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Fundamentos de Engenharia de Petróleo

Brasília-DF.
Elaboração

Tiago Moreira Barbosa

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA...................................................................... 5

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7

UNIDADE I

MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS............................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1

PANORAMA DO MERCADO NO BRASIL E NO MUNDO............................................................... 9

CAPÍTULO 2

PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DE PETRÓLEO.................................................................... 13

CAPÍTULO 3

PRINCIPAIS EMPRESAS PRODUTORAS E PRESTADORAS DE SERVIÇOS......................................... 21

UNIDADE II

EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO............................................................................................................... 28

CAPÍTULO 1

PAPEL DE GEÓLOGOS E GEOFÍSICOS..................................................................................... 28

CAPÍTULO 2

IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DA PERFURAÇÃO DE POÇOS....................... 33

CAPÍTULO 3

EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS MAIS UTILIZADOS................................................................... 46

UNIDADE III

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO.................................................................................................................. 49

CAPÍTULO 1

MECANISMOS DE PRODUÇÃO............................................................................................... 50

CAPÍTULO 2

SISTEMAS DE PRODUÇÃO....................................................................................................... 52

CAPÍTULO 3

ELEVAÇÃO E ESCOAMENTO................................................................................................... 61
UNIDADE IV
DESENVOLVIMENTO DE CAMPOS......................................................................................................... 74

CAPÍTULO 1
ESTUDOS DE CASOS.............................................................................................................. 74

GLOSSÁRIO........................................................................................................................................ 82

PARA (NÃO) FINALIZAR....................................................................................................................... 83

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 84
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Todos que já tenham entrado em um automóvel ou ônibus têm a consciência de que sem petróleo
não seria possível a sua locomoção. Afinal, gasolina e óleo diesel são derivados do petróleo. Talvez
a maioria das pessoas saiba também que, na verdade, o chamado “ouro negro” está no dia a dia de
todos nós, até daqueles que não possuem carro nem precisam pegar um ônibus. Basta dizer que esse
mineral é a matéria prima do plástico.

Entretanto, falar sobre o petróleo não é para muitos. Como ele se forma? Onde fica “escondido”?
Como achá-lo? É fácil ou difícil produzi-lo? O que é exatamente um poço de petróleo e como se
opera ele? Essas e outras centenas de perguntas não podem ser respondidas por quem nunca
estudou o assunto ou por quem viu alguns poucos vídeos na internet. Isso é perfeitamente aceitável
e compreensível. Embora a maior empresa do Brasil e uma das maiores do mundo em produção de
petróleo exista há quase 60 anos, o primeiro curso de Engenharia de Petróleo Brasileiro foi criado
praticamente ao mesmo tempo da chegada da internet em nosso país. Quando a primeira turma de
engenheiros de petróleo se formou na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), o Brasil
já era tetracampeão mundial de futebol e a nossa moeda, o Real.

Por isso, se você está estudando para aprender mais sobre o mundo do petróleo, siga em frente que
em breve você saberá responder a várias perguntas e será um potencial candidato a construir o mais
novo e importante capítulo desta indústria em franca expansão no Brasil. Há muito o que fazer, e
você também pode contribuir.

Bons estudos.

Objetivos
»» Promover o conhecimento básico dos processos petrolíferos. Tais processos incluem
os estudos desde o reservatório à exportação dos fluidos para o continente. Ao final
deste estudo, os alunos estarão aptos a conhecer detalhadamente como se comporta
o mercado de óleo e gás e suas áreas de atuação.

»» Identificar as principais disciplinas que compõem a área de petróleo e gás.

»» Compreender como é o trabalho de desenvolvimento de um sistema de produção que


vai viabilizar a exploração e produção de um campo de petróleo, independentemente
de suas dimensões e volume.

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MERCADO DE UNIDADE I
PETRÓLEO E GÁS

CAPÍTULO 1
Panorama do mercado no Brasil e no
mundo

Década de 1990, mais precisamente ano de 1997. Para quem não se recorda muito
bem qual era a situação do mercado de petróleo nesse período, aí vão algumas
informações. O preço do barril de petróleo era muito barato, cerca de 19 dólares.
Só isso já seria motivo suficiente para que as empresas do mundo todo estivessem
em situação difícil. Além disso, também em 1997, a lei atual do marco regulatório
foi aprovada. Naquele ano, o Brasil era importador e sua principal empresa se
encaminhava para completar quase uma década sem contratar profissionais
por meio de concurso público. Você sabe dizer quantos cursos de graduação em
Engenharia de Petróleo eram oferecidos no Brasil? Apenas um. E para finalizar, era
alto o índice de endividamento externo.

E como estará o setor de óleo e gás daqui a 30 anos? Ou 60 anos? Quem está
certo: os que dizem que a época do “pico do petróleo” já passou e que agora fim
do combustível é apenas um questão de (pouco) tempo devido à explosão do
consumo e ao esgotamento das reservas; ou você acredita que não há motivos para
preocupação porque o desenvolvimento do mundo vai continuar justificando um
preço alto e ainda a evolução tecnológica será decisiva para explorar as reservas
existentes? Para esses, a teoria do fim do petróleo já saiu da pauta, pois há tempos é
anunciada e de fato nunca se concretizou.

No mundo
O registro da participação do petróleo na vida do homem remonta aos tempos bíblicos. Na antiga
Babilônia, os tijolos eram assentados com asfalto e o betume era largamente utilizado pelos fenícios
na calefação de embarcações. Os egípcios o usaram na pavimentação de estradas, para embalsamar
os mortos e na construção de pirâmides, enquanto gregos e romanos dele lançaram mão para fins
bélicos. No Novo Mundo, o petróleo era conhecido pelos índios pré-colombianos, que o utilizavam

9
UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

para decorar e impermeabilizar seus potes de cerâmica. Os incas, os maias e outras civilizações
antigas também estavam familiarizados com o petróleo, dele se aproveitando para diversos fins.

O início e a sustentação do processo de busca com crescente afirmação do produto na sociedade


moderna datam de 1859, quando foi iniciada a exploração comercial nos Estados Unidos, logo após
a célebre descoberta do Cel. Drake, em Tittusville, Pensilvânia, com um poço de apenas 21 metros
de profundidade perfurado com um sistema de percussão movido a vapor, que produziu 2 m3/dia de
óleo. Descobriu-se que a destilação do petróleo resultava em produtos que substituíam, com grande
vantagem de lucro, o querosene obtido a partir do carvão e o óleo de baleia, que eram largamente
utilizados para iluminação. Estes fatos marcam o início da era do petróleo.

Em 1900, no Texas, o americano Anthony Lucas, utilizando o processo rotativo para perfuração de
poços, encontrou óleo a uma profundidade de 354 metros. Este evento foi considerado um marco
importante na perfuração e na história do petróleo. Nos anos seguintes, a melhoria dos projetos e da
qualidade do aço, os novos projetos de brocas e as novas técnicas de perfuração possibilitam poços
com mais de 10.000 metros de profundidade (THOMAS, 2001).

No Brasil
A história do petróleo no Brasil começa em 1858, quando o Marquês de Olinda assina o Decreto no
2.266 concedendo a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação
de querosene, em terrenos situados às margens do Rio Marau, na então província da Bahia. No
ano seguinte, o inglês Samuel Allport, durante a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro,
observa o gotejamento de óleo em Lobato, no subúrbio de Salvador.

Contudo, as primeiras notícias sobre pesquisas diretamente relacionadas ao petróleo ocorrem


em Alagoas em 1891, em função da existência de sedimentos argilosos betuminosos no litoral. O
primeiro poço brasileiro com o objetivo de encontrar petróleo, porém, foi perfurado somente em
1897, por Eugênio Ferreira Camargo, no município de Bofete, no estado de São Paulo. Este poço
atingiu a profundidade final de 488 metros e, segundo relatos da época, produziu 0,5 m3 de óleo.

Em 1938, inicia-se a perfuração do poço DNPM-163, em Lobato, BA, que viria a ser o descobridor
de petróleo no Brasil, no dia 21 de janeiro de 1939. O poço foi perfurado com uma sonda rotativa
e encontrou petróleo a uma profundidade de 210 metros. Apesar de ter sido considerado
antieconômico, os resultados do poço foram de importância fundamental para o desenvolvimento
das atividades petrolíferas no país.

A partir de 1953, no governo do presidente Getúlio Vargas, foi instituído o monopólio estatal do
petróleo com a criação da Petrobras, que deu partida decisiva nas pesquisas do petróleo brasileiro.

O grande fato dos anos 1970, quando os campos de petróleo do Recôncavo Baiano já entravam na
maturidade, foi à descoberta da província petrolífera da Bacia de Campos, RJ, através do campo de
Garoupa. Nessa mesma década, outro fato importante foi a descoberta de petróleo na plataforma
continental do Rio Grande do Norte, através do campo de Ubarana (THOMAS, 2001).

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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

A descoberta de um gigante

A década de 1980 marcou a descoberta e o início da produção daquele que é o maior campo de
petróleo já descoberto no Brasil. O campo de Marlim foi descoberto em 1985, durante a campanha de
exploração de campos em águas profundas na Bacia de Campos. Por se tratar de vencer uma fronteira
tecnológica na época, aliando uma produção em águas profundas ao desafio do desenvolvimento
de um mega sistema de produção que pudesse extrair de forma eficiente uma quantidade de óleo
tão significativa, a campanha exploratória do campo de Marlim foi bastante extensa. Foi preciso
considerar o uso de diversas novas tecnologias que estavam sob desenvolvimento para que fosse
uma operação do campo.

Em 1986, a Petrobras, que até então comprava tecnologia, viu-se diante de viabilizar a produção
em condições ambientais até então não exploradas. Após pesquisar no mercado e descobrir que
não havia tecnologia disponível para esta profundidade e tendo que aumentar suas reservas, a
empresa decidiu investir no desenvolvimento de novas tecnologias. Para isso foi criado então
o Programa de Capacitação Tecnológica em Águas Profundas – PROCAP. Era um projeto
extremamente ambicioso, pois, na época, a Petrobras explorava petróleo na faixa dos 150 metros
e já tinha planos para os 1000 metros. Em um primeiro momento, a pequena, mas importante
experiência prévia adquirida no desenvolvimento Bacia de Campos contribuiu para o primeiro
óleo no início da década de 1990.

As extensões do campo aliadas às características do reservatório requereram um grande número


de poços submarinos, e por isso o plano de desenvolvimento foi baseado na implementação por
fases em diversos períodos. Esse modelo, também usado em outros desenvolvimentos na Bacia de
Campos, permitiu que houvesse um grande investimento de recursos para suportar a exploração e
produção.

O campo de Marlim está situado na parte nordeste da Bacia de Campos, aproximadamente a 110
km do Estado do Rio de Janeiro. Em 1992, entrou em operação um sistema de operação piloto
consistido de uma plataforma e alguns poços. O sistema definitivo do campo foi desenvolvido com
base nas informações dos sistemas pré-piloto e piloto, e como dito anteriormente, foi dividido em
módulos. Foram cinco ao total, com o primeiro sendo implantado em 1994 através da plataforma
P-18 e o último em 2000, com a operação do navio do tipo FPSO P-37, que possui capacidade de
processamento de até 150.000 barris por dia. Ao todo foram instaladas nove unidades de produção,
sendo cinco do tipo FPSO e quatro do tipo SS. A capacidade nominal de processamento do óleo
atingiu quase 1.000.000 de barris por dia.

Diversas tecnologias foram incorporadas no projeto de Marlim, sendo aplicadas até hoje em vários
empreendimentos da Petrobras, como por exemplo, a utilização de poços horizontais em arenitos e
desenvolvimento de árvores de natal molhadas. A produção no campo de Marlim atingiu um pico de
650.000 barris por dia em 2002, acima da previsão inicial. Até hoje os desafios continuam na lista
de atividades dos responsáveis pela explotação do campo gigante, só que o foco agora é evitar um
acentuado declínio já que trata-se de um campo com alto grau de maturidade.

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UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

Figura 1. As plataformas do campo de Marlim

Fonte: (LORENZATTO e outros, 2004)

A produção de petróleo no Brasil cresceu de 750 m3/dia na época da criação da Petrobras para mais
de 182.000 m3/dia no final dos anos 90, graças aos contínuos avanços tecnológicos de perfuração
e produção na plataforma continental. Em 2011, a produção média no Brasil ficou em cerca de
2 milhões de barris por dia, e com o descobrimento dos campos gigantes do pré-sal, a Petrobras
estima em seu plano de negócios 2012-2016 que a produção atinja mais do que o dobro em 2020,
chegando a mais de 5 milhões de barris por dia.

Vale a pena assistir ao documentário A história do petróleo – A era das grandes


companhias, do canal History.

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CAPÍTULO 2
Principais regiões produtoras de
petróleo

Descoberta dos campos de petróleo abaixo da enorme camada de sal. Sem dúvida, um momento
histórico na exploração de petróleo no Brasil. Mas, o que isso significou em termos mundiais?
Quantos campos desse mesmo porte já foram descobertos na história? Será que tanto alvoroço se
justifica?

Antes de responder a essas perguntas, vamos ver como se classifica um campo quanto ao seu
tamanho. O quadro 1 mostra a distribuição de campos petrolíferos de acordo com o tamanho. Até
hoje somente dois campos descobertos podem ser classificados como Mega gigante, ou seja, com
reservas totais de mais 50 bilhões de barris. Nosso primeiro campo do pré-sal, Lula (ex-Tupi), pode
ser considerado um campo Super gigante, pois seu volume original ultrapassa os cinco bilhões de
barris.

QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS CAMPOS PETROLÍFEROS

Qualidade do EUR
Tamanho Estados Unidos Total do Mundo
Campo (milhões de barris)
AAAAAA > 50,000 Mega Gigante Nenhum 2
AAAA 5,000 – 50,000 Super Gigante 2 40
AAA 500 – 5,000 Gigante 46 328
AA 100 – 500 Maior 240 961
A 50 – 100 Grande 327 895
B 25 – 50 Médio 356 1,109
C 10 – 25 Pequeno 761 2,128
D 1 – 10 Muito pequeno 4,599 7,112
E 0.1 – 1 Minúsculo 9,533 10,849
F 0 – 0.1 Insignificante 11,021 11,751
ND 0 – 0.05 Outros pequenos 4,500 5,998
Qualidade A-F originalmente
definida por AAP Total 31,385 41,164

Fonte:L.F.Ivanhoe e G.G.Leckie.”Óleo Global,Campos de Gás,Tamanhos registrados,Analizados’’,Jornal de Óleo e Gás,15 de


fevereiro de 1993,pp.87-91.

Entretanto, se compararmos ele ao maior campo de petróleo já descoberto no mundo,


Ghawar, na Arábia Saudita, com nada menos do que 75 bilhões de barris, nem parece tão
gigante assim. Na verdade Lula nem é o maior campo já descoberto no Brasil. Como pode-
-se observar no quadro abaixo, o campo de Marlim, descoberto em 1985, passou da casa dos 10
bilhões de barris de petróleo e até hoje responde por uma parcela significativa da produção
brasileira. No último capítulo desta apostila você conhecerá mais detalhes sobre o desenvolvimento
deste campo gigante.

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UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

QUADRO 2. OS MAIORES CAMPOS JÁ DESCOBERTOS (sem pré-sal)

World Giant Oil Fields


Size estimate (billion
Field, Country Discovery Date
barrels)
Ghawar, Saudi Arabia 75-83 1948
Burgan, Kuwait 66-72 1938
Cantarell, Mexico 35 1976
Bolivar Coastal, Venezuela 30-32 1917
Safaniya-Khafji, Saudi Arabia / Neutral Zone 30 1951
Rumaillia, Iraq 20 1953
Tengiz, Kazakhstan 15-26 1979
Ahwaz, Iran 17 1958
Kirkuk, Iraq 16 1927
Marun, Iran 16 1963
Daging, China 16 1959
Gachsaran, Iran 15 1927
Aghajari, Iran 14 1936
Samotior, West Siberia, Russia 14-16 1961
Prudhoe Bay, Alaska, USA 13 1968
Kashagan, Kazakhstan 13 2000
Abqaiq, Saudi Arabia 12 1940
Romashkino, Russia 12-14 1948
Chicontepec, Mexico 12 1926
Berri, Saudi Arabia 12 1964
Zakum, UAE 12 1963
Manifa, Saudi Arabia 11 1957
Faroozan-Marjan, Saudi Arabia/Iran 10 1966
Marfim, Brazil 10-14 1985

Fonte:L.F.Ivanhoe e G.G.Leckie.”Óleo Global,Campos de Gás,Tamanhos registrados,Analizados’’,Jornal de Óleo e Gás,15 de


fevereiro de 1993,pp.87-91.

Onde está o petróleo?


Quem observar com calma a tabela anterior vai verificar que quase todos os campos foram descobertos
ainda no século passado. Devido ao seu tamanho e ao desenvolvimento de novas tecnologias, grande
parte deles continua em plena produção e ainda com bastante óleo. O quadro a seguir mostra o
tamanho das principais reservas ainda existentes no mundo. Como a data de referência é 2007, não
estão incluídos os campos do pré-sal brasileiro. Isso quer dizer que, quando pudermos estimar qual
o tamanho de todo o campo pré-sal, muito provavelmente o Brasil vai se posicionar na lista dos 10
maiores países em volume de reservas de petróleo a produzir.

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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

QUADRO 3 – AS MAIORES RESERVAS DO MUNDO

World Giant Oil Fields

January 2007 Cumulated Reserve


Country
Reserves (1000 bbI) (%)
Saudi Arabia 259,800,000 19.7
Canada 179,210,000 33.3
Iran 136,270,000 43,7
Iraq 115,000,000 52.4
Kuwait 99,000,000 59.9
Abu Dhabi 92,200,000 66.9
Venezuela 80,012,000 73.0
Russia 60,000,000 77.5
Libya 41,464,000 80.7
Nigeria 36,220,000 83.4
Kazakhstan 30,000,000 85.7
United States 21,757,000 87.4
China 16,000,000 88.6
Qatar 15,207,000 89.7
Mexico 12,352,000 90.7
Algeria 12,270,000 91.6
Brazil 11,772,640 92.5
Angola 8,000,000 93.1
Norway 7,849,300 93.7
Azerbaijan 7,000,000 94.2
India 5,624,640 94.7
Oman 5,500,000 95.1
Sudan 5,000,000 95.5
Neutral Zone 5,000,000 95.8
Ecuador 4,517,000 96,2
Indonesia 4,300,000 96.5
Dubai 4,000,000 96.8
United Kingdom 3,875,000 97.1
Egipt 3,700,000 94.4
Malaysia 3,000,000 97.6
TOTAL WORLD 1,317,447,415 100

O mapa abaixo ilustra os números do quadro anterior, com sua distribuição em algumas regiões do
mundo. Estima-se que com o pré-sal do Brasil, a parcela da América do Sul pode passar dos atuais
9% para cerca de 13%.

