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las Olimpíadas
NÚMERO 2 - 22 DE AGOSTO DE 2016 Pensar el deporte, pensar la sociedad
Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales | Conselho Latino-americano de Ciências Sociais | Latin American Council of Social Sciences
F
oi um alívio. Nas horas seguintes ao tér-
mino da Cerimônia de Abertura dos XXXI
Jogos Olímpicos de Verão 2, no Maracanã,
na noite do dia 05 de agosto de 2016, nos perió-
dicos online e nos posts das redes sociais, havia
muito júbilo e uma evidente supresa com o que
foi considerado uma festa de sucesso. Esta ava-
liação se reproduziu em toda a mídia nacional
no dia seguinte, que repercutiu também comen-
tários de alguns veículos internacionais, mui-
to considerados no Brasil. De fato, houve uma
reversão das expectativas de que não apenas a
festa de abertura mas todos os Jogos Olímpicos
seriam um desastre.
1 Trecho da música Isso aqui é o que é, de Ary Barroso, 1942, canta- geralmente, de neve ou muito frio. Entretanto, mes-
da na cerimônia, pelos cantores/compositores cult Caetano Veloso e mo assim, o eurocentrismo, ou melhor, “nortecen-
Gilberto Gil, juntamente com Ludmila, uma cantora popular, consi- trismo” desta designação é evidente: neste período,
derada funkeira. verão só ocorre no hemisfério norte.
* Doctora en Antropología por el Museu Nacional (RJ) y Profesora-Investigadora de la Universidade Federal Fluminense-CNPq. Es una de las
grandes figuras de la antropología del deporte latinoamericana.
www.clacso.org
meios de transporte ainda em teste. Havia zika, chikungunya, em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do
dengue. Havia a violência cotidiana. E havia a memória recente resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no
da cerimônia de abertura da Copa do Mundo 2014, no mesmo futebol. (Rodrigues, Nelson, 1993)9
Maracanã considerada, de forma quase unânime, uma “vergonha
Tanto o tema da miscigenação positiva quanto o do
nacional”3, não fazendo juz à tradição brasileira de grandes
viralatismo são endêmicos no pensamento social brasileiro, sendo,
espetáculos em espaços públicos4.
sem dúvida, duas das principais representações sobre a brasilidade.
Mas tudo isso desapareceu, como num passe de mágica, Pois bem. A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, tanto nas
na noite da Cerimônia de Abertura. Foi reproduzida e recriada, de imagens féericas que se sucediam, amplificadas por efeitos visuais
um modo muito elogiado pela maioria das avaliações5, uma das bastante impressionantes, quanto na trilha sonora, incorporava,
narrativas mais poderosas sobre o Brasil e a brasilidade, dentro do entre outras, estas duas representações. A história do Brasil que foi
figurino deste tipo de espetáculo que visa enaltecer o país receptor contada era, em primeiro lugar, a história de um território coberto
dos jogos. Na verdade, os torneios esportivos internacionais são por florestas que foi sendo devastado e coberto por cidades. Os
espaços privilegiados para a reprodução destas narrativas, muitas elementos formadores e miscigenados foram destacados, mas
vezes realizando mudanças sutis que respondem aos contextos dando o papel condutor aos grupos indígenas, no que subvertiam o
sociais. Como afirma Sahlins (1990)6 os acontecimentos agem modelo das 3 raças, também subvertido pelo acréscimo de árabes
sobre as estruturas simbólicas, ou seja, “as categorias estão sempre e orientais. Os negros foram apresentados em seus grilhões. Tudo
em risco na ação”. São, também, espaços privilegiados para a se mesclava, riqueza e pobreza, Tom Jobim e Diogo Nogueira,
invenção da diversidade no encontro com o outro. No mundo Caetano Veloso e Ludmila, Paulinho da Viola e Anitta10 , Gisele
contemporâneo, em que não há barreiras para a economia e em Bundchem e Wilson das Neves. A exploração dos trabalhadores
que a política internacional age sobre a política nacional, muito esteve longamente representada pela música Construção de Chico
se indagou sobre a persistência das nações, dada a porosidade Buarque, também objeto de performance de jovens realizando
de suas fronteiras, e, consequentemente das nacionalidades. parkour numa cidade virtual. Conhecidos modelos transsexuais
Entretanto, como já nos ensinara Eduardo Archetti, há liberdade conduziam os atletas para suas apresentações...En fim, era sim
e criatividade nas franjas e interstícios dos sistemas sociais, um Brasil que canta e é feliz, que não tem medo de fumaça, que não
espaços nos quais corporalidades, musicalidades, nacionalidades desiste, tal como o imaginara Ary Barroso em 1942. Era um Brasil
e, mesmo, movimentos de revolta ou resistência são gestados. miscigenado como o imaginara Gilberto Freyre em 1938. Era um
Nestes espaços são elaboradas e reelaboradas as formas de Brasil vira-lata, humilde, como o imaginara Nelson Rodrigues em
narrar a nação e os nacionais, quase nunca de modo unívoco: há 1958. Mas era também um Brasil imaginado em 2016 que aponta
elaborações que se aglutinam e se complementam mas há muitas para a desigualdade, a destruição da mata e do outro, que não
que se opõem. São contextualmente selecionadas e revividas. distingue arte cult e arte popular, que reconhece vários gêneros,
que está consciente da sua pobreza (tudo foi feito com materiais
Há muitos setores sociais que produzem ou reproduzem
baratos, segundo Fernando Meirelles, pois não havia dinheiro) e
tais narrativas (destacando-se a mídia e o marketing). No caso
também da sua riqueza. Talvez, por isso tudo, o articulista Gabriel
brasileiro, como venho demonstrando há muitos anos, é na
de Arruda Castro de um periódico online conservador (National
avaliação do desempenho da seleção brasileira de futebol
Review, 06/08/2016) tenha classificado a cerimônia como marxismo
(masculino)7 que foram produzidas as principais avaliações do
cultural. Desse modo, a miscigenação foi reinventada, assim como
ser brasileiro e do Brasil. O sujeito é o brasileiro, generalizado
o viralatismo neste Brasil visto do Rio de Janeiro.
