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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ – UENP – CAMPUS

JACAREZINHO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA JURÍDICA – MESTRADO – LINHA
DE PESQUISA: ESTADO E RESPONSABILIDADE

DOCENTE: PROF. DRA. CARLA BERTONCINI


DISCENTE: THIAGO CESAR GIAZZI

DIREITO À HONRA:
Referenciais históricos e apontamentos críticos sobre a honra como direito da personalidade

CONTEÚDO ABORDADO:
Fundamento Jurídico. Apontamentos Históricos. Conceito. Crítica da característica da honra
como direito inato. Classificação: honra subjetiva e honra objetiva. A honra e a dignidade humana. A
honra e a intimidade.

OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS:


Destacar o direito à honra e os interesses jurídicos envolvidos como direitos da personalidade.
Promover meios de melhor interpretação do sujeito de direito, tratando este como fim de atendimento
do direito. Apresentar uma proposta para a distinção de direitos da personalidade, direitos humanos e da
tutela jurídica da dignidade da pessoa humana sob a ambientação do direito a honra.

METODOLOGIA:
Seminário expositivo com utilização de recursos didáticos (data show, quadro negro). Debate
dirigido utilizando de questionamentos como impulsionadores.

BIBLIOGRAFIA:

BITTAR, Carlos Alberto. Direitos da Personalidade. 3.ed. Saraiva: São Paulo, 2014.
______. Tutela dos Direitos da Personalidade e dos Direitos Autorais nas Atividades Empresariais.
2.ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2002.
DE CUPIS, Adriano. Os Direitos da Personalidade. Trad. Afonso Celso Furtado Rezende – São Paulo:
Quorum, 2008.
FRANÇA, Rubens Limongi. Direitos Privados da Personalidade. Revistas dos Tribunais: São Paulo,
1966.
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 4.ed. Forense: Rio de Janeiro, 1974.
MOREIRA ALVES, José Carlos. Direito Romano. 16.ed. Forense: Rio de Janeiro, 2016.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 24.ed. Forense: Rio de Janeiro, 2011.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil – Parte Geral. vol.1. 34. ed. Saraiva: São Paulo, 2003.
SILVA, Edson Ferreira da. Direito à Intimidade. 2.ed. Juarez de Oliveira: São Paulo, 2003.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28.ed. Malheiros: São Paulo, 2004.
TRIGUEIROS, Ângelo Mário Costa. Do Direito à Honra. Dissertação de Mestrado – Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo – Departamento de Direito Civil. São Paulo, 1980.
WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil Brasileiro – Introdução e Parte Geral. 5.ed. Revista dos
Tribunais: São Paulo, 1987.
DIREITO À HONRA – RESUMO
Thiago Giazzi

1- Fundamento Jurídico.

Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;

Código Civil
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de
escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a
seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido
captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.

L. 9610/98
Art. 24. São direitos morais do autor:
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer
forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;

2- Apontamentos Históricos.
GREGO – Hefesto foi advertido que Afrodite tinha comportamento duvidoso com Ares. Hefesto produz uma armadilha de fios
invisíveis e, vendo os culpados enredados, chama a todos os deuses para demonstrar a vergonha.

ROMANO – infamia: a sociedade excluía o indivíduo pelo comportamento vergonhoso. Dá origem à honra objetiva em razão de,
por temor da exclusão, os sujeitos não praticavam atos vergonhosos.

Iniuria – aspecto subjetivo. A imposição de ofensa ilícita e dolosa, física ou moral.

HEBRAICO – todos são iguais, pois são imagem e semelhança de Deus. Atentar contra a honra é o mesmo que atendar contra Deus,
devendo ser punido.

IDADE MÉDIA – visão religiosa

IDADE MODERNA – antropocentrismo

SECS. XIX E XX – Direito extrapatromonial

3- Conceito.

DIREITO DA PERSONALIDADE
Orlando Gomes – Direitos da Personalidade são os direitos considerados essenciais para o desenvolvimento da pessoa humana.

Para Rubens Limongi França, os direitos da personalidade dizem respeito às faculdades jurídicas cujo objeto consiste em diversos
aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim da sua projeção essencial no mundo exterior.

Silvio Rodrigues – Direitos da personalidade são aqueles inerentes (e não inatos) à pessoa humana, não podendo conceber um
indivíduo que não possua direito à vida, à liberdade física ou intelectual, ao seu nome, ao seu corpo, à sua imagem e à quilo que crê
ser sua honra (honra subjetiva).

Arnoldo Wald escreve que os direitos da personalidade são direitos absolutos, aos quais correspondem deveres jurídicos de todos
os membros da comunidade, cujo objeto está na própria pessoa do titular.

