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Planejamento de Sistemas LTE

O processo de planejamento de rede é realizado com o objetivo de se


obter a maior cobertura de atuação com a menor quantidade de equipamento
possível, e ao mesmo tempo prover a capacidade de rede necessária para se
atender a demanda de tráfego dos usuários atendidos.
Para que estes objetivos sejam alcançados, existem estágios típicos a
serem realizados, que incluem a definição dos parâmetros de projeto (plano
inicial e detalhado) e otimização.
O primeiro estágio do planejamento consiste em se obter informações tais
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como a cobertura desejada, a quantidade de usuários e sua respectiva


distribuição na região de cobertura, estimativas de tráfego por usuário, serviços a
serem oferecidos, a qualidade de serviço requerida (QoS - Quality of Service), a
capacidade necessária, características de possíveis equipamentos e
funcionalidades que podem ser utilizadas.
O resultado final deve ser a mínima densidade de estações rádio base a
ser instalada, para atender aos objetivos do projeto. Esse estágio usualmente
envolve uma simulação para estimar a cobertura e capacidade requerida para os
usuários do sistema.
O planejamento detalhado pode ser divido em processos que incluem [9]:

• Ajuste do Modelo de Propagação (Model Tuning) - Processo para


calibração do modelo de propagação teórico utilizado. Essa
calibração geralmente é realizada através da importação nas
ferramentas de predições de arquivos obtidos em medições de
campo específicas;

• Definição dos Locais de Instalação (Site Selection) - Nos sistemas


celulares, a seleção de locais para instalação dos equipamentos é
um grande desafio. Esse processo envolve a identificação dos
candidatos que podem atender às necessidades de projeto, tais
como: KPIs (Key Performance Indicator), Cobertura e Capacidade;
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• Dimensionamento - O objetivo final desta etapa é o


dimensionamento do equipamento (células e eNodeBs) para
atender a demanda de cobertura e capacidade da região a ser
atendida;

• Parametrização - Os parâmetros do sistema precisam ser


identificados e configurados para o melhor desempenho da rede;

O processo de otimização pode ser dividido em pré-lançamento e pós-


lançamento. Devido à carga que o sistema passará a receber após o lançamento
comercial da rede, é necessário o acompanhamento dos indicadores de
capacidade, cobertura, interferência, entre outros, alterando-se os parâmetros
associados para que o sistema fique adequado às necessidades do momento.
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3.1.
Link Budget

O Link Budget é uma das etapas realizadas no Planejamento Celular. Com


o Link Budget é calculada a máxima perda de propagação permitida para que os
usuários alocados nas bordas das células tenham condições de utilizar o
sistema.
Através do Link Budget podem-se determinar a área de cobertura e raio da
célula, permitindo estimar a quantidade de estações rádio base necessárias para
cobrir a região onde se pretende oferecer o serviço.
Vale ressaltar que as características do ambiente (urbano denso, urbano,
suburbano, etc.) no qual a rede será instalada, influenciam o resultado do Link
Budget, devido às múltiplas reflexões que o sinal propagado irá sofrer.
O Link Budget também varia de acordo com o objetivo de cobertura
desejado, seja ela indoor, incar ou outdoor, pois para cada uma destas, as
perdas de propagação do sinal são diferentes.
A potência de transmissão, o ganho das antenas e as perdas do sistema
são alguns dos parâmetros que devem ser levados em consideração no cálculo
do Link Budget.
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Cálculos independentes para o uplink e para o downlink são realizados,


dada a distinção dos parâmetros em cada sentido de transmissão.
O sistema celular é raramente limitado pelo downlink, pois, a potência
transmitida pela estação rádio base é maior que a potência que o móvel é capaz
de transmitir.
A equação básica para o cálculo do Link Budget em dB é:

L = Ptx + Gtx − Ltx − SNR Re querida − Srx + Grx − Lrx + Gdv − M


3.1-1

Onde:

• L - Máxima Perda de Downlink / Uplink;


• Ptx - Potência de Transmissão [dBm];
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• Gtx - Ganho da Antena Transmissora [dBi];


• Ltx - Perdas na Transmissão [dB]
• SNRRe querida - Relação Sinal Ruído Requerida [dB];

• Srx - Sensibilidade Requerida na Recepção [dB]


• Grx - Ganho da Antena Receptora [dBi];
• Lrx - Perdas na Recepção [dB];
• Gdv - Ganho de Diversidade [dBi];

• M - Margem de Desvanecimento [dB].

A Margem de Desvanecimento ou Fade Margin é a margem a ser


considerada no Link Budget a fim de garantir que o terminal móvel consiga
operar na borda das células, onde a relação SINR (Sinal Ruído + Interferência) é
baixa. Devido aos efeitos do multipercurso presentes nos sistemas celulares esta
garantia, ou Margem de Desvanecimento deve ser considerada.
Uma boa referência para ser adotada como margem de desvanecimento, é
o desvanecimento cujo canal de rádio segue a distribuição de Rayleigh, onde
para áreas urbanas o valor adotado deve ser entre 4 dB e 6 dB [10].
Uma das formas adotadas para minimizar os efeitos de Fading é a técnica
da diversidade, que atua fornecendo ao receptor réplicas do mesmo sinal
transmitido, que chegam através de caminhos de propagação independentes.
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Neste trabalho assumimos como sendo de 3 dB o Ganho de Diversidade no Link


Budget de Uplink [11].
O SNR vai depender da modulação e da taxa de código adotada, ou seja,
está diretamente relacionado à taxa de transferência de dados e ao número de
Resource Blocks alocados [12].
Conforme mencionado anteriormente, faz-se necessário calcular o Link
Budget para o downlink e para o uplink, e a máxima perda encontrada (menor
valor de L na comparação entre downlink e uplink) será adotada na
determinação do raio da célula.