assim mesmo, abstraindo-se toda a diversidade (social, cultural,
regional, étnica etc), em narrativas que consagram categorias E o contexto político se apresentou, ao final, quando o
que escapam do território limitado dos esportes e passam a presidente interino fez a declaração de abertura dos jogos, em 10
ser definidoras da auto-imagem de boa parte da população. segundos, recebendo em troca muito mais tempo de vaias.
Consideremos, por exemplo, as muito conhecidas categorias
futebol mulato (originalmente foot-ball mulato) e complexo de
vira-latas, respectivamente elaboradas por Gilberto Freyre e
Nelson Rodrigues. A categoria futebol mulato é uma das raízes
de uma categoria central neste campo, endêmica nas análises do
futebol brasileiro: futebol arte, opondo-se ao futebol força, futebol
máquina. Inspirada no desempenho de Leônidas, o Diamante
Negro, na III Copa do Mundo, em 1938, na França, a crônica
publicada no Diário de Pernambuco (Freyre, 1938)8 enfatiza um
estilo brasileiro de jogar futebol, herdeiro da capoeira e do samba,
tese com evidentes conexões com sua interpretação das relações
raciais no Brasil. Ou seja, o futebol está veiculando uma visão
sobre a sociedade, visão que acentua a miscigenação, transformado
em tema absolutamente central do pensamento social brasileiro,
para o bem ou para o mal. Esta interpretação cria uma esta visão
positiva do devir e das potencialidades do brasileiro que, sob tal
ponto de vista, é agregada na interpretação de Nelson Rodrigues,
cristalizada na famosa categoria do viralatismo. Tema surgido da
inesquecível derrota do selecionado brasileiro para o selecionado
uruguaio em 1950, enfatiza, tal como o faz Freyre, a capacidade de
fantasia, improvisação, invenção do jogador brasileiro. Entretanto
o complexo de vira-latas, sentimento de inferioridade diante do
outro, impede a vivência destas qualidades:
leira nas diversas atividades relacionadas aos Jogos Rio 2016.”1 Mas, se a abertura já apontava para uma forte presença fe-
NÚMERO 2 | AGOSTO DE 2016
1 Lei nº 12.035, DE 1º DE OUTUBRO DE 2009, item II do Artigo 14. Presentes massivamente em todas as modalidades, as mu-
lheres brasileiras se destacaram em alguns lugares tradicionalmen-
te dominados pelo esporte masculino. O exemplo mais visível foi
no futebol onde o time feminino deu uma demonstração de profis-
sionalismo e competência, denunciando por sua própria presença
* Professora titular do Departamento de Antropologia da Uni- a subalternidade e discriminação que sofre cotidianamente em um
versidade Federal de Santa Catarina. Tem escrito sobre futebol e país dominado pelo futebol masculino. Uma imagem representa
migração e editou recentemente o livro “Migration of Rich Immi- bem esta critica: um menino que riscou em sua camiseta oficial da
grants: gender, ethnicity and class” (NY: Palgrave). seleção o nome de Neymar Jr., escrevendo Marta em seu lugar.
