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Fiscal
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes
sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. José Carlos Pereira de Almeida

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Sistema Tributário Nacional – Tributos
Incidentes sobre Operações com
Mercadorias e Serviços

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• O Sistema Tributário Nacional;
• ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias
e Serviços;
• IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados;
• Programa de Integração Social - PIS;

Fonte: Getty Images


• COFINS – Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social;
• ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.

Objetivos
• Ter uma visão geral do Sistema Tributário Nacional;
• Conhecer os principais tributos incidentes sobre as operações com mercadorias e serviços.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Contextualização
O Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, que ultrapassa os 37% do
Produto Interno Bruto (PIB). Isso mesmo, de tudo que o país produz, mais de 37% ficam
com os governos Federal, Estaduais, Municipais e Distrito Federal, a título de tributos.

Um excelente estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário –


IBPT, denominado “QUANTIDADE DE NORMAS EDITADAS NO BRASIL – 30 anos
da constituição federal de 1.988”, nos mostra que:
Desde 05 de outubro de 1988 (data da promulgação da atual Constitui-
ção Federal), até agora (base 30/09/2018), foram editadas 5.876.143
(cinco milhões, oitocentos e setenta e seis mil, cento e quarenta e três)
normas que regem a vida dos cidadãos brasileiros. Isto representa, em
média, 536 normas editadas todos os dias ou 774 normas editadas
por dia útil.

Quantidade de NORMAS EDITADAS NO BRASIL: 30 anos da constituição federal de 1988.


Disponível em: https://bit.ly/2JdYbOj

No que diz respeito a tributos, o mesmo estudo mostra que:


Desde 05/10/1988 (data da promulgação da Constituição atual), até
agora (base 30/09/2018), foram editadas 390.726 normas. São mais
de 1,92 normas tributárias por hora (dia útil). Em 30 anos, houve 16
emendas constitucionais tributárias, foram criados inúmeros tributos,
como CPMF, COFINS, CIDES, CIP, CSLL, PIS IMPORTAÇÃO, CO-
FINS IMPORTAÇÃO, ISS IMPORTAÇÃO, foram majorados pratica-
mente todos os tributos, em média cada norma tem 3 mil palavras.

Não fique assustado(a), esse é o ambiente que você escolheu para trabalhar, então se
prepare, não se acomode, estude sempre, esteja sempre atualizado(a) para desenvolver
o seu trabalho da melhor forma possível.

A nossa missão enquanto Gestores Tributários é fazer com que nossas empresas
recolham seus impostos de maneira correta e que esses recolhimentos tenham o menor
impacto possível nas operações das empresas, isso porque a concorrência é grande,
os custos são iguais para todos, só resta ganhar eficiência no quesito tributos. Existem
várias formas de recolher tributos com economia e de forma legal.

Nesse sentido, esta disciplina tem por objetivo dar ao(à) aluno(a) uma visão simplifi-
cada dos tributos incidentes sobre as operações das empresas. Não é nossa pretensão
citar tudo, sobre todos os tributos, isso seria impossível nesse ambiente, mas certamente,
após a leitura dessa e das próximas unidades e elaboração das atividades propostas,
você vai ter condições de entender o funcionamento dos principais tributos incidentes
nas operações das empresas. Daí em diante, é contigo, não pare por aqui, estude, pes-
quise e faça o melhor que você conseguir, tanto para o seu sucesso profissional quanto
para o bom desempenho de sua empresa.

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O Sistema Tributário Nacional
Decidimos iniciar esta unidade com as frases acima, a primeira creditada a Benjamin
Franklin, escritor e político americano (1706 a 1790), e a segunda a Samuel Johnson,
escritor e pensador inglês (1709 a 1784), para que você perceba que o assunto “impos-
tos” incomoda já há muito tempo. Nenhum país conseguiria sobreviver sem a cobrança
de tributos, que são a ferramenta necessária para que ele possa se desenvolver e gerar
bem-estar para os seus cidadãos.
“Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”.

“Só há duas coisas certas na vida: a morte e os impostos.”

No Brasil, não é diferente, os tributos existem, são regulamentados pela Constituição


e contam com uma estrutura básica definida no Código Tributário Nacional, como nos
ensina Pêgas (2018, p. 30).

Conforme citamos anteriormente, a Constituição Federal define como os Entes Fe-


derativos (União, Estados, Municípios e o Distrito Federal) podem instituir os tributos
por ela especificados e, também, as limitações que devem cumprir ao instituir tributos.

Vamos passear um pouco pela Constituição e pelo Código Tributário Nacional?

Definição de Tributo
O Artigo 3º do Código Tributário Nacional assim define tributo:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.

Conforme Pêgas (2018), o entendimento dessa definição é o seguinte:

Tabela 1
TRIBUTO – CARACTERÍSTICA EXPLICAÇÃO
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA O pagamento do tributo é obrigatório, não sendo possível fugir da
COMPULSÓRIA sua obrigação. É algo impositivo, não opcional.
O pagamento do tributo só poderá ser feito em R$ (moeda oficial
EM MOEDA OU CUJO VALOR NELA do Brasil), não podendo, em nenhuma hipótese, ser realizado em
SE POSSA EXPRIMIR bens ou serviços. Admite-se que o tributo seja devido em índices,
tipo a UFIR, posteriormente convertidos em R$.
O tributo visa intervir em situações sociais ou econômicas,
tributando a renda, o consumo e o patrimônio. Não pode ser
considerado como punição, sendo cobrado apenas quando o
QUE NÃO CONSTITUA SANÇÃO contribuinte emite sinal de capacidade de pagamento. A multa, por
POR ATO ILÍCITO outro lado, constitui-se sanção por ato ilícito, sendo cobrada por
algum tipo de infração vinculada ao pagamento de tributo.
A multa não tem (ou não deveria ter) função arrecadatória, pois
visa somente coibir o ato ilícito.

