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AÇÕES DE RESPOSTA: MEDIDAS PARA O CONTROLE DE

EMERGÊNCIAS QUÍMICAS
Por Rubens Cesar

1. Introdução

Durante milhões de anos de vida na terra, o homem enfrentou inúmeros problemas para
garantir sua sobrevivência. Primeiramente defendíamos dos animais que nos perseguiam,
procuramos lugares mais tranqüilos e seguros para viver em sociedade, durante essa
busca encontramos lugares sem água (desertos), com inundações, terremotos,
maremotos, furacões, ciclones, pragas, epidemias, vulcões, enfim inúmeras foram as
adversidades encontradas pelo homem no transcorrer de sua evolução.

Obviamente que durante sua história o homem encontrou lugares seguros e adequados
para desenvolver-se de forma harmoniosa e em sociedade.

Nos dias atuais, não são poucas as notícias de que várias cidades, estados ou mesmo
países inteiros sofrem em decorrência dos chamados acidentes naturais ( furacões,
terremotos, ciclones, vulcões, etc.). Inúmeras são as estatísticas de ocorrências que
possibilitam inclusive desenvolver análises de quando, onde e com qual intensidade um
evento de origens naturais vai ocorrer.

Como o homem convive com esses “eventos” desde o princípio de sua vida na terra,
possui considerável conhecimento a cerca deles e já desenvolveu inúmeras formas de
planejar-se a fim de minimizar as conseqüências quando de sua ocorrência.

Emergências tecnológicas ou acidentes tecnológicos são aqueles derivados ou em função


dos segmentos tecnológicos, tais como incêndios em tanques, vazamentos de produtos
químicos, explosões de caldeiras, intoxicação de pessoas ou acidentes nucleares. A
freqüência destes acidentes nos últimos 20 anos tem sido incrementada
significativamente, como resultado da proliferação mundial de processos industriais,
desenvolvimentos tecnológicos, novas fontes de energia, produtos combustíveis e a alta
concentração demográfica.

2. A planificação para os desastres tecnológicos

Apesar de ser uma modalidade emergencial um tanto quanto recente quando


comparamos a história do homem sobre a face da terra, inúmeras são as ferramentas
atuais que podem ser utilizadas para minimizar seus efeitos para a humanidade,
propriedades e para o meio ambiente.

Existem atualmente modelos matemáticos informatizados que podem auxiliar nas etapas
de preparação e planificação de resposta às emergências tecnológicas. Apesar de ser um
tanto quanto antagônico, as últimas guerras ( ex. Golfo ) proporcionaram um grande
desenvolvimento de equipamentos de proteção pessoal, principalmente na área química e
de operações contra incêndios; os terremotos do México e o atentado a bomba nos
Estados Unidos desenvolveram métodos e equipamentos para resgates. Outro aspecto
positivo é que muitos esportes radicais, dos dias de hoje, tais como: alpinismo,
espeleologia, rafting, entre outros também têm auxiliado no desenvolvimento de

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equipamentos de proteção, além de proporcionar uma considerável gama de
equipamentos utilizados atualmente nas indústrias.

A quantidade de informação disponível sobre esta modalidade emergencial, bem como a


facilidade de sua pesquisa e velocidade de sua divulgação (ex. internet) fazem com que
essas ferramentas sejam cada vez mais acessíveis e utilizadas.

3. A resposta aos incidentes

Cada empresa ou organização inserida no contexto de resposta a emergências


tecnológicas deve equacionar de forma adequada o balanceamento entre os recursos
humanos e materiais envolvidos nessas operações, bem como a interação entre esses
recursos, na forma de treinamentos e operações reais.

Uma análise do diagrama a seguir pode auxiliar no equacionamento e estabelecimento de


prioridades envolvendo os recursos destinados às emergências tecnológicas.

Os 3 conjuntos apresentados, que interagem-se entre si na forma de intersecção,


representam as 3 modalidades mais comuns de emergências tecnológicas: Operações
Contra Incêndios, Resgates e Emergências com Produtos Químicos. Essas modalidades
emergências desenvolvem-se dentro de um meio ambiente que de forma direta é
envolvido.

