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Canteiro - Inovações Tecnológicas e Políticas Públicas v2 PDF
Canteiro - Inovações Tecnológicas e Políticas Públicas v2 PDF
Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas 9-1
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
As principais fontes empregadas para a produção deste texto, além das diretamente referenciadas
no mesmo, são: Castegnaro (2003); Entreprise (2002); FFB (1999); Fundación (2005); ICADE
CAPRI (s.dt); Resitech (2000). Também foram consultadas as referências: ADEME (2004);
ADEME (s.dt.); Alameda County (2003); Environment Agency UK (s.dt.); Federal Office (2001);
Foliente et al. (s.dt.); Pulaski et al. (2004); Qualité Construction (2005).
Por razões econômicas, mais do que ambientais, em muitas demolições no Brasil já ocorre um
processo parcial de seleção, principalmente quando há possibilidade de reuso de componentes,
como no caso de portas, janelas, cerâmicas de revestimentos, telhas, etc. Isso, no entanto, apenas
ocorre na demolição de casas de melhor padrão, onde há a possibilidade de se revender os
componentes.
Um aspecto importante a se considerar é o dos cuidados com os equipamentos utilizados que, por
acidente ou falta de manutenção, podem provocar danos à vegetação do canteiro ou à bens
edificados vizinhos. Atenção também deve ser dada ao material removido, antes de sua destinação
final, para que não ocorra seu carreamento por chuva ou vento, por exemplo, cobertura com lonas,
criação de baias de estocagem, etc.
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Uma capa protetora prova d’água é aplicada sobre o material, selando-o por no mínimo 20 anos.
Com relação aos resíduos, as preocupações são a da sua reutilização (em primeiro lugar) e da
segregação para posterior reciclagem (para os produtos não reutilizáveis).
Os serviços de remoção envolvidos nessas obras nunca foram estudados no país. Não foram
desenvolvidos tecnologia gerencial e equipamentos apropriados para tanto; normalmente, são feitas
adaptações das maneiras de demolir e de construir que se usam em canteiros de obras novas. Há,
portanto que se inovar nesta área.
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É recomendável que seja feito um Plano de Controle de erosão e deposição de sedimentos. Este
plano tem por objetivo identificar os possíveis processos de erosão e sedimentação que ocorrerão
no canteiro, estabelecendo procedimentos para controlá-los.
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Uma boa prática construtiva, no caso das ligações elétricas, é a de bem isolá-las e, quando forem
enterradas, corrê-las dentro tubos ou manilhas de proteção. Para as tubulações de diferentes
naturezas (água, drenagem, esgotos, etc.) e materiais (plásticos, metais, etc.), atentar para aspectos
como execução de embasamento adequado, de cobertura mínima de solo e de envolvimento de
camada de proteção (contra oxidação, por exemplo).
− Prever um correto sistema para esgotamento de águas servidas da obra, por rede
pública ou por instalações provisórias, como fossas sépticas e caixas de gordura.
− Prever área de decantação de águas com material particulado (argamassas, gesso,
etc.), para recolher as águas de lavagem de equipamentos, rodas de veículos, etc.,
antes de esgotá-las.
− Adotar medidas para prevenir que eventuais produtos tóxicos existentes no canteiro
sejam carreados pelas chuvas e adentrem as redes públicas.
− Assegurar a manutenção periódica das instalações, verificando a existência de
vazamentos e a limpeza periódica de tanques sépticos e caixas de gordura.
O grande desafio para se evitar a perfuração de redes enterradas, quando da execução dos serviços
preliminares de uma obra ou os de escavações e de fundações, é se conhecer o seu posicionamento.
Isso é particularmente crítico nos casos de obras situadas em lotes remembrados envolvendo
demolições de construções existentes, pela inexistência de cadastro.
Inovar ampliando estes cadastros vai, no entanto, além da capacidade de ação da empresa
construtora. O que esta pode por em prática é fazer uso de técnicas de identificação de redes
enterradas, não destrutivas, por exemplo, pelo uso de aparelhos de emissão contínua de ondas
eletromagnéticas no solo que, ao serem refletidas nas estruturas ou objetos em profundidade, a uma
antena disposta no aparelho, fornecendo a localização de tubulações e cabos enterrados (GPR -
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As construções provisórias incluem não somente as edificações, como as que delimitam o canteiro,
normalmente constituídas por tapumes. A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo
específico sobre as áreas de vivência, assim como outro sobre tapumes e galerias, cobrindo
adequadamente as questões de higiene e segurança no trabalho.
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• Estabelecer sistemática de limpeza de calçadas e áreas públicas, sobretudo durante a obra bruta.
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Outra questão importante é se evitar que vazamentos e carreamentos de materiais por intempéries
(água, vento, etc.) ou pela ação da gravidade atinjam o ambiente. As principais recomendações,
para as quais são disponíveis soluções tecnológicas, são:
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Proteger a superfície para evitar erosão e ação da chuva. Não compactar o depósito e evitar o
trânsito de máquinas, equipamento e veículos sobre os mesmo.
Deve-se ainda:
Para as circulações que forem inevitáveis, do ponto de vista das demandas por inovações, a mais
marcante é a falta de opções no mercado por máquinas, veículos e equipamentos adequados aos
diferentes serviços de alto desempenho, ou seja, com baixos níveis de consumo de combustível,
emissão de ruídos e gases e silenciadores instalados.
No mais, aqui, também, já são conhecidas muitas das soluções técnicas e gerenciais para se
diminuir a circulação e se reduzir os impactos delas decorrentes:
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veículos se sujem de barro, vindo a sujar vias externas; delimitar os locais onde
possa haver circulação no interior do canteiro, dando preferência a locais que serão
impermeabilizados posteriormente e evitando a circulação sobre solo destinado à
área verde, de modo a impedir sua compactação.
− Preparar corretamente as circulações entre a área do armazenamento a o local onde
está o equipamento de transporte vertical (grua, elevador, guincho, etc.).
− Instalar sinalização adequada (locais de entregas, acessos de veículos e pedestres,
caçambas de coleta, etc.); caso necessário, o local da obra deverá ser sinalizado em
vias públicas, em comum acordo com os órgãos responsáveis.
