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RESUMO (São Leopoldo), estão servindo de piloto para adaptação


deste método ao contexto brasileiro. Após seis meses da
Com a mudança do cenário mundial, onde a implementação da ferramenta, houve melhoria da
competitividade acirrada entre as montadoras é cada vez comunicação interna entre fornecedores e clientes, o que
maior, competir por custo e qualidade tornou-se questão de ajuda na obtenção da norma de qualidade ISO 9001
sobrevivência, independentemente de maiores lucros. A (Alves, 2004).
proposta desse trabalho é elaborar uma bibliografia básica
para o entendimento da metodologia dos QG e demonstrar A próxima parte deste trabalho mostrará um breve
uma aplicação prática no desenvolvimento de produtos em histórico da metodologia de QG, juntamente com os pontos
uma montadora, além de verificar a evolução da utilização chaves durante a aplicação deste tipo de gerenciamento de
da metodologia, a empresa do estudo de caso; pois vários recursos. Finalmente, na última parte, são analisados os
trabalhos já abordaram a implantação dos QG na ganhos depois da aplicação da metodologia em outros
companhia, a proposta agora é demostrar os ganhos projetos.
advindos da maturação da ferramenta no processo de
desenvolvimento de produtos. QUALITY GATES NO PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
INTRODUÇÃO
O projeto de produtos industriais não deve ser uma
As empresas brasileiras apresentam um percentual de atividade puramente empírica, mas deve estar balizado por
12% de retrabalho e 5% de defeitos no processo de uma conjunto de normas (Asimow, 1968).
produção, gerando perdas materiais, ambientais e de tempo
de produção, de acordo com dados da Confederação Há uma divisão de fases proposta por
Nacional da Indústria (Alves, 2004). Utilizar um sistema Clark&Fujimoto (1991), onde há uma seqüência de
de gerenciamento de recursos que otimize esses processos é entradas e saídas, de acordo com a interdependência entre
fundamental para aumentar a competitividade da empresa. os diversos tipos de atividades. Ao final de uma fase e
Florenzano (1999) considera que o desempenho em um início de outra um GQ é transportado. Há a verificação de
projeto de desenvolvimento é determinado pela estratégia atividades e resultados obtidos até aquele momento do
de produto da empresa e por suas capacidades no processo projeto. Os critérios definidos para cada QG são baseados
como um todo, inclusive na interface entre em atividades relevantes para o bom andamento do projeto.
desenvolvimento de produtos e manufatura, e sua A própria cultura da empresa influencia. A figura 1 mostra
organização. Tanto no processo produtivo quanto no de o fluxo de atividades proposto por Clark&Fujimoto (1991).
desenvolvimento a metodologia de QG está sendo
largamente utilizada. Desde de setembro de 2003, no Rio
Grande do Sul, empresas como a Metalúrgica Preciuse

1
QG 0 o tema é a industrialização, há o
Planejamento Engenharia Planejamento Produção acompanhamento dos veículos na linhas de produção
Conceito
do Produto do Produto do Processo Piloto de veículos em série

Já o AEP (Auditoria de Entrega do Produto)