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

TRIBUTO – CARACTERÍSTICA EXPLICAÇÃO


A lógica é a da representatividade, pois como a lei é feita pelos
representantes do povo, teoricamente o povo só terá que arcar
com os impostos que aceitou pagar. Tal ideia veio do direito
americano, onde é manifestada no brocardo “no taxation
INSTITUÍDA EM LEI
without representation” (não haverá cobrança de tributos sem
representação). Importante lembrar que há exceção somente para
majoração de alíquotas de alguns impostos, mas sua instituição
está preservada pelo dispositivo do CTN.
A cobrança de tributo se vincula à lei e à sua compulsoriedade.
Assim, a autoridade tributária não tem poder para analisar a
COBRADA MEDIANTE ATIVIDADE
situação, verificando se é conveniente, justo ou não cobrar os
ADMINISTRATIVA PLENAMENTE
tributos. Deve vincular a cobrança às demais definições inseridas
VINCULADA
no conceito de tributo, principalmente a obrigação compulsória de
instituição por lei e o pagamento em moeda. (PÊGAS, 2018, p. 30.)
Fonte: PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9ª edição. São Paulo: Atlas, 2018

Os tributos são divididos em três categorias: os Impostos, as Taxas e as Contribuições


de Melhoria, que podem ser classificados como vinculados e não vinculados.

Os tributos vinculados referem-se àqueles valores recolhidos e têm uma contrapres-


tação por parte do Estado, como, por exemplo, uma taxa para emissão de documento,
uma taxa para licenciamento de atividade comercial ou industrial, etc.

Já os tributos não vinculados referem-se àqueles valores recolhidos ao Estado em que


o mesmo não tem qualquer obrigação de vinculá-los a serviços, ou seja, esses recursos
entrarão no caixa do Estado e serão destinados conforme as necessidades orçamentárias.

No Brasil, os tributos incidem sobre a Renda, o Patrimônio, o Consumo e os En-


cargos Sociais, mas, antes de abordamos mais detalhadamente as incidências, vamos a
mais algumas definições presentes no Código Tributário Nacional, o qual passaremos a
chamar de CTN neste capítulo.

Impostos
O artigo 16 do CTN assim define imposto: “Art. 16. Imposto é o tributo cuja obri-
gação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte”.

Podemos entender dessa definição que o pagamento de um imposto por qualquer


que seja o fato gerador não obriga o Estado a prestar qualquer serviço em relação a ele,
ou seja, os impostos não são vinculados.

Taxas
O artigo 77 do CTN assim define taxa:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Fe-
deral ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a

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utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisí-
vel, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Com base nessa definição, entendemos que o contribuinte só paga uma taxa quando ne-
cessita de algum serviço a ser prestado pelo Estado, ou seja, as taxas são tributos vinculados.

Contribuições De Melhoria
As Contribuições de Melhoria estão definidas no artigo 81 do CTN:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Es-
tados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Veja que, do mesmo jeito que as Taxas, as Contribuições de Melhoria também são
vinculadas, nesse caso vinculadas a um benefício gerado pelo Estado ao contribuinte.

Contribuições Sociais
Para finalizar, temos as Contribuições Sociais, que atualmente são consideradas
como mais uma espécie de tributo.

Veja o que nos ensina Pêgas (2018, p. 32):


As contribuições sociais representam, sem dúvida, uma quarta espé-
cie de tributo, conforme vem sendo escrito por renomados autores da
área do direito tributário.

O saudoso Professor Láudio Camargo Fabretti escreveu em seu ex-


celente livro Contabilidade tributária o seguinte sobre a contribuição
social: “Analisando-se a relação custo/benefício para o contribuinte,
verifica-se que ora seu impacto é de imposto, ora é de taxa, ou seja, é
um tributo misto de imposto e taxa.”

As contribuições sociais são de dois tipos: as destinadas especifica-


mente para atender à seguridade social, instituídas na Constituição
Federal, em seu art. 195, e modificadas na Emenda Constitucional
nº. 20/98; e as outras contribuições sociais.

As contribuições sociais direcionadas para a seguridade social incidem


sobre:

Folha de Salários e de Terceiros – INSS;

Faturamento ou Receita – PIS e COFINS;

Lucro – CSLL.

A seguridade social é entendida como o conjunto dos ministérios da


Previdência Social, Assistência Social e Saúde.

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Existem, ainda, outras contribuições sociais, não direcionadas para a se-


guridade social, como o PIS/PASEP, cuja destinação é para o Fundo de
Amparo ao Trabalhador, vinculado ao Ministério do Trabalho e do Em-
prego. Outras contribuições sociais são aquelas destinadas para o sistema
S: SESC, SENAC, Salário-Educação, INCRA, SEBRAE, entre outros.

Quando falamos em tributo, sempre temos que entender que existem dois sujeitos,
que são o Sujeito Ativo e o Sujeito Passivo da Obrigação Tributária, como apresentado
a seguir.

Sujeito Ativoe e Sujeito Passivo da Obrigação Tributária


Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para
exigir o seu cumprimento, ou seja, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.

Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo


ou penalidade pecuniária, assim definido como Contribuinte.

Conforme citado anteriormente, o Sistema Tributário Nacional (STN) rege e formali-


za a cobrança dos tributos no Brasil. Essas regras seguem os limites estabelecidos pela
Carta Magna para que os entes federativos não excedam aos seus poderes de tributar.
Os principais limites estabelecidos pela Constituição estão elencados no artigo 150 e
são os seguintes:
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: é proibido à União, aos Estados e aos Municí-
pios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
2. PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU IGUALDADE TRIBUTÁRIA: é proibido à
União, aos Estados e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contri-
buintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção
em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independente-
mente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
3. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE: é proibido à União, aos Estados e aos
Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início
da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
4. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE SIMPLES: é proibido à União, aos Esta-
dos e aos Municípios cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

Elencamos acima aqueles que julgamos ser os principais limites estabelecidos no que tange
à liberdade dos Entes Federativos em questões de tributos, mas convidamos você a ler por
completo o Artigo 150 da Constituição Federal, para que tenha conhecimento de todas as
limitações ali estabelecidas. Disponível em: https://bit.ly/1dFiRrW

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A Constituição também estabelece quais tributos podem ser criados pela União, pelos
Estados e pelos Municípios, conforme previsto nos artigos 153 a 156, que reproduziremos
a seguir resumidamente, e já aproveitamos para repetir o mesmo convite do parágrafo
anterior, lembrando que eles podem ser acessados no mesmo endereço citado acima:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impos-


tos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comuni-
cação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veículos automotores.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis,
exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.

Agora, para melhorar o seu entendimento, vamos citar os impostos – você percebeu
que passamos da expressão “tributos” para a expressão “impostos”? Isso porque todo
imposto é um tributo, e assim facilitará o seu entendimento daqui em diante – divididos
por entes da federação, observe:
• Impostos Federais:
» Imposto sobre a Importação de produtos estrangeiros – (II);
» Imposto sobre a Exportação de produtos nacionais ou nacionalizados – (IE);
» Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza – (IR);
» Imposto sobre Produtos Industrializados – (IPI);
» Imposto sobre Operações Financeiras – (IOF);
» Imposto Territorial Rural – (ITR);
» Imposto sobre Grandes Fortunas – (IGF).

