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1. LINCOSAMIDAS
Características:
• Natural: Lincomicina (Streptomyces lincolnensis)
• Semissintética: Clindamicina.
Mecanismo de ação:
Subunidade ribossomal 50S;
Próximo ao sítio P;
Impede a reação de transpeptidação;
Atividade antibacteriana
o Cocos aeróbios Gram positivos
Streptococcus pneumoniae
Streptococcus pyogenes
Staphylococcus aureus
o Anaeróbios
Bacteriorides fragilis- Principal microorganismo de pneumonia bronco-aspirativa,
mesmo está sendo majoritariamente de flora mista.
Fusobacterium
Peptococcus
Peptostreptococcus
• RESISTÊNCIA À CLINDAMICINA
o Pela Metilação ribossomal
Clindamicina não induz a formação de metilase
A resistência é cruzada, induzida pelos macrolídeos.
• FARMACOCINÉTICA
o Absorção enteral praticamente completa
o Distribuição
Distribuição ampla em tecidos e fluídos
Não atinge concentrações significativas no líquor
Concentrações insuficientes para meningites
Concentrações suficientes para neurotoxoplasmose
o Excreção
10% é excretada inalterada na urina
Pequena quantidade é liberada nas fezes
Atividade antimicrobiana nas fezes
o Não age em Clostridium difficile, mas age nos demais microorganismos
da flora, o que pode causar superinfecção por Clostridium (colite
pseudomembranosa)
• APLICABILIDADE CÍNICA
o Infecções de partes moles
Boa atividade
Staphylococcus aureus sensível à oxacilina (MSSA)
Alternativa para pacientes alérgicos à penicilina
o Infecções do trato respiratório
Superior à penicilina em abcessos pulmonares
Boa atividade
Streptococcus pneumoniae
Pouca atividade
Haemophilius influenzae
Atividade variável
Chlamydophilia pneumoniae
o Osteomielite
Boa penetração no tecido
Boa atividade para MSSA
o Infecções abdominais e abcessos
Boa atividade para Bacterioides fragilis
o Outras infecções
Uso em associação
Toxoplasma gondii
Pneumocistis jiroveci
Plasmodium falciparum
• EFEITOS ADVERSOS
o Gastrointestinais
Diarreia
o Superinfecção por microrganismos resistentes
Clostridium difficile – COLITE PSEUDOMEMBRANOSA
o A alta incidência de diarreia e a ocorrência de colite pseudomembranosa deve limitar o uso a
infecções onde representa clara vantagem terapêutica.
2. NITROIMIDAZOIS
Representantes
o Metronidazol
o Timidazol
o Ornidazol
• Atividade antimicrobiana
o Anaeróbios
Bacteroides fragilis
Clostridium difficile
Clostridium perfringens
Gardnerella vaginalis
Helicobacter pylori
Fusobacterium
Peptococcus
Peptostreptococcus
o Protozoários (é o tratamento de escolha)
Trichomonas vaginalis
Entamoeba histolytica
Giardia lambia
o Espiroquetas
Treponema pallidum
• Mecanismo de ação
o Pró-droga
Necessita de
ativação por
nitrorredutases
Geração de
produtos
citotóxicos
o Desestruturação do DNA
Clivagem por complexos
Desestabilização das fitas
• Resistência ao Metronidazol
o Muito rara
o Redução nos níveis enzimáticos
Piruvato-ferrodoxina-oxirredutase (PFOR)
NADPH-nitrorredutase
o Codificação de genes nim
Mecanismo de resistência pouco conhecido
• Farmacocinética
o Uso VO, UT ou IV
o Absorção enteral completa
o Distribuição ampla em tecidos e fluídos
Exceto placenta – seguro para gestantes
o Excreção
Metabolismo hepático
10% excretado inalterado na urina
• Aplicabilidade clínica
o Ação infradiafragmática
o Infecções por protozoários
o Infecções intra-abdominais
o Abcessos polimicrobianos
o Colite pseudomembranosa (1ª escolha)
Clostridium difficile
Custo-efetivo
O melhor tratamento recomendado internacionalmente é o transplante de fezes
• Efeitos adversos
o Gastrointestinais
Náuseas
Gosto metálico na boca
Desenvolve inapetência – todos os alimentos passam a ter o mesmo gosto
Alterações do sistema nervoso central
Possível antagonismo da tiamina
o Mutagênico
Uso cauteloso durante a gestação
o Reação tipo-dissulfiram
Uso concomitante com álcool causa intoxicação por aldeído (sensação de morte, dor,
pânico...)
Bloqueia o metabolismo do álcool pelo bloqueio da ADH.
AULA 2- Antivirais
Vírus
Organismos acelulares
o Parasitas intracelulares obrigatórios
o Incapazes de reproduzir-se fora do hospedeiro
o Não são considerados organismos
Não possuem organelas próprias ou ribossomos
Incapazes de crescer em tamanho (apenas o número de cópias do material genético
aumenta)
Incapazes de se reproduzir
DNA-VÍRUS
o Herpesvírus:
HS-1: nem todos manifestam as vesículas labiais, característica da doença, mas a
maioria da população tem positiva para Herpes Simples.
Citomegalovírus: extremamente comum no ambiente ⇒ não causa alterações em
pessoas que não são imunossupressas.
o Adenovírus (normalmente causam doenças respiratórias como um resfriado comum, a
conjuntivite, bronquite pneumonia, faringite, gastroenterites virais).
Existem mais de 100 tipos de adenovírus (maior parte das infecções);
Não conferem imunidade vitalícia, período de imunidade curto, por isso, geralmente,
as pessoas têm infecções recorrentes desse vírus;
Não confere imunidade cruzada, entre os sorotipos de adenovírus.
RNA-VÍRUS
o Influenza vírus ⇒ A e B;
o Flavivírus ⇒ afinidade especial por células hepáticas (febre do Nilo Ocidental, Dengue e
Zika ⇒ transmitidos por mosquitos; Hep. C ⇒ contágio sanguíneo;
o Hepatite A ⇒ transmissão fecal-oral ⇒ geralmente água contaminada;
o Raiva ⇒ contágio por saliva e secreções;
o Ebola ⇒ contágio por saliva e secreções.
Vírus
Não suscetíveis aos antibióticos.
o Não possuem parede celular e sistemas enzimáticos.
Todos os alvos vão ser direcionados às células do hospedeiro e não ao patógeno.
Poucas substâncias específicas do patógeno.
o Algumas enzimas específicas do patógeno (ex.: gripe influenza A- H1N1- possui
Hemaglutinina e Neuraminidase) que não são encontradas no hospedeiro.
Maioria dos agentes somente é efetiva durante a replicação do vírus.
ESTRUTURA BÁSICA:
Proteínas do envelope⇒ responsáveis por ligar o vírus à célula do
hospedeiro
Amantadina
Pandemia de Influenza H1N1 (2009)
o Todos esses vírus testados até hoje foram resistentes aos antivirais derivados da adamantina.
Influenza A não complicada do adulto (não indicada para crianças)
o Tratamento precoce com amantadina ou com rimantadina (200 mg/dia durante 5 dias)
diminui a duração da febre e das queixas sistêmicas em 1-2 dias comparado com placebo.
*Hemaglutinina é responsável pela entrada do vírus na célula e a Neuraminidase pela replicação do genoma
viral dentro da célula.
Oseltamivir (Tamiflu®)
Fármaco de escolha para tratamento de influenza H1N1, formas graves
Escolha baseada em estudos observacionais (onde não houve intervenção ou comparação)
o Benefício na redução de sintomas de formas graves da influenza A
Não há ensaios clínicos que confirmem o benefício
Amantadina é mais eficaz que o Oseltamivir para tratamento de Influenza A
complicada
Diretrizes internacionais recomendam o uso em pacientes selecionados, baseados nos estudos
observacionais
Reduzem a taxa de mortalidade, em casos graves, mas não previnem a infecção e não reduzem a
excreção viral nasal do vírus em pacientes contaminados
o Teoricamente, se o vírus inibe as neuraminidases, impediria a formação de novas cópias do
vírus, portanto não é lógico não reduzir a excreção viral nasal.
Aciclovir
Atividade
o Limita-se ao tratamento de Herpes simples tipo 1 e 2 e Varicela
o Não tem ação contra citomegalovírus
Mecanismo de ação
o Análogo acíclico do nucleosídeo guanina
o Inibição da síntese de DNA viral
Efeitos adversos
o Gastrointestinais
Muita náusea
o Cefaleia
o Perda de função renal, a nível do paciente precisar de hemodiálise se utilizar aciclovir IV
Ativação farmacológica
o Fosforilação
Depois que se transformou em Trifosfatos vai ter sua ação
o Necessitam indução por enzimas virais para se tornar trifosfato de aciclovir (forma ativa)
o Inativos em não produtores timidina-quinases ⇒ Epstein-Barr e Citomegalovírus)
Mecanismo de ação
o Vírion do herpes simples fixando-se
a uma célula hospedeira suscetível,
fundindo seu envoltório com a
membrana da célula e liberando
capsídeos descobertos que transferem
DNA virai para o núcleo, onde ele
inicia a síntese de DNA viral.
