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FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores

Projecto Seminário Trabalho Final de Curso

Estágio Curricular – EDP Distribuição, SA

Projecto de Linha de Média Tensão, Rede de Baixa Tensão, Posto de


Transformação e Iluminação Pública

Nuno André Leite Vieira Gonçalves

Porto, Julho de 2004


Estágio curricular desenvolvido nas instalações da EDP – Distribuição, SA em
Guimarães, no departamento de Projecto e Construção.

FEUP:
Aluno: Nuno André Leite Vieira Gonçalves, nº020503008

Orientador Supervisor: Professor Doutor António Machado e Moura

Empresa:
Orientador: Eng.º Francisco Reis Moreia

O estágio teve a duração de 3 meses e foi financiado pelo programa PRODEP III.
RESUMO

O presente relatório é relativo ao estágio curricular desenvolvido no âmbito da


disciplina de projecto seminário trabalho final de curso, do 5º ano.
Durante o estágio, o tema desenvolvido “Projecto de Linha M.T., Rede B.T., Posto
Transformação e Iluminação Pública”, permitiu aplicar os conceitos teóricos
adquiridos pelo aluno ao longo da licenciatura. A aplicação prática dos conceitos
teóricos, permitiram obter uma visão mais esclarecedora dos mesmos.
Neste sentido, foi desenvolvido um projecto relativo a uma linha de média tensão,
15 kV, onde foi realizado um estudo pormenorizado, de comportamento, de todos
os elementos constituintes da linha; um estudo de uma rede aérea de baixa tensão
ao nível da qualidade de serviço; um projecto de um posto de transformação; um
projecto de iluminação pública, onde foi efectuado um estudo luminotécnico e
eléctrico; e uma análise de um projecto para a provação.
Aos meus pais, irmã, avós e Eduarda.
Agradecimentos

O presente trabalho só foi possível graças à colaboração que várias pessoas e


instituições prestaram ao seu autor. A todos gostaria de agradecer.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Professor Doutor António Machado e


Moura, meu supervisor e orientador, pela orientação sábia, pela atenção, e acima
de tudo pela amizade.

Pretendo, também, agradecer ao Eng.º Francisco Reis Moreira, orientador na EDP –


Distribuição, por toda a atenção e compreensão disponibilizada. Não posso deixar
de agradecer ao Eng.º Jorge Bessa, Eng.º Carlos Aguiar e Eng.º Carlos Amorim, da
EDP – Distribuição, toda a paciência e disponibilidade para comigo.

E especialmente à Eduarda, por todo o apoio e compreensão.


FEUP – EDP Distribuição, SA

ÍNDICE

1 – APRESENTAÇÃO DO GRUPO EDP ....................................................................... 1


1.1 – GRUPO EDP, SA .................................................................................................... 1
1.2 – PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................................... 2
1.3 – ORGANIGRAMA DO GRUPO EDP,SA .......................................................................... 2
1.4 – EDP DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................ 3
1.5 – ÁREA DE REDE AVE E SOUSA .................................................................................... 3
2 – OBJECTIVOS ........................................................................................................... 4
3 – PROJECTO DE UMA LINHA AÉREA DE MÉDIA TENSÃO ................................. 6
3.1 – APRESENTAÇÃO DO PROJECTO .................................................................................. 6
3.2 – CONDIÇÕES GERAIS ................................................................................................ 6
3.2.1 – Escolha do traçado ..................................................................................... 6
3.2.2 – Materiais ...................................................................................................... 7
3.3 – ESTUDO INICIAL...................................................................................................... 8
3.4 – COMPORTAMENTO DO APOIO COM A DERIVAÇÃO.......................................................... 9
3.4.1 – Cálculo da Força devida Acção do Vento ................................................ 10
3.4.2 – Cálculo da tensão mecânica máxima a sujeitar os condutores da
derivação ................................................................................................................ 12
4 – DISTÂNCIAS REGULAMENTARES ..................................................................... 15
4.1 – DISTÂNCIA AO SOLO ............................................................................................. 15
4.2 – DISTÂNCIA DOS CONDUTORES ÁS ÁRVORES ............................................................. 15
4.3 – DISTÂNCIA DOS CONDUTORES A CURSOS DE ÁGUA NÃO NAVEGÁVEIS ......................... 16
4.4 – DISTÂNCIA ENTRE CONDUTORES ............................................................................. 16
4.4.1 – Introdução ao Cálculo da Flecha Máxima ............................................... 17
4.4.2 – Cálculo da Flecha Máxima........................................................................ 22
4.4.3 – Cálculo da Distância entre Condutores ................................................... 23
5 – GEOMETRIA DA LINHA ....................................................................................... 24
6 – APOIOS .................................................................................................................. 26
6.1 – ALTURA MÍNIMA DOS APOIOS A UTILIZAR ................................................................ 26
6.2 – COMPORTAMENTO DOS APOIOS DE BETÃO ............................................................... 26
7 – DIMENSIONAMENTO DOS ESFORÇOS NOS APOIOS ................................... 29
7.1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 29
7.2 – CALCULO DOS ESFORÇOS ....................................................................................... 30
8 – ESCOLHA DOS APOIOS....................................................................................... 33
8.1 – PROFUNDIDADE DE ENTERRAMENTO DOS APOIOS ..................................................... 34
8.2 – FUNDAÇÕES (MACIÇOS) ........................................................................................ 35
8.2.1 – Critérios Utilizados nos Cálculos.............................................................. 35
8.2.2 – Cálculos ..................................................................................................... 37
9 – ISOLADORES......................................................................................................... 39
10 – TRAVESSAS ......................................................................................................... 40

Trabalho Final de Curso 2003/04 V


FEUP – EDP Distribuição, SA

10.1 – CÁLCULO DOS ESFORÇOS..................................................................................... 41


11 – TERRAS DE PROTECÇÃO .................................................................................. 42
12 – INTRODUÇÃO ÀS REDES AÉREAS DE BAIXA TENSÃO .............................. 44
12.1 – OBJECTIVO DO ESTUDO ....................................................................................... 44
12.1.1 – Definição de Qualidade de Serviço........................................................ 44
12.2 – CARACTERÍSTICAS DA REDE ................................................................................. 45
12.3 – RACIOCÍNIO DE CÁLCULO..................................................................................... 45
12.4 – CÁLCULOS .......................................................................................................... 47
12.5 – ALTERAÇÕES ESTUDADAS .................................................................................... 49
12.6 – NOVO POSTO DE TRANSFORMAÇÃO ....................................................................... 53
12.6.1 – Cálculo das Protecções a Colocar no Novo Posto de Transformação
para as Saídas 1 e 2 .............................................................................................. 53
12.7 – SOLUÇÃO FINAL A PROPOR .................................................................................. 56
13 – DIMENSIONAMENTO POSTO DE TRANSFORMAÇÃO (NOTA PRÉVIA) .. 58
13.1 – GENERALIDADES ................................................................................................. 58
13.2 – DADOS A CONSIDERAR ........................................................................................ 58
13.3 – DIMENSIONAMENTO DO POSTO DE TRANSFORMAÇÃO EM CELAS MODULARES COM CORTE
EM SF6 ......................................................................................................................... 59
13.3.1 – Intensidade de Corrente Nominal ......................................................... 59
13.3.2 – Intensidade de Corrente de Curto-Circuito .......................................... 60
13.3.3 – Dimensionamento dos Circuitos ............................................................ 61
13.3.4 – Escolha das Protecções Contra Sobreintensidades .............................. 62
13.3.5 – Circuito de Terra de Protecção .............................................................. 63
13.3.6 – Circuito de Terra de Serviço .................................................................. 63
13.3.7 – Dimensionamento da Ventilação ........................................................... 64
13.3.8 – Dimensionamento do Deposito de Óleo ............................................... 65
13.3.9 – Imagens Ilustrativas do Posto de Transformação Normalizado EDP . 65
13.4 – DIMENSIONAMENTO DO POSTO DE TRANSFORMAÇÃO DE CORTE NO AR ..................... 67
13.4.1 – Materiais .................................................................................................. 67
13.4.2 – Pavimento ............................................................................................... 67
13.4.3 – Porta Exterior .......................................................................................... 67
13.4.4 – Caminho de Cabos ................................................................................. 68
13.4.5 – Ventilação................................................................................................ 68
13.4.6 – Fossa do Transformador ........................................................................ 70
13.4.7 – Barramento de Média Tensão ................................................................ 71
13.4.7.1 – Dimensionamento ........................................................................... 71
13.4.7.2 – Dados a Considerar ......................................................................... 72
13.4.7.3 – Esforços Electrodinâmicos .............................................................. 72
13.4.7.4 – Momento Flector ............................................................................. 73
13.4.7.5 – Modulo de Flexão ............................................................................ 73
13.4.7.6 – Frequência de Ressonância. Vãos Proibitivos. .............................. 74
13.4.7.7 – Flecha Máxima ................................................................................. 75
13.4.7.8 – Esforços Térmicos ........................................................................... 75
13.4.7.9 – Isoladores de Apoio ........................................................................ 77
13.4.7.10 – Isoladores de Apoio ...................................................................... 79
13.4.8 – Equipamento Eléctrico do Posto de Transformação............................. 80

Trabalho Final de Curso 2003/04 VI


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.4.8.1 – Constituição das Celas .................................................................... 80


13.4.8.2 - Encravamentos ................................................................................ 81
13.4.8.3 - Equipamento de Baixa Tensão ....................................................... 82
13.4.8.4 – Instalações secundárias ................................................................. 83
13.4.8.5 - Acessórios Regulamentares ............................................................ 83
14 – ILUMINAÇÃO PÚBLICA .................................................................................... 85
14.1 - GENERALIDADES.................................................................................................. 85
14.2 – ESTUDO LUMINOTÉCNICO .................................................................................... 86
14.2.1 – Classificação dos Locais ......................................................................... 86
14.2.2 – Luminárias e Colunas Utilizadas ............................................................ 86
14.2.3 – Grandezas Luminotécnicas .................................................................... 87
14.2.4 – Resultados............................................................................................... 88
14.2.5 – Disposição das Luminárias..................................................................... 88
14.2.6 – Estudo da Rotunda ................................................................................. 89
14.2.7 – Encandeamento ...................................................................................... 90
14.3 – CARACTERÍSTICAS DA INSTALAÇÃO ELÉCTRICA....................................................... 91
14.3.1 – Condições de Estabelecimento .............................................................. 91
14.3.2 – Protecção de Pessoas ............................................................................. 91
14.3.3 – Cabos Utilizados ..................................................................................... 92
14.4 – DIMENSIONAMENTO DA REDE ............................................................................... 93
14.4.1 – Metodologia............................................................................................. 94
14.5 – ELECTRIFICAÇÃO DAS COLUNAS ............................................................................ 98
15 – ANÁLISE DE UM PROJECTO .......................................................................... 102
15.1 – GENERALIDADES ............................................................................................... 102
15.2 . MATERIAIS NORMALIZADOS ................................................................................ 102
15.3 – DESCRIÇÃO DO PROJECTO E POTÊNCIAS A CONTRATAR ......................................... 102
15.4 – MATERIAIS UTILIZADOS..................................................................................... 103
15.5 – VERIFICAÇÃO ELÉCTRICA ................................................................................... 103
BIBLIOGRAFIA: ......................................................................................................... 107

Trabalho Final de Curso 2003/04 VII


FEUP – EDP Distribuição, SA

Índice Figuras

FIG. 1 – GRUPO EDP, NO MUNDO ......................................................................... 1


FIG. 2 – EMPRESAS DO GRUPO EDP....................................................................... 2
FIG. 3 – CONCELHOS DA ÁREA DE REDE AVE E SOUSA.................................................. 3
FIG. 4 – VÃOS ADJACENTES AO APOIO ..................................................................... 8
FIG. 5 – SENTIDO DAS FORÇAS............................................................................. 9
FIG. 6 – APOIO COM A DERIVAÇÃO ......................................................................... 9
FIG. 7 – SENTIDO DAS FORÇAS........................................................................... 10
FIG. 8 – SECÇÃO LONGITUDINAL DO CABO .............................................................. 11
FIG. 9 – GRÁFICO DA RESULTANTE DAS FORÇAS NO APOIO ........................................... 14
FIG. 10 – FORÇAS EXERCIDAS SOBRE O CONDUTOR ................................................... 18
FIG. 11 – ÁRVORE DE DECISÃO DO ESTADO MAIS DESFAVORÁVEL ................................... 20
FIG. 12 - CATENÁRIA ...................................................................................... 25
FIG. 13 – CORTE TRANSVERSAL DE UM APOIO DE BETÃO .............................................. 27
FIG. 14 – DIAGRAMA DE ESFORÇOS DE UM APOIO DE BETÃO ......................................... 28
FIG. 15 – RESULTANTE DAS FORÇAS SEGUNDO ORIENTAÇÃO X ....................................... 29
FIG. 16 – RESULTANTE DAS FORÇAS SEGUNDO ORIENTAÇÃO Y ....................................... 29
FIG. 17 – ESQUEMA DE FORÇAS DO APOIO EM ALINHAMENTO ........................................ 31
FIG. 18 – APOIO DE FIM DE LINHA ....................................................................... 32
FIG. 19 – APOIO DE BETÃO E MACIÇO ................................................................... 36
FIG. 20 – DIAGRAMA COEFICIENTE SEGURANÇA ........................................................ 38
FIG. 21 – CARACTERÍSTICAS DOS APARELHOS DE PROTECÇÃO CONTRA SOBRECARGAS ............ 54
FIG. 22 – ASPECTO EXTERIOR DO POSTO DE TRANSFORMAÇÃO PUCBET ........................... 65
FIG. 23 – DISPOSIÇÃO INTERNA FIG 24 - CELAS MODULARES DE CORTE EM SF6 ............. 66
FIG. 25 – ESQUEMA UNIFILAR DO POSTO DE TRANSFORMAÇÃO ....................................... 66
FIG. 26 – ESFORÇOS APLICADOS AOS ISOLADORES .................................................... 79
FIG 27 – DISPOSIÇÃO EM VIAS COM SEPARAÇÃO CENTRAL ............................................ 88
FIG. 28 – DISPOSIÇÃO EM VIAS SEM SEPARADOR CENTRAL ........................................... 89
FIG. 29 – DISPOSIÇÃO DAS ARMADURAS NA ROTUNDA ................................................ 89
FIG. 30 – ESCALA DE CINZENTOS ........................................................................ 90
FIG. 31 – PROTECÇÕES SAÍDA 1 ........................................................................105
FIG. 32 – PROTECÇÕES SAÍDA 1 CORRIGIDA ..........................................................105
FIG. 34 – PROTECÇÕES SAÍDA 2 CORRIGIDAS .........................................................105

Trabalho Final de Curso 2003/04 VIII


FEUP – EDP Distribuição, SA

Índice quadros

QUADRO 6.1 – ALTURA DOS APOIOS .................................................................... 26


QUADRO 7.1 – CARACTERÍSTICAS DO CABO AL-AÇO .................................................. 31
QUADRO 7.2 – HIPÓTESES DE CÁLCULO PARA OS APOIOS DE ALINHAMENTO ........................ 32
QUADRO 8.1 – APOIOS DE BETÃO UTILIZADOS ......................................................... 33
QUADRO 8.2 – ALTURA DE ENTERRAMENTO DOS APOIOS .............................................. 34
QUADRO 8.3 – COEFICIENTE DE COMPRESSIBILIDADE (VÁRIOS TERRENOS) ........................ 36
QUADRO 8.4 – DIMENSÕES DOS MACIÇOS .............................................................. 39
QUADRO 10.1 – ESFORÇOS NA TRAVESSA A COLOCAR NO APOIO EXISTENTE ....................... 41
QUADRO 10.2 – ESFORÇOS DAS TRAVESSAS NOS APOIOS ............................................ 41
QUADRO 10.3 – ESFORÇOS NA TRAVESSA DO APOIO DE FIM DE LINHA .............................. 42
QUADRO 12.1 – QUEDAS DE TENSÃO ................................................................... 49
QUADRO 12.2 – QUEDA DE TENSÃO PARA NOVA SAÍDA ............................................... 50
QUADRO 12.3 – QUEDA DE TENSÃO PARA NOVO P.T. NO EXTREMO RAMO B ....................... 50
QUADRO 12.4 – QUEDA TENSÃO PARA A SAÍDA 1 DO P.T. COLOCADO NO RAMO B................ 51
QUADRO 12.5 – QUEDA DE TENSÃO PARA A SAÍDA 2 DO P.T. COLOCADO NO RAMO B ............ 51
QUADRO 12.6 – QUEDA DE TENSÃO NO RAMO P ....................................................... 52
QUADRO 12.7 – QUEDA DE TENSÃO RAMO C ........................................................... 52
QUADRO 12.8 – QUEDA DE TENSÃO RAMO C ........................................................... 56
QUADRO 14.1 – RESULTADOS FOTOMÉTRICOS DAS VIAS ............................................. 88
QUADRO 14.2 – POTÊNCIAS DAS FASES ................................................................ 94
QUADRO 15.1 – CORRENTE DE SERVIÇO ...............................................................103
QUADRO 15.2 – VERIFICAÇÃO DA CONDIÇÃO DE AQUECIMENTO ....................................103
QUADRO 15.3 – VERIFICAÇÃO PROTECÇÃO CONTRA CURTO-CIRCUITOS............................106
QUADRO 15.4 – QUEDA DE TENSÃO NOS RAMOS .....................................................106

Trabalho Final de Curso 2003/04 IX


FEUP – EDP Distribuição, SA

1 – Apresentação do Grupo EDP

1.1 – Grupo EDP, SA

O Grupo EDP desenvolve a sua principal actividade num sector vital para o
desenvolvimento económico e social: o sector eléctrico. Para além de produzir um
bem essencial, a actividade da EDP gera riqueza para a comunidade também
através dos dividendos pagos aos seus accionistas, do seu papel de empregador e
do cumprimento das suas obrigações fiscais.
É o único grupo empresarial do sector eléctrico da Península Ibérica com
actividades de produção e distribuição nos dois países, Portugal e Espanha - onde
detém o controle do 4º maior operador eléctrico espanhol, a Hidrocantábrico, e
está presente nos sectores eléctricos da América Latina, com grande
representação no Brasil, de África e de Macau, nos negócios da Produção,
Distribuição e da Comercialização.

Fig. 1 – Grupo EDP, no mundo

A missão da empresa assenta em três vectores fundamentais: a criação de valor


para o accionista, a orientação para o cliente e a aposta no potencial humano da
empresa, tendo em vista ser o mais competitivo e eficiente operador de
electricidade e gás da Península Ibérica.

Trabalho Final de Curso 2003/04 1


FEUP – EDP Distribuição, SA

1.2 – Princípios de Desenvolvimento Sustentável

Em Março de 2004, o Conselho de Administração da EDP aprovou os Princípios de


Desenvolvimento Sustentável do Grupo EDP, um conjunto de oito princípios que
passa a orientar a procura do equilíbrio entre a vertente económica, ambiental e
social das actividades do Grupo.
A EDP está empenhada em desenvolver as suas actividades de uma forma
sustentável, nos diversos sectores de actividade em que participa. A energia
eléctrica, em particular, constitui um motor de desenvolvimento económico, de
combate à exclusão social e de melhoria da qualidade de vida das populações.

1.3 – Organigrama do Grupo EDP,SA

O Grupo EDP divide-se em seis empresas, cada uma com uma área especifica de
acção no mercado. A figura seguinte ilustra a organização do grupo EDP e
respectivos conselhos de administração,

Fig. 2 – Empresas do Grupo EDP

Trabalho Final de Curso 2003/04 2


FEUP – EDP Distribuição, SA

1.4 – EDP Distribuição

O estágio foi realizado numa área de rede que pertence a uma das empresas do
grupo EDP, a EDP Distribuição SA. A EDP Distribuição tem como objectivo de
negócio a distribuição e comercialização de energia eléctrica em Portugal
Continental. Preparando-se para o cenário da liberalização do sector eléctrico, a
EDP Distribuição é hoje uma empresa vertical que resultou de uma significativa
reestruturação do sector que culminou, em 2000, com a fusão das quatro
anteriores empresas de distribuição, (EN, CENEL, LTE, SLE).
O objectivo da EDP Distribuição é manter a liderança na qualidade de serviço
prestado ao cliente. Tendo implantado um modelo empresarial e organizativo,
mais racional, e que visa responder a novos desafios empresariais, com a
verticalização de áreas de gestão próprias, para permitir um acréscimo de
eficiência, bem como responder aos desafios colocados pelas exigências
crescentes dos clientes.

1.5 – Área de rede Ave e Sousa

O estágio foi realizado no departamento de Projecto e Construção da área de rede


Ave e Sousa. Esta área de rede tem a sua sede em Guimarães, sendo que existe
um polo em Penafiel. Abrange 19 concelhos, delimitados pelos rios Ave e Sousa.
A figura seguinte especifica os concelhos abrangidos por esta área de rede,

Fig. 3 – Concelhos da Área de Rede Ave e Sousa

Trabalho Final de Curso 2003/04 3


FEUP – EDP Distribuição, SA

2 – Objectivos

O estágio curricular desenvolvido teve como principal objecto a aplicação prática


dos conceitos teóricos adquiridos ao longo do curso, em projectos realizados e
analisados pelo departamento onde decorreu o estágio.
Nos trabalhos desenvolvidos ao longo do estágio curricular, procurou-se sempre
conciliar a vertente académica com a profissional.
As fases do estágio coincidiram com os projectos desenvolvidos:
• Projecto de uma linha de Média Tensão,
• Análise de uma Rede Aérea de Baixa Tensão em torçada,
• Dimensionamento de um Posto de Transformação,
• Projecto de Iluminação Pública,
• Análise de um projecto, de Serviço Público, de um loteamento,
entregue na EDP para Aprovação.

