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Petição Inicial Cível Danos Morais Consumidor Novo CPC


Modelo de petição inicial de ação declaratória de inexistência de débito c/c
indenização por danos morais, conforme novo CPC, com pedido de tutela
antecipada de urgência.

Por Alberto Bezerra Last updated 8 out, 2018 PETIÇÕES PETIÇÃO INICIAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA
CÍVEL DA CIDADE.

[ Formula-se pedido de tutela antecipada de urgência ]

JOÃO DAS QUANTAS, casado, comerciário, inscrito no


CPF(MF) sob o nº. 333.444.555-66, residente e domiciliado na Rua Xista, nº.
000, nesta Capital, com endereço eletrônico ficto@ficticio.com.br, ora
intermediado por seu mandatário ao final firmado – instrumento procuratório
acostado –, esse com endereço eletrônico e profissional inserto na referida
procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 77, inc. V c/c art.
287, caput, um e outro do novo CPC, indica-o para as intimações que se
fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa
Excelência, com suporte no art. 166, 186, 927, todos do Código Civil, a
presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE


DÉBITO
C/C

REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E PEDIDO DE TUTELA


ANTECIPADA,

contra BANCO XISTA S/A, estabelecida na Rua Delta, nº. 000 – Cidade
(PP), inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 333.444.555/0001-66, endereço
eletrônico desconhecido, em razão das justificativas de ordem fática e de
direito, abaixo delineadas.
Modelos de petições prontas

INTROITO

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)

O Autor não tem condições de arcar com as


despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos
financeiros para pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento
das custas iniciais.

Destarte, formula pleito de gratuidade da justiça, o


que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105,
in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no
instrumento procuratório acostado.
( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC,
art. 319, inc. VII)

O Promovente opta
pela realização de audiência conciliatória
(CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a
citação da Promovida, por carta (CPC, art.
247, caput) para comparecer à audiência
designada para essa finalidade (CPC, art.
334, caput c/c § 5º).

(1) – SÍNTESE DOS FATOS

O Autor firmou com a


instituição financeira promovida, na data de
33/22/0000, o contrato de conta corrente nº.
223344-5 (depósito à vista). (doc. 01) Havia,
além disso, um pacto de abertura de crédito no
valor de R$ 1.500,00(mil e quinhentos reais),
na forma de cheque especial. Modelos de petições grátis
Modelo de petição de juntada de documento (boletim de
ocorrência)

O Promovente fora demitido da empresa Pedras S/A,


razão qual deixou de movimentar a conta corrente supramencionada.

Na data de 22/33/0000, o Autor recebeu


correspondência originária da Serasa, dando conta de seu nome estava
sendo incluído – como de fato ora se encontra inserto naquele banco de dados
de consumo – em razão de um débito financeiro inadimplido no
importe de R$ 0.000,00 ( .x.x.x. ). A inserção, como se depreende dos
documentos, fora feita pela Ré.

De pronto o Promovente procurou a gerência do


banco, na pessoa do Sr. Germano, o qual informara verbalmente que o motivo
da inclusão se devia ao não pagamento de valores acumulados e debitados em
sua conta corrente. É dizer, unicamente advindas de tarifas e encargos
atinentes à manutenção de serviços.
Modelo de petição inicial trabalhista (salário por fora)

Dos extratos bancários, nesta ocasião acostados,


pode-se perceber que, na data de 00/11/2222, havia um saldo positivo de R$
00.000,00 ( .x.x.x.); debitado, logo em seguida, na data de 22/11/0000,
debitado o valor de R$ 000,00 ( .x.x.x. ) a título de taxa de manutenção de
conta corrente(docs. 03/17). A partir de então o que se viu o foi o crescimento
vertiginoso do pretenso débito, em uma verdadeira ´bola de neve´, criada com
base em taxas e tarifas.

Passaram-se três (03) anos e a Promovida inerte


ficou por todo esse período, inclusive sem enviar qualquer correspondência ou
chamado ao Promovente. Nem mesmo para recomposição de dívida, frise-se.
Ao invés disso, esperou que o limite do cheque especial fosse totalmente
consumido em razão das tarifas bancárias para, só então, inserir no nome do
desse junto aos órgãos de restrições.
É totalmente inadmissível (e ilegal) que uma
instituição bancária mantenha ativa conta sem qualquer movimentação,
incidindo toda sorte de tarifas e encargos atinentes à manutenção de serviços.