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

• Impostos Estaduais:
» Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – (ICMS);
» Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – (IPVA);
» Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de qualquer bem – (ITCMD).
• Impostos Municipais:
» Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – (IPTU);
» Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais
Relativos – (ITBI);
» Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – (ISS).

Finalizando essa primeira parte da Unidade, vamos dividir os impostos em duas ca-
tegorias, os Impostos Diretos e os Impostos Indiretos.
• Impostos Diretos:
» Incidem sobre o Patrimônio e a Renda, ex.: IRPF, IRPJ, IPTU, ITR, IPVA, etc.
• Impostos Indiretos:
» Incidem sobre a produção e a circulação de bens e serviços, ex.: IPI, ICMS, ISS,
COFINS, PIS, etc.

Os impostos ainda podem ser Cumulativos e Não Cumulativos, cuja definição é


a seguinte.
• Impostos Cumulativos:
» Incidem sobre todas as fases da cadeia de produção ou comercialização.
• Impostos não Cumulativos
» Incidem também sobre todas as fases da cadeia de produção ou comercialização,
porém é permitida a compensação do imposto de mesma denominação pago na
cadeia anterior.

Fique tranquilo(a), que mais adiante detalharemos e explicaremos cada uma das ex-
pressões utilizadas acima.

Vamos agora conhecer um pouco mais das particularidades de cada imposto e con-
tribuição que incide sobre as operações com mercadorias.

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ICMS - Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços
Imposto de competência estadual que incide sobre as operações que envolvam:
• Circulação de mercadorias;
• Prestação de serviços de transportes;
• Prestação de serviços de comunicação;
• Importação de mercadorias.

Importante citar o que nos relata Pêgas (2018, p. 178):


O ICMS está presente em nossa vida em quase todos os momen-
tos. Quando tomamos o café da manhã, quando almoçamos, quando
compramos um caderno, uma água mineral, quando ouvimos rádio
ou ligamos a TV para assistir a um programa favorito, em todas essas
situações há participação do ICMS.

O ICMS é a principal fonte de arrecadação dos Governos Estaduais e, por ser de


competência estadual, é um imposto muito complexo, porque temos 27 Estados, então
temos 27 legislações diferentes relativas a esse imposto. Normalmente, o que vale para
um estado não vale para o outro, isso acaba tornando as operações de compra e venda
entre contribuintes de estados diferentes muito onerosas e às vezes inviáveis.
O Contribuinte do ICMS, conforme previsto na legislação, é qualquer pessoa, natu-
ral ou jurídica, que de modo habitual ou em volume que caracterize intuito comercial,
realize operações relativas à circulação de mercadorias ou preste serviços de transporte
interestadual ou intermunicipal ou de comunicação.
Conforme vimos anteriormente, o ICMS está previsto no inciso II do parágrafo pri-
meiro do artigo 155 e, como já sabemos, ao conceder aos estados o direito de criar um
imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, a Carta Magna fixa algumas diretri-
zes para o imposto, que no caso do ICMS são aquelas constantes do Parágrafo segundo
do artigo acima citado, veja:
§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de ser-
viços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro
Estado ou pelo Distrito Federal;

II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário


da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido


nas operações ou prestações seguintes;

b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias


e dos serviços;

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Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Além desse, convido o(a) aluno(a) a tomar conhecimento dos outros dispositivos limitado-
res constantes dos demais incisos e parágrafos do artigo 155 relativos ao ICMS para melhor
entender o que citamos anteriormente sobre as limitações do poder de tributar, que po-
dem ser consultados em: https://bit.ly/1dFiRrW

O Controle e arrecadação do ICMS são feitos através de diversas obrigações acessó-


rias e livros próprios para o registro das operações, entre eles:

Obrigações Acessórias:
• Registro de Entradas, modelo 1 ou 1-A;
• Registro de Saídas, modelo 2 ou 2-A;
• Registro de Controle da Produção e do Estoque, modelo 3;
• Registro de Impressão de Documentos Fiscais, modelo 5;
• Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, modelo 6;
• Registro de Inventário, modelo 7.

Aspectos do Tributo
Sujeito ativo:
• Governos Estaduais e Distrito Federal.

Sujeito passivo:
• Contribuinte (de fato): tem relação direta com o fato gerador;
• Contribuinte responsável: eleito pela Lei para responder à obrigação tributária.

Uma das características do ICMS é que esse tributo, dependendo do tipo de operação
ou mercadoria, pode apresentar mais de um Sujeito Passivo. O primeiro citado acima
é aquele que efetivamente adquiriu a mercadoria e, ao comprá-la, pagou o imposto que
estava embutido no seu preço final. O outro é aquele que, também, dependendo da
operação ou da mercadoria, mesmo não tendo dado origem ao fato gerador, responde
pelo pagamento antecipado do imposto, é o caso da Substituição Tributária, que vere-
mos mais à frente.

O ICMS é um imposto seletivo, ou seja, suas alíquotas variam de acordo com a es-
sencialidade do produto; regra geral, suas alíquotas são:

Alíquotas Internas
• 0 ou 7% Produtos da Cesta Básica;
• 12% Serviços de Transportes em geral;
• 25% Serviços de Comunicações;

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• 4% Serviços de Transporte Aéreo;
• 18% Nos demais produtos.

Alíquotas Interestaduais
• 7% Saídas para Regiões NO, NE, CO e ES;
• 12% Saídas para as Regiões SUL e SUDESTE.

Vale lembrar que as alíquotas internas podem variar nos diversos estados da federa-
ção, já com relação às alíquotas interestaduais são fixas porque são regulamentadas pelo
Senado Federal.

Base de Cálculo
Regra Geral, a base de cálculo do ICMS é o valor da operação, incluídas as despesas
acessórias, entendidas como frete, seguro e outras.

Valor do ICMS = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto +


Frete + Seguro + Outras Despesas Acessórias)

Exemplo
A Cia. América efetuou a venda de um lote de mercadorias por R$ 5.000,00.
Para entregar essas mercadorias ao adquirente, a Cia. América cobrou frete de
R$ 300,00 mais seguro de R$ 200,00, assim o total da nota fiscal, ou da operação, é de
R$ 5.500,00, e é sobre esse valor que vai incidir a alíquota do ICMS.