Trabalho Final de Curso 2003/04 4


FEUP – EDP Distribuição, SA

PROJECTO LINHA AÉREA DE MÉDIA TENSÃO, 15kV

Trabalho Final de Curso 2003/04 5


FEUP – EDP Distribuição, SA

3 – Projecto de uma linha aérea de média tensão

3.1 – Apresentação do projecto

O presente projecto pretende definir, de uma forma abrangente, as condições


técnicas a que deve obedecer a execução de uma linha aérea de 2ª classe de
média tensão.
A nova linha de média tensão, de 15kv, será implementada em Celorico de Basto,
para alimentar um posto de transformação aéreo.
Será derivada de uma linha principal, já existente, e terá uma extensão total de
765 metros. A zona de implantação da nova linha é considerada sem gelo.
Todos os cálculos e considerações terão sempre por base o decreto regulamentar
nº1/92 que estabelece o Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta
Tensão.

3.2 – Condições gerais

3.2.1 – Escolha do traçado

O traçado apresentado, foi escolhido considerando os princípios gerais de


orientação:
• Acessos para futura execução dos trabalhos,
• Proibição regulamentar sobre locais protegidos,
• Cruzamentos,
• Limitação ao número e valor dos ângulos,
• Delimitação de vãos e apoios ao longo do perfil traçado.

Obedecendo a estes princípios gerais orientadores, o traçado deverá sempre que


possível ser constituído por alinhamentos rectos da maior extensão possível, e
reduzir ao mínimo o número de cruzamentos. Sendo no entanto de respeitar, na
medida do possível o património cultural, estético e científico da paisagem, bem
como reduzir o impacto dos prejuízos causados ás propriedades particulares
afectadas, no decorrer dos trabalhos de construção da linha.

Trabalho Final de Curso 2003/04 6


FEUP – EDP Distribuição, SA

3.2.2 – Materiais

Os condutores, isoladores, os apoios, e outros elementos das linhas, assim como


os materiais que os constituem deverão obedecer ás condições do R.S.L.E.A.T.1 e
ainda ás normas nacionais, ou, na sua falta ás do Comité Europeu de
Normalização Electrotécnica (CENELEC), e ás da Comissão Electrotécnica
Internacional(CEI), ou outras desde que aceites pela Direcção Geral de Energia.

1
Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão

Trabalho Final de Curso 2003/04 7


FEUP – EDP Distribuição, SA

3.3 – Estudo inicial

Este estudo inicial incide sobre o apoio de onde irá sair a derivação para a nova
linha. Este estudo visa determina o comportamento, deste apoio, quando sujeito
aos esforços da linha derivada, ou seja, verificar se o apoio existente aguenta
com a totalidade dos esforços, ou se será necessário substitui-lo.
O apoio existente, e de onde sairá a derivação, é do tipo metálico com a
referencia RS9/T/15,4N. Este apoio suporta, como resultante das forças à
cabeça, um valor máximo de 950 kgf.
Os condutores da linha principal são do tipo alumínio-aço com secção de 50 mm2.
Na figura seguinte é possível observar a situação actual do apoio em estudo:

Fig. 4 – Vãos adjacentes ao apoio

É necessário conhecer os dados relativos à montagem da linha principal, para


iniciar o nosso estudo.
Na consulta ao processo relativo ao projecto da linha principal, foi possível
verificar que os condutores do vão S1 encontram-se sujeitos a uma tensão
mecânica de 8kgf/mm2, enquanto que os condutores do vão S2 estão sujeitos a
uma tensão mecânica de 3kgf/mm2.
Com estes valores de tensões mecânicas é possível determinar o esforço
mecânico que o apoio se encontra sujeito.

Assim, considerando F1 como a força actuante devida aos condutores do vão S1


e F 2 a força actuante devida aos condutores do vão S2, temos:


F1 = numero de condutores x secção x tensão mecânica


F 2 = numero de condutores x secção x tensão mecânica

Trabalho Final de Curso 2003/04 8


FEUP – EDP Distribuição, SA


F1 = 3 x 50 x 8 = 1200 kgf


F 2 = 3 x 50 x 3 = 450 kgf

A resultante das forças actuante no apoio será dada pela soma vectorial das duas
forças:

→ →
F1 F2
Fig. 5 – Sentido das forças

Como se pode observar na figura, as forças têm sentidos contrários, pelo que a
resultante será:
→ →
F1 - F 2 = 1200 – 450 = 750 kgf

Neste momento o apoio está a suportar uma força de 750 kgf, que é inferior ao
valor máximo que o apoio pode suportar.
É de salientar que este valor obtido, 750kgf, é um valor grosseiro já que é
desprezada a acção do vento e não é considerada manga de gelo.

3.4 – Comportamento do apoio com a derivação

A colocação da derivação vai alterar a resultante das forças actuantes no apoio.


Passamos a ter mais um força que actua no sentido da derivação.
A figura seguinte ilustra a nova situação de forças e os vãos adjacentes ao apoio:

Fig. 6 – Apoio com a derivação

gr – a unidade do ângulo, grados. (180 º = 200 gr)

Trabalho Final de Curso 2003/04 9


FEUP – EDP Distribuição, SA

A partir deste momento, o objectivo é determinar o valor máximo da tensão


mecânica que os condutores, da derivação, poderão estar sujeitos, de modo, a
que a resultante das forças no apoio existente não exceda o valor máximo que
este suporta.
Traduzindo a actuação das forças num sistema de eixos:

Fig. 7 – Sentido das forças



A força F 3 é resultante da acção dos condutores do vão S3 da nova linha. O
ângulo (175 gr) é o ângulo que a nova linha faz com o eixo de referência X.

3.4.1 – Cálculo da Força devida Acção do Vento

No cálculo do comportamento do apoio, onde será executada a derivação, um


factor muito importante é a força devida a acção do vento. O cálculo desta força
está definido no R.S.L.E.A.T., no artigo 10º.
No ponto 1, do artigo 10º, o vento é considerado actuando numa direcção
horizontal e a força proveniente da sua actuação considerada paralela à direcção.
Esta força é determinada através da expressão,
F = α.c.q.s (3.1)
onde,
F, em newtons (N), é a força proveniente da acção do vento;
α, é o coeficiente de redução;
c, é o coeficiente de forma;
q, em pascal (Pa), é a pressão dinâmica do vento;
s, em metros quadrados, é a área da superfície batida pelo vento.

Trabalho Final de Curso 2003/04 10


FEUP – EDP Distribuição, SA

O cálculo da força devida acção do vento será considerado para a situação de


vento máximo habitual conforme é definido no artigo 12º do regulamento. Assim,
o valor da pressão dinâmica do vento considerado é 750 Pa. Este valor foi
estabelecido devido à imposição do artigo 12º e também por se tratar de uma
linha, (derivação), com altura acima do solo até 30 metros, (1º escalão).
O valor do coeficiente de redução é retirado do artigo 14º, alínea a), sendo o seu
valor de 0,6.
O coeficiente de forma é escolhido mediante o diâmetro do condutor. O condutor
a utilizar tem um diâmetro de 9mm, levando a um valor de coeficiente de forma
de 1,2.
A área da superfície, do condutor, batida pelo vento é a respectiva secção
longitudinal. A secção longitudinal do condutor é definida da seguinte forma:

A secção longitudinal,
para 1 metro, é: d x 1
(m2/m)

Fig. 8 – Secção longitudinal do cabo

Recolhidos todos os parâmetros da expressão (3.1), é possível calcular o seu


valor.
Assim,
Fv = α.c.q.s
Fv = 0,6.0,2.750.9E-3 = 4,86 N/m

O regulamento de segurança defina que 1N (newton) corresponde a 0,102 kgf.


Então, 4,86 N/m corresponde a 0,49572 kgf/m.
A força devida acção do vento é calculada para os semi-vãos adjacentes ao apoio
em estudo, visto que a força é suportada por dois apoios consecutivos.

No caso em estudo, a força devida acção do vento é dada por,

[(S1 + S2 + S3 x cos2α)/2] x 3 x Fv + (3 x Fisoladores) (3.2)

Trabalho Final de Curso 2003/04 11


FEUP – EDP Distribuição, SA

onde,
S1, é o vão da linha principal a montante do apoio em estudo em metros,
S2, é o vão da linha principal a jusante do apoio em estudo em metros,
S3, é o vão da linha derivada em metros,
cos2α, é o ângulo formado pelo vão da linha derivada e o eixo de referência,
em grados,
Fv, é a força devida à acção do vento em N/m
Fisoladores, é a força devida acção do vento sobre os isoladores, sendo
considerado para cada isolador uma força de 12kgf.
A multiplicação por 3 deve-se à existência de três condutores.

O resultado obtido, por aplicação da expressão (3.2), é

[(215 + 5 + 150 x cos2(25)) / 2] x 3 x 0,49572 + (3 x 12) = 295 kgf

O valor obtido define a força devida à acção do vento, sobre os condutores e


isoladores, com a colocação da derivação.

3.4.2 – Cálculo da tensão mecânica máxima a sujeitar os condutores da


derivação

Neste ponto é calculado o valor da tensão mecânica máxima a sujeitar os


condutores da derivação. No cálculo será levado em conta os esforços devido á
tracção dos condutores e a força devida à acção do vento.
Assim, a resultante das forças actuantes no apoio terá de ser igual ou inferior ao
valor máximo por este suportado.
Ou seja,
→ → →
∑ Fx + ∑ Fy + Fv ≤ 950 (3.3)

Segundo a orientação X, temos:


→ →
⎛ → →

Fx = F1− ⎜ F 2+ F 3x ⎟
⎝ ⎠


Fx = 1200 − (450 + t × 3 × 50 × cos(25))

Trabalho Final de Curso 2003/04 12


FEUP – EDP Distribuição, SA

sendo t, o valor da tensão mecânica a aplicar aos condutores da derivação.


Segundo a orientação Y, temos:
→ →
Fy = F 3 y

Fy = t × 3 × 50 × sen(25)

A aplicação da expressão (3.3), resulta:

1200 − (450 + t × 3 × 50 × cos(25)) + (t × 3 × 50 × sen(25)) + 295 = 950

1200 − (450 + t138,6 ) + t 57,45 + 295 = 950 (3.4)

Fazendo o estudo da parcela em módulo, vai ser possível determinar o valor de


tensão para o qual a resultante das forças serão mínimas, no apoio existente:

1200 − (450 + t138,6 ) = 0


1200 − 450
t= = 5,41 kgf / mm 2 (3.5)
138,6

O valor obtido na expressão (3.59), (5,41kgf/mm2), é o valor médio da tensão


mecânica dos condutores da derivação. Com este valor a resultante das forças
exercida no apoio toma o seu valor mais baixo.

O limite máximo suportado pelo apoio, é atingido para um valor máximo e


mínimo de tensão mecânica:

• Se o valor de t for superior ao valor determinado na expressão (3.5), a


expressão toma o seguinte aspecto:

950 − 295 = t 57,45 − 1200 + (450 + t138,6 )

t = 7,17 kgf / mm 2
O valor 7,17 kgf/mm2 é o valor máximo da tensão mecânica.

Trabalho Final de Curso 2003/04 13


FEUP – EDP Distribuição, SA

• Se o valor de t for inferior ao valor determinado na expressão (3.5), a


expressão toma o seguinte aspecto:

950 − 295 = t 57,45 + 1200 − (450 + t138,6 )

t = 1,17 kgf / mm 2
O valor 1,17 kgf/mm2 é o valor mínimo da tensão mecânica.

Graficamente é possível observar a evolução da resultante das forças no apoio:

RESULTANTE DAS FORÇAS NO APOIO EXISTENTE

1200
Sumatorio das Forças

1000
800
600
400
200
0
1
1,17
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,41
5,5
6
6,5
7
7,1
7,17
Tensão Mecânica dos Condutores da Derivação

Fig. 9 – Gráfico da resultante das forças no apoio

A tensão mecânica a adoptar para a montagem dos condutores será de


7kgf/mm2.

Trabalho Final de Curso 2003/04 14


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4 – Distâncias Regulamentares

Os condutores serão estabelecidos de modo a não serem atingíveis, sem meios


especiais, de quaisquer lugares acessíveis a pessoas.
As distâncias obtidas vão condicionar a escolha da altura dos apoios da nova
linha.

4.1 – Distância ao Solo

A distância dos condutores ao solo é determinada através da expressão


apresentada no artigo 27º do regulamento. Este artigo define que a distância ao
solo dos condutores, na condição de flecha máxima, desviados ou não pelo
vento, não deverá ser inferior á dada pela expressão,
D = 6,0+0,005.U (4.1)
sendo U, em Kilovolts, a tensão nominal da linha.

A linha em projecto tem uma tensão nominal de 15 Kv, pelo que, os condutores
deverão estar colocados a uma distância do solo não inferior a
D = 6,0+0,005.15 = 6,1 m

4.2 – Distância dos Condutores ás Árvores

A distância dos condutores ás árvores, está regulamentada no artigo 28º.


Segundo este, entre os condutores nus das linhas, nas condições de flecha
máxima, desviados ou não pelo vento, e as árvores deverá observar-se uma
distância, não inferior, à dada pela seguinte expressão
D = 2,0+0,0075.U (4.2)
em que U, em Kilovolts, é a tensão nominal da linha.

O mesmo artigo exige que a distância não deverá ser inferior a 2,5 metros.
No caso da linha em estudo, a distância obtida através da expressão (4.2) é,
D = 2,0+0,0075.15 = 2,1

Logo, como a distância obtida é inferior à distância mínima imposta pelo


regulamento, deverá adoptar-se a distância de 2,5 metros.

Trabalho Final de Curso 2003/04 15


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É imposto no artigo 28º, do regulamento, no ponto 2, que deverá estabelecer-se


ao longo da linha uma faixa de serviço com largura de 5 metros, dividida ao meio
pelo eixo da linha.

4.3 – Distância dos Condutores a Cursos de Água não navegáveis

A linha em estudo atravessa um rio que não tem condições para ser navegável.
Então, nesta situação temos de aplicar o artigo 93º, do regulamento, que define
uma distância, a manter pelos condutores ao mais alto nível das águas, não
inferior à dada pela expressão,
D = 6,0+0,005.U (4.3)
em que U, em kilovolts, é a tensão nominal da linha.

No presente caso, a distância obtida é


D = 6,0+0,005.15 = 6,1 m.

Está verificada a distância mínima referida no ponto 2 do mesmo artigo, que é de


6 metros.

4.4 – Distância entre Condutores

A distância entre condutores é muito importante, visto que o contacto entre


condutores leva a graves problemas técnicos.
O artigo 31º, do regulamento, estabelece as condições de cálculo da distância
entre condutores. Segundo este artigo, os condutores nus deverão ser
estabelecidos por forma a não poderem aproximar-se perigosamente, atendendo
às oscilações provocadas pelo vento, não devendo, entre eles, observar-se uma
distância D, em metros, arredondada ao decímetro, inferior à dada pela
expressão

U
D = 0,75k × f +d + (4.4)
200
em que:
f, em metros, é a flecha máxima dos condutores;
d, em metros, é o comprimento das cadeias de isoladores
susceptíveis de oscilarem transversalmente à linha;

Trabalho Final de Curso 2003/04 16


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U, em kilovolts, é a tensão nominal da linha;


K, é um coeficiente dependente da natureza dos condutores e cujo
valor é:
- 0,6 para condutores de cobre, bronze, aço e aluminio-aço;
- 0,7 para condutores de alumínio e de ligas de alumínio.

A linha em estudo é de 2ª classe, já que a tensão nominal é superior a 1500V e


inferior a 40000V. Perante isto, o artigo 31º, no ponto 3, estabelece uma
distância mínima entre condutores de 0,45 metros.
De seguida é calculado o valor da flecha máxima necessário na expressão (4.4).

4.4.1 – Introdução ao Cálculo da Flecha Máxima

O cálculo da distância entre condutores depende do conhecimento da flecha


máxima dos vãos. Assim, vai ser calculada a flecha máxima de todos os vãos.
A determinação da flecha máxima deverá seguir as condições impostas no artigo
22º, no ponto 1 alínea a), onde é mencionado, que, para linhas de 2ª classe,
considera-se para efeitos de cálculo uma temperatura de +50ºC sem sobrecarga
de vento.
Tendo em conta esta imposição, pode-se efectuar o cálculo das tensões
mecânicas no momento de flecha máxima.
É conveniente, antes de iniciar o cálculo , definir os seguintes aspectos:
- é usual definir três estados atmosféricos: Inverno, Primavera e Verão.
O estado de Inverno caracterizado em termos genéricos pela menor temperatura
previsível para a região em que a linha se vai implementar, pela existência de
vento reduzido, e se as características daquela região o fizerem prever, pela
possibilidade de existência de uma manga de gelo.
O estado de Primavera caracteriza-se pela temperatura média previsível para a
região e pela existência de ventos muito intensos, constituindo o que se designa
por vento máximo habitual, não sendo de considerar a possibilidade de manga de
gelo.
O estado de verão caracteriza-se pela maior temperatura previsível, de acordo
com as características da região, ausência de manga de vento e ausência de
manga de gelo. Nestas condições, no estado de Verão, os condutores são
submetidos à solicitação elástica apenas resultante do seu peso próprio e á
solicitação térmica originada pela temperatura máxima, o que vai fazê-los
adquirir a maior deformação e, portanto, a maior flecha.-

Trabalho Final de Curso 2003/04 17


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No R.S.L.E.A.T. quando faz referencia ao “vento reduzido” é considerado o estado


de Inverno e designado nos cálculos por 1; na referencia á situação de “vento
máximo habitual” é considerado o estado de Primavera e designado nos cálculos
por 2.

Tendo em conta os aspectos anteriormente apresentados, estamos, agora, em


condições de iniciar o cálculo das tensões mecânicas na situação de flecha
máxima.
O cálculo inicia-se com a análise da acção do vento. Conforme o artigo 10º, o
vento considera-se actuando numa direcção horizontal e a força proveniente da
sua acção considera-se paralela àquela direcção e será determinada pela
expressão (3.1) .
A força devida à acção do vento, nos estados definidos anteriormente, é:

F1 = 0,6 × 1,2 × 300 × 9 × 10 −3 = 1,944 N / m = 0,1983 kgf / m

F2 = 0,6 × 1,2 × 750 × 9 × 10 −3 = 4,86 N / m = 0,49572 kgf / m

O parâmetro seguinte a calcular é o coeficiente de sobrecarga, m. Este confere


ao peso próprio do condutor um agravamento que traduz a acção do vento e do
gelo eventualmente existente, como se as respectivas acções se resumissem a
uma aumento de peso próprio dos condutores.
A resultante das diferentes acções que se exercem sobre o condutor não se situa
no plano vertical, mas isso não tem quaisquer consequências do ponto de vista
do comportamento mecânico dos condutores. As acções a considerar, exercidas
sobre a unidade de comprimento do condutor, são:
Fc – acção da gravidade sobre o condutor (peso próprio do condutor)
Fg – acção da gravidade sobre a manga de gelo eventualmente
existente (peso próprio da manga de gelo)
F – força exercida pelo vento

sendo,
d, o diâmetro do condutor
e, a espessura da manga de gelo

Fig. 10 – Forças exercidas sobre o condutor

Trabalho Final de Curso 2003/04 18


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O coeficiente de sobrecarga é definido por,

π
[( ]
2

⎨w + π gelo × )⎫
d + 2 × e2 − d 2 ⎬ + F 2
⎩ 4 ⎭
m= (4.5)
w
em que,
w, é o peso especifico do condutor;
πgelo, tem o valor de 0,9 Kg/dm3

A zona de implementação da linha em estudo é considerada sem gelo, pelo que,


por aplicação da expressão (4.5), obtemos os coeficientes de sobrecarga para os
estados referido:

0,1686 2 + 0,1983 2
m1 = = 1,54
0,1686

0,1686 2 + 0,4957 2
m2 = = 3,11
0,1686

O passo seguinte consiste na obtenção do vão critico, que por sua vez será
utilizado na árvore de decisão para obtermos o estado mais desfavorável.
O vão critico, relativo a uma dada tensão tmax, é o vão para o qual os condutores,
supostos esticados e afilaçados sob essa tensão tmax, num dos dois estados
atmosféricos adquirem a mesma tensão tmax quando ficam sujeitos às condições
do outro desses dois estados.
A expressão que permite determinar o vão critico, obtém-se da equação dos
estados aplicada aos estados de Inverno e Primavera, resultando na expressão
seguinte:

σ × t max 24 × α × (θ 2 − θ 1 )
Lcr = × (4.6)
w m22 − m12
em que,
σ, é a secção do condutor, 50mm2
w, é o peso próprio do condutor, 0,1686
α, é o coeficiente de dilatação térmica, 19x10-6
tmax, é a tensão máxima determinada anteriormente, 7kgf/mm2

O valor do vão critico obtido, por aplicação da expressão (4.6), é 73,4 metros.

Trabalho Final de Curso 2003/04 19


FEUP – EDP Distribuição, SA

As temperaturas θ1 e θ2 são definidas pelo artigo 21º, alínea a), que refere para
uma zona sem gelo a temperatura de +15ºC com vento máximo habitual e –5ºC
com vento reduzido.

Conhecidos os valores do vão critico e coeficiente de sobrecarga, é possível obter


o estado mais desfavorável por análise seguinte da árvore de decisão:

Fig. 11 – Árvore de decisão do estado mais desfavorável

Pela análise da árvore, facilmente se conclui que o estado mais desfavorável é o


estado 2 (vento máximo habitual).
Tendo presente os dados obtidos até agora, pode-se avançar para o cálculo da
tensão mecânica, no situação de flecha máxima, utilizando a equação de
estados.