Moléculas de Aciclovir que
penetraram na célula são convertidas
pela timidinacinase (enzima própria do vírus HS que ativa o Aciclovir acrescentando 3
fosfatos) em trifosfato de aciclovir, esse composto é então transportado para o núcleo.
Devido a sua estrutura semelhante a guanina, o trifosfato de aciclovir é adicionado a cadeia
de DNA, bloqueando o prolongamento de um da fita.
Todos são pró-drogas que vão ser transformadas em
Aciclovir. Assim como o Aciclovir, que é uma pró-droga,
pois vai ser transformado em Trifosfato de Aciclovir para ter
sua ação.
Ganciclovir (somente IV) tem ação contra Citomegalovírus,
mas não tem ação no Epstein-Barr.
Valaciclovir, Penciclovir e Aciclovir não têm ação contra
Citomegalovírus.
Penciclovir e Valaciclovir têm vantagens posológicas (menos
doses administradas diariamente ⇒ mais fácil adesão do
paciente, porém tem o custo mais elevado).
Aciclovir e Ganciclovir ⇒ IV.
Aciclovir ⇒ tratamento de escolha para infecções graves em adultos (varicela generalizadas ou herpes
simples).
HERPES LABIAL
Uso de Aciclovir abrevia o surto de herpes labial em paciente imunocompetentes
o Pacientes que NÃO SÃO IMUNOSSUPRIMINOS, têm tempo de doença reduzido em dois
dias (surto de 7 dias, diminui para 5 dias).
Emprego antecipatório pode prevenir a ocorrência de crises
o Paciente pode utilizar preventivamente, para evitar os surtos da doença.
INTERFERONAS:
INTERFERONA-A
Atividade
o Hepatites B e C
Mecanismo de ação
o Mediador inflamatório natural
Interferon (IFN) é produzido naturalmente pelo organismo, são moduladores de
algumas respostas inflamatórias (por ex, na ELA se usa beta-interferona para reduzir a
respoSta inflamatória; na Hep B e C se usa alfa-interferona (INF-A).
Estimulam a atividade citotóxica dos linfócitos
Linfócitos agem mais contra células infectadas, destruindo-as e, assim,
diminuindo a replicação do vírus
Supra-regulação dos complexos de histocompatibilidade (aumenta a presença de
complexos de MHC)
Permite que o sistema imunológico localize mais as células comprometidas e o
local da infecção
Produzido pelo próprio hospedeiro
o Quando paciente tem Hep B ou C, doses extras são usadas.
Efeitos adversos
o Síndrome flu-like ⇒ sintomas gripais
Febre, cefaleia, mialgias e atralgias (algumas horas depois, recomenda-se o uso de
anti-inflamatórios, analgésicos ou antipiréticos, para evitar esses sintomas).
(Curiosidade: alguns pacientes com ELA, que utilizam interferon-B, costumam abandonar o
tratamento, pois são frequentes os sintomas flu-like)
Mecanismo de Ação
Vírus penetram no hosp. e
liberam o material genético na
célula, assim que esse material
atingir o núcleo, sofre ação do
IFN, inibindo a transcrição do
material genético. Após ocorrer a
liberação do material genético no
citoplasma, o INF inibe a
tradução do RNAm em proteínas,
dessa forma não ocorre o acúmulo
de tais proteínas, nem o re-
encapsulamento e liberação do
vírus pelo Golgi. Então, age em
diversos pontos: transcrição,
tradução, glicosilação,
envelopamento viral e a libração
desse vírus.
Ribavirina
Atividade contra:
o Ortomixovírus ⇒ gripe
o Paramixovírus
o Fumiavírus
o Flavivírus ⇒ dengue
Mecanismo de ação
o Análogo do nucleosídeo purina com uma base modificada
o Alteração dos reservatórios de nucleotídeos celulares e a uma inibição da síntese de RNAm
viral
Na hora de se ligar cria um RNAm que não produz proteínas
Efeitos adversos
o Anemia
Por alteração medular
Quimioterápico
HIV:
Recomendada terapia em associação para o HIV, pois é um vírus de difícil redução da carga viral.
Tentar inibir:
o Fixação e fusão do vírus a cél hospedeira
o Resposta quimiomotora ao CD4+ ⇒ inibir que o HIV ligue no CD4+ e entre no linfócito
o Transcriptase reversa (TR)
o Integração do DNA viral ao DNA da célula do hosp.
o Liberação do vírus para a corrente circulatória do indivíduo
Nevirapina
Boa biodisponibilidade oral
Sem atividade contra HIV-2 (apenas atividade contra HIV-1)
Penetração no sistema nervoso central
o Importante, pois se o paciente tiver demência relacionada com o HIV (o HIV penetra nas
células gliais, localizadas no entorno dos neurônios, provocando demências por dificuldade
de comunicação entre os neurônios)
Redução na transmissão materno-fetal
Efavirenz
Meia-vida prolongada ⇒pode usar 1x ao dia
Baixa penetração liquórica ⇒ pouca utilidade na demência relacionada ao HIV
Efeitos adversos
o Insônia
o Pesadelos
o Efeito alucinógeno
3. INIBIDORES DA PROTEASE
Representantes
o Amprenavir
o Atazanavir
o Darunavir
o Fosamprenavir
o Indinavir
o Lopinavir + Ritonavir (sempre em associação)
o Saquinavir
o Tipranavir
Mecanismo de ação:
o Inibem competitivamente a ação da aspartil-protease viral
Competem com proteínas do vírus impedindo a formação de novos envelopes virais e
sua liberação
Inibe produção das glicoproteínas do capsídeo
RITONAVIR
Liga-se às proteases do HIV-1 e HIV-2
Geralmente associado a outro Inibidor da Protease ⇒ Lopinavir +Ritonavir
Meia-vida curta ⇒ necessita de diversas doses diárias
Efeitos adversos
o Gastrointestinais
o Hematológicas
Anemia macrocítica
OBS.: Todas essas medicações têm efeitos adversos parecidos, por isso podem gerar uma somação
de efeitos ⇒ coquetel anti-HIV de difícil adesão.
4. INIBIDORES DA FUSÃO
Protocolo pós infecção por HIV (teórica).
Representantes
o Enfuvirtida
Inibe a fusão das membranas virais e celulares mediada por interações entre gp41 e
CD4.
o Maraviroc
Bloqueia a ligação da proteína gp120 do envoltório externo com o CD4
Teoricamente, essa seria a droga que impediria a entrada do HIV dentro do
linfócito, porém não é possível realizar um ensaio clínico para comprovar essa
hipótese, então é usada com base na resposta terapêutica.
⇒ A interação entre CD4+ e gp120 indica qual célula que o HIV deve invadir, mas o Maraviroc impede essa
ligação.
5. INIBIDORES DA INTEGRASE
Representantes
o Raltegravir
Mecanismo de ação
o Bloqueia a atividade catalítica da integrase codificada pelo HIV, impedindo a integração do
DNA do vírus ao cromossomo do hospedeiro
**A integrase é uma enzima que coloca o DNA do vírus, depois de transcrito, dentro
do DNA do hospedeiro
O benefício em pacientes assintomáticos com mais de 350 células CD4/mm3 é provável, mas ainda
não foi demonstrado por ensaios clínicos randomizados (pacientes abaixo de 350 cópias deveriam
receber o tratamento)
Fármacos antirretrovirais têm efeito em diversos desfechos primordiais, incluindo redução de
mortalidade por AIDS
o Nenhum dos fármacos objetiva a cura, mas sim a redução de mortalidade por AIDS, não pelo
vírus HIV (AIDS significa a queda de imunidade provocada pelo HIV que favorece a infecção
por outras doenças).
A associação de primeira linha (pacientes que nunca tomaram anti-hiv) inclui:
DOIS inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeo
(ZIDOVUDINA (AZT) + LAMIVIDINA (3TC)) + UM não análogo de nucleosídeo
ou um inibidor da protease (EFAVIRENZ (EFZ))
Esquema clássico: AZT + 3TC + EFZ
Novo esquema: AZT + 3TC + lopina+ritona
Transmissão materno-fetal
A eficácia de antirretrovirais para a prevenção de transmissão vertical de HIV tem grande magnitude,
correspondendo a NNT (número necessário para tratar) de aproximadamente 5 gestantes tratadas
com Lamivudina, consegue-se evitar infecção em um recém-nascido.