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UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

Figura 2. Distribuição do “ouro negro” (reservas)

PRADO, Maurício. Curso de gas-lift avançado, 2007.

Relação reserva X produção


Mas será que basta ter reservas? Não. É claro que sem elas, não há produção. Porém, sem uma
avaliação técnica e econômica do campo, não é possível sequer avaliar se vale a pena começar a
sua produção em definitivo. Em outras palavras, é preciso comprovar a sua comercialidade. O bom
mesmo é ter uma reserva grande aliada a uma produção representativa. Por isso, na hora de avaliar
se uma empresa operadora de petróleo possui um bom potencial, é preciso conhecer a relação
reserva/produção, ou simplesmente R/P. O quadro a seguir mostra o tamanho das 30 maiores
reservas no mundo e qual era a produção nos países considerando o ano de 2005.

Quadro 4. RESERVAS COM PRODUÇÃO DIÁRIA

World Giant Oil Fields


January 2007 2005 Production Cumulated
Country
Reserves (1000 bbI) (1,000 bpd) Production (%)
Russia 60,000,000 9,190.0 12.7
Saudi Arabia 259,800,000 9,060.0 25.2
United States 21,757,000 5,178.4 32.4
Iran 136,270,000 3,890.8 37.8
China 16,000,000 3,627.1 42.8
Mexico 12,352,000 3,334.2 47.4
Venezuela 80,012,000 2,705.8 51.1
Norway 7,849,300 2,697.6 54.8
Nigeria 36,220,000 2,406.7 58.2
Canada 179,210,000 2,368.8 61.4

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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

World Giant Oil Fields


January 2007 2005 Production Cumulated
Country
Reserves (1000 bbI) (1,000 bpd) Production (%)
Abu Dhabi 92,200,000 2,300.0 64.6
Kuwait 99,000,000 2,130.0 67.6
Iraq 115,000,000 1,810.0 70.1
United Kingdom 3,875,000 1,678.0 72.4
Libya 41,464,000 1,640.0 74.6
Brazil 11,772,640 1,634.0 76.9
Algeria 12,270,000 1,351.7 78.8
Angola 8,000,000 1,238.1 80.5
Kazakhstan 30,000,000 994.2 81.9
Indonesia 4,300,000 945.0 83.2
Qatar 15,207,000 798.3 84.3
Malaysia 3,000,000 770.0 85.3
Oman 5,500,000 757.5 86.4
Egipt 3,700,000 695.0 87.3
India 5,624,640 659.1 88.3
Neutral Zone 5,000,000 580.0 89.1
Ecuador 4,517,000 532.0 89.8
Azerbaijan 7,000,000 443.3 90.4
Sudan 5,000,000 290.0 90.8
Dubai 4,000,000 102.0 90.9
TOTAL WORLD 1,317,447,415 72,362.1 100

O pré-sal
De desconhecido a bilhete premiado. A mais nova fronteira da indústria do petróleo foi descoberta
em 2007 e pode ser considerada a maior das últimas décadas, considerando-se apenas parte de seu
volume. Para se ter uma ideia, o pré-sal já dobrou as reservas de petróleo do país, considerando
uma estimativa extremamente conservadora. O valor de cerca de 30 bilhões de barris pode chegar
ao inacreditável número de 100 bilhões. Se isso se concretizar, o Brasil, sem dúvida, fará parte da
elite dos produtores de petróleo do mundo, uma verdadeira potência energética mundial.

Porque pré-sal?
Os reservatórios com óleo que estão localizados abaixo da camada de sal, como mostra a figura
abaixo, são assim chamados porque se formaram em camadas de rocha que se depositaram numa
época anterior a deposição do sal, proveniente da água salgada do mar que hoje é conhecido como
Oceano Atlântico. Portanto, a matéria orgânica que deu origem ao petróleo dos reservatórios do
pré-sal é de origem terrestre, do tempo em que os continentes americano e africano eram unidos.
Já o petróleo produzido a partir dos reservatórios localizados acima da camada de sal, isto é, do
pós-sal, são de origem marinha. Isso explica em parte a melhor qualidade do petróleo do pré-sal.

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UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

FIGURA 3. O DESAFIO DO PRÉ-SAL

PRADO, Maurício. Curso de gas-lift avançado, 2007.

Em abril de 2010, o então presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli Azevedo, participou do
Seminário Nordeste sobre pré-sal, onde reforçou papel estratégico que o novo marco regulatório
trará para a companhia. Ele intensificou a ideia de que o crescimento econômico depende
também do avanço da indústria do petróleo e que já é possível perceber esse crescimento.
Como exemplo, citou a recuperação da indústria naval brasileira, com novos estaleiros pelo
país.

As características do polo pré-sal da Bacia de Santos, como a localização em águas ultra profundas,
a existência de uma camada de sal que chega a cerca de dois quilômetros de espessura e centenas
de quilômetros de distância da costa, tornam aquela província sem similar, no mundo, e constituem
um desafio tecnológico sem precedentes na indústria.

As dificuldades para o desenvolvimento da produção do polo passam, entre muitas outras, pela
definição do melhor modelo geológico a ser adotado, pela geometria de poço mais econômica e
adequada aos reservatórios, pela garantia de escoamento do petróleo pelos dutos. No caso de Lula,
a maior acumulação encontrada naquela província, até agora, é preciso definir, ainda, soluções para
outras questões técnicas importantes como, por exemplo, o tratamento ideal do dióxido de carbono
(CO2) produzido. Além disso, como os primeiros testes realizados indicam presença maciça de gás
associado, em toda a área, outro grande desafio será conceber e desenvolver plantas e métodos para
processar e exportar o gás produzido a distâncias que chegam a aproximadamente 300 quilômetros
da costa.

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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

Figura 4. A província do pré-sal

<http://diariodopresal.wordpress.com/tag/interesse-internacional-no-pre-sal/>

Como podemos observar na figura acima, a área total da província do pré-sal que se conhece hoje
é de quase 15.000 km2. Dessa área, menos de 30% já foi concedida, ou seja, já está entregue a uma
ou mais empresas que detém o direito de explorar comercialmente o petróleo daquela área por um
determinado período de concessão (por exemplo, 25 anos). A grande maioria restante (71,97%)
ainda possui apenas um único dono, o governo brasileiro. Cabe a ele decidir como vai conceder esse
direito, mediante sempre a uma compensação por parte da(s) empresa(s), sendo o mais conhecido,
o royalty. Na verdade o governo já escolheu a forma como vai conceder o “bilhete premiado”, por
meio do projeto de lei que altera o regime para a exploração do pré-sal no Brasil, passando de
concessão para partilha.

Por que bilhete premiado?

Para entender melhor porque se fala tanto essa expressão para se referir aos campos gigantes do
pré-sal, é preciso analisar o desempenho da Petrobras (disparada a maior operadora do pré-sal e
empresa responsável por sua descoberta) em sua campanha de perfuração de poços naquela área.
Enquanto a média mundial de sucesso na perfuração dos poços não ultrapassa os 40%, a taxa de
sucesso da Petrobras considerando os 30 primeiros poços perfurados entre as Bacias de Santos e
do Espírito Santo foi de nada menos do que 87%, ou seja, de cada 10 poços, pelo menos em 8 deles
foi localizado algum acúmulo de hidrocarbonetos. E se restringirmos essa procura somente a Bacia
de Santos, onde estão localizados os maiores campos com comercialidade declarada, para os 13
primeiros poços o índice foi simplesmente 100%. Somente os campos de Lula e Iara juntos possuem
um volume de petróleo estimado de 8 a 12 bilhões de barris. Sem dúvida é muito petróleo.

19
UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

Para antecipar esse óleo todo, a Petrobras criou, no final de 2007, um programa multidisciplinar,
que acompanhará as várias fases de desenvolvimento da área. Em parceria com universidades
brasileiras e internacionais, além da cadeia de fornecedores, o PROSAL (Programa Tecnológico para
o Desenvolvimento da Produção dos Reservatórios do Pré-sal) cuida da gestação e desenvolvimento
de tecnologias para viabilizar o aproveitamento das novas descobertas. Além disso, para o caso do
campo localizado na bacia do Espírito Santo, batizado de Parque das Baleias, o início da produção
pôde ser imediata, já que havia uma plataforma de produção bem próxima à área, produzindo
petróleo dos reservatórios acima da camada de sal.

Cuidado com os poços


A área de engenharia de poços é um exemplo do pioneirismo das soluções que vêm sendo elaboradas
para o pré-sal. Os técnicos têm se debruçado sobre questões inéditas, como o desvio das perfurações
dentro da zona de sal. Construir poços em estratos geológicos em que a espessura salina chega a
dois quilômetros é uma operação delicada e incomum na indústria do petróleo. Além disso, esses
poços devem ter revestimento especial que garanta sua integridade ao longo da vida útil do campo,
resistindo ao peso que a camada de sal impõe ao poço. Vale lembrar que, devido ao alto valor do
investimento, espera-se que um poço de produção na área dure, no mínimo, 27 anos.

ACESSE O SITE DA AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS E BIOCOMBUSTÍVEIS


PARA SABER MAIS SOBRE O TRABALHO DESTA AGÊNCIA. <WWW.ANP.GOV.BR>.

Assista ao excelente documentário do canal Discovery, chamado O desafio do pré-sal.


Faça um resumo listando os principais desafios para a exploração e produção desta
nova fronteira tecnológica, sugerindo algumas ações que poderiam contribuir para
o sucesso do empreendimento.

20
CAPÍTULO 3
Principais empresas produtoras e
prestadoras de serviços

Operadoras

Fundada em 1953, pelo então presidente Getúlio Vargas, através da Lei no 2004, a empresa Petróleo
Brasileiro SA é hoje uma das maiores do mundo no setor energético.

As operações de exploração e produção de petróleo, bem como as demais atividades ligadas ao setor
de petróleo, gás natural e derivados, à exceção da distribuição atacadista e da revenda no varejo
pelos postos de abastecimento, foram conduzidas pela Petrobras de 1954 a 1997, período em que a
empresa tornou-se líder na comercialização de derivados no país.

Depois de exercer por mais de 40 anos, em regime de monopólio, o trabalho de exploração,


produção, refino e transporte do petróleo no Brasil, a Petrobras passou a competir com outras
empresas estrangeiras e nacionais em 1997, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso
sancionou a Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997. A lei regulamentou a redação dada ao artigo
177, §1o da Constituição da República pela Emenda Constitucional no 9 de 1995, permitindo que a
União contratasse empresas privadas para exercê-lo.

A Petrobras é referência internacional na exploração de petróleo em águas profundas, para a


qual desenvolveu tecnologia própria, pioneira no mundo, sendo a líder mundial deste setor. O
seu projeto Roncador recebeu, em março de 2001, o Distinguished Achievement Award -
OTC’2001, tornando-se uma referência tecnológica para o mundo do petróleo e confirmando a
liderança da Petrobras em águas profundas. Tão famoso quanto este prêmio é o Centro de Pesquisas
Leopoldo Américo Miguez de Mello, ou simplesmente, CENPES. Localizado na ilha do fundão, no
Rio de Janeiro, está dentro da cidade universitária da maior universidade do Estado, a Universidade
Federal do Rio Janeiro. É do centro a responsabilidade de planejar, coordenar, executar, promover
e acompanhar as atividades de P&D e de engenharia básica relacionadas com a indústria do petróleo
e outras fontes de energia.

Além disso, o CENPES também é responsável por constituir e manter relacionamento com a
comunidade de Ciência e Tecnologia (C&T), por meio de universidades e centros de pesquisa do
país; Prestar assistência técnica e executar serviços centralizados nas áreas de informação técnica
e propriedade industrial (marcas e patentes); e propor diretrizes em tecnologia e inovação para a
Petrobras, sempre em parceria com seus “clientes”, isto é, as unidades produtoras da empresa e sua
sede.

21
UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

Recentemente foi inaugurado o novo CENPES, na verdade uma expansão com instalações mais
modernas e que terão papel fundamental no desenvolvimento das tecnologias necessárias para
vencer todos os desafios da produção dos campos localizados em águas ultra profundas, com
destaque, é claro, para o pré-sal.

Com mais de 60 mil empregados próprios e uma cadeia de milhares de fornecedores, a Petrobras
também está em franca expansão. Afinal, de acordo com seu último Plano de Negócios (2012-2016),
a previsão é de que a produção de óleo e gás dobre de tamanho até 2020. Para ter-se uma ideia da
importância da empresa para o país, sem ela, um terço do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) não teria ocorrido. Somente entre 2007 e 2010, estima-se que tenham saído da Petrobras
nada menos do que 150 bilhões de dólares de investimento. Á medida que a produção avançar no
pré-sal, sua importância na economia crescerá ainda mais. Estima-se que suas encomendas de bens
e serviços somarão US$ 400 bilhões em dez anos. Os empregos diretos e indiretos devem crescer
para 2,1milhões. Em 2020, quando a extração no oceano estiver a todo vapor, calcula-se que a
empresa e seus fornecedores responderão por 20% da riqueza gerada no país.

Shell
Segunda maior produtora de petróleo do Brasil, a anglo-holandesa Shell é uma empresa global
de energia com cerca de 100 mil funcionários em mais de 90 países e territórios.  No Brasil, a
Shell emprega 2 mil pessoas e está envolvida em diversas áreas de negócio. No segmento upstream,
a Shell participa em 13 concessões exploratórias (8 offshore, 5 onshore), 6 dessas operadas pela
Shell e 3 na região do pré-sal (BM-S-8, BM-S-54 e BM-S-45). Existem ainda, quatro campos em
desenvolvimento (Atlanta, Oliva, Nautilus, Argonauta-ON) e cinco em produção (Bijupirá, Salema,
Argonauta BW, Ostra e Abalone). A Shell possui também uma fábrica de lubrificantes na Ilha do
Governador.

Desde 2003, atua na Bacia de Campos (RJ), nos campos de Bijupirá e Salema, tendo produzido,
em 2008, uma média de 28 mil barris de óleo relativamente leve (28º-31º API) e 445 mil metros
cúbicos de gás por dia. O petróleo é armazenado na plataforma FPSO Fluminense, cuja capacidade
de armazenamento é de 1,3 bilhão de barris/dia. Já em relação ao gás, parte é utilizada na geração de
energia da própria plataforma e parte segue por duto para a P-15, plataforma de Petrobras (parceira
da Shell no projeto, com 20% de participação).

Fechou o ano de 2008 presente em 15 blocos. A mais nova aquisição foi feita em dezembro de 2008,
na 10ª Rodada de Licitação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP),
quando foram arrematados cinco blocos localizados na Bacia de São Francisco (MG). A área marca
o início do investimento da Shell em blocos onshore (em terra) em terra adquiridos no país. Ainda
em 2008, as atenções da área se voltaram para a preparação do Parque das Conchas (BC-10), na
Bacia de Campos, na costa do Estado do Espírito Santo, para a extração do primeiro óleo em julho
de 2009. A plataforma, com capacidade para processar 100 mil barris de petróleo e 1,4 milhão de
metros cúbicos de gás por dia, chegou ao país no fim de 2008.

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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

A alta complexidade dos campos descobertos no Parque das Conchas (BC-10) levou à combinação
inovadora de uma série de tecnologias, como a instalação de equipamentos que dispensam o uso de
sonda de perfuração; e a utilização de risers (dutos) com flutuadores para reduzir o peso na conexão
com a plataforma. A Shell também investe em projetos de pesquisa com universidades brasileiras,
como o de modelagem estratigráfica de reservatórios, realizado em parceria com a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. Veja o quadro abaixo.

Quadro 5. Portfólio dos Projetos em Desenvolvimento ou Operação no Brasil

Blocos em produção Operador Participação da Shell

Bijupirá & Salema (Bacia de Campos) Shell 80%

BC-10 (Bacia de Campos) Shell 50%

Blocos em desenvolvimento Operador Participação da Shell


BS-4 (Bacia de Santos) Shell 40%

Blocos em exploração Operador Participação da Shell


Offshore
BM-S-8 (Bacia de Santos) Petrobras 20%
BM-C-31 (Bacia de Campos) Petrobras 20%
BM-S-45 (Bacia de Santos) Petrobras 40%
BM-ES-23 (Bacia do Espírito Santo) Petrobras 35%
BM-ES-27 (Bacia do Espírito Santo) Petrobras 17,5%
BM-ES-28 (Bacia do Espírito Santo) Shell 82,5%
BM-S-54 (Bacia de Santos) Shell 100%

Onshore
SFT-80 (Bacia de S. Francisco) Shell 100%
SFT-81 (Bacia de S. Francisco) Shell 100%
SFT-82 (Bacia de S. Francisco) Shell 100%
SFT-83 (Bacia de S. Francisco) Shell 100%
SFT-93 (Bacia de S. Francisco) Shell 100%

Fonte: <http://www.shell.com/home/content/bra/products_services/solutions_for_businesses/ep/about_ep_brazil/#subtitle_3>

A americana Chevron é outro gigante multinacional que já produz petróleo nos campos marítimos
brasileiros. Presente no país há muito tempo por meio dos postos de combustíveis, a empresa
desenvolve muitos projetos na área de Exploração e Produção de Petróleo, como pode ser vista a
seguir.

23
UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

A Chevron tem trabalhado fortemente no interesse em incrementar sua participação nos campos de
petróleo no Brasil. Durante o ano de 2011, a produção média diária foi de 71.000 barris de óleo e 28
milhões de pés cúbicos de gás natural. A empresa possui ainda participação direta em campos de
águas profundas na Bacia de Campos, como Frade, Papa--Terra e Maromba.

No caso do campo de Frade, a empresa é a operadora com 51,7% de participação. O campo está
localizado a uma lamina de água de aproximadamente 3.700 pés, a cerca de 370 km a nordeste do
Rio de Janeiro, na Bacia de Campos. Frade é um desenvolvimento submarine com poços ligados
diretamente a um navio FPSO. O projeto consta de 11 poços produtores e 4 poços injetores, o que
significa em termos de produção a uma vazão máxima diária de 80.000 barris de óleo e 34 milhões
de pés cúbicos de gás natural.