A equação de estados permite para um dado vão, L, de uma linha de


características conhecidas calcular a tensão mecânica nos condutores num estado
atmosférico qualquer, desde que seja conhecido o seu valor noutro estado e os
dois estados estejam definidos pelos valores das respectivas temperaturas e dos
coeficientes de sobrecarga. Assim, a equação de estados apresenta o seguinte
aspecto:

tm m 2 w 2 L2 t mk mk2 w 2 L2
θ+ − = θk + − (4.7)
α E 24ασ 2 t m2 α E 24ασ 2 t mk 2

Trabalho Final de Curso 2003/04 20


FEUP – EDP Distribuição, SA

em que:
θ, temperatura nos estados considerados (ºC)
t, tensão mecânica (Kgf/mm2)
m, coeficiente de sobrecarga
w, peso do condutor (Kgf/m)
L, vão da linha (m)
α, coeficiente de dilatação térmica linear (ºC-1)
E, modulo de elasticidade (Kg/mm2)
σ, secção do condutor (mm2)

No presente estudo, o estado mais desfavorável apresenta as seguintes


características:
t = tmax = 7 kgf/mm2 A temperatura θ=+15ºC é retirada do
artigo 21º, do regulamento1. Este
m = m2 = 3,11 artigo define a temperatura a utilizar
considerando o estado mais
θ = + 15 ºC desfavorável.

O estado para o qual pretendemos determinar a tensão mecânica, está definido


do seguinte modo:
O artigo 22º, do
t=?
regulamento1,define que para o
m=1 cálculo de flecha máxima e para
linhas de 2ª classe, deverá
θ = +50ºC considerar-se uma temperatura
de +50 ºC sem sobrecarga de
vento.

Com os dados obtidos podemos calcular a tensão mecânica utilizando a equação


(4.7):

7 3,112 × 0,1686 2 × 118,75 2 t 12 × 0.1686 2 × 118,75 2


15 + − = 50 + −
19 × 10 −6 × 7750 24 × 19 × 10 −6 × 50 2 × 7 2 19 × 10 −6 × 7750 24 × 19 × 10 −6 × 50 2 × t 2

Resolvendo a expressão anterior obtemos uma equação de 3º grau:

6,79t 3 + 56,87t 2 − 351,6 = 0

t = 2,21 kgf / mm 2

O valor da tensão mecânica obtido será aquele que estará presente no momento
de flecha máxima no primeiro vão da linha.

Trabalho Final de Curso 2003/04 21


FEUP – EDP Distribuição, SA

4.4.2 – Cálculo da Flecha Máxima

O cálculo da flecha máxima será feito por aplicação da seguinte expressão:

wL2
f = (4.8)
8σ t

onde,
f, é a flecha máxima do condutor (m)
w, é o peso linear do condutor (kgf/m)
L, vão a considerar (m)
σ, secção do condutor (mm2)
t, tensão mecânica (kgf/mm2)

O primeiro vão da linha apresenta o seguinte valor de flecha máxima:

0,1686 × 118,75 2
f = = 2,7m
8 × 50 × 2,21

O cálculo da tensão mecânica e flecha máxima para os restantes vãos da linha


seguem o mesmo raciocínio de cálculo, obtendo-se os seguintes valores:

L2 = 130m → fmax = 3,2m


L2 = 180m → fmax = 6,1m
L2 = 215,5m → fmax = 8,5m
L2 = 120m → fmax = 3m

A localização dos apoios foi definida de modo a cumprir as distâncias dos


condutores ao solo, imposto pelo regulamento1, e também face à acessibilidade
ao local pelos meios técnicos de transporte e colocação dos apoios.

Trabalho Final de Curso 2003/04 22


FEUP – EDP Distribuição, SA

4.4.3 – Cálculo da Distância entre Condutores

Conhecidos os valores de flecha máxima é possível calcular a distância entre


condutores utilizando a expressão 4.4 .

Apoio 1:
Vão 1 Vão 2
f = 2,7 m f = 3,2 m
d = 0,6 m d = 0,6 m
D = 0,9 m D=1m
Apoio 2:
Vão 2 Vão 3
f = 3,2 m f = 6,1 m
d=0m d=0m
D = 0,9 m D = 1,2 m
Apoio 3:
Vão 3 Vão 4
f = 6,1 m f = 8,5 m
d = 0,6 m d = 0,53 m
D = 1,2 m D = 1,4 m
Apoio 4:
Vão 4 Vão 5
f = 8,5 m f=3m
d = 0,6 m d = 0,53 m
D = 1,4 m D = 0,9 m
Apoio 5:
Vão 5
f=3m
d = 0,74 m
D = 0,9 m

Trabalho Final de Curso 2003/04 23


FEUP – EDP Distribuição, SA

5 – Geometria da Linha

O estudo do equilíbrio dos fios, aplicado ao caso dos condutores das linhas
aéreas, é normalmente feito com base em certas hipóteses simplificativas que
consistem em considerar os condutores homogéneos, perfeitamente flexíveis e
inextensíveis. Acontece que, nestas condições, a curva de equilíbrio de um fio
suspenso por dois dos seus pontos é uma catenária homogénea. No entanto, os
condutores das linhas aéreas são elasticamente deformáveis, não são
perfeitamente flexíveis, havendo ainda que observar que os ventos fortes actuam
sob a forma de rajadas irregulares que impõem uma curvatura dupla e
movimento a uma curva que, no calculo baseado nas hipóteses referidas, se
supõe plana e em equilíbrio.
Assim, a catenária utilizada na linha em estudo é definida pela seguinte
expressão:

⎛x⎞
y = a ch⎜ ⎟ − a (4.9)
⎝a⎠
Esta é a equação que define a catenária.
O parâmetro a da catenária está relacionado com a tensão Th no ponto da curva
onde a tangente é normal à direcção da solicitação pela expressão,
Th = m w a (5.0)
em que,
w, é o peso especifico linear do condutor
m, é o coeficiente de sobrecarga

O raciocínio de calculo que leva à definição da equação da catenária que define a


linha em estudo é o seguinte:
- como já foi referido anteriormente o local de implementação da linha é
considerado sem formação de gelo e sabendo que na altura de montagem o
estado que se verifica é o de vento reduzido, então:

A força devida à acção do vento:


F = α c q s = 0,6x1,2x300x9x10-3 = 1,944 N/m = 0,1983 kgf/m

O coeficiente de sobrecarga obtido, por aplicação da expressão (4.5), é de 1,544.

Trabalho Final de Curso 2003/04 24


FEUP – EDP Distribuição, SA

Utilizando a expressão (5.0), pode-se saber o valor do parâmetro a e assim


definir a expressão da catenária relativa à linha:
- O valor da tensão mecânica, Th, a utilizar é o valor máximo, 7kgf/mm2:
7 = 1,544 x 0,1686 x a
a = 27,5

A expressão que define a catenária, da linha em estudo, é:

⎛ x ⎞
y = 27,5ch⎜ ⎟ − 27,5
⎝ 27,5 ⎠

Graficamente a curva da catenária é a seguinte:

CATENÁRIA
0

8
0

-8

-6

-4

-2

10
-1

Fig. 12 - Catenária

Trabalho Final de Curso 2003/04 25


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6 – Apoios

6.1 – Altura Mínima dos Apoios a Utilizar

Os apoios a utilizar, na linha em estudo, terão que permitir verificar as distâncias


impostas pelo regulamento. Serão utilizados apoios de betão, visto que, o local
permite o acesso a meios técnicos para a colocação dos apoios de betão.
As distâncias que os apoios têm de verificar são a distância dos condutores ao
solo, a distância entre condutores e a distância dos condutores a cursos de águas
não navegáveis, (já que a linha passa por cima de um rio não navegável).
Estas distâncias já foram calculadas, pelo que as alturas mínimas dos apoios a
utilizar são as seguintes:

Apoio Altura (m)


Nº1 14
Nº2 14
Nº3 18
Nº4 20
Nº5 14
Quadro 6.1 – Altura dos apoios

6.2 – Comportamento dos Apoios de Betão

Os apoios de betão não têm a mesma reacção quanto ao sentido de colocação.


Ou seja, consoante a orientação de colocação do apoio, este tem reacção
diferentes.
Esta diferença de reacções está relacionada com o momento de inércia do apoio.
Recordando que:
- o momento de inércia de um ponto material em relação a um ponto, recta
ou plano é o produto da massa do ponto pelo quadrado da sua distância ao
ponto, à recta ou ao plano. Para um sistema material discreto, o somatório

∑m r ,
i i onde ri é a distância ao ponto O do ponto de massa mi, define o

momento de inércia em relação a O.

Trabalho Final de Curso 2003/04 26


FEUP – EDP Distribuição, SA

O apoio de betão apresenta o seguinte aspecto, no corte transversal:

Fig. 13 – Corte transversal de um apoio de betão

Existem duas possibilidades de colocar o apoio em relação à linha:


a) paralelamente à linha

b) transversalmente à linha

Consoante a orientação do apoio, este vai estar sujeito a dois tipos de esforços,
tracção e compressão.
Se colocar-mos o apoio segundo a orientação a), a actuação das forças é a
seguinte:

Trabalho Final de Curso 2003/04 27


FEUP – EDP Distribuição, SA

As forças representadas por estão à tracção, enquanto que as forças

representadas por estão à compressão.


Pela definição de momento de inércia, o apoio colocado nesta orientação, em
relação à linha, oferece maior resistência aos esforços.
Nesta orientação, o produto da massa no ponto O pela distância OO’ é maior que
o produto da massa no ponto O pela distância OO’’. Assim, o momento de inércia
será maior na orientação a), levando a uma maior resistência aos esforços.

Se colocar-mos o apoio segundo a orientação b), a actuação das forças é a


seguinte:

As forças representadas por estão à tracção, enquanto que as forças

representadas por estão à compressão. Nesta orientação o apoio oferece


menor resistência aos esforços conforme explicado na orientação a).
Os esforços suportados por um apoio de betão pode ser traduzido na figura
seguinte:

Fig. 14 – Diagrama de esforços de um apoio de betão

Trabalho Final de Curso 2003/04 28


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7 – Dimensionamento dos Esforços nos Apoios

7.1 – Introdução

O dimensionamento dos esforços nos apoios têm por base as solicitações normais
mais o vento nos apoios.
As solicitações normais são um sistema de forças longitudinais e transversais,
que representam acção dos condutores ( e fios de guarda) sobre o apoio.
Os esforços equivalentes são considerados a 0,25 metros do topo do apoio.

⇒ Fx =
∑F xi × hi
(5.1)
h1 − 0,25

Fig. 15 – Resultante das forças segundo orientação x

⇒ Fy =
∑F yi × hi
(5.2)
h1 − 0,25

Fig. 16 – Resultante das forças segundo orientação y

O dimensionamento dos apoios será feito tendo em consideração as hipóteses de


calculo, para cada tipo de apoio, impostas no regulamento.

Trabalho Final de Curso 2003/04 29


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7.2 – Calculo dos Esforços

No presente projecto, todos os apoios serão em alinhamento, com excepção do


apoio nº5 que será de fim de linha.
O artigo 56º, do regulamento, define as hipóteses de calculo dos apoios de
alinhamento. Este artigo define que os apoios de alinhamento das linhas em
condutores nus deverão ser calculados para as hipóteses seguintes, não
simultaneamente:

a) acções normais:
Hipótese 1:
A sobrecarga de vento actuando, normalmente à direcção da linha, sobre o
apoio, as travessas e os isoladores e sobre os condutores e os cabos de
guarda nos dois meios vãos adjacentes ao apoio.
Simultaneamente, a resultante das componentes horizontais das tracções
dos condutores e dos cabos de guarda.
Simultaneamente , o peso próprio do apoio, das travessas, dos isoladores,
dos condutores e dos cabos de guarda.

Hipótese 2:
A força horizontal, de valor igual a um quinto do da resultante das forças
provenientes da acção do vento normal à direcção da linha sobre os
condutores e os cabos de guarda nos dois meios vãos adjacentes ao apoio,
actuando no eixo do apoio, na direcção da linha, à altura daquela
resultante.
Simultaneamente, o peso próprio do apoio, das travessas, dos isoladores,
dos cabos de guarda.

b) acções excepcionais:
Não são de considerar neste tipo de apoio.

Trabalho Final de Curso 2003/04 30


FEUP – EDP Distribuição, SA

O esquema de forças, que actuam sobre o apoio, está representado na figura


seguinte:

Fig. 17 – Esquema de forças do apoio em alinhamento

O condutor utilizado apresenta as seguintes características:

Parâmetro Al-Aço 50 mm2


Secção total(mm2) 49,48
Secção de alumínio (mm2) 42,41
Secção de aço 7,07
Diâmetro (mm) 9,00
Composição (n.º fios x mm ∅) 6x3,00 + 1x3,00
Resistência (Ω/ km a 20ºC) 0,6754
Peso linear (kgf/m) 0.1686
Carga de rotura (kg) 1585
2
Modulo de elasticidade (daN/mm ) 7750
Coeficiente de dilatação linear 1,9x10-5
Quadro 7.1 – Características do cabo Al-Aço

A força devida à acção do vento, calculada pela expressão (3.1), será:

Fv = (α.c.q.s)/2 = (0,6x1,2x750x9x10-3)/2 = 2,43 N/m = 0,2479 kgf/m

As expressões que traduzem as hipóteses de cálculo dos apoios de alinhamento


são:
- Hipótese 1:

Fy = 3 × Fv × ( S1 + S 2 ) (5.3)

sendo, S1 e S2 são os vãos adjacentes ao apoio.

Trabalho Final de Curso 2003/04 31


FEUP – EDP Distribuição, SA

- Hipótese 2:
1
Fx = Fy (5.4)
5

No quadro seguinte, estão os cálculos dos esforços para os apoios em


alinhamento da linha em projecto:

Apoio S1 (m) S2 (m) Hipótese 1 (kgf) Hipótese 2 (kgf)


Nº1 118,75 130 185 37
Nº2 130 180 231 46
Nº3 180 217,5 296 59
Nº4 217,5 120 251 50
Quadro 7.2 – Hipóteses de cálculo para os apoios de alinhamento

O apoio nº5 a actuação das forças é diferente dos anteriores, visto que este
apoio está colocado em fim de linha.
Na figura seguinte está representada a colocação do apoio de fim de linha em
relação à linha:

Fig. 18 – Apoio de fim de linha

O artigo 62º, do regulamento1, define que os esforços a que este tipo de apoios
estão sujeitos são calculados para as seguintes hipóteses de calculo,
consideradas não simultaneamente:
a) acções normais:
Hipótese 1:
A sobrecarga de vento actuando, normalmente à direcção da linha,
sobre o apoio, as travessas e os isoladores e sobre os condutores e os
cabos de guarda no meio vão adjacente ao apoio.
Simultaneamente, a resultante das tracções exercidas pelos
condutores e pelos cabos de guarda à temperatura de +15ºC, com
vento actuando segundo a direcção atras considerada.
Simultaneamente, o peso próprio do apoio, das travessas, dos
isoladores, dos condutores e dos cabos de guarda.

Trabalho Final de Curso 2003/04 32


FEUP – EDP Distribuição, SA

b) acções excepcionais:
Hipótese 2:
As componentes horizontais das tracções máximas exercidas pelos
condutores e pelos cabos de guarda, considerando a rotura de um
qualquer dos condutores ou dos cabos de guarda.
Simultaneamente, o peso próprio do apoio, das travessas, dos
isoladores, dos condutores e dos cabos de guarda.

As expressões que traduzem as hipóteses de cálculo do apoio de alinhamento


são:
- Hipótese 1:
Fy = 3 × Fv × S (5.5)

- Hipótese 2:
Fx = 3 × T (5.6)
em que, T = tmax x Secção
= 7 x 50 = 350 kgf/ mm2

Aplicando as expressões (5.5) e (5.6) ao apoio da linha em estudo, obtém-se os


seguintes resultados:
Fy = 3 × 0,2479 × 120 = 89kgf
Fx = 3 × 350 = 1050kgf

8 – Escolha dos Apoios

Conhecidos os valores dos esforços nos apoios, é possível definir qual o apoio a
utilizar. A escolha do apoio será feita pelo catálogo de um fabricante, de apoios
de betão, a Cavan SA.
O quadro seguinte apresenta os apoios escolhidos e também os apoios
normalizados pela EDP:

Apoio Altura (m) Referência Cavan Normalizado EDP


Nº1 14 MP02 1000 MM04 2250/740
Nº2 14 MP00 600 MM04 2250/740
Nº3 18 Mp02 1000 MP02 1000/370
Nº4 20 Mp02 1000 MP02 1000/370
Nº5 14 MM04 2250 MM04 2250/740
Quadro 8.1 – Apoios de betão utilizados

Trabalho Final de Curso 2003/04 33


FEUP – EDP Distribuição, SA

Os apoios normalizados EDP referem-se unicamente ao tipo de apoios existentes


nos armazéns da EDP, e utilizados por este, para as alturas necessárias, nos seus
projectos de linhas de média tensão.

Visto que, o apoio MM04 2250/740, normalizado EDP, é exageradamente forte


para colocar como apoios 1 e 2, optei por aumentar a altura nestes apoios para
assim colocar um apoio mais adequado face aos esforços a que vão estar
submetidos. O apoio escolhido foi o MP02 1000/370 de 16 metros de altura.

Em anexo encontra-se a folha de cálculo utilizada no departamento de projecto e


construção, da EDP, para o cálculo dos esforços nos apoios, a fim de se comparar
com os valores obtidos anteriormente, também a planta do projecto.

8.1 – Profundidade de Enterramento dos Apoios

O artigo 73º, no ponto 3, define a profundidade de enterramento, he, em metros,


dos apoios através da seguinte expressão

he = 0,1H + 0,5 (5.7)

em que, H, em metros, é a altura total do apoio.

Para os apoios utilizados na linha em projecto, as profundidades de enterramento


são as seguintes:

Apoio H (m) he (m)


Nº1 16 2,1
Nº2 16 2,1
Nº3 18 2,3
Nº4 20 2,5
Nº5 14 1,9
Quadro 8.2 – Altura de enterramento dos apoios

Trabalho Final de Curso 2003/04 34


FEUP – EDP Distribuição, SA

8.2 – Fundações (Maciços)

Num projecto de uma linha aérea de média tensão, o calculo respeitante aos
maciços de fundação é muito importante.
O calculo a efectuar não será com o objectivo de obter as dimensões dos
maciços, mas sim verificar a estabilidade dos maciços com dimensões já pré-
definidas.
A implementação dos maciços de fundação deverá ter em conta determinados
critérios, sendo eles:
- a natureza dos terrenos;
- a responsabilidade da linha;
- a função do apoio;
- os esforços envolvidos;
- a altura do apoio.

8.2.1 – Critérios Utilizados nos Cálculos

O calculo dos maciços de fundação será realizado utilizando o método de


Sulzberger recomendado no R.S.L.E.A.T..
Este método foi desenvolvido a partir dos resultados de ensaios, e baseia-se
sobre as seguintes hipótese:
a) admite-se que o terreno onde está encastrado o maciço de fundação se
comporta elasticamente quando há pequenos deslocamentos do maciço, e
que a reacção do terreno é proporcional ao produto dos deslocamentos do
maciço pelo módulo de elasticidade correspondente. Estes são dados pelo
coeficiente de compressibilidade do terreno, que traduz o esforço
necessário para enterrar de 1cm uma placa de 1cm2 de superfície.
b) Admite-se, também, que para terrenos de natureza e composição
uniforme, o coeficiente de compressibilidade é nulo à superfície do solo,
aumentando de forma aproximadamente proporcional com a profundidade.
No quadro seguinte são indicados os valores habituais do coeficiente de
compressibilidade a 2 metros de profundidade para terrenos de diferentes
natureza e composição.
Além disso, admite-se que a resistência à compressão do solo sob o
maciço é pelo menos igual à das paredes verticais à mesma profundidade.

Trabalho Final de Curso 2003/04 35


FEUP – EDP Distribuição, SA

Tipo de terreno Coef. Compressibilidade (N.cm3)


Lodo, turfa e terreno pantanoso em geral 0
Areia fina e média 60 a 80
Areia grossa 80 a 100
Terreno Corrente: - muito mole 0
- mole, facilmente amassável 20 a 40
- médio 80
- rijo 90
Quadro 8.3 – Coeficiente de compressibilidade (vários terrenos)

A figura seguinte pretende representar um apoio de betão com altura fora do solo
h, profundidade de enterramento he e sendo F a resultante das forças aplicadas
reduzida a 0,25 metros do topo do apoio: a é a dimensão do maciço, em planta,
paralela à direcção de força F e b a dimensão do maciço, em planta, normal
àquela direcção.
De acordo com o artigo 74º, no ponto 1, alínea b, aceita-se que a fundação possa
rodar de um ângulo α tal que tgα ≤ 0,01.

Fig. 19 – Apoio de betão e maciço

Trabalho Final de Curso 2003/04 36


FEUP – EDP Distribuição, SA

Os maciços transmitem ao solo os esforços resultantes do seu peso próprio e das


forças exteriores que lhe estão aplicadas:
- forças de tracção (condutores, cabos de guarda, ...), forças devidas
à acção do vento (sobre os condutores, apoio, travessas) e pesos
(condutores, maciço e travessas).
Com isto, os maciços podem ser solicitados à tracção, compressão, torção
em torno de um eixo horizontal e mesmo à flexão.
O dimensionamento dos maciços tem por objectivo permitir que, sob o
efeito das solicitações máximas a que for submetido, não se verifiquem
aumentos perigosos da flecha dos condutores e não ocorra derrubamento
do apoio.
Neste caso, vamos verificar a estabilidade dos maciços, com o objectivo de
chegar às dimensões ideais.
O artigo 74º, define as condições a adoptar no calculo das fundações
dependendo das reacções do terreno.

