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Faculdade de Ciências Tecnológicas de Fortaleza

Instituto de Ensino Superior de Fortaleza


Faculdade de Farmácia

Transmissão Noradrenérgica

Professora: Ma. Ana Thais Araújo da Silva


Catecolaminas
• São compostos que contêm um catecol (anel benzênico com dois grupos
hidroxila adjacentes) e uma cadeia lateral amina.

•Noradrenalina: transmissor liberado


nas terminações nervosas
•Adrenalina: um hormônio
secretado pela medula da supra-
renal
•Dopamina: o precursor metabólico
da noradrenalina e adrenalina, e
também um
transmissor/neuromodulador no
SNC
•Isoprenalina: um derivado
sintéticoo da noradrenalina, ausente
no organismo
Fisiologia da transmissão
noradrenégica

•Armazenamento: Vesículas sinápticas


•Liberação: Ocorre normalmente por
exocitose mediada pelo cálcio.
Regulação da liberação da NA
• Acetilcolina: Agindo através de receptores muscarínicos

• Catecolaminas: através dos receptores α e β

• Angiotensina II

• ATP (co-transmissor)

• Noradrenalina – receptores pré-sinápticos – mecanismo de


retroalimentação auto-inibitório – receptores alfa-2.
Captura das catecolaminas
• Captura 1 – neuronal
(transportador de noradrenalina -
NET)
– Cerca de 75% da
noradrenalina
– encurtar a ação do
transmissor e reciclá-lo;

• Captura 2 –extraneuronal
– limitar a disseminação do NT.
Degradação das catecolaminas
• Monoaminooxidase (MAO) :
– interior das células, ligada a membrana externa da
mitocôndria,
– Converte catecolaminas em aldeídos.

• Catecol-O-metil transferase (COMT):


– Presente na medula da supra-renal,
– Via secundária principal das catecolaminas,
– Metilação de um dos grupos hidroxila do catecol.
Classificação dos receptores
Noradrenérgicos
Receptores Receptores
alfa beta

α1 α2 β1 β2 β3

Pós-sináptico Pré-sináptico Pós-sináptico Pré-sináptico Tecido adiposo

Pós-sináptico
Pós-sináptico

Extrasináptico
Extrasináptico

Todos pertencentes à superfamília dos receptores acoplados à proteína G.


Classificação dos receptores
Noradrenérgicos
• Receptores α

– α1: Ativam a fosfolipase C, produzindo os segundos mensageiros IP3 e


DAG→ vasoconstrição, relaxamento do músculo liso gastrintestinal,
secreção salivar e glicogenólise hepática. Produzem seus efeitos
principalmente pela liberação do cálcio intracelular.

– α2: Inibem a adenilato ciclase, diminuindo o AMPc→ Inibição da


liberação de transmissores, agregação plaquetária, contração do
músculo liso vascular e inibição da liberação de insulina.
Classificação dos receptores
Noradrenérgicos
• Receptores β

– Todos os receptores β estimulam a adenilil ciclase

– β1: São encontrados principalmente no coração→Aumenta da


frequência e força de contração cardíaca.

– β2: Broncodilatação, vasodilatação, relaxamento da musculatura lisa


visceral (terapeuticamente útil), glicogenólise hepática e tremor
muscular

– β3: Lipólise
Em resumo...
Fármacos que agem sobre a
transmissão noradrenérgica
• Fármacos agem sobre os receptores adrenérgicos:
– Agonistas e antagonistas α
– Agonistas e antagonistas β
• Fármacos que afetam a síntese de noradrenalina:
– Fármacos q afetam a síntese de noradrenalina
– Fármacos que afetam o armazenamento de noradrenalina
– Fármacos que afetam a liberação de noradrenalina
• Fármacos bloqueadores de neurônios noradrenérgicoss
• Aminas simpatomiméticas de ação indireta
– Fármacos inibidores da captura de noradrenalina
Receptores e localização