− No caso de retiradas da obra, principalmente nas etapas de demolição e escavação,
deve ser estabelecido plano de chegada de caminhões, evitando que fiquem
estacionados nas vizinhanças da obra.
− Prever áreas de estacionamento de veículos que impeçam o contato de óleos que
vazem de motores com o solo.
− Evitar que equipamentos de transporte vertical (guinchos, gruas, etc.) possam
transportar cargas por sobre a vizinhança; definir o volume limite de circulação de
cargas aéreas.
− Identificar a presença de linhas elétricas ou de alta tensão no terreno ou vizinhança e
levar em conta a sua presença na escolha dos equipamentos de transporte vertical
(guinchos, gruas, etc.) e na definição do volume limite de circulação de cargas
aéreas.
utilizem água sob pressão ou outros sistemas que evitem a necessidade de utilizar
produtos perigosos (solventes, por exemplo).
− Prever área de lavagem de rodas de caminhões e de outros veículos, com dispositivo
para recuperação das águas; essas devem ser tratadas em área específica prevista no
canteiro (decantação).
− Prever área para decantação de águas de lavagem de equipamentos como betoneira,
argamassadeira, etc.; trocar a água toda manhã, antes do início dos serviços, e retirar
o material recolhido destinando-o à caçamba de coleta ou baia de resíduos inertes
(Classe A).
− Prever área de abastecimento para veículos e tomar as providencias necessárias na
mesma (impermeabilizar, caixa de óleo, etc)
− Pintar o concreto do tanque com tinta tipo epóxi, assim o óleo ou combustível não
ficará retido nos poros do mesmo e, quando for demolido, não seria classificado
como resíduo perigoso.
− Proteger o tanque contra possíveis colisões de veículos
− Responsabilizar os trabalhadores da obra pelo bom funcionamento, manutenção e
limpeza de equipamentos, ferramentas, máquinas e veículos.
− Realizar sistematicamente medições de emissões de CO2 e ruídos em máquinas,
veículos e equipamentos; observar sistematicamente se não ocorrem vazamentos.
− Garantir que quem utiliza ou opera os equipamentos, ferramentas, maquinas ou
veículos tem pleno conhecimento do seu funcionamento.
− Não realizar troca de óleo de veículos no canteiro de obras; no caso da necessidade
de abastecimento de veículos no canteiro, prever área específica com piso adequado.
A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre ordem e limpeza, com
recomendações adicionais que têm que ser observadas.
9.1.2. Recursos
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Algumas dificuldades existem para a implementação dessas medidas, que precisam ser superadas
pelo maior desenvolvimento tecnológico, relacionadas:
− Instalar medidores de água e luz nas áreas de produção (incluindo nas frentes de
trabalho) e de vivência, de modo a conhecer os consumo e combater os desperdícios.
− Instalar, nas áreas de vivência, sistemas que permitam o uso eficiente de água e
energia, responsabilizando os operários pela boa utilização dos mesmos.
− Promover campanha de conscientização e estabelecer política de inspeção, para
evitar todo desperdício de água (identificação de vazamentos, torneiras deixadas
abertas, reservatórios com bóias desreguladas, etc.).
Embora o gás não seja fonte energética de uso intenso na maioria dos canteiros de obras, deve-se
procurar implementar medidas para a sua conservação, e a principal solução a ser aplicada é
conhecida:
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9.1.3. Resíduos
No entanto, desde 2002 há um novo marco na legislação relacionado ao assunto, com a Resolução
nº 307/2002 do CONAMA, que define “diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos
ambientais”. Para tanto, a Resolução estabelece como instrumento o Plano Integrado de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, que incorpora dois outros instrumentos:
Tanto os aspectos gerais do Plano Integrado como as suas especificidades em relação aos Projetos
de Gerenciamento de Resíduos interessam a este trabalho.
No caso do Plano Integrado, ele estabelece que os municípios devem assegurar: “... III - o
estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de disposição
final de resíduos; ... V - o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo; VI - a definição de critérios para o cadastramento de transportadores; ...”. Essas
exigências dizem respeito à questão da destinação dos resíduos, e são tratadas no item 9.1.3.2. É,
portanto, a necessidade de se elaborar o Projeto de Gerenciamento de cada canteiro de obras que
traz impacto imediato para o manejo dos resíduos, sendo tratado a seguir.
O Projeto de Gerenciamento de Resíduos visa reduzir a produção dos mesmos e criar as condições
que permitam a sua reutilização ou sua reciclagem (reaproveitamento). A redução da produção de
resíduos já foi discutida no capítulo anterior. Já para a reutilização ou reciclagem, dois pontos são
fundamentais: evitar a mistura de resíduos de classes diferentes, e mesmo de produtos diferentes de
uma mesma classe, e assegurar que haja coerência entre a separação e a capacidade de reinserção
dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo nas proximidades da obra.
Para se evitar a mistura e corretamente classificá-los, deve-se segregar os resíduos desde a sua
produção, ou seja, no próprio local de uso do produto. A partir daí, deve-se estabelecer uma
seqüência de fluxos e um sistema de coleta dotado de recipientes de coleta e acondicionamento
específicos intermediários, como bombonas e bags, e finais, como caçambas de coleta e baias, e
respectivos acessórios. Há, portanto, necessidade de espaços no canteiro de obras para posicionar
tais dispositivos e de pessoas responsáveis por assegurar o funcionamento do conjunto. Resíduos
que venham a se misturar, de quebras ou varrições, precisam ser selecionados, o que pode se dar no
próprio canteiro ou em área externa de transbordo e triagem (ATT).
1
Nova redação dada pela Resolução CONAMA nº 348, de 16 de agosto de 2004.
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A gestão dessa seqüência de atividades durante a obra deve ser cuidadosa e requer níveis distintos
de atenção. Quando da execução da estrutura, por exemplo, a triagem dos resíduos é mais simples,
já que são compostos essencialmente de resíduos de Classe A inertes reutilizáveis ou recicláveis
como agregados (uso em concretos) e de Classe B, nesse caso recicláveis como madeira ou aço. Já
a partir dos demais serviços, embora se mantenha os resíduos de Classe A (alvenarias, argamassas,
cerâmicas, etc.) e B (embalagens de plásticos e papel/papelão, metais, vidros, madeiras, etc.),
começam a existir resíduos de Classe C (gesso) e, mais complexos, os perigosos de Classe D
(tintas, solventes, lâmpadas fluorescentes, etc.), que de modo algum podem se misturar aos outros.