O ICMS tem como fato gerador a circulação de mercadorias ou serviços, porém o


legislador foi cuidadoso ao estabelecer que não é qualquer circulação de mercadorias
que dá margem à incidência do tributo. Para isso elegeu algumas operações em que
pode haver a Não Incidência, a Isenção, a Suspensão e o Diferimento da cobrança do
imposto, vejamos:

Não incidência
Operações que contam com a não incidência do ICMS:
• Saídas para armazéns gerais;
• Saídas para depósito fechado;
• Retorno de armazéns ou depósitos;
• Remessas para consertos;
• Retornos de consertos;

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• Raídas de bens do ativo permanente;


• Operações com livros, jornais, periódicos.

Isenção
Operações que contam com a isenção do ICMS:
• Produtos destinados a pessoas portadoras de deficiências física, visual ou auditiva;
• Hortifrutigranjeiros;
• Insumos agropecuários;
• Moluscos;
• Importação de soros e vacinas.

Suspensão
Suspensão nada mais é do que o adiamento do pagamento do imposto por
determinado período; entre outras, estão suspensas da cobrança do ICMS as
seguintes operações:
• Remessas para demonstração.

(Os produtos que são remetidos devem retornar em 60 dias, caso não ocorra o
retorno o imposto será cobrado do remetente do produto.)

Diferimento
O diferimento promove o adiamento do pagamento do imposto, a ser feito em outro
período e por outro contribuinte.

Ocorre nas operações com:


• Algodão em caroço;
• Cana-de-açúcar em caule;
• Polpa de fruta;
• Chá em folha;
• Girassol;
• Pescados.
Em algum parágrafo anterior, citamos que o ICMS em algumas operações ou pro-
dutos elege um outro responsável tributário que não aquele que deu origem ao fato
gerador, que é o Substituto Tributário. Antes de entrarmos mais a fundo nesse assunto,
convocamos você a responder à seguinte pergunta.

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Sabemos que o estado tem que fiscalizar a cobrança e a arrecadação do ICMS, afinal
de contas esse imposto responde por uma parcela muito grande de tudo que ele arre-
cada. Nesse sentido, reflita e responda. O que seria mais fácil para os estados: fiscalizar
todos os bares, restaurantes, hotéis, casas noturnas, supermercados, padarias e outros
estabelecimentos que vendem cervejas e refrigerantes ou fiscalizar somente as indústrias
de cervejas e refrigerantes?

Se você respondeu que é mais fácil para o estado fiscalizar a indústria, acertou, por-
que certamente temos nos estados muito menos indústrias de cervejas e refrigerantes do
que quem os revende, não é mesmo?

Assim, os estados atribuem às indústrias de cervejas e refrigerantes a obrigação de


cobrar de seus clientes que vão revender os produtos o imposto que deveria ser pago
por eles após a venda. A essa modalidade de cobrança é dado o nome de Substituição
Tributária. Vamos ver como funciona?

A Substituição Tributária do ICMS


Em uma operação normal com mercadorias, a cobrança do ICMS é feita da se-
guinte maneira:

ICMS – Regime Normal – Alíquota de 18%

Circulação Circulação
Indústria Comerciante Consumidor

ICMS ICMS

Vende ao comércio Vende para o Consumidor por R$ 1500,00


R$ 1.000,00 Débito de ICMS R$ 270,00
Débito de ICMS R$ 180,00 (-) Crédito da Indústria R$ 180,00
Recolhe ao Estado R$ 90,00

Figura 1

Observe que na ilustração acima, a Indústria vendeu mercadorias para o Comerciante


e recolheu o ICMS por conta dessa operação; o Comerciante adquiriu as mercadorias
da indústria e as revendeu para o consumidor final. Esse Comerciante também recolheu
sua parcela de imposto já descontado o imposto pago quando adquiriu as mercadorias
da indústria, isso porque o ICMS, como já vimos anteriormente, é um imposto não
cumulativo. Isso está claro para você?

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Agora, vamos ver como funciona a cobrança do ICMS no Regime de Substituição


Tributária, veja:

ICMS – Substituição Tributária

Indústria Circulação Comerciante Circulação


Consumidor
(Substituto) (Substituído)

ICMS
ICMS
Figura 2

No Regime de Substituição Tributária, no caso da operação da ilustração acima, veri-


ficamos que a Indústria é a responsável pelo recolhimento do ICMS devido pela sua ven-
da ao Comerciante, o chamado ICMS da Operação Própria, e também responde pelo
recolhimento do ICMS devido pelo comerciante quando da venda das mercadorias ao
consumidor, nada mais é do que uma antecipação do recolhimento do imposto devido
nas fases seguintes de comercialização. Esse regime, por impedimento legal, não pode
ser aplicado à comercialização de produtos destinados ao processo de industrialização,
as matérias primas.

É uma forma de cobrança discutida porque o imposto é cobrado antecipadamente,


é cobrado no ato da venda pela indústria ao comerciante; assim, quando o comerciante
efetuar a venda para o consumidor, não haverá mais tributo a recolher porque o mesmo
foi pago antecipadamente. Veja como funciona esse sistema.

O fisco elege alguns produtos de grande circulação, por exemplo: pneus, cigarros,
tintas, medicamentos, material de limpeza, veículos novos, material de construção, etc.,
e estabelece para esses produtos a cobrança do ICMS no Regime de Substituição Tri-
butária, nas operações dentro do seu território. Para isso, fixa uma margem de valor
agregado através de um percentual que, aplicado sobre o valor da venda do produto na
indústria, determina o valor base para o cálculo do ICMS Substituição Tributária.

Nas operações interestaduais, há a cobrança do ICMS no regime de substituição


tributária somente se houver um protocolo firmado entre o estado remetente e o
estado destinatário, fixando o regime para aquele produto, caso contrário o ICMS
será cobrado.

Analise o quadro a seguir para entender como funciona o regime da substituição


tributária.

