Trata-se a presente consulta, acerca da aplicação da inelegibilidade por
8 anos aos condenados por órgão colegiado antes das alterações provocadas pela LC 135/2010, especialmente no que tange ao ARE n° 1180658.
FUNDAMENTAÇÃO E CONCLUSÃO:
No julgamento do RE n° 929670, o Plenário do Supremo Tribunal
Federal decidiu, por maioria dos votos, que é valida a aplicação do prazo de 8 anos de inelegibilidade, aos condenados antes da edição da Lei Complementar 135/2010.
A aplicação da referida norma não viola o Principio da irretroatividade da
lei penal, primeiro; porque não estamos diante de uma lei penal, e segundo; porque a inelegibilidade não é uma pena ou sanção, se assim o fosse, estaria prevista expressamente no Título V da Lei 7.209/84.
Na verdade, a elegibilidade é uma condição de quem se propõe a
ocupar um cargo eletivo, nesse sentido, é necessário que o candidato a possua antes da eleição; já a inelegibilidade é exatamente a situação fática em que se encontra o indivíduo que o impede de ascender a um mandato eletivo. Essas situações fáticas estão previstas no art. 1° da LC n° 64/90. Um exemplo claro de que a inelegibilidade é uma condição fática em que se encontra o individuo e não uma sanção, é a aplicação da letra a, inciso II do art. 1° da norma supracitada, nesse dispositivo são expressamente citados os inelegíveis pelo prazo de 6 meses, após afastados de seus cargos, ou seja, não há necessidade de condenação, mas o simples fato de atingirem determinada condição, ocupação de determinado cargo eletivo, os torna inelegíveis.
No caso do julgamento do ARE n° 1180658, este foi interposto, contra
decisão do Ministro Alexandre de Moraes, que deu provimento ao RE para reestabelecer o julgamento do TRE-RN, deferindo o registro de candidatura de Abelardo Rodrigues e o mantendo no cargo de Prefeito de Alto do Rodrigues, sob o fundamento de que este concorreu ao cargo após decisões de mérito da primeira instância e segunda instância da Justiça Eleitoral, afirmando que a decisão tomada pelo STF, sobre o assunto, só se aplica aos candidatos que tiveram o registro indeferido ou aos que o obtiveram por decisão liminar.
Em que pese a opinião do Ministro, não posso concordar com esta
decisão, primeiro porque o próprio plenário do STF já decidiu acerca da constitucionalidade da aplicação retroativa da norma, e segundo; porque a aplicação de qualquer norma independe se o julgamento é liminar ou de mérito, o fato é que tanto a sentença de primeiro grau, quanto a de segundo grau deferiram a candidatura de Abelardo Rodrigues, baseados numa interpretação equivocada das alterações provocadas pela LC 135/2010. Neste sentido, tendo em vista que a sentença de segundo grau não transitou em julgado, e que o referido julgamento contraria Lei Federal, com interpretação dada pelo próprio STF, é inegável que Abelardo Rodrigues era inelegível no momento do registro de sua candidatura, devendo, a decisão proferida pelo TSE, em sede de RE, ser mantida em todos os seus termos.