O primeiro óleo do campo de Frade foi anunciado em 2009.

Desenvolvimento em Papa-Terra e Maromba


Ainda na Bacia de Campos, a Chevron é não operadora nos campos de Papa-Terra e Maromba.

O campo de Papa-Terra está localizado a aproximadamente 1200 metros de lamina de água. Seu
plano de desenvolvimento prevê a utilização de 2 Unidades Estacionárias de Produção, sendo 1 FPSO
e uma Tension Leg Plataform (TLP), com capacidade para produzir 140.000 barris de óleo por dia.
A maior parte da produção do campo é de óleo pesado. Os poços com óleo leve serão interligados
diretamente ao FPSO. Chevron detém participação de 37,5% no campo.

O desenvolvimento do campo de Maromba foi sendo avaliado no início de 2012. Chevron tem
participação de 30% neste campo, que é operado pela Petrobras.

Lubrificantes
A Chevron vem conquistando espaço no Brasil também na área de lubrificantes, mercado
considerado chave para companhia. Por isso, ela opera atualmente uma unidade fabril no Rio de
Janeiro responsável pela produção de 1 bilhão de barris de óleos lubrificantes por ano. Outra planta,
em São Paulo, produz 15 mil toneladas de lubrificantes comerciais, além de outros produtos. Os
lubrificantes Havoline® e Ursa® são reconhecidos como líderes de mercado.

Maior empresa prestadora de serviços do setor de O&G do mundo, a Schlumberger opera no Brasil
desde 1945, oferecendo soluções tecnológicas para os desafios da indústria de óleo e gás local. Hoje
a companhia possui operações em 12 lugares espalhados pelo país e emprega mais de duas mil
pessoas no Brasil.

24
MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

A Schlumberger é a líder mundial no fornecimento de tecnologia, gerenciamento de projetos


integrados e soluções de informação para clientes que atuam na indústria global de óleo e gás. Com
aproximadamente 105 mil empregados, representando mais de 140 nacionalidades e trabalhando
em cerca de 80 países, a empresa fornece o mais amplo espectro de produtos e serviços para a
indústria, da exploração à produção.

Destaque
A Schlumberger foi a primeira grande empresa a inaugurar um centro de pesquisas na ilha do
fundão, no Rio de Janeiro. O novo centro, que iniciou os trabalhos em dezembro de 2010, possui
um centro de pesquisas em geoengenharia, um centro de tecnologia em geoengenharia e um hub
de geosoluções, além de laboratórios de reservatórios. Cada elemento preenche uma necessidade
chave em exploração e desenvolvimento de reservatórios em águas profundas e no pré-sal. O
centro de pesquisas, projetado para trabalhar em estreita colaboração tanto com os clientes como
com as universidades, vai realizar pesquisa e desenvolvimento para aprimorar o entendimento
da indústria sobre as formações do pré-sal e a otimização do seu desenvolvimento. O centro
de tecnologia em geoengenharia vai desenvolver fluxos de trabalho e aplicativos utilizando a
plataforma de desenvolvimento de software Ocean* e o software Petrel*, que oferece soluções da
sísmica à simulação. Soluções regionais para a integração de dados de sísmica e outras técnicas
serão desenvolvidas no WesternGeco GeoSolutions, enquanto três laboratórios de reservatórios
fornecerão instalações para testar e avaliar rochas e fluidos de reservatórios sob condições
controladas para diversas aplicações, incluindo a construção de poços e o estímulo de reservatórios.

O Centro de Pesquisas em Geoengenharia da Schlumberger no Brasil possui 10 mil m2 e é a


primeira instalação do tipo, da Schlumberger, no Hemisfério Sul. Quando o quadro de empregados
estiver totalmente preenchido, até 300 cientistas, engenheiros e técnicos, funcionando em grupos
multidisciplinares e colaborativos, vão trabalhar para desenvolver soluções inovadoras para os
desafios técnicos associados às complexas formações encontradas nas águas profundas da costa
brasileira. Dando continuidade a um tema que agora envolve os centros de pesquisa da Schlumberger,
as novas instalações do Brasil estão localizadas perto da experiência acadêmica de vanguarda da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e no mesmo campus que abriga o centro de pesquisas da
Petrobras, CENPES.

Fundada em 1919, a partir do legado das quatro empresas, a Halliburton de hoje é uma das
maiores empresas de serviços para campos petrolíferos do mundo e um dos principais prestadores
de serviços de engenharia e construção. A corporação emprega mais de 70.000 empregados
em aproximadamente 80 países, manifestando uma presença global extensa com capacidades
comprovadas.

A companhia é marcada por oferecer inúmeras soluções para todo o ciclo de vida de um campo
de petróleo, desde o reservatório, ajudando a localizar as acumulações de hidrocarbonetos e

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UNIDADE I │ MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS

gerenciando os dados geológicos, passando pelas ótimas ferramentas e tecnologias para perfuração
e avaliação das formações, construção de poços e completação, até chegar finalmente nos aplicativos
que permitem uma otimização da produção dos poços.

Destaque

Sperry Drilling está liderando a indústria na perfuração de poços mais rápidos, seguros e com
mais precisão. O objetivo é otimizar a eficiência de perfuração por meio do aumento da taxa de
penetração e de redução tempos não produtivos. Operações em tempo real são fundamentais para a
entrega – de operar remotamente equipamentos para soluções de consultoria.

Soluções disponíveis.

»» Perfuração Direcional

»» Perfuração Otimização

»» Medidas While Drilling

»» Logging While Drilling

»» Perfuração de pressão otimizada

»» Sistemas Multilaterais

»» Serviços em tempo real

Uma das maiores companhias de serviços do mundo na indústria do petróleo, a Weatherford opera
em mais de 100 países e emprega mais de 50.000 pessoas em todo mundo. No Brasil, assim como
suas principais concorrentes, mantém em Macaé sua maior base operacional, onde trabalham mais
de 1000 colaboradores nas linhas de produtos mais importantes desde a perfuração até a otimização
de campo de petróleo através de um dos melhores aplicativos computacionais da indústria.

Destaque

A Weatherford é a principal companhia provedora de soluções para elevação artificial. É a única


que possui equipamentos e serviços para todos os métodos, desde o mais utilizado no mundo
(Bombeio Mecânico) até o responsável pela maior parte da produção no Brasil, o gás -lift.

Para melhor atender as linhas de produtos ligadas à elevação artificial, a empresa possui duas
fábricas no Brasil. No município de São Leopoldo – RS, está instalada a fábrica de equipamentos
para o método Bombeio de Cavidades Progressivas, entre eles bombas, rotores e cabeçotes. E no

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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS│ UNIDADE I

município do Rio de Janeiro, fica uma novíssima fábrica de Unidades de Bombeio (mais conhecida
como “cavalo de pau”). No mesmo local, funcionava uma antiga fábrica brasileira do mesmo
equipamento.

Pesquise sobre o mercado de equipamentos submarinos e de sondas. envie ao tutor


seu “guia” para quem quer saber mais sobre esses importantes itens.

27
EXPLORAÇÃO DE UNIDADE II
PETRÓLEO

CAPÍTULO 1
Papel de geólogos e geofísicos

O Petróleo
O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e de
cor variando entre o negro e o castanho escuro. Embora objeto de muitas discussões no passado, hoje se
tem como certa a sua origem orgânica, sendo uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio.

Admite-se que esta origem esteja ligada à decomposição dos seres que compõem o plâncton –
organismos em suspensão nas águas doces ou salgadas tais como protozoários, celenterados e
outros organismos – causados pela pouca oxigenação e pela ação de bactérias.

Estes seres decompostos foram, ao longo de milhões de anos, se acumulando no fundo dos mares
e dos lagos, sendo pressionados pelos movimentos da crosta terrestre e transformaram-se na
substância oleosa que é o petróleo.

Ao contrário do que alguns pensam, o petróleo não permanece na rocha que foi gerado – a rocha
matriz – mas desloca-se até encontrar um terreno apropriado para se concentrar.

Esses terrenos são denominados bacias sedimentares, formadas por camadas ou lençóis porosos
de areia, arenitos ou calcários. O petróleo aloja-se ali, ocupando os poros rochosos. Ele acumula-se,
formando jazidas. Ali, são encontrados o gás natural, na parte mais alta, e petróleo e água, na parte mais baixa.

Figura 5. Distribuição dos fluidos em uma estrutura geológica

28
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

Em meados do século XIX, a necessidade de combustível para iluminação (principalmente


querosene, mas em algumas áreas, gás natural) levou ao desenvolvimento da indústria do petróleo.
Principalmente no século XIX, o crescimento do transporte motorizado fez com que a demanda
crescesse muito rapidamente. Hoje em dia, o petróleo fornece uma grande parte da energia mundial
utilizada no transporte e é a principal fonte de energia para muitas outras finalidades. O petróleo
tornou-se fonte de milhares de produtos petroquímicos.

A palavra petróleo vem do latim, petra e oleum, correspondendo à expressão “pedra de óleo”.
O petróleo ocorre na natureza ocupando vazios, existentes entre os grãos de areia na rocha, ou
pequenas fendas com intercomunicação, ou mesmo cavidades também interligadas. Estudos
arqueológicos mostram que a utilização do petróleo iniciou-se 4000 anos antes de Cristo, sob
diferentes denominações, tais como betume, asfalto, alcatrão, lama, resina, azeite, nafta, óleo de
São Quirino, nafta da Pérsia, entre outras.

A moderna era do petróleo teve início em meados do século XIX, quando um norte-americano
conhecido como Coronel Drake encontrou petróleo a cerca de 20 metros de profundidade no oeste
da Pensilvânia, utilizando uma máquina perfuratriz para a construção do poço. Os principais
objetivos eram então a obtenção de querosene e lubrificantes. Nessa época, a gasolina resultante
da destilação era lançada aos rios (prática comum na época) ou queimada, ou então, misturada ao
querosene por ser um explosivo perigoso. Entretanto, a grande revolução do petróleo ocorreu com
a invenção dos motores de combustão interna e a produção de automóveis em grande escala, que
deram à gasolina (obtida a partir do refino do petróleo) uma utilidade mais nobre. O termo petróleo,
a rigor, envolve todas as misturas naturais de compostos de carbono e hidrogênio, os denominados
hidrocarbonetos, incluindo o óleo e o gás natural, embora seja também empregado para designar
apenas os compostos líquidos.

O petróleo é formado em depressões da crosta terrestre após o acúmulo de sedimentos trazidos


pelos rios das partes mais elevadas, ao seu redor, em ambiente aquoso. A imagem mais facilmente
compreensível depressões, ou bacias sedimentares, dessas uma bacia sedimentar é a de uma
ampla depressão coberta de água, seja um lago ou um mar que sofre rebaixamento contínuo no
tempo geológico. Dentre diversas teorias existentes para explicar a origem do petróleo, a mais
aceita, atualmente, é a de sua origem orgânica, ou seja, tanto o petróleo como o gás natural, são
combustíveis fósseis, da mesma forma que o carvão. Sua origem se dá a partir de matéria orgânica,
animal e vegetal (principalmente algas), soterrada pouco a pouco por sedimentos caídos no fundo
de antigos mares ou lagos.

Entretanto, mesmo assim a matéria orgânica desses tecidos passou por drásticas modificações,
graças à temperatura e à pressão causada pelo soterramento prolongado, de modo que praticamente
só restaram o carbono e o hidrogênio, que, sob condições adequadas, combinaram-se para formar
o petróleo ou gás. A grande diferença entre a formação do carvão mineral e dos hidrocarbonetos
é a matéria-prima, ou seja, principalmente material lenhoso para o carvão e algas para os
hidrocarbonetos, o que é definido justamente pelo ambiente de sedimentação. Normalmente, o
petróleo e o gás coexistem, porém, dependendo das condições de pressão e temperatura, haverá
maior quantidade de um ou de outro. Para que grandes quantidades de petróleo se formem,
é necessária a presença de três fatores: vida exuberante, contínua deposição de sedimentos,

29
UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

principalmente argilas, concomitante com a queda de seres mortos ao fundo da bacia e, finalmente,
o rebaixamento progressivo desse fundo, para que possam ser acumulados mais sedimentos e mais
matéria orgânica sobre o material já depositado.

A exploração
De um modo geral, a fase exploratória mais dispendiosa é a da perfuração de poços. A decisão
de perfurá-los é antecedida de extensa programação e elaboração de estudos, que permitam um
conhecimento tão detalhado quanto possível das condições geológicas presentes na região, tanto na
superfície como em subsuperfície. As perfurações se orientarão, assim, para as áreas que tenham,
de fato, as maiores possibilidades de conter acumulações de óleo ou gás.

Para localizar o petróleo ou gás numa bacia sedimentar, os especialistas firmam-se em dois
princípios fundamentais: 1) o petróleo se aloja numa estrutura localizada na parte mais alta de um
compartimento de rocha porosa, isolada por camadas impermeáveis. Essa estrutura é denominada
armadilha ou trapa; 2) essas estruturas são resultantes de modificações sofridas pelas rochas ao
longo do tempo geológico, especialmente a sua deformação, através do desenvolvimento de dobras
e falhas na crosta terrestre.

Os diversos estágios da pesquisa petrolífera orientam-se por fundamentos de duas ciências: a


Geologia e a Geofísica. A aplicação da Geologia à pesquisa do petróleo e gás natural é de extrema
importância, porque essa ciência explica o porquê da ocorrência do hidrocarboneto em determina
localidade. Explica também sua origem, a que tipo de rocha se associa e quais os eventos geológicos
responsáveis pela formação de uma jazida economicamente aproveitável. Após minuciosos estudos
geológicos é que se pode saber se há ou não conveniência na aplicação de grandes capitais destinados
à procura e exploração do petróleo. O geólogo especializado nessa área de atuação participa em todas
as fases da pesquisa. Faz o reconhecimento da bacia sedimentar, localiza e estuda as estruturas
mais potenciais ao acúmulo de petróleo ou gás e presta assessoria ao geofísico, com informações
geológicas, necessárias à interpretação dos resultados sísmicos. O geólogo do petróleo coordena,
no campo, o conjunto de profissionais envolvidos nos trabalhos de exploração, supervisiona todas
as fases do processo de pesquisa, mantém-se presente durante a perfuração do poço pioneiro,
examina as amostras coletadas, verifica e elabora os testes pertinentes a cada indício de óleo em
profundidades diferentes, que vão sendo atingidas através da perfuração. Após a consumação do
poço pioneiro, o geólogo continua se fazendo presente junto ao agrupamento, até que seja demarcado
definitivamente o campo de petróleo encontrado.

Na aplicação de estudos geológicos para prospecção e pesquisa de petróleo são utilizados diversos
métodos geofísicos (sísmica, gravimetria, magnetometria, imagens de satélite). O petróleo
é encontrado tanto no subsolo marinho como no terrestre, sobretudo nas bacias sedimentares,
mas também em rochas do embasamento cristalino. São estudadas as rochas reservatórios e as
rochas selantes através de sedimentologia e estratigrafia, e na caracterização das armadilhas
os estudos das estruturas que permitem acumulações econômicas.

Na perfuração de um poço de petróleo são descritas as rochas atravessadas, buscando também


indícios de hidrocarbonetos. Posteriormente são utilizadas ferramentas que investigam propriedades

30
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

radioativas, elétricas, magnéticas e elásticas das rochas da parede do poço (perfilagem) as quais
permitem identificar e avaliar a presença de hidrocarbonetos.

A geologia do petróleo trata principalmente da avaliação de sete elementos chave em bacias


sedimentares.

»» Rocha reservatório

»» Reservatório

»» Trapa

»» Selo

»» Tempo

»» Migração

»» Maturação

Em geral, todos estes elementos devem ser avaliados através de uma “janela” limitada para o mundo
subterrâneo, fornecido por um (ou possivelmente mais) poços de exploração. Avaliação da fonte
utiliza os métodos de geoquímica para quantificar a natureza das rochas ricas em compostos
orgânicos que contêm os precursores dos hidrocarbonetos, de forma que o tipo e a qualidade dos
hidrocarbonetos expelidos possam ser avaliados.

O reservatório é uma unidade litológica porosa e permeável ou conjunto de unidade que retém as
reservas de hidrocarbonetos. A análise de reservatórios no mais simples nível requer uma avaliação
da sua porosidade (para calcular o volume de hidrocarbonetos in situ) e sua permeabilidade
(para calcular quão facilmente os hidrocarbonetos irão fluir fora dele). Algumas das disciplinas
chaves usadas na análise de reservatórios são os campos da estratigrafia, sedimentologia, e
engenharia de reservatórios

O selo, ou rocha selante, é uma unidade com baixa permeabilidade que impede o escape de
hidrocarbonetos da rocha reservatório. Selos comuns incluem evaporitos, gredas e folhelhos.
A análise de selos envolve a avaliação de sua espessura e extensão, de modo que sua eficácia pode
ser quantificada.

A trapa é a característica estratigráfica ou estrutural, que garante a justaposição do reservatório e


selo de tal forma que os hidrocarbonetos permanecem presos no subsolo, em vez de fugir (devido à
sua natural flutuabilidade) e se perderem.

A análise da maturação envolve a avaliação da história termal da rocha fonte de maneira a produzir
predições da quantidade e cronologia da geração e expulsão dos hidrocarbonetos. Finalmente,
cuidadosos estudos de migração revelam informação sobre como hidrocarbonetos movem-se da
fonte ao reservatório e ajudam a quantificar a fonte (ou “a cozinha”) dos hidrocarbonetos em uma
área em particular.

31
UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Figura 6. Como localizar petróleo na formação

Figura modificada de Decifrando a Terra (TEIXEIRA, et al. 2000)

32
CAPÍTULO 2
Importância do planejamento e
execução da perfuração de poços

Introdução
Nenhum poço é perfurado sem problemas. Durante a fase de projeto deve-se obter o máximo de
informações da locação e dos riscos à perfuração para evitar que se tornem grandes problemas, às
vezes problemas insolúveis.

Uma das práticas adotadas é integrar todas as disciplinas da Engenharia, da Geologia e da Geofísica
necessárias para projeto e construção de um poço de petróleo. Desse encontro multidisciplinar
deve-se extrair um projeto de poço capaz de compreender bem toda mecânica envolvida na fase de
construção que possa minimizar riscos às pessoas, aos equipamentos e com custos competitivos.