A classificação dos resíduos em obra para sua triagem deve levar em conta processos de
transformação que os produtos tenham sofrido no canteiro, pela combinação de produtos, por
exemplo, que possam fazer com que mudem de classe.
Quanto à coerência entre a segregação e a capacidade de re-inserção dos resíduos, por exemplo, o
grau de segregação dos resíduos de Classe B depende das possibilidades de reaproveitamento que
existam nas proximidades da obra. Os resíduos dessa classe podem também ser misturados na obra
e depois separados numa ATT; a decisão pelo nível de segregação na obra depende de aspectos
como a área disponível e os volumes produzidos, por exemplo, que sejam suficientes para justificar
a ida à obra de um reciclador para retirá-los.
Desse modo, o projeto do manejo dos resíduos deve identificar e quantificar os resíduos de
diferentes classes e prever áreas de coleta e acondicionamento no canteiro com dispositivos
adequados, em função da classe do resíduo.
Pode-se citar algumas recomendações gerais quanto ao manejo dos resíduos no canteiro:
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Via de regra, a melhorar opção é se incorporar, sempre que possível, os resíduos, reutilizando-os na
própria obra; senão, gerenciá-los de forma a garantir que sejam reaproveitados.
− solos diversos;
− materiais inertes, de origem mineral, como o concreto armado e protendido e o
concreto massa, produtos cerâmicos, pedra natural, agregados, areias e vidros;
− materiais metálicos, como aço, chumbo, cobre, ferro, zinco, alumínio, etc.;
− plásticos, incluindo EPS (poliestireno expandido);
− asfaltos, betumes, neoprenes e borrachas;
− madeiras e serragens;
− papelão de embalagens e papéis de escritório;
− resíduos similares aos urbanos.
− lâmpadas que contenham mercúrio
− São assim potencialmente reutilizáveis:
o componentes estruturais: vigas, pilares e elementos pré-fabricados de concreto;
fôrmas de madeira e elementos em EPS;
o componentes de vedações verticais: portas, janelas, ferragens, revestimentos
cerâmicos e pétreos, divisórias internas e painéis leves e seus componentes,
elementos de vedação pré-fabricados de concreto, etc.;
o componentes de cobertura: telhas, estruturas de sustentação metálicos ou em
madeira, iluminações zenitais, sistemas de águas pluviais;
o revestimentos internos: forros, pisos elevados, revestimentos verticais, elementos
de decoração, etc.;
o instalações: tubulações, louças, metais, equipamentos de climatização, mobiliário
fixo de cozinha, mobiliário fixo de banheiro, elevadores, lâmpadas, etc.
− Observar as seguintes regras gerais quanto à destinação de resíduos:
o Privilegiar toda forma de reaproveitamento dos resíduos.
o Levantar a localização de áreas de destinação de resíduos na proximidade da obra,
sejam elas para novo beneficiamento ou disposição final.
o Incluir a minimização da distância de transporte como critério para definir o local
de destinação.
o Assegurar-se que os veículos que transportam solos e resíduos têm as condições
adequadas para que não haja queda acidental do material transportado, adotando as
precauções necessárias para que não sujem as vias públicas; realizar
sistematicamente medições de emissões de CO2.
o Negociar o retorno ao fabricante dos resíduos de classe C (para os quais não foram
A questão da destinação final é crítica e está prevista na Resolução nº 307/2002. Ela estabelece no
Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos, entre outras coisas, que os municípios devem
assegurar o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de
disposição final de resíduos e a definição de critérios para o cadastramento de transportadores.
No caso dos resíduos oriundos de pequenos geradores, a Resolução atribui ainda aos municípios a
responsabilidade pelo "cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,
triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área
urbana municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos
geradores às áreas de beneficiamento.” Assim, no caso de obras de pequeno porte, uma alternativa
de destinação existente são os pontos de entrega mantidos pelo poder público, ditos “ecopontos”,
como os da Tabela 2.
Ecoponto Endereço
Imperador Av. Ribeirão Jacu, 201 (trecho Av. Imperador) - Fone: 6152.9679
Pe. Nogueira
Rua Cônego José Salomom, 861 - Vila Bonilha - Fone: 3992.6475
Lopes
No caso de resíduos líquidos, a principal recomendação é a de não derramar substancias nas redes
de esgoto, drenagem, ou em canais, córregos ou rios sem os devidos cuidados. Observar, ainda, as
seguintes diretrizes:
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Finalmente, cabe lembrar que a questão do gerenciamento dos resíduos tem relação direta com a da
limpeza da obra. Assim, não só as áreas coletivas e de apoio à produção do canteiro e as calçadas
circunvizinhas devem ser varridas regularmente e mantidas limpas como, uma vez o serviço
concluído, de preferência diariamente, também o local de produção deve ser varrido e os resíduos
encaminhados para o local de coleta intermediária (bags) ou final (caçamba ou baia).
Do ponto de vista das necessidades de desenvolvimento tecnológico, muitas são elas. As primeiras
são de natureza mercadológica: faltam estudos de logística reversa que definam o modus faciendis
e demonstrem a sustentabilidade técnica, econômica e ambiental do reaproveitamento dos resíduos
de construção. Tem relação direta com isso um dos objetivos da Resolução CONAMA
nº 307/2002, de “incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo”,
o que está longe de vir sendo feito pelos municípios.
Ainda em relação à Resolução, faltam ainda na maioria dos centros urbanos áreas já cadastradas
aptas para recebimento, triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes, assim como
áreas de beneficiamento e de disposição final de resíduos licenciadas.
No caso de pedidos e informações junto aos órgãos responsáveis pelas redes públicas de
saneamento sobre a possibilidade de deposição de resíduos líquidos, já há tradição prévia de troca
de informações entre as equipes de obras, nos casos das ligações provisórias e definitivas, o que
Não há tecnologia para o pré-tratamento no canteiro de obras de resíduos líquidos cujos níveis de
contaminação ultrapassam os limites estabelecidos de contaminantes e nem dispositivos e
procedimentos para coleta de amostras e análise da qualidade do resíduo líquido.
