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Recife, 29 de Maio de 2007.

Ilmo. Sr.
Dr. Roberto Peixe
M.D. Secretário de Cultura
Att. Dr. Fernando Coelho – Assessor Jurídico da SECULT

Senhor Secretário,

Através do presente expediente, vimos trazer oficialmente à ciência de V.Sa. assunto de


extrema gravidade para nós, músicos da Orquestra Sinfônica do Recife e da Banda Sinfônica da
Cidade do Recife, dado o caráter deletério com que incide em nossas vidas, com sérias repercussões
de caráter financeiro, além de albergar espúrias intenções que denotam a prática de assédio moral,
atitude extremamente condenável nas relações trabalhistas, e que, portanto, maculam a imagem de
um governo democrático, eleito precipuamente pela classe que representa – a trabalhadora – e que,
portanto, estamos certos, não há de concordar ou compactuar com tal ordem de ações.

Como é do conhecimento dessa Administração, os baixos salários que os músicos da PCR


percebem são um problema histórico, que traz para a mais antiga Orquestra Sinfônica em
funcionamento neste País e para a Banda da Cidade do Recife o paradoxal título de uma das piores
remunerações nacionais, entre as instituições congêneres.

É inegável o esforço que vem sendo posto em prática pela atual Administração, no sentido de
minimizar tais distorções, o que tem sido feito, todavia, através de medidas paliativas como o
reajuste da ajuda de custo por realização de concertos, além da permanente disposição em dialogar e
inteirar-se das necessidades e carências salariais e humanas de nossa classe. É mister enfatizar-se a
sempre sensível e atuante participação do Dr. Fernando Coelho – Assessor Jurídico desta
Secretaria de Cultura – que tem desenvolvido incessantes esforços para a valorização humana,
profissional e salarial de nossa categoria, o que desde já reconhecemos.

Na contramão da sensibilidade e atuação a favor da classe trabalhadora, contudo, parte


minoritária desta mesma Administração, à revelia da cadeia hierárquica à qual está subordinada e
com o nítido intuito de assediar moralmente os músicos, além de exercer uma perversa,
incompreensível e injustificada perseguição, vem atuando no sentido de desestabilizar as relações
de confiança estabelecidas entre nós e esta Administração.

Referimo-nos ao Ofício 01/2007–OSR (em anexo) encaminhado diretamente pela


Administração/Direção Artística da OSR à Secretaria de Assuntos Jurídicos da PCR, questionando
a legalidade de uma prática que já existe a nove anos no concernente à referida ajuda de custo, e
aprofundando, por conseguinte, além de outras, as distorções a seguir salientadas, que indignariam
mesmo o mais insensível dentre os seres humanos:

Terão os salários reduzidos à metade (com a suspensão do pagamento da ajuda de custo) os


músicos que:

a) Se ausentarem do trabalho em virtude de licença médica – como é o caso do trompetista


Antônio Carlos Oliveira, que está submetendo-se a tratamento quimioterápico em virtude de
câncer e que teve no mês em curso, seus vencimentos descontados do valor da ajuda de
custo;
b) Se ausentarem do trabalho, por motivo de doença em pessoa da família – como é o caso da
também musicista da OSR, Jaciara Freitas de Oliveira, esposa do músico Antônio Carlos
Oliveira, que necessitou de licença para acompanhá-lo, conforme garante-lhe a lei, e que
também teve no mês em curso, o desconto da ajuda de custo em seus vencimentos;
c) Entrarem no gozo de Licença Prêmio;
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Músicos da Prefeitura do Recife (OSR e BCR)
Manifesto contra o corte da ajuda de custo em caso de licença médica

d) Entrarem no gozo de Licença Gestante;

Embora a prática de anos não enseje presunção ou garantia de legalidade, é pacífico o


entendimento de que os citados penduricalhos são uma forma de minimização das distorções
salariais dos músicos do Recife, compatibilizando os parcos salários com as disponibilidades
financeiras da PCR. O que, contudo, agride o bom senso, além do senso de justiça comum, é a
atitude arbitrária, unilateral e sub-reptícia de, à revelia desta Secretaria de Cultura, dos músicos da
OSR e BSCR, fazer-se consulta direta à SAJ, com o claro objetivo de, discricionariamente, aplicar o
conceito de “justiça” dos responsáveis por tal iniciativa, aos músicos, ampliando ainda mais as
distorções já existentes, e gerando dramas humanos como os das situações acima relacionadas. Esta
é certamente uma situação à qual se pode aplicar a sábia máxima de que “Direito e Justiça nem
sempre andam de mãos dadas”.

Ante a situação geral de indignação dos músicos da Orquestra Sinfônica do Recife e da


Banda Sinfônica da Cidade do Recife pela situação gerada, vimos apelar mais uma vez ao bom
senso e sensibilidade do Secretário de Cultura da PCR no sentido de que, relativamente à situação
de nossa classe, digne-se a acolher nosso pleito – já há cerca de três anos sucessivamente reiterado –
incorporando a ajuda de custo ao salário base, e implementando o Plano de Cargos, Carreiras e
Salários da categoria. Esta medida, certamente, será uma resposta onde legalidade e justiça serão
contempladas no atendimento aos anseios de nossa classe.

Contudo, a doença, a humilhação, o desespero de quem vive de salário e, em meio a uma


situação desesperadora vê seus vencimentos cortados, não podem esperar, razão pela qual
solicitamos o empenho de V.Sa. junto às instâncias competentes para sanar esta grave injustiça
perpetrada por pessoas que, certamente, tendo bem melhores remunerações que as dos músicos, não
têm olhos para ver a afronta ao ser humano que cometem, sob a desfaçatez de teórica preocupação
com a legalidade.

Finalizamos ressaltando que as instituições OSR e BSCR não são simplesmente entidades
abstratas, com títulos como “a mais antiga em funcionamento no País” como o caso da OSR, ou que
podem ser “valorizadas” por outros adjetivos pomposos, mas, antes de tudo, entidades formadas
por seres humanos, que têm carências, necessidades e, sobretudo, sensibilidade. Isto nos deixa à
vontade para dirigirmo-nos a V.Sa. e lembrar que as ações pelas quais esta Administração será
lembrada serão, sobretudo, as que valorizem e garantam a dignidade do ser humano, pois, afinal de
contas este é um governo dos trabalhadores, eleito pelos trabalhadores, e que tem por filosofia de
ação: “a grande obra é cuidar das pessoas”.

Atenciosamente,

Músicos da Prefeitura do Recife: (OSR e BSCR)

Representante do Sindicato dos Músicos

Valdemar Pedra Rica Filho


Presidente Conselho Regional dos Músicos -OMB

Comissões de representação da OSR E BSCR


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