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ICMS – Substituição Tributária

Indústria Alfa Ltda. Venda Comercial Beta S. A. Venda


Consumidor
(Substituto) (Substituído)

Preço de Venda Margem de Lucro Estipulada pelo


R$ 3000,00 Fisco = 50% (IVA) - Preço de venda
ICMS da Operação Própria = Estimado = R$ 4500,00 - ICMS
R$ 540,00 (3000,00 x 18%) Devido sobre a Venda R$ 810,00
+ ICMS ST R$ 270,00 ICMS A RECOLHER R$ 270,00
(R$ 810,00 – R$ 540,00)

NOTA FISCAL DA INDÚSTRIA


Mercadorias R$ 3000,00 ICMS RECOLHIDO - INDÚSTRIA
ICMS ST R$ 270,00 R$ 810,00 (540,00 + 270,00)
TOTAL DA NF R$ 3270,00

Quando a Indústria Alfa Ltda vende as mercadorias para a Comercial Beta S.A por
R$ 3.000,00, ela passa a ser devedora de ICMS da ordem de R$ 540,00 (18% de
R$ 3.000,00), as mercadorias estão em regime de substituição tributária e têm uma
margem de valor agregado de 50%. Assim, estima-se a base para a cobrança do ICMS
Substituição Tributária, que é de R$ 4.500,00 (3.000,00 + 50%), aplicando-se a alíquo-
ta de 18% sobre o valor da base encontrada, ou seja, R$ 4.500,00; chega-se ao valor
do ICMS estimado, que seria o valor devido quando da venda das mercadorias pelo
comerciante no valor de R$ 810,00 (R$ 4.500,00 x 18%). Como o ICMS é um imposto
não cumulativo, conforme já vimos anteriormente, o valor a ser cobrado da Comercial
Beta S.A é de R$ 270,00 (R$ 810,00 – R$ 540,00). O total da nota fiscal emitida pela
Indústria Alfa Ltda será R$ 3.270,00, equivalentes a R$ 3.000,00, que foi o valor fixado
pelas mercadorias, e R$ 270,00 referentes ao valor do ICMS cobrado antecipadamente
da Comercial Beta S.A. E nesse momento, a Indústria Alfa Ltda passa a ser devedora da
importância de R$ 810,00 a título de ICMS da operação própria e antecipado.

Ao vender as mercadorias para os seus clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídi-
cas, desde que estabelecidos dentro do mesmo estado, a Comercial Beta S.A não mais
se preocupará com o recolhimento de ICMS porque ele já foi pago antecipadamente.
Outro aspecto importante a citar é que a Comercial Beta S.A não está obrigada a

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19
UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

vender as mercadorias pelo valor de R$ 4.500,00, que foi o valor fixado para cobrança
do ICMS Substituição Tributária, ela pode vender as mercadorias por qualquer valor,
maior ou menor do que o valor fixado, uma vez que a Margem de Valor Agregado não
determina o valor de comercialização da mercadoria e sim um valor para a cobrança
do imposto.

IPI – Imposto sobre


Produtos Industrializados
O IPI, de competência da União, tem a sua criação autorizada através do artigo 153,
inciso IV, da Constituição e suas limitações previstas no parágrafo terceiro do mesmo
artigo, sendo elas:
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:

I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

II - será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada


operação com o montante cobrado nas anteriores;

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior;

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital


pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.

A seletividade expressa no inciso I serve para garantir que quanto mais necessário o
produto industrializado, menor será a alíquota do imposto. A não cumulatividade, que
também é uma característica do IPI, garante ao industrial tomar crédito do imposto pago
na fase anterior.

As exportações também são beneficiadas com a não incidência do IPI. Vale lembrar
que as exportações de produtos nacionais na sua grande maioria não sofrem incidência
de tributos, pois exportar significa trazer divisas para o país, além de fomentar a indús-
tria nacional, gerando mais empregos.

Outra característica do IPI é aquela expressa no inciso IV, que garante uma menor
alíquota incidente sobre máquinas e equipamentos (bens de capital) quando adquiridos
pela indústria.

Conforme nos ensina Gustavo Pedro de Oliveira (2014, p. 135): “O IPI é um tributo
definido como indireto, cobrado pela União e que pode ser rotulado como extrafiscal,
ou seja, tem a função arrecadatória de controle da economia”.

Nesse sentido, o governo utiliza o IPI como uma ferramenta de arrecadação ou de fo-
mento à economia, arrecadação em determinados períodos de necessidade de recursos

20
ou ainda para frear o consumo de determinado produto ou mercadorias, o que promove
o aumento da alíquota, podendo também acontecer o contrário, ou seja, havendo ne-
cessidade de estimular a venda de determinado produto ou mercadoria ele diminui as
alíquotas para gerar mais desenvolvimento industrial e, com isso, alavancar a economia.

São contribuintes do IPI:


• O importador;
• O industrial;
• O arrematador de produtos em leilões;
• O comerciante de produtos sujeitos ao imposto.

A Incidência do IPI está vinculada às seguintes operações, conforme nos mostra o


artigo 35 do seu regulamento (Decreto 7.212 de 15/06/2010):
• Desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
• Saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado;

O IPI, conforme já citado anteriormente, incide sobre produtos industrializados.


O termo industrialização para fins da cobrança desse imposto é bastante amplo, confor-
me nos mostra o artigo 4º do seu regulamento:
Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique
a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a
finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como:

I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários,


importe na obtenção de espécie nova (transformação);

II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma,


alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do
produto (beneficiamento);

III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que


resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mes-
ma classificação fiscal (montagem);

IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela co-


locação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo
quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da
mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou

V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de


produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para
utilização (renovação ou recondicionamento).

Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como


industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a lo-
calização e condições das instalações ou equipamentos empregados.

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Base de Cálculo do IPI


As alíquotas que servem para o cálculo do IPI estão elencadas em um anexo ao re-
gulamento desse imposto denominada TIPI, Tabela de Incidência do Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados, é um documento onde consta a descrição genérica do produto,
a sua codificação e a alíquota do imposto. Essas alíquotas variam de 0 a 300%, depen-
dendo da essencialidade do produto, por exemplo: gêneros alimentícios industrializados
têm alíquota zero de IPI; nos cigarros, a alíquota chega a 300%.

A base de cálculo para a cobrança desse imposto é obtida com a soma do valor do
produto mais as despesas acessórias, definidas como frete, seguro e outras.

Valor do IPI = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto +


Frete + Seguro + Outras Despesas Acessórias)

Programa de Integração Social - PIS


Na década de 70 quando foi criada, os recursos arrecadados eram utilizados para
integrar os trabalhadores na vida e no desenvolvimento da empresa. A partir de 1.988,
com a promulgação da Constituição, essa contribuição passou a ser uma contribuição
social nos termos do artigo 195, inciso I, daquele diploma legal:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos prove-
nientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na for-


ma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou


creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro.

