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PROFILING

Em psicologia, o conhecimento, a informação, a análise sempre foram dispositivos


para uma melhor intervenção. Partindo desse enfoque, traçar o perfil criminal é uma
das muitas ferramentas que auxilia de forma efetiva para prevenção de futuros
crimes e até mesmo um meio de se chegar ao infrator.

Dentro do contexto jurídico, o profiling refere-se à interseção da psicologia com suas


concepções e o jurídico com suas técnicas e objetivação, sendo definido como
aplicação da psicologia no âmbito da investigação criminal. (Correia, et al. 2007).

Segundo Correia, et al. (2007) relatou que a inferência das características de


sujeitos responsáveis por ações criminais correspondem em uma relação entre a
personalidade do indivíduo e o seu comportamento criminal. Apesar de um modelo
de predição recente e em desenvolvimento, o objeto e a função desta técnica supõe
a compreensão do criminoso e do crime, favorecendo meramente indicativos, na
tentativa de identificar o agressor.

Tal técnica visa estruturar a análise do criminoso, a fim de responder a três questões
principais:

 O que se passou na cena do crime?


 Por que razão estes acontecimentos tiveram lugar?
 Que tipo de indivíduo pode estar implicado?

Mira y López (2005) apontou que a reação das pessoas em dado momento depende
da interação de três fatores que influenciam de forma significativa nos
comportamentos: os herdados (temperamento, constituição corporal, etc.), os mistos
(caráter) e os adquiridos (experiências anteriores, situação externa atual, modo de
percepção, etc.).

A decodificação das personalidades criminológicas fundamentam nas características


encontradas nos sujeitos que aparentemente vivem de acordo com a lei. Segundo
Dias e Andrade (1984), a teoria do condicionamento aponta a extroversão como
uma das características que aumenta a propensão para o crime e indica também
que altos graus de ansiedade podem influenciar tal ação.

Os sentimentos e emoções desencadeadas encontrados na essência humana são,


segundo Fiorelli e Mangini (2009), influenciados pelos estados emocionais do
sujeito: quando se tem raiva ou se vivencia um elevado nível de estresse, isto irá
modificar a forma de percepção da pessoa, o que leva qualquer ato ou palavra a ser
considerado o estressor ou gatilho para a ação de um comportamento criminal.

É muito comum nos dias atuais e na maioria das vezes justificar as ações de um
sujeito criminoso, alegando a existência de traço de insano. Embora esta associação
esteja, segundo Casoy (2002), correta, este adjetivo é utilizado de forma
equivocada. Casoy (2002) dizia, que a insanidade muitas vezes alegada nos
tribunais como uma tentativa de absolvição do criminoso, ao contrário do que muitos
pensam, não é uma condição de saúde mental, mas sim, refere-se à habilidade de
saber se suas ações são certas ou erradas no momento em que estão ocorrendo. A
exemplo nesse contexto, diz muito respeito à personalidade psicopática.

A importância de conhecer a etiologia das psicopatologia se faz necessário para


descrever de forma precisa, os traços que podem favorecer para uma ação criminal.
Portanto, embora a terminologia da palavra “psicopatia” esteja relacionada com
doenças mentais, os atos criminosos não são decorrentes “[...] de mentes
adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total
incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com
sentimentos.” (SILVA, 2008, p.37). Segundo Silva (2008) pode-se afirmar que os
psicopatas têm completa consciência de seus atos, sendo que sabem quando estão
infringindo leis e/ou regras sociais e o porquê disso, pois sua deficiência se encontra
no campo das emoções e dos afetos, não em sua cognição.

Diante do exposto, a informação abri caminho para uma investigação mais apurada
e precisa quando se trata em formular um perfil que sinaliza ações que
comprometem a segurança da sociedade, o que sugeri medidas a serem tomadas
pelos indivíduos e órgãos envolvidos ou novas áreas a serem pesquisadas com
objetivo de chegar mais perto da origem do crime ou até o agressor.
REFERÊNCIA:

CASOY, I. Serial killer: louco ou cruel? 7ed. São Paulo : WVC, 2002.
CORREIA, E.; LUCAS, S.; LAMIA, A. Profiling: uma técnica auxiliar de investigação
criminal. Aná. Psicológica, vol.25, no.4, outubro de 2007, p.595-601.
Disponívelem:<http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
870- 82312007000400005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 29 de junho de 2018.

DIAS, J. F.; ANDRADE, M. C. Criminologia: O homem delinqüente e a sociedade


criminógena. Coimbra: Coimbra Editora, 1984.

FIORELLI, J., O.; MANGINI, R., C., R. Psicologia jurídica. São Paulo: Atlas, 2009.

MIRA Y LÓPEZ, E. Manual de psicologia jurídica. 2ed. Campinas – SP: LZN,


2005.

SILVA, A., B., B. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008.

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