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Embora Comte não use a palavra "dívida", o sentido é suficientemente claro.

Nós já
acumulamos dívidas infindáveis antes mesmo de chegar à idade de pensar em pagá-las.
Quando chega esse momento, não há como calcular sequer a quem devemos. A única
forma de nos redimirmos é nos dedicando ao serviço da Humanidade como um todo.

Durante sua vida, Comte foi considerado excêntrico - o que de fato ele era. Suas ideias,
no entanto, se provaram influentes. Com o passar dos anos, sua ideia de obrigações
ilimitadas para com a sociedade se cristalizou na noção de "dívida social", um conceito
adotado pelos reformadores sociais e, por fim, pelos políticos socialistas em muitas
partes da Europa e também fora dela. "Todos nascemos em dívida para com a
sociedade": na França, a ideia de dívida social logo se tornou voz corrente, um slogan e,
por fim, um clichê. O Estado, segundo essa visão, era apenas o administrador de uma
dívida existencial que todos nós temos para com a sociedade que nos criou,
materializada sobretudo no fato de que continuamos totalmente dependentes uns dos
outros para existir, mesmo que não saibamos exatamente como isso se dá.

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