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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ANDRÉ YUKIO IKENO

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA


IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE
ÁGUAS PLUVIAS EM EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL DE
MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

MARINGÁ
2016
1

ANDRÉ YUKIO IKENO

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA


IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE
ÁGUAS PLUVIAS EM EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL DE
MÚLTIPLOS PAVIMENTOS

Monografia apresentada como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão
de Curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Maringá.

Orientador: Prof. Mestre Alexandre Hitoshi Ito

MARINGÁ
2016
2

ANDRÉ YUKIO IKENO

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA


IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE
ÁGUAS PLUVIAS EM EDIFÍCIO RESIDÊNCIAL DE
MÚLTIPLO PAVIMENTOS

Monografia apresentada como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão
de Curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Maringá.

Aprovada em _____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________
Prof. Mestre Alexandre Hitoshi Ito (Orientador) - UEM

________________________________________
Profª. Dra. Luci Mercedes de Mori - UEM

________________________________________
Prof. Dr. Ed Pinheiro Lima - UEM
3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dar saúde e conceber sabedoria para que eu
conseguisse terminar a minha graduação.
Em segundo lugar aos meus pais que concederam a oportunidade de fazer a graduação
e me ensinaram que as conquistas mais difíceis são as que damos mais valor. As minhas irmãs
pelo incentivo. Ao meu primo Daniel que me ajudou durante toda a graduação.
Em terceiro lugar ao meu professor e orientador Alexandre Hitoshi Ito, por todo apoio
e suporte durante a realização deste presente trabalho.
Em quarto lugar a Universidade Estadual de Maringá em geral, por me oferecer um
ambiente para que eu pudesse ter um ensino de qualidade.
Em quinto lugar aos meus amigos da Taky Empreendimentos, em que convivi durante
três anos e ajudaram a colocar em prática os conhecimentos adquiridos na faculdade, além de
ajudarem no meu crescimento pessoal. Entre eles: Dr. Vicente, Rogerio, Victor, João Carlos,
Emerson, Cabral, Diego, Tomaz, Rosimeire e Daniele.
Por fim, meus amigos de faculdade André, Arthur, Edmar, Isadora e Renato que me
acompanharam durante toda essa jornada. Aos meus amigos do grupo Cachaça, do grupo
Garutis e Garutas, as amigas de longa data Veronica, Karoline e Jéssica pelo constante apoio
durante toda a graduação.
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Um homem é um sucesso se pula da cama de


manhã e vai dormir à noite, e, nesse meio tempo,
faz o que gosta.
Bob Dylan
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RESUMO

O uso da água da chuva traz benefícios financeiramente e ecologicamente, uma das vantagens
do aproveitamento de água da chuva é a utilização das estruturas já existentes nas edificações,
como telhado, lajes, calhas e condutores, o baixo impacto ambiental, e obtenção de água de
boa qualidade com pouco ou nenhum tratamento, o complemento ao sistema tradicional e a
reserva de água para situações de emergência. Outro benefício é economia de água tratada
fornecida pela concessionária e ajuda a evitar inundações nas regiões em que os solos são
altamente impermeabilizados. O objetivo do presente trabalho é analisar a viabilidade
econômica na implantação do sistema de aproveitamento de água pluvial para fins não
potáveis. Para isso, fez-se um estudo de caso em um edifício de múltiplos pavimentos situado
na cidade de Bauru-SP. Com base nos projetos do empreendimento, fez-se um levantamento
dos gastos com os insumos que serão utilizados, avaliou-se a área de captação aproveitável,
verificou-se o quanto será a economia mensal de água potável com base nas tarifas da DAE
(Departamento de Água e Esgoto de Bauru-SP) e com o uso de ferramentas de análise
econômica obteve-se um retorno do investimento de 12 anos.

Palavras-chave: Água da chuva. Sustentabilidade. Viabilidade Econômica.


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Lista de Figura

Figura 1 - Distribuição de água doce e salgada no mundo ....................................................... 14


Figura 2 - Distribuição percentual do consumo de água no Brasil ........................................... 15
Figura 3 - Porcentagem de água no uso doméstico no Brasil ................................................... 16
Figura 4 - Ciclo da água ........................................................................................................... 17
Figura 5 - Pluviômetro.............................................................................................................. 18
Figura 6 – Pluviágrafo .............................................................................................................. 19
Figura 7 – Sistema de captação e aproveitamento de água da chuva ....................................... 23
Figura 8 - Área de Contribuição ............................................................................................... 25
Figura 9 - Peneira para calhas................................................................................................... 27
Figura 10 – Exemplo de representação gráfica do fluxo de caixa ............................................ 29
Figura 11 – Exemplo de gráfico da CURVA ABC .................................................................. 33
Figura 12 – Objeto de estudo: Edifício Infinity Bauru ............................................................. 35
Figura 13 - Filtro modelo WFF 150 ......................................................................................... 35
Figura 14 - Esquema do interior do filtro modelo WFF 150 .................................................... 36
Figura 15 - Freio de água.......................................................................................................... 37
Figura 16 - Bomba submersível Multigo da Wisy ................................................................... 37
Figura 17 – Caixa da água 15.000l de polietileno .................................................................... 38
Figura 18 – CURVA ABC ......................................................................................................... 3
7

Lista de Tabelas
Tabela 1 - Distribuição dos recursos hídricos e densidade demográfica no Brasil .................. 15
Tabela 2 – Coeficiente de Runoff ............................................................................................. 26
Tabela 3 – Tabela para análise da Curva ABC ......................................................................... 32
Tabela 4 – Planilha para dimensionamento pelo Método da Análise da Simulação ................ 40
Tabela 5 - Precipitação média mensal entre os anos de 2001 a 2016....................................... 44
Tabela 6 - Tarifa residencial com base no consumo mensal da concessionária de Bauru-SP ... 0
Tabela 7 - Materiais necessários para a implantação do sistema de aproveitamento de água de
chuva........................................................................................................................................... 1
Tabela 8 – Dados da CURVA ABC ........................................................................................... 2
8

Lista de símbolos
- área de coleta em projeção, expresso em metro quadrados (m2);
C – coeficiente de Runoff;
Co – capital inicial investido;
( ) - demanda ou consumo no tempo t;
FC – fluxo de caixa;
- intercepção da água que molha as superfícies e perdas por evaporação, geralmente 2 mm;
n – tempo total projeto;
- precipitação média anual, expresso em milímetros (mm);
( ) - volume de chuva aproveitável no tempo t;

( ) - volume de água no reservatório no tempo t;

( ) - volume de água no reservatório no tempo t-1;


t – períodos;
- número de meses de pouca chuva ou seca;
TMA – taxa mínima de atratividade;
VPL – valor presente líquido;
- volume do reservatório;
- volume de água que está no tanque no início do mês t.
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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................... 13
1.3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 13
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 13
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 14
2.1 CICLO HIDROLÓGICO ............................................................................................... 16
2.2 INTENSIDADE DAS PRECIPITAÇÕES ATMOSFÉRICAS ...................................... 17
2.2.1 Pluviometria ............................................................................................................ 17
2.3 APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA NO MUNDO.................................... 19
2.4 APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA NO BRASIL .................................... 20
2.5 PARTES COMPONENTES PARA A CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA ............ 22
2.5.1 Água de chuva ......................................................................................................... 23
2.5.2 Área de captação...................................................................................................... 24
2.5.3 Calhas e condutores ................................................................................................. 25
2.5.4 Coeficiente de Runoff (C) ....................................................................................... 26
2.5.5 First Flush ............................................................................................................... 26
2.5.6 Peneira ..................................................................................................................... 26
2.5.7 Equipamentos de filtragem ...................................................................................... 27
2.5.7 Extravasor ................................................................................................................ 27
2.5.8 Instalações prediais .................................................................................................. 27
2.5.9 Reservatório ............................................................................................................. 28
2.6 VIABILIDADE ECONÔMICA ..................................................................................... 29
2.6.1 Fluxo de Caixa ......................................................................................................... 29
2.6.2 Modelos Determinísticos de Análise de Projetos .................................................... 29
2.6.2.1 Valor Presente Líquido (VPL) ...................................................................................... 29
2.6.2.2 Payback Simples .......................................................................................................... 30
2.6.2.3 Payback Descontado..................................................................................................... 31
2.7 CURVA ABC ................................................................................................................. 31
3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................. 34
3.1 LOCAL DE ESTUDO .................................................................................................... 34
3.2 COMPONENTES DO SISTEMA DE CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DE
ÁGUA DA CHUVA NO EDIFÍCIO INFINITY BAURU .................................................. 35
3.3 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO ................................ 38
3.3.1 Método de Rippl ...................................................................................................... 38
3.3.2 Método da Simulação .............................................................................................. 39
3.3.3 Método Azevedo Netto............................................................................................ 41
3.3.4 Método prático alemão ............................................................................................ 41
3.3.5 Método prático inglês .............................................................................................. 41
10

3.3.6 Método prático australiano ...................................................................................... 41


4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 43
4.1 DIMENSIONAMENDO DO RESERVATÓRIO .......................................................... 43
4.2 ESTIMATIVA DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL ............................................... 0
4.3 ESTIMATIVA DE CUSTOS COM A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ................ 1
4.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA .............................................................. 4
5. CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 0
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 2
11

