhos, a protecção do ambiente e uma
maior disponibilidade de terras.
O Cunene merece isso e muito mais. Pode inclusivamente tornar-
se na versão angolana do Nordeste Brasileiro - que de exportador de
mão-de-obra para a Santa Catarina e regiões então mais promissoras,
passou a ser importador de capitais e de investidores dessas regiões e
até mesmo do estrangeiro, com o grande desenvolvimento induzido pelos
grandes projectos de aproveitamento hidro-agrícola dos Vales de São
Francisco e outros que exportam hoje os seus produtos para os Estados
Unidos e Europa. Como se vâ, do Brasil, país irmão, onde facilmente se
pode ir beber, aprender, discuitir e inquirir em língua portuguesa, pode-se
ir buscar muita experiência.
CONCLUSÕES
NOTAS
BIBLIOGRAFIA
• Ário Lobo AZEVEDO et al. 1972. Caracterização sumária das condições ambientais
de Angola, Nova Lisboa: Universidade de Angola
• Castanheira DINIZ & F. Barros AGUIAR. 1969. “Inventariação das potencialidades
para o regadio no Centro-Oeste de Angola”, IIA, série técnica, nº 7
• Castanheira DINIZ & F. Barros AGUIAR. 1998. Zonagem Agro-Ecológica de Angola.
Aptidão agrária das terras
• Castanheira DINIZ. 1970. “Zonas seleccionadas para a instalação de novas
açucareiras”, IIA, série técnica, nº 17
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• Castanheira DINIZ. 1974. “Os solos do Vale do Cavaco. Sua aptidão e utilização
com o regadio”, IIA, série científica, nº 36
• ICID Question 42. 1990. “The influence of irrigation and drainage on the environment
with particular emphsis on waters”, 14th Congress on Irrigation and Drainage (Brasil)
• Ricardo SERRALHEIRO. 1981. Hidráulica Agrícola, vol. I, s/l: Faculdade de Ciências
Agrárias
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