O engenheiro responsável pelo projeto deve ser capaz de entender bem todas as disciplinas
envolvidas e gerenciar os impactos que cada atividade exerce sobre as demais com o intuito de
atender as demandas do projeto e otimizar a perfuração. Por exemplo, a otimização dos parâmetros
de perfuração em projeto, na prática pode produzir vibrações na coluna de perfuração que não são
toleradas pelos equipamentos de perfilagem durante a perfuração comprometendo a aquisição de
dados das formações e(ou) danificando as ferramentas.

Formações e litologias
O interesse geológico do Engenheiro de Perfuração é entender as propriedades in situ da rocha
(Propriedades Físicas: topos, idade, falhas, porosidade, dureza, abrasividade e propriedades
elásticas; Propriedades Químicas: litologia e composição mineralógica e, Propriedades Térmicas),
identificar obstáculos e analisar na seção geológica e sísmica os objetivos propostos.

O conhecimento da composição mineralógica, idade e topos das formações e os chamados obstáculos


à perfuração (zonas de pressão anormal, zonas de perda de circulação, falhas, mobilidade etc.) e os
dados dos poços de correlação serão usados para otimizar a configuração do poço e entendimento dos
problemas que poderão ocorrer durante a construção do poço. Quando houver muitos obstáculos e
a trajetória do poço for complexa, a solução é dividir a coluna litológica em extratos individualizados
com análise detalhada de todos os aspectos que podem interferir na construção do poço.

Idades geológicas
Quando é feita a análise da Seção Geológica que será perfurada associamos os riscos à perfuração
(ex.: dureza e abrasividade de rocha, geopressões, falhas etc.) com eventos que possam correlacionar
os poços. Uma maneira é subdividir a coluna litológica amarrando os eventos. Rochas mais antigas
são mais duras e compactas porque foram submetidas a maiores soterramentos.

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UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Poços verticais e direcionais


Um poço é direcional quando o objetivo a atingir não se encontra na mesma vertical da locação
da sonda, sendo necessário utilizar técnicas especiais não empregadas na perfuração de poços
verticais. Os procedimentos para uma perfuração direcional são bem específicos, desde a elaboração
do projeto até a execução da perfuração propriamente dita.

Aplicações

Controle de poços verticais


Quando um poço vertical ultrapassa alguns limites de inclinação predeterminados, torna-
se necessário proceder como na perfuração de poços desviados, sendo, em casos extremos,
imprescindível à correção orientada da trajetória do poço ou até o abandono de parte do mesmo e
posterior desvio de modo a mantê-lo próximo à vertical.

Figura 7. Controle de Poços Verticais

Thomas, 2004.

Locações inacessíveis
Existem casos em que é impossível, ou antieconômica, a utilização de uma locação para perfurar um
poço vertical. Construções, morros e lagos são exemplos desses obstáculos que podem vir a tornar
um poço direcional a solução única ou mais econômica. Outro exemplo que aqui se encaixa é a
perfuração de poços direcionais da praia, visando objetivos na plataforma continental.

34
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

Figura 8. Locações inacessíveis Figura 9. Perfuração em domo salino

Fonte: HALLIBURTON ENERGY. Apostila de Perfuração, 2005.

Perfuração por meio de domo salino


A perfuração por meio de um domo salino pode acarretar problemas que comprometem a
estabilidade do poço. Nesses casos um poço direcional pode atingir esse objetivo específico sem
atravessar o domo salino.

Poços em estruturas múltiplas


São os poços perfurados a partir de estruturas como as plataformas fixas ou templates, contendo
várias guias para desenvolver os campos de óleo e(ou) gás. Esta tem sido a solução encontrada para
viabilizar o desenvolvimento de vários campos na plataforma continental.

Figura 10. Perfuração a partir de estruturas múltiplas Figura 11. Poços de alívio

Fonte: HALLIBURTON ENERGY. Apostila de Perfuração, 2005.

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UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Poços de alívio
Esta aplicação se faz necessária quando se deseja atingir ou se aproximar, o máximo possível, de um
poço em blowout na formação produtora, e injetar fluido pesado ou água a fim de eliminar a erupção.
Nesses casos tornam-se necessárias técnicas as mais sofisticadas, utilizando os equipamentos
disponíveis de maior precisão possível.

Direcionais “naturais”
Existem casos em que a tendência de desvio dos sedimentos é tão acentuada que a perfuração de um
poço vertical se torna muito difícil, onerando o custo final do poço devido ao controle necessário.
Caso se conheça a tendência das camadas, a sonda pode ser deslocada de modo a permitir que os
desvios causados durante a perfuração, levem ao objetivo desejado. Ultimamente esta técnica vem
sendo amplamente utilizada em campos de terra, especialmente na Bahia onde áreas com muitas
falhas geológicas provocam afastamentos consideráveis dos poços com relação à vertical que passa
pelo objetivo.

Poços horizontais
Esta é uma técnica antiga (1929), mas que tem tido um grande desenvolvimento recente, depois do
desenvolvimento de conjuntos orientáveis (Steerable Systems) de motores de fundo com deflexão
no corpo (Steerable Motors W/ Bent Housings).

Tem uma aplicação muito grande na perfuração de calcários fraturados verticalmente ( Ex.: AUSTIN
CHAULK), em zonas produtoras de pequena espessura ou de baixa permeabilidade com o intuito
de aumentar a área exposta à produção, para evitar a formação de cones de água e algumas outras
aplicações.

Figura 12. Tipos de Poços Horizontais

Fonte: HALLIBURTON ENERGY. Apostila de Perfuração, 2005.

36
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

Poços de longa extensão (Extended reach


wells)
Considera-se um poço de longa extensão aquele em que a distância base/objetivo é duas vezes maior
do que a diferença entre a profundidade vertical do objetivo e do KOP. Costuma-se projetá-los com
raio longo para minimizar o efeito do torque e do arraste.

São poços que exigem cuidados especiais no que diz respeito à limpeza e dimensionamento de
colunas de perfuração e capacidades da sonda. Em geral as inclinações ficam acima de 80º.

Poços de projetista (Designer wells)


São projetados quando a direção requerida para entrar e atravessar a zona produtora não coincide
com a direção base/alvo. Neste caso, além de fazer uma curva para o ganho de inclinação, é necessária
uma alteração gradual na direção do poço. Todas as considerações feitas para os poços de grande
afastamento são válidas, também, para os poços de projetista. Para esses casos, assim como para os
poços de grandes afastamentos, em geral, a aplicação de ferramentas defletoras rotativas (Rotary
Steerables – RST) torna-se obrigatória.

Figura 13. Designer Well

Fonte: MATOS, João Siqueira. Métodos de Elevação, 1998.

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UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Projeto de poços direcionais


O projeto consiste na determinação da trajetória que o poço deverá seguir para atingir o objetivo. Para
se elaborar o projeto do perfil de um poço direcional, devemos inicialmente coletar as informações
necessárias ao cálculo e à adequação do perfil às diversas formações que serão atravessadas durante
a perfuração. Como principais elementos para a definição do perfil direcional, podemos destacar:

Coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator)


da locação da sonda (base) e do objetivo

Normalmente as coordenadas do objetivo são obtidas por intermédio do departamento responsável


pelo estudo do reservatório na área onde se situa o poço.

Já as coordenadas da locação da sonda, no caso de poços em terra, são escolhidas tendo como
critério a facilidade de acesso, proximidade com o alvo etc., sendo definidas conjuntamente pelos
setores de engenharia e de perfuração direcional. As locações das sondas de mar são definidas após
estudos que levam em conta a melhor vinculação dos poços, a existência de oleodutos e gasodutos
na área, correntes marítimas, direção preferencial dos ventos, lâmina d’água etc.

De posse dessas coordenadas UTM (sondas e objetivo) calcula-se o afastamento horizontal da sonda
ao objetivo e a direção deste afastamento, segundo as fórmulas abaixo:

D - Afastamento Base - objetivo

Azimute - Direção Base - Objetivo

x1 - Coordenada Norte do objetivo

y1 - Coordenada Leste do objetivo

x2 - Coordenada Norte da Base

y2 - Coordenada Leste da Base

Coluna geológica prevista, profundidade vertical


do objetivo e profundidade vertical final
Além das profundidades verticais do objetivo e final, a Exploração juntamente com Reservatórios
deverá fornecer a coluna geológica prevista, contendo as seguintes informações: composições de
minerais, “dip” de camadas, falhas geológicas, topos de formações e pressões nos reservatórios.

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EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

De posse desses dados, podemos determinar a profundidade para o desvio orientado do poço (Kick
off Point), a partir da qual será iniciada a seção de crescimento de inclinação (Build Up).

Determinação do ponto de desvio orientado do


poço (KOP) e seção de crescimento de inclinação
(Build up)

Esses dois itens do projeto devem ser determinados dentro de formações de dureza e composição
compatíveis com a utilização de ferramenta defletora e a taxa de ganho de inclinação desejada.

Formações moles e médias são preferíveis. Devem ser evitadas formações muito moles,
principalmente com sedimentos inconsolidados, devido à possibilidade de desmoronamento e
dificuldade de ganho de inclinação mesmo usando motor de fundo.

Por outro lado as formações duras deverão ser evitadas devido às limitações de parâmetros impostas
pelo motor de fundo (baixo peso, alta rotação) diminuindo consideravelmente a taxa de penetração
e a vida útil da broca.

As formações plásticas podem gerar problemas de enceramento de broca e dificuldade para


orientação do motor de fundo. Neste caso a escolha do fluido e suas características é a chave para o
sucesso.

Preferencialmente, devemos projetar o KOP o mais próximo possível da superfície. Esse


procedimento é indicado devido às facilidades encontradas para orientar os motores de fundo ou
colunas de jateamento e à menor dureza das formações. Também, como consequência, obtém-se
poços de menor inclinação.

Deve-se evitar que KOP próximo à superfície resulte em poços de muito baixa inclinação (menor
que 20º), pois estes, de um modo geral, são de difícil controle direcional, podendo ser necessário
executar várias correções de trajetória, causando problemas mecânicos ao poço, além de onerar seu
custo.

Obs.: Dependendo do perfil escolhido para o poço (como veremos adiante) haverá necessidade
de provocar, durante a perfuração, a sua perda de inclinação. Esta perda de inclinação provocada
(Drop-off) não deve ser programada em formações duras.

Análise dos poços de correlação


A partir dos poços de correlação, são coletadas informações que afetaram direta ou indiretamente
a sua perfuração, tais como: tendência natural das formações, colunas utilizadas, parâmetros,
melhores pontos para desvios, zonas de perda de circulação, zonas onde ocorreram prisões e outras
limitações impostas pela área.

39
UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Escolha do perfil do poço


Gradientes de “build up” e de “drop-off”, tipos de equipamentos direcionais disponíveis, formações
a serem atravessadas, programa de revestimento e fluido de perfuração, ângulo máximo de
inclinação a ser atingido, afastamento e profundidade vertical do objetivo, são alguns dos fatores
que determinam o tipo do perfil direcional a ser empregado. Existem basicamente três tipos de
perfil de poços direcionais.

TIPO I (SLANT)
Deve ser escolhido quando o afastamento horizontal é grande em relação à profundidade do poço
e o KOP deve ser feito próximo à superfície. Caracteriza-se por ter um trecho de crescimento de
inclinação (build-up), com taxa constante, e termina com um trecho de inclinação constante (Slant),
passando pelo centro do alvo, prosseguindo até atingir a profundidade final. Esse é o perfil básico
dos poços de grande afastamento.

É o mais comumente usando devido a maior facilidade de execução, ter o KOP mais próximo da
superfície, facilitando a orientação da ferramenta defletora e possibilitando economia no tempo de
manobra e no custo final do poço.

Figura 14. Poço Slant Figura 15. Poço em “S”

Fonte: HALLIBURTON ENERGY. Apostila de Perfuração, 2005.

TIPO II (POÇO EM “S”)


Pode ser escolhido sempre que o afastamento horizontal for pequeno em relação à profundidade do
poço e o KOP deve ser feito próximo à superfície. É preferido em substituição a um poço que, quando
calculado para o Tipo I, resulte em baixa inclinação final, portanto de difícil controle direcional.
Caracteriza-se por ter, após os intervalos de “build-up” e inclinação constante, um intervalo de perda
de inclinação à taxa constante (Drop-off) até atingir a vertical ou uma inclinação próxima a esta.

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EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

Como inconveniências, na execução deste tipo de perfil, destacamos: alto desgaste das colunas de
perfuração e de revestimento, aumento da possibilidade de formação de chaveta e consequente
prisão de coluna. No ponto de vista econômico, pode implicar no uso de mais um revestimento para
cobrir o trecho em “drop-off”.

TIPO III
Assemelha-se ao tipo I com a diferença de o KOP ser mais profundo. Caracteriza-se por terminar na
fase de build-up, sem o trecho de inclinação constante.

São utilizados em geral para aproveitamento de poços verticais secos. Como o KOP é profundo, pode
ser necessária à utilização de ferramentas especiais na orientação da ferramenta defletora.
Figura 16. Poço Kop Profundo

Fonte: HALLIBURTON ENERGY. Apostila de Perfuração, 2005.

Mapeamento dos poços da área


É necessário que se faça o levantamento de todos os poços já perfurados na área, mapeando-os com
a finalidade de evitar, durante a execução do projeto, aproximação que possa levar à colisão com
estes poços.

Este mapa das projeções dos poços no plano horizontal é conhecido como Spider.

No caso de estruturas múltiplas, é necessário que se vincule cada guia a um objetivo, com a finalidade
de minimizar as possibilidades de cruzamento de poços e os riscos de colisões. Essas guias deverão
ser numeradas e relacionadas com suas coordenadas UTM.

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UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Softwares para cálculos de projetos


Para os cálculos dos projetos de poços direcionais são utilizados softwares desenvolvidos localmente
ou outros fornecidos por companhias de perfuração direcional. O software COMPASS da empresa
Landmark possibilita projetar, acompanhar e armazenar com todos os recursos necessários a
perfuração de poços.

Definição das profundidades das sapatas dos


revestimentos
As profundidades das sapatas e os diâmetros dos revestimentos são definidos de forma que os
trechos curvos (build-up e drop-off) sejam revestidos logo que executados, visando à estabilidade e
segurança do poço.

Valores usuais para a definição de um projeto


de perfuração direcional

Taxa de build-up

A taxa de build-up mais comumente usada é de 2º/30m que implica um raio de curvatura de 859,44m
e normalmente não tem apresentado problemas. Taxas tão fortes como 3º/30m ou superiores só
deverão ser usadas quando for imperativo um crescimento mais rápido da inclinação.

Esta taxa define o tipo de poço horizontal que se pretende perfurar. Para taxas entre 1º/30m e
10º/30m os poços são considerados de Raio Longo, entre 11º/30m e 35º/30m, de Raio Médio. Os
Poços de Raio Curto necessitam ferramentas especiais, mais flexíveis e as taxas são muito altas, na
faixa de 100º/30 m.

Ao se perfurar poços de raio médio, com ferramentas convencionais, cuidados redobrados devem
ser tomados com relação ao controle da limpeza, do torque e do arraste (drag). Quanto maior a taxa
de ganho de inclinação, menores os afastamentos possíveis de se alcançar.

Taxa de drop-off

Para um mesmo projeto, a taxa de drop-off escolhida é normalmente menor do que a taxa de build-
up utilizada. Exemplo: para taxa de build-up de 2º/30m usar taxa de drop-off de 1º/30m, ou menor.

Dog leg e Dog leg severity

O Dog Leg é o resultado da variação da trajetória do poço detectada através de registros de inclinação
e direção entre duas estações. Como essa variação, se muito brusca, pode acarretar problemas sérios

42
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

para o poço, é necessário um acompanhamento avaliando a cada registro a sua intensidade. Para
proceder a essa avaliação faz-se necessária uma unidade padrão (graus/100 pés ou graus/30m) a
partir da qual se pode estabelecer comparações com valores preestabelecidos de dog-leg. O dog leg
expresso nessa unidade é conhecido como Dog Leg Severity (DLS). Um limite seguro para o Dog
Leg Severity depende da formação que está sendo perfurada, do diâmetro do poço, do diâmetro
dos componentes da coluna de perfuração, do diâmetro do revestimento a ser descido etc. Deve-se
evitar que sejam criados Dog Legs acima de 3º/100` em poços de 9 1/2” ou de diâmetros menores.
Para poços com diâmetros de 12 ¼ “ ou maiores, evitar Dog Legs de 5º/30m ou superiores. Esses
limites não são definitivos e podem ser alterados dependendo da experiência registrada em cada
área. O Dog Leg Severity (DLS) é calculado pela seguinte fórmula:

Onde: DLS. = “Dog Leg Severity” (graus/30 m)

»» I1 = inclinação do 1o registro em graus

»» I2 = inclinação do 2o registro em graus

»» D1 = azimute do 1o registro em graus

»» D2 = azimute do 2o registro em graus

»» Pm= intervalo entre os dois registros em metros.

Tolerância de aproximação do objetivo


O alvo a ser atingido por um poço é uma área em torno do objetivo, podendo essa ser circular ou
não. Normalmente considera-se um círculo com um raio de tolerância predeterminado. A tolerância
de aproximação depende do tamanho da malha do campo a ser desenvolvido e das finalidades para
as quais o poço está sendo perfurado.

Nos campos maduros, em função do estreitamento das malhas, a tolerância fica, em alguns
casos, muito reduzida e a forma da área em torno do objetivo aonde é aceitável entrar com o
poço varia muito.

Controle de verticalidade
Em um poço vertical, onde seu objetivo ou alvo está verticalmente abaixo da sonda, o ângulo
com a vertical (inclinação) deve ser minimizado devido a uma série de problemas. Se esse ângulo
não ultrapassar 3 graus, diz-se que a verticalidade é ótima. Se ele está entre 3o e 5o próximo à
profundidade final do poço, a verticalidade é considerada boa, desde que não comprometa as

43
UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

condições mecânicas do poço ou o raio de tolerância do seu objetivo. Entretanto, os procedimentos


operacionais adotados em algumas empresas definem o valor de 3o como o limite para o início do
controle da verticalidade do poço, principalmente se ele é profundo. A determinação da inclinação
é feita normalmente por meio de instrumentos chamados inclinômetros lançados no interior da
coluna de perduração ao início da manobra para retirada da broca. Esses intervalos para registro
possuem comprimentos normalmente entre 100 e 150 metros. Estes instrumentos só medem a
inclinação. Se a determinação da direção do poço é necessária, instrumentos de registros mais
sofisticados devem ser utilizados.