Operações
A Contra
Resgates
Incêndios
B
C D

Produtos
Químicos

Meio Ambiente

Analisando as possíveis combinações entre os elementos, pode-se verificar que essas


modalidades emergenciais podem desenvolver-se de forma isolada ou de forma conjunta.
Desta forma, podemos ter um evento emergencial tal como uma operação contra
incêndios que necessite de atividades de resgate, por exemplo de vítimas de uma
edificação em chamas. Esse evento esta representado pela intersecção entre os
conjuntos Resgate e Operações Contra Incêndios, definidos pela área A. Outro exemplo
pode ser um acidente rodoviário envolvendo produtos químicos onde o produto vazado

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atinge às populações vizinhas ao acidente além dos próprios motoristas dos veículos
envolvidos. Esse evento esta representado pela intersecção das respectivas modalidades
emergenciais, definindo a área C.

Por meio de uma análise desenvolvida no diagrama, pode-se evidenciar eventos


potenciais que podem desenvolver-se em nossas empresas ou sob a responsabilidade de
resposta de nossas organizações. Diante disso, pode-se priorizar treinamentos,
endereçando-os para os possíveis cenários, e investir em equipamentos de forma
específica aos eventos emergenciais mais possíveis. Outro aspecto positivo e
desenvolver essa análise sempre tomando em conta que essas modalidades
emergenciais, de forma isolada ou conjunta afetam o meio que as envolvem.

4. Padrão de resposta em emergências químicas

Existem atividades básicas para o sistema de resposta ao incidente que podem dividir-se
em cinco amplos segmentos que interagem entre si:

- Reconhecimento: Identificação das substâncias envolvidas e suas características


que determinam seu grau de periculosidade.
- Avaliação: Impacto ou risco que a substância apresenta a saúde e ao meio ambiente.
- Controle: Métodos para eliminar ou reduzir o impacto do incidente.
- Informação: Conhecimento adquirido sobre as condições ou circunstâncias de um
incidente em particular.
- Segurança: Proteção contra os possíveis danos para todos os recursos humanos e
materiais, envolvidos na resposta do incidente.

Estes segmentos compõem um sistema, uma disposição ordenada de componentes que


interagem para cumprir uma tarefa. No desenvolvimento do atendimento ao incidente, a
tarefa é prevenir, reduzir o impacto do incidente às pessoas, propriedades e ao meio
ambiente, restaurando o mais breve possível as condições normais. Para alcançar este
objetivo, o pessoal deve realizar uma série de atividades, por exemplo: combater
incêndios, obter amostras, desenvolver planos de intervenção, instalar sistemas de
controle físico, manter comunicações, avaliações, etc. Estas atividades estão todas
relacionadas, o quê ocorre numa, afetará as outras.

Cinco elementos classificam todas as atividades do sistema de atendimento a


emergência. O reconhecimento, a avaliação e o controle descrevem os elementos que
orientam as ações. Disto surge um resultado: identifica-se uma amostra, instala-se um
sistema de controle, identifica-se um produto químico ou determina-se um risco.

A informação e a segurança são classificadas como elementos de apoio. São suportes


e/ou resultados de reconhecer, avaliar e controlar.

O entendimento do sistema e conhecimento da relação entre as atividades, auxiliam no


desenvolvimento e equacionamento do atendimento emergencial.

4.1 Reconhecimento

O reconhecimento do tipo e grau de risco presente num incidente é, de forma geral, um


dos primeiros passos a serem tomados ao atender uma emergência com produtos
perigosos. Deve-se identificar as substâncias envolvidas. Depois deve-se determinar as

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propriedades químicas e físicas. Como base preliminar, pode-se adotar estas
propriedades para analisar o comportamento ou antever problemas relacionados com o
material.

O reconhecimento pode ser fácil, por exemplo, pode-se utilizar uma placa (sinalização) de
um carro tanque para identificar rapidamente seu conteúdo. De outro modo, um depósito
de resíduos químicos pode apresentar uma dificuldade para seu detalhado
reconhecimento e identificação. O elemento reconhecimento envolve a utilização de toda
a informação disponível, resultados de amostras, dados históricos, observação visual,
análise instrumental, rótulos, documentos de embarque e outras fontes para identificar as
substâncias envolvidas.