** Professora titular do Departamento de Antropologia da Uni-
Essa foi a Olimpíada com o maior número de participantes
versidade Federal de Santa Catarina. Tem escrito e orientando
trabalhos sobre gênero e sexualidade, teorias queer e feministas, “fora do armário” –mais de dez atletas se diziam abertamente gays
violência contra mulheres e lesbo-trans-homofobia, parentalidade ou lésbicas, a grande maioria sendo mulheres brasileiras. E até um
e conjugalidades LGBTT. pedido de casamento entre duas mulheres ocorreu, com um beijo
público entre a jogadora da seleção de rúgbi brasileira Izzy Cerullo De fato, se fossem distribuídos pódios e medalhas aos
e a gerente desportiva Marjorie Enya. países lideres em homicídios, o Brasil estaria entre os candida-
tos favoritos. O Brasil fica bem a frente de muitos dos partici-
A primeira medalha de ouro do Brasil no judô foi conquis-
pantes pois apresenta, por exemplo, 275 vezes mais homicídios
tada por outra atleta fora do armário: Rafa Santos, que é exemplar
que o Reino Unido, a Bélgica e a Áustria. O nordeste tem a mais
também dos casos de racismo no esporte, pois, ao ser derrotada nas
alta taxa de homicídio, mas a violência está presente também
Olimpíadas de Londres recebeu xingamentos de macaca, o que lem-
no sul e sudeste: na ultima década 8 mil pessoas foram mortas
brou agora, na vitória. As reações nas redes sociais contra Joana Ma-
pela policia na cidade Olímpica do Rio de Janeiro; 645 em 2015,
ranhão, (“você merece ser estuprada”) levaram a nadadora a buscar
muitas das execuções tendo sido filmadas por telefones móveis
assessoria jurídica para se contrapor a cultura nacional machista.
mas ainda assim são raras as condenações dos policiais envolvi-
Mas a intolerância dos espectadores em relação à forma dos3. De fato, os números desse Brasil violento são de recorde:
como mulheres atletas são representadas, como inferiores ou de- dez adolescentes são mortos todos os dias no país, o que coloca
pendentes de homens para ganhar apareceu também em vários lu- o Brasil no pódio das mortes de jovens, ocupando o terceiro lu-
gares do mundo, através de comentários esportivos machistas em gar entre 85 países (atrás apenas do México e de El Salvador) 4.
relação as mulheres atletas. Depois que a húngara Katinka Hoss- O Brasil está entre os países com maiores índices de violências
zú quebrou um recorde Olímpico de natação, o narrador da NBC de gênero. A taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, não
(cadeia de TV norte-americana) creditou a vitória ao seu marido garante pódio mas coloca o Brasil em quinto lugar no ranking
(“and this is the guy, responsable”), gerando protestos nas redes dos 83 países com dados homogêneos fornecidos pela Organi-
sociais. Do mesmo modo, o jornal Chicago Tribune foi obrigado a zação Mundial da Saúde, apresentando 48 vezes mais feminicí-
desculpar-se por noticiar a medalha de bronze em tiro de Corey dios do que o Reino Unido, 24 vezes mais do que a Irlanda e a
Cogdell-Unrein: “Wife of a Bears’ lineman wins a bronze medal Dinamarca (Waiselfisz 2015:27).
in Rio Olympics” (Esposa do atacante dos Ursos ganha medalha
Raça e gênero são marcadores que pesam nessa violência.
de bronze nas Olimpíadas do Rio”). Apesar de um crescimento de
Como tem mostrado o Mapa da Violência (Waiselfisz 2016), os ho-
suas presenças na mídia, tópicos como idade, aparência e o seu
micídios de jovens concentra-se entre negros, e vem crescendo: em
papel na família (esposa, mãe, filha) ainda aparecem fortemen-
2003 a vitimização de negros jovens era de 71,8% e passou para
te nas reportagens envolvendo atletas mulheres. Todavia, apesar
173% em 2013.
das frequentes “derrapagens”, pudemos observar grandes avan-
ços, como o aumento da presença das mulheres jornalistas na Também a homofobia mata. O Brasil é ouro em homicí-
cobertura midiática no mundo. Voltando ao exemplo brasileiro, dios de travestis e transexuais, com quase 500 mortes entre ja-
observamos que nos canais de TV por assinatura, muitas jornalis- neiro de 2008 e abril de 2013, bem a frente do México, que teve
tas e atletas mulheres foram escaladas como comentaristas, seres 4 vezes menos homicídios homofóbicos5. Os casos de violên-
pensantes capazes de dar opinião saindo do lugar que tinham até cia são cotidianos, e como para as mulheres6 e crianças, mui-
então de apresentadoras que liam nos teleprompters suas falas, tos são invisibilizados por não serem reportados. A declaração
ou as mensagens dos espectadores que chegavam pela internet, de Caio Bomfim, atleta brasileiro quarto colocado na marcha
servindo para “enfeitar” as bancadas de comentaristas homens. Olímpica, mostra bem a cultura homofóbica que está por trás
Se ainda são mais frequentes comentando modalidades esportivas desses números: a cada treino, todos os dias dos nove anos de
femininas, já aparecem em outras e, caso extremo e promissor, treino, Caio teve que ouvir chingamentos como “Vira homem”,
duas delas apresentam –sem a presença de homens– um progra- “para de rebolar”, “viado”, “vai para casa trabalhar, vagabun-
ma esportivo matinal, inclusive comentando no tablado tático os do” 7. Chingamentos comuns também nos estádios: quem viu
movimentos dos jogadores de futebol2. Brasil e Colômbia no futebol masculino ouviu os torcedores em
São Paulo saudarem o goleiro colombiano com um “ohhhhhh,
bixa!” a cada tiro de meta.