8.2.2 – Cálculos

O raciocínio de cálculo é o seguinte:


- Momento Derrubante: o momento derrubante Md da força F em relação a
um eixo de rotação situado em o’ (2/3 da profundidade de enterramento e a
¼ da largura do maciço medido do lado para onde se exerce a força F9, que
corresponde à situação de terrenos plásticos normais, é dado pela
expressão seguinte,

⎛ 2 ⎞
Md = F × ⎜ h − 0,25 + he ⎟, [N .m] (5.8)
⎝ 3 ⎠
- Momento Estabilizante: o momento estabilizante tem duas componentes
principais, uma das quais é devida ao escastramento do maciço no solo, e é
dada por,

b × he3
M e1 = × C 0 × tgα , [N .cm] (5.9)
36
em que Co é o valor do coeficiente de compressibilidade do terreno à
profundidade he, dado por

C0 =
C2m
2
he , [N .cm ]−3
(6.0)

Trabalho Final de Curso 2003/04 37


FEUP – EDP Distribuição, SA

sendo C2m o valor do coeficiente de compressibilidade à profundidade de 2


metros indicado na tabela.

A outra componente é devida à reacção do terreno no fundo da cova, provocada


pelo maciço de fundação, do apoio e dos condutores, e é dada por

⎛a ⎞
M e 2 = P × ⎜⎜ − 0,47 ×
P ⎟,
⎟ [N .cm] (6.1)
⎝2 b × C 0 × tgα ⎠
sendo P o peso total do apoio e do maciço e restantes equipamentos.

Nas fundações relativamente profundas, o efeito do encastramento é


preponderante, predomina Me1 e sendo Me2 pouco significativo.
Nas fundações pouco profundas dá-se precisamente o contrário, verificando-se
até, que, no caso das placas superficiais, o momento estabilizante é devido quase
exclusivamente ao peso. Nestas fundações o coeficiente de segurança deve ser
superior a 1,5.
A estabilidade do maciço verifica-se enquanto que o momento resistente for
superior ao momento derrubante.
Á medida que o momento de encastramento predomina, o coeficiente de
segurança pode ser reduzido. Na figura seguinte apresenta-se o diagrama que
nos dá o valor a adoptar para o coeficiente de segurança em função da relação
Me1/Me2.

Fig. 20 – Diagrama coeficiente segurança

Utilizando o raciocínio de cálculo anteriormente exposto, apresenta-se no quadro


seguinte as dimensões dos maciços para os apoios utilizados no presente
projecto:

Trabalho Final de Curso 2003/04 38


FEUP – EDP Distribuição, SA

Apoio a (m) b (m) he (m)


Nº1 1 0,8 2,1
Nº2 1 0,8 2,1
Nº3 1,1 0,7 2,7
Nº4 1,1 0,5 2,5
Nº5 1,4 2 1,9
Quadro 8.4 – Dimensões dos maciços

9 – Isoladores

Os isoladores são dispositivos que, como o próprio nome indica, servem para
isolar o condutor das estruturas de apoio. Permitem também a fixação dos
condutores a essas estruturas de apoio.
Neste projecto são utilizados isoladores rígidos e isoladores de cadeia de
amarração.
O isolador rígido, é constituído por componentes isolantes e metálicas e pelo
material ligante que as justapõe, destinado a ser fixado rigidamente a estruturas
de apoio, garantindo por si só as condições de isolamento do condutor.
O isolador de cadeia é constituído por componentes isolantes e metálicos e pelo
material ligante que as justapõe, destinado a ser fixado articuladamente a
estruturas de apoio, garantindo por si só, ou associado a outros idênticos, em
forma de cadeia, as condições de isolamento.
O artigo 47º, do R.S.L.E.A.T. define os materiais dos isoladores, e o artigo 48º,
do mesmo regulamento, define as características dos isoladores.
Os isoladores a utilizar nos apoios, do projecto em estudo, são:
- no apoio de onde irá partir a derivação será colocada uma cadeia de
amarração com referência ASR 3xAAB 1404. Este isolador tem isolamento
reforçado.
- nos apoios 1,3 e 4 serão utilizados isoladores em cadeia de amarração do
tipo AS 2xAAB 1404. Este isolador não tem isolamento reforçado.
- no apoio 2 será utilizado isolador rígido, visto que a diferença entre os
vãos adjacentes, a este apoio, é pequena. Será do tipo AS 1xARD 70. Os
isoladores rígidos serão fixados aos condutores por meio de filaças2 como
define o artigo 35º do regulamento.

Trabalho Final de Curso 2003/04 39


FEUP – EDP Distribuição, SA

- no apoio 5, no qual será colocado um posto de transformação aéreo, o


isolador a utilizar será em cadeia de amarração do tipo ASR 3xAAB 1404,
também com isolamento reforçado.

2
Filaças, são dispositivos apropriados para fixar os condutores às cabeças dos isoladores

rígidos. Devem-se utilizar materiais apropriados, tendo em conta, quer a natureza do condutor
a fixar, quer a sua secção. Neste projecto, o condutor tem secção 50mm2, e é do tipo Al-Aço,
portanto a filaça a executar será em alumínio macio de diâmetro 4mm e o numero de espiras
mínimo em cada extremidade será de 6.

10 – Travessas

As travessas são os dispositivos aos quais serão amarrados os condutores,


através dos isoladores.
A escolha do comprimento da travessa depende da distância mínima entre
condutores, sendo que o afastamento entre condutores aumenta com a tensão
nominal da linha e com a flecha, esta de certo modo crescente também com o
vão.
As distâncias entre condutores já foi calculada no ponto 4.4, pelo que as
travessas a colocar terão de cumprir essas distâncias mínimas.
No apoio existente, de onde partirá a derivação, será colocada uma travessa com
disposição horizontal dos condutores. Nos restantes apoios a disposição dos
condutores será em triângulo a qual permite obter maiores distâncias entre
condutores.
A travessa a colocar no apoio de derivação será uma travessa em derivação,
enquanto que nos restantes apoio serão colocadas travessas em alinhamento. No
último apoio será colocada uma travessa de fim de linha.

As travessas a colocar nos apoios, da linha em projecto, serão as seguintes:

- no apoio existente será do tipo N com 2,20 metros de comprimento;


- nos apoios 1, 3 e 4 será do tipo TAN 60;
- no apoio 2 será do tipo TAL;
- no apoio 5 será do tipo HTP4.

Trabalho Final de Curso 2003/04 40


FEUP – EDP Distribuição, SA

As travessas também estão sujeitas a esforços, pelo que de seguida se


apresentam os cálculos desses esforços.
O artigo 66º, do R.S.L.E.A.T., estabelece o dimensionamento das travessas face
às solicitações. No ponto 1, deste artigo, está definido que, as travessas serão
dimensionadas para as solicitações que os condutores lhes transmitem nas
hipóteses de calculo dos respectivos apoios.
Para o cálculo dos esforços, nas travessas, é necessário, primeiro, calcular a
força devida ao vento calculada pela expressão 3.1, sendo o seu valor de 0,2479
Kgf/m.

10.1 – Cálculo dos Esforços

Cálculo dos esforços a suportar pela travessa colocada no apoio de onde sairá a
derivação:

Apoio Esforço horizontal Esforço Vertical Esforço horizontal


transversal longitudinal
(FT = F x sen2(β) x S + T (FV = W’ x S) (FL = T x sem(β))
x cos(β)) (kgf) (kgf) (kgf)
Existente 327,7 10 134
Quadro 10.1 – Esforços na travessa a colocar no apoio existente

β, é o ângulo que a linha derivada faz com o eixo de referência.


W’, corresponde a metade do peso unitário do condutor.

O quadro seguinte apresenta os cálculos dos esforços, nas travessas, dos apoios
em alinhamento:

Apoio Esforço horizontal Transversal Esforço Vertical


(FT =F x (S1+S2)) (kgf) (FV = W’ x (S1+S2) (kgf)
1 62 21
2 77 26
3 99 34
4 84 28
Quadro 10.2 – Esforços das travessas nos apoios

Trabalho Final de Curso 2003/04 41


FEUP – EDP Distribuição, SA

A travessa colocada no apoio de fim de linha, nº5, está sujeita aos seguintes
esforços:

Apoio Esforço horizontal Esforço Vertical Esforço horizontal


transversal longitudinal
(FT = F x S) (kgf) (FV = W’ x S) (kgf) (FL = T) (kgf)
Nº5 30 10 350
Quadro 10.3 – Esforços na travessa do apoio de fim de linha

11 – Terras de Protecção

De acordo com o Artigo 147.º do R.S.L.E.A.T. todos os apoios a estabelecer em


linhas de Média Tensão deverão ser individualmente ligados à terra, quando
utilizados apoios de betão os suportes metálicos dos isoladores deverão ser
ligados à terra do próprio apoio. A ligação dos condutores de terra aos eléctrodos
deverá garantir a natureza ou o revestimento dos materiais aplicados, não dando
origem a corrosões electroliticas.

Os eléctrodos a aplicar serão de cobre, de aço galvanizado, ou de aço revestido a


cobre, podendo ser utilizados sob a forma de chapas, varetas, ou tubos. Quando
for utilizados materiais não resistentes à corrosão o revestimento dos eléctrodos
não deverá ser inferior a:
• 70 µm, se o revestimento for de zinco(imersão a quente).
• 0.7 mm, se o revestimento for de cobre.
• 1mm, se o revestimento for de chumbo.

A chapas, varetas ou tubos a aplicar, deverão ser enterradas verticalmente no


solo, a uma profundidade tal que entre a superfície do solo e parte superior do
eléctrodo haja uma distância mínima de 0.8m.
As dimensões mínimas dos eléctrodos a aplicar quer se trate de chapas ou de
varetas deverão ser respectivamente:
• superfície de contacto 1m2 , espessura 2mm.
• 15mm de diâmetro exterior, 2m de comprimento
Os eléctrodos de terra deverão ser instalados em locais húmidos, de preferência
em terra vegetal, afastados dos locais de circulação de pessoas, e de locais
contendo substâncias corrosivas que possam infiltrar-se no terreno.

Trabalho Final de Curso 2003/04 42


FEUP – EDP Distribuição, SA

ANÁLISE DA QUALIDADE DE SERVIÇO DE UMA REDE AÉREA DE


BAIXA TENSÃO EM CONDUTORES ISOLADOS AGRUPADOS EM
FEIXE ( TORÇADA)

Trabalho Final de Curso 2003/04 43


FEUP – EDP Distribuição, SA

12 – Introdução às Redes Aéreas de Baixa Tensão

As redes de distribuição aérea de baixa tensão, que eram constituídas por


condutores nus de cobre, alumínio ou liga de alumínio, apoiados em isoladores,
foram praticamente substituídos por redes aéreas isoladas, constituídas por
condutores isolados agrupados em feixe (torçada), do tipo LXS e XS.
Apresentam muitas vantagens, razão pela qual o seu uso generalizado.

12.1 – Objectivo do Estudo

O estudo da presente rede, tem por objectivo encontrar uma solução que permita
o funcionamento em níveis de qualidade de serviço aceitáveis, da rede em
questão.
Após a reclamação de um consumidor, alegando falhas no fornecimento de
energia, na sua instalação, partiu-se para o presente estudo que, incidirá no
cálculo da queda de tensão, nos diferentes ramos da rede, para que seja possível
propor as alterações necessárias para o estabelecimento de um serviço em níveis
aceitáveis.

12.1.1 – Definição de Qualidade de Serviço

A tensão disponível, em qualquer ponto da instalação, deve permitir um


funcionamento satisfatório do ou dos receptores alimentados. Por outras
palavras, a queda de tensão, produzida pela canalização, isto é, a diferença entre
as tensões medidas, no ponto de alimentação da canalização e nesse ponto, não
deve ultrapassar um determinado valor.
O problema coloca-se essencialmente na baixa tensão, já que a queda de tensão
pode atingir uma percentagem não desprezável da tensão de alimentação. Isso
acontece, desde que o comprimento da canalização seja importante ou o regime
de funcionamento tenha períodos de intensidade elevada, mesmo que estes
sejam muito breves para poder influenciar a escolha da secção do ponto de vista
térmico.
O Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em
Baixa Tensão, no artigo 9º, ponto 4, define que as variações de tensão em

Trabalho Final de Curso 2003/04 44


FEUP – EDP Distribuição, SA

qualquer ponto da rede de distribuição não deverão ser superiores a ±8% da


tensão nominal.

12.2 – Características da Rede

A rede em estudo é constituída por condutores em alma de alumínio, de


diferentes secções, e é alimentada por um posto de transformação, tipo AS, de
75 kVA de potência.
Do ramo principal, designado por ramo P, que sai do posto de transformação,
derivam três ramos que serão designados por ramo A, ramo B e ramo C.
O cabo do ramo P é do tipo LXS 4x70+16 e tem uma extensão de 200 metros.
O ramo A tem uma extensão de 240 metros sendo o cabo utilizado do tipo LXS
4x50+16.
O ramo B tem uma extensão total de 960 metros, sendo que, 520 metros são
constituídos por cabo LXS 4x50+16 e os restantes 440 metros são constituídos
por cabo do tipo LXS 4x25+16.
Finalmente, o ramo C, tem uma extensão de 400 metros, é constituído pelo cabo
LXS 4x50+16 numa extensão de 200 metros e a restante extensão é constituída
por cabo de alumínio nu do tipo AL 3x40+16+16.
A rede tem uma extensão total de 2000 metros, e os consumidores abrangidos
são caracterizados por potências, contratadas, de 6,9 kVA e 10,35 kVA.
Em anexo encontram-se a planta topográfica de localização da rede, e o esquema
unifilar da rede.

12.3 – Raciocínio de Cálculo

O raciocínio de cálculo será igual para todos os ramos, com o objectivo da obter a
queda de tensão nesses mesmos ramos.
Sequência de cálculo:
- O primeiro aspecto a ter em conta é o numero de consumidores, ou
seja, conhecer as suas potências para que na potência total, resultante
da soma das várias potências dos vários consumidores, seja aplicado o
coeficiente de simultaneidade. Este coeficiente, a aplicar nas instalações
de utilização, estabelecidas em locais residenciais ou de uso profissional,
condiciona o

Trabalho Final de Curso 2003/04 45


FEUP – EDP Distribuição, SA

valor da potência instalada a considerar. Os factores de correcção são


obtidos pela seguinte expressão

0,8
C = 0,2 + (12.1)
n
onde, n é o numero de instalações a alimentar.

- conhecido o valor da potência, após a aplicação do factor de correcção,


pode-se determinar o valor da corrente de serviço (Is). Este valor de
corrente é calculado pela seguinte expressão,

IS =
S
( A) (12.2)
3 × 400
A rede é trifásica, motivo pelo qual a potência aparente é dividida pela
tensão composta.

- o passo seguinte visa determinar o valor da resistência eléctrica, do


ramo em consideração. Conhecido o comprimento do ramo, o tipo de
condutor e a sua secção, a resistência será obtida por aplicação da
seguinte expressão

R=ρ×
l
(Ω ) (12.3)
S
onde, R é a resistência
ρ é a resistividade do condutor a 20ºC, (Ω.mm2/m)
l é o comprimento do condutor, (m)
S é a secção do condutor, (mm2)

- por último determina-se o valor da queda de tensão. Este valor é


determinado pelo produto da resistência do ramo pela corrente de
serviço, ∆U = R x Is (V). O valor da queda de tensão é, normalmente,
apresentado em %.

Trabalho Final de Curso 2003/04 46


FEUP – EDP Distribuição, SA

12.4 – Cálculos

A análise da rede foi dividida por ramos, e em cada ramo foram considerados
vários pontos, para o cálculo da queda de tensão, com o objectivo de obter
valores o mais rigorosos possíveis.
A possibilidade de considerar a concentração das cargas no ponto mais distante
do ramo, embora sendo a situação mais desfavorável, não será a análise mais
correcta da situação real.
O cálculo da queda de tensão no ramo A, será apresentado de seguida, como
exemplo ilustrativo dos cálculos efectuados para todos os ramos.

Cálculo do ramo A:
O – A1: Cabo LXS 4x50+16
l = 120 m
ρAL = 28,264x10-3 Ω.mm2/m

• A potência total do ramo em consideração é calculada da seguinte


forma:

⎛ 0,8 ⎞
S Total = (n × S C ) × ⎜⎜ 0,2 + ⎟⎟ (VA) (12.4)
⎝ n⎠
onde, n é o numero de consumidores
SC é a potência contratada por consumidor

⎛ 0,8 ⎞
S Total = [(6 × 6900) + (5 × 10350)]× ⎜ 0,2 + ⎟ = 41098,6254 (VA)
⎝ 11 ⎠

• A corrente de serviço no ramo é:

I S = 59,32 A

• A resistência do ramo é:

O valor da resistência (20ºC) tem de ser corrigido para uma temperatura


(50ºC) diferente da temperatura ambiente, ou seja, é considerado o
funcionamento do condutor em regime permanente.

Trabalho Final de Curso 2003/04 47


FEUP – EDP Distribuição, SA

A expressão que permite corrigir o valor da resistência, com a alteração


da temperatura, é:

Rθ = R20 º C × [1 + α 20 º C × (θ − 20)] (Ω) (12.5)

em que, α é o coeficiente de variação da resistividade a 20ºC.


O valor de αAL é 4,03x10-3 (ºC-1)

Para esta parte do ramo em estudo, o valor da resistência R70ºC é 0,076 Ω.

A queda de tensão no ramo A é:


∆U = 4,51 V
∆U = 1,96%

O – A2: Cabo LXS 4x50+16


l = 120 m
ρAL = 28,264x10-3 Ω.mm2/m

⎛ 0,8 ⎞
S Total = [(5 × 6900) + (2 × 10350)]× ⎜⎜ 0,2 + ⎟⎟ = 27730,91 VA
⎝ 7⎠
27730,91
IS = = 40,03 A
3 × 400
∆U = 40,03 × 0,076 = 3,04 V
∆U = 1,32%

A queda de tensão total no ramo A é :


∆U = 1,96 + 1,32 = 3,28%

O valor de queda de tensão, no ramo A, é inferior ao valor máximo definido no


artigo 9º, no ponto 4 do regulamento. Este ramo não necessita de qualquer
intervenção técnica no sentido de melhorar a queda de tensão.

Trabalho Final de Curso 2003/04 48


FEUP – EDP Distribuição, SA

O quadro seguinte apresenta os resultados referentes a toda a rede:


Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)
B
O–B1 LXS 4X50+16 90208,962 130,21 0,076 9,9 4,3
B1–B2 LXS 4X50+16 83631,161 120,71 0,076 9,17 3,99
B2-B3 LXS 4X50+16 75118,64 108,42 0,076 8,24 3,58
B3-B4 LXS 4X50+16 63274,989 91,33 0,1 9,13 3,97
B4-B5 LXS 4X25+16 46920 67,72 0,152 10,3 4,5
B5-B6 LXS 4X25+16 35880 51,8 0,152 7,87 3,42
B6-B7 LXS 4X25+16 25997,73 37,5 0,253 9,49 4,13 =27,89
C
O-C1 LXS 4X50+16 49062,53 70,82 0,127 8,99 3,91
C1-C2 LXS 4X50+16 40250 58,1 0,095 5,53 2,4
C2-C3 LXS 4X50+16 24840 35,9 0,095 3,41 1,48
C3-C4 LXS 4X50+16 10350 14,94 0,127 1,9 0,83 =8,62
Principal
P LXS 4X70+16 145231,99 209,6 0,091 19,07 8,29 =8,29
Quadro 12.1 – Quedas de tensão

Os resultados obtidos permitem avaliar que, no ramo B, a queda de tensão total


passa, largamente, o limite imposto pelo regulamento de segurança. Este ramo,
necessita de uma intervenção bastante profunda para que o valor da queda de
tensão fique dentro dos limites regulamentares.
Nos ramos C e P, os valores de queda de tensão passam o limite mas uma
intervenção, não tão profunda como no ramo B, poderá resolver este problema.

12.5 – Alterações Estudadas

As alterações a efectuar, nos diferentes ramos da rede, visam melhorar a


qualidade de serviço. Assim sendo, de seguida são apresentadas as alterações,
possíveis, estudadas.
Neste estudo, estará sempre presente a ideia de um possível crescimento do
numero de consumidores, ou seja, as alterações deverão assegurar o aumento
do numero de consumidores ou o aumento de potências contratadas pelo
consumidores já existentes.
O ramo B é o que apresenta o valor de queda de tensão mais elevado, por isso é
o que necessita de uma intervenção mais profunda. Para este ramo foram
estudadas as seguintes hipóteses:
- colocar uma nova saída no posto de transformação existente para alimentar
exclusivamente o ramo B. Para esta possibilidade, apresenta-se de seguida
os resultados obtidos para dois cabos de secções diferentes LXS 4x70+16 e
LXS 4x95+16 :

Trabalho Final de Curso 2003/04 49


FEUP – EDP Distribuição, SA

Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)


PT-O LXS 4x70+16 90208,962 130,21 0,091 11,85 5,15
O-B1 LXS 4x70+16 90208,962 130,21 0,054 7 3,04
B1-B2 LXS 4x70+16 83631,161 120,7 0,054 6,52 2,83
B2-B3 LXS 4x70+16 75118,64 108,4 0,054 5,85 2,54
B3-B4 LXS 4x70+16 63274,989 91,33 0,073 6,67 2,9
B4-B5 LXS 4x70+16 46920 67,7 0,054 3,66 1,59
B5-B6 LXS 4x70+16 35580 51,8 0,054 2,8 1,22
B6-B7 LXS 4x70+16 25997,73 37,5 0,091 3,41 1,48 =20,75

PT-O LXS 4x95+16 90208,962 130,21 0,067 8,72 3,79


O-B1 LXS 4x95+16 90208,962 130,21 0,04 5,21 2,27
B1-B2 LXS 4x95+16 83631,161 120,7 0,04 4,83 2,1
B2-B3 LXS 4x95+16 75118,64 108,4 0,04 4,34 1,9
B3-B4 LXS 4x95+16 63274,989 91,33 0,054 4,93 2,14
B4-B5 LXS 4x95+16 46920 67,7 0,04 2,71 1,18
B5-B6 LXS 4x95+16 35580 51,8 0,04 2,07 0,9
B6-B7 LXS 4x95+16 25997,73 37,5 0,067 2,51 1,09 =15,37
Quadro 12.2 – Queda de tensão para nova saída

Analisando os valores obtidos, no quadro anterior, facilmente se comprova que


esta hipótese estudada não é viável. Os valores de queda de tensão continuam
bastante superiores ao limite.