Precisam ser definidos recipientes para o acondicionamento correto dos resíduos líquidos; o
número de empresas especializadas capazes de removê-los é limitado.
Considerar como resíduos perigosos os definidos para a Classe D pelas Resoluções do CONAMA
nº 307/2002 e nº 348/2004 (amianto). São assim resíduos perigosos, entre outros: produtos de
soldagem; materiais usados em impermeabilizações a base de asfalto ou amianto; produtos de
preservação de madeiras como creosotos, germicidas, anti-oxidantes; tintas e vernizes; outros
resíduos químicos (anti-corrosivos, secantes, fungicidas, inseticidas, solventes, diluentes, ácidos,
abrasivos, detergentes, etc.); equipamentos elétricos que contenham componentes perigosos, como
tubos de raios catódicos e lâmpadas fluorescentes; instrumentos de aplicação de tintas e vernizes
como broxas, pincéis e trinchas; outros materiais auxiliares na aplicação de produtos perigosos,
como panos, trapos, estopas, etc. Materiais, instrumentos e embalagens contaminados por resíduos
perigosos também passam a ser considerados como tal.
Tanto os resíduos perigosos, como as embalagens e os materiais contaminados por esses produtos,
devem ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas
técnicas especificas. Deve-se assim prever triagem e acondicionamento específicos para os
mesmos.
Cuidados especiais devem ser consagrados à destinação dos resíduos perigosos, uma vez que a
destinação incorreta trará conseqüências extremamente danosas para comunidades mais distantes.
Isso implica numa tarefa adicional para as construtoras, embora se superpondo a um papel dos
órgãos ambientais, o da correta qualificação e avaliação dos destinatários, que obrigatoriamente
devem ser licenciados.
Como recomendações gerais, tem-se ainda para o manejo e destinação resíduos perigosos:
− Preparar uma lista dos resíduos perigosos existentes na obra e realizar a triagem
correta dos mesmos, seguindo com mais rigor as recomendações válidas para os
resíduos não perigosos.
− Os resíduos líquidos devem ser dispostos em tanques impermeáveis.
− Armazenar os resíduos perigosos em recipientes adequados, cujo material não seja
afetado pelo resíduo e seja resistente ao manejo; no caso de resíduos líquidos,
posicionar os recipientes sobre áreas impermeáveis.
− Identificar os recipientes de armazenamento dos resíduos perigosos antes de serem
enviados às áreas de destinação; identificá-los com uma etiqueta que, pela Resolução
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O quarto e último grande tema diz respeito aos incômodos e poluição causados pelos canteiros de
obras, que se relaciona com os seguintes aspectos ambientais:
− demolição;
− limpeza superficial do terreno;
− fundações;
− rebaixamento do lençol;
− escavações e contenções;
− estrutura;
− alvenarias;
− divisórias;
− esquadrias;
− telhado;
− impermeabilização;
− revestimento vertical;
− pintura;
− piso;
− sistemas prediais;
− redes enterradas e aéreas;
− terraplenagem;
− pavimentação;
− drenagem superficial.
Atividade: Demolição
Atividade: Fundações
A lama bentonítica e os siltes são bastante poluentes, e não podem ser jogados nos esgotos
ou rede de drenagem. Caso haja solo contaminado no terreno, os corpos d’água devem ser
isolados dos mesmos com, por exemplo, geomembrana.
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9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Atividade: Estrutura
Atividade: Divisórias
Os resíduos contendo gesso não são considerados inertes, pois, embora de baixa
solubilidade, são solúveis em água, podendo atingir lençóis aqüíferos.
Atividade: Impermeabilização
Atividade: Pintura
Mesmos tintas acrílicas podem apresentar riscos ambientais, devidos a resinas, pigmentos e
aditivos.
Atividade: Piso
Preferir vernizes com solventes à base de água; evitar emprego de vernizes tipo “Sinteko”
ou poliuretânicos.
Atividade: Terraplenagem
Caso haja solo contaminado no terreno, deve-se isolar os corpos d’água e consultar um
especialista sobre a melhor solução. Os siltes retirados durante a terraplenagem não podem
ser dispostos em corpos d’água ou esgoto.
Atividade: Pavimentação
Se a emissão de vibração for inevitável, é recomendável que a faça em períodos que causem
menores incômodos à vizinhança e que, no caso de construções vizinhas com risco de apresentarem
patologias, que se tomem todas as precauções necessárias.
Atividade: Demolição
A emissão de vibração pode ser reduzida pelo uso de equipamentos leves ou serras de
corte.
Atividade: Fundações
A execução das fundações é uma das maiores fontes de vibração em obras, especialmente
quando são utilizadas estacas cravadas. É preferível a utilização de bate-estacas vibratórios,
pois causam menos incômodos que os que funcionam por gravidade,
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9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
No caso de escavações que causem vibração, valem as recomendações feitas no início deste
item.
Atividade: Terraplenagem
Atividade: Pavimentação
Segundo Andrade (2004), “O ruído da obra pode ser avaliado em termos de nível sonoro
equivalente contínuo e/ou em termos de nível máximo. O nível de som na vizinhança que provém
do local da obra dependerá de vários fatores, que são: (a) a potência sonora do processo e da
máquina; (b) o período de processo da operação e da máquina; (c) a distância da fonte para o
receptor; (d) a presença de enclausuramento; (e) a reflexão do som. Outros fatores como
condições meteorológicas (particularmente velocidade do vento e a sua direção), absorção do solo
e absorção atmosférica, também podem influenciar no nível de ruído recebido...”.
Assim, escreve a autora: “Quando se descreve o ruído de eventos isolados, que não aparente ser
por um período muito longo de Leq, pode ser utilizado um período curto (por exemplo 5 min) de
Leq (valor médio quadrático sonoro). Qualquer medida usada para descrever o ruído do local da
obra deve especificar o período do dia que o valor medido se aplica.”
Antes, ela afirmara que: “De acordo com U.S. Department of Transportation Federal Railroad
Administration (1998), o Leq é apropriado por descrever os ruídos por operações separadas e
pela combinação das mesmas, para cada equipamento, para cada fase da construção e para todas
as fases conjuntas em períodos definidos. Se considerarmos o ruído da construção civil, que é
variável durante um período de tempo T, o Leq representa o nível de ruído constante com a mesma
energia que o ruído realmente percebido durante o período considerado. O Leq corresponde ao
valor médio quadrático da pressão sonora referente a todo intervalo de medição, sendo que,
devido ao conteúdo tonal existente, deve haver uma correção para corresponder ao incômodo real
(I) ou deve ser utilizada a medição do nível sonoro máximo ponderado (LAmáx).”
