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Julho/2018
RESUMO: O Business Model Canvas é uma ferramenta utilizada para se desenhar modelos de
negócios existentes ou em desenvolvimento. As empresas criativas, como as startups,
necessitam de ferramentas flexíveis como esta para poderem adequar seus modelos às novas
tendências e necessidades do mercado de forma ágil. A pesquisa objetiva analisar a utilização
do Canvas por essas empresas. Assim, o estudo é relevante para se verificar em que momento
as empresas criativas mais se beneficiam da ferramenta e de que forma ela pode ser útil para
demais empreendedores que lidam com modelos de negócio inovadores. Realizou-se um estudo
exploratório, através de um levantamento bibliográfico e pesquisa qualitativa com
empreendedores criativos de Goiânia. A pesquisa foi realizada com onze empreendedores, que
responderam a questionários elaborados pela ferramenta Google Docs. Os resultados permitem
concluir que os empreendedores conhecem e aplicam a ferramenta para a representação de seus
modelos de negócios, e a utilizam principalmente nos estágios de concepção e estruturação de
uma ideia de negócio.
Palavras-chaves: Empresas criativas. Startups. Business model canvas. Modelo de Negócios.
ABSTRACT: Business Model Canvas is a tool used to design existing or developing business
models. Creative companies, such as startups, need flexible tools like this to be able to adapt
their models to new market trends and needs in an agile way. The research aims to analyze the
use of Canvas by these companies. Thus, the study is relevant to verify when creative
companies most benefit from the tool and how it can be useful for other entrepreneurs who deal
with innovative business models. An exploratory study was carried out, through a
bibliographical survey and qualitative research with creative entrepreneurs from Goiânia. The
survey was carried out with eleven entrepreneurs, who answered questionnaires prepared by
the Google Docs tool. The results allow to conclude that entrepreneurs know and apply the tool
to represent their business models, and use it mainly in the stages of designing and structuring
a business idea.
1. INTRODUÇÃO
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Business Model Canvas: Uma Análise Da Ferramenta Aplicada Ao Desenvolvimento De
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Startup pode ser considerada uma empresa nova, até mesmo embrionária, que traz
consigo projetos promissores ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de novas
ideias e cujos custos de manutenção sejam baixos, além de ter um grande potencial de
lucratividade e escalabilidade (GITAHY, 2010). O termo startup se tornou popular
internacionalmente durante a bolha da internet, quando um grande número de empresas
pontocom foram fundadas. Essas empresas, geralmente ligadas a área de tecnologia, surgem de
um processo criativo onde se busca suprir uma demanda muitas vezes oculta que dificilmente
seria suprida por métodos convencionais. Os riscos envolvidos no negócio também são
características inerentes às startups (GITAHY, 2010). Saber controlar e superar estes riscos é o
que definirá o sucesso ou insucesso destas empresas. Para tanto, é essencial que o empreendedor
saiba exatamente onde pretende chegar com seu negócio e qual o caminho a ser seguido.
Assim sendo, uma ferramenta como o Business Model Canvas proposta por Alexsander
Osterwalder e Yves Pigneur em 2010, pode ser de muita utilidade. Segundo Bonazzi e Zilber
(2014) considera-se o BMC o mais completo dos modelos na teoria de modelo de negócio, por
abordar de maneira detalhada o relacionamento de todos os componentes organizacionais
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internos e externos, bem como por evidenciar como essas se relacionam para criar e capturar o
valor proposto pela organização.
Desta forma o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a utilização do
Business Model Canvas pelas empresas criativas. Para tanto, foram estabelecidos como
objetivos secundários: i) verificar se a ferramenta é utilizada pelos empreendedores; ii) entender
em qual estágio da empresa o Canvas é mais utilizado. De forma a alcançar esses objetivos, no
primeiro momento foi revista a literatura acerca de economia criativa, as definições de modelos
de negócio e o Business Model Canvas. Em seguida, descreveu-se a metodologia do estudo,
sendo analisados, na sessão seguinte, os resultados alcançados. Por fim, foi delineada a
conclusão.
Miguez (2007) aponta que a expressão economia criativa tem seu primeiro aparecimento
em 2001, em matéria de capa da revista Business Week. No mundo acadêmico, Miguez ressalta
que apenas no fim de 2002 passou a haver um estudo mais organizado sobre o tema, a partir de
do evento ocorrido na Austrália, intitulado New Economy, Creativity and Comsumption
Symposium, que reuniu diversos estudiosos e pesquisadores de várias instituições como o
Massachucetts Institute of Technology, com o objetivo de refletir sobre os impactos sociais e
culturais da economia criativa, e construir uma agenda dedicada ao tema.
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Osterwalder (2004 apud Orofino, 2010) traz que modelo de negócio é uma
representação lógica do negócio de uma empresa em ganhar dinheiro, ajudando a capturar,
visualizar, compreender, comunicar e compartilhar a lógica de negócios de uma organização.
A definição de modelos de negócios ainda não é consensual. Como ressalta Orofino
(2010) apesar da discussão cada vez mais frequente, esta é superficial, não existindo
compreensão total de sua origem e seu potencial.