1. INTRODUÇÃO

Nos recentes eventos relacionados às condições climáticas, tem se observado uma


intensificação da seca, ou chuva, ao calor ou frio, durante as estações, principalmente
apresentado pelo efeito do El Niño e La Niña, ocasionando excesso ou falta de água em escala
mundial. A expansão urbana e imobiliária também influência o ciclo hidrológico, devido a
impermeabilização do solo, logo, diminuindo a disponibilidade de vegetação em solo urbano,
que também funciona como um controlador climático.
Desta maneira, atitudes de conscientização em relação ao uso da água e ocupação do
solo tem sido apresentada a população para garantir o equilíbrio climático, como também
proporcionar qualidade de vida. Estudos mostram que a qualidade de vida está diretamente
ligada à disponibilidade de recursos, tais como alimentos, saúde e água potável, assim
refletindo na longevidade do ser humano (PERCEGONA: SOUSA, 2002).
Atualmente, uma das formas adotadas para a redução do consumo de água tratada é a
utilização da água da chuva que é coletada na cobertura da edificação. Também contribui para
a redução da onda de cheia, quando ocorrem picos de recebimento de águas em galerias
pluviais, gerando transtorno quando mal drenados, assim parte da água que seria destinada a
galeria e rios são armazenadas nas edificações, assim, se reduz o risco de alagamentos das
vias públicas e prejuízos sociais e econômicos.
Umas das ferramentas que incentivam a prática do uso da água de chuva são políticas
desenvolvidas pelo poder legislativo, como as leis n° 191 de 2013 do Senado Federal (Senado
Federal, 2013); e a lei 10.785/03 da cidade de Curitiba-PR (Curitiba, 2003), que estabelecem
condições para reservatórios de água de chuva em estabelecimentos residenciais ou
comerciais em locais urbanos, podendo ser ou não utilizado para consumo não potável.
De acordo com Tomaz (2010) os principais motivos que levam a decisão para se
utilizar água de chuva são basicamente a conscientização ecológica da necessidade da
conservação da água, principalmente em regiões de baixa disponibilidade hídrica, localidades
com elevadas tarifas das concessionárias públicas, retorno de investimento (payback) rápido,
instabilidade do fornecimento de água pública, exigência de lei específica e locais onde a
estiagem é maior que 5 meses.
No presente trabalho, o principal objetivo é analisar a viabilidade econômica para
implantação do sistema de aproveitamento de água pluvial em edifício de múltiplos
pavimentos, por meio da análise de definição dos custos da implantação, verificação do
reservatório e cálculo do tempo de retorno do investimento (payback).
12

1.1 JUSTIFICATIVA

Vários países estão enfrentando o problema de escassez de água e uma das causas para
esse problema é o crescimento populacional, desenvolvimento desordenado das cidades aliado
ao aumento da demanda de água pela indústria e pela agricultura, pelas mudanças climáticas,
pela contaminação das fontes e pelo desperdício provocando o esgotamento das reservas
naturais de água.
Segundo Tomaz (2010) existe duas formas de programar medidas de conservação de
água no uso urbano (residencial, comercial e industrial) as convencionais e não
convencionais.
Para o mesmo autor as medidas convencionais consistem em conscientizar as pessoas
a fazer o uso racional das águas através de mudança no preço das tarifas, leis sobre aparelhos
sanitários, educação pública, reciclagem e reuso da água, redução de pressão nas redes
públicas, conserto de vazamento nas redes públicas e conserto de vazamentos nas residências.
As medidas não convencionais são reuso e águas cinzas (águas servidas), utilização de
excretas de vaso sanitários em compostagem, aproveitamento de água de chuva,
dessalinização de água do mar ou salobra, aproveitamento de água de drenagem do subsolo de
edifícios.
A escolha da implantação do sistema de aproveitamento da água de chuva é
consequência da sua simplicidade na instalação e dos benefícios financeiro e ecológico que
ele proporciona.
É de suma importância o proprietário do empreendimento e o proprietário do imóvel,
saber dos benefícios que este sistema proporciona. Pois com a conscientização das pessoas, é
possível implementar novas formas de minimizar os impactos no meio ambiente e garantir
que as gerações futuras não sofram com a escassez de água tratada.
Desta forma, a conservação da água é um conjunto de atividades que consiste em
reduzir a demanda de água tratada, evitar o desperdício, melhorar o uso e implantar práticas
para economizar água.
13

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade econômica para a


implantação do sistema de aproveitamento da água pluvial em edifício residencial de
múltiplo pavimentos para fins não potáveis.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Analisar o volume a ser armazenado no reservatório;


 Definir os custos da implantação (materiais, mão de obra, equipamentos e
operação);
 Calcular o tempo de retorno do investimento.
14

2. REVISÃO DE LITERATURA

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2015) o planeta terra é composto por


aproximadamente 30% de superfície terrestre e 70% por água. 97,5% da água no planeta é
salgada que é inapropriada para o consumo humano e para o uso nas indústrias. Da parcela de
água doce, 68,9% encontra-se em geleiras, calotas polares, 29,9% são água subterrâneas,
0,9% compõe a umidade do solo e dos pântanos e apenas 0,3% constitui a porção superficial
de água doce presente em rios e lagos como é apresentada na Figura 1.

Figura 1 - Distribuição de água doce e salgada no mundo

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2015)

De acordo com Tomaz (2010) o Brasil possui 12% de água doce do mundo, tendo uma
das maiores bacias hídricas. No entanto, em certas regiões ocorre a escassez devido ao
desequilíbrio hídrico entre a distribuição demográfica, industrial e agrícola.
Na Tabela 1 são apresentados dados da Agência Nacional de Águas (ANA, 2010) as
quais informam que no Brasil 68,5% dos recursos hídricos estão na região norte, enquanto no
nordeste há 3,3%, sudeste 6,0%, sul 6,5% e centro-oeste 15,7%. A discrepância na
distribuição ocorre na região norte por possuir 68,5% da nossa água doce e a menor densidade
demográfica do país, sendo de 4,12 hab·m-2, enquanto que no nordeste existem 34,15 hab·m-2,
na região sudeste 86,92 hab·m-2, no sul 45,58 hab·m-2 e o centro-oeste 8,75 hab·m-2. Portanto,
o Brasil apresenta uma quantidade significativa de água, no entanto, apresenta uma
distribuição desigual, mas ela não é bem distribuída, pois, onde existe muita água doce ocorre
pouca população e onde existe muita população há baixa disponibilidade de água.
15

Tabela 1 - Distribuição dos recursos hídricos e densidade demográfica no Brasil


Região Densidade demográfica Concentração dos recursos
(hab.km2) hídricos do país
Norte 4,12 68,5%
Nordeste 34,15 3,3%
Centro-Oeste 8,75 15,7%
Sudeste 86,92 6,0%
Fonte: IBGE / ANA - Agência Nacional das Águas (2010) (Adaptado)

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2015) o Brasil registra um elevado


percentual de desperdício de água, cerca de 20% a 60%. Isto ocorre devido a perda na
distribuição entre a estação de tratamento e o consumidor, em consequencia das condições de
conservação das redes de abastecimento. O desperdício nas residências também é um fator
importante, decorrentes do elevado tempo no banho, da utilização de vasos sanitários que
consomem muita água, da lavagem de louça com água corrente, do uso da mangueira como
vassoura para limpeza de calçadas, da lavagem de carro entre outros.
Para o mesmo autor, o Brasil utiliza em média 70% da água no setor agrícola, 22% no
setor industrial e 8% no uso doméstico, conforme representado na Figura 2. O uso agrícola
serve para a irrigação de hortas. Na indústria, seu uso vai desde a incorporação da água nos
produtos até a lavagem de materiais, equipamentos e instalações, a utilização em sistemas de
refrigeração e geração de vapor.

Figura 2 - Distribuição percentual do consumo de água no Brasil

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2015)

Na Figura 3 são apresentados dados obtidos da ANA (2010) em relação ao uso


doméstico, onde é indicado que 35% da água é usada em vasos sanitários, 27% para tomar
banho, 17% para lavagem de roupa, 7% na cozinha para lavar louça, frutas e verduras. 6% em
16

lavatórios de banheiro, 4% em tanque para lavar roupa, 1% lavagem de piso, 1% para rega de
jardim e 1% para beber e cozinhar.

Figura 3 - Porcentagem de água no uso doméstico no Brasil


1% 1% 1% 1% 1 Vaso sanitário 35%
4% 2 Banho 27%
6% 3 Lavagem de roupa 17%
7% 4 Cozinha 7%
35%
5 Lavatório 6%
17% 6 Tanque 4%
7 Lavagem de piso 1%
27% 8 Lavagem de carro 1%
9 Jardim 1%
10 Beber e cozinhar 1%
Fonte: ANA - (2010) (Adaptado)

A partir dos dados observados na Figura 3 podem ser desenvolvido medidas para a
econômia hídrica, como a implementação do uso de água de menor qualidade como em vaso
sanitário, rega de jardim e lavagem de piso e carro. Isso corresponderia a uma economia de
em média 40% de água fornecida tratada. Uma das alternativas seria fazer o uso de água da
chuva para esses fins, que será analisado mais detalhadamente como segue.

2.1 CICLO HIDROLÓGICO

Segundo Góis e Telles (2013) a circulação da água entre os reservatórios oceânicos,


terrestre e atmosférico é chamado de ciclo hidrológico ou ciclo da água. Esse movimento
acontece pela força da gravidade, ventos e luz solar, este último responsável pela a
evaporação das águas dos oceanos e continentes para a atmosfera, formando as nuvens.
Na Figura 4 é apresentado o ciclo hidrológico que é iniciado quando a precipitação
ocorre em solo e a água seguirá por várias etapas. Uma parte se infiltra no solo pela força da
gravidade, como água subterrânea, e quando não encontrarem mais espaços, é iniciado o
movimento horizontal em direção às áreas de baixa pressão. Quando a precipitação é maior
que a capacidade de absorção do solo, acontece o escoamento superficial, e a água escorre até
uma área mais baixa, indo alimentar rios, riacho, mares, lagos e oceanos, assim se encerrando
o ciclo.
A vegetação tem um importante papel nesse ciclo, pois uma parte da água que cai é
absorvida pelas raízes e acaba voltando à atmosfera em forma de transpiração, esse fenômeno
17

é chamado de evapotranspiração. Em regiões de muito frio, a água pode se acumular em


forma de gelo.