A NBR 10.151 - Avaliação de ruídos em áreas habitadas visando o conforto da comunidade2 traz a
fórmula para o cálculo do Leq.
2
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.151: Avaliação de ruídos em
áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Rio de Janeiro, 2000.
As recomendações gerais feitas no caso das vibrações, de escolha dos períodos de emissão e da
gravidade do incômodo em certos locais também aqui são válidas Outras recomendações básicas
para minimizar tais impactos confrontam as condições de exposição com as de aceitação dos
ruídos. Com base na norma inglesa BS 5228 (Part 1): Noise Control on Construction and Open
Sites (1984)3, Andrade (2004) propôs muitas delas, que são em parte aqui retomadas e
complementadas:
− Adotar como critérios para se fixar o objeto de controle de ruído, uma vez que é
“é provável que vários fatores afetem as considerações da aceitabilidade do ruído
(de uma obra) e o grau de controle necessário”: localização da obra, nível de ruído
ambiental existente na vizinhança (ruído de fundo), duração das operações ruidosas,
horas de trabalho, percepção pelo receptor da atitude do produtor do ruído e
características do ruído.
− Identificar os limites de produção de ruídos impostos pela legislação e outros
impostos pelas condições locais.
− Procurar estabelecer limites mais rigorosos de emissão para a obra do que os da
legislação; por exemplo, 80 dB(A) parece ser um valor máximo de nível sonoro
adequado nas divisas do terreno da obra e o de 85 dB(A) o limite adequado para um
local a 10 metros da fonte emissora.
− Identificar e relacionar ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos que
produzam ruído ou vibração, caracterizar em que fases da obra são utilizados e
estimar os valores das emissões sonoras causadas (dar preferência de uso para
aqueles cujos fabricantes forneçam tais informações); comparar os níveis sonoros
que serão atingidos com os limites; analisar a possibilidade de emprego de
ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos menos ruidosas; planejar a
realização de atividades ruidosas; considerar a possibilidade de se dobrar o número
de equipamentos que produzam ruídos, de tal forma que trabalhem em paralelo,
diminuindo o tempo de exposição; respeitar estritamente os horários de trabalho.
− Informar a vizinhança, ao longo do desenrolar da obra, quanto às fases de elevada
produção de ruídos assegurando um bom relacionamento com a comunidade.
− Dar preferência a ferramentas, equipamentos, veículos e máquinas elétricos, e não
pneumáticos ou a explosão; evitar geração de ruídos e vibrações por golpes
(estaqueamento, martelamentos, posicionamento e esvaziamento bruscos de
caçambas de concreto, etc.); o uso da solução elétrica, embora mais caros, pode
ainda dispensar a necessidade de um compressor. independentemente da fonte de
movimentação, exigir a insonorização das principais fontes de ruídos,
principalmente dos internos (compressores, geradores, betoneiras, caminhões,
guindastes, tratores, escavadeiras, etc.); dar preferência para bens novos, que
produzem menos ruídos; zelar pelo estado de manutenção dos mesmos; mantê-los
desligados quando não em uso.
3
BRITISH STANDARD. BS 5228 (Part 1): Noise Control on Construction and Open Sites. [S. l.], 1984
apud Andrade (2004).
9-28 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Para se ter uma idéia dos impactos sonoros, as tabelas 3 a 5 trazem valores de Nível de
Potência Sonora Equivalente (LeqNWS) e Nível de Pressão Sonora Equivalente (LeqNPS) dos
principais equipamentos usados nos canteiros.
Tabela 4. Níveis de Pressão Sonora para 15 metros de equipamentos usados nos canteiros
(fonte: Congresso Internacional de Acústica, 1985 – Mackenzie L. Davis e David A. Cornwell,
“Introduction to Environmental Engineering” apud Andrade (2004)).
Caminhão basculante 79 - 94
Equipamentos de combustão interna
Retroescavadeira 79 - 102
Tratores 85 - 106
Raspadeira niveladora 90 - 104
Caminhão betoneira 92 - 97
Caminhões 92 - 106
Betoneira com carregador 84 - 96
Equip. de
manual
uso
nários
Geradores 83 - 94
Compressores 83 - 98
Equip. de
impacto
Com base nesses valores, Andrade (2004) calcula os valores de Potência Sonora LeqNWS dos
diferentes equipamentos, conforme tabela 6. Tais valores permitem identificar claramente quais
os equipamentos que mais chances têm de causar impactos, embora não sejam suficiente para o
cálculo do impacto no caso funcionamento simultâneo de vários deles, pois o resultado da ação
conjunta depende de vários aspectos, incluindo do próprio ambiente da obra, e não da simples
adição.
− Reduzir as emissões empregando máquinas, equipamento e veículos menos ruidosos,
implantando silenciadores em escapamentos e mantendo-os desligados quando não
estiverem sendo utilizados.
− Localizar as áreas de produção de ruídos e vibrações (compressores, betoneiras,
vibradores, bombas, etc.) de tal forma a minimizarem os impactos na vizinhança,
trabalhadores e fauna local; essa minimização muitas vezes se dá localizando as
áreas próximas aos locais mais ruidosos já existentes na vizinhança; o aumento da
distância entre emissor e receptor é uma solução minimizadora eficiente, e deve ser
empregada quando possível.
− Zelar pelo uso (fechamento) e bom estado das proteções acústicas existentes nas
ferramentas, equipamentos, máquinas e veículos; prever a implementação de
proteções acústicas complementares para aqueles que produzam ruídos excessivos,
cujos custos podem ser amortizados em mais de uma obra; prever a construção de
barreiras físicas ou utilizar barreiras existentes entre as fontes emissoras e receptoras.
− Prever o uso de walkie-talkie para comunicação entre pessoal da obra.
− Organizar a circulação de veículo de modo a que evitem zonas sensíveis a ruídos;
prever áreas de manobras de veículos, para evitar que dêem marcha-à-ré e acionem o
aviso sonoro; exigir que motores sejam desligados quando o veículo não estiver em
movimento ou o equipamento em uso.