Modelo de petição de recurso adesivo de apelação cível

Além do mais, é incontroverso, à luz dos extratos ora


colacionados, que não houvera qualquer movimentação na referida conta, nem
mesmo um saque que venha a justificar a cobrança de encargos sobre produtos
e serviços do Autor.

HOC IPSUM EST

(2) – DO DIREITO

(2.1.) – A ILEGALIDADE À LUZ DO BACEN


Ao longo dos anos várias Resoluções foram impostas pelo
Bacen, essas voltadas máxime ao controle de cobrança de tarifas de contas
inativas.

Modelo de petição inicial de ação de indenização de danos morais e


estéticos
Em sua grande maioria a disciplina que vigia era
quanto às contas inativas por mais de 6(seis) meses. É dizer, vedava-se a
cobrança dessas tarifas após esse interregno, pois havia a presunção de
encerramento da conta pelo correntista.

Foi assim com a Resolução 2.025/1993, revogada


por força da Resolução 2.303/1996, posteriormente igualmente revogada
pela Resolução 3.518/2007. Essa também fora revogada, dessa feita pela
atual e vigente norma administrativa que trata do tema, ou seja, a Resolução
3.919/2010.

Essa Resolução contém dispositivo que igualmente


limita o débito de tarifas em contas inativas, verbo ad verbum:

Modelo de recurso de apelação cível

Resolução nº. 3.919/2010 – BACEN


Art. 17 – As tarifas debitadas em conta de depósitos à vista ou de
poupança de pessoas naturais devem ser identificadas de forma clara, com
utilização, no caso dos serviços prioritários, da padronização de que trata o
art. 3º:

(...)

2º – O valor do lançamento a débito referente à cobrança de tarifa em


conta de depósitos à vista ou em conta de depósitos de poupança não
pode ser superior ao saldo disponível, que engloba, inclusive,
eventual limite de crédito acordado entre as partes.

Modelo de petição inicial de reclamação trabalhista (vínculo


empregatício)
De uma simples análise do contrato de conta corrente
em espécie, vê-se que não existe qualquer dispositivo que esclareça qual o
procedimento a ser adotado pelo correntista, para a rescisão do pacto
contratual.

Não bastasse isso, urge evidenciar o que delimita o


Ato Normativo nº. 002/2008, do Conselho de Auto Regulamentação
Bancária, originário da Federação Nacional dos Bancos (FEBRABAN),
quando, atinente às contas inativas, determina aos Bancos que:

3.2. Constatada a situação de paralisação da conta, pela falta de


movimentação espontânea do cliente, por 90 dias, deverá ser
emitida uma comunicação sobre esse fato, contendo também um
alerta sobre a incidência de tarifa relativa a eventual pacote de
serviços vinculado à conta, mesmo que a conta continue sem
movimentação e saldo e informação de que a conta poderá ser encerrada,
quando completados os 6 meses de inatividade, sem prejuízo do envio de
extrato mensal, na hipótese de haver lançamentos no período.

Modelo de petição inicial de ação rescisória cível


Ao contrário disso, houve continuidade nos lançamentos
de valores indevidos, como se constata dos extratos acostados.

(2.2.) – A ILEGALIDADE NA VISÃO DO CDC

Antes de tudo, não devemos olvidar que nenhuma norma


administrativa, até mesmo proveniente do Bacen, pode sobrepor-se à Lei
Ordinária, in casu o Código de Defesa do Consumidor.

O fato de a conta encontrar-se sem movimentação,


impunha que a Ré enviasse ao Autor correspondência informativa. Nesse
trilhar, seria preservado o princípio da transparência, previsto no caput,
do art. 4º do Código de Defesa do Consumidor.

Modelo de exceção de pré-executividade fiscal


CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR

Art. 4º A Política Nacional das


Relações de Consumo tem por
objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores,
o respeito à sua dignidade, saúde
e segurança, a proteção de seus
interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de
vida, bem como a
transparência e harmonia das
Kit de Petições Direito Consumidor relações de consumo, atendidos
os seguintes princípios:

Ainda, complementando o princípio da


transparência, há também o princípio do dever de informar, previsto no
inciso III, do art. 6º do CDC.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Modelo de petição inicial trabalhista (reconhecimento de vínculo de


estagiário)

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

….