Figura XX: Fases do Processo de Desenvolvimento de verifica os itens com defeitos que os clientes
Produto (Clark&Fujimoto, 1991) reclamaria, caso ela passasse pela AP. Existem cotas
Neste ponto, quando é constatado que houve de 1 a 9 para classificar os problemas:
cumprimento das atividades planejadas, há a constatação
da maturidade necessária para o próximo QG. São - Cota 9: 80% dos clientes reclamariam – peças
tomadas decisões em relação aos novos pontos relevantes soltas, folga no volante, freio não funciona etc.;
para a continuidade do projeto, tanto operacional quanto
gerencialmente. - Cota 5: 40% dos clientes reclamariam – estribo
rachado, painel com mau contato nas teclas etc.;
Abaixo, na figura 2, é possível visualizar cada
QG com os principais pontos do projeto, como início - Cota 3: 10% dos clientes reclamariam –
das fases de testes e produção em série do veículo. escorrido de tinta, deformação nas aletas do
Macro cronogramas como estes foram criados no radiador etc.;
primeiro projeto que utilizou esta metodologia. Como
se mostrou uma ferramenta importante na tomada de - Cota 1: 1% dos clientes reclamariam – trinca no
decisões continuou sendo usada regularmente na bloco do motor, trinca interna na cabina etc.
empresa para outros projetos.
A intenção do AEP é obter a máxima satisfação
Cada área da empresa tem suas atividades a esperada do cliente na compra de um veículo novo,
serem cumpridas para que haja a passagem de QG priorizando os critérios voltados para o cliente e minimizar
para outro. Há várias maneira de monitorar o os custos de garantia nos 3 meses primeiros meses.
andamento dessas atividades, como mostra a figura 3.
Houve uma queda significativa ao longo dos anos nos
índices de AEP. Isoladamente o gerenciamento por QG não
RESULTADOS OBTIDOS COM A IMPLANTAÇÃO explica a melhora nesses índices, mas sua contribuição na
sistematização da atividades e, consequentemente, a
Desde sua implantação, os QG estão sendo organização e controle dos processos foi fundamental.
largamente utilizados para o gerenciamento de
projetos na empresa. O grupo também assumiu como Alguns indicadores diretamente ligados ao
oficial a utilização dessa ferramenta. Um dos motivos desenvolvimento foram criados pelo IMVP (International
principais foi a necessidade de todos as fábricas do Motor Vehicle Program) do MIT (Massachusetts Institute
grupo falarem a mesma linguagem, pois muitos of Technology) e estão no livro A Máquina que Mudou o
projetos são desenvolvidos em conjunto. Em qualquer Mundo de Womack, J. e Jones, D. (1992). Alguns desses
fábrica do mundo um engenheiro pode se fazer indicadores estão na figura abaixo e foram atualizados pela
entender quando diz que um projeto está QG 1, por empresa, justamente como uma forma de verificação do
exemplo. Este é lançamento dos veículos do projeto. desempenho da área de desenvolvimento.
Há um grande envolvimento da área de pós-vendas,
assim como na produção todo o ferramental utilizado
é o definitivo. DCBr - 1996 DCBr - 2003

Outro aspecto importante do gerenciamento por Tempo de desenvolvimento Médio por


5 3,4
QG foi o controle da qualidade desde o nascimento Carro Novo (em anos)
Número de Funcionários nas Equipes
da veículo. Há indicadores como a Auditoria de de Projeo
435 205
Produto (AP), que é uma verificação completa de Percentual médio de peças
28% 48%
veículos liberados para venda escolhidos compartilhadas
aleatoriamente com base nas especificações de Produtos com Atraso 2 em 3 1 em 3
Tempo entre Início da Produção e 1a.
projetos e nos requisitos de qualidade da empresa. A Venda (meses)
7 4
meta é avaliar os padrões de qualidade e segurança Retorno à Qualidade Normal após
12 8
do produto. Na figura 4 é possível verificar que, em Novo Produto (meses)
média a produção se manteve próxima das 37.800 Figura 1: Desempenho do Desenvolvimento de Produtos.
unidades, houve uma queda no índice de AP. Isto (adaptado de Womack at al, 1992)
quer dizer que a cada ano ocorreram menos não- Todos os seis indicadores da figura 6 mostraram
conformidades de peças nos produtos finais. resultados positivos no período de sete anos. Este é um
Certamente, esse é um resultado dos processos de conjunto de indicadores que permitiu a avaliação da
desenvolvimento e manufatura eficientes. Como no ferramenta de desenvolvimento de novos produtos, o QG,

2
este se mostrou peça chave para uma eficiente constatação Nesta etapa 60% dos testes físicos são realizados.
das melhorias adquiridas, como pode ser visto na figura 6. Durabilidade, funcionais, banco de provas e schlechtweg.

Para demostrar como o andamento das atividades de


cada QG acontece, a seguir são relacionados exemplos de
trabalhos para os QG 8, 6 e 4.