- outra hipótese estudada para o ramo B, foi a possível colocação de um novo


posto de transformação no extremo final (ponto B7) deste ramo. Esta
possibilidade foi estudada para três cabos do mesmo tipo mas de secção
diferente (LXS 4x50+16; LXS 4x70+16; LXS 4x95+16).
No quadro seguinte apresenta-se os resultados obtidos para esta hipótese:
Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)
PT-B6 LXS 4x50+16 90208,962 130,21 0,127 16,54 7,2
B6-B5 LXS 4x50+16 90208,962 107,5 0,076 8,17 3,55
B5-B4 LXS 4x50+16 83631,161 81,27 0,076 6,18 2,67
B4-B3 LXS 4x50+16 75118,64 73,7 0,1 7,37 3,2
B3-B2 LXS 4x50+16 63274,989 51,9 0,076 3,9 1,7
B2-B1 LXS 4x50+16 46920 36,7 0,076 2,79 1,21 =19,53

PT-B6 LXS 4x70+16 90208,962 130,21 0,091 11,85 5,15


B6-B5 LXS 4x70+16 90208,962 107,5 0,056 6,02 2,62
B5-B4 LXS 4x70+16 83631,161 81,27 0,056 4,55 1,98
B4-B3 LXS 4x70+16 75118,64 73,7 0,073 5,4 2,35
B3-B2 LXS 4x70+16 63274,989 51,9 0,056 2,9 1,26
B2-B1 LXS 4x70+16 46920 36,7 0,056 2,1 0,91 =14,27

PT-B6 LXS 4x95+16 90208,962 130,21 0,067 8,72 3,8


B6-B5 LXS 4x95+16 90208,962 107,5 0,04 4,3 1,87
B5-B4 LXS 4x95+16 83631,161 81,27 0,04 3,25 1,41
B4-B3 LXS 4x95+16 75118,64 73,7 0,054 3,98 1,73
B3-B2 LXS 4x95+16 63274,989 51,9 0,04 2,18 0,91
B2-B1 LXS 4x95+16 46920 36,7 0,04 1,47 0,64 =10,36
Quadro 12.3 – Queda de tensão para novo P.T. no extremo ramo B

Trabalho Final de Curso 2003/04 50


FEUP – EDP Distribuição, SA

Perante os resultados obtidos, verifica-se que esta hipótese não é viável, ou seja,
os valores continuam bastante superiores ao limite.

- a última hipótese estudada, para o ramo B, consiste na colocação de um


posto de transformação num ponto intermédio (B4) do ramo B. Este local
foi escolhido visto que, será de fácil execução a alimentação do posto de
transformação já que perto deste local passa uma linha aérea de 15 kV. O
posto de transformação para esta hipótese será equipado com duas saídas,
sendo que a saída 1 alimenta a parte inferior do ramo B enquanto que a
saída 2 alimenta a parte superior deste ramo.
No quadro seguinte estão os resultados obtidos, para as duas saídas utilizando
dois cabos, embora do mesmo tipo, mas de secções diferentes:

Saída 1:
Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)
PT-B3 LXS 4x50+16 58220,247 84 0,1 8,4 3,7
B3-B2 LXS 4x50+16 35944,139 51,9 0,076 3,94 1,71
B2-B1 LXS 4x50+16 25434,714 36,71 0,076 2,79 1,21 =6,62

PT-B3 LXS 4x70+16 58220,247 84 0,073 6,1 2,65


B3-B2 LXS 4x70+16 35944,139 51,9 0,054 2,8 1,22
B2-B1 LXS 4x70+16 25434,714 36,71 0,054 1,98 0,86 =4,73
Quadro 12.4 – Queda tensão para a saída 1 do P.T. colocado no ramo B

Saída 2:
Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)
PT-B5 LXS 4x50+16 46920 67,7 0,076 5,1 2,22
B5-B6 LXS 4x50+16 35009,94 50,5 0,076 3,84 1,67
B6-B7 LXS 4x50+16 25997,729 37,5 0,127 4,77 2,07 =5,96

PT-B5 LXS 4x70+16 46920 67,7 0,054 3,66 1,59


B5-B6 LXS 4x70+16 35009,94 60,5 0,054 2,73 1,19
B6-B7 LXS 4x70+16 25997,729 37,5 0,091 3,41 1,48 =4,26
Quadro 12.5 – Queda de tensão para a saída 2 do P.T. colocado no ramo B

Considerando os resultados obtidos, para as duas, facilmente se conclui que esta


é a melhor solução no sentido de se obter uma boa qualidade de serviço.
Quanto ao cabo a utilizar, a melhor solução, passará pela utilização de cabo LXS
4x70+16, visto ser aquele que proporciona melhores valores (mais baixos) de
queda de tensão.

Trabalho Final de Curso 2003/04 51


FEUP – EDP Distribuição, SA

O ramo principal será afectado pela ausência da potência, que teria de alimentar,
no ramo B. Deixando de alimentar o ramo B, a queda de tensão no ramo
principal vai ser diferente:

Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)


PT-O LXS 4x70+16 75929,987 109,6 0,091 9,97 4,33 =4,33
Quadro 12.6 – Queda de tensão no ramo P

A queda de tensão no ramo principal passa de 8,29% para 4,33%, retirando a


alimentação ao ramo B.
A colocação do posto de transformação no ponto (B4), do ramo B, trás
benefícios, não só para o ramo B, mas também para o ramo principal já que este
deixa de alimentar o ramo B.

O ramo C apresenta uma valor de queda de tensão não muito superior ao limite
de segurança, mas necessita também de uma intervenção cuidada no sentido de
melhorar este valor.
A alteração prioritária neste ramo consiste na troca do cabo AL 3x40+6+6 para o
cabo LXS 4x50+16, ficando todo este ramo constituido por um cabo do mesmo
tipo e secção.
O quadro seguinte apresenta os resultados obtidos com a alteração neste ramo:

Ramo Cabo Stotal (VA) IS (A) R (Ω) ∆U (V) ∆U (%)


O-C1 LXS 4x50+16 49062,53 70,32 0,127 8,99 3,91
C1-C2 LXS 4x50+16 40250 58,1 0,076 4,42 1,92
C2-C3 LXS 4x50+16 24840 35,85 0,076 2,7 1,17
C3-C4 LXS 4x50+16 10350 14,94 0,1 1,5 0,65 =7,65
Quadro 12.7 – Queda de tensão ramo C

A queda de tensão no ramo C passa de 8,62% para 7,65% justificando assim a


alteração do cabo. Este melhoramento permite o aumento de cargas neste ramo.

Trabalho Final de Curso 2003/04 52


FEUP – EDP Distribuição, SA

12.6 – Novo Posto de Transformação

A potência total, a alimentar pelo novo posto de transformação, será obtido


tendo em conta o numero de consumidores e as respectivas potências
contratadas. O numero total de consumidores é 35, sendo que, 27 são
consumidores a 6,9 kVA e os restantes a 10,35 kVA.
O valor total da potência, que neste momento está instalada é de 90,21 kVA.
O posto de transformação que poderia ser utilizado seria um AS de 100 kVA, mas
a potência a alimentar está muito próxima da capacidade máxima do
transformador, e numa situação de crescimento de consumidores ou aumentos
de carga, a capacidade do transformador rapidamente seria atingida.
Por este motivo, adopta-se por propor um posto de transformação do tipo AI de
160 kVA.
A alimentação do novo posto de transformação será de fácil execução, já que, a
uma distância de 410 metros passa uma linha de aérea de 15 kv, da qual se
poderá fazer uma derivação para alimentar este posto de transformação.
Em anexo encontra-se a planta topográfica do local, onde se pode ver a
localização do novo posto de transformação e também a localização da linha
aérea de 15 kv da qual se pode fazer a derivação. Também em anexo se
encontra o esquema unifilar da rede remodelada com a localização do novo posto
de transformação.

12.6.1 – Cálculo das Protecções a Colocar no Novo Posto de


Transformação para as Saídas 1 e 2

No cálculo das protecções têm de se ter presente dois aspectos muito


importantes: condição de aquecimento do cabo e a protecção contra
sobreintensidades.

Condição de aquecimento:
A condição de aquecimento está associada a uma intensidade de corrente
máxima admissível, IZ, que seja superior à intensidade de corrente de serviço
(12.2). A necessidade de imposição desta condição resulta de os cabos, tendo em
conta os seus aspectos construtivos e problemas térmicos associados, possuírem

Trabalho Final de Curso 2003/04 53


FEUP – EDP Distribuição, SA

uma intensidade de corrente máxima que podem veicular em regime permanente


sem sofrerem qualquer degradação. Assim sendo, a intensidade IZ não pode ser
inferior à corrente de serviço, IS, sob pena de algum tempo após a entrada em
funcionamento da instalação, este acréscimo de corrente provocar um
aquecimento excessivo do cabo e a sua consequente degradação.

Protecção contra sobreintensidades:


Os regimes de funcionamento em que a intensidade de corrente é mais elevada
que a intensidade de corrente de serviço são denominados de sobreintensidades
sendo, por outro lado, subdivididos em sobrecargas e curto-circuitos. As
sobrecargas correspondem a situações em que a sobreelevação da intensidade de
corrente em relação ao valor de serviço é pequena. Nas situações de curto-
circuito a intensidade de corrente assume valores bastante elevados pelo que os
aparelhos de protecção deverão actuar rapidamente.
Os artigos 127 a 132, do Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de
Energia Eléctrica em Baixa Tensão (R.S.R.D.E.E.B.T.), são dedicados à protecção
de instalações eléctricas contra sobreintensidades.

Protecção contra sobrecargas:


O artigo 128 do Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de
Energia Eléctrica em Baixa Tensão estabelece as condições que deverão ser
satisfeitas para que um aparelho de protecção proteja uma instalação
contra sobrecargas. As condições são as seguintes, sendo que deverão
verificar-se em simultâneo:
IS ≤ IN ≤ IZ
I f ≤ 1,45I Z
Estas condições traduzem-se graficamente na figura seguinte:

Fig. 21 – Características dos aparelhos de protecção contra sobrecargas

Trabalho Final de Curso 2003/04 54


FEUP – EDP Distribuição, SA

Protecção contra curto-circuitos:


A condição a verificar para assegurar a protecção contra curto-circuitos
encontra-se detalhada no artigo 130 do R.S.R.D.E.E.B.T.. O numero 1 deste
artigo indica, de forma genérica, que esta condição de protecção fica
assegurada se a intensidade nominal dos aparelhos de protecção contra
curto-circuitos for determinada de modo a que a corrente de curto-circuito
seja cortada antes de a canalização poder atingir a sua temperatura limite
admissível. O numero 2 do artigo referido indica que esta verificação se
deverá realizar comparando a característica de funcionamento
tempo/corrente do aparelho de protecção com a característica de fadiga
térmica da canalização.

t ap ≤ t ft (12.6)

t ap ≤ 5 s (12.7)

As condições (12.6) e (12.7) terão de se verificar em simultâneo.

S
t ft = K × (12.8)
I CC
sendo, K é uma constante que depende das características do
material isolante do material condutor, neste caso
toma o valor de 87;
S é a secção do condutor;
ICC é a corrente de curto-circuito.

A intensidade de corrente de defeito, ICC, corresponde a um defeito fase-neutro


no ponto extremo da canalização desde que o condutor neutro esteja distribuído.
O defeito fase-terra e, encontrando-se o neutro distribuído, é este defeito que
provoca menores valores de ICC. A utilização desta intensidade de corrente
corresponde à situação mais desfavorável do ponto de vista da verificação das
condições (12.6) e (12.7).
De entre os possíveis pontos de localização deste defeito, ICC assume o valor
mínimo se a impedância desde o ponto de alimentação até ao local de defeito for
máxima.
A expressão que permite o cálculo desta corrente é a seguinte,
0,95 × U (12.9)
I CC = ( A)
LF LN
ρF × + ρN ×
SF SN

Trabalho Final de Curso 2003/04 55


FEUP – EDP Distribuição, SA

sendo que,
U representa a tensão entre condutores
ρF e ρN são as resistividades dos condutores de fase e neutro para a
temperatura média durante o curto-circuito;
LF e LN são os comprimentos dos condutores de fase e neutro;
SF e SN são as secções dos condutores de fase e neutro.

O quadro seguinte apresenta os resultados dos cálculos efectuados:

Saída 1 IS(A) IN(A) IZ(A) If(A) 1,45 IZ(A) ICC(A) tft(s) tap(s)
P.T.-Cx 84 100 190 160 275,5 1517,4 16,11 0,07
Cx – B1 60,1 80 190 128 275,9 455,2 179 1,3

Saída 2 IS(A) IN(A) IZ(A) If(A) 1,45 IZ(A) ICC(A) tft(s) tap(s)
P.T.-Cx 67,7 80 190 128 275,5 650,3 87,7 0,45
Cx – B7 37,5 50 190 80 275,5 1138 28,64 0,01
Quadro 12.8 – Queda de tensão ramo C

Conforme se pode verificar no quadro 12.8, as protecções escolhidas para colocar


no posto de transformação, verificam as condições impostas pelo
R.S.R.D.E.E.B.T.1.

12.7 – Solução Final a Propor

A proposta final de alteração da rede estudada, consiste nos seguintes aspectos:


¾ o ramo A mantém-se a sua configuração, ou seja, não é necessário
qualquer tipo de intervenção;
¾ O ramo B será alimentado por um novo posto de transformação, tipo
AI de 160KVA, a construir e o cabo a utilizar será LXS 4x70+16;
¾ No ramo C será alterado o cabo existente, sendo substituído pelo
cabo LXS 4x50+16;

1
Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão

Trabalho Final de Curso 2003/04 56


FEUP – EDP Distribuição, SA

Dimensionamento de um posto de transformação em cabina baixa

Trabalho Final de Curso 2003/04 57


FEUP – EDP Distribuição, SA

13 – Dimensionamento Posto de Transformação (Nota Prévia)

O departamento de análise de projectos, da EDP – Distribuição, só recepciona


postos de transformação normalizados por esta entidade. Actualmente o posto de
transformação normalizado EDP é do tipo pré-fabricado, em cabina baixa, com
celas de média tensão modulares ou combinados (BRA’s) e ambiente de corte em
SF6 (hexafluoreto de enxofre).
Neste projecto, o posto de transformação será dimensionado em duas situações:
- Celas modulares de corte em SF6;
- Corte no ar.
No cálculo do posto de transformação, de celas de média tensão com ambiente
de corte em SF6, será utilizado o programa de cálculo VisulPUC2.0 da Efacec SA.

13.1 – Generalidades

Os postos de transformação encontram-se na cadeia da energia, desde a


produção até à utilização, para realizar a transição entre os diferentes níveis de
tensão.
O posto de transformação é toda a instalação de alta tensão destinada à
transformação da corrente eléctrica por um ou mais transformadores estáticos,
podendo incluir condensadores para compensação do factor de potência.

13.2 – Dados a considerar

Nos cálculos dos dois tipos de posto de transformação, será considerado o uso de
um transformador de 630 kVA de potência e uma potência de curto-circuito de
350 MVA.
A alimentação do posto de transformação será em média tensão a partir da rede
da EDP – Distribuição.
Todos os postos de transformação têm de estar de acordo com o Regulamento de
Segurança de Subestações e Postos de Transformação e Seccionamento.

Trabalho Final de Curso 2003/04 58


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.3 – Dimensionamento do Posto de Transformação em Celas Modulares


com Corte em SF6

O cumprimento dos objectivos da construção de um posto de transformação e


simultaneamente o respeito pela segurança de pessoas e bens impõe-se o cálculo
de algumas grandezas eléctricas fundamentais.

13.3.1 – Intensidade de Corrente Nominal

No cálculo da intensidade de corrente nominal nos circuitos de alta tensão e


baixa tensão considera-se que o transformador está em regime de
funcionamento trifásico equilibrado :
- circuito de alta tensão
A intensidade de corrente no circuito de alta tensão é calculada
através da seguinte expressão
S
I AT = ( A) (13.1.1)
U AT × 3
onde, S é a potência nominal do transformador em kVA
UAT tensão composta na alta tensão

- circuito de baixa tensão


A intensidade de corrente no circuito de baixa tensão é calculada
através da seguinte expressão
S − Wcu − W fe
I BT = × 10 3 ( A) (13.1.2)
U BT × 3
onde, S é a potência nominal do transformador kVA
UBT tensão composta em carga na baixa tensão
WCU perdas por efeito de Joule nos enrolamentos, em KW
Wfe perdas no circuito magnético por correntes de Foucault e
histerese em KW

Substituindo os valores nas expressões obtém-se os seguinte resultados:


IAT = 24,249 A
IBT = 948 A

Trabalho Final de Curso 2003/04 59


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.3.2 – Intensidade de Corrente de Curto-Circuito

A intensidade de curto-circuito é calculada em função da potência de curto-


circuito da rede, da tensão de curto-circuito do transformador e pressupondo que
os curto-circuitos são trifásicos simétricos. Este tipo de curto-circuito é o que leva
a maiores valores de intensidade. A entidade distribuidora é quem fornece o valor
da potência de curto-circuito da rede.

Intensidade de curto-circuito na alta-tensão:


A intensidade de corrente de curto-circuito na alta tensão poderá ser
provocada por um curto-circuito na alta-tensão ou na baixa tensão. O
cálculo desta intensidade é efectuado através da seguinte expressão,

S ccR
I ccAT = ( kA) (13.1.3)
U AT × 3
onde, SCCR é a potência de curto-circuito da rede de distribuição, MVA
UAT tensão composta do lado da alta tensão

Intensidade de curto-circuito na baixa tensão:


Devido à impedância interna do transformador a corrente na alta tensão
devido a um curto-circuito na Baixa Tensão será inferior ao valor calculado
pela expressão anterior. Assim, na prática, o seu cálculo não é relevante.
Para o cálculo desta intensidade de corrente de curto-circuito é
necessário conhecer a impedância de curto-circuito equivalente da rede
distribuidora (referida ao secundário) e também a impedância de curto-
circuito do transformador.
O cálculo da impedância de curto-circuito equivalente da rede
distribuidora é efectuado através da seguinte expressão,
2
U BTV
Z ccR = × 10 − 6 ( Ω) (13.1.4)
S ccR
onde SccR potência de curto-circuito da rede de distribuição, em MVA.

UBTV tensão composta em vazio na baixa tensão.

Para o cálculo da impedância de curto-circuito do transformador utiliza-


se a seguinte expressão:

U BT × u cc
2

Z cc = × 10 −5 (Ω ) (13.1.5)
S TR

Trabalho Final de Curso 2003/04 60


FEUP – EDP Distribuição, SA

onde, UBT tensão composta em carga na baixa tensão, 400 V.

STR potência nominal do transformador, em kVA.

Ucc tensão de curto-circuito do transformador, em %.

O cálculo da corrente de curto-circuito na baixa tensão realiza-se


aplicando os valores calculados nas expressões anteriores, na seguinte
expressão:
U BT
I ccBT = × 10 −3 ( kA) (13.1.6)
(Z cc + Z ccR )× 3
onde, UBT tensão composta em carga na baixa tensão, 400 V.

Zcc impedância de curto-circuito do transformador, em Ω.

ZccR impedância de curto-circuito equivalente da rede

distribuidora, em Ω.

Os valores da corrente de curto-circuito na alta e baixa tensão são:


ICCAT = 13 kA
ICCBT = 24 kA

13.3.3 – Dimensionamento dos Circuitos

Nos Postos de Transformação compactos, os equipamentos que constituem os


circuitos de alta tensão e baixa tensão deverão ser projectados, fabricados, e
certificados de acordo com as normas CEI aplicáveis, respectivamente. A escolha
dos equipamentos é feita de modo que as características nominais satisfaçam, no
mínimo, os valores das grandezas eléctricas calculadas nos pontos anteriores.
Assim é garantida a segurança e fiabilidade na utilização destes equipamentos.

Circuito de média tensão:


O quadro FLUOFIX a utilizar terá características eléctricas mínimas superiores
aos valores calculados, para a intensidade de corrente nominal, IAT,

intensidade de corrente de curto-circuito, IccAT, e tensão nominal maior ou

igual a UAT. Assim, o quadro FLUOFIX a instalar terá as seguintes

características eléctricas relevantes, de acordo com norma CEI 298:


- Tensão nominal: 17,5 kV
- Corrente nominal: 400 A

Trabalho Final de Curso 2003/04 61


FEUP – EDP Distribuição, SA

- Corrente curto-circuito: 16 kA
- Corrente piso: 40 kA

Circuito de baixa tensão:


O interruptor de entrada do Quadro Geral de baixa tensão, assim como o cabo
que liga este aos terminais de baixa tensão do transformador devem ter tensão
nominal, UBT, e corrente nominal superior a IBT. O poder de corte de fusíveis

e disjuntores, e a corrente de curto-circuito suportada pelos restantes


equipamentos do quadro deverá ser no mínimo igual a IccBT, ou seja 24 kA.

13.3.4 – Escolha das Protecções Contra Sobreintensidades

Alta tensão:
A escolha das protecções de curto-circuito na alta tensão é feita considerando o
poder de corte dos equipamentos de protecção e o tempo máximo para a
eliminação do defeito. A Empresa Distribuidora de Energia Eléctrica impõe como
valor máximo para eliminação do defeito, 800 ms.
Neste caso a utiliza-se para a função de protecção de sobreintensidades os corta
- circuitos fusíveis. Dispositivo constituído por fusível e interruptor actuado por
percutor associado. A escolha dos fusíveis a aplicar deve considerar a tensão
nominal da rede, a intensidade da corrente de magnetização do transformador,
cerca de 12 vezes a corrente nominal durante 0,1 s; a sua corrente nominal; e
poder de corte superior ao valor calculado para a corrente máxima de curto-
circuito na alta tensão.