III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e


serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

De outro modo, dentre os princípios previstos no


Diploma Consumerista, não se poderia deixar de mencionar o imprescindível,
senão o mais importante nas relações de consumo: princípio da boa-fé
objetiva, previsto no art. 4º, III do CDC.
Modelo de petição inicial de ação de reparação de danos morais

De modo igual, a postura da Ré afrontou outros


dispositivos do CDC.

É inescusável que tal proceder constituiu prática


abusiva (CDC, art. 39, inc. V). É que a cobrança de serviços bancários de
conta inativa, máxime sem saldo suficiente para tanto, não se apoia a qualquer
dispositivo legal. Assim, resulta também uma vantagem excessiva (CDC, art.
51, inc. IV).

Ora, da mesma forma que a Promovida atropelou os


princípios consumeristas, da transparência e do dever de informar, de igual
maneira procedeu com relação ao da boa-fé objetiva. Afinal, o Autor foi
endividando-se cada vez mais, em consequência da cobrança de um produto,
seus acessórios, do qual nem usufruía mais.
Modelo de petição de exceção de pré-executividade no juizado
especial cível

Nesse compasso, a instituição financeira, ora Ré,


cada vez mais enriqueceu, de forma indevida, à custa do Autor, um simples
empregado que, ao contrário da instituição financeira acionada, agiu de boa-fé
desde a contratação até o encerramento do serviço.

(2.3.) – DO DEVER DE INDENIZAR

RESPONSABILIDADE CIVIL: REQUISITOS CONFIGURADOS

Esclarecido antes que a relação jurídica entabulada


entre as partes é de consumo, o Código de Defesa do Consumidor é
aplicável à espécie, abrindo, no caso, a responsabilidade objetiva do
Réu.
A propósito reza a Legislação Substantiva Civil que:

CÓDIGO CIVIL

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, viola direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito. “

Modelo de petição inicial de ação de despejo

Ademais, aplicável ao caso sub examine a doutrina


do “risco criado” (responsabilidade objetiva), que se encontra posta no Código
Civil, que assim prevê:

CÓDIGO CIVIL
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único – Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

Modelo de petição inicial de danos morais e estéticos (erro


médico)

Desse modo, a simples indevida inserção


em cadastro de inadimplentes constitui, por si só, fato que resulta em dano
moral. É dizer, não se exige, na hipótese, que o Réu prove a ocorrência do dano
moral, todavia apenas o fato que atingiu a personalidade da vítima. Assim, é
prejuízo “in re ipsa”.
Dessarte, a responsabilidade civil, à luz do
Código de Defesa do Consumidor e do Código Civil, é objetiva.

Houve, pois, irrefutável falha na prestação do serviço


em face da inserção descabida do nome do Autor junto aos órgãos de
restrições.

Nesses termos, foi configurada a existência dos


pressupostos essenciais à responsabilidade civil: conduta lesiva, nexo
causal e dano, a justificar o pedido de indenização moral.

Modelo de petição inicial de ação de adoção de menor

A propósito, vejamos os seguintes julgados


específicos sobre o tema ora tratado:
RECURSO INOMINADO.

Ação declaratória de inexistência de débito c/c reparação por danos morais.


Conta inativa. Ausência de movimentação. Cobrança de encargos e tarifas.
Indevida. Inscrição nos cadastros de proteção ao crédito. Indevida. Danos
morais presumidos. Quantum fixado na sentença. Mantido. Recurso
desprovido. (TJRS; RCv 0003941-35.2018.8.21.9000; Porto Alegre; Quarta
Turma Recursal Cível; Relª Juíza Silvia Maria Pires Tedesco; Julg.
24/08/2018; DJERS 29/08/2018)

AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO CUMULADA COM


OBRIGAÇÃO DE FAZER E PEDIDO DE INDENIZAÇÃO. CONTA
INATIVA. NEGATIVAÇÃO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA EM
PARTE. APELAÇÃO DA RÉ E RECURSO ADESIVO DO AUTOR.

