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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO D 4º VARA DE

TERESINA DO ESTADO DO PIAUÍ

Referência processual sob nº 005269-96.2019.8.18.0001

Gene Marques dos Santos Silva, já qualificada nos autos do processo em epígrafe, vem
perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que esta subscreve, com base no art. 337
e seguintes do Código de Processo Civil, cumulado com os arts. 186, 187 e 927 do Código
Civil, apresentar:

CONTESTAÇÃO

Em desfavor do Município de Teresina, igualmente qualificado no processo em


epígrafe, pelos fatos e fundamentos jurídicos expor:

I. DA JUSTIÇA GRATUITA

Primeiramente, cumpre manifestar aos autos de que a ré faz jus à concessão do benefício
da gratuidade de Justiça, haja vista que não possui rendimentos suficientes para custear as
despesas processuais e honorários advocatícios em detrimento do seu sustento, conforme
assegura a Lei 1.060/50 e os arts. 98 e seguintes do Novo Código de Processo Civil.
II. DOS FATOS

No ano de 2019, a querelada recebeu uma ação de cobrança em face do município de


Teresina, no valor de R$20.800,00(vinte mil e oitocentos reais), referente a impostos lançados,
vencidos e não pagos no ano de 2012, incluindo os encargos moratórios. Porém tais
lançamentos não constam na inicial, portanto não há embasamento verídico para o município,
utilizando-se de sua base de cálculo, chegar a esse valor indevido.

Vale ressaltar que a ré não foi devidamente notificada, sobre o referido tributo e diante
disso ficou impossibilitada de realizar um empréstimo com o intuito de adquirir um
apartamento, lhe causando transtornos financeiros e psicológicos. A fim de agilizar tal
empréstimo, a ré efetuou o pagamento do referido tributo e mesmo após a quitação a querelada
ainda foi citada por edital, mesmo sendo de conhecimento do município que a área do edital é
de 180 metros quadrados. A titulo de informação, tal imóvel foi vendido no ano de 2019, no
valor de R$17.000,00(dezessete mil reais).

Assim, a requerida sofreu um desgaste emocional e material por não obter nenhuma
providência referente ao caso além de estar vivenciando tamanho descaso, não tendo outro
caminho, senão o da justiça para procurar ver seus direitos defendidos.

III. DAS PRELIMINARES

A - DA INEXIXTÊNCIA OU NULIDADE DA CITAÇÃO

No caso em tela a demandada fora citada por edital, porém é vosso conhecimento que a
citação, no referido caso, deve cumprir requisitos, quais sejam local incerto, ignorado ou
inacessível de acordo com o art.256, incisos I,II, do Código de Processo Civil.

Art. 256. A citação por edital será feita:


I - quando desconhecido ou incerto o citando;
II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando;

Fato este que não prospera, tendo em vista que a demandada possui residência fixa,
inclusive de conhecimento do postulante, conforme comprovante de residência anexado.

B - INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL


De acordo com o art. 330, I, do Novo Código de Processo Civil, a petição deve ser
considerada inepta, logo na petição inicial a narração dos fatos deve decorrer logicamente
a conclusão.

Art.330. A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;

C - INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO

O art. 337,II do NCPC, assevera que a competência é relevante tanto para o autor, quanto
para o réu, dessa maneira, não é competente, tendo em vista que o juízo correto é previsto no
art.41,II da lei nº 3.716/79 da organização judiciaria do Estado do Piaui. Compete a 3° Vara da
Fazendo Pública, logo possui competência privada para execuções e ações de natureza tributaria
que são referentes ao município de Teresina, ou seja, é incompetente julgar no caso em tela a
referida ação onde se encontra o processo.

Art.337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

II - incompetência absoluta e relativa.

Art. 41. As trinta e quatro Varas da Comarca de Teresina, de entrância final,


cada uma com um Juiz de Direito, repartem-se em:

II – quatro Varas da Fazenda Pública, sendo duas por distribuição, denominadas,


numericamente, de 1ª e 2ª, e as 3ª e 4ª Varas, também por distribuição, exclusivas de
Execuções Fiscais e demais ações de natureza tributária com a seguinte competência.

