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Regra geral: sempre que alguém pede uma providência cautelar tem de pedir também
uma tutela definitiva, através de uma acção principal. Pode fazê-lo de 2 maneiras:
a) O autor propõe uma acção e percebe que se ficar à espera da sua
procedência vai ter inúmeros danos, então pede um procedimento cautelar
para o direito ficar logo tutelado
b) A parte vê a acontecer na sua vida uma situação que precisa de tutela dos
tribunais e pede, primeiro a providencia e depois a acção principal
Art. 374º - Se já tiver sido concedida uma providência cautelar e, depois na acção
principal o juiz disser que afinal o autor não tem direito àquilo que pediu, se se
demonstrar que o requerente agiu com pouca prudência quando pediu a providência,
este tem de pagar uma indemnização ao requerido.
Art. 373º/1, a) – Se o tribunal decretar uma providência e a parte não propuser uma
acção principal no prazo certo, esta caduca, precisamente porque é uma decisão
provisoria.
Art. 376º/3 – Não há princípio do pedido: o juiz tem liberdade param se a parte pedir um
arresto, decretar uma providencia comum
Art. 368º/3 – Se a parte pedir uma providência, mas o juiz achar que é suficiente
ordenar o requerido a pagar uma caução, pode substituir a providência por uma caução
Inversão do Contencioso: a providência cautelar definitiva tem lugar só por si. O que
inverte é o ónus de propor a acção principal, depois de ter sido decretada a providência
cautelar.
A acção principal pode ser proposta, mas pelo requerido. Portanto, havendo inversão
do contencioso, o autor é o requerido.
Requisitos:
a) Tem de ser requerido pela parte, art. 369º/2
b) O juiz tem de estar convencido, nos mesmos termos em que tem se estar
convencido na acção principal.
Primeiro, o juiz declara a providência cautelar. Depois, se estiver realmente
convencido, declara a inversão do contencioso.
Exige então, este requisito, que tenhamos passado a fase da mera justificação e
do fomus bonus iruris, e estejamos na parte da prova strictu sensu e no
convencimento de que o direito existiu.
c) Natureza da providência cautelar – só se pode falar em inversão do contencioso
quando a providencia decretada corresponda exactamente àquilo que o autor
quer obter na acção principal.
Diz-nos o artigo 376º/4, acerca das providências especificadas, aquelas em que
se pode verificar a inversão.
d) Para MTS só se pode decretar a inversão nas situações em que a providência foi
requerida antes da acção principal;
Se há uma dispensa do requerente de propor a acção principal, não faz sentido
estar a ser dispensado de algo que já ocorreu
Quando o requerido toma a opção de propor a acção principal, que tipo de acção é?
MTS diz que esta acção se pode configurar de 2 maneiras:
1. O requerido propõe a acção principal e nessa acção pede a impugnação da
decisão que foi tomada em se de providência cautelar. Aqui, a causa de pedir da
impugnação é dizer que os fundamentos em que o juiz fundou a sua decisão, de
considerar que o direito do requerente existe, estão errados; trata-se de uma
acção de simples apreciação negativa – compete ao réu provar os factos
constitutivos do direito que se arroga, art. 343º - na maioria das vezes, recorre-
se a esta
2. O requerido propõe uma segunda acção normal (simples apreciação,
condenação ou constitutiva), mas que em si mesma seja incompatível com
aquilo que foi decidido na providência cautelar. Se a acção do requerido
proceder, então, indirectamente, ataca a providência cautelar decretada –
nesta, compete ao autor demonstrar os factos constitutivos do seu direito
*Principio da preclusão
Se o requerido na providência cautelar não invocar algum facto modificativo, extintivo
ou impeditivo só direito do autor, pode depois vir a invoca-lo na acção principal? Depois
de ter sido invertido o contencioso?
MTS – sim! Não opera a preclusão entre a providência e a acção principal, mesmo que
tenha sido decretada inversão do contencioso. Por isso é que, muitas vezes, há motivo
de facto, para o requerido propor a acção principal, como autor, podendo logo invocar
na PI um facto extintivo, modificativo ou impeditivo do direito em causa. Isto fará
sentido na medida em que o requerido não tem o mesmo tempo para se defender na
providência que o réu tem numa acção principal.