AULA 4- Antituberculosos
TUBERCULOSE
Agente etiológico ⇒ Mycobacterium tuberculosis
• Bacilo de Koch
• Revestimento por ácido micólico
Bactéria ácido-álcool resistente (BAAR)
Não cora com a coloração de Gram
• Aeróbio
• Ciclo reprodutivo lento
Tempo de divisão de 15-20 horas
Crescimento em meios de cultura de 3 a 6 semanas (diagnóstico demora pra apresentar
resultados)
• Reservatório
Espécie humana
Outros mamíferos (bovinos)
• Transmissibilidade
Dispersão de partículas por meio da tosse (aerossóis) provenientes do trato respiratório
Quando inaladas, as bactérias circulam no trato respiratório ou no trato
gastrointestinal
Para ocorrer a infecção é necessário o contato direto com um paciente infectado, pois
as micobactérias permanecem pouco tempo no ar e, quando expelidas, alcançam
1,5m no máximo. Quando precipitam já não são mais contagiosas
• Epidemiologia
Mundo:
30% da população mundial (2009)
8,9 milhões de casos ativos crônicos (2012)
Brasil (2013):
70.000 novos casos diagnosticados
4.600 óbitos relacionados à doença
Rio Grande do Sul (2014):
7º estado em incidência;
Penúltimo estado em cura;
Taxa de abandono de tratamento 14% (uma das maiores do país).
Passo Fundo (2014):
Percentual de cura ⇒ 77,1% das confirmações laboratoriais
Percentual de abandono de tratamento ⇒ 10% das confirmações laboratoriais
• Histórico
Reconhecimento da contagiosidade em 1880
Pacientes eram encaminhados para sanatórios
75% de mortalidade em 5 anos
Primeiros tratamentos na década de 1940
Mudança drástica no curso da doença
Reduz em 50% a mortalidade
Primeiro ensaio clínico randomizado
Estreptomicina (1946)
Modelo para ensaios clínicos atuais
• Resistência bacteriana
Monoterapia
92% de resistência após 3 meses de tratamento
Terapia combinada
Queda da resistência para 10%
4. CLASSE DO ETAMBUTOL
Química
• Composto hidrossolúvel
Mecanismo de ação
• Inibição da arabinosil-transferase
• Desarranjo da parede celular bacteriana
Altera a permeabilidade da membrana e sua estrutura
Atividade
• Atividade contra ampla variedade de micobactérias, porém não há contra outras espécies de
bactérias (sem ácido micólico)
Mecanismos de resistência
• Mutações no códon 306 do gene embB
Necessita dessa mutação para desenvolver resistência
Alguns portadores da mutação podem ser sensíveis
Farmacocinética
• Biodisponibilidade oral de 80%
• Ligação a proteínas plasmáticas de 10 – 40%
• Metabolizado pela álcool-desidrogenase
Mesma enzima que degrada o álcool, provocando uma competição durante a
metabolização
Resultará em intoxicação pelo álcool e pelo fármaco se utilizados em conjunto
• Excreção intacta de 80% do fármaco na urina
Farmacodinâmica
• Capacidade microbicida
Micobacterium tuberculosis
Otimizada para a relação AUC/MIC (administração pode ser tanto em doses
intermitentes ou em doses fracionadas)
Micobacterium avium
Otimizada para a relação Cmáx/MIC (altas doses intermitentes têm melhores
resultados)
Efeitos adversos
• Redução de acuidade visual
Recomendações:
• Tratamento com esquema RHZE por dois meses seguido por RH durante quatro meses é a
atual recomendação no Brasil.
• Medicamentos antituberculosos devem ser usados somente em associações, segundo esquemas
padronizados e por tempo determinado.
Depois de 15 dias de tratamento o paciente deixa de ser bacilífero (para de expelir micobactérias).
R: Rifamicina
H: Izoniazida
Z: Pirazinamida
E: Etambutol
Fungos Patogênicos:
• Ocorrência em regiões geográficas específicas
• EUA
o Coccidioides immitis
o Histoplasma capsulatum
o Blastomyces dermatidis
• Rio Grande do Sul
o Histoplasmose e Paracoccus
Fungos Oportunistas:
Disseminados na natureza e não causam problemas em organismos saudáveis
o Candida sp.
o Phycomycetes sp.
o Aspergillus sp.
ITRACONAZOL
o Malssezia sp.
Infecção no couro cabeludo (caspa) e se espalha para o dorso, onde faz lesões versicolor
(pitiríase versicolor - inverte a cor da pele paciente, brancos ficam com manchas escuras
e negros ficam com manchas claras).
Fatores predisponentes:
Uso de antibióticos (reduz a flora bacteriana, favorecendo o crescimento da flora fúngica)
Neutropenia
Imunossupressão
o HIV / SIDA
o Corticoesteróides
o Imunossupressores
o Neoplasias
o Quimioterapia
o Diabetes mellitus
Paciente tem lesão na microcirculação, por isso as células de defesa não conseguem
chegar até a região interdigital e unhas, por exemplo, favorecendo o crescimento de
fungos. Além disso, a glicose no sangue desses pacientes é elevada e fornece os
nutrientes para os fungos.
Paciente diabético tem mais candidose vaginal, pois converte a glicose em glicogênio
e a Candida albicans se desenvolve.
Tratamento
Antifúngicos
Suporte geral do paciente
o Nutrição
Tratamento de distúrbios predisponentes
o Se o paciente está imunossuprimido, deve regular essa condição.
Remoção cirúrgica
o Principalmente em Aspergilose ou Histoplasmose pulmonar para retirada de abcessos
Sítios de ação dos antifúngicos
Função da membrana
Síntese do ergoesterol
Síntese dos ácidos nucleicos
Síntese da parede celular
Prevenção
Restrição de antibióticos de amplo espectro
o Ex.: pacientes com onicomicose podem usar tratamentos tópicos.
Combate a infeções fúngicas superficiais
Cuidados gerais na prevenção de infeções hospitalares ⇒ lavar as mãos!
Evitar profilaxia antifúngica
o Especialmente com Fluconazol
o Às vezes é necessário usar antifúngico profilático, como em pacientes com imunossupressão
grave ou com infecções recorrentes
Antifúngicos sistêmicos
Atuam em todos os sistemas orgânicos, são administrados ou por VO ou por IV.
Poliênicos
o Anfotericina B
Equinocandinas
o Caspofungina
Imidazólicos
o Cetoconazol
Triazólicos
o Fluconazol
o Itraconazol
o Voriconazol
Sulfonamidas
Iodeto de potássio
Flucitosina
Griseofulvina
Terbinafina
Antifúngicos tópicos
Atuam diretamente nos sítios mais comuns de infecção (aplicados diretamente sobre a pele ou unhas).
Imidazólicos
o Cetoconazol
o Clotrimazol
o Butoconazol
o Econazol
o Isoconazol
o Miconazol
o Oxiconazol
o Tioconazol
Haloprogina
Ácido salicílico
Triazólicos
o Terconazol
Iodo
Terbinafina
Nistatina
Ácido undecilênico
Ciclopirox
Ácido Benzoico
ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS –
1. POLIÊNICOS
Classificação química
o Macrolídeos (composto natural com grande anel em sua composição)
Representantes
o Anfotericina A
Não utilizada na medicina
o Anfotericina B
Origem
o Streptomyces nodosus
Mecanismo de ação
o Desestabilização da membrana celular
Anfotericina B
Liga-se ao ergosterol da parede celular, levando à
alteração da permeabilidade
o Efluxo de K+ e influxo de Na+, desestabilizando
a célula e conduzindo-a à morte celular
Uso IV ou intratecal (IT)
Efetivo para a maioria das micoses profundas
Agente mais eficaz para infecções sistêmicas
Não é efetivo para micoses superficiais
o Não chega até a pele e sua administração tópica
não tem ação
Atua em fungos patogênicos e oportunistas
Altamente tóxica
Resistência à anfotericina B é rara
o Pode acontecer com:
Cryptococcus neoformans
Causa meningite fúngica em
imunodeprimidos
Mesmo podendo ter resistência é o
fármaco de escolha Lembrar que a concentração de K+
Algumas espécies de Candida normalmente é maior no meio
Anfotericina B intracelular
Convencional (ABC)
o Baixo custo, eficaz, bastante efeitos indesejáveis
Formas liídicas (FLAB)
o Em complexo lipídico (ABCL) – menos tóxica
o Em dispersão coloidal (ABCD)
o Lipossomal (ABLS) – menos tóxica ainda
Em uso no Brasil apenas em centros de referência para tratamento de transplantados
renais
Eficácia equivalente
o Exceto em um estudo bem conduzido do uso em SIDA + histoplasmose, em que a forma
lipossomal levou vantagem.
Anfotericina B + Flucitosina
o Melhor que uso isolado em meningite criptocócica
o Cepas sensíveis de Candida albicans e tropicalis
o Possivelmente também para Aspergillus
Anfotericina B + Azólicos (Fluconazol)
o Antagonismo teórico
o Azólicos inibem a síntese de ergosterol
o 2013 – Estudo no oriente médio demonstrou redução da mortalidade quando uso concomitante
com Fluconazol
Possível sinergismo
o Terbinafina
o Caspofungina
Biodisponibilidade das formas lipídicas é menor
o Requer dose 3-6x maior que a convencional
Anfotericina B convencional
o Toxicidade reduzida quando utilizada em infusão lenta (de 4 a 8 horas)
Uma recomendação de como fazer: 750 mg de Paracetamol (ou 600mg de Iboprufeno
– preferência pelo paracetamol pq é menos tóxico) para ser administrado 30 minutos
antes da Anfotericina B, nessa hora também, aplica-se 1L de soro para aumentar a
volemia do paciente e, assim, diminuir a concentração dentro do sangue sem diminuir
a concentração nos tecidos alvo. Anfotericina B para ser administrada de 4 a 6h, se o
paciente tiver febre, recebe mais uma dose de Paracetamol. Comprovou-se que a
infusão de soro fisiológico reduziu a taxa de perda de função renal, pois criou uma
expansão volêmica e diminuiu a toxicidade da droga.