Os problemas causados pelo vazamento de um produto químico ao meio ambiente podem


ser previstos baseando-se a análise em suas propriedades químicas e físicas. No entanto,
o dano que esse produto produzirá ao vazar, depende das condições específicas do lugar
de ocorrência.

Uma vez que as substâncias tenham sido identificadas, suas propriedades podem ser
determinadas utilizando-se material de referência.

4.2 Avaliação

O reconhecimento promove a informação básica referente às substâncias envolvidas na


emergência. A avaliação é uma determinação de seus efeitos ou potencial de impacto na
saúde pública, propriedades e meio ambiente. Uma substância perigosa é uma ameaça
devido a suas características físicas e químicas. No entanto, seu potencial de impacto real
depende da localização do incidente, do tempo e outras condições específicas do lugar.

O risco é a probabilidade de que produzam-se danos, uma medida do potencial de


impacto ou efeito. A presença de uma substância perigosa constitui um risco, porém se o
material está controlado, o risco é baixo; no entanto, se o material está fora de controle, o
risco aumenta. Para sofrer danos, o receptor crítico deve estar exposto ao material. Por
exemplo, o gás cloro é muito tóxico e representa um risco. Se o gás cloro vazar numa
área densamente povoada, o risco às pessoas é muito grande, no entanto, o risco do
vazamento de cloro às pessoas numa área desabitada é muito menor.

A avaliação dos riscos deste exemplo é relativamente simples. Muito mais complexos são
os episódios onde estão envolvidos muitos compostos e existe um alto grau de incerteza
a respeito de seus comportamentos no meio ambiente e efeitos nos receptores. Por
exemplo: "Qual o efeito se milhares de pessoas bebem água fornecida por um lençol
freático contaminado com alguns ppm de estireno, ftalatos e PCBs?".

Para avaliar completamente os efeitos de uma emergência com produtos perigosos, deve-
se identificar todas as substâncias, estabelecer seus padrões de dispersões e para
produtos tóxicos, determinar as concentrações. O risco é avaliado baseado na exposição
do público e outros receptores críticos.

Freqüentemente a identificação dos produtos envolvidos num incidente e a avaliação do


impacto são conhecidas por caracterização do lugar da emergência. A caracterização do
lugar pode ser fácil e rápida, ou como no caso de um depósito de resíduos químicos, o
processo pode ser longo e de resolução complexa.

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4.3 Controle

O controle é exercido por métodos que visam prevenir e/ou reduzir o impacto do incidente.
Geralmente instituem-se ações preliminares de controle tão rápido quanto possível. Ao
obter-se informações adicionais por meio do reconhecimento e avaliação, as ações
iniciais de controle modificam-se ou instituem-se outras. Os vazamentos que não
requerem uma ação imediata permitem mais tempo para planejar e implantar as medidas
corretivas.

As medidas de controle incluem tratamentos químicos, físicos e biológicos assim como


técnicas de descontaminação, objetivando o restabelecimento das condições normais.
Incluem-se também medidas sobre a saúde pública, por exemplo, abandono ou corte no
fornecimento de água potável para prevenir a contaminação do produto nas pessoas.

4.4 Informação

Um importante componente no sistema de atendimento a emergências envolvendo


produtos perigosos é a informação.

Todas as atividades que compõem o sistema de atendimento às emergências estão


baseadas no processo de receber e transmitir informações. A informação é um elemento
de apoio ao reconhecimento, avaliação e controle. É um elemento de suporte aos
elementos de ação, oferecendo dados para a tomada de decisões. É também um
resultado do equacionamento dos outros elementos.

Uma amostra de um determinado produto pode oferecer informações para determinar


opções de tratamento do incidente. A informação provém de três fontes:

- Inteligência: Informações obtidas de registros ou documentos existentes, placas,


etiquetas, rótulos, configuração dos recipientes, observações visuais, informes
técnicos e outros.
- Instrumentos de Leitura Direta: Informações obtidas de instrumentos com relativa
rapidez.
- Amostragem: Informações obtidas ao coletar porções representativas do meio ou
materiais e subseqüentemente analisadas em laboratórios de campo ou fixos.