Poços verticais que apresentam inclinações excessivas podem trazer dificuldades na fase de
perfuração do poço e durante a sua fase produtiva. As mais comuns são:

a. imprecisão das informações geológicas;

b. falha em se atingir o objetivo projetado;

c. possibilidade de perfurar o poço fora do limite da concessão;

d. problemas observados durante a perfuração como arraste e torque altos, desgaste


do revestimento e coluna de perfuração e aumento da possibilidade de prisão por
diferencial e

e. problemas observados durante a produção do poço devido ao desgaste da haste de


bombeio mecânico e coluna de produção.

As causas mais prováveis de desvio são as inclinações e durezas das formações, as características
mecânicas da coluna de perfuração e os parâmetros mecânicos. As inclinações das formações
junto com as mudanças de dureza durante a perfuração tendem a inclinar a broca desviando o
poço da vertical. A rigidez da coluna de perfuração influencia a tendência de ganhar ângulo. Assim,
comandos com diâmetros grandes e próximos ao diâmetro do poço produzem desvios menores da
vertical. Uma maneira de aumentar a rigidez da coluna é utilizar estabilizadores. Esses aparelhos, se
com lâminas desgastadas podem, entretanto, levar a desvios da vertical. A utilização de ferramentas
que geram redução de rigidez da coluna logo acima da broca, tais como subcestas, shock subs, e subs
de garrafa pode também provocar desvios indesejáveis. O aumento do peso sobre broca aumenta a
tendência de ganho de ângulo. Assim, quando há tendência de ganho de ângulo, o peso sobre broca
é reduzido. A rotação da broca pode ser aumentada para minimizar a redução da taxa de penetração
devido à diminuição do peso aplicado sobre a broca.

Quando a inclinação torna-se um problema, a primeira ação a ser tomada é modificar os parâmetros
mecânicos (redução do peso sobre broca e aumento da rotação da coluna). Caso essa providencia
não promova o efeito desejado, o próximo passo é alterar a composição de fundo (BHA) da coluna
de perfuração. Em formações moles e com tendência a prisão, utiliza-se o BHA pendular (nesse caso
o estabilizador mais próximo da broca deve ter o mesmo diâmetro do poço, o segundo mais afastado
desgaste de no máximo 5% do diâmetro do poço e o terceiro em torno de 5%). Já em formações

44
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

médias e duras utiliza-se uma composição de fundo empacada (o primeiro e o segundo estabilizador
não devem ter desgastes superiores a 5% do diâmetro do poço e o terceiro em torno de 5%). Caso
o ganho de ângulo persista, deve-se acompanhar a trajetória com registros direcionais. Se o desvio
da vertical é considerado intolerável, pode-se utilizar motor de fundo para trazer o poço próximo a
vertical ou mesmo tamponar o trecho com desvio excessivo e fazer um desvio acima do tampão para
correção de trajetória.

Segurança dos poços


Durante a perfuração de um poço, podemos ter alguns imprevistos. Por exemplo, quando temos
uma pressão de formação maior do que a pressão do poço a qual foi determinada. A esse exemplo
citado, dá-se o nome de Kick. Caso haja um erro no controle desse Kick, teremos um Blowout.

Em águas ultraprofundas, a pressão de fratura é muito baixa, com isso, há mais dificuldade em ter
uma boa operação de segurança de poço. Por isso, foram desenvolvidos sistemas computadorizados
para que equipes altamente treinadas as utilizassem para a detecção de um possível Kick. A pressão
registrada no manômetro da linha do choke aumenta bruscamente quando o gás começa a entrar
na linha do choke.

Ao término da produção de gás do poço o fluido de perfuração desloca o gás remanescente no


interior da linha do choke, aumentando a pressão no interior do poço.

Nas fases iniciais da perfuração, o comprimento do riser é maior que o do poço. É possível que
após do seu fechamento, certa quantidade de gás tenha ficado acima do BOP, ou dentro do riser de
perfuração. Se isso ocorrer, o gás deve ser retirado, pois poderá acarretar consequências catastróficas.

A margem de segurança do riser é utilizada para quando houver uma desconexão de emergência, e
o BOP tenha que ser fechado.

Obs: Os problemas relacionados à segurança do poço comentados anteriormente demonstram a


necessidade de projetos de pesquisas e desenvolvimento na busca por soluções.

Haverá um questionário enviado pelo tutor sobre Perfuração de Poços.

45
CAPÍTULO 3
Equipamentos e ferramentas mais
utilizados

Sondas

Figura 17. Tipos de sondas

Fonte: Thomas, 2004.

Sondas marítimas

Quadro 6. Tipos de sondas

Tipo Lâmina d’água de operação


Plataforma Fixa (Fixed Platform) < 250m
Plataforma Autoelevatória (Jack Up) < 150m
– Plataforma Semisubmersível Ancorada (Semi Submersible /SS) < 1800m
– Navio Sonda Ancorado (Drill Ship/DS) < 1200m
– Plataforma Semisubmersível de Posicionamento Dinâmico (SSDP) < 3000m
– Navio Sonda de Posicionamento Dinâmico (DSDP) < 3000m

Fonte: BARBOSA, (2012)

46
EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE II

Características operacionais

Podemos relacionar algumas características aos diferentes tipos de sonda, como mostra o quadro
abaixo.

Quadro 7. Características das sondas

Característica Sondas

Baixo custo de aluguel Fixa e Autoelevatória

Completação Seca Fixa e Autoelevatória

Operação livre das condições marítimas Fixa e Autoelevatória

Sistema de cabeça de poço (BOP) na superfície (facilidade durante a perfuração e uso de jaquetas de
Fixa e Autoelevatória
produção)

Baixo nível de complexidade dos equipamentos (tecnologia de uma sonda terrestre) Fixa e Autoelevatória

Alto nível de complexidade dos equipamentos (sistema de segurança de poço submarino, sistema de
SS e NS
movimentação de carga para compensar heave, etc.)

Utiliza ROV - Remoted Operated Vehicle SS e NS

Fonte: BARBOSA, (2012)

Equipe da sonda
Para que uma sonda funcione de forma contínua 24 horas por dia, são necessários dezenas e até
centenas de trabalhadores. Algumas funções, porém, podem ser destacadas principalmente devido
à responsabilidade que carregam. Vamos ver que funções são essas:

Engenheiro de Petróleo (Company man) ou Engenheiro


Fiscal

Representa o Operador que contratou a sonda e é o gerente geral das operações de perfuração e
completação. É do engenheiro de petróleo também a responsabilidade pelo cumprimento do
programa de poço. Como o aluguel de uma sonda sempre é na casa das centenas de milhares de
dólares, é fundamental que haja um mínimo possível de perda deste cronograma, ou seja, qualquer
parada nas atividades programadas certamente vai custar bem caro.

Outra responsabilidade do fiscal é relacionada ao SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança).


Nenhuma empresa quer pensar em acidentes com pessoas ou com o meio ambiente, notadamente
vazamentos de óleo para o mar. Infelizmente, não é muito raro que aconteçam esses vazamentos,
porém é preciso trabalhar bastante para que o impacto seja o menor possível. Finalmente, é preciso
cuidar para que as demais operações na sonda sejam executadas com máxima eficiência, como por
exemplo, a grande logística necessária, com saída e chegada de dezenas de equipamentos e pessoas
diariamente.

47
UNIDADE II │ EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Superintendente da sonda (Drilling Superintend) ou OIM

Como representante principal do Drilling Contractor, tem a função de dividir com o engenheiro fiscal
algumas responsabilidades, tais como as relativas aos aspectos de SMS e agilidade das operações
da sonda. É dele a tarefa de gerenciar as equipes de perfuração/completação e de manutenção,
além de ser o responsável por todo o planejamento das operações que serão executadas por essas
equipes. Baseado nas diretrizes definidas pelo cliente e seu principal representante (Fiscal), o
superintendente planeja a execução das operações e cuida para que não haja atrasos.

Encarregado de sonda (Tool Pusher)

Essa função também representa a empresa que foi contratada e é o responsável direto pela
coordenação das operações e por chefiar as equipes da sonda.

Sondador (Driller)

Uma das funções mais críticas para as operações na sonda são atribuições do sondador: operar o
guincho de perfuração, manter registro das operações do poço e executar algumas das operações
mais importantes, como por exemplo, a manobra e a descida do revestimento, entre outras. O
sondador também é responsável pela manutenção preventiva dos equipamentos da plataforma.

Torrista (Derrick man)

O Torrista é responsável pelo manuseio das seções de tubos na plataforma do torrista localizada
na torre de perfuração. É dele também a responsabilidade pela manutenção das bombas de lama.
Assim como o sondador, executa algumas operações como as manobras de válvulas dos manifolds do
sistema de circulação próximos das bombas e adição de produtos químicos ao fluido de perfuração.
Para isso ele deve controlar as propriedades básicas desse fluido, além de fazer a correta estocagem.

Plataformistas (Rough neck)

Com funções mais básicas em relação ao sondador e o Torrista, o Plataformista auxilia na operação
de manobra da coluna, manuseando chaves flutuantes (tongs) , cunhas (slips), colares de segurança
(safety collar) etc na plataforma (rigfloor). Ele também auxilia o Torrista na manutenção da bomba
e no tratamento do fluido de perfuração e inspeciona a coluna durante a descida e retirada.

Homens de área (Roustabout)

Realiza o manuseio de cargas no convés e executa os serviços de limpeza e pintura em geral.

48
PRODUÇÃO DE UNIDADE III
PETRÓLEO

Antes do início da produção de um poço de petróleo, após a perfuração ainda é


preciso deixá-lo em condições de produzir, de forma segura e econômica, durante
toda a sua vida produtiva.

Você já parou para pensar porque não basta apenas “fazer o buraco” e abrir as válvulas que ficam
entre o reservatório e a plataforma? Porque precisamos fazer algo a mais para que o poço produza
de forma satisfatória, trazendo os lucros esperados pelas operadoras que esperam ansiosamente
pela chegada de um novo óleo até os seus tanques? A resposta para essas perguntas está no conjunto
de operações destinadas a equipar o poço para produzir óleo ou gás, da maneira mais eficiente
possível. Isso se chama de completação. Como você vai ver na disciplina “Engenharia de Poço –
Completação”, essas operações têm reflexos durante toda a vida produtiva de um poço de petróleo
e gás, envolve altos custos e requer um planejamento criterioso bem como uma análise econômica
cuidadosa.

Responda às perguntas.

»» Quais são os tipos de completação existentes?

»» Descreva as etapas de completação de poço produtor.

»» Quais são os principais componentes da coluna de produção?

»» Qual a função do packer e do TSR?

»» Quais as diferenças entre ANS e ANM?

49
CAPÍTULO 1
Mecanismos de produção

Para que os fluidos existentes em uma rocha-reservatório possam vencer toda a resistência
contida no meio poroso, com suas tortuosidades e estrangulamentos e assim conseguirem se
deslocar é imprescindível uma determinada quantidade de energia. Esta energia é oferecida pelo
reservatório devido às circunstâncias geológicas pela qual a jazida foi submetida até sua completa
formação.

O mecanismo de produção do reservatório exprime o comportamento dos poços durante toda


a sua vida produtiva, sendo que para haver produção é necessário que outro material ou fluido
venha a preencher o espaço poroso ocupado pelos fluidos que o reservatório está produzindo.
Basicamente, existem três mecanismos de produção, que poderão acontecer isolada ou
conjuntamente: Mecanismo de gás em solução ou volumétrico, Mecanismo de capa
de gás e Mecanismo de influxo de água. Há também o que é denominado de Mecanismo
de Segregação Gravitacional, ocorrendo a partir da manifestação do efeito da gravidade, que
auxilia o desenvolvimento dos outros mecanismos. A gravidade faz com que ocorra a segregação
do fluido, ou seja, os fluidos tendem a se arranjar dentro do reservatório de acordo com as suas
densidades.

Reservatório de gás em solução


Um determinado reservatório se encontra em condições de pressão de bolha, se este reservatório
for posto em produção, sua pressão cairá e certa quantidade de gás sairá de solução. Inicialmente,
enquanto a pressão do reservatório e a pressão de fluxo no fundo do poço estiverem superiores à
pressão de saturação, existirá somente a fase líquida nos canais porosos, e o único gás produzido no
reservatório é o que sai de solução do óleo ao longo da coluna e linha produção. Conforme o óleo vai
sendo produzido, a pressão interna do reservatório vai se reduzindo e, como consequência, os fluidos
produzidos pelo reservatório se expandem. Quando a pressão de fluxo no fundo do poço diminui
para valores abaixo da pressão de saturação, começa a sair gás de solução do óleo, aumentando
assim a saturação de gás no meio poroso. Não há movimento de gás no reservatório enquanto a
saturação crítica não é atingida, e o óleo é produzido na superfície com uma RGO menor.

O processo de queda de pressão no reservatório é contínuo, de modo que a produção de fluido


provoca redução na pressão, dando ocorrência a expansão dos fluidos e redução dos poros, gerando
assim um aumento repentino de produção. Como o gás é muito mais expansível que o líquido, é a
sua expansão que provoca o deslocamento do líquido para fora do meio poroso.

A produção é a resultante da expansão do gás que em seu estado inicial encontrava-se dissolvido no
óleo e que vai saindo de solução a partir do decréscimo de pressão. Quanto menor a pressão, maior
a expansão do gás e mais líquido é deslocado pelo meio poroso.

50
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Porém, é de suma importância ressaltar que a queda de pressão próxima ao poço não deve ser muito
elevada, pois acarretaria em um aumento da saturação de gás ou que irá resultar em uma redução da
permeabilidade relativa ao óleo, e com isso respectivamente um declínio na produtividade do poço.

Esse tipo de reservatório é o mais comum nas bacias sedimentares exploradas no Brasil.

Reservatório com influxo de água


Neste tipo de mecanismo, é necessário que exista um aquífero e que este esteja em contato direto
com a jazida. Para que ocorra o mecanismo, é indispensável que as alterações do reservatório
atuem no aquífero e vice-versa. A água do aquífero é a responsável pelo deslocamento do óleo que é
recuperado. Devido à redução de pressão dentro do reservatório causada pela produção dos fluidos,
ocorre a expansão da água contida no aquífero, e consequente redução do seu volume poroso. Como
o espaço poroso foi reduzido este já não é mais suficiente para conter toda a água existente na
acumulação de água inicialmente, havendo, portanto, uma invasão da zona de óleo pelo volume de
água excedente.

Além de manter a pressão elevada na zona de óleo este influxo de água irá deslocar o fluido para os
poços de produção.

A vazão de produção deve ser limitada, para que não haja a formação de cones de água ou fingering,
o que é prejudicial à produtividade a ao fator de recuperação do reservatório.

Reservatório com capa de gás


Uma mistura de hidrocarbonetos pode se apresentar com as fases líquidas e vapor em equilíbrio,
dependendo das suas condições iniciais. A principal fonte de energia para produção dos fluidos é
resultante da expansão da capa de gás. A capa de gás é formada quando a fase de gás livre é menos
densa que o líquido, que ao se acumularem nas partes mais altas do meio poroso originam cones
de gás. Nesse tipo de estrutura, a zona de gás é preservada, enquanto a zona de óleo é posta em
produção, uma vez que a energia principal para a produção está no gás da capa. O gás que sai de
solução do óleo no reservatório migra para se juntar ao gás da capa, deslocando a interface gás-óleo
para baixo.

51
CAPÍTULO 2
Sistemas de produção

Para muitos técnicos, a produção é a atividade mais nobre da indústria de óleo e gás. Afinal, de nada
adianta realizar uma mega descoberta, prometer navios e navios de óleo, gastar milhões de dólares
em uma bem sucedida campanha de perfuração, se na hora H não se conseguir trazer toda aquela
riqueza para a superfície. Observe, caro aluno, que toda empresa de petróleo só transforma todo seu
esforço em retorno financeiro quando o petróleo e o gás chegam de forma segura ao Continente, de
preferência nas refinarias. Antes disso, porém, eles têm um longo caminho a seguir, começando pelas
milimétricas dimensões do poro de uma rocha até o tanque de armazenamento de uma plataforma
ou estação de produção. Vamos chamar esse caminho de Sistema de Produção.

Não é fácil definir qual deve um sistema de produção. A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre
essa verdadeira odisseia que óleo, gás e água precisam fazer. E como existem algumas diferenças
nos sistemas de produção em terra e no mar, vamos começar com o sistema terrestre.

Sistema de produção terrestre


Este sistema é bem mais simples do que o marítimo por conta de vários aspectos. O principal deles
é a não necessidade de utilização de equipamentos submarinos. Isso quer dizer que os fluidos não
estarão expostos às condições de pressão e temperatura do ambiente submarino, que também não
será requerido nenhum desenvolvimento para “marinizar” os equipamentos, o que normalmente
envolve um alto custo. Como todo o conjunto de válvulas para controle dos poços fica na superfície,
tanto sua manutenção quanto a operação ficam igualmente simplificadas.

Outra diferença importante está nos métodos de elevação artificial, que serão detalhados mais
adiante. Alguns métodos só se aplicam em ambientes on shore, pois possuem limitações que os
impedem de ser aplicados em poços submarinos.

No Brasil, as plataformas que ficam em alto-mar são as mais conhecidas pelo público em geral.
Na linguagem técnica, elas são chamadas de Unidades Estacionárias de Produção (UEP). No caso
da produção terrestre é diferente. O termo mais usado é Estação Coletora, podendo ainda ter uma
variação chamada de Estação Coletora e de Tratamento, quando além da coleta, há ainda um
processamento e tratamento primário dos fluidos. Veremos esse assunto de forma mais aprofundada
no decorrer dos estudos.

Sistema de produção marítimo


O Sistema Submarino de Produção viabiliza o escoamento do fluido produzido da árvore de natal
até uma Unidade Estacionária de Produção. Em função do meio ambiente no qual está instalado,
das pressões, temperaturas e propriedades do fluido produzido, os componentes e equipamentos

52
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

dos Sistemas Submarinos de Produção necessitam de materiais nobres, de alto custo, que resultam
em significativo investimento para implantação de um campo de petróleo. Após a comprovação do
estudo de viabilidade técnica e econômica do empreendimento, é feita a implantação do sistema de
maneira criteriosa, garantindo assim o sucesso financeiro durante a vida útil do campo.