Diluição da ABC em lipídeos de uso IV
o Reduz efeitos indesejáveis
Nefrotoxicidade (reversível na maioria dos casos)
Mal-estar, cefaleia, náuseas
2.FLUCITOSINA
VO
Mecanismo de ação
o Inibe a síntese de DNA
o Base nitrogenada falsa
Flucitosina entra na célula e pode
ou incorporar ao RNA ipedindo a
síntese proteica ou inibir a
conversão do dUMP em dTMP
(Uracila em Timidina)
Atividade
o Cryptococcus neoformans
o Candida sp.
o Algumas cepas de Sporothrix e Aspergillus
o Fungos causadores de cromoblastomicose
o Rhodotorula sp.
Candida albicans
o Resistência primária em 10% das cepas (a droga sozinha é ruim, por isso é necessário usar em
associação)
Resistência adquirida comum (até 30%)
Efeito adverso
o Mielotoxicidade
Interfere na produção de células na medula óssea vermelha por inibir a síntese de DNA
em células humanas também.
3. IMIDAZÓLICOS
Inibem a síntese de ergosterol
Miconazol
o Tópico (UT)
o Grande eficácia, exceto Aspergillus e Phycomycetes
o Rara resistência adquirida
Cetoconazol
o VO e UT
o Grande eficácia
o Barato
o Efeitos indesejáveis
Náuseas e vômitos em 3% dos pacientes
Hepatotoxicidade
Agentes de escolha para micoses superficiais
o Apenas a onicomicose restrita à extremidade distal das unhas responde ao tratamento tópico
o Demais casos de onicomicose requerem uso oral e tópico concomitante
4. TRIAZÓLICOS
Mais eficazes e menos tóxicos que o Cetoconazol
Custo elevado
Fluconazol
o VO e IV
o Mesmo espectro que Cetoconazol
o Pode ser ativo em infecções que não respondem ao Cetoconazol
o Excelente penetração liquórica
o Meia-vida longa
o Excreção renal
o Tão efetivo quanto Anfotericina B para
Casos leves de meningite criptocócica em HIV
Candidíase sistêmica em não-neutropênicos
Incluindo recém-nascidos
o Indicações
Dermatomicoses
Candidíase vaginal
Candidíase de mucosa
Inclui esofagite não responsiva a Cetoconazol
o Fármaco de escolha para candidíase urinária
Podem ocorrer falhas terapêuticas
Persistência do fungo em sonda vesical
o Profilaxia de infecções fúngicas
Tranplantados de medula óssea
o Tratamento de manutenção da meningite criptocócica
o Redução dos episódios de candidíase oral em pacientes com HIV
Itraconazol
o VO
o Maior espectro que Cetoconazol e Fluconazol
o Ativo contra cepas de Candida resistentes aos anteriores
o Eficaz contra Aspergillus e Sporothrix
o Meia-vida longa
o Absorção completa em meio ácido
o Alternativa mais prática e menos tóxica que a Anfotericina B para
Histoplasmose em imunodeprimidos
Aspergilose
o Pode-se iniciar com Anfotericina B nos pacientes graves e depois ir para o Itraconazol
o Fármaco de escolha para
Paracoccidioidomicose
Blastomicose norte-americana
Esporotricose (linfocutânea e extracutânea)
5. NISTATINA
Mecanismo semelhante ao da Anfotericina B
Sem absorção VO
o Ação local
Restrita ao tratamento de candidíase cutânea e de mucosas
Não é eficaz ao tratamento de candidíase cutânea e de mucosas
Não é eficaz na profilaxia de candidíase em imunodeprimidos
6. OUTROS ANTIFÚNGICOS
Voriconazol
o Menor efeito sobre o ergosterol em humanos
o Ação fungiestática
Equinocandinas
o Representantes
Caspofungina
Micafungina
Anidulafungina
o Fungicida contra Candida sp.
o Fungiestático contra Aspergillus sp.
o Alto custo
Sulfonamidas
o Sulfametoxazol-trimetoprima
Fármaco de escolha para Pneumocystis jiroveci
Iodeto de Potássio
o Mecanismo de ação desconhecido
o Não age diretamente sobre o fungo
o Restrito a esporotricose cutânea
o Baixo custo
Griseofulvina
o Espectro limitado
o Agente de escolha para Tinea capitis
Terbinafrina
o Inibe a epoxidação do esqualeno
o Bloqueia a síntese de ergosterol
o Uso em infecções fúngicas superficiais e profundas
AULA 0 6 - Antiparasitários
Parasitas
São organismos vivos que abrigam-se em outros organismos com benefício exclusivo sobre o
hospedeiro.
Parasitas obrigatórios: necessitam de interação com o hospedeiro.
Parasitas facultativos: podem existir em vida livre.
Hospedeiro definitivo: aquele no qual ocorre a maturação sexual
Intermediário ou vetor: serve somente como reservatório temporário, permitindo uma metamorfose
para alcançar outros estágios.
Epidemiologia
o Problema mundial de saúde pública;
o Negligenciadas – baixo interesse da indústria farmacêutica e do governo no desenvolvimento
de medicamentos.
o Consideradas doenças emergentes em imunodeprimidos: neoplasia, transplantados, síndrome
de imunodeficiências adquirida – possuem maior chance de desenvolvê-las e de terem
complicações.
o Sintomatologia variada
Pode levar à desnutrição (especialmente em crianças) pelo consumo de nutrientes pelo
parasita, especialmente nas parasitoses intestinais
Podem desenvolver anemia (por deficiência de ferro- ferropênica), pois alguns parasitas
consomem grande quantidade de ferro.
o No Brasil, 1 em cada 3 crianças, com idade entre 1 a 14 anos, necessitam de tratamento para
parasitoses intestinais (África e Índia– 1 a cada 2 crianças).
Diagnóstico
o Exame parasitológico de fezes = definitivo;
Visualização direta dos ovos dos helmintos (geralmente, somente os ovos, sem o verme
completo) e de protozoários intestinais.
o Eosinofilia: esquistossomose, ascaridíase e ancilostomose;
Ascaridíase complicada (síndrome de loeffler) e esquistossomose (muito mais comum,
e é indicativo de esquistossomose disseminada), principalmente.
Ascaridíase
Parasitose de maior prevalência mundial (30% da população)
Vermes adultos habitam o lúmen intestinal (onde ocorre a reprodução sexual – hospedeiros
definitivos);
Transmissão fecal-oral (ovos eliminados nas fezes, ingeridos e amadurecimento intestinal)
o Relacionados com condições de higiene ruins;
Complicações:
o Síndrome de Loeffler (pulmonar – ascensão dos vermes pelo trato gastrointestinal e descida
(e multiplicação) deles pelo trato respiratório) -> pneumonite, com eosinofilia intensa e uma
inflamação eosinofilica pulmonar.
o Apendicite aguda (fazem obstrução do lúmen apendicular);
o Pancreatite (adentram no ducto colédoco ou no pancreático);
o Obstrução intestinal (grande quantidade de vermes);
Importante
o Controle do Tratamento em 14 a 21 dias (esperar 14 a 21 dias para fazer parasitológico de fezes
e confirmar sucesso do tratamento (tempo correspondente ao ciclo biológico do parasita, antes
disso haverá vermes que ainda não sofreram danos pelo tratamento ou ovos que ainda não
eclodiram);
o Diretamente relacionada com saneamento básico e cuidado com alimentos.
o
1. BENZIMIDAZOIS
Principal classe de antiparasitários;
Química
o Compostos heterocíclicos;
Benzeno (carbono) e Imidazol (com dois nitrogênios);
Representantes
o Mebendazol;
o Tiabendazol (primeiro representante);
o Albendazol;
Mecanismo de ação
o Inibição da polimerização da tubulina (interfere em diversas funções celulares, tanto do
consumo de glicose, quanto da inibição da locomoção e replicação celular);
o Interferência em funções dependentes de microtúbulos;
o Captação da glicose e divisão celular.
Efeito
o Antiparasitário letal
o Processo lento (atinge primeiramente em nível celular);
Perfil de segurança
o Alta afinidade as tubulinas helmínticas;
200-400 vezes maior em relação as mamíferas;
o Impede metabolismo e replicação do helminto, causando sua morte;
A) Tiabendazol
Administração via oral ou tópico.
Aplicabilidade clínica
o Estrongiloidíase, triquinose, larva migrans cutânea.