A aquisição de informações, a análise e a tomada de decisões são processos interativos


que definem a extensão do problema e a seleção de possíveis ações de resposta ao
incidente. Para que o atendimento ao incidente seja efetivo, deve estabelecer-se uma
base de informação precisa, válida e a tempo. Através do tempo de desenvolvimento do
incidente, reúne-se, processa-se e aplica-se um fluxo intenso de informações.

4.5 Segurança

Todas as ações de intervenção num atendimento envolvendo produtos perigosos


oferecem riscos diversos e distintos para aqueles que respondem a eles. Para estabelecer
um programa de proteção a estes riscos, deve-se analisar as características físico-
químicas dos produtos e relacioná-las com cada operação de resposta. As considerações
de segurança são contribuições a cada atividade que se inicia e são um resultado de cada
atividade de intervenção que se executa. Cada organização de atendimento emergencial

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químico deve possuir um efetivo programa de segurança, incluindo exames médicos,
equipamentos de segurança apropriados, procedimentos operacionais padronizados e um
ativo programa de treinamento.

4.6 Relação entre os elementos

O reconhecimento, a avaliação, o controle, a informação e a segurança descrevem os


cinco elementos do sistema de atendimento a emergências envolvendo produtos
perigosos. Cada um inclui uma variedade de atividades e operações. Os elementos não
são necessariamente passos sequenciais para o processo de atendimento. Em algumas
situações, pode-se começar as medidas de controle antes que as substâncias sejam
completamente identificadas. Em outros, é necessário uma avaliação mais completa da
dispersão dos materiais antes de poder-se determinar as ações corretas de controle.

Cada elemento e atividade estão relacionados. Desenvolve-se um dique (controle) para


conter a água residual de combate a incêndios de um depósito com suspeita da existência
de pesticidas. Uma vez determinada que a água residual não contém produtos químicos
perigosos (reconhecimento), e que as concentrações nessa água estão abaixo dos
limites aceitáveis (avaliação), desta forma não é necessário o tratamento e pode-se
eliminar o dique. Este conhecimento (informação) altera os requisitos de segurança para
todos aqueles que atendem ao incidente.

O sistema de atendimento a emergências envolvendo produtos perigosos é um conceito


que explica, em termos gerais, os processos envolvidos na intervenção ao incidente.
Todas as intervenções requerem os elementos de ação: reconhecimento, avaliação e
controle, apoiados pelos elementos: informação e segurança.

5. Sistema de comando de incidentes

O Sistema de Comando de Incidentes (SCI) é um modelo de gerenciamento desenvolvido


para comando, controle e coordenação em resposta a uma situação de emergência,
tendo como objetivo a estabilização do incidente e a proteção da vida, da propriedade e
do meio ambiente.

A complexidade de gerenciamento de um incidente associado a necessidade crescente


de ações de vários grupos de atuação, é indispensável a existência de um único sistema
de gerenciamento que seja padrão a todos. Os princípios do SCI permitem que diferentes
grupos desenvolvam atividades conjuntas dispondo de elementos comuns: comando
unificado, planos de ação, terminologia, administração, recursos humanos e materiais,
flexibilidade organizacional, conceitos de segurança, procedimentos padronizados, etc.

O SCI dispõe de uma considerável flexibilidade, podendo expandir ou contrair de acordo


com as diferentes necessidades, tornando-o um eficiente sistema de gerenciamento.

O sistema foi testado e validado em resposta a todos os tipos de incidentes e situações de


não emergência, como por exemplo: emergências com produtos perigosos, acidentes com
grande número de vítimas, eventos planejados (celebrações, paradas militares, concertos,
etc.), catástrofes, incêndios, missões de busca e salvamento, programa de vacinação em
massa, etc.