3.1.1.
Link Budget de Downlink

Na tabela 3.1 encontramos os parâmetros necessários e os valores


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adotados para o cálculo do Link Budget de Downlink, com exceção da


sensibilidade requerida na recepção.
A sensibilidade requerida na recepção segundo a Série 36101 da 3GPP
[13] está apresentada na tabela 3.2 e se referem apenas para a modulação
QPSK, sendo que os valores variam de acordo com a largura de banda adotada
e também com a faixa de freqüência de operação do sistema.

Potência de Transmissão 60W; 48 dBm


Ganho da Antena Transmissora 18 dBi
Perdas na Transmissão 3 dB
SNR 0 dB
Ganho da Antena Receptora 0 dBi
Perdas na Recepção 0 dB
Ganho de Diversidade 0 dB
Margem de Desvanecimento 4 dB

Tabela 3.1 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Downlink.

O valor da Sensibilidade Requerida na Recepção adotado no cálculo do


Link Budget de Downlink foi de -92 dBm (a maior sensibilidade requerida, para
20 MHz de largura de banda). Este cálculo deve ser realizado para o pior caso,
pois se operarmos com larguras de bandas diferentes, perde-se cobertura,
42

impactando diretamente na configuração espacial das eNodeBs planejadas para


cobrir a área original, podendo até mesmo faltarem eNodeBs para atender os
objetivos de cobertura e capacidade.

Sensibilidade Requerida Recepção - 5 MHz -98 dBm


Sensibilidade Requerida Recepção - 10 MHz -95 dBm
Sensibilidade Requerida Recepção - 15 MHz -93,2 dBm
Sensibilidade Requerida Recepção - 20 MHz -92 dBm

Tabela 3.2 – Sensibilidade Requerida na Recepção para a modulação QPSK [13].

Utilizando a equação 3.1-1 e a tabela 3.1, que apresenta os valores


adotados no Link Budget de Downlink, podemos determinar o valor de L em dB:
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L DL = 48dBm + 18dBi − 3dB − 0 − (− 92dBm) + 0 − 0 + 0 − 4 3.1-2

LDL = 151dB 3.1-3

3.1.2.
Link Budget de Uplink

Na tabela 3.3 encontramos os parâmetros necessários e os valores


adotados para o cálculo do Link Budget de Uplink.

Potência de Transmissão 23 dBm


Ganho da Antena Transmissora 0 dBi
Perdas na Transmissão 0 dB
SNR 0 dB
Sensibilidade Requerida Recepção -101,5 dBm
Ganho da Antena Receptora 18 dBi
Perdas na Recepção 3 dB
Ganho de Diversidade 3 dB
Margem de Desvanecimento 4 dB

Tabela 3.3 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Uplink.


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A potência de transmissão adotada para o móvel se refere à máxima


potência permitida segundo a Série 36101 da 3GPP [13], com tolerância de 2 dB
para mais ou para menos.
O valor adotado para a Sensibilidade Requerida na Recepção está de
acordo com a Série 36104 da 3GPP [14], sendo que os valores para as faixas de
freqüência de 5 MHz, 10 MHz, 15 MHz e 20 MHz são de -101,5 dBm para as
modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM.
Utilizando a equação 3.1-1 e a tabela 3.3, que apresenta os valores
adotados no Link Budget de Uplink, determinamos o valor de L em dB.

LUL = 23dBm + 0 − 0 − 0 − (− 101,5dBm) + 18dBi − 3dB + 3dB − 4dB


3.1-4

LUL = 138,5dB 3.1-5


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Comparando os resultados das equações 3.1-3 e 3.1-5, concluímos que a


máxima perda de propagação permitida ocorre no Link Budget de Uplink,
conforme esperado, sendo este o valor que deverá ser adotado no cálculo do
raio teórico da célula.

3.2.
Cálculo do Raio Teórico

No dimensionamento de sistemas de comunicações sem fio, necessitamos


uma adequada escolha de modelos de propagação. De modo geral, os modelos
de propagação provêem estimativas das perdas de propagação considerando,
distância entre transmissor e receptor, fatores de terreno, altura das antenas
transmissoras e receptoras e as freqüências utilizadas.
O modelo de propagação escolhido para ser utilizado neste trabalho é o
modelo SUI (Stanford University Interin), que é uma extensão do trabalho
realizado anteriormente por Erceg et al, para determinar a cobertura da rede
[15].
Este modelo foi escolhido, pois é indicado pelo 3GPP para o planejamento
de redes WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access), padrão
IEEE 802.16, que utilizam as faixas de freqüência de 2.5 GHz e 3.5 GHz,
cobrindo a necessidade que teremos em nosso dimensionamento LTE.
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O modelo SUI distingue diferentes categorias para diferentes terrenos, que


podem ser classificados como sendo do tipo:

• Terreno Tipo A – Terreno Montanhoso com Alta ou Moderada


Densidade de Árvores;
• Terreno Tipo B – Terreno Montanhoso com Baixa Densidade de
Árvores ou Planície com Alta ou Moderada Densidade de Arvores;
• Terreno Tipo C – Planície de Baixa Densidade de Árvores.