Mais tóxico que os outros representantes
o Somente uso tópico para tratamento da larva migrans cutânea;
o Apesar de estar disponível, não é mais utilizado VO;
Efeitos adversos
o Distúrbios do trato gastrointestinal
o Cefaleia e tonturas
o Sonolência
B) Mebendazol
Administração VO
Mesma estrutura central do Tiabendazol, porém com dois radicais;
Aplicabilidade clínica
o Oxiuríase, ancilostomíase e ascaridíase; tem grande utilidade, também contra estrongiloidiase,
larva migrans e triquinose.
Efeitos adversos
o Efeitos gastrointestinais – restrito ao trato gastrointestinal, sem efeitos adversos sistêmicos.
Maior espectro;
Droga de escolha para o tratamento de oxiruíase.
C) Albendazol
Fármaco mais utilizado.
Administração VO
Atividade clínica
o Espectro bem mais amplo;
o Nematódeos e cisticercose;
Dose única em caso de ascaridíase (Mebendazol requer 3 dias de tratamento)
Efeitos adversos
o Distúrbios GTI, mas são muito raros– somente diarreia, por exemplo;
Fármaco de escolha para tratamento de cisticercose;
2. CLASSE - PRAZIQUANTEL
Antiparasitário de amplo espectro
Mecanismo de ação
o Alteração na homeostasia do cálcio nas células helmínticas;
Aplicabilidade Clínica
o Droga de escolha para esquistossomose;
o Eficaz no tratamento de cisticercose;
Efeitos adversos
o Intolerância gastrointestinal, erupções cutâneas e febre.
3. Classe Ivermectina
Antiparasitário de amplo espectro;
Produto do Streptomyces avermitilis;
Mecanismo de ação
Ligação a canais de cloro glutamatérgicos (entrada de cloro na célula), causando uma
hiperpolarização celular, que, por sua vez, vai causar a paralisia do verme
Efeito
Bloqueio neuromuscular, espasmos e paralisia do parasita
Aplicabilidade clínica
o Nematódios, filarias e artrópodos (ectoparasitas)
Administração
o Dose 200ug/ kg em dose única (comprimidos de 6mg)
Um comprimido para cada 30kg de peso
Toxicidade
o Letalidade em camundongos com 25mg/kg;
o Distúrbios neurológicos (também pode causar hiperpolarização em mamíferos)
Efeitos adversos
o Cefaléia, febre, tonturas, náuseas e erupções cutâneas
o Dose-dependentes
4. Classe Nitazoxanida- anitta
Antiparasitário de amplo espectro
Aplicabilidade clínica
o Helmintos, protozoários, e alguns vírus (influenza, rotaviroses e alguns adenovírus)
Mecanismo de ação
o Interferência da ferrodoxina-piruvato oxirredutase (FPOR) (essencial para metabolismo
anaeróbio)
Efeitos
o Alterações no metabolismo aeróbio, modulando a enzima FPOR
Farmacocinética:
o Alta ligação a proteínas plasmáticas
Não usa em pacientes desnutridos, em especial crianças, pois estes tem redução dos
níveis de proteínas, o que leva ao aumento da fração livre do fármaco e consequente
aumento da toxicidade
Efeitos adversos
o Reações alérgicas
o Alteração da coloração urinária (verde fluorecente)
o Reações flu-like (febre, atralgias e mialgias)
o Poliúria (aumento da quantidade de urina produzida e, consequentemente, da frequência
miccional – alteração a nível vesical e por presença de metabólitos diuréticos)
5. Piperazina
Heterocíclico hexagonal saturado (carbono e nitrogênio)
Mecanismo de ação
o Inibição irreversível a transmissão neuromuscular do verme (causa espasmo no verme)
Efeito
o Vermes paralisados são expelidos (inteiros ou digeridos pelo TGI e expelidos com as fezes)
Aplicabilidade clínica
o Ascardiase e enterobíase
Muito mais efeitos adversos
o GTI (cólica e diarreia), tonturas, parestesias e urticárias
o Por modular a transmissão neuromuscular do helminto, pode ter uma discreta interação com a
transmissão neuromuscular dos mamíferos – efeitos sistêmicos
Uso suplantado pelos Benzomidazólicos;
6. Pirantel
Mecanismo de ação
o Despolarização da junção neuromuscular;
Efeito
o Espasmos musculares e paralisas dos helmintos;
o Vermes expelidos inteiros, ou digeridos e eliminados junto com as fezes, pois não conseguem
aderir à parede intestinal
Aplicabilidade clínica
o Ascardíase e enterobíase;
Efeitos adversos
o Distúrbios gastrointestinais (cólicas e diarreias – presença dos parasitas sendo digeridos a nível
GTI);
o Mais restritos;
7. Niclosamida
Mecanismo de ação
o Lesão irreversível do escoléx;
Efeito
o Verme se separa da parede gastrointestinal e é expulso;
Aplicabilidade clínica
o Droga de escolha para teníase (somente);
o Específica para tênia;
Efeitos adversos
o Intolerância gastrointestinal discreta (cólicas discretas, por exemplo);
8. Levamisol
Mecanismo de ação
o Bloqueio da junção neuromuscular helmíntica;
Efeitos
o Espasmos e paralisia;
o Eliminação nas fezes;
o Ovos podem ser destruídos, além dos vermes.
Aplicabilidade clínica
o Ascardíase;
Efeitos adversos
o Náuseas e tonturas;
9. RECOMENDAÇÕES
Neurocisticercose
o Albendazol e praziquantel detém boa eficácia clínica com provável superioridade do
albendazol (e menor índice de efeitos adversos);
Helmintoses transmissíveis pelo solo (ASCARDÍASE, por exemplo)
o Políticas de irradicação em massa com dose única de anti-helmínticos (PROFILÁTICO)
Não promove cobertura universal – teria que ser feita repetidamente, porque teria que
ser específica para os parasitas que estão habitando naquele momento, além de ter que
atingir toda a população para prevenir reincidiva/recontaminação;
Pode reduzir consequências clínicas das infecções (em populações mais carentes –
reduz desnutrição e anemias);
Estrongiloidiase
o Importante infecção oportunista em imunocomprometidos;
o Quando se vai iniciar tratamento imunossupressor em imunocomprometidos deve-se levar em
conta que o paciente pode estar infectado com estrongiloidiase, e que ele pode fazer uma
infecção disseminada -> deve-se fazer profilaxia!
o Resposta adequada com uso de ivermectina ou albendazol (como profilaxia)
o Ivermectina induz resposta adequada - alta eficácia e baixo custo.
Pacientes com potencial de imunossupressão: atentar a possível infecção intestinal
o Uso de profilaxia.
Em casos de polinfecção
o Tratamento preferencial a estrongiloidiase e ascardíase, nessa ordem;
o Por maior dano ao hospedeiro;
Critérios de cura
o Ausência de sintomas de doença, e exame parasitológico de fezes persistentemente negativo
(esperar de 14 a 21 dias para fazer exame).
AULA 0 7 ANTI-HIPERTENSIVOS
Conceitos
Prevenção Primária
o Medidas que reduzam a incidência da doença
o Tomadas antes do surgimento da doença
Prevenção Secundária
o Medidas que reduzam a prevalência da doença
o Tomadas após o surgimento
Prevenção Terciária
o Medidas que reduzam a incapacidade pela doença
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
Doença crônica não transmissível, sem cura.
Etiologia multifatorial (genética, ambiente, alimentação, estilo de vida...)
o Mais comum em negros do que brancos; de tratamento mais difícil.
Geralmente assintomática
o A sensação de dor provoca a liberação de adrenalina, a qual é um agente hipertensivo, portanto
muitas vezes a dor pode desencadear um quadro hipertensivo seja ele momentâneo - no caso
de um trauma, por exemplo – ou crônico, no qual a pressão arterial se eleva ainda mais.
Disfunção de “órgãos-alvo”
o Cérebro, rins e coração principalmente.
o Doença hipertensiva renal;
Doença isquêmica cardíaca;
Doença cérebro-vascular.
Principal fator de risco para a
aterotrombose
o Infarto agudo do miocárdio
(IAM)
o Acidente vascular cerebral
(AVC)
o Doença hipertensiva renal
o Doença arterial obstrutiva
periférica (DAOP)
Trombose arterial, principalmente de membros inferiores
Fator etiológico da cardiopatia hipertensiva
o Insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
Causada pela HAS, coração precisa de maior força de contração e, com o esforço
repetitivo, as fibras cardíacas acabam se distendendo e a contração torna-se insuficiente,
pois não consegue vencer a PA durante a contração.
Curva de Frank-Starling
Os riscos são proporcionais aos níveis pressóricos
o Aumento constrante a partir de 115/75 mmHg
Limites diagnósticos (são muito divergentes conforme a literatura)
o PAS > 140 mmHg
o PAD > 90 mmHg
o Em condições ideais: paciente deve ter pelo menos duas medidas em momentos diferentes do
dia, com PAS > 140 mmHg e PAD > 90 mmHg. Além disso, não pode ter ingerido bebida
alcoólica ou café nos 30 minutos anteriores, deve estar com a bexiga vazia, permanecer em
repouso por 5 minutos e não deve estar sob efeitos de fármacos que alteram o sistema
cardiovascular (como a nicotina, por exemplo).
