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QUARTO MOVIMENTO – HERÓIS ANÔNIMOS

O telão passa a exibir imagens relacionadas às lutas históricas do movimento


negro dentro e fora do Brasil e a iconografia disponível sobre os Lanceiros
Negros.]
(aparecem Zumbi, Dandara dos Palmares, Abdias Nascimento, Carolina de
Jesus, Teodoro Sampaio, Luiza Mahin, Oliveira Silveira, Conceição Evaristo,
André Rebouças, Lima Barreto, Juliano Moreira, Grande Otelo, Malcolm X,
Martim Luther King, Angela Davis, Nilo Peçanha, Cruz e Souza, Milton Santos,
...)

[Entra um ator representando general comandante, montado sobre uma caveira


de boi acompanhado de soldados brancos.

Entram os Lanceiros em cena coreografada. Suas figuras sugerem o


movimento estilizados dos Orixás. Estão com suas lanças.

GARIBALDI Um comandante branco montado sobre uma carcaça de boi.


Tira uma carta do bolso e lê.
“São soldados de uma disciplina espartana, que com seus rostos de azeviche e
coragem inquebrantável, punham verdadeiro terror ao inimigo. (…) Nunca vi,
em nenhuma parte, homens mais valentes, em cujas fileiras aprendi a
desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações.”
Retiram as lanças dos Lanceiros e as coloca em um suporte a frente do palco
formando uma cerca ou uma cela.

(Durante a fala uma milonga com roupagem de rock)

Comerciantes e alto clero,


Militares e estancieiros,
de início, na cogitaram
ter escravos nas fileiras

Porém, lutam Lanceiros Negros.


E, quando a guerra é exaurida
quem comanda, quem assina
essa morte descabida?

As vésperas do Armistício,
em nome de triste sina,
os desarmados lanceiros
são entregues à chacina
Que sanguinário conchavo!
Que intuito mais atroz!
Quem do império foi carrasco
Quem. Dos Farrapos, algoz?

Seriam os escravos libertos


Senhores de sua alforria,
Mau exemplo à escravatura
Cujo ciclo se exauria?

Cena com as quedas. Hino farroupilha que toca a até... Mas não basta pra ser
livre, ser forte aguerrido e Bravo! PAUSA
Entram mulheres negras negra e fala. Povo que é lança e virtude, a clava que
ver escravo. Todos repetem e se levantam em coro. (frase projetada sobre o
telão)
Formam um bloco e levantam as mãos num gesto dos Panteras Negras. (black
out. Com efeito de luz negra sobre luvas se vê apenas os punhos erguidos)
Rajada de tiros e um deles cai e é amparado pelos demais.

Os lanceiros, literalmente em farrapos, carregam até o centro do palco o


cadáver de um quinto, que depositam no chão. Uma moça, também negra,
surge da coxia aos prantos, agitando asas de desespero. Se debruça sobre o
corpo inerte e chora convulsivamente. Bem mandados, os peões a arrancam
do solo e a entregam ao fazendeiro, que lhe oferece um abraço licencioso,
quase à beira do estupro.]

As outras mulheres negras se insurgem e impedem esta tentativa de violência.


Encontrar a solução

Retiram as lanças que formavam a cerca.

Lanceiros e mulheres cantam

Mas que Carta é esta Carta


que a história não distingue?
É um ofício de Caxias
Ou diatribes do Moringue?

Mas que Carta é esta Carta


Por essa porta não passa.
De um guerreiro fez um vil
E de Porongos, Trapaça.

Mas que Carta é esta Carta


Que sua tina não se enxuga?
Tem o timbre dos falsários
e passaportes de fuga.

Mas que Carta é esta Carta?


Com seus pontos reticentes
“Salve-se a gente branca”.
Caxias nunca desmente.

Mas que Carta é esta Carta


De autor ainda oculto?
Madrugada, nos museus
Muitos já viram seu vulto.

Final formam um pelotão com as poses dos Orixás

CORO (não sei se usaremos)


“O teu nome cruza o tempo
Canabarro, Canabarro!
Foste herói ou traidor
em teu destino bizarro?
Canabarro, Canabarro
que o amor não te distraia.
Em vez de poncho e garrucha
Te serve um rabo de saia?
Canabarro, Canabarro,
o guerreiro quer repouso.
A sua espada provoca
suspiros e gritos de gozo.”
Atores Orixás palhetas de cores saudação
Wagner – Ogun verde e vermelho Ogunhê
Sandro – Bará vermelho e preto Alupo
Juliano – Xapanã Roxo ou vermelho e preto palha Abaô
Beto – Oxossi Azul marinho Oquê
oquebamo ou Oke Okebambo
Igor – Xangô Vermelho e branco Kaô Kabecile
André – Oxalá branco Epaô Baba
Juliane – Iansã Vinho ou marrom Eparrey
Silvana – Yemanja azul claro Odoyá
Fabi - Oxum Amarelo ouro Ora ye ye ô

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