Figura 4 - Ciclo da água

Fonte: EducaBras (2016)

2.2 INTENSIDADE DAS PRECIPITAÇÕES ATMOSFÉRICAS

Para Góis e Telles (2013), precipitação é entendida como toda a água que está presente
na atmosfera e atinge a superfície terrestre. A precipitação possui diversas formas: chuva,
granizo, orvalho e neve. A forma mais importante de precipitação é a chuva, pois nesse estado
que ocorre a infiltração no solo e escoamento superficial.
A chuva é caracterizada por meio de três grandezas: altura, duração e intensidade.
A altura pluviométrica é o volume da chuva precipitado medido em milímetros
(mm). No entanto, esse valor não tem significado se não estiver relacionado a uma
duração, a qual sempre está relacionada a um período de tempo (por exemplo, 50
mm.mês-1 ou 15 mm.h-1); sendo assim, a intensidade tem por finalidade caracterizar
a variabilidade temporal, e geralmente é medido em mm/h ou mm/min, sendo
muito importante para determinação de vazões. (Góis; Telles, 2013, pg. 60)

2.2.1 Pluviometria
De acordo com Góis e Telles (2013) a chuva é medida com a utilização de
instrumentos chamados pluviômetros, que são recipientes para coletar água precipitada, com
algumas dimensões padronizadas.
18

Na Figura 5 é apresentada um exemplar de um pluviômetro. Possui uma forma


cilíndrica com uma área superior de captação da chuva de 400 cm2, de modo que um volume
de 40 ml de água acumulado do pluviômetro corresponda a 1 mm de chuva. O pluviômetro é
instalado a uma altura padrão, a 1,50 m do solo, a uma certa distância de casas, árvores e
outros obstáculos que possam interferir na quantidade de chuva captada.

Figura 5 - Pluviômetro

Para Góis e Telles (2013), existem pluviômetros que fazem medições


automaticamente, registrando os dados medidos em intervalos de tempos inferiores a um dia,
que são chamados de pluviógrafos, são mecânicos e utilizam uma balança para pesar o peso
da água e um papel para registrar o total precipitado. Os primeiros pluviógrafos fazia o
registro em papel mas foram substituídos por pluviágrafos eletrônicos com memória (data-
logger), conforme ilustrado na Figura 6.
19

Figura 6 – Pluviágrafo

Em um projeto de aproveitamento de água da chuva, é de suma importância, saber a


quantidade de chuva que incide em determinada área num determinado período, para que seja
possível o dimensionamento do reservatório.

2.3 APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA NO MUNDO

Segundo Tomaz (2010), a água da chuva vem sendo utilizada a milhares de anos
conforme relatos onde cita que o rei Masha, de Maob, data de 830 a.C. sugere a construção de
reservatório de aproveitamento de água da chuva em cada casa de seu reinado. Na região de
ilha de Creta, há inúmeros reservatórios escavados anteriores a 3.000 a.C. que aproveitam a
água de chuva para o consumo humano. A fortaleza de Masada, em Israel, possui 10
reservatórios cavados nas rochas com capacidade total de 40 milhões de litros. No México,
existem cisternas que foram usadas antes da chegada de Cristovão Colombo à América, e
ainda estão em uso.
Para o Group Raindrops (2002) na Alemanha, a utilização da água de chuva é uma
alternativa para minimizar o consumo de águas subterrâneas e conter picos de enchentes,
sendo este o recurso mais usado para o abastecimento público. Nesse país, a água captada nos
telhados é armazenada em reservatórios de concreto, onde sua utilização é para fins não
20

potáveis, tais como alimentação de bacias sanitárias, lavagem de calçadas, uso comercial e
industrial. O governo alemão está participando com apoio financeiro, oferecendo
financiamentos para a construção de sistema de captação de água pluvial.
Segundo Wagner (2015) no Japão, principalmente na capital Tóquio, a água da chuva
é coletada e usada com frequência, pois as cisternas de abastecimento se situam longe da
cidade. A água da chuva é armazenada em reservatórios que ficam no subsolo e essa água é
tratada e usada para combater incêndios e para utilização da população.
Para o mesmo autor, Cingapura é considerada um dos polos mais efetivos em relação
ao aproveitamento da água de chuva, a população é alimentada com água potável graças a
uma potente infraestrutura implantada para coleta de água pluvial. Além disso, ocorre várias
campanhas de conscientização para o uso racional. Em 1992, iniciou-se o sistema de
aproveitamento de água da chuva no aeroporto de Chagui. A água pluvial captada das pistas
de decolagem e aterrissagem é usada em descargas sanitárias, evitando transtornos com
enchentes nas pistas.
De um modo geral, a quantidade de água disponível em níveis mundiais é superior ao
total que é consumido pela população. Entretanto, a forma como essa água é distribuída é
totalmente desigual, não sendo proporcional as necessidades apresentadas em diferentes
países. Com isso, o aproveitamento de água de chuva acaba surgindo como uma saída nesses
casos.

2.4 APROVEITAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA NO BRASIL

No Brasil, as instalações mais antigas encontram-se em Fernando de Noronha, datadas


de 1943, construídas pelos norte-americanos. Há aproximadamente 30 anos, as experiências
de aproveitamento de água pluvial vêm sendo realizadas no Brasil.
Segundo May (2004), o nordeste brasileiro é um exemplo onde a falta de água nos
açudes, lagoas e nos rios, são frequentes na região e a salinidade das águas subterrâneas são
fatores que levam parte da população nordestina a utilizar a água da chuva para suprir as
necessidades de uso doméstico e das atividades agrícolas. Devido ao clima semi-árido
brasileiro, a região foi a pioneira na arte de captação de águas pluviais. Além da utilização
para fins não potáveis, a água quando submetida a tratamentos torna-se potável. Essa técnica é
importante porque várias regiões a água potável é inexistente e, frequentemente, as pessoas
ficam doentes em razão do consumo de água de má qualidade.
21

Atualmente, já existe no país a Associação Brasileira de Manejo e Captação de Água


de Chuva (ABCMAC, 2010), que é responsável por divulgar estudos e pesquisas, reunir
equipamentos, instrumentos e serviços sobre o assunto.
No Brasil, existe a norma ABNT NBR 15.527/2007 que dita as regras para as
instalações de aproveitamento de água de chuva de telhados em áreas urbanas para fins não
potáveis. O Brasil tem uma lei do Senado Federal que diz respeito sobre o uso de água da
chuva em construções de propriedade da União, e algumas cidades possuem leis específicas,
como será descrito a seguir.
O projeto de Lei n° 191 de 2013 do Senado Federal (Senado Federal, 2013), dispõe
sobre a obrigatoriedade da instalação de sistemas de aproveitamento de água da chuva na
construção de prédios públicos e cita os seguintes artigos:
Artigo 1. Os projetos de novas edificações de propriedade da União deverão prever
a instalação e sistemas de aproveitamento de águas de chuva a serem consumidas
nas edificações, bem como a utilização de telhados ambientalmente corretos.
§ 1°. Entendem-se como telhados ambientalmente corretos os que colaborarem para
evitar o aquecimento global, ou seja, telhados verdes com grama ou jardim
plantado, os que utilizam telhas metálicas claras, os que são pintados com tinta
branca ou os que forem pintados com tinta não branca com pigmentações especiais.
Artigo 2. Todo edital de licitação de obras de construção de prédio público
mencionará, expressamente, a obrigatoriedade de instalação de sistema de
aproveitamento de águas de chuvas, bem como a obrigatoriedade da utilização de
telhados ambientalmente corretos.
Artigo 3. As disposições desta Lei não se aplicam quando, por meio de estudo de
profissional habilitado, ficar comprovada a inviabilidade técnica de instalação do
sistema.

De acordo com o exposto acima, verifica-se a exigência de se instalar o sistema de


aproveitamento de água da chuva e fazer-se o uso de telhados ambientalmente corretos nas
novas edificações de propriedade da União, assim como foi citado no Artigo 1 e 2. No artigo
3 cita que não haverá necessidade da instalação do sistema, caso não se obtenha a viabilidade
técnica da instalação, sendo que os motivos para que isso possa ocorrer seria: haver pouca
área de captação aproveitável na cobertura; índice pluviométrico baixo; e não possuir espaço
para a instalação da cisterna entre outros.
No dia 18/09/2003 foi criada a Lei n° 10.785 na cidade de Curitiba-PR (Curitiba,
2003), e também o Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações -
PURAE que cita os seguintes artigos:
Artigo 6. As ações de Utilização de Fontes Alternativas compreendem:
I – a captação, armazenamento e utilização de águas proveniente das chuvas e,
II – a captação e armazenamento e utilização de águas servidas.
22

Artigo 7. A água das chuvas será captada na cobertura das edificações e encaminhada
a uma cisterna ou tanque, para ser utilizada em atividade que não requeiram o uso de
água tratada, proveniente da Rede Pública de Abastecimento, tais como:
a) descarga de vaso sanitário;
b) rega de jardins e hortas;
c) lavagem de roupa;
d) lavagem de veículos;
e) lavagem de vidros, calçadas e pisos.
Artigo 8. As águas servidas serão direcionadas, através de encanamento próprio, a
reservatório destinado a abastecer as descargas dos vasos sanitários e, apenas após tal
utilização, será descarregada na rede pública de esgoto.
Artigo 9. O combate ao Desperdício Quantitativo de Água, compreende ações
voltadas à conscientização da população através de campanhas educativas,
abordagem do tema nas aulas ministradas nas escolas integrantes da Rede Pública
Municipal e palestras, entre outras, versando sobre o uso abusivo da água, métodos de
conservação e uso racional da mesma.
Artigo 10. O não comprimento das disposições da presente lei implica na negativa de
concessão do alvará de construção, para as novas edificações.