Para nossa análise, escolhemos a categoria A, pois com esta categoria


estaremos realizando o dimensionamento para o prior caso, resultando em uma
quantidade maior de estações rádio base.
As perdas de propagação (Path Loss, Path Attenuation) pelo modelo (em
dB) são descritas da seguinte forma:
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 d 
L = A + 10γ log   + X f + X h + s 3.2-1
 d0 

d > d0 d 0 = 100m
Que é valida para , visto que representa a distância de
d Xf
referência e A é a perda no espaço livre na distância 0 . O termo é a

correção da freqüência,
X h é a correção da altura da antena receptora,

s corresponde ao desvanecimento dado pelo tipo de terreno e γ é o expoente


de perda do caminho em função da altura da estação rádio base. O termo λ na
equação 3.2-2 representa o comprimento de onda associado à freqüência de
operação do sistema.

 4πd 0 
A = 20 log  3.2-2
 λ 

 f 
X f = 6 log   3.2-3
 2000 
45

Onde f é a freqüência em MHz.

h
X h = −10.8 log   3.2-4
2

Para terrenos do Tipo A e Tipo B e,

 h
X h = −20 log  3.2-5
 2

Para terrenos do Tipo C, onde h é a altura da antena receptora, onde 2 m


≤ h ≤ 10 m.
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c
γ = a − b.hb + 3.2-6
hb

Onde as constantes a , b e c foram determinadas empiricamente, e

podem ser obtidas na tabela 3.4. A altura da antena da estação rádio base,
hb

deve ter valores entre 10 e 80 metros.

Parâmetro Terreno Tipo A Terreno Tipo B Terreno Tipo C

a 4.6 4.0 3.6


b (1/m) 0.0075 0.0065 0.0050
c (m) 12.6 17.1 20.0

Tabela 3.4 – Valores dos Parâmetros do Modelo SUI.

Neste trabalho adotamos a seguinte configuração:

• f = 2.6GHz
• h = 2m
• hb = 30m
• s = 4 dB
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Obtendo os seguintes resultados para cada parâmetro:

Perda no Espaço Livre

 4.π .100 
A = 20. log 8 6
 3.2-7
 3.10 2600.10 

A = 80,74dB 3.2-8

Correção da Freqüência

 2600.10 6 
X f = 6. log  3.2-9
 2000 
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X f = 0,6836dB 3.2-10

Correção da Altura da Antena Receptora

2
X h = −10,8. log  3.2-11
2

X h = 0dB 3.2-12

Perda do Caminho em Função da Altura da Antena Transmissora

12,6
γ = 4,6 − 0,0075.30 + 3.2-13
30

γ = 4,79dB 3.2-14

Substituindo valores na equação 3.2-1, temos:

 d 
L = 80,74dB + 10.4,79. log  + 0,6836dB + 0 + 4dB 3.2-15
 100 
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Com os valores de L calculados nas seções 3.1.1 (Link Budget de


Downlink) e 3.1.2 (Link Budget de Uplink), conforme os resultados demonstrados
na tabela 3.5, realizamos o balanceamento do canal utilizando a equação 3.2-15
e a maior perda de percurso (L) permitida, 138,5 dB, para a determinação do raio
máximo das células.

Link Budget Perda de Percurso (L)


Downlink 151 dB
Uplink 138,5 dB

Tabela 3.5 – Valores calculados no Link Budget.

Substituindo o resultado da máxima perda de percurso permitida na


equação 3.2-15, obtemos a máxima distância de atuação de uma célula (d):
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 d 
138,5dB = 80,74dB + 10.4,79. log  + 0,6836dB + 0 + 4dB 3.2-16
 100 

R = d ≅ 1,3Km 3.2-17

Existem ferramentas de predição que permitem obter com maior precisão o


resultado do cálculo realizado, tornando possível a análise visual e um
dimensionamento mais preciso. Tais ferramentas de predição consideram outros
fatores, como edificação e relevo no cálculo de cobertura da estação rádio base
do sistema.

3.3.
Cálculo do Máximo Throughput Teórico

O throughput oferecido na camada física de uma estação rádio base LTE,


pode ser calculado levando-se em consideração o tempo do símbolo, a
modulação a ser utilizada na interface aérea (QPSK, 16 QAM, 64 QAM) e o
número de subportadoras disponíveis, que está diretamente relacionada à banda
adotada no sistema (como visto, a banda varia de 1.4 até 20 MHz), conforme
equação 3.3-1 [3].
48

Throughput = TempodeSímbolo × Bits × Subportadoras 3.3-1

Conforme mencionado na seção 2.5.2, o tempo de transmissão de um


símbolo é de 71,367 µs.
Vamos calcular o throughput na camada física para as bandas de 5 MHz,
10 MHz, 15 MHz e 20 MHz. Desta forma, a quantidade de subportadoras
capazes de transportar dados é apresentado na tabela 3.6 [3]:

Largura de Banda Subportadoras


5 MHz 300
10 MHz 600
15 MHz 900
20 MHz 1200
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Tabela 3.6 – Largura de Banda e Subportadoras LTE.

Cada modulação adotada no sistema é capaz de transportar uma


quantidade de bits por símbolo, sendo que a tabela 3.7 traz a capacidade de
cada uma.