Risco cardiovascular aumentado
o Diabetes mellitus
o Eventos vasculares prévios
o Tabagismo
o Dislipidemias
o Episódios prévios de IAM
Epidemiologia
Mundo (2001)
o 7,6 milhões de óbitos atribuíveis
54% atribuíveis à AVC
47% doença isquêmica cardíaca
Indivíduos entre 45 e 69 anos
o Brasil (2007)
208.466 óbitos atribuíveis
30% da população brasileira sofre de HAS
Ao lado, gráfico do total de óbitos no Brasil.
Prevenção Primária
Controle dos fatores de risco modificáveis e não modificáveis
o História familiar de hipertensão
o Sobrepeso e obesidade
Circunferência abdominal
o Sobrecarga de cloreto de sódio e glutamato monossódico
o Abuso de álcool
o Ingesta insuficiente de potássio
Tratamento Não-Farmacológico
Eficazes
Pouco efetivos a longo prazo
Mudanças no estilo de vida
o Tratamento da obesidade
o Redução na ingesta de sódio
o Alimentação saudável
Dieta do mediterrâneo, dieta dash
o Limitar a ingesta de bebidas alcoólicas
o Atividade física
Tratamento Medicamentoso
Desfecho primordial
o Redução dos eventos vasculares
IAM e AVC
o Redução na mortalidade
Desfecho intermediário
o Redução nos níveis pressóricos
Classes Farmacológicas
Diuréticos
Antagonistas adrenérgicos
Bloqueadores dos canais de cálcio
Vasodilatadores diretos
Antagonistas do sistema renina-angiotensina
Requisitos dos Anti-Hipertensivos
Ser eficaz por via oral,
Ser seguro, bem tolerado e com relação de risco-benefício favorável ao paciente (sem muitos efeitos
adversos para facilitar adesão)
Permitir a administração em menor número possível de tomadas, com preferência de uma dose única
diária
Ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica, podendo ser
aumentadas gradativamente
Não ser obtido por meio de manipulação, pela inexistência de informações adequadas de qualidade
o Na manipulação não há garantias que o paciente vai ingerir a dose correta e a bioequivalência
deve ser comprovada.
Deve ser considerado em associação para os pacientes com hipertensão em estágios avançados pois,
com o passar do tempo, o paciente vai desenvolvendo outras comorbidades
Ter demonstração em ensaios clínicos da capacidade de reduzir a morbidade e a mortalidade
cardiovasculares associadas à hipertensão
o Por exemplo, AAS previne o risco cardiovascular pois é capaz de diminuir a mortalidade em
pacientes com HAS associada a fatores de risco, porém não é capaz de reduzir os níveis
pressóricos, portanto reduz mortalidade sem reduzir a pressão.
Diuréticos
Pressão arterial é diretamente relacionada a alta volemia, portanto retira-se liquido do paciente e,
consequentemente, diminui a pressão
Inibidores da anidrase-carbônica
o Representantes
Acetazolamida
o Sítio de ação
Túbulo contorcido proximal
o Ação principal
Inibição da anidrase-carbônica
Normalmente, uma bomba troca Na+ com H+ (célula do túbulo renal reabsorve
sódio e libera hidrogênio); esse H+ é obtido pela ação da anidrase-carbônica nas
moléculas de CO2 + H2O, que formam H+ e HCO3-), porém a Acetazolamida
bloqueia a anidrase-carbônica, impedindo a troca, dessa forma Na+ permanece
no lúmen renal e “puxa” água por osmose.
Logo, o efeito diurético do fármaco é resultado do aumento da concentração, no
túbulo contorcido proximal, de sódio e água.
o Efeitos urinários
Diurético fraco, portanto, tem aplicabilidade reduzida
Aumento da excreção de 𝐻𝐶𝑂3− e 𝑃𝑂43−
Aumento na excreção de 𝑁𝐻4+
Aumento do pH urinário
Pode propiciar infecção urinária e nefrolitíase, pois com o a urina alcalina, o
oxalato de cálcio não se dissocia e forma cristais)
Urina alcalinizado, sangue ácido
Tiazídicos e Congêneres
o Representantes
Hidroclorotiazida
Único tiazídico
Muito barata e com bom efeito em doses baixas
Primeira escolha de tratamento para HAS
Clortalidona
Indapamida
o Sítio de ação
Túbulo contorcido distal
o Ação principal
Inibição do transporte conjugado de Na+ e Cl-
(dependente de ATP)
Tiazídicos inibem a entrada de NaCl
na célula aumentando a concentração
de cloreto de sódio no lúmen renal e,
consequentemente, na urina; esse
comporto “puxa” água para dentro do
lúmen.
Esses fármacos tiram exclusivamente
NaCl e água do sangue, que são os
dois fatores responsáveis pelo
aumento da pressão arterial, portanto eles são os eleitos para reduzir os fatores
de risco relacionados a HAS
o Efeitos urinários
Aumento na excreção de Na+ e Cl-
Aproximadamente 5%
Inibidor fraco da anidrase-carbônica
Aumento da excreção de 𝐻𝐶𝑂3− e 𝑃𝑂43−
Aumento na excreção de K+
Na+ é normalmente maior no meio extracelular e, quando há troca de 3Na+ por
2K+ (intracelular), o que mais faz variar a volemia é o sódio, portanto a perda
de potássio é quase desprezível em relação ao controle da pressão.
Reduzem a excreção de Ca++
Se considerarmos em um paciente com nefrolitíase (mesmo com a excreção de
bicarbonato, que deixaria a urina básica), não haverá Ca2+ suficiente para
formar o oxalato de cálcio
Administração crônica reduz a excreção de ácido úrico
O paciente pode acumular ácido úrico no sangue, pois a excreção da tiazida
compete com o ácido; a longo prazo, pode desenvolver uma hiperuricemia,
relacionada com o aumento de risco cardiovascular e artrite gotosa.
Administração aguda aumenta excreção de ácido úrico
Reduz concentração do ácido úrico no sangue
Diuréticos de Alça
o Representantes
Furosemida (Lasix®)
Diurético mais utilizado, altamente eficaz
com baixos custos e poucos efeitos
adversos
Bumetanida
Ácido etacrínico
o Sítio de ação
Alça de Henle
o Ação principal
Inibição do transporte conjugado Na+ - K+ - 2Cl-
Comparando com os tiazídicos, tem maior potência diurética
o Efeitos urinários
Urina acidificada
Melhora a função renal por estímulo da diurese
Aumenta as chances de desenvolver nefrolitíase
Aumento intenso na excreção de Na+ e Cl-
Aproximadamente 25%
Pode causar desidratação, seguida de hipocalemia, arritmia cardíaca e morte.
Abolição do gradiente transepitelial
Aumento da excreção de Ca++ e Mg++
No aparelho justatubular, há uma concentração de sódio que reabsorve água
para o sangue, porém esse processo será inibido com o diurético de alça,
perdendo o gradiente transepitelial, perdendo água, cálcio e magnésio.
Aumento na excreção de K+ e ácidos
Excreção de K+ é expressiva, podendo causar hipocalemia
o A droga pode ser usada para tratar
hipercalemia
Diuréticos Poupadores de Potássio
o Representantes
Espironolactona
Sítio de ação
o Túbulo distal
Ação principal
o Antagonismo da aldosterona
o Inibe bomca de sódio e potássio, não
ocorre reabsorção sanguínea de
sódio, que fica no lúmen, e mantém o
potássio no sangue.
Tem efeito endrogênico – causa ginecomastia
Amilorida
Sítio de ação
o Túbulo distal
Ação principal
o Inibição do transporte conjugado Na+
- Cl- por inibição indireta da bomba
o Ação no mesmo sítio dos tiazídicos, mas, por mecanismo desconhecido,
não perde K+
o Efeitos urinários
Aumento na excreção de Na+
Aumento na reabsorção de K+
Vasodilatadores Diretos
Hidralazina
o Mecanismo de ação incerto
o Efeito de vasodilatação arteriolar
o Efeitos colaterais
Taquicardia reflexa pela queda aguda da PA
Cefaleia por vasodilatação intracraniana
Hipotensão
Rubor facial
Taquifilaxia (necessidade de aumento de dose constante para manter o efeito)
Hidrazina e Metildopa são as drogas de escolha durante a gestação.
