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CONSTRUÇÃO DE UM GRÁFICO
e
Utilização do “Microsoft EXCEL”
Laboratórios
de
Química Física
2012/2013
PORQUÊ UM GRÁFICO?
Há vários tipos de gráficos sendo os mais usados os gráficos de dispersão de resultados e os histogramas.
Pelo enorme relevo na visualização de tendências e no estabelecimento de correlações, de importância
crucial em Química Física, apenas serão abordados os gráficos de dispersão.
I. 1. CONSTRUÇÃO DE UM GRÁFICO
Quando as variáveis representadas obedecem a uma relação matemática linear, para conhecer essa
função num ponto, basta conhecer com rigor os parâmetros que caracterizam a recta - declive e
ordenada na origem. A utilização de todos os dados experimentais (em vez de apenas dois pares
de resultados) na obtenção destes valores permite minimizar o erro associado.
y
y2
y1 declive da recta ,
m = (y2y1)/(x2x1)
x1 x2 x
Assim, é frequente transformar os dados (como se exemplifica a seguir) de modo a obter variáveis
que resultem numa representação linear.
i) Na lei de Arrehnius, para estudar o efeito da temperatura na velocidade das reacções: mais
concretamente, a dependência exponencial da constante de velocidade com o inverso da
temperatura das reacções, pode ser transformada numa recta se se logaritmizarem ambos os
membros da equação:
ii) A variação da pressão de vapor de um líquido com a temperatura apresenta também uma
relação exponencial. A entalpia de vaporização é facilmente obtida se for usada a forma
linearizada por aplicação de logaritmos a ambos os lados da expressão:
p = A . e –H/RT ln p = ln A H/RT
a representação de ln p em função de 1/T é uma recta de declive H/R .
o Eliminação de erros sistemáticos ( ex. volume = f(massa) deve passar pela origem)
14
exemplo, a absorvância de uma solução em
6
A representação gráfica permite concluir que:
4 - existe uma relação linear entre x e y;
2 isto é, a lei de Beer é válida nesta gama;
0 - a ordenada na origem é maior que zero,
0 2 4 6 8
x/unidades
podendo indicar, por exemplo uma impureza
presente no solvente.
8
ambos são pouco exactos. De facto, se os gráficos
6
representarem a absorvância de soluções de
4 diferentes concentrações de uma substância,
2 deveriam passar pela origem, o que não se verifica.
0 Estes resultados, tal como os anteriores e indiciam
0 2 4 6 8
x/ unidades
um erro sistemático.
14
O ponto com o círculo vermelho apresenta um
12
desvio superior aos restantes, devendo ser
10
rejeitado na obtenção dos parâmetros da recta.
y / unidades
0
0 2 4 6 8
x / unidades
16
14
Frequentemente, a linearidade existente entre duas
12
grandezas só é valida numa determinada gama das
10
y/ unidades
4
pelo que a gama de linearidade deve ser
2 determinada.
0
0 2 4 6 8
x / unidades
Quando apenas se conhece a relação das variáveis numa determinada gama de valores, a obtenção de
valores a partir dos parâmetros da recta só deve ser realizada dentro dessa gama, isto é, por interpolação;
fora da gama estudada pode não se verificar essa relação linear, pelo que a extrapolação não é
recomendada.
por interpolação
14
12
10
y / unidades
0
0 2 4 6 8
x/ unidades
por extrapolação
Por extrapolação, os valores de x obtidos para valores de y, podem ser muito diferentes dos valores
verdadeiros se estiverem fora da gama de validade (os valores obtidos por extrapolação, a vermelho,
são muito diferentes dos valores reais, a preto). Será o caso de uma concentração fora da gama de
validade da lei de Lambert-Beer, por exemplo.
16 16
14 14
12
12
10
y/ unidades
10
y/ unidades
8
8
6
6
4
4
2
2 0
0 2 4 6 8
0
0 2 x / 4unidades 6 8
x / unidades
O programa “Microsoft EXCEL” é uma folha de cálculo cuja utilização tem como principal
objectivo facilitar e tornar mais expedita (logo, menos demorada) a realização de cálculos, por
vezes muito repetitivos, e não tanto a sua apresentação gráfica, embora esta também possa e,
neste caso, deva ser realizada. Num primeiro passo são colocados os dados na folha de cálculo e
realizado o respectivo processamento numérico, seguindo-se a construção do gráfico
propriamente dito. Pode ainda ajustar-se uma linha de tendência aos resultados, tendo-se acesso
aos seus parâmetros, e representar as barras de erro dos pontos experimentais.
Vai de seguida exemplificar-se a utilidade da construção de gráficos usando esta folha de cálculo para
estudar a cinética de uma reacção. Se na mistura reaccional apenas um dos reagentes (S) absorver a um
determinado comprimento de onda, então, partindo das leituras de absorvância da solução ao longo do
tempo, pode obter-se a variação temporal da concentração desse reagente. Usando as formas integradas
das leis de velocidade simples, pode verificar-se como decai a concentração de S no tempo. Se a
representação de [S]=f(t) é uma recta (v = dS/dt = k), isso significa que a ordem em relação ao reagente S
é 0. Se a ordem for 1, então v = dS/dt = k[S], e neste caso, a representação linear será a de ln([S]) = f(t).
Por último, se a ordem for 2 (v = dS/dt = k[S]2), então a representação linear será obtida quando for
representada 1/[S] = f (t). Realizando as três representações gráficas avalia-se a que melhor se ajusta a
uma recta, podendo inferir-se a ordem da reacção e retirar o valor de k.
