UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE BARRA DO CORDA - CESBAC

IZARRARA ALVES PAULINO DE ALMEIDA

ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO “MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE

MILÍCIAS” DE MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA.

Barra do Corda
2019
 IZARRARA ALVES PAULINO DE ALMEIDA

ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO “MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE

MILÍCIAS” DE MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA.

Trabalho apresentado ao curso de Letras

Licenciatura em Língua Portuguesa e
Literaturas de Língua Portuguesa como
requisito para obtenção em nota na disciplina
Literatura Brasileira do Romantismo ao
Realismo.
Professora Ilzamar Miranda.

Barra do Corda
2019
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ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO “MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE

MILÍCIAS” DE MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA.

Manuel Antônio de Almeida nasceu em 17 de novembro de 1830 e faleceu em 28 de

novembro de 1861, foi um médico, professor e escritor brasileiro. Publicou o livro chamado
―Memórias de um Sargento de Milícias‖ no ano de 1854, período este em que o Romantismo
no Brasil estava a todo vapor, dessa forma, Manuel foi um escritor que fez parte da primeira
geração do romantismo.
O livro possui aproximadamente cento e vinte páginas, dividido em quarenta e oito
capítulos. O Romance possui um total de sete personagens principais — Leonardo Filho,
Leonardo-Pataca, Maria das Hortaliças, Compadre, Comadre, Major Vidigal e Dona Maria —
apresenta uma linguagem mais acessível do que se pode imaginar quando se trata de uma
publicação do século XIX e surpreende no que se trata das características do romantismo
presentes no livro.
O livro Memórias de um Sargento de Milícias inicia com um tom jornalístico falando
sobre os meirinhos e o que seria exatamente esta profissão, em seguida conta-se um pouco da
vida de Leonardo-Pataca que coincidentemente era meirinho e como uma boa história a ser
contada não poderia faltar os detalhes da vida amorosa de Leonardo que teve um grande
marco com o aparecimento de Maria das Hortaliças.
Os dois conheceram-se em um navio vindo para o Brasil e no capítulo intitulado como
I – Origem, Nascimento e Batizado, descreve que a história dos dois iniciou-se com uma
distração proposital de Leonardo que o fez pisar de forma violenta o pé da donzela e a mesma
escancarou um sorriso e disfarçadamente deu-lhe um beliscão. Os dois passaram a morar
juntos e logo depois surgiu o fruto desse lindo amor: Leonardo Filho, fruto da união do casal
que por sinal não era oficializada na Igreja como a sociedade exigia naqueles tempos.
Os pais, Leonardo-Pataca e Maria das Hortaliças, escolheram como padrinho de
Leonardo Filho o barbeiro que morava em frente a casa dele e a parteira, então fizeram uma
cerimônia para a comemoração do batismo do menino. Como Leonardo-Pataca tinha uma
profissão que exigia um deslocamento de sua casa então perdia muitos momentos junto com
sua família e com o passar de uns anos Leonardo passou a suspeitar que Maria estivesse lhe
atraiçoando, pois algumas vezes viu um sargento rondando a porta de casa e essa foi apenas à
primeira de suas desconfianças, não pararam por aí.
Chega então o dia em que Leonardo não conteve suas crises de ciúmes e teve uma
grande discussão com Maria, acabando de vez com a união dos dois. No meio dessa discussão
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toda de Leonardo-Pataca e Maria das Hortaliças, o menino foge para a barbearia de seu
padrinho. Logo depois o compadre vai à procura da comadre e percebe que não há mais
ninguém em casa. Quando Leonardo-Pataca retorna para a casa e vê que Maria fugiu não teve
outra reação a não ser abandonar o filho que também foi abandonado pela mãe e só restou a
Leonardo Filho seus padrinhos de batismo, no caso o barbeiro e a parteira.
Leonardo-Pataca abandona de vez a casa e agora quem irá acompanhar os caminhos
do menino Leonardo serão os padrinhos, as únicas pessoas que lhe restaram e que fizeram
com muito amor e carinho a papel dos pais que o abandonaram. Ao longo da criação, os
padrinhos foram percebendo que Leonardo estava cada vez mais desobediente e então
começaram a impor algumas regras a ele como aprender o bê-a-bá e brincar somente aos
domingos.
As regras que foram impostas a Leonardo não lhe agradaram nem um pouco. Ora,
Leonardo era uma criança com vontades de criança, mas diferentemente dos dias de hoje,
naquela época os pais regiam o destino dos filhos e como Leonardo estava sob a supervisão
dos padrinhos ele tinha que atender as vontades dos padrinhos e eles tinham o sonho de que