Minoxidil
o Mecanismo de ação
Ativa canais de K+ mediados por ATP
o Efeito
Hiperpolarização celular e relaxamento da musculatura lisa arteriolar
o Efeitos colaterais
Retenção hidrossalina
Edema
Taquicardia reflexa
Hipertricose (aumento dos pelos terminais em mulheres em áreas tipicamente
masculinas)
Boa droga para calvície em homens
Liberadores de Óxido Nítrico
o Se degradam em contato com a luz UV
o Representantes
Nitroglicerina
Maior afinidade com os leitos venosos e coronarianos
Nitroprusseto de sódio
Maior afinidade com os leitos capilares
o Mecanismo de ação
Liberação de óxido nítrico que ativa a via guanililciclase-GMP-cíclico
o Efeito
Mimetiza a liberação endotelial de NO levando à vasodilatação arteriolar e venosa
o Farmacocinética do nitroprusseto
Efeito rápido e transitório, usado em bomba de infusão
Administração IV
Início de ação em 30 segundos
Efeito vasopressor em 2 minutos
Término do efeito após 3 minutos da interrupção
o Efeitos adversos
Hipotensão excessiva
Acúmulo tóxico de cianeto (é metabolizado em cianeto, podendo causar encefalopatia)
Infusão prolongada com mais de 48h e acima de 5 µg/kg/min
o Interação medicamentosa
Inibidores da fosfodiesterase-5 (exemplo: sildenafila)
Hipotensão fatal
Inibidores da ECA
o Representantes
Captopril
Bradicinina derivada do veneno da jararaca brasileira
Anti-hipertensivo mais potente e mais usado
Meia-vida de 8-10h
Enalapril
Meia-vida de 18-20h
Lisinopril
Meia-vida de 24-26h
o Mecanismo de ação
Inibição da enzima de conversão da angiotensica (ECA) (ação no pulmão)
Ang-II deveria chegar até a suprerrenal e liberar aldosterona para ativar a bomba
de sódio e potássio, mas como não ocorre essa liberação causa hipercalemia,
aumetando o K+ sanguíneo
o Efeito
Bloqueio da conversão da AT-I em AT-II
o Efeitos adversos
Tosse
Por modulação das bradicininas
20% dos pacientes
Hipercalemia
Aumento de K+ sérico por bloqueio da aldosterona, que atua a nível renal,
aumenta a receptação de Na+ e H2O e reduz a receptação de K+
Bloqueador do Receptor da Angiotensina
o Representante
Losartana
Valsartana
Candesartana
o Mecanismo de ação
Bloqueio competitivo dos receptores AT1 e AT2 da Angiotensina-II
Causa vasodilatação
o Efeito
Bloqueio da conversão da AngI em AngII
o Efeitos adversos
Isentos de tosse, pois não interferem em todas as bradicininas
Hipercalemia
Seleção e Prescrição
Em hipertensos
o Tratamento anti-hipertensivo medicamentoso reduz a incidência de eventos CV fatais e não
fatais
o Benefício absoluto proporcional aos valores pressóricos basais (evidência de nível I)
Quanto mais alta a pressão inicial (antes do tratamento) e quanto maior for a redução
aproximando-se do 120/80mmHg, melhores serão os benefícios para o paciente.
Em diabéticos ou com doença vascular prévia
o O tratamento anti-hipertensivo medicamentoso reduz a incidência de eventos CV fatais e não
fatais (evidência de nível I)
Se o paciente possuir diabetes ou registro prévio de AVC (mesmo não tendo
hipertensão), faz-se a profilaxia para evitar acidentes vasculares
Diuréticos
o Primeiros a serem testados contra placebo
o Acentuado benefício na prevenção da doença cerebrovascular e CV
o Em baixa dose, são a primeira escolha no tratamento da hipertensão
Clortaridona tem mais estudos, mas pode ser usada a Hidroclorotiazida
o Pacientes que desenvolvem diabetes durante o tratamento anti-hipertensivo tem menor
incidência de eventos quando em uso de diuréticos
Inibidores da ECA
o Pacientes recuperados de AVC, mesmo com PA em valores de pré-hipertensão, devem ser
tratados com associação de diurético e IECA
o Melhoram a glicemia
Início de tratamento
o Os efeitos anti-hipertensivos sobre parâmetros clínicos como hipertrofia miocárdica, qualidade
de vida, função sexual e lipídeos séricos são similares, não justificando a preferência por algum
grupo em especial
o Os betabloqueadores pioram a função sexual e os índices de lipídios séricos, porém não há
justificativas para o não uso desses se necessário
o Escolher o fármaco mais adequado ao paciente específico (por exemplo, Propranolol causa
muita disfunção erétil e aumento da dislipidemia)
Associação de medicamentos
o Necessária para muitos pacientes
o Escolha do segundo agente
Orientação pelo perfil farmacológico
Por exemplo, se começou com um diurético (Hidroclortiazida) primeiro, o
fármaco a ser associado será um inibidor da ECA, visto que o perfil
farmacodinâmico da Hidroclortiazida é a excreção de potássio, diferente do
inibidor da ECA que age em outro local (não no rim, mas a nível arteriolar
periférico) e tem efeito de aumentar o potássio sanguíneo
Hipertensão e diabetes
o A PA alvo em pacientes com diabetes deve ser inferior a 130/80 mmHg, com indicação de uso
de fármacos mesmo em pré-hipertensão
Hipertensão e gestação
o O tratamento medicamentoso da hipertensão crônica leve e moderada em gestantes diminui a
progressão para hipertensão grave, sem mostrar benefícios em desfechos maternos e fetais
o BRAs e IECAs são teratogênicos
o Quando há gestantes hipertensas, geralmente se escolhe METILDOPA ou HIDRALAZINA,
porém esses têm efeitos de taquifilaxia (dose deve ser aumentada rapidamente). Esse
tratamento medicamentoso de hipertensão crônica leve e moderada em gestantes diminui a
progressão para hipertensão grave, sem mostrar benefícios em desfechos maternos e fetais
Emergências hipertensivas
o Lesão de órgão-alvo
Infarto em evolução, AVC em evolução, disfunção renal aguda ou edema pulmonar
o Controle imediato da pressão
o Nitroprusseto de sódio é a droga de escolha
Urgências hipertensivas
o PAD acima de 120 mmHg
o Em salas de emergência, a maioria dos casos de elevação acentuada de PA não tem repercussão
clínica ou decorre de outras situações (exemplo: dor)
o Desconhecem-se benefícios de intervenções quanto à prevenção da incidência de desfechos
primordiais
o Nas emergências hipertensivas deve diminuir apenas 25% a pressão nas primeiras 24h,
diminuir mais do que isso aumenta a chance do paciente ter AVC e hipotenso.
o
AULA 08- ANTIARRÍTMICOS
Propriedades do miocárdio
Eletrofisiológicas
o Batmotropismo - capacidade que tem o miocárdio de reagir quando estimulado, reação esta
que se extende por todo o órgão
o Cronotropismo - capacidade de gerar estímulo elétrico de forma espontânea; relacionado com
a frequência de despolarização
o Dromotropismo - capacidade de transmitir os impulsos elétricos de forma sequencial entre as
células
Mecânicas
o Inotropismo - capacidade de produzir nas fibras força de contração, a fim de ejetar o sangue
o Lusitropismo - capacidade de relaxar as fibras motoras
o Essas duas propriedades são antagônicas e estão relacionadas a sístole e a diástole ventricular
Sístole ventricular (inotrópica)
Diástole ventricular (lusitrópica)
Despolarização Cardíaca
0 – FASE DE DESPOLARIZAÇÃO - Influxo
rápido de sódio na célula (entrada de muito sódio)
1 – Influxo lento de cálcio na célula
2 – Influxo lento de sódio na célula (nesse mesmo
momento, os canais de sódio são fechados e são
impossíveis de serem abertos, inativados) -
polarização positiva dentro da célula
3 – Efluxo de potássio da célula (queda do
potencial, torna-se negativo novamente)
4 – Repouso (célula volta a sua a sua polarização
inicial de -80mV) ⇒ canais de sódio fechados, mas
a abertura é possível, pois a célula está em repouso
o Sódio ⇒ concentração maior extracelular
o Potássio ⇒ concentração maior intracelular
Fisiopatologia
Mecanismos geradores de arritmia:
o Anormalidade na formação do impulso
Impulso não originado no nó sinusal
Automatismo anormal
Atividade desencadeada em algum ponto dos átrios ou ventrículos
o Anormalidade na condução do impulso
Ao invés de o impulso seguir pelo feixe de His, ele retorna para o átrio (circuito de
REENTRADA - flutter atrial)
Obs.: o estímulo normal inicia no nó sinusal, segue para o nó A-V e depois desce
pelo feixe de His, mas se há um bloqueio no nó A-V, ao invés de descer pelo
feixe de His, o impulso volta ao átrio, fazendo uma condução cíclica, porém
alguns impulsos são conduzidos até o ventrículo, gerando uma frequência atrial
de 300 ciclos por min e freq. ventricular de 150 ciclos por min. (flutter atrial de
2 p/ 1)
o A imagem representa um Flutter Atrial (a
cada 4 batimentos/contração atriais (verdes),
ocorre uma ventricular (vermelho)
Estudos mais recentes têm demonstrado
ocorrência de eventos tromboembólicos,
tanto durante a arritmia quanto durante a pós-reversão ao ritmo sinusal. Assim, para
pacientes com flutter atrial, recomenda-se anticoagulação, com a utilização dos mesmos
critérios indicados para Fibrilação Atrial.