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O SCI foi desenvolvido na década de setenta em resposta a uma série de grandes
incêndios florestais ao sul da Califórnia – USA. Neste período as autoridades envolvidas
em combate a incêndio do município, organismos estaduais e federais, reuniram-se para
formar o Firefighting Resources of California Organized for Potential Emergencies
(FIRESCOPE). Esta unidade identificou muitos problemas quando vários grupos distintos
são envolvidos em uma mesma missão, tais como:

- Falta de padronização na terminologia utilizada;


- Falta de capacidade de expandir e contrair a estrutura gerencial do incidente;
- Ausência de padronização e integração nos meios de comunicação;
- Falta de instalações apropriadas;
- Ausência de planos de ação consolidados.

Os esforços para resolver estas dificuldades resultaram no desenvolvimento do modelo


original do SCI para gerenciamento de incidentes. Entretanto, o que foi originalmente
desenvolvido para combate a incêndios florestais, evoluiu para um sistema aplicável a
qualquer tipo de emergência, sendo incêndio ou não.

Muito do sucesso do SCI, é resultado da aplicação direta de:

- Uma estrutura organizacional comum;


- Princípios de gerenciamento padronizados.

5.1 A organização do SCI

Todo incidente ou evento tem certas atividades e ações de administração que deverão ser
executadas. Até mesmo se o incidente for de pequeno porte, tendo apenas duas ou três
pessoas envolvidas na operação, atividades administrativas serão sempre realizadas até
certo ponto, mesmo que inconscientemente.

A organização do SCI é constituída de cinco setores funcionais distintos:

- Comando
- Operações
- Planejamento
- Logística
- Finanças

A relação entre estes setores é mostrada no diagrama abaixo.

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COMANDO DO
INCIDENTE

FINANÇAS LOGÍSTICA OPERAÇÕES PLANEJAMENTO

Estes cinco componentes principais são a base na qual a organização do SCI se


desenvolve. Eles se aplicam durante uma pequena emergência ou quando na existência
de um incidente de grande porte.

Em incidentes de pequena escala, todos os componentes podem ser administrados por


uma só pessoa, o Comandante do Incidente (CI). Em caso de grandes incidentes,
normalmente, requerem que cada componente, ou setor, tenha um responsável na
administração respondendo ao CI. Porém, cada um destes setores primários do SCI, com
exceção do Comando do Incidente, podem ser divididos em funções secundárias de
acordo com a necessidade.

A organização do SCI tem a capacidade de expandir e contrair-se para satisfazer as


necessidades do incidente, mas todos os incidentes, independente de sua dimensão ou
complexidade, deverão obrigatoriamente ter nomeado um Comandante do Incidente. Num
SCI básico, quando houver necessidade do CI afastar-se do Posto de Comando (PC) para
realizar uma atividade operacional ou uma supervisão no local do incidente, o comando
deverá ser transferido para outra pessoa que então se torna o CI.

5.2 Funções do comando

A função de comando é dirigida pelo Comando do Incidente (CI), ele é a pessoa


tecnicamente qualificada para assumir a responsabilidade e o gerenciamento global do
incidente. As principais responsabilidades do CI incluem:

- Executar a atividade de comando e estabelecer o local do Poso de Comando;


- Proteger vidas, propriedades e o meio ambiente;
- Controlar os recursos humanos e materiais;
- Estabelecer e manter contato com outros grupos de atuação e outras instituições.

Com relação à administração do incidente:

- Coletar e analisar os dados sobre o incidente;


- Estruturar o plano de alerta e desencadear ações prioritárias;
- Aprovar pedidos de recursos adicionais;
- Manter contato com os coordenadores de setor;
- Estabelecer o comando;
- Estabelecer o sistema de segurança;
- Avaliar as prioridades do incidente;

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- Determinar os objetivos operacionais;
- Desenvolver e implementar o Plano de Ação do incidente;
- Desenvolver uma estrutura organizacional apropriada;
- Nomear e supervisionar os coordenadores dos diversos setores;
- Manter o controle global da situação;
- Administrar os recursos do incidente;
- Coordenar atividades de emergência;
- Coordenar as atividades de outros grupos;
- Autorizar a divulgação de informações à mídia;
- Controla os custos envolvidos;

Um CI eficaz deve ser confiante, decisivo, afirmativo, objetivo, tranqüilo e ter raciocínio
rápido. Para dirigir todas as responsabilidades decorrentes desta função, o CI precisa ser
ainda flexível, adaptável e realista com reação às próprias limitações. O CI também
precisa saber quando e a quem delegar funções caso haja necessidade durante o
desenvolvimento das atividades no incidente.