O artigo 6 da Lei n° 10.785 da cidade de Curitiba-PR, cita que as alternativas para


redução do consumo da água tratada é se fazer o uso de água da chuva ou água servida para
atividades que não requerem o uso de água tratada. O artigo 7 se determina quais são os usos
destinados a essa água, tais como: descarga de vaso sanitário; rega de jardins e hortas;
lavagem de roupas; lavagem de veículos; vidros; calçadas e pisos.
O artigo 8 afirma que as águas servidas deverão ter encanamento próprio, e tem que
ser direcionado para um reservatório, que abastecerá apenas descargas de vasos sanitários. O
artigo 9 incentiva ações voltadas a conscientização da população sobre o uso racional da água,
métodos de conservação através de campanhas educativas, abordagem do tema nas escolas da
Rede Pública Municipal, palestras entre outras ações. Finalmente, no artigo 10, diz que o não
comprimento da lei, implicará na negativa de concessão do alvará de construção.
Em Maringá-PR, existe a Lei n° 6345/2003 semelhante Lei n° 10.785 da cidade de
Curitiba-PR, que dispõe sobre a instalação de dispositivos hidráulicos destinados ao controle
à redução do consumo de água.

2.5 PARTES COMPONENTES PARA A CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA

O funcionamento do sistema, conforme apresentado na Figura 7, consiste na captação


da água de chuva que cai sobre áreas impermeáveis que podem ser telhados ou laje. Essa água
é conduzida até o ponto de armazenagem através de calhas e condutores, passando antes por
um equipamento de filtragem e descarte de impurezas.
23

Após passar pelo filtro, a água é armazenada em um reservatório (cisterna) que pode
ser enterrado, apoiado ou elevado e ser constituído de diferentes materiais como: concreto
armado, blocos de concreto, alvenaria de tijolos, aço, plástico, poliéster, polietileno, fibra de
vidro e outros.
Da cisterna, a água é bombeada a um segundo reservatório (caixa d´água), onde
tubulações irão distribuir a água não potável para o consumo na edificação.

Figura 7 – Sistema de captação e aproveitamento de água da chuva

Fonte: Forwardquimica (2016)

2.5.1 Água de chuva


Segundo Tomaz (2010), a água coletada em telhados inclinados ou planos onde não
haja passagem de veículos ou de pessoas, é denominada água de chuva. As chuvas que caem
em pisos residenciais, comerciais ou industriais não estão inclusas no sistema proposto.
24

2.5.2 Área de captação


Conforme May (2004), a área de captação abrange os telhados das casas ou de
indústrias, que podem ser constituídas de telhas cerâmicas, telhas de fibrocimento, telhas de
zinco, telhas ferro galvanizado, telhas de concreto armado, telhas de plásticos, telhado plano
revestido com asfalto, etc.
Segundo May (2004), nos centros urbanos e áreas industriais, podem apresentar um
risco de poluição para o consumo de água de devido a presença de resíduos sólidos suspensos
do ar (poeira). Isto também pode acontecer em áreas rurais, os pesticidas e produtos químicos
podem causar contaminação na água de chuva.
Para Tomaz (2010), não poderá ser coletada água de chuva em áreas onde passam
veículos, pedestres, áreas de piso onde há o escoamento superficial (runoff) e nem de águas
paradas.
Para o dimensionamento de reservatórios de acumulação de água de chuva usa-se a
projeção horizontal da área, assim como mostra na Figura 8.
25

Figura 8 - Área de Contribuição

Fonte: NBR 10844/89 – Instalações Prediais de Águas Pluviais

2.5.3 Calhas e condutores


Para Tomaz (2010) na captação da água de chuva são necessários calhas e coletores de
águas pluviais que podem ser de PVC ou metálicos. Este material deverá ser disposto na
horizontal e vertical; e devem atender a ABNT NBR 10844:1989 Sendo tais dimensionamento
baseados em vazões de pico para determinado período de retorno escolhido. Estas vazões não
26

servem para o dimensionamento dos reservatórios e sim para o dimensionamento das calhas e
condutores (verticais e horizontais).

2.5.4 Coeficiente de Runoff (C)


Conforme May (2004) o coeficiente de Runoff é o coeficiente que representa a relação
entre o volume total escoado e o volume total precipitado variando conforme a superfície.
Este coeficiente indica a perda por evaporação, vazamentos e lavagem do telhado. Os valores
adotados estão na Tabela 2 a seguir:

Tabela 2 – Coeficiente de Runoff


Material do Telhado Coeficiente de Runoff
Telhas cerâmicas 0,8 a 0,9
Telhas esmaltadas 0,9 a 0,95
Telhas corrugadas de metal 0,8 a 0,9
Cimento amianto 0,8 a 0,9
Plástico, PVC 0,9 a 0,95
Fonte: Tomaz (2010) (Adaptado)

2.5.5 First Flush


O first flush é a água proveniente da área de captação suficiente para carregar poeira,
fuligem, folhas, galhos e detritos. Após três dias de seca os telhados vão acumulando poeira,
folhas, detritos, etc e é aconselhável que o first flush não seja utilizado, dependendo da
finalidade do uso da água captada. Em reservatório suficientemente grande pode ser
suprimido.

2.5.6 Peneira
Um método para se conter grandes detritos tais como folhas e insetos, é a utilização de
telas (grelhas) sobre calhas. No entanto, este sistema requer uma constante manutenção e não
dispensa o uso de filtros que retenham partículas menores ou microorganismos.
27

Figura 9 - Peneira para calhas

Fonte: Drfaztudo (2016)

2.5.7 Equipamentos de filtragem


Os equipamentos de filtragem têm por finalidade de conter as impurezas presente na
água antes que elas cheguem no reservatório e o seu funcionamento acontece da seguinte
maneira: a água da chuva é coletada na cobertura, passa pelo condutor horizontal (calha) e
desce pelo condutor vertical (tubo PVC) e passa pelo filtro onde ocorre a separação dos
detritos como folhas e galhos.

2.5.7 Extravasor
Segundo Tomaz (2010) a função do extravasor (ladrão) é de conduzir o excesso de
água, quando a cisterna se encontrar cheia, para a sarjeta, também deverá possuir um
dispositivo que evite a entrada de animais, e deverá ser instalado no reservatório.

2.5.8 Instalações prediais


As instalações prediais devem atender à ABNT NBR 5626, quanto às
recomendações de separação atmosférica, dos materiais de construção das
instalações, da retrossifonagem, dos dispositivos de prevenção de refluxo, proteção
contra interligação entre água potável e não potável, do dimensionamento das
tubulações, limpeza e desinfecção dos reservatórios, controle e ruídos e vibrações.
(ABNT NBR 15.527:2007 p. 3)

Outros requisitos apresentados da ABNT NBR 5.527:2007 é a importância de


diferenciar as tubulações de aproveitamento de água da chuva e de água potável, pois, não é
permitido fazer conexão cruzada. Os pontos de consumo de água da chuva devem ser de uso
restrito e identificados com placa de advertência com a seguinte inscrição “água não potável”
e identificação gráfica os reservatórios de água potável devem ser separados dos de água da
chuva.
28

2.5.9 Reservatório
Os tanques de armazenagem de água podem ser fabricados ou construídos com
diferentes tipos de materiais, dependendo de seu uso, custo ou finalidade. Alguns dos
principais materiais utilizados são: concreto, alvenaria de tijolos comuns ou bloco armado,
aço, madeira, fibra de vidro e polietileno. Podem estar apoiados, enterrados ou elevados.
Segundo Fendrich e Oliynik (2002) quando o reservatório é suficientemente grande, a
primeira porção da chuva corresponde a uma porcentagem tão pequena que não chega a
apresentar risco, devido a diluição dos poluentes. Portanto, neste caso, não há necessidade de
descarte de água (first-flush). Porém, em reservatórios de pequena capacidade, isso poderá
representar um risco e a primeira porção da chuva deve ser descartada. Para reservatórios de
até 1.000 L a primeira chuva possui um valor significativo.
A ABNT NBR 15.527/2007 especifica as diretrizes para se dimensionar o reservatório
do aproveitamento de água da chuva. Primeiramente, o reservatório deverá atender à ABNT
NBR 12.217/1994. Devem ser considerados no projeto: extravasor; dispositivo de
esgotamento; cobertura, inspeção; ventilação e segurança.
Um dispositivo de freio d’água deve ser instalado para que se evite o turbilhonamento,
dificultando a movimento dos sólidos suspensos e arraste de materiais flutuantes. Recomenda-
se que a retirada de água do reservatório seja feita aproximadamente a 15 cm da superfície do
chão.
Quando o reservatório for alimentado por outra fonte, ele deverá possuir dispositivos
para que impeçam a conexão cruzada. O volume a ser aproveitado depende do coeficiente de
escoamento superficial da cobertura e da eficiência do sistema de descarte do escoamento
inicial.
De acordo com a ABNT NBR 5626:1998, os reservatórios devem, pelo menos uma
vez por ano, serem limpos e desinfetados com solução de hipoclorito de sódio. A parcela de
água da chuva que não for armazenada, poderá ser lançada na galeria de águas pluviais, na via
pública ou ser infiltrado total ou parcialmente. A água armazenada deve ser protegida contra a
incidência direta da luz solar e do calor, e também de animais que podem entrar no
reservatório através da tubulação do extravasor.
29

2.6 VIABILIDADE ECONÔMICA

2.6.1 Fluxo de Caixa


Segundo o Sistema Brasileiro de Apoio as Pequenas e Microempresas (SEBRAE;
2011) o fluxo de caixa é um instrumento de gestão financeira que projeta para períodos
futuros todas as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa, indicando como será
o saldo de caixa para um determinado período. Deve ser utilizado para controle e,
principalmente, como instrumento na tomada de decisões.
Com as informações do fluxo de caixa, pode-se elaborar a Estrutura Gerencial de
Resultados, a Análise de Sensibilidade, calcular a Rentabilidade, a Lucratividade, Ponto de
Equilíbrio e o Prazo de retorno do investimento.
Para fazer uma análise financeira, projeta-se o Fluxo de Caixa para um ano e totaliza-
se as informações anuais. Um exemplo gráfico está representado na Figura 10.
Para Buarque (1994) a tomada de decisão sobre a realização de um projeto necessita-
se de critérios técnicos. Uma maneira eficaz é simular o investimento segundo algum modelo.
Diante disso, compara-se os fluxos de caixa gerados com o investimento realizado. Os
modelos para a tomada de decisão são: payback simples, payback descontado, valor presente
líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR) e índice de lucratividade.