A partir daí, os recursos arrecadados passaram a ser utilizados nos programas sociais do
governo, como, por exemplo, o Seguro Desemprego, Minha Casa Minha Vida, entre outros.

Essa contribuição incide sobre a receita bruta das empresas; entre outras, tem como
principal característica ser cobrada no regime cumulativo e não cumulativo, dependendo
da forma de tributação do Imposto de Renda do contribuinte ou ainda dependendo do
produto ou serviço fornecido.

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Como sabemos, no regime não cumulativo é possível recuperar o valor da contribui-
ção paga na fase anterior, e é aí que começam os problemas para o Gestor de Tributos,
dada a extrema complexidade da legislação que rege essa contribuição e também a
COFINS, que veremos a seguir.

Para você, aluno(a), ter uma ideia dessa complexidade, consulte em: https://bit.ly/2JcM9Vj
a coletânea da Legislação elaborada pela Receita Federal do Brasil sobre essas duas con-
tribuições. Você vai encontrar um livro em PDF com exatas 1.826 páginas, com textos das
legislações sobre essas contribuições. São Leis, Decretos, Portarias, Atos Declaratórios,
Instruções Normativas, e isso porque não contempla as Soluções de Consulta, Soluções de
Divergência, decisões do Supremo Tribunal Federal e outros, que podem ser facilmente en-
contrados no site da Receita Federal do Brasil, e mais: veja que é uma obra editada em 2014,
portanto não atualizada há mais de quatro anos.

Cada novo governo no Brasil promete mexer nessa legislação, bem como implantar
uma reforma tributária, mas infelizmente tudo fica só no discurso.

No que diz respeito a impostos no Brasil, vivemos do quanto mais complexo melhor;
em muitos casos vale a subjetividade do contribuinte, que na maioria das vezes é diferen-
te da subjetividade do fisco.

Base de Cálculo do PIS


Valor do PIS = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto + Frete +


Seguro + Outras Despesas Acessórias + Outras Receitas)

A Alíquota do PIS é diferenciada para as empresas tributadas pelo Lucro Real e Lucro
Presumido, veja:

Para as empresas tributadas pelo Lucro Real, desde fevereiro de 1.999 a Receita
Federal determinou que a base de cálculo da contribuição seria todas as receitas da
empresa, ou seja, além da receita de vendas, passou a incluir também as receitas finan-
ceiras, os ganhos de capital na venda de ativos e outras, a alíquota aplicável passou a
ser 1,65%.

Já para as empresas tributadas pelo Lucro Presumido, a partir de maio de 2009 a


alíquota passou a ser de 0,65% e cobrada sobre a receita bruta auferida.

Regime de Reconhecimento das Receitas


Pêgas (2018, p.228) nos ensina que:

23
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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

As empresas tributadas pelo lucro presumido podem utilizar escritu-


ração contábil regular (livro diário ou razão) ou escrituração apenas
do livro-caixa. As empresas que mantêm apenas o livro-caixa devem
observar o seguinte:

1. emitir a nota fiscal quando da entrega do bem ou direito ou da


conclusão do serviço;

2. indicar no livro-caixa, em registro individual, a nota fiscal a que


corresponder cada recebimento.

A pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no


lucro presumido pode utilizar o regime de caixa no reconhecimen-
to de suas receitas, mesmo que tenha escrituração contábil regular.
No entanto, o regime de caixa, quando utilizado para fins da incidên-
cia das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, deve ser obriga-
toriamente utilizado também em relação ao IRPJ e CSLL.

Isso é muito bom para as empresas. Em que pese ser um pouco trabalhoso o contro-
le, dá um fôlego financeiro ao caixa da organização, uma vez que a contribuição é paga
somente após o recebimento da receita. Nas empresas, tão importante quanto a Gestão
Tributária é o Planejamento financeiro.

COFINS – Contribuição para o


Financiamento da Seguridade Social
Criada em 1991 com o nome de Finsocial, pelo Decreto-Lei 1940, inicialmente com
uma alíquota que variava de 0,5 a 5,0%, teve o seu nome mudado para COFINS em
1991, passando a incidir sobre o faturamento das empresas conforme nos relata Pêgas
(2018, p. 225):
A COFINS possuía, inicialmente, as mesmas características do antigo
FINSOCIAL, sendo cobrada sobre o faturamento, que representa as
receitas de vendas e serviços de todas as pessoas jurídicas, exceto as
sociedades cooperativas, sociedades civis de profissão regulamentada
e as entidades beneficentes de assistência social. As instituições fi-
nanceiras e equiparadas também não eram contribuintes da COFINS,
mas pagavam alíquota mais elevada de contribuição social sobre o
lucro em relação às demais pessoas jurídicas.

Depois de várias alterações na legislação que rege essa contribuição, hoje ela tem as
mesmas características do PIS no que diz respeito à base de cálculo, formas de tributa-
ção, cumulatividade e não cumulatividade, e é também uma Contribuição Social cujos
recursos arrecadados são destinados ao financiamento da assistência Social, Previdência
Social, Saúde Pública e outras destinações.

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Base de Cálculo da CONFINS
Valor da COFINS = Base de cálculo * (Alíquota / 100)

Sendo que:

Base de cálculo = (Valor do Produto + Frete + Seguro +


Outras Despesas Acessórias + Outras Receitas)

A Alíquota Base de cálculo da COFINS também é diferenciada para as empresas


tributadas pelo Lucro Presumido e Lucro Real, sendo respectivamente de 3,0% e 7,6%.
Lembrando mais uma vez que as empresas tributadas pelo Lucro Real podem descontar
créditos da contribuição paga na fase anterior e também de algumas despesas necessá-
rias para a obtenção da receita conforme regras previstas na legislação.

Regime de Reconhecimento das Receitas


Conforme citado anteriormente, as características das duas contribuições são idênti-
cas, inclusive na possibilidade de opção para definição da base de cálculo, pelo regime
de caixa ou de competência.

ISSQN – Imposto sobre Serviços


de Qualquer Natureza
O ISSQN, mais conhecido em todas as Bibliografias como ISS, é de competência mu-
nicipal e incide sobre os serviços prestados, conforme nos ensina Oliveira (2013, p. 164):
O ISS é um tributo indireto de competência dos municípios inciden-
te sobre serviços de qualquer natureza. Esse imposto tem como fato
gerador a prestação, por empresa ou profissional autônomo, com ou
sem estabelecimento fixo, de serviço constante da Lei Complementar
nº 116 de 31 de julho de 2003.