Modulação Bits por Símbolo


QPSK 2
16 QAM 4
64 QAM 6

Tabela 3.7 – Capacidade de bits por símbolo das modulações utilizadas no downlink.

Utilizando as informações ilustradas nas tabelas 3.6 e 3.7, e fazendo-se


uso da equação 3.3-1, somos capazes de determinar o throughput para cada
modulação e largura de banda disponível. Como exemplo, vamos calcular o
throughput para a modulação 64 QAM.

• 5 MHz e 64 QAM

Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 300 3.3-2


49

Throughput = 25,2 Mbps 3.3-3

• 10 MHz e 64 QAM

Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 600 3.3-4

Throughput = 50,4 Mbps 3.3-5

• 15 MHz e 64 QAM

Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 900 3.3-6

Throughput = 75,7 Mbps 3.3-7

• 20 MHz e 64 QAM
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Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 1200 3.3-8

Throughput = 100,9 Mbps 3.3-9

Nas tabelas 3.8, 3.9, 3.10 e 3.11, constam os valores do throughput


calculados, fazendo-se uso da equação 3.3-1 para as bandas de 5 MHz até 20
MHz com as modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM. A figura 3.1 ilustra estes
resultados.

Largura de Banda e
Throughput (Mbps)
Modulação
5 MHz – QPSK 8,4
5 MHz – 16 QAM 16,8
5 MHz – 64 QAM 25,2

Tabela 3.8 – Throughput para largura de banda de 5 MHz.

Largura de Banda e
Throughput (Mbps)
Modulação
10 MHz – QPSK 16,8
10 MHz – 16 QAM 33,6
50

10 MHz – 64 QAM 50,4

Tabela 3.9 – Throughput para largura de banda de 10 MHz.

Largura de Banda e
Throughput (Mbps)
Modulação
15 MHz – QPSK 25,2
15 MHz – 16 QAM 50,4
15 MHz – 64 QAM 75,7

Tabela 3.10 – Throughput para largura de banda de 15 MHz.

Largura de Banda e
Throughput (Mbps)
Modulação
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20 MHz – QPSK 33,6


20 MHz – 16 QAM 67,3
20 MHz – 64 QAM 100,9

Tabela 3.11 – Throughput para largura de banda de 20 MHz.

Quando uma configuração MIMO 2x2 é utilizada, o throughput pode atingir


valores de até 173 Mbps, e quando for utilizada a configuração MIMO 4x4,
podemos chegar a taxas de transferência de até 326 Mbps [3].

Máximo Throughput Teórico

120 100,9

100
75,7
67,3
80

50,4 50,4
60
33,6 33,6
40 25,2 25,2
16,8 16,8
8,4
20

0
5 MHz 10 MHz 15 MHz 20 MHz

QPSK 16 QAM 64 QAM

Figura 3.1 - Throughput na camada física do LTE.


51

3.4.
Cálculo da Máxima Eficiência Espectral

A eficiência espectral para cada modulação pode ser calculada através da


equação 3.4-1, e os resultados são apresentados na figura 3.2.

Ef .Espectral = Throughput L arg uraBanda 3.4-1

Onde:
• Eficiência Espectral [bits/seg./hertz];
• Throughput [Mbps];
• Largura de Banda [MHz]
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Máxima Eficiência Espectral


5,05

5,00
3,37
4,00

3,00 1,68

2,00

1,00

0,00
QPSK 16QAM 64QAM

Figura 3.2 – Eficiência Espectral do LTE.

3.5.
Cálculo da Capacidade do Canal e da Relação Sinal Ruído (SNR)

O tipo de modulação utilizado em sistemas de comunicações móveis tem


influência na área de serviço de um sistema. Cada tipo de modulação tem um
requisito mínimo de relação entre os níveis de sinal, ruído e interferência (SINR).
Em uma célula, esta relação varia de um ponto para o outro, podendo fazer com
52

que em algumas áreas o requisito mínimo não seja atendido para os tipos de
modulação disponíveis. Se isto ocorrer, a qualidade oferecida não será suficiente
para que os serviços requisitados sejam atendidos.
Um importante ponto a ser destacado é que o ruído tratado é o AWGN
(Additive White Gaussian Noise), um ruído branco adicionado ao sinal, assim
utilizaremos o termo SNR (Sinal Ruído) em vez de SINR.
As larguras dos canais utilizados influem diretamente na capacidade de um
sistema, conforme o teorema de Shannon-Hartley, que afirma que a capacidade
máxima, em bits por segundo, de um canal sujeito ao ruído pode ser calculada
por:

C = BW . log 2 (1 + SNR ) 3.5-1


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Onde:

• C - Capacidade do Canal [bps];


• BW - É a largura de faixa do canal utilizado [Hz];
• SNR - É a relação Sinal/Ruído [dB]

Teoricamente a taxa máxima de comunicação R que pode ser usada neste


tipo de canal é menor ou igual à capacidade C do canal dependendo do
esquema de modulação/codificação utilizado.
A taxa máxima de comunicação dependerá, portanto, da largura de faixa
do canal alocado e das condições de propagação do canal de RF (da relação
Sinal/Ruído). A interferência sentida irá influenciar no tipo de modulação que
pode ser utilizada, causando efeito diretamente na capacidade do canal.
Na seção 3.3, calculamos as capacidades dos canais na camada física
para larguras de faixa que variaram de 5 MHz até 20 MHz, para as modulações
QPSK, 16 QAM e 64 QAM, no entanto, não levamos em consideração as taxas
de códigos. Nesta seção iremos determinar a capacidade dos canais e também
o SNR requerido para que cada modulação seja utilizada.
A tabela 3.12 mostra as taxas de códigos que serão consideradas para o
cálculo da capacidade do canal desta seção.
53

Modulação Taxa de Códigos


QPSK 1/2
QPSK 3/4
16 QAM 1/2
16 QAM 3/4
64 QAM 1/2
64 QAM 2/3
64 QAM 3/4
64 QAM 5/6

Tabela 3.12 – Taxa de Código de Modulação.