DESIGUALDADE, VIOLÊNCIA E SEGURANÇA Entre o país mostrado no espetáculo Olímpico e o Brasil do
“Esse aqui, é um pouquinho do Brasil ai, ai” cantaram lindamen- dia a dia, ainda há um abismo a ser superado.
te na festa de abertura os baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil,
artistas reverenciados pelo publico intelectual, e Anita, a cantora
considerada brega pela elite que Caetano escolheu para acompa- REFERENCIAS
nha-los, numa justa opção pois o Brasil é também (e muito) kits-
Waiselfisz, Julio Jacobo. 2015. Mapa da Violencia 2015: ho-
ch. Porem, outro Brasil ficou de fora da feérica Abertura oficial
micídio de mulheres no Brasil. Brasília: Flacso Disponível em http://
o que está nos serviços subalternos e que não tinha como pagar
www.compromissoeatitude.org.br/wp-content/uploads/2015/11/
as entradas para o Maracanã, o que construiu os equipamentos
MapaViolencia_2015_homicidiodemulheres.pdf .
das Olimpíadas (e no qual mais de dez operários morreram em
“accidentes de trabalho”). Por isso, tivemos mais uma vez no es- _____ 2016. Mapa da Violência. Adolescentes de 16 e 17 do
tádio uma plateia formada por brasileiros brancos e das elites Brasil. Brasília: Flacso.
econômicas, como já tinha ocorrido na Copa do Mundo de 2014.
O Brasil mais pobre teve que se contentar em ver pelos telões e http://espnw.espn.uol.com.br/rio-2016-deve-ter-maior-por-
enfrentou dificuldade para se locomover no Rio de Janeiro pois centagem-de-mulheres-na-historia-da-olimpiada-trajetoria-come-
muitos dos trens do subúrbio foram deslocados para atender a cou-com-apenas-22/
mobilidade dos turistas e visitantes das Olimpíadas.
http://www.geledes.org.br/acoes-afirmativas-nas-olimpia-
Esse Brasil das favelas e periferias –lugar da violência cujas das-do-rio-de-janeiro-2016/?gclid=CjwKEAjw3Nq9BRCw8OD-
estatísticas assombram e são comparáveis as de países em guerra– 6s4eI5HASJABsfCIarwD6MyCcJDMPm5_6dF15-sUy_D1vpiVEUz-
foi um intruso na festa. Como revela a morte do soldado Hélio An- mWsNi6MRoCkzzw_wcB
drade, da Polícia Militar de Roraima (na Amazônia) e membro da
Força Nacional, que por engano entrou na favela da Maré, na zona
conhecida como “Vila do João”. Foi alvejado no interior de uma via-
tura da corporação em um território dominado pelo trafico, onde
representantes do Estado ou de classes mais altas correm risco de 3 https://www.hrw.org/americas/brazil em Julho de 2016.
vida se ingressarem. As UPP (Unidades de Policias de pacificação) 4 WHOSIS, World Mortality Databases. Consultado em http://www.
Cuadernos de las Olimpíadas | CLACSO
foram instaladas apenas nas favelas centrais do Rio, nas que pela mapadaviolencia.org.br/pdf2015/mapaViolencia2015_adolescentes.
proximidade com a zona sul e os bairros envolvidos com as Olim- pdf. A taxa de homicídio para jovens de 15-19 anos é de 54,9 para 100
mil habitantes (2015).
píadas poderiam prejudicar o espetáculo. Essa seja a Olimpíada
com mais gastos em segurança –41% será pública e 59% privada–, 5 http://odia.ig.com.br/noticia/brasil/2014-01-29/brasil-lidera-numero-
contando com 47 mil homens da Força Nacional e um total de 85 de-mortes-de-travestis-e-transexuais-aponta-ong.html
mil agentes de segurança, o que não chega a ser um número extra- 6 Em 2013, o feminicidio chegou a 13 mulheres mortas no Brasil
ordinário pois a Eurocopa 2016, com risco alto de terrorismo, teve diariamente.http://www.compromissoeatitude.org.br/wp-content/
cerca de 90 mil agentes de segurança envolvidos. uploads/2015/11/MapaViolencia_2015_homicidiodemulheres.pdf con-
sultado em 14 de agosto de 2016.
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