Figura 10 – Exemplo de representação gráfica do fluxo de caixa

Fonte: Sebrae (2011)

2.6.2 Modelos Determinísticos de Análise de Projetos

2.6.2.1 Valor Presente Líquido (VPL)


A análise de viabilidade econômica do sistema faz-se necessário para a tomada de
decisão quanto à sua implantação. O método do Valor Presente Líquido (VPL), é uma
ferramenta usado para avaliar o tempo de retorno do investimento.
30

O método VPL é uma função matemática expressa na Equação 1 que auxilia na


decisão de aceitar ou rejeitar um projeto. Segundo Lapponi (2000, apud PÊGO: ERTHAL
JUNIOR, 2012) o VPL compara todas as entradas e saídas de capital na data inicial do
projeto, descontando os retornos futuros do fluxo do caixa com a taxa de retorno ou taxa de
atratividade do projeto. O VPL é utilizado para cálculos de séries não uniformes, em que os
valores líquidos do fluxo de caixa são descontados até a data focal, ou data zero do
investimento, à taxa mínima requerida (neste caso, 8%), sendo o valor obtido deduzido o
investimento feito. Caso o VPL seja maior do que zero o investimento retorna ao investidor,
além do percentual estipulado como taxa mínima requerida, um valor adicional, indicando,
em princípio, a viabilidade do projeto.

= −∑ (Equação 1)
( )

em que: : Valor Presente Líquido;


: Capital inicial investido;
: fluxo de caixa por período;
: tempo total projeto (anos ou meses);
: taxa mínima de atratividade (TMA);
: período (anos ou meses).

Segundo Bordeaux-Rêgo, et al. (2014) a Taxa Mínima de Atratividade (TMA)


representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento, ou o
máximo que um tomador do dinheiro se propõe a pagar quando faz um financiamento. É
formado por três componentes: custo de oportunidade, risco do negócio e liquidez.
Para os mesmos autores o custo de oportunidade representa a remuneração que possui
o capital caso não seja investido no projeto. O risco do negócio é o ganho para remunerar. A
liquidez é a facilidade, a velocidade, em que se consegue sair de uma posição do mercado e
entrar em outra.
As vantagens de se usar o VPL é que todos os capitais de fluxo de caixa são incluídos
nos cálculos. Por usar a TMA no cálculo do VPL considera-se o risco das estimativas futuras
no fluxo de caixa.

2.6.2.2 Payback Simples


O método do payback simples leva em conta o tempo de retorno do capital
investido. O investidor estabelece um prazo máximo para a recuperação do
investimento, que servirá de padrão para a análise da viabilidade do projeto. O
valor aplicado é adicionado, período a período (geralmente anual ou mensal), aos
fluxos de caixa líquidos gerados, para que se obtenha o tempo de recuperação do
31

investimento inicial. Isso ocorre no período em que a soma dos fluxos de caixa
futuros é igual ao investimento inicial. (BORDEAUX-REGO et al., 2014, p. 43).

Segundo Wlademir (2016), o problema do método do payback simples é ele que não
considera o valor do dinheiro no tempo, não leva em conta a distribuição do fluxo de caixa
dentro do período de recuperação do investimento, não considera os fluxos de caixa após o
período de recuperação, isso pode levar a rejeição do projeto com maior duração e, no
entanto, de melhor rentabilidade, como o custo de capital.
O cálculo do Payback Simples é feito pela seguinte fórmula:

= (Equação 2)
í

em que: : é o tempo de retorno do investimento;


: é o capital investido para implementação do sistema;
í : entrada de recursos num determinado período.

Se o período de payback for menor que o período máximo aceitável de recuperação, o


projeto será aceito. Se o período de payback for maior que o período máximo aceitável de
recuperação, o projeto será rejeitado.

2.6.2.3 Payback Descontado


Para Bordeaux-Rêgo, et al. (2014), o modelo do payback descontado é similar ao do
payback simples, exceto pelo fato de considerar uma taxa de atratividade ou desconto.
Descontam-se todos os elementos do fluxo de caixa à taxa definida, trazendo a valor presente,
na data zero.
O período de payback descontado é o tempo de recuperação do investimento, à taxa de
juros escolhida. Esse método se aproxima do Valor Presente Líquido (VPL)

2.7 CURVA ABC

A curva ABC, ou também conhecida como Diagrama de Pareto (em homenagem a seu
criador), nasceu quando Vilfredo Pareto percebeu que 80% da riqueza estava nas mãos de
apenas 20% da população. Isto ficou reconhecido como a regra 80/20 e é muito utilizada em
processos administrativos e na logística (Henrique, 2010).
Segundo Mattos (2006) num orçamento de obra, constata-se que um mesmo insumo
aparece em várias composições de custos diferentes. Como é o caso do cimento que entra na
32

composição do concreto para a estrutura, da argamassa para assentar lajotas cerâmicas, pisos e
azulejos. Por isso, é de suma importância para o orçamentista saber quais são os principais
insumos, o total que será usado e qual a sua representatividade. Isso serve para priorizar as
cotações de preço, definir as negociações mais criteriosas, canalizar energia dos responsáveis
da compra, etc.
Após obter os quantitativos de materiais e os respectivos custos, devem ser dispostos,
na Tabela 3, em ordem decrescente de custo total.

Tabela 3 – Tabela para análise da Curva ABC


Custo Custo
%
Insumo Unid. Quantidade Unitário Total % Faixa
Acumulado
(R$) (R$)

Fonte: Mattos (2006)

As colunas da tabela da curva ABC são compostas por:


a) Insumo: descrição dos insumos que entraram na composição de custo unitário do
orçamento;
b) Unidade: unidade de contagem do insumo, exemplo: m², m³, metros, litros, kg;
c) Quantidade: quantidade de insumo;
d) Custo unitário (R$): o custo da unidade do insumo;
e) Custo total (R$): produto da quantidade de insumo pelo custo unitário;
f) % : percentual que o custo total do insumo representa em relação ao custo total da
composição. Estão sempre dispostas em ordem decrescente;
g) % acumulado: percentual acumulado, obtido pela soma do percentual do insumo
com o total acumulado de todos os insumos anteriores. Nessa coluna que se determina a faixa
ABC.
Conforme Mattos (2006), as características da curva ABC é que a coluna percentual é
sempre decrescente e tem soma 100%. A coluna % acumulado é sempre crescente e termina
com 100%. A faixa A geralmente tem menos insumos que a faixa B e C.
33

Para Henrique (2010) os itens da Classe A são aqueles de maior importância (valor,
quantidade, custo) e devem representar aproximadamente 20% dos itens ou 80% do custo (ou
lucro, quantidade, etc).
Os itens da Classe B são de importância intermediária e representam em torno de 30%
dos itens. Ou outros 50% são itens da Classe C.
Para Mattos (2006) para separar em Classes A, B ou C usa-se planilhas eletrônicas.
Com os dados relativos aos estoques e seus custos (para todos os produtos), organiza-se em
ordem decrescente de custo. Some todo o custo e depois calcule o percentual que cada
produto representa do custo total. Depois, basta somar as primeiras linhas até encontrar 80%
dos custos (isto deve representar em torno de 20% dos produtos). Estes produtos serão
aqueles que comporão a Classe A da Classificação ABC. A ideia continua para montar as
Classes B e C assim como se mostra na Figura 11.

Figura 11 – Exemplo de gráfico da CURVA ABC

Fonte: Mattos (2006)

No ponto de vista econômico, é muito mais eficaz um desconto nos insumos da faixa
A do que num das faixas A e B. Em obras de edificação são utilizados cerca de 500 itens,
nota-se historicamente que, em média, 50 deles fazem parte de 80% do custo total da obra.
Um desconto de 2% num insumo da faixa A pode representar mais ganho do que um desconto
de 30% em um da faixa C.
É por meio da curva ABC que o construtor pode avaliar o impacto que um aumento
(ou diminuição) do preço de um insumo terá no resultado da obra. Quanto mais
para cima o insumo estiver na tabela, mais significativo será o impacto positivo ou
negativo. Isso se torna mais importante no andamento da obra, quando o construtor
quer demonstrar a seu cliente que a obra sofreu aumento por causa do aumento em
um item de custo que tem grande peso no orçamento. (MATTOS, 2006, pg. 176)
34

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Referente ao objeto de estudo, analisou-se a viabilidade econômica na implantação do


sistema de aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis em um edifício de múltiplos
pavimentos que está em fase de construção, o nome do empreendimento é Infinity Bauru
situado na cidade de Bauru-SP.
Com base nos projetos hidráulicos do edifício, fez-se o levantamento dos materiais
que serão utilizados na implantação do sistema de aproveitamento de água de chuva e, com
isso, montou-se o orçamento. Os projetos comtemplam o uso de água da chuva para lavagem
da garagem do subsolo. No orçamento, não foram incluídos os insumos que seriam instalados,
independente se o sistema for instalado tais como: cobertura, condutores verticais (calhas) e
horizontais (tubos PVC). Estes materiais serão instalados independente da implantação do
sistema, entretanto ao invés da água ser escoado para a galeria de água pluvial será
direcionado para o reservatório de água pluvial.
Os dados utilizados da precipitação de chuva no município de Bauru-SP, foram
adquiridos através do banco de dados da IPMet – SP analisou-se a precipitação mensal de
2001 a 2016, com base nisso, verificou se o volume adotado para reservatório de água da
chuva é o mais eficiente. A área de captação e a demanda mensal da água que será
aproveitada para lavagem da garagem do subsolo do edifício, foram levados em conta.
A tarifa do consumo de água foi obtida com base em dados bibliográficos e as tarifas
cobrada pela concessionária DAE (Departamento de Água e Esgoto de Bauru-SP). Desta
forma fez-se a estimativa de consumo e o custo mensal da água.
A partir do custo total com da implementação, do custo economizado por mês
aproveitando a água da chuva e com auxílio de ferramentas de análise financeira, verificou-se
o tempo de retorno do investimento da implementação do sistema de aproveitamento de água
da chuva para fins não potáveis.

