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Trabalho de produção criativa

Professora Janice do Carmo Demuner Magalhães

Disciplina: Ética profissional

Foi em março do corrente que conhecemos a poetisa Elizandra Souza, quando


declamou o que chamamos aqui de um "grito de guerra", em um evento sobre
literatura africana e afro- brasileira aqui mesmo na UFES. O nome de sua obra
literária: "Águas da Cabaça" e o nome da poesia: "Em legítima defesa". Na
ocasião, soou a dúvida sobre a possível "agressividade" contida em seus
versos...entretanto, o tempo vem passando e a cada dia torna-se mais e mais
evidente o rumo brutal que nossa política de governo atual vem
tomando...cujas mãos correm o sangue das mulheres, dos negros, gays,
ciganos, obesos, das mulheres pretas...

A escolha desta "poesia- denúncia" diz de nossa angústia. Não queremos


matar nem trucidar, nem devolver nos mesmos modos o troco da dor do nosso
povo...mas, entendemos, nesse contexto, que gritar pode aliviar as angústias e,
se estamos aqui em vias de produção e constituição de um "devir ético", nada
mais perspicaz do que começar com uma denúncia, e fica a provocação
perturbadora: se não nos cabe gozar de um crime que uma mulher, porventura,
tenha cometido, quanto de criminoso há "na ética" que nos silencia, nos
amordaça, emudece e violenta, cotidianamente? E não só de morte física
falamos ...

Talvez esse grito nos ajude a aliviar, ajude a gente a tirar o nó da garganta, por
que quando nos encontramos para produzir o trabalho éramos só paralisia.
Gritamos aqui contra todas as produções mortíferas e empobrecedoras de nós.
Especialmente estas sendo produzidas imediatamente e já, contra a mulher
negra, por temer.

Alunas: Mariana Soares Justino e Valéria Moreira Teriquelhe

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