Inicialmente, a primeira pessoa qualificada a chegar ao local do incidente, deverá assumir


o papel de Comandante do Incidente estabelecendo o controle da situação até a chegada
do CI nomeado, que passará a ter controle total do incidente.

A medida que os incidentes evoluem ou se tornam mais complexos com o envolvimento


de autoridades de diferentes jurisdições ou ações conjuntas de vários grupos de resposta,
poderá ser designado um CI mais qualificado. Na troca de comando, o CI que está saindo
deve passar instruções detalhadas ao CI que está assumindo e todo pessoal envolvido
deverá ser notificado.

5.3 Assessoria do comando

Para um incidente de grande porte ou complexo, existem algumas posições de assessoria


que são estabelecidas para auxiliar o Comandante do incidente à cumprir as
responsabilidades associadas diretamente à administração do Incidente. Os assessores
dirigem funções chaves, permitindo que o CI tenha maior liberdade para se concentrar na
administração global do incidente. O pessoal de assessoria não faz parte da organização
em linha, ou seja, são parte integrante da função de comando.

COMANDO DO
INCIDENTE

Assessoria
Segurança
Porta Voz
Contatos

FINANÇAS LOGÍSTICA OPERAÇÕES PLANEJAMENTO

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Segurança

Título: Supervisor de Segurança


Objetivo: Garantir a segurança geral das operações, desenvolvendo o monitoramento
das medidas de segurança que envolve as equipes, vítimas e publico em geral.
Atribuições:

- Atuar na orientação do CI;


- Utilizar sua autoridade, emergencialmente, para interromper qualquer atividade
considerada insegura, quando uma ação imediata seja necessária;
- Identificar, monitorar e avaliar situações de risco associadas ao incidente;
- Responsável pela segurança dos integrantes das equipes de resposta;
- Determinar o isolamento da área envolvida no incidente;
- Documentar todas as ocorrências suspeitas;
- Manter registros formais.

Porta Voz

Título: Porta Voz


Objetivo: Gerenciar a divulgação das informações sobre o andamento das operações
para autoridades e a imprensa, seguindo rigorosamente a coordenação do CI.
Atribuições:

- Atuar na orientação do CI;


- Responsável por transmitir informações para a imprensa e outros órgão envolvidos
com as operações;
- Estabelecer um único centro de informações do incidente, sempre que possível;
- Organizar o local de trabalho, materiais, telefone e pessoal necessário;
- Obter autorização do CI para divulgação das informações;
- Manter registros formais.

Contatos

Título: Contatos Oficiais


Objetivo: Efetuar, quando necessário, contatos com órgãos oficiais, outras equipes de
atendimento e profissionais especializados.
Atribuições:

- Atuar na orientação do CI;


- Providenciar contatos com órgãos oficiais. Ex.: Corpo de Bombeiros, Defesa Civil,
Polícia Militar, etc.
- Identificar e localizar o representante de um órgão específico quando necessário.
- Providenciar contatos com profissionais e serviços especializados, quando necessário;
- Manter lista de nomes/telefones/endereços de pessoas e entidades chaves;
- Manter registros formais.

O CI tomará a decisão de expandir ou contrair a estrutura da organização do SCI baseado


em três pontos principais:

- Segurança de vida: A prioridade principal do CI sempre é a segurança à vida de


todos os envolvidos;

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- Estabilidade do Incidente: O CI é responsável por determinar a estratégia que vai:

o Minimizar o efeito que o incidente poderá causar;


o Maximizar o esforço com relação à rapidez de resposta utilizando os recursos
eficazmente.

O tamanho e complexidade da estrutura do SCI que o CI desenvolve deve estar de


acordo com a complexidade do incidente (nível de dificuldade na resposta), não no
tamanho (que está baseado em área geográfica ou quantidade de recursos).

Os recursos humanos e materiais disponíveis deverão ser administrados racionalmente,


ou seja: utilizando-se somente os recursos estritamente necessários para uma
determinada tarefa, ficando os demais disponíveis para quando necessários.