A taxa de código indica a proporção dos bits de cada modulação que é


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transmitida como informação em cada símbolo. Como exemplo, para a


modulação 64 QAM, que é capaz de transmitir 6 bits por símbolo, quando uma
taxa de modulação de 5/6 é utilizada, apenas 5 bits serão transmitidos como
informação.
Levando em consideração os valores das taxas de códigos de cada
modulação que compõem a tabela 3.12, e fazendo uso da equação 3.5-2
(adaptação da equação 3.3-1, com inclusão da taxa de códigos), os valores de
throughput calculados na seção 3.3 podem ser determinados novamente.

Throughput = TempodeSímbolo × Bits × Taxa × Subportadoras 3.5-2

Nas tabelas 3.13, 3.14, 3.15 e 3.16, constam os valores do throughput


calculados, fazendo-se uso da equação 3.5-2 para as bandas de 5 MHz até 20
MHz com as modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM e respectivas taxas de
códigos.

Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps)


QPSK 1/2 4,20
QPSK 3/4 6,31
16 QAM 1/2 8,41
16 QAM 3/4 12,61
64 QAM 1/2 12,61
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64 QAM 2/3 16,81


64 QAM 3/4 18,92
64 QAM 5/6 21,02

Tabela 3.13 – Throughput para largura de banda de 5 MHz, adotando taxa de código.

Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps)


QPSK 1/2 8,41
QPSK 3/4 12,61
16 QAM 1/2 16,81
16 QAM 3/4 25,22
64 QAM 1/2 25,22
64 QAM 2/3 33,63
64 QAM 3/4 37,83
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64 QAM 5/6 42,04

Tabela 3.14 – Throughput para largura de banda de 10 MHz, adotando taxa de código.

Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps)


QPSK 1/2 12,61
QPSK 3/4 18,92
16 QAM 1/2 25,22
16 QAM 3/4 37,83
64 QAM 1/2 37,83
64 QAM 2/3 50,44
64 QAM 3/4 56,75
64 QAM 5/6 63,05

Tabela 3.15 – Throughput para largura de banda de 15 MHz, adotando taxa de código.

Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps)


QPSK 1/2 16,81
QPSK 3/4 25,22
16 QAM 1/2 33,63
16 QAM 3/4 50,44
64 QAM 1/2 50,44
55

64 QAM 2/3 67,26


64 QAM 3/4 75,67
64 QAM 5/6 84,07

Tabela 3.16 – Throughput para largura de banda de 20 MHz, adotando taxa de código.

Através da equação 3.5-3, e assumindo que o throughput calculado nas


tabelas 3.13, 3.14, 3.15 e 3.16 representam a capacidade máxima do canal para
cada largura de faixa do canal, podemos encontrar o SNR requerido para cada
modulação e taxa de código.
A equação 3.5-5 traz o resultado de um exemplo do cálculo do SNR, onde
foi considerada a largura de banda de 20 MHz e o throughput de 84,07 Mbps.

C = BW . log 2 (1 + SNR ) 3.5-3


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84,07 Mbps = 20MHz. log 2 (1 + SNR ) 3.5-4

SNR = 12,41dB 3.5-5

A tabela 3.17 traz a informação do SNR requerido para cada modulação e


taxa de código.

Modulação Taxa de Códigos SNR (dB)


QPSK 1/2 -1,02
QPSK 3/4 1,45
16 QAM 1/2 3,44
16 QAM 3/4 6,76
64 QAM 1/2 6,76
64 QAM 2/3 9,68
64 QAM 3/4 11,06
64 QAM 5/6 12,41

Tabela 3.17 – SNR requerido para respectivas modulações e taxas de códigos.

Optou-se pela determinação do SNR requerido para cada modulação e


respectiva taxa de código através de cálculos considerando a equação de
56

Shannon-Hartley, pois não foi encontrado na literatura e nas especificações da


3GPP, referências para cálculos dos níveis de projeto.

3.6.
Cálculo da Interferência Co-Canal

Sistemas celulares se baseiam no reuso de freqüências para obter da rede


uma maior capacidade e qualidade na cobertura.
Um conjunto de estações rádio base vizinhos que utilizem todo espectro
disponível formam um cluster.
Na figura 3.3 podemos observar dois clusters formados por um conjunto
de 7 estações rádio base cada, onde D representa a distância de reuso e R o
raio de cada célula.
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Figura 3.3 – Cluster.

Através dos valores de D e R , pode-se definir a razão de reuso q , como


pode ser observado na equação 3.6-1.