HONRA
José Afonso da Silva – conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, o respeito dos concidadãos, o bom nome a
reputação, sendo direito fundamental da pessoa resguardar essas qualidades.
Massimo Garutti – utiliza a tríplice acepção da honra: valor íntimo moral do homem (interesse jurídico da moral), consideração
social (estima de terceiros e consciência da própria dignidade pessoal (honra subjetiva).

Adelmo Manna – em sua acepção subjetiva (honra como sentimento que cada um tem da própria dignidade moral). Acepção objetiva
(honra como estima ou opinião que cada um tem de nós).

Adriano de Cupis – o íntimo valor do indivíduo, que não pode ser ofendido ou como a sua estima perante terceiros, ou seja, sua
consideração social. O indivíduo tem o direito de preservar a própria dignidade, mesmo fictícia, contra ataques de verdade, pois
aquilo que é contrário à dignidade da pessoa deve permanecer um segredo dela própria.

Carlos Alberto Bittar – o bem jurídico protegido é a reputação, ou a consideração social a cada pessoa devida, a fim de permitir-se
a paz na coletividade e a própria preservação da dignidade da pessoa humana. Deste modo depreende-se que o autor põe a honra
como sendo uma característica imprescindível a preservação da dignidade da pessoa humana.

CONSEQUÊNCIAS DA LESÃO À HONRA


Santos Cifuentes – quem se sente irremediavelmente desonrado perde as bases anímicas da luta e superação, decai e padece o
desengajamento dos mais essenciais e fundamentais de sua individualidade. Fica exposto à reprovação, indiferença dos demais, com
um sentimento de fracasso.

4- Crítica da característica da honra como direito inato.

A honra é ligada à consciência, seja do próprio indivíduo (honra subjetiva), seja da sociedade (honra objetiva). Sob um
aspecto crítico, declarar que a honra seria inata não estaria dando relevância ao atributo da mesma ter como pressuposto os valores
conquistados, ainda que mínimos, com a vida. Aos incapazes, a defesa da honra seria exercida pelos seus responsáveis, que projetam
seus próprios valores para a vida daquele que não tem capacidade.
Neste aspecto, a honra seria uma construção do indivíduo e da sociedade analisada em um lapso temporal. Conforme o
indivíduo adquire mais experiências de vida, seus valores são alterados a ponto de justificar que o fato realizado no passado seja
vergonhoso em um outro momento de sua vida. De mesmo modo, as alterações dos valores sociais influenciam em novos valores
éticos que, quando dirigidos ao individuo posto em análise social, representa a honra objetiva.
Portanto, caracterizar a honra como direito inato não corresponderia com a melhor forma para tutelá-la, sendo importante
que a análise do direito atenda à situação jurídica do momento em que o mesmo está sob análise.

5- Classificação: honra subjetiva e honra objetiva.


Honra objetiva: honra adquirida, honra atribuída e honra assumida.
Honra adquirida: aquela que independe da vontade do indivíduo mas lhe é posta em razão de seus méritos sociais,
conquistas, capacidades, qualidades e habilidades.
Honra atribuída: não depende da vontade do indivíduo, sendo o reconhecimento que a sociedade que agarra ao sua
existência. Ex. nascido em berço de ouro. Esta poderia ser considerada inata.
Honra Assumida: depende da vontade do indivíduo. O sujeito realiza um negócio jurídico e, por esta razão, assume um
status de honra. Ex. casamento.

Honra Subjetiva: É o sentimento íntimo, consciência da própria dignidade (BITTAR). O dano à honra faz que o sujeito sinta-se
menor perante o gênero humano. Carlos Alberto Bittar diferencia o conceito de honra e respeito, sendo que informa que o direito
ao respeito seria aquele que possui o elemento “decoro” (acatamento de normas morais) como bem tutelado.

6- A honra e a dignidade humana.


Todas as coisas possuem valores. Há coisas que possuem valores de preço, podendo ser trocadas por outras coisas de valores
semelhantes. Há coisas que não são possíveis serem objeto de troca, face a singularidade desta no mundo, neste caso, valor tratado
chama-se dignidade.
A dignidade da pessoa humana seria não só um princípio jurídico, mas também um valor atribuído de modo individual, devendo ser
promovido por todo o sistema jurídico, atendendo o sujeito de direito como finalidade de proteção de qualquer norma.
A honra é reconhecida como um direito da personalidade e não um princípio, sendo que possui, também, a missão de promoção e
defesa da dignidade humana, no aspecto do reconhecimento próprio do indivíduo e no reconhecimento do indivíduo perante a
sociedade.

7- A honra e a intimidade.
Edson Ferreira da Silva – a honra combate o que é falso a respeito do caráter e das qualidades pessoais do indivíduo, com
desvirtuamento de sua imagem e reputação perante o corpo social, o direito à intimidade preserva o que é verdadeiro, mas
embaraçoso ou desabonador.

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