A necessidade de se perfurar em lâminas d’água cada vez mais profundas possibilitou também o
avanço tecnológico colocando à disposição sistemas cada vez mais complexos e completos, como
por exemplo, as unidades do tipo Sistema Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência
(Floating Production, Storage Offloading – FPSO).

Os FPSOs são navios com capacidade de processamento, armazenamento e transferência de petróleo e(ou)
gás natural. No convés do navio existe uma planta de processo que separa e trata os fluidos produzidos. Após
a separação do gás e da água, o petróleo que é armazenado nos tanques do FPSO é transferido para um navio
aliviador, de tempos em tempos. Esse navio aliviador é um petroleiro que recebe o petróleo armazenado e
transporta--o a terra. O gás produzido é comprimido e enviado para terra através de gasodutos e(ou) re-
-injetado no reservatório.

O desenvolvimento de um novo campo de petróleo requer, além de muita dedicação, envolvimento


profissional especializado em várias áreas, devido às diversas possibilidades de exploração e
produção, podendo resultar em diferentes investimentos e retornos financeiros. Devido aos altos
custos, muitas vezes a melhor opção para o desenvolvimento de um campo precisa levar em conta
a alternativa técnica que resultará na melhor curva de produção e no maior fator de recuperação,
conseguindo-se assim um melhor retorno financeiro durante todo o desenvolvimento do campo,
não deixando de levar em conta um ponto de extrema importância que é a relação custo-benefício.
Relação esta que pode ser considerada um dos fatores determinantes na hora da palavra final que
resultará na aprovação ou não do sistema em questão. Respeitando é claro, as boas técnicas de
engenharia, além da segurança das pessoas e do meio ambiente.

Surge então a necessidade de se avaliar e comparar as inúmeras opções para escoamento e tratamento
dos fluidos produzidos no campo, considerando novas técnicas que têm sido constantemente
desenvolvidas para viabilizar a continuidade operacional ao longo do tempo, além da experiência
adquirida por outras operadoras de petróleo que possuem ativos em locais análogos. É muito
importante ressaltar que todas estas decisões são de grande risco e podem tanto gerar grandes
lucros, quanto prejuízos enormes, no caso de uma decisão equivocada.

Levando-se em conta o investimento (custo de aquisição de componentes, equipamentos e


instalação), os custos operacionais e com o auxílio de profissionais da área, define-se o escopo do
projeto, as facilidades para garantir a manutenabilidade, visando a garantir a disponibilidade do
sistema durante a vida útil do campo.

Definição dos principais componentes,


equipamentos e subsistemas
Os componentes e equipamentos são rigorosamente testados, seguindo normas vigentes até estarem
em condições extremas de uso e ciclagem.

53
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Fazem parte dos principais equipamentos, componentes e subsistemas: plataformas de produção,


navios-tanque, dutos flexíveis, dutos rígidos, cabos umbilicais, árvores de natal, manifolds
submarinos, Pipeline and Terminations (PLET’s), Pipeline and Manifolds (PLEM’s) e sistemas de
conexão vertical. Sendo descritos a seguir, os principais equipamentos:

Plataformas de Produção: As Plataformas ou Unidades Estacionárias de Produção (UEP) são


escolhidas para receber, processar e exportar Petróleo.

De maneira geral, as plataformas podem receber diversas classificações de acordo com seus
atributos, como no exemplo.

»» Fixas (Fixed Offshore Platforms)

»» Móveis (Móbile Offshore Platforms)

»» Flutuantes (Floating Platforms)

»» Complacentes (Compliant Platforms)

»» Ancoradas (Moored Platforms)

»» Estaiadas (Guyed Platforms)

»» Atirantadas (Tension leg Platforms)

»» Rotuladas ou articuladas (Articulated towers)

Contudo, devido à necessidade de buscar-se soluções que possibilitassem a exploração e produção


em águas cada vez mais profundas, surgiram as diferentes concepções de Sistema Submarino de
Produção, sendo cada concepção caracterizada por gerações.

A primeira geração é constituída de Plataformas Fixas, para exploração em águas rasas. As plataformas
fixas são caracterizadas pela possibilidade de deixá-la instalada em uma única locação por um longo
tempo (anos) e demanda de complexos procedimentos para sua remoção e reinstalação.

A segunda geração é caracterizada pelos Sistemas de Produção Flutuantes que representam uma
mudança de filosofia de exploração de Petróleo, sendo as plataformas flutuantes complacentes
e posicionadas através sistema de ancoragem. No caso desse tipo de plataforma, as mudanças
requeridas podem acorrer em torno de uma semana.

Naturalmente, por serem construídas em canteiros ou estaleiros e posteriormente transportadas


para o local de instalação, todas as estruturas marítimas são consideradas móveis. Mas para o
nosso contexto, o termo “fixa” caracterizará a plataforma instalada em uma única locação por um
longo tempo e o termo “móvel” caracterizará a estrutura com possibilidade de eventual mudança de
locação em termos de meses.

Navios-tanque: A necessidade de se utilizar navios na explotação do óleo surgiu a partir da


descoberta de petróleo em lâminas d’água cada vez mais profundas. Além da necessidade de se
ter uma unidade de produção localizada em águas profundas, existia ainda o desafio de escoar a
produção, tendo em vista as grandes distâncias e profundidades.

54
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Com o intuito de solucionar estes problemas surgiram os FPSOs, navios com capacidade de
processamento, armazenamento e transferência de petróleo e(ou) gás natural, como mencionado
anteriormente. Existem também os navios que não fazem o processamento, mas tão somente
recebem a produção e armazenam em caráter temporário para em seguida proceder à transferência.
Nesses casos, denominamos os navios como Floating Storage and Offloading (FSO).

Dutos flexíveis: Conjunto de equipamentos específicos largamente utilizados na produção


offshore. Os componentes desse conjunto são conhecidos como Tramo Flexível ou simplesmente
Tubo Flexível.

Semelhantes aos dutos rígidos, esses equipamentos possuem a função de escoar o fluido produzido.
Têm estrutura projetada para suportar pressão interna e externa do processo. Sua estrutura é
composta por camadas, cada uma dotada de uma ou mais funções principais, sendo essas camadas
do interior para o exterior.

»» Carcaça Metálica – função de prover resistência ao colapso hidrostático;

»» Camada de Pressão Interna – função de prover estanqueidade interna;

»» Armadura de Pressão – função de suportar a camada de pressão interna e prover


resistência mecânica na direção radial;

»» Camada Interna e Antiatrito – função de reduzir o atrito e a brasão entre perfis


metálicos;

»» Armadura Interna e Externa de Tração – As armaduras são aplicadas aos pares


(normalmente um), em sentidos inversos (+/-), de modo a prover balanceamento
ao tubo sob carga (pequenas rotações após tração ou pressão interna) que tem
função de prover resistência mecânica na direção axial;

»» Capa Externa – função de prover proteção mecânica e contra a corrosão das armaduras
de tração;

Figura 18. Visão Geral das Camadas de uma Linha Flexível

(LEMOS, 2005)

55
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Dutos rígidos: Principal meio de escoamento do fluxo produzido. Sua utilização é possível em
trechos estáticos (flowline) e dinâmicos (riser).

São conectados à plataforma e estão sujeitos a carregamentos durante toda a vida útil. A performance
do escoamento pode ser diretamente influenciada por eles, fazendo-se necessário muitas vezes o seu
isolamento térmico para atender as variáveis do processo.

A integridade externa e interna dos dutos precisa ser garantida, sendo necessária a realização de um
plano que contemple a análise do fluido escoado e dos resíduos coletados pela passagem do PIG de
limpeza e do PIG instrumentado, que é utilizado com a finalidade de detectar possíveis pontos de
corrosão, garantindo assim a integridade interna. Já a inspeção externa é realizada com o intuito de
detectar vãos livres provocados pela movimentação do solo e a medição dos anodos do sistema de
proteção catódica, garantindo a assim a integridade externa dos mesmos.

Figura 19. Tubos Rígidos de Aço

(SOLANO, 2007)

Cabos Umbilicais: Podem ter uma única função ou uma única linha hidráulica, mas eles são mais
comumente multifunção de umbilicais integrados que proveem tubos hidráulicos, linhas elétricas e
tubos que levam substâncias químicas ao manifolds e árvores de natal.

São fundamentais para o controle de poços submarinos, pois transportam potência hidráulica para
o acionamento das Árvores de Natal Molhadas (ANMs), potência hidráulica para aquisição de dados
e produtos químicos para a otimização do escoamento.

56
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Figura 20. Seção Típica de um Umbilical Submarino

(LABANCA, 2005).

Árvore de Natal: É um conjunto de válvulas responsáveis pelo controle da produção na cabeça de


poço ou injeção. Quando classificadas segundo o tipo de completação, podem ser do tipo molhada
ou seca. A molhada é instalada na cabeça do poço no fundo do mar, e a seca é instalada no topo do
riser na plataforma.

A ANM é submersa e constituída basicamente de um conjunto de linhas de fluxo e um sistema


de controle integrado ao painel de controle da Unidade Estacionária de Produção. Sua função é
controlar a pressão e a vazão de um poço submarino. Embora tenha pouca semelhança visual com a
seca, provêm essencialmente às mesmas funções.

Manifolds Submarinos: Fazem parte do arranjo submarino e têm como a função de coletar
e distribuir fluidos para os poços. Possuem componentes ativos que viabilizam as flexibilidades
operacionais quem tem o objetivo de otimizar a produção.

Considerando o Estudo de viabilidade técnica e econômica, é justificável a inclusão de manifolds


nas seguintes situações.

»» Antecipação da produção/injeção de conjuntos de poços por meio de sistema de


produção antecipada.

»» Antecipação do lançamento de linhas e umbilicais de controle entre poços, manifolds


e plataformas, antes da chegada da plataforma, com consequente antecipação da
produção e otimização de recursos.

»» Otimização do arranjo submarino com consequente redução de custos com linhas


flexíveis, umbilicais de controle e risers;

57
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

»» Redução de custos com umbilicais de controle nos manifolds adotando sistema de


controle eletro-hidráulico multiplexado.

»» Redução de carga nas plataformas flutuantes devido ao menor número de linhas a


elas conectadas.

»» Viabilização da utilização de FPSOs em face das reduzidas dimensões dos rolamentos


e Turrets.

PLEM’s (Pipeline and Manifolds): Coletor ou Distribuidor. Tem como característica a chegada
ou saída de mais de dois dutos. Sua utilização dentro de arranjos permite compartilhamento dos
dutos sem possuir flexibilidade operacional.

PLET’s (Pipeline and Terminations): Viabilizam a interligação de um duto rígido a um


equipamento ou a outro duto (em uso de mergulhador).

Suas principais características são: uso de conexão flangeada para interligar a extremidade do duto
rígido; válvula de bloqueio atuada por ROV, com o objetivo de permitir o teste hidrostático do
duto; além de possuir HUB/Módulos de Conexão Vertical (MCV) possibilitando futura conexão de
jumper ou riser flexível. Possui válvula de bloqueio com atuação hidráulica para a função de SDV
(Principalmente em gasodutos no trecho próximo à UEP).

Módulos de Conexão Vertical (MCV): O MCV tem a função de viabilizar a conexão do duto
flexível (Flowline e riser) e jumper (flexível e rígido), todos os seus componentes são ativos; permite
a recuperação para garantir A manutenção do sistema. Alguns exemplos de MCVs são:

»» MCVs de produção, que foram desenvolvidos para permitir a conexão da linha


de fluxo da produção no HUB da Base Adaptadora de Produção (BAP), através
de conexão vertical direta (lançamento com cabo por navio). Além de permitir
instalação direta com cabos de aço, com a utilização de manilha ou com a ferramenta
de instalação através do HUB de içamento.

»» MCVs do anular, que foram desenvolvidos para permitir a conexão da linha de fluxo
do anular no HUB da BAP, por meio da conexão vertical direta (lançamento com
cabo por navio).

»» MCVs do Umbilical foram desenvolvidos para permitir a conexão da linha do


Umbilical no HUB da BAP, através de conexão vertical direta (lançamento com
cabo por navio).

Classificação dos poços


Será que os poços de petróleo são todos iguais? Não. Já vimos às diferenças com relação a sua
trajetória, o que possui interferência diretamente nas análises do projeto de perfuração dos poços.
E com relação à produção? Talvez você já tenha parado para pensar que cada poço deve possuir
uma produção (vazão) diferente. Mais do que isso, que essas vazões podem variar desde poucos até

58
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

milhares de barris por dia. A vida útil de um poço pode durar várias décadas, porém este mesmo
poço pode passar por vários tipos diferentes. Vamos conhecê-los?

Tipos de poços quanto à surgência


Surgente

Não Surgente

Tipos de poços quanto à elevação


Elevação Natural

Elevação Artificial

Os poços que produzem petróleo por elevação natural são conhecidos como Poços Surgentes. Isso
acontece porque a energia do reservatório (pressão estática) é suficiente para enviar os fluidos
produzidos até as facilidades de produção. Ou seja, a pressão disponível no reservatório é suficiente
para vencer todos os “obstáculos” pela frente. Em outras palavras, todas as perdas de pressão no
meio poroso, na coluna de produção (dentro do poço) e na linha de coleta (entre a árvore de natal e
a chegada a planta de processo).

E se essa energia não for suficiente? Aí dizemos que o poço é Não Surgente. Isso quer dizer que
o poço nunca produzirá? Não é bem assim. Como já dissemos, na elevação natural, o fluxo dos
fluidos provenientes do reservatório (óleo, gás e água) até às facilidades de produção é devido única
e exclusivamente à energia (pressão) do reservatório. O problema é que isso ocorre, normalmente,
apenas durante o início da vida produtiva do poço. Com o passar do tempo e o aumento da produção
acumulada, a tendência é uma diminuição (ou depleção, na linguagem técnica) da pressão estática
do reservatório, Quando não é possível produzir por elevação natural, a solução mais adotada é
“ajudar” o reservatório introduzindo uma energia “extra”, para que seja possível deslocar os fluidos
até a superfície. O mais comum é fazer isso por meio de um dos métodos de elevação artificial.
Você vai aprender mais sobre esse assunto na disciplina “Instalações e Processos de Produção”.

Em relação aos poços que produzem por elevação artificial, os Surgentes produzem com menores
custos operacionais devido à simplicidade dos equipamentos de superfície e subsuperfície e ainda
maiores vazões de óleo, resultando em um menor custo por barril de óleo produzido.

Atenção: Um poço é equipado com algum método de elevação artificial em 2 casos: i) quando o poço
não é Surgente, e sem elevação artificial não haveria produção. ii) quando se deseja incrementar a
vazão de óleo de um poço Surgente, com o objetivo de obter maior receita.

Resumo da classificação de poços – para fixar


»» Quanto ao tipo de completação

›› Árvore de Natal seca (convencional)

›› Árvore de Natal molhada

59
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

»» Quanto à geometria

›› Vertical

›› Direcional

›› Horizontal

»» Quanto ao tipo de interligação

›› Interligação direta (satélite de plataforma)

›› Interligação indireta (satélite de manifolde)

»» Quanto ao modo de produção

›› Surgente

›› Não Surgente

»» Quanto ao mecanismo de elevação

›› Elevação natural

›› Elevação artificial

60
CAPÍTULO 3
Elevação e escoamento

Etapas de fluxo

Figura 21. As 4 etapas de fluxo

Fonte: BEZERRA e outros, 2004

A figura 21 mostra em destaque as principais etapas do caminho percorrido pelos fluidos produzidos
por um poço de petróleo desde o reservatório até o separador de produção e depois o escoamento
em direção ao continente. Vamos ver brevemente as características de cada etapa de fluxo.

»» RECUPERAÇÃO: É a etapa na qual os fluidos escoam dentro do reservatório, isto


é, em meio poroso, em direção ao fundo do poço. A velocidade de escoamento nesta
etapa é baixa e as dimensões chegam a ser submilimétricas.

»» ELEVAÇÃO: Trata-se do trecho de escoamento entre o fundo e a cabeça do poço,


onde se localiza a árvore de natal. Durante esta etapa, que acontece dentro da
coluna de produção, há a maior perda de energia em todo o sistema, necessária para
vencer a força da gravidade nos trechos verticais e com alta inclinação. Como ainda
estamos dentro do poço, a troca térmica com o ambiente é pequena.

»» COLETA OU ESCOAMENTO: nesta etapa os fluidos escoam da cabeça do poço


até as facilidades de produção. Caso o poço seja no mar, como na figura, é durante o

61
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

escoamento que haverá grande troca de calor, devido a baixa temperatura da água
do mar em contato com a tubulação.

»» EXPORTAÇÃO: Depois da separação dos fluidos produzidos, pode haver o seu


escoamento para o continente através de dutos. Normalmente isso acontece com
o gás.

Propriedade dos fluidos


Nós já conhecemos o trabalho dos geólogos e a grande importância de estudar bem as propriedades
das rochas, já que é em seus poros que vamos encontrar o ouro negro. Além disso, já que queremos
produzir óleo e gás, é fundamental o estudo das propriedades dos fluidos. É o conjunto de
teorias, procedimentos experimentais, modelagens e simulações com o objetivo de conhecer e prever
o comportamento de fluidos (propriedades termodinâmicas e reológicas) sob dadas condições de
pressão e temperatura.

»» Termos normalmente usados:

›› propriedades dos fluidos

›› propriedades PVT

›› comportamento de fases etc.

Outras definições são importantes de saber. Vamos a elas.

Componente: cada uma das substâncias, com propriedades bem definidas, constituintes do fluido.
Exemplos: metano, etano e dióxido de carbono.

Fase: qualquer porção de material (fluido ou sólido), constituída por um ou mais componentes,
com características uniformes em toda a sua extensão. Exemplos: óleo (líquido), água (líquido), gás
(vapor), parafinas e asfaltenos (sólido).

E para que serve?

Quadro 8. Dados Fracionais dos Fluidos

temperatura de ebulição composição


fração usos
(°c) aproximada
Gás Residual C1 – C2 Gás combustível
Até 40
GLP C3 – C4 Gás combustível engarrafado
Gasolina 40 – 175 C5 – C10 Combustível de automóveis, solvente
Querosene 175 – 235 C11 – C12 Iluminação, combustível de aviões a jato
Gasóleo leve 235 – 305 C13 – C17 Diesel, fornos
Gasóleo pesado 305 – 400 C18 – C25 Combustível, matéria prima para lubrificantes
Lubrificantes 400 – 510 C26 – C38 Óleos lubrificantes
Resíduo Acima de 150 C38+ Asfalto, piche, impermeabilizantes

62
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Tabela 1. Densidade de fluidos

Você certamente sabe o que é densidade de um fluido. Agora, e grau API?