D
q= 3.6-1
R

Sendo a a área de uma célula hexagonal (omnidirecional) e A a área de


um cluster hexagonal, temos:

R2
a=3 3 3.6-2
2
57

D2
A= 3 3.6-3
2

Assumindo que N seja o número de estações rádio base (células


hexagonais) que formam um cluster, podemos definir que:

2
A D2 1  D 
N= = =   3.6-4
a 3R 2 3  R 

(3N )2 = D 3.6-5
R

Substituindo 3.6-5 em 3.6-1:


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2
2 D 3.6-6
q =   = 3N
R

Fazendo uso da equação 3.6-6, pode-se calcular a razão de reuso q para


diferentes formações de clusters, variando-se o reuso celular N . Na tabela 3.18
temos alguns exemplos.

Fator de Reuso ( N ) Razão de Reuso ( q )


1 1,73205
3 3
4 3,4641
7 4,58258
9 5,19615

Tabela 3.18 – Fator de Reuso e Razão de Reuso Celular.

A configuração celular, com reuso de freqüências para grupos de células


adjacentes, gera uma interferência dentro do sistema denominada de
interferência co-canal.
Esta interferência co-canal pode ser determinada levando-se em
consideração 6 células adjacentes (1º anel) a uma distância D, 12 células
adjacentes (2º anel) a uma distância 2D, ou ainda, 18 células adjacentes (3º
58

anel) a uma distância 3D e assim sucessivamente, conforme ilustrado na figura


3.4.
A relação entre o sinal desejado e a interferência co-canal é dada por:

S S
=
I 6 12 18
3.6-7
∑ I k1 +
k 1=1
∑ Ik2 +
k 2 =1
∑I
k 3=1
k3 + ...

Onde:

• S = C × d −γ - Intensidade do sinal desejado transmitido a uma


distância d do transmissor;

• I kn = C ⋅ D kn−γ - Intensidade do sinal interferente devido a


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células no n-ésimo anel, a uma distância Dkn do transmissor;

• γ - Fator de variação da perda de propagação com a


distância;
• C - Constante que depende das características do
transmissor e de parâmetros que influenciam a propagação
tais como altura das antenas, freqüência entre outros.

Figura 3.4 – Interferência dos anéis adjacentes.


59

Se pudéssemos considerar um móvel na borda da célula, assumimos


assim que a distância d do transmissor seja aproximadamente igual ao raio

celular, d ≅ R e para D >> R temos que Dkn ≅ nD e conseqüentemente:

S Cd −γ
= 3.6-8
I 6CD −γ + 12C (2 D) −γ + 18C (3D) −γ + ...

S 1
≅ −γ
I  D  3.6-9
6  (
⋅ 1 + 2 −γ ⋅ 2 + 3 −γ ⋅ 3 + ... )
 RC 

S 1
≅ −γ
I  D  ∞
3.6-10
6  ⋅ ∑ k 1−γ
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 RC  k =1

Através de uma aproximação que leva em consideração somente o


primeiro anel interferente tem-se:

S 1
≅ −γ
I  D  3.6-11
6 
 RC 

S qγ
= 3.6-12
I 6

Através da equação 3.6-12, observamos que a relação S I (SIR) é maior

quando adotamos um maior fator de reuso co-canal, maior valor para N .

SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9


Terreno A 3,65746 15,09645 18,09185 23,91871 26,53542
Terreno B 2,655506 13,09254 15,82557 21,14205 23,52956
Terreno C 2,039225 11,85998 14,43163 19,43418 21,68072

Tabela 3.19 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente.


60

A tabela 3.19 traz a relação SIR calculada através da equação 3.6-12 para
os casos onde o reuso N adotado varia de 1 a 9 para as três categorias de
terreno observado no modelo de propagação de Erceg et al, lembrando que o
fator de variação da perda de propagação com a distância, γ , pode ser
calculado através da equação 3.2-6, onde a altura da antena transmissora seja
hb = 30m .
Considerando também os efeitos do segundo anel interferente temos:

S 1 1
= ⋅
I  D 
−γ
(
1 + 21−γ ) 3.6-13
6 
 RC 

S qγ 1
= ⋅ 3.6-14
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I (
6 1 + 21−γ )

SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9


Terreno A 3,355338 14,79433 17,78973 23,61659 26,2333
Terreno B 2,255863 12,6929 15,42592 20,74241 23,12992
Terreno C 1,565349 11,3861 13,95775 18,96031 21,20684

Tabela 3.20 – Relação SIR considerando o primeiro e o segundo anel interferente.

Observando os valores de SIR para os cenários onde levamos em


consideração o primeiro anel interferente, tabela 3.19 e também o segundo anel
interferente, tabela 3.20, concluímos que para o terreno do tipo A, que adotamos
para a realização do dimensionamento de capacidade e cobertura, e com o fator
de reuso N = 1 , os usuários da borda estariam atendidos com as modulações
QPSK ½ e QPSK ¾, que segundo a tabela 3.17 requerem uma SNR mínima de
-1,02 dB e 1,45 dB respectivamente para operar.
Se adotássemos no sistema um fator de reuso N = 3 , com o auxilio das
tabelas 3.17 e 3.20, podemos concluir que os usuários de borda estariam
atendidos com todas as possibilidades de modulação do sistema, QPSK, 16
QAM e 64 QAM.
De acordo com a literatura e com o 3GPP, o sistema LTE poderá adotar
um fator de reuso de freqüências unitário, N = 1 , desta forma, outras
61

possibilidades podem ser levadas em consideração para que a relação SIR seja
melhorada, tais como a redução da altura da antena transmissora ou ainda a
setorização, que consiste na divisão das células em setores, sendo cada um
destes setores iluminados por uma antena direcional independente que recebe
um subconjunto de freqüências. Na prática a setorização tripla e sêxtupla são
adotadas em sistemas celulares, sendo a setorização tripa a mais usual.