Assim os fusíveis a utilizar terão as seguintes características eléctricas principais:


- Tensão Nominal: 15 kV
- Corrente Nominal (calibre):1,6 x IAT = 40 A

- Poder de Corte: 40 kA

Baixa tensão:
A saída do transformador será protegida por disjuntor de poder de corte e
intensidade de corrente no mínimo iguais a 24kA e 948 A, respectivamente.

Trabalho Final de Curso 2003/04 62


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.3.5 – Circuito de Terra de Protecção

O interior da cabina do PT será percorrido por uma barra de cobre nú, fixa nas
2
paredes, com secção não inferior a 50 mm .
A esta barra serão ligadas as seguintes massas metálicas:
• carcaça do transformador de potência
• a cuba de recolha de óleo do transformador
• o circuito de terra do quadro de alta tensão
• a terra dos transformadores de tensão e corrente, caso existam
• circuito de terra do quadro de baixa tensão
• a malha metálica do piso, das paredes e dos degraus de entrada da
cabina
• as grelhas de ventilação e as portas
• todas as peças metálicas que normalmente não estejam em tensão mas
possam vir estar como consequência de avarias ou causas fortuitas.
A barra será ligada ao terminal geral da terra de protecção da cabina. Este
terminal, amovível, é ligado ao eléctrodo de terra no exterior através de um
condutor isolado, isolamento a 1 kV, de secção não inferior a 50 mm2, enterrado
e protegido contra eventuais acções mecânicas.
O eléctrodo de terra será constituído por um anel de cabo de cobre nú de secção
não inferior a 50 mm2. Este anel será colocado a 0,8 m de profundidade e a uma
distância horizontal aproximada de 1 m das paredes da cabina. A este anel serão
solidamente ligados, quatro eléctrodos de vareta de cobre com 2 m de
comprimento e 20 mm de diâmetro, enterrados verticalmente a 0,8 m. Estes
serão dispostos ao longo do anel, um por cada lado da cabina, e com uma
separação entre eles de aproximadamente 4 m. Deverá ser prevista a
disponibilidade de terreno necessária à instalação deste eléctrodo.

13.3.6 – Circuito de Terra de Serviço

Ao circuito da terra de serviço de baixa tensão será ligado o neutro do


transformador de potência. Este circuito será ligado, através de um ligador
amovível, ao eléctrodo de terra no exterior por um condutor isolado, com
isolamento de 1 kV, de secção não inferior a 35 mm2. O eléctrodo da terra

Trabalho Final de Curso 2003/04 63


FEUP – EDP Distribuição, SA

de serviço será instalado a uma distancia mínima de 20 m do eléctrodo da terra


de protecção. O eléctrodo da terra de serviço será constituído por um conjunto de
4 varetas de cobre nu de 2 m de comprimento e enterradas verticalmente até
uma profundidade de 0,8 m. As varetas serão interligadas através de um
condutor de cobre nu de secção 35 mm2, enterrado a uma profundidade de 0,8
m. A disposição relativa das varetas não é relevante desde que a distância
mínima entre qualquer uma delas seja 4 m.

13.3.7 – Dimensionamento da Ventilação

A ventilação, num posto de transformação, tem como objectivo evitar o


sobreaquecimento dos equipamentos no interior do posto de transformação
renovando a massa de ar. Isto só é possível através do correcto
dimensionamento das grelhas de ventilação da cabina. No cálculo são
consideradas as perdas do transformador.
A seguinte expressão permite determinar a superfície mínima para a grelha de
entrada de ventilação do transformador:
Wcu + W fe
SE = (m 2 ) (13.1.7)
0,24 × K C × ∆h × ∆T 3

onde, WCU são as perdas por efeito de Joule nos enrolamentos, kW


Wfe perdas no circuito magnético por correntes de Foucault e histerese ,
kW
∆h é a distância vertical entre centros das grelhas, neste caso 1,1m
∆T é a diferença de temperatura entre o ar de saída e o ar de entrada,
considera-se 15ºC
KC factor de correcção, considera-se 0,6

Substituindo os valores na expressão obtém-se o seguinte resultado,


SE = 0,684 m2

Serão instaladas duas grelhas dispostas verticalmente na porta de acesso ao


transformador e duas semelhantes na parede oposta. A dimensão de cada grelha
é 0,8 m2, o que perfaz uma superfície total de entrada (duas grelhas) de 1,6 m2.
Assim, como 1,6 m2 não é inferior a 0,684 m2, poderá ser instalado um
transformador com a potência nominal de 630 kVA.

Trabalho Final de Curso 2003/04 64


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.3.8 – Dimensionamento do Deposito de Óleo

O depósito de recolha de óleo deverá ser colocado por debaixo do transformador,


ou então devem existir caleiras de recolha e condução do óleo até ao depósito.
Este terá uma capacidade superior ao volume de óleo do transformador.
É usual a quantidade de óleo do transformador ser fornecida pelo fabricante em
massa de óleo, assim teremos que usar a seguinte expressão para calcular a
capacidade:
M
V = (litros ) (13.1.8)
σ
onde, σ é a densidade típica do óleo de transformador a 20º C, 0,887 kg/litro.
M é a massa de óleo do transformador, em kg.
V é o volume de óleo em litros
Para o presente projecto, o deposito terá que ter uma capacidade de 231 litros.

13.3.9 – Imagens Ilustrativas do Posto de Transformação Normalizado


EDP

Fig. 22 – Aspecto exterior do posto de transformação PUCBET

Trabalho Final de Curso 2003/04 65


FEUP – EDP Distribuição, SA

Fig. 23 – Disposição interna Fig 24 - Celas modulares de corte em SF6

Fig. 25 – Esquema unifilar do posto de transformação

Em anexo encontra-se a planta do posto de transformação com todas as


dimensões e restantes aspectos.

Trabalho Final de Curso 2003/04 66


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.4 – Dimensionamento do Posto de Transformação de Corte no Ar

No dimensionamento deste tipo de postos de transformação, os aspectos mais


importantes a ter em conta é o cálculo dos esforços no barramento a colocar no
lado da média tensão, o dimensionamento da ventilação e as protecções a
utilizar.

13.4.1 – Materiais

A cabina será totalmente construída com materiais incombustíveis, sendo os


locais para fixação do equipamento eléctrico previstos antecipadamente, ficando
ao abrigo de qualquer humidade ou infiltração.

13.4.2 – Pavimento

O pavimento da cabina será estabelecido de modo a ficar 0.2m acima do nível do


terreno envolvente ao edifício, e deve ser previsto para suportar um sobrecarga
de 15000 N/m2. O pavimento (especialmente na zona exterior às celas) comporta
uma rede de equipotencialidade, embebida na betonilha, constituída por uma
malha electro-soldada de 0.10x0.30 m de varão de aço de 3.8 mm de diâmetro. A
ligação da rede equipotencial ao circuito de terra de protecção é realizada por
meio de um condutor de 35 mm2 de cobre nu devidamente soldado à malha de
aço. O pavimento terá de apresentar um ligeiro declive de 1/100 no sentido da
porta.
São previstas caleiras para a passagem de cabos de baixa tensão, instaladas a
um nível inferior ao do pavimento da cabina, providas de grades metálicas de
resguardo, resistência adequada. Estes dispositivos serão ligados à terra de
protecção de acordo com o artigo 52º do R.S.S.P.T.S..

13.4.3 – Porta Exterior

A porta exterior é de chapa galvanizada, lisa ou canelada, com espessura mínima


de 2 mm, devendo quando aberta deixar um vão livre de 1,30x2m. Possuirá duas
folhas, abrirá para o exterior sendo rebatível sobre parede adjacente. Possuirá
uma fechadura que deverá ser mantida em boas condições de funcionamento,

Trabalho Final de Curso 2003/04 67


FEUP – EDP Distribuição, SA

conforme o artigo 33º do R.S.S.P.T.S.. A porta deverá encontrar-se sempre


fechada quando não se encontrar ninguém no interior do posto de transformação.
Possuirá também um dispositivo que não permite o fecho intempestivo da mesma
quando se encontrar aberta.
Na parte exterior da porta devem ser reservados locais para serem afixadas um
ou mais placas de sinalização de segurança, de acordo com o artigo 34º do
R.S.S.P.T.S., coloca-se uma chapa de aviso com a inscrição “Perigo de Morte” e
uma flecha vermelha em ziguezague. Deverá possuir ainda, numeração do PT e
identificação do distribuidor de acordo com o artigo 35º do R.S.S.P.T.S..

13.4.4 – Caminho de Cabos

Serão previstos os seguintes caminhos de cabos, duas caleiras (uma de entrada e


uma de saída) para a passagem dos cabos MT e uma prateleira para a passagem
de cabos de baixa tensão (entre o transformador e o quadro geral de baixa
tensão, e ainda, uma outra caleira para proporcionar a saída para o exterior dos
cabos BT junto à porta)
As caleiras serão instaladas a um nível inferior ao do pavimento da cabina,
providas de grades metálicas de resguardo de resistência adequada.
Estes dispositivos serão ligados à terra de protecção, de acordo com o artigo 52º
do R.S.S.P.T.S..

13.4.5 – Ventilação

Potência de perdas do transformador (PT)


A potência de perdas totais do transformador é composta por duas parcelas,
referindo-se uma às perdas no ferro (valor constante) e outra às perdas no cobre
(valor que varia com a carga). Para o transformador em estudo e a plena carga,
tem-se:
Pfe=1300 W; Pcu=6500 W.

A corrente máxima de serviço que é solicitada ao transformador, corresponde a


uma fracção de carga de 90%, o que conduz ao valor de perdas no cobre:

Pcu= PCUnom × fc
2
(W ) (13.4.1)

Pcu= 6500 × 0,9 = 5625W


2

Trabalho Final de Curso 2003/04 68


FEUP – EDP Distribuição, SA

O que conduz às perdas totais:

PT= Pfe + Pcu = 1300 + 5625 = 6565 W

Sobreelevação da temperatura ( ∆θ )

Considerando um temperatura ambiente de 20 ºC, a sobreelevação de

temperatura a considerar para o ar de circulação vale: ∆θ = 35 − 20 = 15º C

Altura a considerar (H)


Sabendo que a parte superior da abertura de saída do ar está a uma distância de
0,1 m do tecto do PT, conclui-se que a diferença de altura entre a parte média da
cuba do transformador e o ponto médio de abertura superior da ventilação é
aproximadamente de 1,8 m.

Áreas úteis das aberturas de ventilação


As áreas úteis de ventilação inferior (A1) e superior (A2) relacionam-se pela
expressão:

A1 = 0,9 × A2 (13.4.2)

Sabendo que a área superior (em mm2) se relaciona com as perdas totais (em
KW), a altura (em metros) e a sobreelevação da temperatura (em graus
centígrados) através da expressão:

pT
A2 = (m2) (13.4.3)
0,098. H .∆θ 3

6,656
A2 =
0,098 × 1,8 × 15 3

vem que a área A2 = 0,87 m 2

Aplicando a expressão (13.4.2), temos a área A1 = 0,78m 2

Áreas reais das aberturas de ventilação


Como as aberturas de ventilação são acessíveis do exterior, são previstos
resguardos que impeçam a introdução de objectos estranhos e animais, esses
resguardos, sem prejuízos da ventilação não deverão permitir atingir partes sob

Trabalho Final de Curso 2003/04 69


FEUP – EDP Distribuição, SA

tensão pela introdução de um arame rectilíneo, respeitando o artigo 43º do


R.S.S.P.T.S.. Para que tais dispositivos não introduzam qualquer prejuízo da
ventilação, considera-se que as áreas serão relacionadas com as áreas úteis
através de um factor que pode variar entre 0,6 e 0,7 de acordo com o tipo
resguardo utilizado.

Assim, e considerando um factor de 0,7 as áreas reais serão:

A2 0,9m 2
A2 ( REAL ) = = = 1,3m 2
0,7 0,7
A1( REAL ) = 1,15m 2
Resumindo, a área inferior de entrada de ar terá que ter 1,15 m2 e a área
superior de saída de ar terá 1,3 m2.

13.4.6 – Fossa do Transformador

O posto de transformação será provido de uma fossa estanque, de dimensões


adequadas, com capacidade, se por ventura for necessário, de receber todo o
óleo existente na cuba do transformador.
A referida fossa será cheia de brita de granulometria média, será instalada no
exterior e deverá possuir uma tampa que possibilite o seu vazamento, em caso
de necessidade. Esta tampa não deverá permitir a entrada de água na fossa.
A cela onde se instalará o transformador, deverá apresentar uma inclinação em
direcção ao local onde existirá um colector para que, por intermédio de um tubo
de características e dimensões adequadas, se faça o escoamento do óleo para a
fossa estanque.

13.4.6.1 – Dimensionamento

Para um recipiente com brita de granulometria média (diâmetro +/- 5mm), o


volume de vazios é dado pela expressão:

1,34
VV = V .(1 − ) (13.4.4)
2,65
em que, V representa o volume total do recipiente, em litros.

Trabalho Final de Curso 2003/04 70


FEUP – EDP Distribuição, SA

O transformador de 630 kvA imerso em óleo mineral possui 280 kg de óleo,


considerando que a densidade do óleo é de aproximadamente 860 kg/m3 o
transformador conterá cerca de 0,326 m3 de óleo. Assim a fossa deverá ter um
volume de vazio:

⎛ 1,34 ⎞
0,326 = V .⎜1 − ⎟ ⇒ V = 0,66m 3
⎝ 2,65 ⎠

Entrando em consideração com uma margem de segurança o poço absorvente


possuirá uma capacidade total de 0,8 m3 .

O tubo que liga o poço absorvente ao colector a instalar no pavimento do posto


por baixo do transformador, será de fibrocimento com um diâmetro de 125 mm.
A grelha de protecção instalada por cima do colector será ligada à terra de
protecção.

13.4.7 – Barramento de Média Tensão

O problema que se nos depara agora, é referente à escolha dos barramentos a


colocar no lado da média tensão. Estes podem ser em cobre ou alumínio, sendo
que, no presente projecto, será utilizado o cobre.
Segundo o artigo 32º do R.S.S.P.T.S., as fases dos barramentos deverão ser
devidamente identificadas e diferenciadas por pintura com cores a vermelho
verde e amarelo.
A distância entre cada uma das barras é determinada em função das dimensões
da aparelhagem que impõe um valor de 21 cm. O barramento mínimo a utilizar é
de 20x3 mm e a posição adoptada é a horizontal. Deste modo, a distância entre
as extremidades das barras será se 21 cm, superior a 16 cm de acordo com o
artigo 74º do R.S.S.P.T.S..

13.4.7.1 – Dimensionamento

O barramento deverá ser dimensionado para suportar a corrente de serviço e


todos os esforços electrodinâmicos possíveis de acontecer.
A potência de curto-circuito considerada para o local é de 350 MVA, sendo este
valor definido pela E.D.P. para o local de construção do posto de transformação.

Trabalho Final de Curso 2003/04 71


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.4.7.2 – Dados a Considerar

Nos cálculos do barramento terão de se levar em conta os seguintes dados:


Potência de curto-circuito, Scc = 350 MVA.
Transformador de 630 kVA.
Características do cobre:
Carga de segurança à flexão do cobre, σ =1200 kgf/cm2.
Módulo de elasticidade, E = 1,2x106 kg/cm2.
Coeficiente de dilatação linear, α = 0,000017 ºC-1.

13.4.7.3 – Esforços Electrodinâmicos

A corrente de serviço no local será dada pela seguinte expressão:


S transf
IS = ( A) (13.4.5)
3 ×U
onde,
Stransf é a potência do transformador, em kVA;
U é a tensão nominal, em kV.
O valor de corrente de serviço obtido é, IS = 24,25 A.

A corrente de curto-circuito, ICC, no barramento de M.T. é obtida pela aplicação


da seguinte expressão:

S CC
I CC = (kA) (13.4.6)
3 ×U
onde,
SCC é a potência de curto-circuito, kA;
U é a tensão nominal, kV.
A corrente de curto-circuito vale 13,472 kA.

Será considerado que o maior vão do P.T. é de 115 cm e que a distância entre
barras é de 21 cm, os esforços electrodinâmicos máximos entre barras que
podem surgir devido à passagem de um corrente de curto-circuito são dadas pela
expressão:

⎛l⎞
Fe = 2,04 × 10 − 2 × I Ch
2
× ⎜ ⎟ (kgf ) (13.4.7)
⎝a⎠

Trabalho Final de Curso 2003/04 72


FEUP – EDP Distribuição, SA

Em que:
l – comprimento do vão (cm)
a – distancia entre barras, em(cm), dadas pelas dimensões da
aparelhagem de corte e seccionamento)

I ch - valor da corrente de choque (A), que se calcula da seguinte


forma:

I Ch = 1,8 × 2 × I CC (kA) (13.4.8)

Substituindo os valores na expressão (13.4.8) obtém-se o seguinte valor de Ich =


34,29 kA.

Aplicando a expressão (13.4.8) o valor de Fe será,

Fe = 2,04 × 10 −2 × 34,29 2 × (115 / 21) = 131,35 kgf

13.4.7.4 – Momento Flector

O momento flector que surge nas barras devido aos esforços electrodinâmicos

varia com a força desenvolvida entre barras ( Fe ), o vão (l) e o tipo de apoios

considerado. Assim, considerando uma situação intermédia entre a


correspondente a barras livremente apoiadas e barras perfeitamente encastradas,
o momento flector admite-se ser dado por:

Fe .l
mf = (kgf .cm) (13.4.9)
16
O momento flector toma o seguinte valor, mf = 944,1 kgf.cm.

13.4.7.5 – Modulo de Flexão

A resistência mecânica de uma barra é caracterizada pelo seu módulo de flexão


W, cuja expressão depende da forma da secção transversal da barra.
O módulo de flexão será dado através da seguinte expressão:

W≥
mf
σ
(cm )
3
(13.4.10)

Substituindo os valores na expressão (13.4.10) obtém-se o seguinte valor de


944,1
modulo de flexão: W≥ ≥ 0,787 cm 3
1200

Trabalho Final de Curso 2003/04 73


FEUP – EDP Distribuição, SA

Perante os valores obtidos a barra escolhida para o barramento de M.T. terá as


seguintes características:
- dimensões de 40x3mm;
- barramento de cobre pintado;
- secção rectangular;
- posição horizontal;
- secção de 119 mm2;
- peso de 1,05 kg/m;
- corrente máxima admissível de 435 A (posição vertical);
- momentos de flexão: Wx=0,800cm3 e Wy=0,060cm3;
- momentos de inércia: Ix=1,600cm4 e Iy=0,0390cm4;

13.4.7.6 – Frequência de Ressonância. Vãos Proibitivos.

Há que considerar a possibilidade ressonância mecânica das barras que, quando


de um curto-circuito, ficam sujeitas a efeitos suplementares inconvenientes, se a
frequência própria de vibração das barras se situar numa gama de valores
situados dentro dos intervalos [45, 55] e [90, 110] (Hz), produz-se um fenómeno
de ressonância com efeitos desastrosos.
É, deste modo, necessário determinar os vão proibidos a partir da expressão:

2
E .I 112 E.I ⎛ 112 ⎞ E.I
f 0 = 112. 4
( Hz ) ⇔ l 4 = . (cm) ⇔ l = ⎜⎜ ⎟⎟ . (cm) (13.4.11)
p.l f0 p ⎝ f0 ⎠ p
Em que:

E – modulo de Young do cobre, igual a 1,2 × 10 6 kgf / cm 2 ;


I – momento de Inércia da secção, para uma força lateral (IX) em
4
cm ;
P – peso da barra por unidade de comprimento, em kgf/cm;

f 0 - frequência dentro dos intervalos referidos em Hz;


l – vãos proibidos, em cm.

Para o perfil de barra adoptado (40x3mm), tem-se:


Ix = 1,600 cm4
P = 1,05 kg/m.

Trabalho Final de Curso 2003/04 74


FEUP – EDP Distribuição, SA

Aplicando a expressão (13.4.11) obtém-se os seguintes vãos proibitivos:

f O = [45;55] (Hz ) ⇒ l = [139;146] (cm )


f O = [90;110] (Hz ) ⇒ l = [123;117] (cm )

Nenhum dos vãos proibitivos obtidos coincide com o vão adoptado (115 cm), pelo
que não existe possibilidade de ocorrência de frequência de ressonância.

13.4.7.7 – Flecha Máxima

É necessário verificar se a flecha do maior vão é inferior a 1% do valor desse vão.


Considerando apenas o peso próprio distribuído da barra, a expressão que traduz
o valor da flecha é:

p×l4
f =
1
× (cm) (13.4.12)
185 E × I Y
Em que:

E – modulo de Young do cobre, igual a 1,2 × 10 6 kgf / cm 2 ;


I – momento de Inércia da secção, para uma força vertical (Iy) em
4
cm ;
P – peso da barra por unidade de comprimento, em kgf/cm;
l – comprimento do maior vão, em cm.

O valor de flecha obtido é, 0,21 cm. Este valor é inferior a 1% do maior vão (115
cm) não existe qualquer problema com a flecha.

13.4.7.8 – Esforços Térmicos

Segundo o comentário do art. 63º do R.S.S.P.T.S., para o cálculo dos efeitos


térmicos, deve-se considerar a corrente permanente de c.c. (Icc). Mas será
utilizado um valor mais desfavorável que consiste em considerar a corrente
térmica equivalente.