− Sensibilizar funcionários próprios e de terceiros atuando no canteiro quanto aos
problemas de ruído, informá-los quanto às sua origens e riscos de exposição e
capacitá-los quanto às formas de minimizá-los.
De um modo geral, e não obstante a tese de doutoramento de Andrade (2004), ainda se conhece
pouco sobre as fontes de ruídos em obra e as soluções de projeto e de gestão para minimizá-las. Do
ponto de vista tecnológico, deve-se investir mais na fabricação local de ferramentas,
9-30 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Atividade: Demolição
Atividade: Fundações
Atividade: Estrutura
Se possível, não utilizar britadeira. Caso haja necessidade, o equipamento deve ser
utilizado em períodos que provoquem menores incômodos à vizinhança.
Atividade: Terraplenagem
OS equipamentos mais ruidosos devem ser utilizados em períodos que provoquem menores
incômodos à vizinhança.
Atividade: Pavimentação
9-32 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Atividade: Demolição
Atividade: Estrutura
Atividade: Alvenarias
Proteger o edifício com rede desde o início da obra, auxiliando na retenção dos fragmentos.
No caso da poluição do ar, dentre elas as causadas pelo material particulado, há de se atentar às
condições meteorológicas (ventos, chuvas). Assim como no caso do desprendimento de gases, as
soluções para os problemas relacionados à emissão de material particulado dependem das
condições locais de vento. Assim, é preciso que a empresa levante informações sobre os ventos
dominantes (freqüências, com velocidades e sentido) e as condições do relevo e das construções
vizinhas que possam influenciá-los.
• Prever a molhagem moderada e periódica de vias e áreas sujeitas a ventos que possam gerar
poeiras, principalmente em períodos de estiagem; manter as vias internas do canteiro de obra
em condições adequadas.
• Exigir que motores diesel sejam desligados quando o veículo não estiver em movimento ou o
equipamento em uso.
• Zelar pelo estado de manutenção de equipamentos, máquinas e veículos que possam emitir
material particulado.
Do ponto de vista de tecnologias pouco usuais no país, tem-se o uso de aspiradores, em atividades
com demolição, pintura (durante a preparação da base) e revestimentos à base de resinas sintéticas
(durante a preparação da base).
Atividade: Demolição
Veículos transportando resíduos que possam desprender material particulado devem ser
adequadamente cobertos.
Atividade: Fundações
Atividade: Estrutura
Materiais finos, pulverulentos, como areia usada em concretos, devem ser estocados ao
abrigo dos ventos; devem igualmente ser cobertos, principalmente em períodos de
estiagem.
Atividade: Pintura
Atividade: Piso
Atividade: Terraplenagem
Prever a molhagem moderada e periódica de vias e áreas sujeitas a ventos que possam gerar
poeiras, principalmente em períodos de estiagem.
9-34 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Atividade: Pavimentação
Além das recomendações já feitas ao longo deste item, vale reforçar a utilização de
equipamentos de proteção, dada a toxicidade do material particulado emitido pelo asfalto
quente.
Quanto às tecnologias, quase nada se sabe sobre as medidas de emissões em canteiros de obras,
embora se conheça sobre emissões em situações com certa semelhança, como o caso de minas e
jazidas. Por outro lado, pesquisa com instrumentação e método similares aos que são usados em
investigações sobre a qualidade do ar interno de edificações poderiam ser realizadas para cobrir
esta lacuna, combinando métodos empregados em setores como os apontados.
Entrar em contato com as concessionárias locais para obter informações sobre as redes
existentes.
De uma forma geral, as soluções para se minimizar os efeitos nocivos dos desprendimentos,
principalmente de gases, dependem das condições locais de vento. Assim, é preciso que a empresa
levante informações sobre os ventos dominantes (freqüências, com velocidades e sentido) e as
condições do relevo e das construções vizinhas que possam influenciá-los.
Cuidados especiais devem ser dispensados aos produtos inflamáveis que sejam estocados na obra.
A presença de extintores adequados e com cargas no prazo de validade (contrato de manutenção) é
fundamental.
Reduzir a emissão de CO2, NOx e SOx mantendo os equipamento, veículos e maquinas com
motores a gasolina desligados.
Feitos esses comentários gerais, pode-se entrar nas especificidades das emissões que ocorrem
durante as diferentes atividades de uma obra.
Atividade: Demolição
Atividade: Divisórias
O desprendimento de fibras pode ocorrer quando do uso de isolantes a base de fibras, tanto
na sua colocação (operações de corte, por exemplo) quanto após, caso sejam deixados
expostos. As lãs de rocha são mais biopersistentes do que as de vidro, sendo, portanto, mais
nocivas para a saúde.
Empregar painéis com baixo teor formaldeídos ou formóis (por exemplo, divisórias de
madeira compensada levam cola na junção das lâminas); evitar colas à base de formol para
a colagem de placas de revestimento, que desprendem formaldeídos ou formóis (COV).
As colas com solventes trazem riscos de explosão, incêndio, intoxicação grave, agressão à
pele e mucosas nasais quando de sua utilização e emitem gases após sua aplicação, quando
de seu endurecimento.
Atividade: Esquadrias
O uso de solventes à base de acetona deve ser evitado em limpezas de vidros, pois causam
problemas de saúde aos trabalhadores, causam chuvas ácidas e aumentam o efeito estufa.
Toda queima de produto à base de policloreto de vinila (PVC) deve ser evitada, pela
legislação e por causar chuva ácida.
Atividade: Telhado
Atividade: Impermeabilização
Atividade: Pintura
Preferir o uso de tintas e vernizes sem formaldeídos ou formóis e que não emitam
compostos orgânicos voláteis (COV) ou de baixa emissão, pois estes reagem com outros
agentes poluentes presentes nos meios urbanos, produzindo ozônio, que afetam a saúde.
Solventes à base de derivados de petróleo (tolueno, xileno, white spirit, etc.), clorados
(tricloroetileno, diclorometano, etc.), oxigenados (acetonas, álcoois, ésteres, éteres, etc.)
desprendem gases que podem ter conseqüências neurológicas.