3.6.1.
Cálculo da Interferência Co-Canal com Setorização Tripla

A setorização tripla consiste na divisão celular em setores de 120º. Para


facilitar a compreensão dos benefícios que a setorização pode trazer quanto à
diminuição da interferência co-canal, analisando a figura 3.5 podemos observar
que apenas as células 4 e 5 possuem setores voltados para a célula interferida
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que possuem o mesmo subconjunto de freqüências.

Figura 3.5 – Interferência com setorização tripla.

Se considerarmos somente o primeiro anel interferente, a relação SIR será


dada por:

S 1
≅ −γ
I 2
 D  3.6-15
∑ 
k =1  RC


62

S qγ
= 3.6-16
I 2

Para definirmos o ganho que a setorização tripla tem em relação a


sistemas que não utilizam a setorização, podemos definir que:

SIRcélula setorizada
G= 3.6-17
SIRcélula sem setorização

Substituindo as equações 3.6-12 e 3.6-16 em 3.6-17, temos:

(q γ / 2)
G= 3.6-18
( q γ / 6)
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G =3 3.6-19

Aplicando o logaritmo na equação 3.6-19, temos que o ganho da


setorização tripla em relação a sistemas sem setorização é:

G dB = 10 log 10 (3) 3.6-20

G dB = 4,77dB 3.6-21

Recalculando a relação SIR considerando a setorização tripla, e altura da


antena transmissora hb = 30m , chegamos aos valores da tabela 3.21.

SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9


Terreno A 8,428672 19,86766 22,86306 28,68993 31,30664
Terreno B 7,426719 17,86375 20,59678 25,91326 28,30077
Terreno C 6,810438 16,63119 19,20284 24,2054 26,45193

Tabela 3.21 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente com setorização
tripla.
63

Considerando o fator de reuso N = 1 e o terreno do tipo A, temos uma SIR


de aproximadamente 8,43 dB o que seria suficiente para que os usuários na
borda das células estivessem atendidos pelas modulações QPSK ½, ¾, 16 QAM
½, ¾ e pela modulação 64 QAM ½, que segundo a tabela 3.17 requerem uma
SNR mínima de -1,02 dB, 1,45 dB, 3,44 dB, 6,76 dB e 6,76 dB respectivamente
para operar.

3.6.2.
Cálculo da Interferência Co-Canal com Setorização Sêxtupla

A setorização sêxtupla consiste na divisão celular em setores de 60º.


Analisando a figura 3.6 podemos observar que apenas a célula 4 possui um
setor voltado para a célula interferida que possui o mesmo subconjunto de
freqüências.
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Figura 3.6 – Interferência com setorização sêxtupla.

Se considerarmos somente o primeiro anel interferente, a relação SIR será


dada por:

S 1
≅ −γ
I 1
 D  3.6-22
∑ 
k =1  RC


S
= qγ 3.6-23
I
64

Para definirmos o ganho que a setorização sêxtupla apresenta em relação


a sistemas que não utilizam a setorização, podemos definir que:

SIRcélula setorizada
G= 3.6-24
SIRcélula sem setorização

Substituindo as equações 3.6-12 e 3.6-23 em 3.6-24, temos:


G= 3.6-25
( q γ / 6)

G =6 3.6-26
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Aplicando o logaritmo na equação 3.6-26, temos que o ganho da


setorização tripla em relação a sistemas sem setorização é:

G dB = 10 log 10 (6) 3.6-27

G dB = 7,78dB 3.6-28

Recalculando a relação SIR considerando a setorização sêxtupla, e altura


da antena transmissora hb = 30m , chegamos aos valores da tabela 3.22.

SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9


Terreno A 11,43897 22,87796 25,87336 31,70023 34,31694
Terreno B 10,43702 20,87405 23,60708 28,92356 31,31107
Terreno C 9,820737 19,64149 22,21314 27,2157 29,46223

Tabela 3.22 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente com setorização
sêxtupla.

Considerando o fator de reuso N = 1 e o terreno do tipo A, temos uma SIR


de aproximadamente 11,43 dB o que seria suficiente para que os usuários na
borda das células estivessem atendidos por todas as modulações do sistema,
65

QPSK, 16 QAM e 64 QAM, com exceção da modulação 64 QAM com taxa de


códigos 5/6, que segundo a tabela 3.17 requerem uma SNR mínima de 12,41 dB
para operar.
Analisando os resultados das seções 3.6.1 e 3.6.2, percebemos que se
pode utilizar o reuso unitário ( N = 1 ) em sistemas LTE sem que os usuários da
borda estejam desprovidos de cobertura e serviço.