Trabalho Final de Curso 2003/04 75


FEUP – EDP Distribuição, SA

A temperatura máxima admissível para o cobre no fim do curto-circuito (θ f ) é de


200 ºC.
Sendo dada por:

I th2
θ f =θi + k × 2 × t (º C ) (13.4.13)
S

em que:

K – constante do material, K cu = 0,0061mm 4 /( A 2 .s ) ;

θ i - temperatura antes do curto-circuito (65 ºC);


θ f - temperatura após o curto-circuito.
I th - é a corrente térmica equivalente (A)
S - é a secção da barra, 119 mm2

A corrente térmica equivalente obtém-se por aplicação da seguinte expressão:

I th = Icc × m + n (A) (13.4.14)

em que:
Icc é a corrente de curto-circuito, kA
m e n valores retirados de ábacos em função de x e do tempo de
actuação das protecções.

I th = 13,472 × 0,2 + 0,91 = 14,194 kA

Aplicando a expressão (13.4.13), o valor da temperatura (θ f ) é:

14194 2
θ f = 65 + 0,0061 × × 0,3 = 91 º C
119 2

Como θf é inferior a 200 ºC, não existem problemas com a sobreelevação da

temperatura.

Trabalho Final de Curso 2003/04 76


FEUP – EDP Distribuição, SA

A verificação da secção mínima da barra a utilizar, impõe-se face aos esforços


térmicos a que esta poderá estar sujeita.
A secção mínima é obtida da seguinte expressão.

S min =
I th
K
(
× t mm 2 ) (13.4.15)

em que,

I th - é a corrente térmica equivalente (A)


K parâmetro que depende do tipo de barra ( Cu=148; Al=76)
t é o tempo de actuação das protecções (s)

Por aplicação da expressão (13.4.15) o valor da secção mínima é 52,53 mm2. A


barra escolhida tem secção 119 mm2, está verificada a condição.

13.4.7.9 – Isoladores de Apoio

Os isoladores de apoio têm por missão suportar o barramento e terão


características mecânicas de acordo com os esforços máximos suportáveis à
cabeça. Segundo as normas VDE, os isoladores a utilizar são classificados,
segundo o esforço de ruptura como pertencentes ao tipo A. A escolha deste grupo
esta condicionada pelo esforço em caso de curto-circuito.

Esforços termodinâmicos

A variação da temperatura sofrida pela barra em caso de curto circuito tem como
consequência o aparecimento de tensões de origem térmica, implicando o
aparecimento de esforços sobre os pontos de fixação da barra, cujo valor é
calculado pela expressão:

F = S .E.α .∆θ (kgf) (13.4.16)


em que:
E – modulo de Young do cobre, igual a 1,2x106 kgf/mm2
S – secção da barra adoptada, em cm2;

α - coeficiente de dilatação linear ( α cu = 0,017 × 10 −3 / ºC);


∆θ - sobreelevação da temperatura devido ao curto circuito.

Trabalho Final de Curso 2003/04 77


FEUP – EDP Distribuição, SA

A sobreelevação da temperatura devido ao curto circuito é dada pela expressão:

∆θ = θ f − θ M (ºC) (13.4.17)

em que:

θ f - temperatura após o curto circuito;


θ M - temperatura de montagem do barramento.

Para o perfil adoptado os esforços termodinâmicos que surgem devido à


passagem das correntes de curto-circuito valem:

F = 119 × 10 −2 × 1,2 × 10 6 × 0,017 × 10 −3 × (91 − 20) = 1723,5 kgf

Porem os esforços transmitidos aos isoladores de apoio é normalmente muito


menor do que o agora calculado devido à flexão da barra. De facto, logo que a
força ultrapasse o valor crítico de encurvatura da barra, esta flecte. Este valor é
dado pela expressão:

π 2 .E.I
Fcr = (13.4.18)
I2
em que:
E – modulo de Young do cobre, igual a 1,15 x 106 kgf/cm2;
I – modulo de inércia para um força horizontal, em cm4;
l – comprimento do vão (cm).

O valor de Fcr será: 34,9 kgf.

Uma vez que os esforços termodinâmicos são sempre superiores aos esforços
críticos de encurvatura das barras, estas vão flectir, o que leva a que os esforços
aplicados sobre os apoios sejam superiores à carga critica, mas muito inferiores
ao valor calculado pela primeira expressão. Assim, a força a considerar no

dimensionamento dos isoladores é a Fcr .

Trabalho Final de Curso 2003/04 78


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.4.7.10 – Isoladores de Apoio

No dimensionamento mecânico dos isoladores de apoio devemos entrar para além


dos esforços termodinâmicos, os esforços electrodinâmicos. De seguida
apresentam-se os cálculos das forças resultantes para isoladores de extremidade
e isoladores intermédios.

Fig. 26 – Esforços aplicados aos isoladores

Isoladores de Extremidade

A expressão que traduz os esforços a que os isoladores de extremidade estarão


sujeitos é a seguinte:
2 2
⎛F ⎞ ⎛F ⎞
FR = ⎜ e ⎟ + ⎜ cr ⎟ (kgf) (13.4.19)
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
FR = 67,95 kgf

Isoladores Intermédios

FR = Fe = 131,35 kgf

Os valores obtidos são inferiores ao valor máximo suportável pelos isoladores do


tipo A (375 kgf), pelo que a utilização deste isolador é adequada.

Trabalho Final de Curso 2003/04 79


FEUP – EDP Distribuição, SA

13.4.8 – Equipamento Eléctrico do Posto de Transformação

13.4.8.1 – Constituição das Celas

Cela de entrada:
- Um seccionador de corte em vazio, 17.5kV/400, equipado com
facas de terra (tipo SE da Efacec, ou similar).
- Um comando mecânico para o seccionador tripolar.
- Um comando mecânico para as facas da terra.
- Dois conjuntos de chaves "RONY" a fornecer e instalar pela EDP -
Distribuição.
- Uma porta em rede para vedação dos equipamentos.

Cela de Saída:
- Um interruptor - seccionador de corte em carga, 17,5kV/400 A,
equipado com mecanismo de fecho rápido e facas de terra tipo
ISP da EFACEC ou similar.
- Um comando mecânico para o interruptor - seccionador.
- Um comando mecânico para as facas de terra.
- Dois conjuntos de chaves "RONY" a fornecer e instalar pela EDP –
Distribuição.
- Uma porta em rede para vedação dos equipamentos.

Cela do transformador:
- Um combinado interruptor - seccionador - fusível, com fusíveis
de alto poder de corte, corrente nominal em serviço continuo de
400 A, e corrente de curta duração nominal admissível de 10
KACF.
- Um Sistema para actuar no mecanismo de disparo livre pela
fusão dos fusíveis com comando por alavanca, mecanismo de
fecho rápido e bobine de chamada para actuação por comando de
sonda térmica.
- Um transformador de potência em banho de óleo, com sonda
térmica para protecção do transformador por sobrecarga, tipo
AKM que actuará (por envio de tensão), sobre a bobine de
disparo do interruptor - seccionador. Será para montagem

Trabalho Final de Curso 2003/04 80


FEUP – EDP Distribuição, SA

interior de fabrico EFACEC ou SIEMENS, de acordo com a DMA C-


/52/125-N da EDP, com as seguintes características:
• Potência estimada.............................................. 630 kVA
• Tensão estipulada primária..................................15.000 V
• Regulação no primário............................................+/-5%
• Tensão estipulada secundária em vazio......................400 V
• Tensão de curto-circuito.............................................4 %
• Grupo de ligação...................................................Dyn 05
- Uma porta de rede para vedação dos equipamentos.

A ligação do secundário do transformador ao Q.G.B.T. será por cabos unipolares


do tipo LSVV, com alma de alumínio e bainhas de isolamento a PVC, terão uma
tensão de isolamento de 0,6/1 kV, e uma secção de 3x120 mm2 para as fases e
1x120 mm2 para o neutro.

A ligação entre o interruptor seccionador fusível e o transformador será feito por

cabo do tipo XHIV 3 × 1× 25mm 2 8,7/15 (17,5) kV da “Cabelte” ou equivalente,


protegido pelos fusíveis instalados no interruptor seccionador fusível de 63 kA de
poder de corte. Os cabos são colocados em toalha ao longo do seu percurso.

Corrente de serviço
S transf 630 × 10 3
Is = = = 24,24 A
3.U C 3 × 15 × 10 3

13.4.8.2 - Encravamentos

As portas das celas de média tensão só poderão ser abertas se as facas da terra
do respectivo seccionador forem previamente fechadas .
As facas de terra deverão ter encravamento mecânico com o seccionador a que
estão acopladas, só podendo-se efectuar a ligação á terra, com o seccionador na
posição de aberto.
Com vista á inserção do posto de transformação na rede de média tensão, os
seccionadores das celas de entrada e saída, deverão ser encravados através de
fechaduras “RONY”.

Trabalho Final de Curso 2003/04 81


FEUP – EDP Distribuição, SA

O encravamento da cela do transformador deverá ser feito com o seccionador de


corte em vazio, devendo haver também encravamento mecânico, ou outro, de tal
forma que a abertura do seccionador de corte em vazio, provoque (por simpatia)
a abertura antecipada do interruptor- seccionador .

13.4.8.3 - Equipamento de Baixa Tensão

O Quadro Geral de Baixa Tensão – Q.G.B.T. será do tipo aberto, construído


segundo a normalização da D.G.E. e constituído por uma estrutura de perfilados
de ferro devidamente pintadas, com chumbadouros de fixação à parede, contendo
o seguinte equipamento:
- Interruptor tripolar de corte em carga, 1000 A com contactos
paralelos de dupla abertura com fecho e abertura rápida
independente da manobra.
- Três transformadores de intensidade de relação 1000/5 A
- Voltímetro electromagnético, quadrado, dimensões 96x96mm,
escala 0-500 V
- Um comutador de voltímetro rotativo de 7 posições;
- Três amperímetro electromagnético, quadrado, dimensões 96x96
mm, escala 0-1000 A;
- Triblocos verticais e seccionáveis pólo a pólo para 400 A, normas
DIN, tamanho 2, e dois Tamanho 1, equipados com corta-circuito
fusível.
- A iluminação pública é equipada com bases unipolares, normas
DIN, T00 equipadas com cartuchos fusíveis de APC. de 32 A;
- Espaço para um contador trifásico a 4 fios, energia activa,
400/231 V, 50 A;
- Contactor tripolar para 63 A, 500 V, com bobine de 220 V, 50 Hz;
- Seis bases unipolares, normas DIN, TOO, equipadas com A.P.C.
de 32 A, para protecção dos circuitos de I.P;
- Três corta - circuitos equipados com fusíveis de 2 A, protecção do
circuito do voltímetro.
- Dois corta - circuitos fusíveis com corte de neutro com fusíveis de
10 A, para protecção do circuito de iluminação e tomada e do

Trabalho Final de Curso 2003/04 82


FEUP – EDP Distribuição, SA

circuito de comando da iluminação pública e dos encravamentos


eléctricos;
- Relógio astronómico da tipo ORBIS
- Interruptor unipolar de 16 A para comando de I.P.;
- Barramento para 1000 A, 500 V, em barra de cobre de secção
50x10mm nas fases e 50x5 para a barra de terra de serviço e de
protecção.
- Ligações internas em condutor HO7V-U e HO7V-R

13.4.8.4 – Instalações secundárias

No interior do PT serão instalados no mínimo dois pontos de luz, sendo um deles


incandescente. A iluminação do P.T., deverá proporcionar a verificação e
manobras dos elementos do mesmo, devendo no mínimo ser garantido um nível
médio de 150 lux.
Os focos luminosos estarão colocados sobre suportes rígidos e dispostos de tal
modo que se mantenha a máxima uniformidade possível da iluminação. Também
se deverá poder efectuar a substituição de lâmpadas, sem perigo de contacto com
os elementos sob tensão.

13.4.8.5 - Acessórios Regulamentares

Para além do equipamento eléctrico, o Posto de Transformação deverá ser dotado


de um estrado isolado, uma vara de manobra, lanterna eléctrica recarregável, um
cartaz de primeiros socorros - modelo 488, um cartão para registo de terras,
quatro placas de perigo de morte e um punho saca - fusíveis de baixa tensão.

Trabalho Final de Curso 2003/04 83


FEUP – EDP Distribuição, SA

Cálculo Luminotécnico ( Iluminação Pública )

Trabalho Final de Curso 2003/04 84


FEUP – EDP Distribuição, SA

14 – Iluminação Pública

14.1 - Generalidades

O espaço a iluminar consiste numa área pública, dotada de uma rotunda com vias
de acesso a esta, e uma via principal pertencente a uma via rápida.
Esta área a iluminar fica localizada na cidade de Lousada.
A iluminação pública deverá garantir condições para a circulação nocturna (de
automóveis e peões) com conforto e segurança, salvaguardando ao máximo o
aspecto estético do local e não ultrapassando limites aceitáveis para os custos de
investimento inicial e de exploração.
No estabelecimento dos critérios de projecto, teve-se em conta as características
próprias da zona a iluminar, nomeadamente a natureza do local, a importância do
tráfego automóvel e a frequência de peões, adoptando-se um valor de acordo
com as normas CIE.
A portaria nº 454/2001 impõe para o local em estudo. Como valores mínimos,
uma luminância de 15 lux e uma uniformidade global de 0,35.
A rede de iluminação pública será alimentada a partir do posto de transformação
nº106/LSD, ficando disponível, caso necessário, uma alimentação alternativa a
partir do posto de transformação nº160/LSD.
A rede será do tipo subterrâneo, com os cabos enterrados.
Os cálculos luminotécnicos foram realizados com o apoio de software específico, o
programa de cálculo “ULYSSE” da empresa “Schréder”.

O traçado da rede de iluminação publica está representado em anexo.

Trabalho Final de Curso 2003/04 85


FEUP – EDP Distribuição, SA

14.2 – Estudo Luminotécnico

14.2.1 – Classificação dos Locais

Os critérios a ter em conta num projecto de iluminação são dependentes do tipo


de utilização do local. É assim conveniente classificar os espaços a iluminar, de
forma a encontrar os critérios que melhor servem os objectivos pretendidos.

Segundo a norma CIE-115, as vias existentes no projecto pertencem às seguintes


classes:

M2 : Via de alta velocidade, com separa dor central, sem cruzamentos de nível;
via rápida. Densidade de tráfego e complexidade do traçado média.

M3 : Via urbana com tráfego importante, radial circular. Controlo de tráfego e


separação dos diferentes tipos de utilizadores da estrada boa.

14.2.2 – Luminárias e Colunas Utilizadas

As luminárias adoptadas são do tipo “Sintra 2” equipadas com lâmpadas de 150W


de Vapor de Sódio de Alta Pressão.
As colunas a utilizar serão metálicas octogonais, com 10 metros de altura. Elas
são dimensionadas para resistirem à acção provocada pelo vento até velocidades
de 180km/h, não permitindo a entrada de chuva nem a acumulação de água de
condensação. São constituídas por troços independentes de secção apropriada,
fabricadas em aço, galvanizadas interior e exteriormente por imersão a quente,
de acordo com as normas NP-525, 526 e 527 e BS 729. Serão utilizados braços
simples, com 1.75 e 0,75 metros de comprimento e secção circular.
As luminárias serão aplicadas directamente na extremidade do braço, por meio de
um sistema indicado pelo fabricante e que permita a sua fixação com segurança.
As colunas possuirão uma abertura de acesso que deve permanecer a pelo menos
0,5 m do solo após a sua colocação. A abertura será dotada de uma tampa com
fecho de segurança que não possa abrir-se sem meios especiais. A tampa deverá
vedar a entrada de água proveniente de jactos, estando de acordo com o ponto 2
do art. 67º do R.S.R.D.E.E.B.T..

Trabalho Final de Curso 2003/04 86


FEUP – EDP Distribuição, SA

A protecção das armaduras será feita individualmente, devendo os aparelhos de


protecção e de comando ser instalados em quadros devidamente dimensionados e
alojados no interior do espaço protegido pela tampa atrás referida, estando de
acordo com os pontos 3 e 4 do art. 67.º do R.S.R.D.E.E.B.T..
A fixação é feita por flange e chunbadouros a maciços de betão, de acordo com
disposto no art. 27º do R.S.R.D.E.E.B.T..

As luminárias e colunas utilizadas são materiais normalizados EDP.

14.2.3 – Grandezas Luminotécnicas

No cálculo luminotécnico são utilizadas várias grandezas, as quais convém


explicar.

Factor de Manutenção:
O factor de manutenção depende do tipo de armadura e de lâmpada, e também
da situação do local quanto à poluição. Para o presente projecto, o factor de
manutenção toma o valor 0,87.

Luminância:
A pode ser considerada como uma medida do brilho de uma fonte luminosa ou de
um objecto iluminado. O seu valor é expresso em cd/m2.

Uniformidade Média:
A uniformidade média, referente ao revestimento de uma via, é obtida através da
relação entre os valores de luminância mínima e média. Os valores de
uniformidade referem-se à superfície da via entre os 50 e 150 metros à frente do
observador. O seu valor exprime-se em %.

Iluminância:
A iluminância de um ponto é definido como o fluxo recebido por unidade de
superfície. A unidade é o lux.

Trabalho Final de Curso 2003/04 87


FEUP – EDP Distribuição, SA

14.2.4 – Resultados

No quadro seguinte estão os resultados obtidos para as várias vias do projecto:

Via Lmed (cd/m2) Unif.méd (%) Unif.long.(%) Iluminância (lux)


1 1,95 44,5 80,5 26
2 1,33 58,3 79,2 18
3 1,42 66 80,8 19
4 1,95 44,5 80,5 26
5 2,64 70,5 81,5 32
6 1,13 44,4 78,5 16
7 1,33 58,3 79,2 18
8 2,26 60,7 70,1 29
9 1,33 58,3 79,2 18
Quadro 14.1 – Resultados fotométricos das vias

Os valores obtidos estão acima dos mínimos recomendados, pelo que a disposição
e tipo de luminárias definidas satisfazem as recomendações.

14.2.5 – Disposição das Luminárias

O critério de colocação das armaduras nas diferentes vias, teve em conta as


dimensões e topologia da via.
Nas figuras seguintes estão representadas a colocação das armaduras nas
diferentes vias:

Fig 27 – Disposição em vias com separação central

Trabalho Final de Curso 2003/04 88


FEUP – EDP Distribuição, SA

Fig. 28 – Disposição em vias sem separador central

14.2.6 – Estudo da Rotunda

A rotunda, por se tratar de um local crítico, merece um estudo mais


pormenorizado. É um local onde tem que existir uma boa iluminação para que os
obstáculos sejam atempadamente observados pelos condutores.
A rotunda é constituída por seis vias de acesso, e um raio de 33 metros.

A figura seguinte ilustra a disposição das armaduras na rotunda:

Fig. 29 – Disposição das armaduras na rotunda

A uniformidade de luminância na rotunda, com a disposição apresentada na figura


29, é de 63,3 %, ou seja, superior ao valor recomendado ( 35% ).

Trabalho Final de Curso 2003/04 89


FEUP – EDP Distribuição, SA

Na figura seguinte pode-se observar a luminância do local através da escala de


cinzentos. Facilmente se observa que “dentro” da rotunda não temos locais
escuros, ou seja, de fraca iluminação.

Fig. 30 – Escala de cinzentos

14.2.7 – Encandeamento

Em iluminação pública é quase inevitável um certo encandeamento devido às


condições muito desfavoráveis de observação.
O encandeamento depende principalmente:
- da intensidade emitida pela armadura na direcção do observador;
- da área luminosa da armadura;
- da luminância média da estrada;
- de um processo aditivo para as várias fontes no campo visual.

É importante limitar a intensidade luminosa emitida pelas armaduras nas


direcções do observação usuais dos condutores de veículos e outros utentes das
vias (entre 80º e 90º).
Esta limitação consiste em suprimir, em certa medida, os raios luminosos
emitidos pela fonte, fazendo com o eixo do aparelho, perpendicular ao plano da
via, um ângulo superior a um determinado limite.
As armaduras escolhidas para o presente projecto são do tipo cut-off (ou
distribuição limitada), com as seguintes características:

Trabalho Final de Curso 2003/04 90


FEUP – EDP Distribuição, SA

- I90º <= 10 cd / 1000 lm


- I80º <= 30 cd / 1000 lm
- Imáx – 0º - 65 º

A principal vantagem das armaduras tipo cut-off é a ausência de encandeamento,


embora apresente o inconveniente de necessitar uma redução da distância entre
armaduras.

14.3 – Características da Instalação Eléctrica

14.3.1 – Condições de Estabelecimento

A rede de iluminação pública é do tipo subterrâneo, em valas devidamente


preparadas para o efeito.
Nos atravessamentos de ruas, os cabos de iluminação pública serão enfiados em
tubos do tipo PVC 125 mm de diâmetro exterior, conforme indicado no art. 115.º
do R.S.R.D.E.E.B.T., a uma profundidade mínima de 1 metro.

Os raios de curvatura dos cabos não deverão ser inferiores a 10 vezes o seu
diâmetro exterior médio máximo, de acordo com o art. 56º do R.S.R.D.E.E.B.T.

A rede de iluminação pública deverá ser desenvolvida, tanto quanto possível, de


modo equilibrado, pelo que dever-se-á proceder à electrificação das colunas
segundo um sistema sequencial das fases R, S e T.

14.3.2 – Protecção de Pessoas

A garantia da protecção das pessoas contra contactos indirectos com uma coluna
acidentalmente sob tensão será obtida se, as colunas, as armaduras e as partes
metálicas dos quadros deverão estar directamente ligados à terra, através de um
eléctrodo de terra, como é indicado no art. 72º do R.S.D.E.E.B.T.

Para o efeito, junto de cada coluna será instalado um eléctrodo de terra,


constituído por varetas de cobre com 2 metros de comprimento e 15 mm de
diâmetro externo, enterrados verticalmente no solo a uma profundidade mínima

Trabalho Final de Curso 2003/04 91


FEUP – EDP Distribuição, SA

de 0,7 metros da superfície. A ligação ao eléctrodo de terra será efectuada por


meio de um condutor de cobre do tipo VV com secção de 25 mm, com
revestimento interior de cor verde/amarelo, o qual será ligado ao eléctrodo por
meio de um ligador, de forma a garantir a continuidade e permanência da ligação.