D – DA AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL

A ré deveria tomar ciência quanto o que se estava sendo cobrado, para depois o município
de Teresina ingressar com a ação de cobrança buscando a tutela pleiteada. Com isso, a ré não
foi devidamente notificada de forma administrativa, conforme assegura o art.337, XI, do NCPC.

Art.337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

IV- DO DIREITO

A – DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR
Neste caso, em razão do dano sofrido pela ré, somado com a ação arbitrária e
abusiva por parte do Município de Teresina, há caracterizado o dever de indenizar
materialmente a querelada, bem como o ressarcimento dos valores despendidos com
impostos, encargos moratórios, decorrente da cobrança indevida.

A lei impõe a reparação dos danos, de acordo com o art.186 e 927 do Código Civil,
para aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, imprudência ou imperícia,
violar direito e causar dano a outrem:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestadamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes.

Da mesma forma, acerca da ilicitude do ato praticado, nosso atual Código Civil prevê
em seu art. 927 a seguir transcrito, a obrigação de indenizar:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo. (Grifo nosso)

O art. 311, inciso IV, do Novo Código de Processo Civil, interpretado juntamente
com as alegações e provas demonstradas pela ré nos autos, corrobora o dever de
indenizar:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos
fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
gerar dúvida razoável.

A responsabilização pelo dano material e moral pode advir do mesmo fato gerador,
ocasionando a acumulação das respectivas indenizações. Uma no tocante ao prejuízo
material e outra decorrente do moral.

No mais, há esmagador entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de


que as indenizações e suas atribuições pecuniárias podem ser atreladas conjuntamente. É
o que diz o julgamento:
Se há um dano material e outro moral, que podem existir autonomamente, se ambos dão
margem a indenização, não se percebe porque isso não deva ocorrer quando os dois se tenham
como presentes, ainda que oriundos do mesmo fato. De determinado ato ilícito decorrendo lesão
material, esta haverá de ser indenizada. Sendo apenas de natureza moral, igualmente devido o
ressarcimento. Quando reunidos, a reparação há de referir-se a ambos. Não há porque cingir-se
a um deles, deixando o outro sem indenização. (Resp. 4.236/RJ, 3ª Turma, DJU 01/07/1991).

Associado a este preceito, o Superior Tribunal de Justiça deixou sumulado quanto


acumulação das indenizações:

Súmula 37- Se o dano material e o moral decorrem do mesmo fato serão


acumuláveis as indenizações.

Ainda, ratifica a nossa Constituição Federal em seu artigo 5° inciso V, a norma


acerca do dever de indenizar.

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
V – É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem.

Dessa forma, a indenização por danos morais bem como materiais, deve ser fixada em
um valor que desestimule o Município de Teresina a cometer tais danos aos cidadãos, bem
como reparar o abalo moral sofrido pela ré, querendo-se desde já a título de indenização por
danos morais, o montante de R$30.800,00( trinta mil e oitocentos reais).

V – DOS PEDIDOS

Em razão de todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

A- Concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.

B - a citação do Município de Teresina, na pessoa do seu representante legal, para,


querendo, responder a presente ação;
C – Procedência da contestação, condenando o Município de Teresina ao pagamento do
montante de R$ 10.000,00 a título de indenização por danos morais, somado com R$20.800,00
referente ao dano material sofrido pelos eventuais gastos acometidos, atualizados a partir do
evento danoso, de acordo com a Súmula 37 do STJ;

G – Citação do demandante, para que apresente as respostas no prazo legal, sob pena de
confissão e revelia;

H - Opção pela ré para ser realizada a audiência de conciliação ou mediação, de acordo


com o art319, inciso VII do NCPC.

Dá-se a presente o valor da causa em R$30.800,00 ( trinta mil e oitocentos reais).

Nestes termos, pede deferimento.

Teresina, PI, 28 de outubro de 2019

Advogado

OAB

Aluno: ANTÔNIO HENRIQUE MENDONÇA SILVA

Turma: 09T7A

Professora: Maria Laura

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