- QG 8: Aprovação do Caderno de Encargos

Depois das discussões nos QGs 10 e 9, as


informações estão mais maduras e há especificidade Figura 4: Pista de Teste de Schlechtweg na Alemanha (
técnica para a elaboração do Caderno de Encargos, como Intranet, XXX)
no projeto dos ônibus articulados em andamento (figura7) . O Schlechtweg é um teste estrutural com a utilização
da pista de testes na Alemanha. Esta é uma pista artificial
de vibração que permite a repetitividade do teste, e pela
agressividade dela, permite a simulação da vida dos
produtos de forma acelerada. A quilometragem prevista é
de 5.000 km. Na figura 9 é possível observar o desenho da
pista com 1,25 km em Sttutgart.

Realização de testes veiculares estruturais de


durabilidade e funcionais em estradas, para toda a linha de
veículos comerciais. Além de bancos de provas de motores
e cabinas (figura 10).

Figura 2: Protótipo Virtual da Cabina


Testes virtuais através do software DMU são
largamente utilizados. Nas figuras 8 e 9 é possível
visualizar a exatidão da imagem e, consequentemente sua
equivalência com o protótipo físico. Esta etapa tem se
mostrado fundamental porque reduz custos com suas
possibilidades de simulações, onde peças que teriam que
ser construídas com ferramental provisório, tem suas
medidas e processos de fabricação simulados, dentro da Figura 5: Banco de Provas
parametrização real do veículo completo (Vilela et al,
2000). O produto final da primeira aplicação da metodologia
de QG é o Accelo em duas versões: o 715C e o 915C. A
figura 11 mostra o novo caminhão da categoria leve.

Figura 3: Protótipo Virtual Accelo.

- QG 4: Validação do Projeto.

3
Figura 6: Accelo, da categoria de veículo comercial leve
– Primeiro projeto a utilizar a metodologia de QG.

CONCLUSÕES

Durante a revisão bibliográfica realizada para este


trabalho os autores verificaram a publicação de vários
trabalhos que analisam a implantação da metodologia dos
QGs, tanto na quanto em outras empresas, como a
Embraer. Até projetos pilotos em gestão pública estão em
andamento pelo país. A proposta inicial deste artigo foi
ampliar esta pesquisa referente a implantação dos QGs nas
empresas e verificar ganhos ao longo do tempo após a
consolidação da ferramenta na empresa. Foi escolhida
como estudo de caso porque, além de ser o local de
trabalho dos autores é uma empresa representativa da
indústria automobilística e é uma das poucas montadoras,
que desenvolvem produtos aqui no Brasil. Após a
prospecção dos dados relevantes da empresa e a integração
com a bibliografia levantada, o objetivo do trabalho foi
alcançado. Certamente que há muitos aspectos
relacionados com este assunto que devem se exaurir, mas
ao observarmos os indicadores de desempenho inseridos no
trabalho, todos tem resultados positivos. Outro ganho
importante foi a equalização de informações através dos
QGs, pois se tornou uma linguagem mundial, aplicada em
todas as fábricas do grupo. Este item melhora a interface
entre as empresas do grupo e gera economia de tempo
através do entendimento entre colaboradores funcionais e o
corpo gerencial da empresa. Juntamente com o
gerenciamento por QGs o desenvolvimento de protótipos
virtuais através do DMU também ajudou a reduzir os
tempos de desenvolvimento, reduzindo a necessidade de
recursos para este processo. Várias foram a melhorias
implantadas na empresa deste que os QGs foram
introduzidos. Todas elas tiveram uma papel importante no
aprendizado e nas constantes reduções de custos que
aconteceram, isoladamente, os QGs não podem ser
responsável pelo melhor desempenho da companhia, mas a
busca por novas tecnologias e conhecimento faz parte de
uma cultura voltada para a eficiência, o que transforma o
gerenciamento de projetos por QG em um item importante
para a organização e pela melhor e mais racional utilização
de recursos da fábrica, sejam esses recursos mão-de-obra,
materiais, ferramentas etc.

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BIBLIOGRAFIA

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