Para se diminuir a possibilidade de surgimento de tensões de passo perigosas


para as pessoas e animais que circulam nas proximidades dos candeeiros, o
isolamento do cabo VV que efectua a ligação ao eléctrodo de terra deverá ser
mantido até junto do eléctrodo.

Note-se que as massas da rede de iluminação pública não estão ligadas à terra de
serviço, porque o neutro da rede de iluminação pode estar sujeito a potenciais
perigosos devido a grandes desequilíbrios deste tipo de rede.

14.3.3 – Cabos Utilizados

Os cabos a utilizar na rede de iluminação pública, da SOLIDAL ou equivalentes,


terão as seguintes características:

Cabos do tipo VAV, para as canalizações enterradas:

- Alma condutora da classe 2.


- Tensão estipulada: 0,6/1 kV.
- Isolamento: PVC.
- Armadura: fita de cintagem (poliéster).
- Bainha exterior: PVC.
- Norma de fabrico: CEI 60502 – 1.

Cabos do tipo H05VV-F (FVV), para a electrificação das colunas:

- Alma condutora: condutores de cobre multifilares flexíveis.


- Tensão estipulada: 300/500 V.
- Isolamento: PVC.
- Bainha exterior: PVC.
- Norma de fabrico: NP-2356

Trabalho Final de Curso 2003/04 92


FEUP – EDP Distribuição, SA

Como as reactâncias das lâmpadas (aparelhagem de arranque e condensador


para compensação do factor de potência) estão alojadas nas luminárias, utilizou-
se a opção descrita no número 3 do art. 70º do R.S.R.D.E.E.B.T., que permite
cabos com isolamento para a tensão de 300/500 V.

Mais adiante será determinada a secção das canalizações, no entanto, dada a


baixa corrente veiculada na rede é previsível a utilização das secções mínimas. Na
canalização enterrada, com condutores do tipo VAV, não podem ser utilizadas
secções inferiores a 10 mm2. Na ligação entre a portinhola e a armadura, que
será efectuada com condutores do tipo H05VV-F, a mínima secção permitida é de
1,5 mm2, conforme descrito no número 1 do art. 70.º do R.S.R.D.E.E.B.T..

A protecção contra sobreintensidades dos cabos VAV utilizados será efectuada no


quadro de iluminação pública instalado no posto de transformação por meio de
fusíveis APC de calibre adequado, cujo cálculo será apresentado mais adiante. O
poder de corte destes fusíveis será de 63 kA.

A canalização que alimenta a armadura será protegida contra sobreintensidades


por um fusível APC cilíndrico do tipo gG 500 V de calibre a determinar mais
adiante neste documento.

Este fusível deve estar colocado no quadro eléctrico existente no interior da


portinhola de cada coluna. O mesmo quadro deve permitir efectuar derivações
para outras colunas, no máximo de duas.

No dimensionamento das respectivas protecções garantiu-se sempre a


selectividade, de tal forma que em caso de defeito numa qualquer luminária ou
seu circuito de alimentação, actue o fusível colocado na portinhola e não o
colocado no quadro de iluminação pública do PT.

14.4 – Dimensionamento da Rede

O dimensionamento das canalizações e protecções da instalação eléctrica de


iluminação pública foi realizada de acordo com os regulamentos em vigor.

Trabalho Final de Curso 2003/04 93


FEUP – EDP Distribuição, SA

14.4.1 – Metodologia

O dimensionamento da rede de iluminação pública, a menos de algumas


características, é semelhante ao dimensionamento de uma rede de distribuição de
baixa tensão.
Todas as condições, de protecção, terão de se verificar de modo a não haver
danos na canalização.

Corrente de serviço:
Como as lâmpadas são cargas monofásicas, deverão ser distribuídas da forma
mais equilibrada possível pelas três fases. Na determinação da corrente de
serviço, por fase, de cada saída, considerou-se a soma da potência de todas as
lâmpadas (com aparelhos de controlo), alimentadas por essa saída. Uma vez que
as lâmpadas estão devidamente compensadas, admitiu-se um factor de potência
unitário.

IS =
P
( A) (14.1)
US
onde:
P – Potência total das lâmpadas, com aparelhagem de controlo, alimentadas
por uma fase da saída em causa.
US – Tensão nominal simples (230 V).

No quadro seguinte apresenta-se a potência a alimentar por fase:

Fase Potência (W)


R 4500
S 4500
T 4200
Quadro 14.2 – Potências das fases

A corrente de serviço por fase é obtida por aplicação da expressão (14.1). Como
exemplo de cálculo, será calculada para o caso da fase R:

P 4500
Is = = = 19,57 ( A)
Us 230

Trabalho Final de Curso 2003/04 94


FEUP – EDP Distribuição, SA

Como as luminárias têm correntes de arranque superior às correntes nominais,


aplicamos um factor de forma a garantir que nenhuma protecção actua no
momento de arranque das luminárias. Assim, para efeitos de dimensionamento, a
corrente de serviço será:

= 29,35 ( A)
P 4500
I s' = = 1.5 ×
Us 230

Condição de aquecimento:
A secção que verifica a condição de aquecimento corresponde a um cabo que tem
um valor máximo admissível (Iz), obtido através de tabelas de fabricantes, que
verifica a seguinte relação:

Is ≤ Iz

O cabo a utilizar será o VAV 4x10mm2, porque é secção mínima permitida.


Consultando a tabela do fabricante (SOLIDAL ou equivalente), verifica-se que a
corrente máxima admissível (Iz) é 80 A, sendo assim respeitada a condição de
aquecimento.

I s ≤ I z ⇔ 29,35 ≤ 80 ( A)

Protecção contra sobrecargas:


A protecção contra sobreintensidades será feita com fusíveis colocados no quadro
geral de baixa tensão do posto de transformação. De acordo com o art. 128.º do
R.S.R.D.E.E.B.T., as características de funcionamento dos aparelhos de protecção
em causa deverão satisfazer simultaneamente as seguintes condições:
Is ≤ In ≤ Iz
I f ≤ 1.45 × I z'
Em que:
Is – Intensidade de corrente de serviço da canalização.
In – Intensidade estipulada do aparelho de protecção (calibre).
Iz – Intensidade de corrente máxima admissível na canalização (no
máximo até ao tempo convencional).
If – Intensidade de corrente convencional de funcionamento do aparelho
de protecção.

Trabalho Final de Curso 2003/04 95


FEUP – EDP Distribuição, SA

Aplicando as relações ao caso em estudo, obtém-se o seguinte:


Is ≤ In ≤ Iz 29,35 ≤ 32 ≤ 80

I f ≤ 1.45 × I '
z 51 ≤ 1.45 × 80

É possível verificar que um fusível com calibre de 32A verifica perfeitamente as


condições exigidas.

Protecção contra curto-circuitos:


A protecção contra curto-circuitos envolve dois aspectos muito importantes:
- o poder de corte do aparelho que corta a corrente,
- a garantia de que o corte ocorre antes da canalização atingir a
temperatura de fadiga térmica.

O poder de corte do aparelho, 63kA, já foi referenciado anteriormente, e está


relacionado com a corrente de curto-circuito máxima no local onde é instalado.
O segundo aspecto envolve o cálculo da corrente de curto-circuito mínima,
correspondente a um curto-circuito fase-neutro.

De acordo com o art. 130º do R.S.R.D.E.E.B.T., a expressão utilizada para o


cálculo aproximado do curto-circuito fase-neutro, no ponto mais afastado do
cabo, é:

0.95 × U s
I cc min = (A) (14.2)
[( )× L ]
n
1 .5 × ∑ R 20
fi +R 20
ni i
i =1

Em que:
Us – Tensão Simples (230 V).

R 20
fi – Resistência do condutor de fase do troço i por unidade de

comprimento a 20ºC.

Rni20 – Resistência do condutor de neutro do troço i por unidade de


comprimento a 20ºC.

Li – Comprimento do cabo i, em km.


n – Número de troços envolvidos entre o PT e a entrada da instalação
receptora final de energia eléctrica.

Trabalho Final de Curso 2003/04 96


FEUP – EDP Distribuição, SA

O tempo de fadiga térmica, do condutor, é determinado através da seguinte


expressão:
2
⎛ Sn ⎞
t ft = ⎜⎜ k × ⎟⎟ (segundos) (14.3)
⎝ Iccmin ⎠

Onde:
tft é o tempo de fadiga térmica do cabo (segundos).
k é uma constante que depende das características do material isolante e
do material condutor (art. 130.º do R.S.R.D.E.E.B.T.).
Sn corresponde á secção do neutro do respectivo cabo.
Iccmin corresponde á corrente de curto-circuito mínima.

A actuação da protecção tem que verificar duas condições, ou seja, o tempo de


actuação da protecção tem que ser inferior ao tempo de fadiga térmica do
condutor e, também tem que ser inferior a 5 segundos.
O tempo de actuação da protecção é obtido das suas características.

Aplicando a expressão (14.2) ao caso mais desfavorável, ou seja, ao ponto mais


distante, (751 metros), do posto de transformação:

0.95 × 230
I cc min = = 53 A
1.5 × [(1,83 + 1,83) × 0,751]

Com o valor de Iccmin determinado é possível calcular o tempo de fadiga térmica


do condutor:
2
⎛ 10 ⎞
t ft = ⎜115 × ⎟ = 512,5 seg.
⎝ 48,6 ⎠

K toma o valor de 115 visto que se trata de um condutor com revestimento a PVC

A protecção deste condutor é assegurada por um fusível de 32A, conforme foi


dimensionado anteriormente. O tempo de actuação deste fusível, para uma
corrente de 48,6A é de 3 segundos, logo o condutor fica protegido contra curto-
circuitos.
3 ≤ 512,5 segundos
3 ≤ 5 segundos

Trabalho Final de Curso 2003/04 97


FEUP – EDP Distribuição, SA

14.5 – Electrificação das Colunas

O circuito de electrificação, das colunas metálicas, entre o quadro da coluna e a


armadura será constituído por cabo do tipo H05VV-F 1,5mm2.
De seguida serão apresentados os cálculos efectuados relativamente à
electrificação de uma coluna metálica.

Corrente de serviço:
A corrente de serviço que circula entre o quadro, da coluna, e a armadura será
obtida através da expressão:

PL
Is = ( A) (14.4)
Us
onde,

PL é a potência da lâmpada em W
U s é a tensão simples, 230 V.

Conforme já foi referido anteriormente, o factor de potência é considerado


unitário visto que, as armaduras têm compensação do factor de potência.

Como as lâmpadas que equipam as armaduras têm uma potência de 150W, a


corrente de serviço será:
150
Is = = 0,65 ( A)
230

É de salientar que no arranque a corrente é superior a este valor, pelo que será
aplicado um factor ao valor da corrente calculado antes, para que as protecções
não disparem no momento de arranque:
150
I s = 1,5 × = 0,98 ( A)
230

Trabalho Final de Curso 2003/04 98


FEUP – EDP Distribuição, SA

Condição de aquecimento:
A condição de aquecimento visa garantir que a corrente máxima admissível pelo
condutor, Iz, não é inferior à corrente de serviço.
Da tabela do fabricante (“SOLIDAL”), para o condutor escolhido (H05VV-
F1,5mm2) a corrente máxima admissível é 22A. Assim,
Is ≤ Iz
0,98 ≤ 22
Está verificada a condição de aquecimento.

Protecção contra sobrecargas:


Tendo em conta o valor de corrente de serviço obtido, o fusível a escolher para
proteger o condutor que electrifica a coluna metálica é de 2A. Com este valor está
garantida a selectividade entre este fusível e a protecção colocada a montante
para protecção da rede enterrada.
Is ≤ In ≤ Iz 0.98 ≤ 2 ≤ 22

I f ≤ 1.45 × I '
z 4 ≤ 1.45 × 22
Com o fusível de 2A, está garantida a protecção contra sobrecargas.

Protecção contra curto-circuitos:


Aplicando a expressão (14.2) obtém-se o valor da corrente de curto-circuito
mínima. Iccmin:
0.95 × 230
I cc min = = 48 A
1.5 × [(2 × 1.83) × 0.751 + (2 × 12.1) × 0,01175]

O valor 0,01175 Km, corresponde á distância entre o fusível da portinhola, da


coluna, e a armadura. As colunas têm uma altura de 10 metros.

O tempo de fadiga térmica, calculado através da expressão (14.3), é:


2
⎛ 1,5 ⎞
t ft = ⎜115 × ⎟ = 12,6 ( segundos )
⎝ 48,6 ⎠

O tempo de actuação do fusível, para uma corrente de 48,6A, é inferior a 0,008


segundos. Assim, como a o tempo de actuação da protecção é inferior ao tempo
de fadiga térmica e também inferior a 5 segundos, está garantida a protecção
contra curto-circuitos.

Trabalho Final de Curso 2003/04 99


FEUP – EDP Distribuição, SA

Queda de tensão:
A queda de tensão no condutor que electrifica a coluna metálica é obtida por
aplicação da seguinte fórmula:

∆U total = 2 × R 20
f × L × Is (14.5)

onde:
R 20
f - Resistência do condutor de fase por unidade de comprimento

(Ω/km).
Is – Corrente de serviço da instalação que o ramal vai alimentar (A).
L – Comprimento do cabo que constitui o ramal (km).

Aplicando a expressão (14.5), o valor da queda de tensão será:

∆U coluna = 2 × 12.1 × 0.01175 × 0.98 = 0,28 V

Em anexo encontra-se a planta referente ao projecto de iluminação publica aqui


estudado.

Trabalho Final de Curso 2003/04 100


FEUP – EDP Distribuição, SA

Analise de um Projecto, de Serviço Público, (loteamento),


apresentado na E.D.P. para Aprovação

Trabalho Final de Curso 2003/04 101


FEUP – EDP Distribuição, SA

15 – Análise de um projecto

15.1 – Generalidades

O objectivo desta análise consiste em verificar se todos os materiais que constam


do projecto apresentado são materiais normalizados EDP.
A análise passa também pela verificação dos cálculos efectuados, no sentido de
serem empregues as protecções e condutores correctamente dimensionados.

Os projectos, de serviço público, são entregues na EDP, no departamento Projecto


e Construção, para serem analisados.
Após a análise do projecto, o departamento de Projecto e Construção comunica
ao projectista as alterações a executar, caso exista alguma irregularidade, caso
contrário, é dada ordem para avançar com a obra.

15.2 . Materiais Normalizados

Os materiais a aplicar nas infra-estruturas terão que ser idênticos aos,


habitualmente, utilizados nas instalações do Grupo EDP, obedecendo às
especificações da EDP ou no caso da não existência destas, às Normas
Portuguesas, CENELEC, ou CEI, carecendo sempre da aprovação prévia do Grupo
EDP (LABELEC).

15.3 – Descrição do Projecto e Potências a Contratar

O loteamento é constituído por 10 lotes unifamiliares. As potências a contratar


para os lotes são de 13,8kVA (do lote 1 ao lote 7) e 34,5kVA (do lote 8 ao lote
10).

Trabalho Final de Curso 2003/04 102


FEUP – EDP Distribuição, SA

15.4 – Materiais Utilizados

Os materiais utilizados pelo projectista são todos considerados materiais


normalizados EDP.
Materiais utilizados:
- Armários de distribuição tipo X (5T2);
- Condutores LSVAV 4 x 50, e LSVAV 4 x 95, e VAV 4 x 10;
- Coluna metálica octogonal 4 metros;
- Coluna metálica octogonal 8 metros;
- Armadura modelo Linford da Schréder com lâmpada SON 100W;
- Armadura modelo MC2 da Schréder com lâmpada SON-T 150W.

15.5 – Verificação Eléctrica

A alimentação do loteamento vem de duas saídas de um posto de transformação.


A saída 1 alimenta os lotes 1 a 7 e a saída 2 alimenta os lotes 8 a 10.

Corrente de serviço:

No quadro seguinte estão os valores da corrente de serviço para as duas saídas:

Saída Lotes Potência/Lote (kVA) Coef. Simult. Stotal (kVA) Is (A)


1 7 13,8 0,50237 48,53 70,05
2 3 34,5 0,66188 68,5 98,87
Quadro 15.1 – Corrente de serviço

Condição de aquecimento:
A condição de aquecimento visa verificar se a corrente de serviço é inferior á
corrente máxima admissível, Iz, pelo cabo utilizado.

Saída Cabo Iz (A) Is (A) Is ≤ Iz

1 LSVAV 4x50 150 70,5 Ok


2 LSVAV 4x95 235 98,87 Ok
Quadro 15.2 – Verificação da condição de aquecimento

Os cabos escolhidos pelo projectista satisfazem a condição de aquecimento.

Trabalho Final de Curso 2003/04 103


FEUP – EDP Distribuição, SA

Protecção contra sobrecargas:


A escolhas do calibre dos fusíveis a colocar no posto de transformação, para
proteger as saídas, deve seguir um critério de selectividade. Ou seja, deve-se
primeiro definir o fusível que protege as saídas dos armários para os lotes, e
depois seguir para montante, até ao P.T., definindo o calibre dessas protecções
que estão a montante.

Para os lotes de potência a contratar de 13,8 kVA, o projectista definiu um fusível


com calibre de 50A.
Os lotes com esta potência têm uma corrente de serviço, Is:

13,8 × 10 3
Is = = 20 A
3 × 400
Perante este valor, o calibre do fusível a escolher é de 32A.
O calibre de fusível de 50A, escolhido pelo projectista, é considerado excessivo
pelo que é de considerar a sua alteração.

Os lotes de potência a contratar de 34,5 kVA, o projectista definiu um calibre para


o fusível de 50A.
A corrente de serviço nestes lotes é:

34,5 × 10 3
Is = = 49,8 A
3 × 400
O fusível escolhido pelo projectista, de 50 A, está muito próximo da corrente de
serviço, pelo que uma pequena sobrecarga fará disparar a protecção.
O calibre de fusível mais indicado será 63 A.

É importante definir o conceito “Selectividade”: A selectividade consiste em


assegurar que, em caso de defeito, apenas actue o aparelho de protecção situado
imediatamente a montante do defeito. No caso de uma pequena
sobreintensidade, o problema da selectividade é facilmente resolvido a partir do
momento em que os aparelhos de protecção tenham intensidades de
funcionamento decrescentes de montante para jusante. Por outro lado, em caso
de curto-circuito, a corrente atravessa os aparelhos colocados em série e o seu
valor é certamente suficiente para assegurar o seu funcionamento. Para que a
selectividade seja assegurada, é preciso que o tempo de funcionamento de
aparelho colocado a montante seja maior que o do aparelho colocado a jusante.

Trabalho Final de Curso 2003/04 104


FEUP – EDP Distribuição, SA

A saída 1 alimenta dois armários, e os calibres das protecções escolhidas pelo


projectistas estão descriminadas na figura seguinte:

Fig. 31 – Protecções saída 1

É possível verificar que não existe selectividade entre a protecção ao armário A2 e


o posto de transformação. Pelo que o correcto valor das protecções deverá ser o
seguinte:

Fig. 32 – Protecções saída 1 corrigida

Na figura 32 é possível verificar como a selectividade deve ocorrer de jusante


para montante.

A saída 2 alimenta um armário, e os calibres das protecções escolhidas pelo


projectista são as seguintes:

Fig. 33 – Protecções saída 2

Neste caso a selectividade está verificada, mas para que seja mais correcta deve-
se altera o fusível no posto de transformação de 125A para 100A, e o fusível que
protege a saída para o lote deve ser aumentado o seu valor face á corrente de
serviço que foi determinada anteriormente:

Fig. 34 – Protecções saída 2 corrigidas

Trabalho Final de Curso 2003/04 105


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Protecção contra curto-circuitos:


Neste ponto pretende-se verificar se as protecções actuam atempadamente sem
se danificar a instalação e os aparelhos.
Será determinada a corrente de curto-circuito mínima, através da expressão
(14.2), e o tempo de fadiga térmica, através da expressão (14.3).
O quadro seguinte apresenta os resultados:

Saída Is(A) In(A) Iz(A) If(A) 1,45Iz(A) Iccmin(A) tft(S) tap(S)


1 70,05 100 150 160 215,5 2185,87 2,9 0,0045
1 98,87 100 235 160 340,8 2246,48 9,8 0,0041
Quadro 15.3 – Verificação protecção contra curto-circuitos

Estão verificadas as condições par a protecção contra curto-circuitos, ou seja,


estas são as alterações a propor ao projectista.

Queda de tensão:
Os valores de queda de tensão respeitam o limite máximo imposto pelo
regulamento, 8%.
No quadro seguinte é possível verificar os valores da queda de tensão, nos vários
ramos:

Ramo Distância (m) Corrente Serviço (A) Resistência Ramo (Ω) Queda tensão (%)

P.T. – A1 22 70,05 0,014102 0,43


A1 – A2 37,5 47,8 0,024038 0,5
P.T. – B1 110 98,9 0,0352 1,51
Quadro 15.4 – Queda de tensão nos ramos

Trabalho Final de Curso 2003/04 106


FEUP – EDP Distribuição, SA

Bibliografia:

[1] DGE, Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão,


[2] A. Almeida do Vale, Sebenta da Disciplina de Produção e Transporte de
Energia I “Linhas Aéreas de Transmissão de Energia”, 1992
[3] Cavan S.A., Catálogo Apoios de Betão
[4] DGE, Recomendações para Linhas Aéreas de Alta Tensão, até 30kV (M.T.),
1986
[5] DGE, Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia
Eléctrica em Baixa Tensão
[6] DGE, Guia Técnico de Redes Aéreas de Baixa Tensão em Condutores Isolados
Agrupados em Feixe (Torçada)
[7] Solidal, Guia Técnico, 2003
[8] Schréder, Catálogo Iluminação Pública
[9] EDP, Lista Materiais Normalizados

Trabalho Final de Curso 2003/04 107


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ANEXOS

Trabalho Final de Curso 2003/04 108

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