ele se tornasse um padre, mas esta nunca foi à vontade de Leonardo.
Enquanto isso, o pai, Leonardo-Pataca, deixou envolver-se amorosamente com uma
moça cigana que logo em seguida o deixou e com o desejo de tê-la de volta, recorrer à
feitiçaria para tentar tê-la novamente. Foi neste movimento que o Major Vidigal o flagrou e o
levou para a casa da guarda, lugar onde se guardava os presos que aprontavam a noite e isso
aconteceu tendo em vista que feitiçaria era proibida na época. Para Leonardo-Pataca foi
bastante vergonhoso, pois o major era conhecido dele e ainda o disse que por ser meirinho
deveria ser um exemplo.
Leonardo-Pataca um pouco ocupado com o que lhe acontecerá esqueceu-se um pouco
da cigana, mas logo a chama desse amor ressurge, no entanto, ele percebe que o Padre
passava muito tempo em sua casa então ele vai à casa da cigana informar o horário de uma
festa para que o padre chegue atrasado. Leonardo-Pataca percebendo que havia sido trocado
pelo padre planejou uma emboscada na festa e o Major Vidigal entra em ação e encontra o
Padre de ceroulas curtas e largas, de meias pretas, sapatos de fivela e solidéu à cabeça.
Leonardo-Pataca estava feliz da vida por ter sua vingança plena. O padre não foi
preso, passou apenas a noite na casa de guarda como Leonardo havia passado. Para Vidigal
esse ato seria suficiente para que o padre se conscientizasse de sua atitude suja. Em seguida, a
comadre passa um sermão em Leonardo onde fala para que ele tenha mais cautela nas suas
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escolhas amorosas e escolha uma filha da terra já que não havia dado certo nem com as
ciganas e nem com as saloias.
Enquanto isso voltando para a vida de Leonardo-Filho, dias depois do acontecido há
uma procissão na cidade e por onde a procissão passava abria-se as portas dos amigos e
conhecidos e foi assim que o compadre e Leonardo Filho passaram a visitar Dona Maria, uma
mulher rica, velha e que era uma amiga antiga do Compadre. E então os dois passaram a
conversar bastante, toda a conversa iniciou-se com a história de Leonardo-Pataca e Maria das
Hortaliças.
As visitas continuaram a casa de Dona Maria até que certo dia Dona Maria recebe em
sua casa uma sobrinha tida como órfã, a menina chamava-se Luisinha. Em uma festa do
Espírito Santo todos foram e foi aí que começou a história de Leonardo e Luisinha. A menina
encantada com os fogos inclinou na direção de Leonardo e acabou encostando-se ao corpo do
jovem e ali Leonardo Filho ficou profundamente admirado por um dia ter chegado a achar a
garota feia.
Depois de uns dias aparece um homem chamado José Manuel, um homem que ficou
interessado por Luisinha e interessando ainda mais em sua herança tendo em vista que seria
herdeira de dona Maria. O Compadre, a Comadre e Leonardo Filho notaram rapidamente o
interesse de José e tentaram de tudo para afastá-lo de Luisinha bem como inventar mentiras a
respeito de José para que Leonardo pudesse conquistar o coração da jovem. As mentiras
inventadas para afastar José foram descobertas e dona Maria muito frustrada acaba se
afastando da Comadre.
Ao passo que isso acontecia com Leonardo Filho, na vida de seu pai Leonardo-Pataca
ocorria que mais uma vez ele tinha problemas com a cigana e então deixa a cigana de lado e
envolve-se com a filha da Comadre que se chamava Chiquinha e juntos tem uma filha, que
dizia-se que em nada se parecia com seu irmão.
Pouco tempo depois o compadre cai em enfermidade e a comadre de tudo fez,
preparou banho de Alecrim, foi a botica comprar pílulas, mas o compadre acabou não
resistindo e faleceu. Leonardo-Pataca começou a organizar os preparativos para o testamento
e entrou em acordo com a comadre que Leonardo Filho ficaria junto dele e do restante da
família.
Leonardo Filho volta a morar com o pai, no entanto, em alguns dias de convivência
com o pai e a madrasta Leonardo viu que não daria certo tendo em vista que a madrasta esta a
implicar com o jovem e o mesmo acabou fugindo, pois não aguentava as implicâncias e brigas
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com a madrasta. No trajeto da fuga Leonardo encontra com um grupo de amigos reunidos e lá
encontra um amigo onde passam a morar juntos.
O amigo do Leonardo pergunta o que lhe acontecera e ele lhe explica, pergunta
também para onde Leonardo vai e ele disse que não sabia. Então, este amigo de Leonardo o
chama para morar junto em uma casa da Rua da Vala, lá havia uma grande família composta
por duas viúvas, cada uma delas tinha 3 filhos, uma delas tinha três filhos e a outra três filhas.
Os três rapazes eram rapagões de 20 anos para cima e as moças eram, como diz o autor,
desempenadas.
Uma das filhas de uma das viúvas chama-se Vidinha, a mais bonita considerada entre