Grau API

Algumas outras propriedades que envolvem mais de uma fase são fundamentais para quem trabalha
com produção de fluidos. Vamos conhecer?

BSW – Basic Sediments and Water

RGO – Razão Gás-Óleo

RGL – Razão Gás-Líquido

Métodos de elevação artificial


Já sabemos o que é Elevação Artificial. Que tal sabermos mais sobre esse assunto? O profissional que
trabalha com elevação de petróleo tem a tarefa de escolher qual o método de elevação artificial mais
adequado para cada poço. Para isso, ele precisa conhecer profundamente cada um deles, analisando
com cuidado suas vantagens e desvantagens. Vamos abordar aqui apenas os métodos mais comuns
na indústria do petróleo.

»» Gás-Lift Contínuo e Intermitente, ou simplesmente GLC e GLI

»» Bombeio Centrífugo Submerso (BCS)

63
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

»» Bombeio Mecânico (BM)

»» Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP)

A decisão final sobre qual será o melhor método para determinado poço sempre vai levar em
consideração o custo operacional e o cenário de aplicação. Mas não é só isso. Essa importante
escolha também depende de vários outros fatores: número de poços, tipo de plataforma ou estação
de produção, vazão, profundidade do reservatório, segurança, disponibilidade e vida útil média dos
equipamentos, produção de areia, gás e outras fases, distância dos poços, entre outros.

Gás-lift
O processo de elevação por GLC (Gás-lift contínuo), consta da injeção de gás a alta pressão na
superfície, e a mistura deste gás, no fundo do poço, aos fluidos produzidos pelo reservatório. Esta
mistura provoca uma redução na pressão de fundo existente (Pwf), suficiente para permitir o fluxo
dos fluidos do reservatório, na qual reina uma determinada pressão estática (Pest), para o poço, e
deste, para as instalações de superfície.

Figura 22. Sistema de gás-lift contínuo

Fonte: MATOS, João Siqueira. Métodos de Elevação, 1998.

O sistema de GLC é bastante versátil, podendo ser aplicado em poços de variadas profundidades,
com qualquer pressão de reservatório e para vazões de produção alternando desde alguns metros
cúbicos por dia até mais de 10.000 m³/d.

64
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Equipamentos de superfície

»» Compressor

»» Válvula choke – tem por finalidade regular a vazão de entrada do gás-lift antes de
entrar no anular

Equipamentos de subsuperfície

Os principais equipamentos de subsuperfície de um poço equipado para produzir por GLC é o


mandril e as válvulas de gás-lift.

Mandril

O mandril de gás-lift pode ser descrito como sendo um tubo com uma bolsa lateral, dentro da qual é
assentada a válvula de gás-lift. Faz parte da coluna de produção não representando qualquer redução
de diâmetro interno para a passagem de ferramentas. No caso de completação seca a substituição
das válvulas é feita através de uma operação com arame por dentro da coluna de produção.

Válvulas de Gás-lift

As válvulas de gás-lift são equipamentos instalados na coluna de produção a fim de controlar a


passagem de gás do anular para a coluna de produção. As válvulas de gás-lift são assentadas e
desassentadas na bolsa lateral do mandril por meio de uma ferramenta especial chamada Kick Over
Tool (KOT) descida no poço por um arame (wireline), conforme ilustrado na figura abaixo.

Figura 23. Assentamento de Válvula de Gás-lift

Fonte: MATOS, João Siqueira. Métodos de Elevação, 1998.

65
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Sua utilização tem por objetivo:

»» facilitar a retirada do fluido de amortecimento (válvulas de descarga);

»» controlar o fluxo de gás do anular para a coluna de produção (válvula operadora).

Existem vários tipos de válvulas de gás-lift para diversos tipos de aplicações. Os três tipos mais
utilizados são: válvulas de pressão, válvulas de orifício e válvula cega. Na disciplina de Instalações e
processos de produção, você saberá mais detalhes sobre esses tipos de válvulas e seu funcionamento.

Bombeio centrífugo submerso

É um método de elevação artificial, usado em poços onde a pressão do reservatório não é suficiente
para fazer o óleo chegar à cabeça do poço com a vazão desejada. Trata-se, basicamente, de uma
bomba centrífuga de múltiplos estágios, acionada por um motor elétrico, sendo este conjunto
motor-bomba fixada na extremidade da coluna de produção do poço. Dessa forma, o conjunto fica
submerso no óleo do reservatório e o seu funcionamento cria um incremento de pressão no fundo
do poço de modo a se obter a vazão desejada de óleo na superfície.

É um método também indicado para poços com potencial de produção maior do que a pressão
de surgência natural existente a qual não consegue elevar o óleo a superfície; em reservatórios
subsaturados, com baixas razões de solubilidade e razões Gás/Óleo. Como fatores limitantes, temos
que não é compatível com reservatórios onde exista produção de areia, que causa grande abrasão na
bomba; e esteja numa profundidade tal que a pressão dinâmica ainda seja maior que a pressão de
saturação, evitando assim a liberação de gás na admissão da bomba. Caso não seja possível, ainda se
pode utilizar o BCS, mesmo havendo um pequeno percentual de gás livre, utilizando-se, então, um
separador de gás na admissão da bomba, de tal modo que o líquido seja separado do gás e admitido
na bomba, enquanto o gás é separado e sobe, por segregação gravitacional, pelo espaço anular.

Um sistema de BCS é formado por vários componentes arranjados logicamente na forma de


um sistema em série. Geralmente, pode-se subdividir o sistema BCS de um poço submarino em
dois conjuntos de equipamentos: os de superfície, localizados na plataforma de produção e os de
subsuperfície, situados no interior do poço. Esta mesma subdivisão pode ser usada para um poço
terrestre, sendo que neste caso, os equipamentos de superfície localizam-se na área de produção da
instalação.

Equipamentos de superfície do sistema BCS

Os equipamentos são as fontes de energia “rede de companhia local ou gerador de energia”, quadro
de comandos, transformador, caixa de junção ou ventilação, cabeça de produção e variador de
velocidade.

66
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Figura 24. Equipamentos de superfície

Fonte: BEZERRA e outros, 2004.

Equipamentos de subsuperfície de um sistema BCS

E os equipamentos de subsuperfície são: Bomba Centrífuga, Motor, Admissão Intake ou separador,


selo protetor, conector elétrico, cabos elétricos, emendas de cabos elétricos e acessórios.

Figura 25. Coluna do Bombeio Centrífugo Submerso

Fonte: MATOS, João Siqueira. Métodos de Elevação, 1998.

67
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Bomba

A bomba é do tipo centrífuga de multiestágios. Cada estágio consiste de um impulsor (impelidor)


e um difusor. O difusor permanece estacionário e dirige o fluido succionado do impulsor inferior
para a admissão do impulsor imediatamente superior. Como a descarga de um impulsor é próxima
à periferia da bomba e a admissão é próxima ao eixo da bomba. O impulsor gira a alta velocidade e
transmite energia ao fluido através da força centrífuga. O tamanho e tipo dos estágios determinam
à capacidade de elevação ou head e a potência necessária do motor.

Os tipos de bombas variam com o diâmetro, comprimento da camisa (número de estágios que ela
comporta) e com a vazão (tipo de estágio). Existem bombas que possuem diâmetro externo que
variam desde 3,38“ (Série 338) até 10” (Série 1000), cujas vazões alcançam o potencial de 30 até
10.000 m³/dia, com capacidade de elevação de até 5000 metros. Dependendo do número de estágio
necessário, podem ser utilizadas duas ou mais bombas em série, formando um conjunto conhecido
por tandem.

Essas bombas são projetadas para bombear fluidos de pequenas compressibilidades, com óleo e
água. Porém, existem poços de petróleo com pressão na admissão da bomba menor do que a pressão
de saturação, e em consequência, gás livre sendo bombeado. Como o gás é um fluido altamente
compressível, haverá uma diminuição na eficiência de bombeio.

Admissão da bomba ou intake

Não existindo gás livre na sucção da bomba, a admissão de fluidos é feita por meio do intake
ou “admissão” conectado na parte inferior da bomba. Havendo gás livre na sucção da bomba, é
necessária a utilização de um separador de gás, que em função da quantidade de gás a ser separada,
pode ser de dois tipos.

»» Separador Estacionário: a separação de gás do líquido se dá mediante a simples


mudança brusca de direção do fluxo de fluidos ao entrar na bomba;

»» Separador Centrífugo: o gás é separado do líquido devido a diferentes forças


centrífugas a que são submetidos estes fluidos, quando são admitidos no separador.
O gás, com menor densidade, se mantém próximo do centro, de onde é canalizado
para o espaço anular, e de lá sobe, por segregação gravitacional, até a superfície. O
óleo, mais denso, é centrifugado para a periferia do separador, de onde é canalizado
para dentro da bomba e então bombeado até a superfície.

Selo protetor do motor

É instalado entre o motor e a admissão da bomba, ligando o eixo do motor ao eixo da bomba por
meio de duas luvas de acoplamento e do próprio eixo do protetor. Suas funções são:

»» conectar a carcaça e o eixo da bomba e do motor;

»» suportar o esforço axial da bomba;

68
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

»» evitar a entrada do fluido do poço no motor, o que causaria um curto circuito;

»» equalizar a pressão interna do motor com a pressão dos fluidos produzidos pelo
poço, eliminando deste modo o diferencial de pressão no selo mecânico do motor;

»» prover o volume necessário para a expansão do óleo do motor devido ao calor gerado
por este quando em funcionamento;

»» em determinadas situações (grandes profundidades e(ou) potência de motores


grandes), recomenda-se usar selos em tandem.

Motor

O motor elétrico usado no sistema de BCS é de indução, trifásico, dois polos e gira na velocidade de
aproximadamente 3500 rotações por minutos (RPM), em uma frequência de 60 Hz. Consiste em
uma carcaça tubular, dentro da qual há uma parte estacionária (estator) e uma parte giratória (rotor)
solidária ao eixo, que vai girar os impelidores da bomba. O estator é um conjunto de enrolamentos
longitudinais, por meio dos quais passa a corrente primária (conectados ao cabo elétrico) e o rotor é
um eixo seccional de enrolamentos longitudinais, concêntricos ao estator. O campo elétrico criado
pela passagem de corrente elétrica pelo estator força o rotor a girar.

Bombeio mecânico
Todo mundo conhece o equipamento mostrado na figura abaixo. Ele é bastante popular quando se
fala de produção terrestre. Seu nome é Unidade de bombeio, mas é mais conhecido informalmente
como cavalo de pau. Trata-se de um equipamento obrigatório para a produção de poço pelo método de
elevação artificial Bombeio Mecânico, o mais utilizado no mundo, devido a sua fácil aplicação em terra
(onde o número de poços é maior), bom custo-benefício e com uma vida útil bastante interessante.

Figura 26. Unidade de Bombeio

Fonte: MATOS, João Siqueira. Métodos de Elevação, 1998.

69
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Nesse método, o movimento rotativo de um motor elétrico ou de combustão interna é transformado


em movimento alternativo pela UB. Uma coluna de hastes transmite esse movimento alternativo
para o fundo do poço, acionando uma bomba que eleva os fluidos produzidos pelo reservatório até
a superfície, como mostra a figura a seguir.

O bombeio mecânico poder ser utilizado para elevar vazões médias de poços rasos. Para grandes
profundidades, só consegue elevar baixas vazões, e isso se torna um fator limitante ao método. É
ainda razoavelmente problemático em poços que produzem areia, em poços desviados e também
em poços onde parte do gás produzido passa pela bomba. A areia desgasta mais rapidamente as
partes móveis e a camisa da bomba devido à sua abrasividade. O gás passando pela bomba reduz
sua eficiência, podendo até mesmo provocar um bloqueio de gás.

Para poços desviados, esse método resulta em elevado atrito da coluna de hastes com a coluna de
produção, provocando um aumento de cargas na haste polida, além do desgaste prematuro das
hastes e da coluna de produção nos pontos de maior contato.

Figura 27. O método BM

Fonte: MATOS, João Siqueira. Métodos de Elevação, 1998.

70
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Haverá um questionário enviado pelo tutor sobre elevação natural e artificial de


petróleo e gás

Processamento de fluidos em uma plataforma

A principal função de uma planta de processamento é fazer a separação e o tratamento dos diferentes
fluidos produzidos oriundos dos reservatórios de petróleo e gás.

O petróleo é elevado desde o reservatório até o leito marinho por meio dos poços. A partir da árvore
de natal molhada, os equipamentos submarinos são os responsáveis pela condução dos fluidos
até a superfície. Esses equipamentos são principalmente as linhas de fluxo e os risers, projetados
especialmente para suportar as pressões e cargas exercidas pela coluna hidrostática de água. Os
risers chegam à plataforma e são conectados aos manifolds – conjunto de válvulas e instrumentos de
controle, necessários para proporcionar flexibilidade na operação da plataforma. No mesmo módulo
do manifold, encontram-se os lançadores e recebedores de pig, fundamentais na manutenção das
linhas de produção e demais equipamentos submarinos. Os pigs, por ação mecânica, limpam as
linhas removendo parafinas e outras substâncias que aderem à parede das tubulações.

O óleo que chega ao manifold é alinhado para dutos principais chamados headers, que são
responsáveis pela coleta do óleo proveniente dos diversos poços produtores de petróleo, e
direcionado aos pré-aquecedores, em que se recupera a energia que seria desperdiçada do petróleo,
incrementando-se assim, a temperatura do petróleo em cerca de 5 graus Centígrados. O petróleo
segue então para o aquecedor de produção, na qual encontram-se trocadores de calor do tipo casco
tubo, a água quente sob pressão percorrerá a estrutura interna do trocador constituída por vários
tubos de pequenos calibres e o petróleo ocupará o casco que os envolve, maximizando assim a troca
de temperatura entre a água e o petróleo.

A uma temperatura de 180 °C, a água sede calor latente ao petróleo, aquecendo-o até a uma temperatura
de 80 °C, temperatura ótima para o processo de separação. Agora o petróleo já está pronto para
entrar no separador de produção, também conhecido como separador de primeiro estágio. Esse vaso
opera sob o controle de algumas variáveis como pressão, temperatura, nível de interfaces óleo/água
e gás/óleo. Controlando-se essas variáveis, proporcionando tempo de residência preestabelecido em
projeto e utilizando-se o agente desemulsificante adequado, garantimos que as fases do óleo, água e
gás sejam tratadas individualmente no sistema subsequente e enquadrados nos mais restritos padrões
de qualidade requeridos.

Analisando as três fases elementos isoladamente, o caminho do óleo se inicia pelo tratador de óleo.
Esse equipamento tem o objetivo de enquadrar o teor de BSW, isto é, água e sedimentos, e por
consequência o teor de salinidade do óleo.

71
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Utiliza-se o campo elétrico como meio de desemulsionamento. O campo elétrico de corrente


alternada provoca um alongamento das gotículas de água em sua direção, criando uma força de
atração entre as gotículas próximas, enfraquecendo a película de emulsificantes naturais. Induzindo
a coalescência e posteriormente a decantação das gotas de água.

O óleo que sai do tratador de óleo é resfriado em um trocador de calor do tipo placas paralelas, onde
o fluido de resfriamento é a água do mar.

Após o resfriamento de 80°C para cerca de 53°C, o óleo segue para o separador atmosférico, que é o
último estágio de estabilização do óleo. Paralelamente, efetua-se a recuperação dos gases separados
neste vaso, maximizando a produção do gás.

Finalmente, o óleo segue para os tanques de carga do navio (no caso de um FPSO). A distribuição do
óleo pelos diversos tanques visa manter a estabilidade da embarcação.

Percorridos todos os processos de tratamento do óleo, voltemos até o separador de produção para
acompanhar os estágios do tratamento do gás. Ele precisa ser comprimido e desidratado para que
seja utilizado. Após sair do separador de produção, o gás carreia uma quantidade de líquido que
precisa ser retirado antes de chegar ao compressor. Dois vasos cumprem o papel de separar o líquido
do gás. Esses vasos minimizam a possibilidade de arraste de liquido para os compressores evitando
danos. O compressor é uma máquina operatriz, ou seja, precisa de aporte de energia para funcionar.
Variadores de frequências são dispositivos usados para controle da capacidade da compressão.

Cada um dos dois primeiros estágios de compressão é composto de um resfriador de gás e um vaso
para separação do condensado que é formado após a compressão e resfriamento do gás, sendo este
condensado e reciclado para o estágio anterior.

O gás do segundo estágio de compressão após o resfriamento segue para a torre de desidratação de
gás, conhecida como torre de TEG.

Trata-se de uma torre de absorção de água. Utilizando-se o TEG, trietileno glicol, como fluído de
absorção. Esta operação é maximizada pela redução da temperatura e aumento da pressão. Todo
sistema de controle da torre foi projetado de forma que o gás efluente da torre de TEG esteja
suficientemente desidratado. Ao sair da torre de TEG o gás entra no terceiro e último estágio de
compressão.

Agora que percorremos todos os processos de tratamento do gás, é a hora de passarmos para os
estágios do tratamento da água produzida.

A água oleosa a 80 °C proveniente do separador de produção trifásico entra numa bateria de hidrociclones,
onde parte do óleo carreado pela água é removida e reciclada para o sistema de tratamento de óleo.
A água quase isenta de óleos e graxas passa então pelos pré-aquecedores de óleo antes de entrar no
flotador, que é o equipamento responsável pelo polimento final do tratamento da água. Passamos agora
ao tratamento de água de injeção.

O processo de injeção de água começa na captação da água do mar por bombas de elevação. Antes
de entrar na torre desaeradora. A água passa por filtros para remoção de partículas superiores a 80

72
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

micras. Então, na torre desaeradora, a água do mar é submetida a um stripping de gás, que é um
processo de remoção mecânica do oxigênio. Paralelamente é feita injeção de um sequestrante de
oxigênio (dissulfito de sódio), que objetiva a remoção química do oxigênio que não foi removida
pelo stripping e também do cloro residual.

Na saída da torre desaeradora são injetados produtos químicos biodispersantes que evitam
depósitos de micro-organismo. Biocidas de choque são injetados duas vezes por semana por controle
microbiológico e caso necessário, uma injeção complementar sequestrante de oxigênio.