3.1 LOCAL DE ESTUDO

A edificação multifamiliar está localizada na Rua Cristiano Pagani, Quarteirão 10,


Lote 2, Quadra 932, Jardim Contorno na cidade de Bauru-SP conforme apresenta na Figura
12. Obra que está sendo executada pela RRV Engenharia.
35

Figura 12 – Objeto de estudo: Edifício Infinity Bauru

Fonte: Taky Empreendimentos (2016)

3.2 COMPONENTES DO SISTEMA DE CAPTAÇÃO E APROVEITAMENTO DE


ÁGUA DA CHUVA NO EDIFÍCIO INFINITY BAURU

O sistema de captação e aproveitamento de águas pluviais será composto por uma


cobertura de telhas de cimento amianto com área de contribuição de 420,0 m2 apresentado no
Anexo A o qual será coletada a água da chuva e escoado, através de calhas (ferro
galvanizado) com seção de 30x10 cm e dutos verticais de 150 mm (PVC), até o filtro que tem
a função de remover as impurezas tais como: folhas, galhos, insetos e outros resíduos. Para a
filtragem será utilizado o filtro modelo WFF 150 conforme Figura 13 :

Figura 13 - Filtro modelo WFF 150

Fonte: Aquastock (2016)

O filtro Vortex (WFF 150) é conectado na tubulação antes que a água da chuva chegue
no reservatório e serve para filtragem de sólidos suspensos na água. É utilizado para áreas de
cobertura de até 500 m2, possui eficiência de 90% de retenção de sólidos, filtram partícula de
36

até 0,28mm, não há redução da seção da tubulação, sendo assim, evita entupimentos e facilita
a execução.
A água proveniente da tubulação passa pelo filtro onde serão retidos os resíduos, uma
parcela da água filtrada vai para o reservatório e outra parte vai para a sarjeta. É necessário
fazer a limpeza no filtro, de seis em seis meses, para que não acumule tantas impurezas. Na
Figura 14 está representado esse filtro.

Figura 14 - Esquema do interior do filtro modelo WFF 150

Fonte: Aquastock (2016)

Segundo Tomaz (2010), no fundo do reservatório será instalado um freio d´água no


final da tubulação e tem a função de diminuir a velocidade com que a água chega no
reservatório, mostrado na Figura 15. Partículas finas que permanecem na água descem
lentamente até o fundo, criando uma camada de sedimentos comprovadamente exerce um
poder positivo sobre a água da chuva armazenada.
Para May (2004), cisternas de água da chuva com uma camada de sedimentos
apresentam água mais transparente. O freio evita turbulências que poderiam remexer esta
camada, ao mesmo tempo a parte baixa da água na cisterna recebe oxigenação. O oxigênio
impede a decomposição anaeróbica na cisterna. A água e mantém fresca.
37

Figura 15 - Freio de água

Fonte: Aquastock (2016)

Dentro do reservatório encontra-se uma bomba de recalque e pressurização, conforme


Figura 16, que se situa submersa na água, e recalca a água para os pontos de consumo
utilizando o princípio da pressão, em vez da sucção. Com isso, evita-se o problema de
manutenção comuns em bomba de sucção, aumentando a durabilidade do sistema. A
localização da bomba no interior do reservatório dispensa ainda a necessidade de um local
específico para a instalação da bomba, sendo assim, elimina-se o ruído de funcionamento e se
reduz o consumo de energia, uma vez que a própria pressão da água é aproveitada no
bombeamento.

Figura 16 - Bomba submersível Multigo da Wisy

Fonte: Supergreen (2016)

O armazenamento é constituído de um reservatório de 15.000 L que será instalado na


cisterna do subsolo apresentado na Figura 17. Além da reserva da chuva, na cisterna encontra-
se 5 caixas d´água que são abastecidas com água tratada fornecida pela concessionária DAE.
No reservatório de água pluvial, encontra-se uma tubulação proveniente do reservatório de
38

água potável que, quando necessário, é acionado automaticamente caso ocorra um período de
estiagem e comprometa o seu abastecimento.

Figura 17 – Caixa da água 15.000l de polietileno

Fonte: Catálogo Fortlev (2016)

O volume do reservatório deve ser dimensionado de acordo com critérios técnicos,


econômicos e ambientais, e pode ser feito pelos seguintes métodos: de Rippl, da simulação,
de Azevedo Neto, prático alemão, prático inglês e prático australiano. Estes métodos são
descritos no apêndice na NBR 15.527:2007.

3.3 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO

3.3.1 Método de Rippl


Neste método, podem-se usar as séries históricas mensais e diárias.

( ) = ( ) − ( ) (Equação 3)

( ) = çã ℎ ( ) á çã (Equação 4)
=∑ ( ), somente para valores ( ) >0 (Equação 5)
Sendo que: ∑ ( ) <∑ ( ) (Equação 6)

em que: ( ) : volume de água no reservatório no tempo t;


( ) : volume de chuva aproveitável no tempo t;
( ) : demanda ou consumo no tempo t;
39

: volume do reservatório;
: coeficiente de escoamento superficial.

Segundo Tomaz (2012), o método do Rippl geralmente superdimensiona o


reservatório, porém é uma boa ferramenta para verificar o limite superior do volume o
reservatório de acumulação de água de chuva.
Para o mesmo autor, o método supõe que o reservatório está cheio no início e que a
retirada de água é constante. A evaporação da água não é considerada, mas pode ser estimada
quando o mesmo é exposto ao sol. Um grande problema é o de não conseguir calcular a
probabilidade de falhas. Entretanto, este é o método mais usado para dimensionamento de
reservatório para aproveitamento de água da chuva.

3.3.2 Método da Simulação


Neste método a evaporação da água não deve ser levada em conta. Para um
determinado mês, aplica-se a equação da continuidade de um reservatório finito:

( ) = ( ) + ( ) − ( ) (Equação 7)

( ) = çã ℎ ( ) á çã (Equação 8)

Sendo que: 0 < ( ) ≤ (Equação 9)

em que: ( ) : volume de água no reservatório no tempo t;


-1
( ) : volume de água no reservatório no tempo t ;
( ) : volume de chuva aproveitável no tempo t;
( ) : demanda ou consumo no tempo t;
: volume do reservatório;
: coeficiente de escoamento superficial.

Para este método, duas hipóteses devem ser feitas, o reservatório está cheio no início
da contagem do tempo “t”, os dados históricos são representativos para as condições futuras.
Segundo Tomaz (2010), no Método da Simulação, arbitra-se o volume do reservatório
e verifica-se a quantidade de água que vai sobrar (overflow) e a quantidade de água que vai
faltar (suprimento do serviço público ou caminhão tanque). Considera-se este método, o
melhor para se avaliar o reservatório. Deve ser considerado um coeficiente de runoff igual a
0,8.
Na Tabela 4 é apresentado um exemplo de planilha para aplicação da Análise da
Simulação:
40

Tabela 4 – Planilha para dimensionamento pelo Método da Análise da Simulação

Fonte: Tomaz (2012)

As colunas da Tabela 4 são compostas por:


a) Meses: corresponde ao meses do ano (Janeiro a Dezembro);
b) Chuva Média: chuvas médias mensais de 2001 a 2016 da cidade de Bauru-SP
fornecido pelo IPMet-SP;
c) Demanda Mensal: consumo mensal de água não potável;
d) Área de coleta: área de contribuição da cobertura para coleta da água da chuva;
e) Coeficiente de Runoff: perda de água por evaporação e vazamento do reservatório
C=0,8;
f) Volume de Chuva: é o produto da chuva mensal, área de captação e coeficiente de
Runoff;
g) Volume do Reservatório: volume do reservatório fixado. O volume, neste método, é
adotado e depois verificado o overflow e reposição de água.
h) Volume do Reservatório no início da contagem: considera-se no início do ano o
reservatório esteja vazio;
i) Volume do Reservatório no fim do mês: pode resultar em número negativo. Isso
significa o volume de água que deverá ser feito a reposição.
j) Overflow: água que sobra e é jogado fora;
k) Suprimento de Água Potável: é a coluna de reposição da água, que pode vir da água
fornecida pela concessionária ou caminhão tanque.
41

3.3.3 Método Azevedo Netto


O volume de chuva é obtido pela seguinte equação:

= 0,042 · · · (Equação 10)

em que: : precipitação média anual, expresso em milímetros (mm);


: número de meses de pouca chuva ou seca;
: área de coleta em projeção, expresso em metro quadrados (m2);
: volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório, expresso
em litros (L);

3.3.4 Método prático alemão


Trata-se de um método empírico em que se toma o menor valor do volume do
reservatório; 6% do volume anual de consumo e 6% do volume anual de precipitação
aproveitável.