as moças. Leonardo então deixou seus sentimentos por Luisinha de lado e entregou-se a
Vidinha, moça que também havia balançado seu coração. Diferente do que se esperava que
acontecesse em um período romântico, Leonardo não morre de amores por Luisinha e parte
para outra direção. Na casa, dois primos de vidinha eram apaixonados por ela e é no meio
desta confusão que Leonardo Filho entra.
O autor diz que a princípio Vidinha se fez de muda e surda e ali ocorriam várias
guerras de olhares e gestos, e ali começaram a se enamorar, o que não agradava aos primos de
Vidinha de jeito nenhum. O ciúme que os rapazes sentiram de Leonardo com Vidinha foi
tanto que os dois armaram uma emboscada para ele e foram correndo falar com o major
Vidigal sobre o caso do jovem que não fazia outra coisa em casa a não ser admirar a beleza de
vidinha alegando que estava com intruso na casa e tirava proveito das mulheres. O major
Vidigal o prendeu e por sorte o jovem fugiu.
A comadre sabendo de tudo que acontecera a Leonardo, consegue então um emprego
ao jovem na ucharia real, mas o jovem parecer ter puxado ao pai quando o assunto trata-se do
coração. Leonardo se envolveu com a esposa de seu chefe, Toma Largura. E o mesmo ao
pegar esse flagra corre atrás de Leonardo, e há quebra prato, gritos e muitos outros barulhos
de móveis derrubados sobre o chão. No dia seguinte, como era se esperar, o jovem estava
demitido.
Vidinha chegou a ir à casa de Toma-Largura para brigar com ele e sua esposa e nesse
meio tempo o major consegue prender Leonardo. Mas diferente do que imagina-se, o ex
patrão de Leonardo encanta-se pela moça e sua beleza exuberante, não resiste e ao longo da
conversa com a moça pôs-se a rir-se e responde-la com um tom desconsertado. Vidinha saiu e
foi atrás da comadre informar o ocorrido. A mesma já estava cansada das invenções do
Leonardo e saiu à procura do afilhado, afinal, não poderia abandoná-lo de forma alguma.
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Pego pelo major, Leonardo foi intitulado a soldado do exército, os batalhões da cidade
tinha um regimento novo e ele foi escolhido, mas diferente do que se esperava as diabruras de
Leonardo não pararam por aí. O jovem aprontou até dentro do exército sendo prometido pelo
major a severos castigos.
Quanto a Leonardo-Pataca, o pai, no livro descrito em um trecho como Leonardo
velho, estava a viver com a filha da comadre, com que tivera um descendente e ainda não
havia batizado a criança. E assim como houve uma festa no batizado de Leonardo Filho com
esse novo ser na família não poderia ser diferente. Leonardo-Pataca organizou uma festa em
comemoração e Leonardo Filho estava presente.
Durante a festa o Major teve o infortúnio de ter de realizar a prisão do animador da
festa chamado Teotônio e nessa missão Leonardo Filho estava encarregado da prisão do
homem. O que surpreende o leitor é o fato de Leonardo Filho aprontar e ajudar o homem a
fugir. Por conta desta outra travessura do jovem, o major o promete novamente a severos
castigos.
A comadre ao saber fica desesperada e recorre a Dona Maria e esta por sua vez
recorrer a Maria Regalada, um antigo amor do major, justamente com o intuito de convencê-
lo a não cometer tal atrocidade. Leonardo foi preso, mas o major deixou-se convencer pelos
argumentos das donzelas, o soltou e ainda o promoveu a Sargento de Milícias. Por conta deste
acontecimento Leonardo volta a visitar Dona Maria e inevitavelmente encontra-se com
Luisinha. A moça acabou ficando viúva depois que José Manuel foi acometido por ataque
apoplético e depois de um tempo Luisinha e Leonardo casaram-se e viveram juntos.
O autor surpreende o leitor ao imaginar que em seu livro haverá o nacionalismo
exacerbado, uma grande exaltação das belezas naturais do país e do lugar onde os
personagens viviam, mas isso não acontece. Também não se percebe a presença do
indianismo na história, diferente de outros escritores da época que tinham essas temáticas
como foco constante.
Outro aspecto notável é a religiosidade, que se pode ver com a presença do padre, com
o desejo do padrinho de que Leonardo Filho se tornasse um padre e até mesmo com as
procissões que ocorriam e que eram vistas como grandes festas na cidade. Por outro lado, o
autor traz a figura do padre envolvido com a cigana com a finalidade de escandalizar um
pouco a religiosidade presente no período.
Por fim, quanto ao romantismo em si é possível notar que os homens não morrem de
amores pelas donzelas, não fogem de suas realidades e muito menos dizem que suas vidas não
faram sentido sem elas. Isso não acontece, os personagens seguem suas vidas firmes atrás de
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outros amores sem idealizar a mulher ideal, deixam-se envolver perdidamente como deveria
acontecer em um verdadeiro período romântico.