o Anormalidade combinada
Parassístole ⇒ Atividade combinada de dois ou mais “marca-passos”
Ex.: ao invés de o estimo ser originado sempre pelo átrio no nó sinusal, ele pode
ter também ser originado no AE (ectópico) ⇒ vão ocorrer 2 contrações com FC
diferentes, uma baseada no nó sinusal e a outra em um foco ectópico
Princípios Gerais do Tratamento
o Antiarrítmicos estão entre as drogas mais perigosas
o A conduta mais apropriada geralmente não é farmacológica
Em bradicardias considera-se o uso de marca-passo
Em taquiarritmias (perde o efeito lusitrópico) considera-se a cardioversão (choque
elétrico na parede do tórax; desfibrilação)
o Tratar o paciente e não tratar exclusivamente a alteração eletrocardíaca
o Procurar fator predisponente (paciente já teve outra condição cardíaca –infarto, distúrbio
eletrolítico...)
o Evitar o uso de múltiplas drogas
Classificação dos Antiarrítmicos
Atuam em fases diferentes da contração
Classe I. Bloqueadores dos canais de sódio
o A. Quinidina, Procainamida, Disopiramida
o B. Lidocaína, Mexiletina, Fenitoína
o C. Flecainida, Propafenona
Classe II. Betabloqueadores
Classe III. Inibidores da repolarização
Classe IV. Bloqueadores dos canais de cálcio
Betabloqueadores
Bloqueadores β-adrenérgicos (não seletivos)
o Propranolol
o Sotalol
Bloqueadores β1-adrenérgicos (seletivos)
o Metoprolol
o Atenolol
Efeitos
o Inotrópico negativo (reduz a força de contração)
o Cronotrópico negativos (reduz a velocidade de contração)
Titulação de dose é baseada na FC do paciente (pelas manifestações do bloqueio dos β-adrenérgicos)
o Resposta B-adrenérgica é semelhante a resposta antiarrítmica (quanto menor a frequência,
menor a chance de desenvolver arritmia com o uso desse fármaco)
o Doses antiarrítmicas são menores do que as hipotensoras (usadas para diminuir a PA)
Efeitos adversos
o Todos betabloqueadores
Descompensação da insuficiência cardíaca, além de promover bloqueios de condução
A-V
o Não seletivos
Broncoespasmo em pacientes predispostos (asmáticos ou com DPOC)
Sotalol
Representante da classe ⇒ melhor potencial antiarrítmico
Betabloqueador não seletivo
Farmacocinética:
o Biodisponibilidade oral de 90-100%
o Não atravessa a barreira hematoencefálica
o Não se liga às proteínas plasmáticas (não depende da concentração plasmática de albumina,
portanto não compete com outras drogas)
o Não se metabolizado pelo fígado
Eliminação renal na forma ativa (pode ser usado em pacientes cirróticos, mas não em
pacientes com insuficiência renal)
o Meia-vida de 12 horas
Inibidores da Repolarização
Amiodarona
“Pra uma arritmia doidona, dá uma amiodarona” !!!
Antiarrítmico MAIS UTILIZADO
Química
o Análogo estrutural do hormônio da tireoide
Indica o padrão de efeitos adversos
o Altamente lipofílico
Pacientes obesos podem demorar dias ou anos para eliminar o fármaco
Não indicado para pacientes obesos
Mecanismo de ação
o Bloqueio de canais de Na+ inativados ⇒ canal fechado e não pode ser aberto
o Diminuição das correntes de Ca++
o Diminuição das correntes de K+ geradoras de influxo
Efeito
o Potente inibição do automatismo anormal
Fármaco com maior capacidade de manter o ritmo sinusal, portanto os pacientes com
fibrilação atrial ou ventricular tentem a retornar ao ritmo sinusal com a administração
de altas doses de amiodarona
o Diminuição da velocidade de condução AV, podendo levar a bloqueio de ramos (efeito raro)
Farmacocinética
o Biodisponibilidade oral de 30%
Necessita dose de ataque (300mg IV ou 1000mg VO) ⇒ O início da administração do
fármaco deve ser alto e depois vai reduzindo (por ex.: se paciente tem uma arritmia
aguda ou grave, primeiramente, aplica-se uma infusão venosa em bollus e depois uma
dose de manutenção – 100-200mg/dia)
o Absorção lenta e variável
o Pico plasmático em 3 a 7 horas
o Quando administrada via oral, ou seja, sem dose de ataque, necessitaria 28 dias para atingir
efeito antiarrítmico (por isso, quando se deseja ação imediata ⇒ administração IV)
o Acúmulo em tecidos gordurosos por +- 100 dias
o Metabolização hepática
Metabólito é um antiarrítmico ativo (mesmo após essa metabolização, permanece
exercendo os efeitos)
Efeitos adversos
o Hipotensão
o Depressão miocárdica
Paciente com insuficiência cardíaca aguda ou insuficiência cardíaca descompensada,
podem reduzir a força de contração com redução da fração de ejeção e do débito
cardíaco
o Fibrose pulmonar
Lenta e irreversível, ocorre com uso crônico
o Constipação (5% dos pacientes)
o Disfunção tiroideana (10% dos pacientes)
Quase todos os pacientes tem hipotireoidismo inicial
Bloqueadores dos Canais de Ca++
Representantes
o Diltiazem
o Verapamil
Efeitos eletrofisiológicos
o Bloqueador dos canais de Ca++ do tipo L
o Presente principalmente em tecidos nodais
Redução da frequência cardíaca
Redução na condução A-V
o Alta ligação às proteínas plasmáticas (principalmente o Verapamil +- 80%)
Competição com outras drogas
Quando em associação com Digoxina, aumenta o nível sérico da mesma
Efeitos adversos
o Prolongamento do intervalo P-R ⇒ devido ao atraso na condução A-V
o Efeito inotrópico negativo ⇒ reduz a entrada de Ca++ no músc. cardíaco (menor ligação
miosina-actina)
Hipotensão
o Elevação do nível sérico de Digoxina (fármaco usado para tratamento de insuficiência
cardíaca), em função da competição às proteínas plasmáticas (intoxicação)
Outros
Adenosina
Química
o Nucleosídeo
Mecanismo de ação
o Atividade em receptores específicos A1 da adenosina
Efeito
o Encurtamento do potencial de ação
o Hiperpolarização
o Lentificação das atividades autonômicas normais
Farmacocinética
o Administração IV em bollus
o Meia-vida muito curta (aproximadamente 30 segundos)
Efeitos Adversos
o Assistolia transitória (ausência de atividade elétrica cardíaca)
o Sensação de morte iminente
o Broncoespasmos
o Fibrilação atrial
Aplicabilidade
o Taquicardia supraventricular por reentrada nodal
Manobra de Valsalva pode ter sucesso antes da medicação, assim como o toque retal
Interações Medicamentosas
o Metilxantinas – são bloqueadoras dos receptores A1 da adenosina
Teobromina, teofibrina, cafeína e taurina podem causar taquicardia supravenricular
Glicosídeos Cardíacos
Representantes
o Digoxina
o Deslanosídeo
Mecanismo de ação
o Inibição das bombas NA/K+ ATPase
Efeito
o Aumento do Ca++ intracelular
o Aumento do tono vagal
o Inibição da condução AV
Farmacocinética
o Absorção variável – metabolizados por bactérias do TGI
o Ligação a proteínas plasmáticas
o Meia-vida prolongada
o Janela terapêutica esreita
Efeitos adversos
o Potencial arritmogênico
o Náuseas
o Alterações cognitivas e visuais (xantopsia)
Digoxina – visão amarelada
Sildenafila – visão amarelada
Seleção e Prescrição
Taquiarritmias
FIBRILAÇÃO ATRIAL CRÔNICA
o Objetivo: controle da resposta ventricular – manter a FC abaixo de 120bpm
o Drogas de escolha para evitar a condução AV:
Betabloqueadores
Bloqueadores do canal de cálcio
Digitálicos (fármaco para insuficiência cardíaca)
o Redução de complicações cardioembólicas
Anticoagulação oral
FIBRILAÇÃO ATRIAL AGUDA (PAROXÍSTICA)
o Sem instabilidade hemodinâmica (estável, PA normal)
Amiodarona pode reverter o ritmo
o Com instabilidade hemodinâmica
Cardioversão elétrica
TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR PAROXÍSTICA
o Adenosina é primeira escolha
o Verapamil tem eficácia semelhante
TAQUIARRITMAIA VENTRICULAR
o Antiarrítmicos do grupo I se associam a maior mortalidade
o Amiodarona reduz a mortalidade por arritmias em pacientes com arritmias ventriculares
Sem redução na mortalidade geral
Bradiarritmias
Identificação e suspensão de drogas precipitantes
Bloqueios AV transitórios
o Atropina é a primeira escolha
Em baixas doses pode ocasionar bradicardia (>1mg)
o Simpaticomiméticos
Bloqueios AV permanentes
o Instalação de dispositivos de marca-passo