Tecido Efeito Tecido Efeito


Vasos sanguíneos Constrição Vasos sanguíneos Constrição/dilatação
Brônquios Constrição TGI Relaxamento
TGI Relaxamento Ilhotas pancreáticas Diminuição da
Esfíncters do TGI Contração secreção de insulina
Útero Contração Terminações Diminuição da
nervosas liberação
Esfíncter da bexiga Contração
colinérgicas e
Vias seminais Contração adrenérgicas
Íris – músculo radial Contração Plaquetas Agregação
Fígado Glicogenólise Tronco encefálico Inibição do efluxo
Glândula salivar Liberação de K simpático
Efeitos dos agonistas α
• Musculatura lisa:
– Contração dos músculos lisos, exceto do TGI;
– Contração dos músculos lisos das artérias –
diminuição da complacência vascular;
– Bradicardia reflexa e inibição da respiração;
– Efeito inibitório do sistema simpático sobre o TGI;
– Estimulação da proliferação do músculo liso –
hiperplasia prostática benigna.
Efeitos dos agonistas α
• Terminações nervosas:
– Efeito inibitório, principalmente α2.
• Coração:
– Hipertrofia cardíaca.
• Metabolismo:
– Glicogenólise (lise de glicogênio em glicose e
ácidos graxos);
– Secreção de insulina (α2).
Usos clínicos de agonistas α
• α1:
– Metoxamina – hipotensão e choque
(limitado);
– Fenilefrina, oximetazolina, nafazolina e
tetraidrazolina – hiperem congestão
nasal e hipotensão (fenilefrina).
Usos clínicos de agonistas α
• α2:
– Clonidina e metildopa – hipertensão, abstinência a
opióides e dor do câncer (as duas últimas
somente a clonidina).
Fármacos que atuam nas terminações
nervosas
• A metildopa dá origem a um falso transmissor
(metilnorepinefrina), que é um agonista α2-
adrenérgico potente, causando assim uma
forte retroalimentação présináptica inibitória
(bem como ações centrais). A sua utilização
como agente antihipertensor está limitada
principalmente à gravidez.
Antagonistas α-adrenérgicos
• Não-seletivos:
– fenoxibenzamina e fentolamina: hipertensão
(obsoleto) e sudorese associada ao feocromocitoma;
• α1-seletivos:
– prazosina, doxazosina, terazosina – hipertensão e
hiperplasia prostática benigna;
– α1A-seletivos: tansulosina – hipertensão prostática
benigna;
• α2-seletivos:
– Ioimbina – impotência orgânica e psicogênica.
Antagonistas α-adrenérgicos
• Mistos:
– Labetalol e carvedilol – hipertensão e angina.

• Derivados do esporão de centeio (ergot):


ergotamina e diidroergotamina - bloqueio dos
receptores α.
Usos clínicos
• Hipertensão grave: antagonistas seletivos α1;
• Hipertrofia prostática benigna – antagonistas
seletivos de receptores α1A;
• Feocromocitoma: fenoxibenzamina – preparo
pré-cirúrgico.
Receptores e localização
Receptores β1: Receptores β2: salbutamol, terbutalina e salmeterol
dobutamina Tecido Efeito
Tecido Efeito Vasos sanguíneos Dilatação
Coração Aumento da Brônquios Dilatação
força e TGI Relaxamento
frequência
Útero Relaxamento
Glândula Secreção de
salivar amilase Detrusor da bexiga Relaxamento
Vias seminais Relaxamento
Receptores β3 Músculo ciliar Relaxamento
Tecido Efeito Coração Aumento de frequencia e força
Músculo Termogênese Músculo Tremor, aumento de massa
esquelético esquelético
Gordura Lipólise e Fígado Glicogenólise
termogênese
Term. Nervosa Aumento da liberação
adrenérgica
Efeitos dos agonistas β
• Musculatura lisa:
– Relaxamento da maioria dos músculos lisos –
aumento de AMPc;
– Extrusão de Ca2+ - diminuição de Ca2+
intracelular;
– Dilatação do endotélio vascular – NO;
– Efeito inibitório simpático no TGI;
– Dilatação dos brônquios – β2;
– Relaxamento do músculo uterino.
Efeitos dos agonistas β
• Coração:
– Efeito estimulante sobre o coração – β1 – cronotrópico e
inotrópico ( contração e frequência cardíaca)

• Metabolismo:
– Glicogenólise - β1;
– Lipólise – β3 – possível tratamento da obesidade.