3.7.
Cálculo do Raio em Função da Modulação e SNR

Na seção 3.2 calculamos o raio máximo teórico da célula adotando valores


nulos para a SNR requerida no sistema. O valor encontrado naquela seção é
importante quando desejamos determinar a quantidade de estações rádio base
necessárias para cobrir a área na qual se pretende oferecer o serviço celular,
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mas não deve ser levada em consideração na determinação do número de


estações necessárias para um determinado tipo de serviço, como por exemplo a
taxa de transferência (bps).
Nesta seção iremos repetir o que foi realizado na seção 3.2 levando-se em
consideração os valores de SNR Requeridos para cada taxa de modulação, ou
ainda, para cada MCS (Modulation and Coding Schemes) a fim de determinar os
raios máximos de modulação e respectivo throughput.
Fazendo uso de ferramentas de predição também conseguimos determinar
a área de atuação de cada modulação, levando-se em consideração outros
fatores não considerados nos cálculos, tais como o relevo.
No LTE, o principal indicador relacionado à capacidade de transferência de
dados é a distribuição do SNR ao longo da célula.
Conforme verificado anteriormente, a máxima perda permitida no sistema
(L) ocorre no uplink, sendo assim, nesta seção realizaremos os cálculos somente
para o Link Budget de Uplink, substituindo os valores de SNR requeridos para
cada MCS.
A tabela 3.23 abaixo repete o que está ilustrado na tabela 3.17.

Modulação Taxa de Códigos SNR (dB)


QPSK 1/2 -1,02
QPSK 3/4 1,45
16 QAM 1/2 3,44
66

16 QAM 3/4 6,76


64 QAM 1/2 6,76
64 QAM 2/3 9,68
64 QAM 3/4 11,06
64 QAM 5/6 12,41

Tabela 3.23 – SNR requerido para respectivas modulações e taxas de códigos.

A tabela 3.24 traz as mesmas informações da tabela 3.3, com a diferença


que o SNR adotado não será nulo e receberá valores variáveis de acordo com
cada MCS representado na tabela 3.23.

Potência de Transmissão 23 dBm


Ganho da Antena Transmissora 0 dBi
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Perdas na Transmissão 0 dB
SNR Variável
Sensibilidade Requerida Recepção -101,5 dBm
Ganho da Antena Receptora 18 dBi
Perdas na Recepção 3 dB
Ganho de Diversidade 3 dB
Margem de Desvanecimento 4 dB

Tabela 3.24 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Uplink.

Com auxílio das tabelas 3.23, 3.24 e a equação 3.7-1, somos capazes de
determinar os valores de L para cada MCS.
Como exemplo, calculamos para a modulação 64 QAM e taxa de código
5/6, a qual requer uma SNR de 12,08 dB.

L = Ptx + Gtx − Ltx − SNR Re querida − Srx + Grx − Lrx + Gdv − M


3.7-1

LUL = 23dBm + 0 − 0 − 12,41dB − (− 101,5dBm) + 18dBi − 3dB + 3dB − 4dB


3.7-2

LUL = 126,09dB 3.7-3


67

Substituindo o resultado da equação 3.7-3 em 3.7-4, chegamos ao máximo


raio de atuação da modulação 64 QAM - 5/6 (equação 3.7-6).

 d 
L = 80,74dB + 10.4,79. log   + 0,6836dB + 0 + 4dB 3.7-4
 100 

 d 
126,09dB = 80,74dB + 10.4,79. log  + 0,6836dB + 0 + 4 dB 3.7-5
 100 

R = d ≅ 705m 3.7-6

Na tabela 3.25 constam os valores dos raios calculados para as demais


modulações e respectivas taxas de códigos, da mesma forma como foi
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demonstrado no exemplo acima.

Modulação Taxa de Códigos SNR (dB) Raio (m)


QPSK 1/2 -1,02 1343
QPSK 3/4 1,45 1193
16 QAM 1/2 3,44 1084
16 QAM 3/4 6,76 924
64 QAM 1/2 6,76 924
64 QAM 2/3 9,68 804
64 QAM 3/4 11,06 752
64 QAM 5/6 12,41 705

Tabela 3.25 – Raio de atuação das Modulações e respectivas taxas de códigos (MCS).

As figuras 3.7, 3.8, 3.9 e 3.10 ilustram a variação do throughput conforme a


distância para as larguras de banda de 5 MHz, 10 MHz, 15 MHz e 20 MHz
respectivamente.
Conforme a distância entre a transmissão e a recepção se torna maior, os
níveis de Sinal Ruído (SNR) se tornam menores devido ao acréscimo das perdas
de propagação, logo, níveis de modulação que requerem valores de SNR
maiores não poderão ser empregados, fazendo com que modulações robustas
sejam adotadas.
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Figura 3.7 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de
banda de 5 MHz.

Observando os gráficos, pode-se notar que a máxima distância de atuação


das modulações não se altera mesmo variando-se a largura de banda, devido ao
fato que a sensibilidade requerida na recepção da estação rádio base ser a
mesma para as quatro larguras de banda utilizadas no cálculo, -101,5 dBm [14],
lembrando que o Link Budget está limitado no uplink.

Figura 3.8 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de
banda de 10 MHz.
69

Outro ponto importante, que pode ser observado nos gráficos, destaca
para distâncias menores do que 620 metros o throughput não sofre variações,
embora as condições rádio possam ser ainda melhores (SNR), pois a
capacidade máxima de transporte de dados do canal já foi alcançada, conforme
vimos na seção 3.5.
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Figura 3.9 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de
banda de 15 MHz.

Figura 3.10 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de
banda de 20 MHz.
70

O máximo throughput atingido com 20 MHz de banda é de 100,9 Mbps,


logo taxas de dados maiores não serão atingidas devido ao limite que existe no
canal de transmissão, com a máxima taxa de dados sendo atingida com 6 bits
(64 QAM) por símbolo.
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