= í ( á ) 0,06 (6%)

(Equação 11)
= í ( ; ) · 0,06 (Equação 12)

em que: : volume aproveitável de água de chuva anual, expresso em litros (L);


: demanda anual da água não potável, expresso em litros (L);
: volume de água no reservatório, expresso em litros (L).

3.3.5 Método prático inglês


O volume do reservatório é obtido pela seguinte equação:

= 0,05 · · (Equação 13)

em que: : precipitação média anual, expresso em milímetros (mm);


: área de coleta em projeção, expresso em metros quadrados (m2);
: volume de água aproveitável e o volume de água da cisterna, expresso em
litros (L).

3.3.6 Método prático australiano


O volume do reservatório é obtido pela seguinte equação:

= · ·( − ) (Equação 14)

em que: : coeficiente de escoamento superficial, geralmente 0,80;


: precipitação média mensal;
: intercepção da água que molha as superfícies e perdas por evaporação,
geralmente 2 mm;
: área de coleta;
: volume mensal produzida pela chuva.
42

O cálculo do volume do reservatório é realizado por tentativas, até que sejam


utilizados valores otimizados de confiança e volume do reservatório.

= + − (Equação 15)

em que: : volume mensal produzido pela chuva no mês t;


: volume de água que está no tanque no fim do mês t;
: volume de água que está no tanque no início do mês t;
: demanda mensal;

Para o primeiro mês, considera-se o reservatório vazio


Quando ( + − ) < 0, então o =0
O volume do tanque escolhido será T.
Confiança: = ⁄
em que: : é a falha;
: número de meses em que o reservatório não atendeu a demanda, isto é,
quando = 0 ;
: número de meses considerado, geralmente 12 meses.

Confiança: = (1 − )
Recomenda-se que os valores de confiança estejam entre 90% a 99%.
43

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Enfatizada a importância do aproveitamento de água da chuva para fins não potáveis,


faz-se necessário analisar a viabilidade econômica na implementação do sistema, uma vez que
a relação custo/benefício é de suma importância para a engenharia.
No presente estudo de caso, será analisado um sistema proposto para ser instalado em
um edifício de múltiplo pavimentos, composta por uma área de captação de 420,0 m², sendo
que o uso da água coletada será para lavagem da garagem do subsolo que possui uma área de
3.375,00 m2.
Segundo Melo e Netto (1988) o consumo para lavagem de pátio e calçada é de 1 a 2
L.m-2.dia-1. Levando em conta que a garagem do subsolo do edifício será lavada uma vez por
semana, ou seja, quatro vezes por mês e considerado o consumo de 1,5 L·m-2·dia-1 temos um
consumo mensal de 20,25 m3.
Neste capítulo são determinados o dimensionamento do reservatório, estimativa de
consumo de água potável, estimativa de custo de implementação do sistema e análise da
viabilidade econômica.

4.1 DIMENSIONAMENDO DO RESERVATÓRIO

Para o dimensionamento do reservatório, são necessários os dados de precipitação


mensal da cidade de Bauru-SP. Dados estes obtidos pelo IPMet – SP, verifica-se as médias
mensais das precipitações da cidade de Bauru – SP, como apresentado na Tabela 5, no
período de 2001 a 2016.
44

Tabela 5 - Precipitação média mensal entre os anos de 2001 a 2016


Anos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2016 380,2 351,3 118,9 37,8 110,2 94,0 9,1 61,7 24,6 103,6
2015 182,4 134,1 251,5 46,7 125,2 0,0 88,1 21,6 220,2 123,4 260,1 259,8
2014 104,6 132,3 125,5 74,4 63,8 0,5 30,5 22,4 125,0 37,3 116,6 257,0
2013 284,0 162,8 192,0 105,9 144,8 78,0 39,9 0,0 66,3 135,1 171,2 54,6
2012 262,1 81,8 177,0 192,3 83,8 197,6 11,4 0,0 94,7 51,8 138,2 121,9
2011 496,1 173,7 144,5 89,2 31,5 45,7 7,9 40,4 3,0 209,3 135,9 207,5
2010 213,4 42,7 55,1 88,9 33,0 29,2 88,6 0,0 92,7 132,6 86,4 218,9
2009 253,7 149,1 117,1 8,1 45,0 51,6 67,8 91,4 121,2 130,1 229,9 319,5
2008 213,4 149,9 92,2 125,2 73,9 58,2 0,0 54,1 29,7 129,8 107,9 132,3
2007 327,2 177,0 42,4 55,9 45,0 3,3 239,5 0,0 3,0 51,3 219,7 182,6
2006 166,1 263,1 43,7 12,2 13,7 12,2 34,3 15,5 62,5 7,4 65,5 251,0
2005 363,2 89,4 119,6 21,3 70,4 47,2 7,1 16,5 39,4 10,7 63,8 190,2
2004 189,0 137,2 48,3 65,8 105,4 16,0 43,9 0,0 4,1 98,8 11,7 174,2
2003 366,3 138,2 84,3 158,8 34,8 47,2 12,4 29,7 14,5 82,3 138,2 202,9
2002 158,2 196,3 24,4 17,3 81,0 0,0 33,8 52,6 - 14,7 122,7 169,9
2001 310,6 188,7 115,3 11,2 77,7 45,7 38,6 42,2 26,9 45,2 35,1 231,6
Média Mensal 266,9 160,5 109,5 69,4 71,2 45,4 47,1 28,0 61,9 85,2 126,9 198,3
Fonte: IPMet – SP (2016) (Adaptado)
Nota: Os itens com sinal “-“ não constam dados de precipitação e os dados foram coletados até o mês
de outubro/2016

De acordo com os dados apresentados, verificou-se que as maiores médias mensais


ocorrem nos meses de novembro a março, enquanto que, as menores médias acontecem de
abril a outubro.
O tamanho do reservatório foi calculado pela análise de simulação, em que o valor do
reservatório é arbitrado, esperando-se um melhor aproveitamento do sistema e uma redução
no investimento para a sua construção. O método Rippl não foi usado porque utiliza a
demanda constante de água não potável e, geralmente, subdimensiona o reservatório.
Foi adotado o coeficiente de perdas ou coeficiente de Runoff, que varia de acordo com
o tipo de telha e abrange a água evaporada, absorvida ou usada para limpeza do telhado,
estipulado em C=0,8, o que equivale a 20% de perda. Este volume de água coletada é
subtraído do volume de água pluvial captada. A Tabela com os dados para dimensionamento
através do Método da Simulação é apresentado na Tabela 6.
45

Tabela 6 - Planilha para dimensionamento pelo Método da Análise da Simulação


Chuva Área Volume Volume do Volume do Suprimento de
Meses média Demanda de Coeficiente de Chuva Volume do Reservatório Reservatório Overflow água potável
mensal Mensal Coleta de Runoff Mensal Reservatório T-1 T
mm m³ m² m³ m³ m³ m³ m³ m³
Janeiro 266,90 20,25 420 0,8 89,68 15 0,00 15,00 69,43 0,00
Fevereiro 160,50 20,25 420 0,8 53,93 15 15,00 15,00 33,68 0,00
Março 109,50 20,25 420 0,8 36,79 15 15,00 15,00 16,54 0,00
Abril 69,40 20,25 420 0,8 23,32 15 15,00 15,00 3,07 0,00
Maio 71,20 20,25 420 0,8 23,92 15 15,00 15,00 3,67 0,00
Junho 45,40 20,25 420 0,8 15,25 15 15,00 10,00 0,00 -5,00
Julho 47,10 20,25 420 0,8 15,83 15 10,00 5,58 0,00 -4,42
Agosto 28,00 20,25 420 0,8 9,41 15 5,58 0,00 0,00 -10,84
Setembro 61,90 20,25 420 0,8 20,80 15 0,00 0,55 0,55 0,00
Outubro 85,20 20,25 420 0,8 28,63 15 0,55 8,93 8,38 0,00
Novembro 126,90 20,25 420 0,8 42,64 15 8,93 15,00 22,39 0,00
Dezembro 198,30 20,25 420 0,8 66,63 15 15,00 15,00 46,38 0,00
204,08 -20,26

Fonte: Autor (2016)


Adotou-se o volume do reservatório de 15 m3. O overflow (água que sobra e é jogado
fora) do sistema foi de 204,08 m3 e o suprimento de água potável é de 20,26 m3 devido as
baixas precipitações que ocorrem nos meses de junho, julho e agosto. A demanda anual de
água corresponde a soma da demanda mensal menos o suprimento de água potável, que
totaliza um volume de 222,74 m3. Sendo assim, considera-se uma economia mensal de água
fornecida pela concessionária de 18,56 m³.

4.2 ESTIMATIVA DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL

De acordo com o DAE (Departamento de Água e Esgoto de Bauru-SP), as tarifas para


água e esgoto, obedecem a Resolução n° 004 de 19/07/2016, em que os dados coletados em
outubro de 2016 estão descritos na Tabela 7.

Tabela 7 - Tarifa residencial com base no consumo mensal da concessionária de Bauru-


SP
Consumo Água Esgoto Total Custo unitário
(m³) (R$) (R$) (R$) (R$·m-³)
1,00 10,44 10,44 20,88 -
2,00 10,44 10,44 20,88 -
3,00 10,44 10,44 20,88 -
4,00 10,44 10,44 20,88 -
5,00 10,44 10,44 20,88 -
6,00 10,44 10,44 20,88 3,48
7,00 12,19 12,19 24,38 3,48
8,00 13,93 13,93 27,86 3,48
9,00 15,67 15,67 31,34 3,48
10,00 17,43 17,43 34,86 3,49
11,00 19,50 19,50 39,00 3,55
12,00 21,74 21,74 43,48 3,62
13,00 23,98 23,98 47,96 3,69
14,00 26,19 26,19 52,38 3,74
15,00 28,40 28,40 56,80 3,79
16,00 30,64 30,64 61,28 3,83
17,00 32,88 32,88 65,76 3,87
18,00 35,08 35,08 70,16 3,90
19,00 37,32 37,32 74,64 3,93
20,00 39,56 39,56 79,12 3,96
21,00 43,07 43,07 86,14 4,10
22,00 46,80 46,80 93,60 4,25
23,00 50,53 50,53 101,06 4,39
24,00 54,28 54,28 108,56 4,52
Fonte: Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE) (2016) (Adaptado)
1

Sendo a demanda mensal da água de chuva para a lavagem da garagem do subsolo de


18,56 m3 tem-se uma economia de R$ 74,64 por mês, o que corresponde a uma economia
anual de R$ 895,68 para o edifício.