- Preservação do Meio Ambiente: O CI é responsável por minimizar o dano à


propriedade e ao meio ambiente enquanto é alcançado os objetivos do plano de ação.

5.4 Setor – finanças

Normalmente, só é estabelecido durante incidentes ou eventos de grande porte. É


responsável por prover e administrar todos os recursos financeiros relacionados ao
incidente. É responsável por disponibilizar ao Comando um planejamento financeiro e
também administrar toda documentação fiscal exigida por lei.

­ Atua sob orientação do CI;


­ Seleciona e nomeia os chefes de cada equipe dentro do setor;
­ Supervisiona as ações de cada equipe do setor;
­ Mantém registros formais.

5.5 Setor – logística

O Setor de logística é responsável por prover os recursos materiais necessários às


atividades durante o incidente. Inclui as responsabilidades de transporte, alimentação,
alojamento e o controle, disponibilização e manutenção dos equipamentos utilizados. O
Coordenador do Setor de Logística, também, é responsável por instalar e manter
operacional um sistema de comunicação adequado para cada situação.

­ Atua sob a orientação do CI;


­ Fornece condições adequadas de atuação para as diversas equipes em relação ao
material necessário;
­ Seleciona e nomeia os chefes de cada equipe dentro do setor;
­ Supervisiona as ações de cada equipe dentro do setor;
­ Monta a infra-estrutura necessária à logística;
­ Efetua solicitações de aquisição ao CI de itens eventualmente solicitados e não
disponíveis;
­ Coordena o pessoal encarregado de organizar equipamentos, alimentação,
medicamentos, transporte e alojamentos;

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­ Prevê as necessidades de materiais para as equipes;
­ Mantém registros formais.

5.6 Setor – operações

O Setor de Operações é responsável por realizar as atividades descritas no Plano de


Ação. O Coordenador do Setor de Operações administra todas as atividades do setor e
tem a responsabilidade primária de receber, desenvolver e implementar o Plano de Ação.

O Coordenador do Setor de Operações reporta-se diretamente ao CI e determina a


estrutura organizacional e os recursos necessários dentro do setor. As responsabilidades
principais do Coordenador são:

­ Dirigir e coordenar todas as operações e garantir a segurança de todos os envolvidos;


­ Auxiliar o CI no desenvolvimento das metas e na elaboração do Plano de Ação do
Incidente;
­ Implementar o Plano de Ação;
­ Solicitar recursos ao Comandante do Incidente (CI);
­ Manter o CI informado sobre o desenvolvimento das atividades dentro do setor;
­ Atuar sob orientação do CI;
­ Atuar em conjunto com o setor de planejamento;
­ Responsável pela supervisão e execução de todas as operações técnicas necessárias
para a realização das operações de resposta;
­ Coordenar e planejar a execução das tarefas;
­ Encaminhar pedidos de recursos adicionais ao CI;
­ Selecionar e nomear os chefes de cada equipe dentro do setor;
­ Submeter à aprovação do CI cada tarefa;
­ Supervisionar às operações;
­ Manter registros formais.

5.7 Setor – planejamento

Em eventos de menor porte, o Comandante do Incidente é responsável por efetuar o


planejamento, mas quando o incidente é de grande proporção, o CI estabelece o Setor de
Planejamento.

A função do Setor de Planejamento é coletar, registrar, avaliar e disseminar as


informações necessárias à preparação do Plano de Ação e qualquer outro tipo de
informação que poderá ser útil durante o evento. O Coordenador do Setor de
Planejamento participa efetivamente com o CI na elaboração do Plano de Ação do
Incidente. É responsável por fazer previsões do provável curso do incidente, e preparar
planos alternativos para possíveis mudanças do plano de ação principal.

As principais responsabilidades do Coordenador são:

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­ Atuar sob orientação do CI;
­ Atuar em conjunto com os coordenadores dos demais setores;
­ Encaminhar solicitação de recursos adicionais ao CI;
­ Selecionar e nomear os chefes de cada equipe dentro do setor;
­ Supervisionar as ações das equipes dentro do setor;
­ Organizar a gestão da documentação e informação;
­ Manter registros formais.

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