• Outros efeitos:
– Aumento da força de contração e trofia muscular – β2 – efeito
anabólico;
– Liberação de histamina de mastócitos;
– Imunomodulação.
Usos clínicos dos agonistas β
• Sistema cardiovascular:
• Parada cardíaca: adrenalina;
• Choque cardiogênico: dobutamina (agonista β1).

• Anafilaxia: adrenalina;

• Sistema respiratório:
– Asma: agonistas seletivos β2 – salbutamol,
terbutalina, salmeterol, formoterol;
– Descongestão nasal: efedrina e oximetazolina.
Asma

Broncodilatação
Usos clínicos dos agonistas β
• Outras indicações:
– Adrenalina: em associação com anestésicos locais
para prolongar sua ação;
– Trabalho de parto prematuro (salbutamol).
Antangonistas β-adrenérgicos
• Não-seletivos:
– Propranolol, nadolol: hipertensão arterial, angina, IC,
feocromocitoma,
– Timolol: glaucoma,
– Alprenolol e oxprenolol: possuem potencial atividade
agonista parcial;
• Seletivos para β1:
– Atenolol, esmolol, metoprolol, celiprolol: hipertensão,
angina e IC,
– Nebivolol: causa vasodilatação dependente de
endotélio.
Efeitos dos antagonistas β
• Sistema cardiovascular:
– Redução da pressão arterial em hipertensos:
• Redução do débito cardíaco,
• Redução da liberação de renina,
• Ação central – redução da atividade simpática.
• Efeitos adversos:
– Propranolol: contraindicado em pcts asmáticos –
broncoconstrição grave;
– Hipoglicemia em diabéticos durante o exercício;
– Depressão cardíaca: idosos hipertensos;
– Bradicardia: bloqueio cardíaco fatal – pct com doença
coronariana;
– Fadiga: redução do DC e perfusão muscular;
– Extremidades frias: perda de vasodilatação mediada pelos
receptores B nos vasos cutâneos.
Fármacos que afetam a síntese de
noradrenalina
• α-metiltirosina:
– Inibe a tirosina hidroxilase,
– Usada no tratamento do feocromocitoma.

• Carbidopa:
– Derivado de hidrazina,
– Inibe a dopa descarboxilase,
– Tratamento do parkinsonismo.

• Metildopa:
– Falso-precursor;
– Hipertensão durante a gravidez.
Fármacos que afetam o
armazenamento de noradrenalina
• Reserpina:
– Bloqueia o transporte de noradrenalina e outras
aminas para o interior das vesículas sinápticas;
– Depleção da 5-HT;
– Anti-hipertensivo (obsoleto);
– Uso experimental.
Fármacos que afetam a liberação de
noradrenalina
• Bloqueadores dos neurônios noradrenérgicos;
• Fármacos simpaticomiméticos de ação
indireta;
• Interação com receptores pré-sinápticos;
• Aumentando ou diminuindo os estoques
disponíveis de noradrenalina (reserpina).
Bloqueadores dos neurônios
noradrenérgicos
• Guanetidina:
– Descobertos em meados da década de 50,
– Inibição da liberação da NA das terminações
nervosas simpáticas.
– similares: bretílio, betanidina e debrisoquina,
– Reduzem a pressão sanguínea, porém com efeitos
adversos graves (perda dos reflexos simpáticos).
Aminas simpatomiméticas
• Ação indireta: tiramina, anfetamina e efedrina,
• São acumuladas pela captura 1 e deslocam a
noradrenalina das vesículas, permitindo seu
escape.
• Estimulantes do SNC.
Inibidores da captura de NA
• Aumentam a NA disponível.
• Antidepressivos tricíclicos
– Desipramina – efeitos adversos: taquicardia e
arritmias cardíacas.

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