9-36 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Em situações de uso obrigatório de resinas sintéticas que emitam gases, deve-se preferir,
pela ordem, o uso de produtos considerados irritantes e depois os nocivos, evitando-se o
uso dos considerados tóxicos.
A pintura deve ser realizada antes da instalação de componentes ou materiais que absorvam
os compostos orgânicos voláteis (COV).
Atividade: Pisos
Pisos de madeira compensada levam cola na junção das lâminas que podem emitir
formaldeídos ou formóis (COV) nas primeiras idades.
As colas com solventes trazem riscos de explosão, incêndio, intoxicação grave, agressão à
pele e mucosas nasais quando de sua utilização e emitem gases após sua aplicação, quando
de seu endurecimento.
Toda queima de produto à base de policloreto de vinila (PVC) deve ser evitada, pela
legislação e por causar chuva ácida.
Atividade: Pavimentação
A fumaça desprendida pelo asfalto pode causar dores de cabeça; irritação nos olhos, nariz,
garganta e pele; enjôo; mudança na pigmentação da pele; e aumenta o risco de câncer no
pulmão. Dessa forma, além dos equipamentos de proteção, os trabalhadores não devem
passar longos períodos em contato com a fumaça.
Concluindo, do ponto de vista das tecnologias, se conhece bem os tipos de emissões, suas origens e
conseqüências, mas pouco sobre as intensidades com que ocorrem nos canteiros; estudos
específicos precisam então ser feitos.
9.1.4.9. Renovação do ar
A Norma Regulamentadora NR-18 traz um capítulo específico sobre locais confinados, cobrindo
essencialmente questões gerais de higiene e segurança.
Do ponto de vista de tecnologias pouco usuais no país, tem-se o uso de ventiladores, em atividades
com pintura (durante a preparação da base) e revestimentos de pisos.
Atividade: Fundações
Atividade: Pintura
Atividade: Piso
Não deixar de considerar como perigosos resíduos dos produtos: solda; materiais usados em
impermeabilizações a base de asfalto ou amianto; produtos de preservação como creosotos,
germicidas, anti-oxidantes; tintas e vernizes; outros produtos químicos (anti-corrosivos, secantes,
fungicidas, inseticidas, solventes, diluentes, ácidos, abrasivos, detergentes, etc.).
Atividade: Demolição
9-38 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Atividade: Impermeabilização
Atividade: Pintura
Atividade: Piso
Atividade: Pavimentação
A redução da produção de resíduos passa pela implementação de medidas que vão muito além dos
limites do canteiro de obras, envolvendo projeto, planejamento, oferta de produtos adequados
(normalização técnica, conformidade, desempenho, coordenação modular, etc.), gestão da
produção, equipamentos adequados, capacitação da mão-de-obra em todos os níveis, etc.
Do ponto de vista dos produtos e do suporte tecnológico básico (normas, laboratórios, etc.), já
aconteceram avanços significativos, mas muito resta a ser feito.
Por outro lado, pode-se dizer que o ferramental metodológico básico para a redução da produção de
resíduos existe e é praticado por num número bastante restrito de empreendimentos e empresas, de
diferentes agentes.
Este aspecto é crítico, porém é aparentemente simples de ser atendido. No entanto, são ainda
muitos os desafios para se conseguir incutir a filosofia da triagem nos canteiros e de fato conseguir
que seja praticada. A motivação pela sua prática, principalmente por parte dos operários, surge
como conseqüência de um contexto mais amplo de organização e funcionamento dos canteiros, que
passa pela questão da valorização dos trabalhadores, inclusive em termos de inclusão social e
salarial. Quase nunca o exemplo dado pelos responsáveis pela condução do canteiro é adequado
para que os operários nele se espelhem.
Mudar essa postura na gestão dos canteiros e então informar e instruir os operários são os desafios.
Dessa for, precisam ser desenvolvidas metodologias adequadas, num nível de comunicação
apropriado.
9.1.5.3. Avaliar o custo das destinações finais dos resíduos por classe
É necessário investir nos estudos econômicos, que hoje são incipientes, envolvendo, por exemplo,
os setores industriais de produtos da construção e o conceito de logística reversa.
9-40 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Os principais desafios relacionados à limitação das erosões foram apontados quando da análise dos
aspectos ambientais supressão da vegetação, risco de perfuração de redes e destinação de resíduos.
Como menos relevância, devem também ser considerados os pontos discutidos nos aspectos
ambientais remoção de edificações, risco de desmoronamentos, existência de ligações provisórias,
armazenamento de materiais e consumo de recursos naturais e manufaturados.
Deve haver facilidade para pedidos e reclamações, com disponibilização de número de telefone ou
de caixa de correspondência. Deve ser incentivado papel pró-ativo da vizinhança no sentido de
propor sugestões de melhorias. Podem ser previstos dias específicos de visitação à obra para a
vizinhança. O primeiro contato deve ser estabelecido antes do início das obras e deve ser definido
um interlocutor fixo.
Antes do canteiro se iniciar, deverão ser divulgadas informações de interesse para a vizinhança:
tipo de obra, duração, horários de trabalho, incômodos e poluição prováveis, etc. Deve ser
assumido o compromisso explícito com a vizinhança com relação a aspectos como: insegurança
pessoal e patrimonial gerada pela obra, acidentes como quedas de objetos, aumento do tráfego de
veículos, limpeza das vias públicas, perturbações do sinal de televisão pela presença de grau,
ruídos, impactos visuais, etc.
Muitos dos impactos e incômodos causados pelos canteiros na vizinhança dependem das
características do local e dos hábitos dessas pessoas. Portanto, deverão ser levantadas informações
sobre a vizinhança tais como:
Incorporar o princípio do estudo do canteiro de obras antes de sua execução e do início dos
serviços é algo natural quando se pensa na questão ambiental, uma vez que a prevenção é um dos
seus elementos básicos. No entanto, as mesmas dificuldades que existem para convencer as
empresas a serem ambientalmente corretas haverá para incorporarem a idéia de que é importante se
planejar a obra em todos os seus detalhes antes de iniciá-la.