4.3 ESTIMATIVA DE CUSTOS COM A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA

Os custos dos materiais para a implantação do sistema de aproveitamento de água da


chuva para uso na garagem do subsolo do Edifício Infinity Bauru estão apresentados na
Tabela 8.

Tabela 8 – Insumos necessários para a implantação do sistema de aproveitamento de


água de chuva
Preço unitário
Insumo Quantidade Preço Total (R$)
(R$)
Filtro modelo WFF 150 1 850,00 850,00
Freio água de chuva 1 100,00 100,00
Sifão ladrão água de chuva 1 120,00 120,00
Mangote de sucção 1 250,00 250,00
Bomba submersível 1 1200,00 1200,00
Controlador automático 1 350,00 350,00
Caixa da água 15.000l Polietileno 1 2470,00 2470,00
Mão de obra 1 600,00 600,00
Total 5940,00
Fonte: Autor (2016)

O custo total do sistema é de R$ 5.940,00 com base em preços de outubro de 2016, em


fornecedores da cidade de Maringá-PR. De acordo com o custo total, fez-se análise dos
insumos da curva ABC. Primeiramente, a Tabela 8 demonstra o custo total de cada insumo
em ordem decrescente, indo do mais representativo em termos de custo – no caso, a caixa da
água – até o menos representativo – o freio da água.
2

Tabela 9 – Dados da CURVA ABC


Custo %
Insumo % Faixa
Total (R$) Acumulado
Caixa da água 15.000l
Polietileno 2470,00 42% 42% A
Bomba submersível 1200,00 20% 62%
Filtro modelo WFF 150 850,00 14% 76%
B
Mão de obra 600,00 10% 86%
Controlador automático 350,00 6% 92%
Mangote de sucção 250,00 4% 96%
C
Sifão ladrão água de chuva 120,00 2% 98%
Freio água de chuva 100,00 2% 100%
5940,00 100%
Fonte: Autor (2016)

De acordo com a Tabela 9, a caixa da água e a bomba submersível são os itens


que compõe a faixa A da curva ABC, portanto, é necessário dar uma importância maior
no momento da compra desses produtos, pois o mesmo pode alterar significativamente o
custo total da implementação do sistema. A

Figura 18 é representada a CURVA ABC.


3

Figura 18 – CURVA ABC


4

Curva ABC 98% 100%


96%
100% 92%
86%
90%
Porcemtagem Acumulada

76%
80%
70% 62%
60%
50% 42%
40%
30%
20%
10%
0%

Freio água de chuva


Sifão ladrão água de
Bomba submersível

Mão de obra

Mangote de sucção
Filtro modelo WFF 150

Controlador automático
Caixa da água 15.000l
Polietileno

chuva
Insumos

Fonte: Autor (2016)

4.4 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Para análise de viabilidade econômica, verificou-se o custo total dos materiais que
foram usados para implementação do sistema, este custo diz respeito ao capital inicial
investido. O fluxo de caixa abrange a receita e saída de capital, nesse caso, a saída é o custo
total dos materiais mais a manutenção anual no valor de R$ 100,00. A receita de entrada é o
valor economizado a cada ano de agua potável não utilizada.
O Valor Presente Líquido (VPL) é uma ferramenta de suma importância na análise de
viabilidade econômica pois o dinheiro de hoje não terá o mesmo valor monetário daqui uns
anos, portanto, esse indicador trás para a data “zero” o valor real do dinheiro. Para o cálculo
do VPL é utilizado um como parâmetro o TMA (taxa mínima de atratividade), que serve
como parâmetro para aceitação ou rejeição do projeto de investimento, o mínimo a ser
alcançado pelo investimento para que ele seja economicamente viável, nesse caso, a taxa será
de 8%.
5

O Payback descontado indica em quanto tempo o total de receita se iguala ao capital


investido.
Com base nessas informações, verifica-se a viabilidade econômica da implantação do
sistema de aproveitamento de água da chuva que está apresentado na Tabela do Apêndice A.
Com base nos dados da Tabela 10, verificou-se que o projeto é economicamente
viável, pois o VPL (Valor Presente Líquido) é positivo e corresponde ao valor de R$
2.001,39. Outro parâmetro a ser levado em conta, o payback simples é de 9 anos e o payback
descontado é de 12 anos, ou seja, nesta data, o valor do investimento é pago pela economia de
gastos de água potável, sendo que, a partir disso, o sistema gerara lucro tendo em vista que
não será necessário o pagamento das taxas da concessionária.
Tabela 10 – Planilha de viabilidade econômica
Custeio com Receita Gerada
Operação e pela Economia de Valor
Custeio com Fluxo de Payback
Manutenção (R$) Água (R$) Presente Payback
Implantação Caixa Descontado
Líquido (R$)
(R$) (R$) (R$)
Demais Demais (VLP em R$)
1° Ano 1° Ano
Ano anos anos
1 -5.340,00 -600,00 300,00 -5.640,00 -5.640,00 -5.640,00 -5.640,00
2 -100,00 895,68 795,68 736,74 -4.844,32 -4.903,26
3 -100,00 895,68 795,68 682,17 -4.048,64 -4.221,09
4 -100,00 895,68 795,68 631,64 -3.252,96 -3.589,46
5 -100,00 895,68 795,68 584,85 -2.457,28 -3.004,61
6 -100,00 895,68 795,68 541,53 -1.661,60 -2.463,08
7 -100,00 895,68 795,68 501,41 -865,92 -1.961,67
8 -100,00 895,68 795,68 464,27 -70,24 -1.497,40
9 -100,00 895,68 795,68 429,88 725,44 -1.067,51
10 -100,00 895,68 795,68 398,04 1.521,12 -669,48
11 -100,00 895,68 795,68 368,55 2.316,80 -300,92
12 -100,00 895,68 795,68 341,25 3.112,48 40,33
13 -100,00 895,68 795,68 315,98 3.908,16 356,31
14 -100,00 895,68 795,68 292,57 4.703,84 648,88
15 -100,00 895,68 795,68 270,90 5.499,52 919,77
16 -100,00 895,68 795,68 250,83 6.295,20 1.170,61
17 -100,00 895,68 795,68 232,25 7.090,88 1.402,86
18 -100,00 895,68 795,68 215,05 7.886,56 1.617,91
19 -100,00 895,68 795,68 199,12 8.682,24 1.817,02
20 -100,00 895,68 795,68 184,37 9.477,92 2.001,39
Total R$ 2.001,39
5. CONCLUSÕES

O aproveitamento da água da chuva é uma técnica utilizada a muito tempo


principalmente em regiões onde há escassez de água. O Brasil possui uma das maiores bacias
hidrográficas do mundo, porém, em algumas regiões há escassez da água. Isso ocorre, porque
em regiões onde há grande disponibilidade hídrica são as que possui menores concentração
demográfica.
Pode-se afirmar que a implantação do sistema de aproveitamento de água da chuva
traz vários benefícios financeiramente e ecologicamente.
No que diz respeito a parte financeira, provou-se por meio de ferramentas financeiras
que o retorno do investimento (payback descontado) é de 12 anos e a partir daí haverá
economia para o proprietário. O gasto para a implementação foi de R$ 5.940,00. Três fatores
são importantes para a viabilidade econômica: a precipitação; a área de coleta; e a demanda.
A Curva ABC forneceu informações necessárias para compra dos insumos que
comporão o sistema. Verificou-se que a Caixa da Água de 15.000L de Polietileno e a Bomba
Submersível fazem parte da Faixa A, isto indica que, a negociação destes produtos, é de suma
importância nos custos para implementação do sistema. Uma porcentagem de acréscimo
poderia atrasar o retorno do investimento (payback) ou até mesmo inviabilizar
economicamente a instalação do sistema. Ao mesmo tempo que, se houvesse um desconto
nestes insumos, poderia adiantar o retorno do investimento (payback).
Em relação aos benefícios ecológicos pode-se citar o armazenamento de água da
chuva, evitando-se enchentes nos grandes centros urbanos. Disponibilidade hídrica para
momentos mais críticos de estiagem e a economia da água tratada para fins menos nobres,
consequentemente a conscientização ambiental das pessoas envolvidas no projeto e redução
nos prejuízos sociais e financeiros.
No dimensionamento do reservatório, usou-se o Método da Análise de Simulação.
Este método arbitrou-se o volume do reservatório e verificou a quantidade de água que vai
sobrar (overflow) e a quantidade de água que vai faltar (suprimento da concessionária ou
caminhão tanque). Este método é considerado o melhor para ser avaliar o reservatório.
É necessário fazer uma análise minuciosa sobre histórico de pluviosidade mensal do
local em estudo, pois este fator é determinante para a viabilidade do sistema.
Diante o exposto, verificou que a implementação de aproveitamento de água da chuva
é viável porém não é tão disseminado na construção civil. O governo deveria incentivar as
1

construtoras a instalar esse sistema, descontando certos impostos caso a obra faça
aproveitamento de água da chuva para fins menos nobres. Devem ser feitos estudos para
analisar certas particularidades do sistema, tais como tipologias de edifícios e telhados, e em
diferentes regiões quanto ao regime de chuvas.
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