A Lei Complementar 116/2003 foi sancionada com a finalidade de padronizar al-


guns pontos principais das legislações do ISS dos municípios brasileiros, pois até então,
os municípios travavam uma guerra fiscal, muitos cobravam alíquotas menores para
atrair mais contribuintes. Há relatos de municípios que em um único endereço tinham
mais de 50.000 contribuintes, ou seja, as empresas estabeleciam-se em um município
onde a alíquota do ISS do seu serviço era menor, porém sua sede operacional era em
outro município.

Atento a esse fato, o legislador resolveu unificar a legislação estabelecendo os servi-


ços e as alíquotas mínima e máxima do tributo, que seriam iguais em todo o território

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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

nacional. Mas ainda assim, torna-se uma legislação complexa, porque temos no Brasil
mais de 5.500 municípios e, mesmo padronizada, ainda existem aspectos da lei que fi-
cam por conta dos municípios, o que obriga o Gestor Tributário a conhecer a legislação
do ISS do município em que sua empresa presta ou vai prestar serviços.

Base de Cálculo Do ISS


O art. 7º da Lei Complementar nº 116/2003 prescreve que “a base de cálculo do im-
posto é o preço do serviço”. Antes de determinarmos a Base de cálculo, é necessário ob-
servar os parágrafos 1º e 2º do citado artigo porque esses preveem algumas exceções,
visto que para alguns serviços é permitido descontar da base de cálculo alguns valores a
título de insumos ou serviços tomados de terceiros para a execução do serviço prestado.

Outra atenção necessária ao calcular o ISS é saber onde o imposto será devido, visto
que a mesma legislação prevê que para alguns serviços constantes da relação o ISS é de-
vido no local do estabelecimento do prestador, e para outros o imposto é devido no muni-
cípio do tomador, por isso é necessário ficar atento para não fazer recolhimento irregular.

Alíquotas do ISS
Nos termos da Lei Complementar 116/2003, as alíquotas do ISS são:
• Alíquota mínima 2%;
• Alíquota máxima 5%.

Caro(a) aluno(a), finalizaremos aqui esta unidade.

Bons estudos!

E não se esqueça de consultar os materiais complementares indicados a seguir, eles


o(a) ajudarão a compreender melhor esse conteúdo e preparar-se para a segunda uni-
dade da disciplina.

26
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
https://ibpt.com.br/

Livros
Manual de Contabilidade Tributária
PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9ª ed. São Paulo:
Atlas, 2017.

Leitura
Regulamento do ICMS
https://bit.ly/2GYIhof
Constituição da República Federativa do Brasil
https://bit.ly/1dFiRrW

27
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UNIDADE
Sistema Tributário Nacional – Tributos Incidentes

Referências
BRASIL. Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 07 fev. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em:
15 jan. 2019.

BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento tributário: IPI, ICMS, ISS e IR - eco-


nomia de impostos, racionalização de procedimentos fiscais, relevantes questões tri-
butárias, controvertidas questões tributárias, complexas questões tributárias, questões
avançadas no universo da governança tributária. 14ª ed. rev. e atualizada. São Paulo:
Atlas, 2015.

CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento tributário na prática: gestão tributária


aplicada. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2017.

OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade tributária. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de contabilidade tributária. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2018.

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GestãoTítulo
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Aqui e
Inserir TítuloFiscal
Inteligência Aqui
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. José Carlos Pereira de Almeida

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
A Prática da Gestão Tributária em Relação
aos Impostos Incidentes sobre Operações
com Mercadorias e Serviços

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Fonte: Getty Images


• Os Impostos Incidentes sobre as Operações com Mercadorias
e Serviços (ICMS, PIS, COFINS, IPI, ISS).

Objetivos
• Conhecer o mecanismo de débito e crédito dos impostos cumulativos e não cumulativos
incidentes sobre operações com mercadorias;
• Conhecer o mecanismo de cobrança do ICMS na modalidade de Substituição Tributária.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Contextualização
Caro(a) aluno(a),

A Gestão Tributária, infelizmente e com raras exceções, não é levada muito a sério
pelo empresariado no Brasil. Muitas vezes, pela dificuldade do entendimento da com-
plexa legislação fiscal, ele abre mão de um controle mais rígido e efetivo sobre a tribu-
tação das suas operações, o que é uma decisão muito errada. Às vezes, o empresário
reclama da alta carga tributária, mas na sua grande parte não se preocupa em conhecer
mecanismos legais de redução dessa carga.

A Gestão Tributária é e deve ser vista como forma de Planejamento Tributário que
visa à redução de tributos de forma legal, a chamada elisão fiscal, que é quando o empre-
sário recolhe o menor imposto de forma legal e com base na legislação. A elisão fiscal
deve acontecer antes do surgimento do fato gerador, seja ele comercial, industrial ou de
serviços. Quando o empresário usa meios não planejados para pagar menos impostos,
provavelmente estará praticando a evasão fiscal, que é prejudicial para o estado e é um
crime previsto na legislação.

Estamos em um país que tem uma das maiores cargas tributárias do mundo e qual-
quer esforço que possa ser empreendido para a redução de custos, redução de desem-
bolso com tributos e maximização dos resultados deve ser implantado, executado e
acompanhado com muito interesse, pois é nele que está o sucesso do empreendimento.

Nesse sentido, e para reforçar o nosso ponto de vista, vamos reproduzir a seguir o comen-
tário dos profissionais da Treasy Planejamento e Controladoria.
Planejamento Tributário: quanto mais amigo do leão, menor a mordida!
E o motivo disso é simples: em um país tão sobrecarregado de impostos e tributos como
o Brasil, por meio de estudos e análises comparativas Planejamento Tributário de tribu-
tação cumulativa ou não cumulativa, custos versus despesas, operações fiscais e variação
da carga tributária máxima ou mínima, é possível entender o recolhimento de todos os
impostos e, associado a isto, identificar oportunidades de redução de custos tributários
para sua empresa.
Para ler mais, faça o download do e-book. Disponível em: http://bit.ly/2Q62RqR

A partir de agora, você vai ter contato com os aspectos práticos da tributação das
operações com mercadorias nas empresas. Esse é o primeiro passo para a implantação
de uma Gestão Tributária eficiente, vamos lá?