Para complementar o tratamento da água de injeção, ela passa por filtro do tipo cartucho para a
remoção de sólidos maior que 5 micras. Todo tratamento a base de produtos químicos e sistema de
filtração têm como principal objetivo proteger os materiais construídos em aço carbono da corrosão
e consequentemente minimizar o arraste de partículas para os reservatórios.

Várias medidas são tomadas para evitar a queda de injetividade de poços injetores de água e evitar
a perda de produção, devido às incrustações.

73
DESENVOLVIMENTO UNIDADE IV
DE CAMPOS

CAPÍTULO 1
Estudos de casos

Campo de Marlim
O Campo de Marlim foi descoberto em 1985, tendo sido a maior descoberta do século XX em
termos de volume de óleo no Brasil. A maior parte do campo é localizada em águas profundas. Por
se tratar de vencer uma fronteira tecnológica na época, aliando uma produção em águas profundas
ao desafio do desenvolvimento de um mega sistema de produção que pudesse extrair de forma
eficiente uma quantidade de óleo tão significativa, a campanha exploratória do campo de Marlim
foi bastante extensa. Foi preciso considerar o uso de diversas novas tecnologias que estavam sob
desenvolvimento para que fosse uma operação do campo. Em 1986, a Petrobras, que até então
comprava tecnologia, viu-se diante de viabilizar a produção em condições ambientais até então não
exploradas. Após pesquisar no mercado e descobrir que não havia tecnologia disponível para esta
profundidade e tendo que aumentar suas reservas, a empresa decidiu investir no desenvolvimento
de novas tecnologias. Para isso, foi criado então o Programa de Capacitação Tecnológica em Águas
Profundas (PROCAP).

Era um projeto extremamente ambicioso, pois, na época, a Petrobras explorava petróleo na faixa
dos 150 metros e já tinha planos para os 1000 metros. Em um primeiro momento, a pequena, mas
importante experiência prévia adquirida no desenvolvimento da Bacia de Campos, contribuiu para
o primeiro óleo no início da década de 1990.

A extensão do campo, aliada às características do reservatório, demandou um grande número


de poços submarinos, e por isso, o plano de desenvolvimento foi baseado na implementação por
fases em diversos períodos. Esse modelo, também usado em outros desenvolvimentos na Bacia de
Campos, permitiu que houvesse um grande investimento de recursos para suportar a exploração e
produção.

O campo de Marlim é situado na parte nordeste da Bacia de Campos, aproximadamente a 110 km


do Estado do Rio de Janeiro. Seu reservatório é composto de arenitos turbudíticos. Em 1992, entrou
em operação um sistema de operação piloto consistido de uma plataforma e alguns poços. O sistema
definitivo do campo foi desenvolvido com base nas informações dos sistemas pré-piloto e piloto,

74
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

e como dito anteriormente, foi dividido em módulos. Foram cinco ao total, com o primeiro sendo
implantado em 1994 através da plataforma P-18 e o último em 2000, com a operação do navio do
tipo FPSO P-37, que possui capacidade de processamento de até 150.000 barris por dia. A estratégia
de desenvolvimento em módulos propiciou duas grandes vantagens: o maior conhecimento
do comportamento de um campo gigante, sujeito a injeção de água, e a incorporação de novas
tecnologias.

Ao todo, foram instaladas 9 unidades de produção, sendo 5 do tipo FPSO e 4 do tipo SS. A capacidade
nominal de processamento do óleo atingiu quase 1.000.000 de barris por dia.

Diversas tecnologias foram incorporadas no projeto de Marlim, sendo aplicadas até hoje em vários
empreendimentos da Petrobras, como por exemplo, a utilização de poços horizontais em arenitos e
desenvolvimento de árvores de natal molhadas. A produção no campo de Marlim atingiu um pico de
650.000 barris por dia em 2002, acima da previsão inicial. Até hoje, os desafios continuam na lista
de atividades dos responsáveis pela explotação do campo gigante, só que o foco agora é evitar um
acentuado declínio já que se trata de um campo com alto grau de maturidade.

Figura 28. Os campos da Bacia de Campos. Marlim é o maior

Fonte: LORENZATTO e outros, 2004

75
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Figura 29. O sistema de produção de Marlim

Fonte: LORENZATTO e outros, 2004.

Campo de Jubarte
O Campo de Jubarte foi descoberto em janeiro de 2001, por meio do poço vertical 1-BRSA-33-ESS
(1-ESS-100), no bloco exploratório BC-60, onde foi identificado um intervalo portador de óleo de 17°
API, com viscosidade de 14.5 cp e pressão de saturação de 183.5 Kgf/cm2 nos arenitos (Turbiditos
Canalizados) da Formação Carapebus, de idade Neo-Maastrichtiano, sob um espesso aquífero. O
poço foi testado e fechado, pois o Índice de Produtividade (IP) era insuficiente para produção de óleo
comercial.

A fim de investigar o potencial de produção, a perfuração e o teste de um poço horizontal de 1.076


metros de comprimento foi aprovado. O poço horizontal apresentou IP 12 vezes maior que o poço
vertical, provando que a produção deste poço seria viável economicamente. A avaliação tornou-se
completa quando foram perfurados mais dois poços, com o mesmo aproveitamento. Foi realizado
um TLD, com o poço horizontal produzindo para um FPSO, com capacidade de 60.000 bpd. Após
vários estudos, principalmente de fluxo multifásico e modelos completos de fluxo de campo, foi
possível prever o comportamento do poço.

Com um modelo de confiança do fluxo, suportado por uma análise completa da incerteza, o plano
de desenvolvimento do campo foi definido.

Um curto histórico dos principais eventos que ocorreram na área do campo está descrito abaixo:

»» 1998- Aquisição de dados sísmicos;

»» 2001- Descoberta do campo (janeiro) com perfuração vertical (1-ESS-100), IP


insuficiente para produção comercial;

»» 2001- Aquisição de dados sísmicos em 3D;

76
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

»» 2001- Petrobras pede a agência do governo (ANP) uma licença para TLD (dezembro);

»» 2002- Plano de avaliação enviado para ANP (fevereiro);

»» 2002- Perfuração de poço piloto (ESS-109D), para poço horizontal (ESS-110HP);

»» 2002- Teste e perfuração de poço horizontal (ESS-110HP), com comprimento de


1.076 metros. O IP do poço é aproximadamente 12 vezes o IP do poço vertical (julho);

»» 2002- Perfuração de 2 poços de avaliação (ESS-12 e ES-114; outubro);

»» 2002- Começo do TLD (24 de outubro);

»» 2002- Plano de desenvolvimento aprovado; TLD evolui para Fase Piloto do plano
de desenvolvimento;

»» 2003- Fase I do plano de desenvolvimento é aprovada pelo conselho da Petrobras.

A descoberta do campo e a primeira produção de óleo ocorreram dentro de um período de apenas


22 meses.

Localização
O Campo de Jubarte compreende uma área de 132,5 km² e está localizado na porção norte da Bacia
de Campos, a 77 km fora da costa do Espírito Santo, sudeste do Brasil, sob lâminas d’água entre
1.000 e 1.500 metros.

Figura 30. Localização do campo de Jubarte

Mapa de Localização do Campo de Jubarte. (Bezerra et all, 2004)

77
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Desenvolvimento do Campo de Jubarte

A concepção do projeto de desenvolvimento para este campo considerou uma Fase Piloto com
módulo temporário de produção e a Fase I para obtenção de dados.

Fase piloto

A produção desse campo iniciou-se com o projeto Piloto (2002 - 2004), onde um poço (3-BRSA-
149HPA-ESS) produzia interligado ao FPSO Seillean, e este transferia a produção para um navio
aliviador. Essa operação é denominada offloading e o navio possui posicionamento dinâmico
com uma profundidade de lâmina d’água de 1350 metros, por meio de um Drill Pipe Riser (DPR)
conectado a ANM instalada na cabeça do poço. O petróleo produzido era transportado para terminais
terrestres.

Planejamento do TLD
O Poço selecionado para o teste foi o ESS-110HP com 1.076 m de comprimento horizontal.
Completou-se com liner rasgado, poço aberto com gravel pack e tubulação de 51/2. Três casing
packers externos foram instalados para permitir o isolamento dos intervalos de água.

Entre a aprovação preliminar do TLD pela placa da Petrobras (dezembro de 2001) e o início do TLD
(outubro de 2002) diversas atividades foram executadas.

»» Seleção da embarcação para TLD. Diversas opções foram estudadas, mas a opção
melhor aceita foi o FPSO, uma embarcação de posicionamento dinâmico, que foi
utilizada no campo de Roncador.

»» Trocas da tubulação de perfuração submarina Seillean, para conexão do Bombeio


Centrífugo Submerso (BCS).

»» Especificação e coordenação das mudanças na planta de processo do FPSO Seillean


para processar o óleo 17,1º API.

»» Licença ambiental para operação.

»» Planejamento completo do TLD.

Colocou-se um BCS dentro do poço, a fim de melhorar o desempenho. Entretanto, isso demandaria
a construção de uma árvore de natal projetada para águas profundas para encaixe de cabos de poder
elétrico. Como a construção da árvore de natal demandaria muito tempo, a Petrobras instalou a BCS
conectando a tubulação de perfuração submarina acima da árvore de Natal. Uma árvore de Natal
Guidelineless (GLL) disponibilizada pela embarcação de Seillean foi usada.

78
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

A fim de realizar a programação, os grupos técnicos foram criados para esclarecer: as licenças
ambientais, as licenças governamentais, aquisição de material, contratos de serviços, perfuração,
completação, teste de poço, registro de produção e mudanças no FPSO. As reuniões semanais com
o líder da equipe de recursos controlavam as atividades.

Operação do TLD
Depois da perfuração do poço horizontal, completação e teste, tão como o posicionamento da
embarcação Seillean, começou a operação do TLD em outubro de 2002.

As seguintes propriedades foram monitoradas.

»» Pressão e temperatura no fundo do poço;

»» Pressão e temperatura na árvore de natal;

»» Pressão e temperatura no FPSO;

»» Pressão antes e depois do Choke;

»» Razão de óleo, água e gás.

O teste no poço começou em 24 de outubro de 2002 e foi interrompido em 10 de dezembro de 2002,


com a declaração comercial do campo. Esse período foi seguido por quase um ano de produção
como uma Fase Piloto do plano de desenvolvimento do Campo de Jubarte.

A produção do campo começou no TLD pelo fluxo natural, com taxa de óleo de 16.500 bpd. Dois
meses depois a BCS foi sintonizado e a taxa do poço chegou a 20.000 bpd, sendo mantido assim
devido às limitações da planta de processo. Em abril de 2003, alguns ajustes foram feitos na planta
de processo e a taxa de óleo chegou a 22.000 bpd, permanecendo quase constante.

As informações recolhidas durante o TLD e a Fase Piloto são sumariadas abaixo e foram extremamente
úteis para o projeto e otimização da Fase I do plano de desenvolvimento do campo.

Interrupção TLD e Declaração Comercial: A interrupção e declaração comercial do Campo de


Jubarte foram decididas em base de:

»» altas taxas mantidas durante o TLD;

»» indícios de produtividade quase constante durante o TLD;

»» boa pressão e ponto de partida de produção considerando os volumes mapeados;

»» aprovação do BCS;

»» separação e tratamento das condições testadas;

»» armazenamento e descarregamento sob controle.

79
UNIDADE III │ PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

Plano de desenvolvimento
O plano de desenvolvimento foi desenvolvido em três fases: Piloto de Produção, Fase I e Fase II.

Próximo à Fase Piloto, o FPSO P-34 foi instalado no campo, para receber a produção de quatro poços
horizontais, incluindo o poço horizontal ESS-110 HP. Os poços foram equipados com diferentes
sistemas de elevação artificial. Testes foram feitos no FPSO, principalmente a respeito da eficiência
de separação do óleo pesado e da água. O gás produzido era exportado para costa e a capacidade de
processamento do FPSO era de 60.000 bpd.

Após a operação do TLD, a fase I operou durante três anos, e foi sucedida pelo sistema definitivo
(Fase II). Diversas análises foram executadas para otimização da Fase II, assim como:

»» capacidade de processamento do líquido;

»» estratégia de elevação artificial;

»» unidade de completação seca contra sistema submarino;

»» produção e reinjeção de água;

»» caracterização da água e estratégia para escala de controle;

»» geometria da injeção de poços;

»» estratégia de transportação do óleo.

P-XXXIV
Originalmente a P-34 era um Navio-Tanque, construído na Holanda e incorporado à Frota Nacional
de Petroleiros em 1959. Foi o primeiro navio da Petrobras convertido em plataforma, tendo operado
a partir de 1979, na Bacia de Campos, como o primeiro dos Sistemas de Produção Antecipados
(SPA), que deram origem aos atuais sistemas flutuantes de produção.

A plataforma P-34 passou por adaptações para viabilizar a produção no Campo de Jubarte, na área
denominada Parque das Baleias, na Bacia de Campos, em frente ao litoral do Espírito Santo.

Em 1993 foi transformado em FPSO, passando a operar em águas mais profundas.

A obra da P-34 consistiu na preparação de sua planta de processo para receber o petróleo pesado
(17º API) do Campo de Jubarte. Além disso, o sistema de ancoragem, antes com capacidade para
800 metros, passou para 1350 metros. A P-34 tem capacidade para produzir 60.000 bpd.

A P-34 entrou em operação através do poço horizontal Jubarte-34, que produzia cerca de
15.000 bpd de petróleo pesado, de 17º API, iniciando a Fase I do Campo de Jubarte. Os outros
três poços perfurados no campo contribuíram para que a P-34 atingisse sua capacidade nominal
de 60.000 bpd.

80
PRODUÇÃO DE PETRÓLEO │ UNIDADE III

Parte da capacidade da P-34 foi utilizada para separar a água do óleo. As obras foram realizadas em
alto mar. Como no início a mistura de água no óleo era pequena, a produção não foi afetada.

Com a solenidade de batismo da plataforma foi oficializada a mudança de nome da plataforma para
Presidente Juscelino Kubitschek. A avaliação dos equipamentos da P-34 ajudou a definir o projeto
da Fase II de Jubarte (plataforma P-57), que terá capacidade de produzir 180.000 bpd de petróleo
a partir de 2011 (data do início das operações da Fase II). Mas, a importância desse projeto é que
ele poderá tornar viável o desenvolvimento de outros campos de óleo pesado existentes no Brasil.

Serão disponibilizados vários artigos científicos sobre o desenvolvimento destes e de outros campos
de Petróleo. Será proposto um trabalho em grupo baseado nestes artigos.

81
Glossário

Este tópico está aqui para lembrá-lo de que para falar sobre petróleo e gás, é
preciso aprender outro idioma, o petrolês. E não adiantaria muito inserir mais
algumas páginas nesta apostila com palavras e expressões deste novo “idioma”. É
recomendável conseguir um dicionário de petróleo, ou na falta dele, alguma outra
fonte que possua dezenas de páginas com os principais nomes utilizados pela
Indústria. Fale com o seu professor, certamente ele poderá lhe ajudar. Por enquanto,
a palavra indicada é: pesquise.

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Para (não) Finalizar

Apenas o começo
Se esta apostila fosse um documentário de televisão, provavelmente poderia ser exibido em três
ou quatro capítulos. Para se trabalhar em quaisquer das disciplinas da engenharia de petróleo, é
preciso “aprender” sobre vários outros documentários como esse.

Por meio deste Curso, que possibilitou a você um contato com as várias atividades da Engenharia
e do Mercado, é possível identificar uma ou mais dessas variantes com as quais teremos maior
simpatia, ou porque não dizer, sintonia. A mensagem que fica é justamente o título desta parte
final. É simplesmente impossível finalizar por aqui. Seria como iniciar um trabalho e não finalizá-
lo. Iniciar uma corrida e não atingir a linha de chegada. Quão longo será esse caminho? Depende
de cada um. Até onde você quer chegar? Quer ser um generalista ou um especialista? Cliente ou
fornecedor?

Enfim, descubra qual o seu perfil, trace seus objetivos e siga em frente. Se você já trabalha de alguma
forma com um dos assuntos que foram vistos, ótimo! Isso certamente terá soado mais familiar e
você provavelmente terá mais condições de avaliar a situação de um ponto de vista mais micro.
Por outro lado, se você está distante e não sabia ao certo por onde começar, já conseguiu adquirir
algum conhecimento básico que vai lhe proporcionar pesquisar melhor da próxima vez que estiver
interessado em um dos assuntos específicos do setor de óleo e gás. Para você, o caminho é um pouco
mais longo, porém pode ser igualmente prazeroso e divertido. Aproveite!

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Referências
BEZERRA, Marcio F.C.; PEDROSO JR., Carlos; PINTO, Antonio C.C.; BRUHN, Carlos H.L. The
Appraisal and Development Plan for the Heavy Oil Jubarte Field, Deepwater Campos
Basin, Brazil. OTC 16301, EUA,2004.

CORRÊA, Oton Luiz Silva. Petróleo: noções sobre exploração, perfuração, produção e microbiologia.
Interciência, 1. ed. Rio de Janeiro, 2003.

LABANCA, E. L. Metodologia para a seleção de arranjos submarinos baseada na


eficiência operacional. Tese de Mestrado, Programa de Engenharia Oceânica, COPPE/UFRJ,
2005.

LORENZATTO e outros. The Marlim Field Development: Strategies and Challenges, OTC
paper 16574, apresentado na Offshore Technology Conference, Houston, EUA, 2004.

L.F.IVANHOE e G.G.Leckie. Óle o global, campos de gás, tamanhos registrados,


analisados, jornal de óleo e gás, pp.87-91, São Paulo, 1993.

SOLANO, Rafael Familiar. Desenvolvimento de projetos e prestação de serviços na área


de dutos rígidos submarinos. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação) – Curso MBA
Gestão em Petróleo e Gás, Niterói: Fundação Getúlio Vargas, 2007.

TEXEIRA, W.; Toledom M.C.M.; Fairchild, T.R.; Taioli, F. 2000. Decifrando a Terra. Oficina de
Textos, 1. ed., 3. ed., São Paulo: Reimpressão, 2008.

THOMAS, José Eduardo, e col. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2. ed., Rio de


Janeiro: Interciência PETROBRAS, 2004.

Sites
<http://www.dornelles.com.br/inicio/index.php?option=com_content&task=view&id=778&Item
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<www.slb.com>

<www.weatherford.com>

<www.halliburton.com>

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<www.chevron.com>.

<www.shell.com>

<www.comperj.com.br>

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