9-42 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
Grande parte das legislações é referente aos resíduos e ao ambiente de trabalho, assim como os
programas setoriais. A resolução CONAMA 001/1986, que regulamenta o EIA/RIMA, é a mais
abrangente legislação envolvendo os impactos ambientais gerados por um empreendimento. No
entanto é aplicada somente às obras de grande porte, envolvendo, inclusive, a fase de operação do
empreendimento. Encaixam-se, neste caso: ferrovias, estradas, oleodutos, hidrelétricas, aterros
sanitários, etc.
Ao longo do texto a abordagem será feita por temas, envolvendo os “resíduos”, o “ambiente de
trabalho”, os “ruídos”, as “emissões veiculares”, e por fim, outras legislações pertinentes ao estudo.
9.2.1 Resíduos
É grande a preocupação em relação aos resíduos, seja pela contaminação que podem causar ao
meio ambiente, pelos custos que representam às construtoras, pela escassez de locais para
destinação, entre outros. Além das ações governamentais serão abordadas, neste item, ações
setoriais, dada a importância e influencia destas.
9.2.1.1 Legislações
9-44 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
SindusCon – SP
− Gestão de resíduos na construção civil: a experiência do SindusCon – SP.
− Seminário: A gestão de resíduos da construção – a legislação da cidade de São Paulo
− Programa de educação ambiental nos canteiros de obras – parceria com o Senai
− Coordenação de grupos de trabalho para desenvolvimento de soluções para a
destinação dos resíduos: GT Gesso, GT impermeabilização, GT tintas.
− Divulgação da relação das empresas transportadoras cadastradas na Limpurb, das
áreas de transbordo e triagem e aterros licenciados
− Treinamento de gestão de resíduos em canteiro de obras (curso de 8h, 4 turmas, 72
empresas participantes.)
− Programa de gestão ambiental de resíduos de construção em canteiros de obras – 11
empresas participantes
SindusCon – MG
− Cartilha de gerenciamento de resíduos sólidos para a construção civil
SindusCon – SE
− Projeto Entulho Bom – Reciclagem de entulho para produção de materiais de
construção
− Gestão de resíduos na construção civil – manual realizado em parceria com Senai,
Sebrae, Competir e GTZ
− Seminário: Reciclagem como oportunidade de negócio
9.2.2.1 Norma
Evento
− Semana da pesquisa: Estudos e pesquisas em parceria na área de segurança e saúde
do trabalhador
Segurança no ambiente de trabalho
− Recomendações técnicas de procedimentos
− Manuais e recomendações sobre engenharia de segurança do trabalho na indústria da
construção civil
− Manuais de segurança e saúde no trabalho: condições de trabalho na indústria da
construção e prevenção de acidentes fatais na indústria da construção civil
Saúde no ambiente de trabalho
− Pesquisa e publicações envolvendo o uso de materiais prejudiciais à saúde, como
amianto, sílica, etc., e as doenças por eles causadas (asbestose, silicose, etc.)
9.2.2.3 Normas
9-46 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
9.2.3 Ruído
9.2.3.1 Legislações
9.2.4 Qualidade do ar
A qualidade do ar é abordada de duas maneiras pelas legislações: controle da poluição e emissões
veiculares. Dessa forma os dois temas serão tratados em diferentes itens.
As legislações e normas abordadas neste item referem-se a outros aspectos presentes no canteiro de
obras não mencionados anteriormente. É importante ressaltar que não são abordadas legislações
que englobem o empreendimento, mas não o canteiro, por exemplo: leis que proíbam a localização
do empreendimento em áreas de preservação ambiental.
9.2.5.1 Legislações
9-48 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
9.2.5.2 Normas
Neste item são abordadas algumas propostas de políticas públicas referentes aos canteiros de obras.
Tais ações envolvem incentivos, regulamentações, fiscalização, entre outros.
Com relação aos resíduos, apesar das regulamentações existentes, a fiscalização é praticamente
inexistente. Neste caso, seriam necessárias ações de fiscalização por parte das prefeituras, por
exemplo, cobrando antes do início da obra o Projeto de Gerenciamento de Resíduos. Outra
necessidade identificada foi o incentivo à formação de cadeias de recepção, reaproveitamento e
destinação dos resíduos.
Um problema enfrentado em diversas obras é a falta de informações sobre a localização das redes
enterradas, o que gera transtornos diversos e gastos desnecessários por parte de concesionárias e
construtoras. É necessária a formação de um banco de dados unificado, em constante atualização,
envolvendo todas as concessionárias e prestadoras de serviços que possuam redes enterradas. O
banco de dados deve conter todas as informações sobre as redes, como localização, conteúdo,
informações sobre riscos na escavação do local ou perfuração das redes, etc.
não é detalhado aqui pois já foi tratado no capítulo referente à seleção de materiais.
________. Demarche HQE. Livret de bord d’opération. France, ADEME, s.dt. 165p.
ANDRADE, Stella Maris Melazzi. Metodologia para avaliação de impacto ambiental sonoro
da construção civil no meio urbano. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado),
2004, 198 pp. mais anexos.
ENVIRONMENT AGENCY UK. NetRegs. Apresenta um guia com boas práticas e como
obedecer às leis ambientais. Acesso: 13 de outubro de 2005. Disponível em:
http://www.netregs.gov.uk/netregs/sectors/364906/364963/?version=1§orid=364906.
FEDERAL OFFICE... Guideline for Sustainable Building. Germany, Federal Office for Building
and Regional Planning, January 2001. At.:
http://greenbuilding.ca/iisbe/gbpn/documents/policies/guidelines/Germany_guideline_SB.pdf
FFB. Pour une meilleure prise en compte de l'environnement dans la construction. Manuel
d'application des réalisateurs. Paris: FÉDÉRATION FRANÇAISE DU BATIMENT, 1999. 31p.
FOLIENTE, Greg; SEO, Seongwon; TUCKER, Selwyn. Guide to Environmental Design and
Assessment Tools. CSIRO Manufacturing & Infrastructure Technology, Australia. Disponível em
<http://www.auspebbu.org/page.cfm?cid=32>; acesso em 10/3/2006.
9-50 Projeto Tecnologias para Construção Habitacional mais Sustentável: Inovações Tecnológicas
9 Redução de impactos ambientais do canteiro de obras
PULASKI, Michael H. (ed.). Field Guide For Sustainable Construction. Washington: Pentagon
Renovation and Construction Program Office, June 2004, 312p.