Código de Defesa do Consumidor. Relação de consumo. Qualidade de


destinatário final demonstrada. Incidência das disposições do Código de
Defesa do Consumidor, aplicáveis também às instituições bancárias
(Súmula do e. STJ, verbete 297). 2. Inexigibilidade do débito. Conta inativa.
Tarifas e encargos. Cobrança abusiva. Violação à boa-fé contratual. Serviços
bancários não prestados no período. Precedentes desta c. Câmara. 3. Danos
morais. Ocorrência. Inscrição indevida em cadastros de proteção de
crédito. Dano moral in re ipsa. Danos que são da natureza das coisas.
Precedentes pretorianos, inclusive desta c. Câmara. Valor da indenização.
Considerando as particularidades do caso concreto e os fins a que se
destina a indenização, admissível a majoração da verba indenizatória de R$
5.000,00 (cinco mil reais) para R$ 12.000,00 (doze mil reais). Recurso do
réu desprovido e provido do autor. (TJSP; APL 1007149-
94.2017.8.26.0564; Ac. 11732555; São Bernardo do Campo; Trigésima
Sétima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sergio Gomes; Julg.
21/08/2018; DJESP 28/08/2018; Pág. 2350)

Modelo de petição de contrarrazões de agravo interno

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
COBRANÇA DE ENCARGOS SOBRE CONTA CORRENTE NÃO
MOVIMENTADA POR MAIS DE TRÊS ANOS. VIOLAÇÃO AO
PRINCIPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL.
PRESUMIDO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO.

Demonstrado que a conta corrente de titularidade do autor ficou inativa


por longo período e que, mesmo assim, o banco lançou tarifas e encargos
financeiros, violando a boa-fé objetiva entre os contratantes, bem como
inseriu o nome da parte nos órgãos de proteção ao crédito, resta
configurada a conduta ilícita e o dever de reparação. O dano moral
decorrente da negativação indevida é presumido. Analisadas as condições
econômicas das partes, o valor arbitrado a título de danos morais deve ser
fixado de forma a reparar o sofrimento da vítima e penalizar o causador do
dano, respeitando a proporcionalidade e razoabilidade. Recurso adesivo
interposto por Flavio Silveira Cury: EMENTA. RECURSO ADESIVO. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL.
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. Analisadas as condições econômicas das partes, o valor
arbitrado a título de danos morais deve ser fixado de forma a reparar o
sofrimento da vítima e penalizar o causador do dano, respeitando a
proporcionalidade e razoabilidade. (TJMS; AC 0804225-
10.2016.8.12.0018; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Odemilson Roberto
Castro Fassa; DJMS 27/08/2018; Pág. 89)

Modelos de petições prontas

(2.4.) – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


O contexto em estudo trouxe à tona um propósito de obter
provimento judicial declaratório negativo. Visa-e, com isso, o não
reconhecimento de dívida com instituição financeira. Nesse viés, mormente à
luz dos ditames do art. 333, inc. II do Código de Processo Civil, por ser fato
negativo, é ônus processual de a Ré provar a existência da dívida e, mais, sua
origem.

Modelo de petição inicial de ação de indenização de dano infecto

De mais a mais, transferir esse ônus ao consumidor


igualmente afrontaria a previsão estabelecida no CDC. Provar a utilização da
conta bancária e, com isso, permitir a cobrança da respectiva tarifa, é prova de
difícil produção. Incide, assim, a norma diretiva do art. 6º, VIII e, também,
art. 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor.

A inversão do ônus da prova se faz necessária na


hipótese em estudo, vez que a inversão é “ope legis” e resulta do quanto
contido no Código de Defesa do Consumidor.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Modelo de petição de emenda à inicial cível

[...]

3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado


quando provar:

I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;


II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

À Ré, portanto, cabe, face a inversão do ônus da


prova, evidenciar se a Autora concorreu para o evento danoso, na qualidade
de consumidora dos serviços, ou, de outro bordo, em face de terceiro(s), que é
justamente a regra do inc. II, do art. 14, do CDC, acima citado.