Introdução de dados
o Para construir a tabela dos dados, deve começar por colocar na linha de topo de cada
coluna, a grandeza e respectiva unidade.
Ex: na coluna A irão ser colocados os valores do tempo, expressos em minutos.
o Digite os dados, obtidos experimentalmente, na tabela. (Se os números ficarem
encostados ao lado esquerdo na célula, isso significa que não usou o separador
adequado (ponto ou vírgula) e os caracteres estão a ser considerados pelo
MicrosoftExcel como texto). Introduza numa coluna (A) os valores do tempo e noutra
coluna (B) os valores de absorvância. Se os dados a introduzir têm incrementos
constantes, como pode ser o caso dos valores de tempo, digite 2 ou 3 valores, seleccione-
os e verifique o aparecimento de um sinal mais no canto inferior direito; arraste o cursor
até obter o todos os valores pretendidos.
Construção do gráfico
o Seleccione com o rato a parte da coluna que contém os valores da grandeza que
corresponde às abcissas, neste caso, o tempo (coluna A). Carregue na tecla Ctrl e,
mantendo a tecla pressionada, seleccione os dados correspondentes às ordenadas ( por
exemplo, a coluna C, lnA) usando também o rato para o efeito. Seleccione, da barra do
MENU a opção Insert e dentro desta Chart.
o Escolha o tipo de gráfico, XY ( scatter) e termine com Finish. O gráfico surge na folha
de cálculo ou noutra folha, conforme as opções escolhidas.
lnA = f(t)
0
0 2 4 6 8 10 12
-0.1
-0.2
-0.3
lnA
-0.4
-0.5
-0.6
-0.7
-0.8
t/m in
o Verifique, para cada eixo, se a escala, as suas divisões e as legendas são adequadas; se tal
não acontecer, modifique-as: seleccione o eixo, com o rato, e siga o menu.
o Não se esqueça de verificar se deu um título ao gráfico.
o Pode melhorar o gráfico obtido: para modificar algum parâmetro, clique sobre ele e
escolha nos menus que surgem.
[Para modificar o símbolo/linha que representa determinado conjunto de dados, temos que clicar na legenda (esta
fica assim seleccionada) e depois no símbolo/linha que se encontra dentro da legenda. Na janela que aparece
fazemos as opções desejadas. Para alterar algo dos eixos clicamos sobre ele e na janela que surge escolhemos o
que desejarmos. O mesmo se passa com as linhas de grelha, área do gráfico, etc.]
Ajuste automático simples de uma recta pelo método dos mínimos quadrados*
Com o rato, seleccione o gráfico da representação dos dados a que quer ajustar a recta que
melhor se ajusta aos valores experimentais. Selecione na barra do menu a opção a opção Gráfico
Chart e dentro desta Adicionar linha de tendência Add trendline. Escolha a opção
correspondente ao tipo linear, isto é um polinómio de 1ª ordem (recta)*. Escolha, nas opções, a
apresentação dos parâmetros da recta no gráfico. Se o formato não for o adequado, seleccione a
caixa com os parâmetros da recta e altere a formatação (nomeadamente o nº de casa decimais dos
valores dos parâmetros). Surge no gráfico a recta que melhor se ajusta aos resultados, bem como
os respectivos parâmetros: a respectiva equação y = mx + b ficando de imediato conhecidos os
valores do declive (m) e da ordenada na origem (b) da recta bem como o coeficiente de
correlação (quanto mais próximo for do valor 1, maior é a adequação dos resultados à recta).
lnA = f(t)
0
0 2 4 6 8 10 12
-0.1
-0.2
-0.3
lnA
-0.4
-0.5
-0.6
Se a representação gráfica já está feita, mas se pretende uma linha de tendência, pode picar-se
sobre os pontos do gráfico e, pressionando a tecla direita do rato, pode também adicionar-se a
linha de tendência, se for uma recta escolher a opção linear e, nas opções, escolher a
apresentação dos parâmetros da recta e de R2.
*NOTA: pode também realizar-se o ajuste automático a outras funções, bastando seleccionar a opção pretendida.
Deixe as duas colunas “E” e “F” vazias. Para a direita delas, por exemplo na coluna G,
seleccione com o rato uma matriz vazia de duas linhas por três colunas (seis células):
Na barra do menu escolha “introduzir função fx” “Insert function”. Na janela que lhe aparecer
escolha “Projlin” “Linest”, isto é a projecção linear. Na janela que lhe aparecer, introduza nas
primeira e segunda linhas os valores pedidos, seleccionando-os com o rato (por arrastamento).
Nas duas linhas inferiores introduza unicamente “1”. Faça “OK”. Clique com o rato no fim do
que estiver escrito na barra identificada por “fx”acima da folha de cálculo. Fica aí o indicador de
texto a piscar. Deverá então premir sucessivamente as teclas “Ctrl” + “Shift” + “Enter”
(mantenha a primeira premida quando prime a segunda e as duas primeiras quando prime a
terceira). A matriz fica então preenchida com todos os parâmetros necessários, como se indica a
seguir:
A B C D E F G H I
1 t/min A lnA 1/A
2 1,00 0,934 -0,068 1,07 m -0,06707 0,0238 b
3 2,00 0,897 -0,109 1,11 m 0,00173 0,0117 b
4 3,00 0,825 -0,192 1,21 R2 0,9940 0,018 (log As)aj
5 4,00 0,792 -0,233 1,26
6 5,00 0,749 -0,289 1,34
7 6,00 0,694 -0,365 1,44
8 7,00 0,656 -0,422 1,52
9 8,00 0,605 -0,503 1,65
10 9,00 0,551 -0,596 1,81
11 10,00 0,515 -0,664 1,94