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Rapport e Jaworski (2001, apud LUCIANO, 2004, p. 81) trazem uma composição do
modelo de negócios baseada em quatro elementos: cluster de valor (segmento de clientes, a
proposta de valor oferecida); o que será comercializado (produto, serviço, informação);
recursos envolvidos (recursos humanos, materiais, financeiros, além de parcerias); o modelo
financeiro de rendimentos (como será o retorno e em que medidas).
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O Business Model Canvas surge da necessidade de se criar uma ferramenta que torne a
linguagem de um modelo de negócios comum às pessoas, objetivo almejado por Osterwalder e
Pigneur. Conforme descreve Gava (2014, p. 37), Osterwalder desenvolveu em 2004, uma
pesquisa cujo problema se referia basicamente a “como os modelos de negócio poderiam ser
descritos e representados, para construir a base para conceitos e ferramentas subsequentes,
possivelmente com soluções computacionais? ”.
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BLOCO DE
PILAR DESCRIÇÃO
CONSTRUÇÃO
Com a formalização dos nove blocos, Osterwalder e Pigneur (2010) publicaram o livro
Business Model Generation propondo, finalmente, seu framework para a representação de um
modelo de negócio, conforme Figura 3.
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Com o objetivo de criar uma ferramenta acessível a qualquer pessoa que pretenda
formular um modelo de negócio, analisar modelos existentes, comparar com seus concorrentes,
Osterwalder e Pigneur (2010) desenvolveram o Canvas, um quadro divido entre os nove blocos
já citados, onde as pessoas podem completa-lo com as referidas informações necessárias.
Conforme pontua Orofino (2011) a proposta é disponibilizar uma ferramenta visual capaz de
fazer com que as pessoas que queiram criar ou modificar um modelo de negócio tenham uma
linguagem comum a qualquer indivíduo, de forma a promover discussões e troca de ideias a
esse respeito (Figura 4).
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b) Proposta de valor: descreve o conjunto de produtos e serviços que criam valor para
um segmento de clientes;
c) Canais: descreve como a empresa se comunica com e atinge seu segmento de clientes
para entregar a proposição de valor pretendida;
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e) Fontes de receita: representa o lucro que uma empresa gera a partir de cada segmento
de clientes atendidos, identificando o valor real que cada cliente está disposto a pagar pelo bem
ou serviço;
3. METODOLOGIA
A pesquisa se caracteriza por ser exploratória, quanto aos objetivos. Para Gil (2010), o
estudo exploratório atua de forma a ambientar o pesquisador com o problema em questão, além
disso, esse tipo de pesquisa tem a característica de ser bastante flexível, pois visa verificar
variados aspectos relativos ao fato pesquisado. Devido à essa flexibilidade considerada sobre a
pesquisa exploratória, a mesma pode utilizar-se de diferentes métodos de coleta de dados
(SELLTIZ et al., 1967). Quanto à natureza das variáveis esta pesquisa se caracteriza por ser de
caráter qualitativo.
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utilizados para a coleta de dados, através de uma série de perguntas que devem ser preenchidas
via online, sem interferências do entrevistador, por meio da ferramenta Google Docs.
Em relação ao tratamento dos dados coletados foi utilizada uma análise de conteúdo,
onde as respostas foram agrupadas em categorias, relacionadas a cada objetivo específico e de
acordo com os temas de cada pergunta do questionário. Para tanto, as respostas foram lidas e
relidas de forma a se identificar convergências e divergências entre elas, além de palavras-
chaves que definam a ideia central de cada questão. As respostas categorizadas foram
comparadas e discutidas às teorias publicadas à respeito do tema.
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eles afirmam, em sua maioria, não na totalidade, que é conhecida por todos. O entrevistado
número 5 e o entrevistado número 2, porém, informam que poucos a conhecem. O entrevistado
número 3 disse que o Canvas é o primeiro passo na modelagem de qualquer negócio no
ambiente em que está inserido, o de startups. Assim, quando nasce alguma ideia interessante já
aplicam o método Canvas para clarificá-la, e então partem para a validação do modelo. O
entrevistado número 11 está inserido no ambiente de incubadora, e afirmou que quando um
empreendedor quer incubar um negócio na Incubadora da qual gerencia, é indicado a fazer um
curso em que, ao seu final, está apto a criar seu modelo de negócio baseado no Canvas.
O entrevistado número 8 faz uma reflexão a esse respeito, dizendo que foi um dos
pioneiros a falar sobre o tema no estado de Goiás, através de um curso trazido à Goiânia, que
contou com a parceria do Sebrae. Porém, acredita que embora já tenham havido vários outros
cursos a esse respeito na cidade, o tema ainda é pouco conhecido e divulgado no interior do
estado. Em busca de superar este gargalo, o Sebrae (2013) lançou a cartilha “O Quadro de
Modelo de Negócio”, no qual apresenta o Canvas aos empreendedores com o objetivo de apoiá-
los à inovação em modelos de negócios, e obviamente, difundir o conhecimento sobre a
ferramenta aos que ainda não tiveram acesso.