(2.6.) – TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Ficou destacado claramente, em tópico próprio, que


fora feito indevidamente o apontamento do nome do Autor junto aos órgãos de
restrições. Assim, necessita-se de tutela urgente de sorte a anular as inserções
indevidas.
O Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a
tutela de urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo”:

Modelo de petição de juntada


Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude


cometida pela Ré, fartamente comprovada por documentos imersos nesta
querela, maiormente pelas várias correspondências enviadas, pelo
apontamento do título a protesto, pela prova do desconto do título junto à
instituição financeira e outros mais.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os


elementos indicativos de ilegalidades contido na prova ora imersa traz à tona
circunstâncias de que o direito muito provavelmente
existe.

No tocante ao periculum na demora da providência


judicial, urge demonstrar que a inserção do nome da Autora junto aos órgãos
de restrições, sem qualquer sombra de dúvida, faz emergir incontáveis danos
dessa. Registro maior deve ser dado para a impossibilidade de se obter linha de
crédito, talonários de cheques, etc.
Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva
prévia da parte contrária (CPC, art. 300, § 2º), independente de
caução (CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no
sentido de:

a) independente de qualquer caução ou outra garantia, pede que seja


cancelada a inscrição do nome do Autor dos órgãos de restrições,
expedindo-se para tanto os devidos ofícios;

b) requer, ainda, que a Ré seja intimada a excluir o nome do Autor do


cadastro da Central de Risco do Bacen, no prazo de 10(dez) dias úteis, sob
pena de multa diária de R$ 100,00;

c) subsidiariamente, requer que seja conferida a Autora prestar caução


fidejussória, com o fito do pronto atendimento da tutela de urgência aqui
almejada.
(3) – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

POSTO ISSO,

como últimos requerimentos desta Ação Declaratória de Inexistência de


Débito c/c Indenizatória, o Autor requer que Vossa Excelência se digne de
tomar as seguintes providências:

3.1. Requerimentos

a) O Autor opta pela realização de audiência conciliatória (CPC/2015, art.


319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida para comparecer
à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput), antes
apreciando-se a tutela de urgência solicitada;

b) requer, ademais, sejam concedidos os benefícios da gratuidade da


justiça, assim como a inversão do ônus da prova.
3.2. Pedidos

a) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS


FORMULADOS, declarando-se a inexistência de dívida concernente aos
lançamentos de débitos de tarifas bancárias na conta corrente do Autor
(c/c nº. 0000 – Ag. nº 1111) e, por consequência:

( i ) à guisa de danos morais, pede-se a condenação da Ré a indenizar o


Promovente com a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais);

( ii ) pleiteia, mais, ratificando-se a tutela antes deferida, que a Ré seja


condenada por definitivo a não inserir o nome do Autor junto aos órgãos
de restrições e na Central de Risco, sob pena de pagamento de multa
diária de R$ 100,00 (cem reais), consoante as regras do art. 497 c/c art.
537 do CPC/2015;

( iii ) pede que seja definida, por ocasião da sentença, a extensão da


obrigação condenatória, o índice de correção monetária e seu termo
inicial, os juros moratórios e seu prazo inicial (CPC, art. 491, caput);
( iv ) por fim, condená-la em custas e honorários advocatícios, esses
arbitrados em 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação (novo
CPC, art. 82, § 2º, art. 85 c/c art. 322, § 1º), além de outras eventuais
despesas no processo (novo CPC, art. 84).

Ainda que seja com o ônus invertido, protesta prova o


alegado por todos os meios admissíveis em direito assegurados em direito.

Dá-se à causa o valor da pretensão condenatória de R$


5.000,00 (cinco mil reais). (NCPC, art. 292, inc. V)

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de setembro de 0000.


Alberto Bezerra

Advogado – OAB(PP) 112233

 dano in re ipsa dano moral danos morais fumus boni iuris inversão do ônus da prova ônus da prova

órgãos de restrições periculum in mora

Alberto Bezerra
Alberto Bezerra é professor de Prática Forense Penal, Civil e Trabalhista. Advogado
atuante desde 1990. Também leciona a disciplina de Direito Bancário. Pós-graduado em
Direito Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo(PUC/SP).
Articulista, palestrante e autor de diversas obras na área do direito, incluindo Prática
Forense Bancária, Teses de Defesa na Prática Forense Penal e A Teoria na Prática:
Responsabilidade Civil.

© 2017 - Todos os direitos reservados. Alberto Bezerra

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