Sobre este fato, Dornelas (2013) sugere que existe uma recente popularização do
conceito de modelo de negócio dentro da economia criativa, em negócios mais ligados à área
tecnológica. Isto se deve principalmente ao fato de esses empreendedores desejarem
ferramentas mais práticas e rápidas com o intuito de validarem seus modelos em um curto prazo.
Gava (2014), corrobora com esta visão quando afirma que a criação de Osterwalder e Pigneur
teve como principal intuito ser uma representação coerente com o dinamismo e flexibilidade
das empresas atuais, constantemente vinculadas à tecnologia e às imprevisibilidades trazidas
por esta.
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No que tange à aplicação do método, Steve Blank (2013) afirma em seu consagrado
livro “Four steps to the epiphany”, que as startups não devem dar tanta atenção ao plano de
negócios e suas projeções financeiras, análise de mercado, e sim, priorizar o Canvas de forma
a acelerar o ciclo de prototipação do negócio e receber logo o feedback dos clientes. Dornelas
(2013) também ressalta que o Canvas pode ser muito útil nessa fase de análise da oportunidade
vislumbrada, que é um estágio anterior à do desenvolvimento de um plano de negócio. Ainda,
sugere que um pode complementar o outro, criando um meio termo entre um plano muito denso
e um modelo mais informal. Já Orofino (2010) ressalta que o Canvas pode ser aplicado como
“um mapa ou guia para a implantação de uma estratégia organizacional, de processos ou
sistemas.”
De forma geral, os entrevistados concordam que o Canvas permite uma visão bem ampla
do negócio. Esta visão ampla contribui para que o empreendedor consiga desenvolver planos
de ações para as várias áreas abrangidas no modelo. Neste sentido, o entrevistado número 11
entende que o Canvas contém várias informações em diferentes dimensões, possibilitando a
criação de planos de ações para implementá-las. O entrevistado número 09 ressalta que existe
este benefício da visão geral e da criação de planos de ações, mas que o mesmo não deve ser
visto como um documento fixo, precisando ser constantemente alterado. Carrasco (2014)
corrobora com este entendimento, quando diz que que o BMC é uma ferramenta que
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proporciona ao empreendedor ter uma visão geral de uma empresa em nove blocos, mostrando
de forma lógica como uma organização gera ou pretende gerar valor. Kugelmeier (2014)
também aponta como um dos benefícios do Canvas, o fornecimento de uma visão completa do
que a organização deve e pode fazer, chamando isso de visão helicóptero. Cita, também, a
organização lógica e visual de ideias e soluções.
Essa simplicidade apontada por Carrasco (2014), traduzida pela apresentação do modelo
de negócio em apenas uma folha, é uma vantagem também percebida por alguns dos
entrevistados. Pateli e Giaglis (2004 apud Orofino, 2010) refletem sobre as ferramentas visuais
de representação de modelos de negócios, dizendo que “a representação pictórica é
indiscutivelmente o melhor meio para comunicar informações e chegar a uma visão em
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profundidade.” Por isto, essas ferramentas têm sido de grande interesse desde a fase
embrionária da investigação do modelo de negócio.
O entrevistado número 11 ressalta que embora considere que o Canvas é deficiente por
não abordar todos os elementos de um negócio, tem consciência de que caso fosse mais
sofisticado, fugiria dos seus objetivos de simplicidade e praticidade, além de ter seu
entendimento dificultado por pessoas mais leigas em planejamento de um negócio. O
entrevistado número 5 lembra que alguns estudos já criaram variações do Canvas com o intuito
de sanar alguma possível limitação, ou de torna-lo mais específico para um determinado estágio
de evolução do negócio. Este é o caso do Lean Canvas, proposto por Ash Murya (2012), onde
o mesmo faz uma adaptação do Canvas, de forma a focar no problema e na solução propostos
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pelo negócio, e que são os fatores mais importantes para os clientes. Para tanto, Murya substitui
alguns blocos, como o de parceiros chaves, atividades e recursos, para blocos como “problema”,
“solução”, “métricas-chaves”. Este modelo já é uma metodologia ainda mais específica para
empresas startups.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Em relação as limitações deste estudo e sugestões para novas pesquisas, pode-se dizer
que o grande limitante foi a pequena quantidade de literatura científica à respeito da ferramenta
Canvas, o que pode ser explicado pelo fato de a criação do BMC ser recente, de 2010. Outra
limitação diz respeito a pequena amostra trabalhada na pesquisa.
Como sugestão para novas pesquisas, seria interessante buscar uma análise do Canvas
como um pré-requisito das agências e instituições de financiamento para obtenção de
investimento em negócios criativos. Como apontado por alguns autores, o Canvas é uma
maneira muito prática de se apresentar um negócio para possíveis investidores. Também pode-
se sugerir uma pesquisa que analise o Canvas a partir de um viés quantitativo, obtendo uma
amostra mais ampla de entrevistados, no mesmo segmento de negócio criativos, ou até mesmo,
estudando sua aplicação em negócios mais tradicionais.
6. REFERÊNCIAS
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Cruz das Almas, 2007
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