6
Os Impostos Incidentes sobre as Operações
com Mercadorias e Serviços (ICMS, PIS,
COFINS, IPI, ISS)
Toda vez em que uma empresa, seja comercial, industrial ou prestadora de serviços,
efetua uma venda de mercadorias, de produtos ou de serviços, ela está sujeita ao reco-
lhimento de impostos sobre essa venda. Note que dissemos que “[...] ela está sujeita ao
recolhimento de impostos [...]”, isso porque quem paga os impostos é quem adquire a
mercadoria ou o serviço, pois no preço contratado já estão embutidos os impostos inci-
dentes na operação.

Por outro lado, quando essas mesmas empresas adquirem mercadorias ou matérias-
-primas, elas se creditam dos impostos e contribuições incidentes na operação. Ao final
de cada período, normalmente no final do mês, temos que fazer um encontro de contas
para determinar o quanto será recolhido de cada imposto ou contribuição.

A seguir, apresentaremos de forma resumida esses impostos que já foram vistos com
mais detalhes na unidade anterior.
• ICMS: Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações é um imposto de
competência estadual e, conforme o próprio nome indica, ele incide sobre a circu-
lação de mercadorias, suas alíquotas variam de acordo com categoria ou essencia-
lidade da mercadoria.
• PIS: Programa de Integração Social é uma contribuição de competência da União
que utiliza os recursos arrecadados para aplicação em seus Programas Sociais, tais
como: seguro desemprego, abono salarial e outros previstos em lei. Essa contribui-
ção tem duas modalidades de tributação, a cumulativa e a não cumulativa, e está
sujeita às alíquotas de 0,65% e 1,65% respectivamente. Mais adiante, explicaremos
melhor as expressões “cumulativa” e “não cumulativa”.
• COFINS: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social também é uma
Contribuição de Competência da União, que utiliza seus recursos para o financia-
mento da Previdência Social, da Saúde e também para a Assistência Social. Essa
Contribuição também é cobrada em duas modalidades de tributação, a cumulativa
e a não cumulativa, e está sujeita às alíquotas de 3,0% e 7,6% respectivamente.
• IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados é um imposto de competência Federal
e incide sobre a fabricação de produtos, assim, é devido basicamente pelas indús-
trias, e, por ser um imposto, não tem destinação específica, ou seja, o governo uti-
liza os recursos dessa arrecadação para cumprir as determinações do orçamento da
União, e suas alíquotas também variam de acordo com a necessidade do produto.
• ISS: Legalmente conhecido como ISSQN, é um imposto de competência Municipal
e incide sobre a prestação de serviços, suas alíquotas variam de 0 a 5%.

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7
UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Feita a revisão dos principais impostos e contribuições incidentes sobre as operações


com mercadorias, produtos e serviços, é muito importante que você entenda que, quan-
do a empresa adquire uma mercadoria para revenda ou matéria-prima para industria-
lização, junto com preço acertado com o fornecedor estão embutidos os impostos que
devem ser recuperados dependendo da forma de tributação da empresa, para facilitar.
Antes de mostrar as diferença entre os impostos cumulativos e não cumulativos, vamos
a um exemplo sobre os impostos embutidos no preço da mercadoria ou matéria-prima,
mas, antes, cabe um esclarecimento:

Você leu na unidade anterior e nesta unidade os termos “cumulativo” e “não cumula-
tivo” para o cálculo do PIS e da Cofins, e que a forma de cálculo está vinculada à forma
de tributação do Imposto de Renda das Empresas. Vamos de forma muito resumida – até
porque será tema de outras unidades desta disciplina – explicar as formas de tributação
do Imposto de Renda das empresas:

Além do ICMS, PIS, Cofins, IPI, ISS sobre as operações, as empresas recolhem
também o Imposto de Renda e a Contribuição Social com base no lucro apurado em
determinado período. Esse lucro pode ser apurado, entre outras formas, de acordo com
as regras do Lucro Real ou do Lucro Presumido.

O cálculo com base no Lucro Real exige escrituração contábil feita de acordo com os
rigores da legislação, pois tem como base o lucro que a empresa apresenta em determi-
nado período. As empresas que optam ou são obrigadas a essa forma de apuração do
lucro recolhem o PIS e a Cofins na modalidade não cumulativa, salvo exceções.

O cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social com base no Lucro Pre-


sumido é mais simplificado, pois leva em consideração um percentual sobre as receitas
da empresa, as empresas que optam por essa forma de tributação recolhem o PIS e a
Cofins na modalidade cumulativa. Não se preocupe com isso agora, como dissemos,
esse assunto será tratado adequadamente nas próximas unidades, essa explicação foi
somente para você não ficar perdido ao ler os termos “cumulativo” e “não cumulativo”.

Exemplo: A Empresa Comercial São Jorge, adquiriu à vista um lote de mercadorias


para revenda por R$ 100.000,00. Nesse valor estão embutidos ICMS de 18%, PIS de
1,65%, Cofins de 7,6%. Assim, graficamente, a situação dessa nota fiscal de aquisição
de mercadorias é a seguinte:

Mercadorias = 72,75%
ICMS = 18%
PIS = 1,65%
COFINS = 7,6%

Figura 1

8
Analisando o gráfico acima, concluímos que o custo da mercadoria adquirida equi-
vale a 72,75%, ou seja, R$ 72.750,00, esse é o valor que será registrado como entrada
no estoque, e, para o controle dos impostos que serão pagos pela empresa, devemos
“guardar”, para compensar futuramente o PIS, a Cofins e o ICMS.

Antes de nos aprofundarmos mais nessas questões de controle de impostos, vamos


tratar de entender as formas cumulativas e não cumulativas dos impostos incidentes so-
bre as operações com mercadorias ou matérias-primas.
• Impostos Cumulativos: São os impostos e contribuições que incidem em todas as
fases da produção ou comercialização, é uma forma de tributação que onera em
muito o preço final do produto, porque os tributos são cobrados em cascata. Vamos
ver um exemplo de um produto com essa forma de tributação em relação ao PIS e
à COFINS:

Exemplo: O Produto XYZ é fabricado pela Cia. “A” e tem a seguinte cadeia de co-
mercialização:
1. A Cia. “A” vende esse produto para a Cia. “B” que é uma distribuidora por
R$ 1.000,00.
2. A Cia. “B” revende o produto para a Cia. “C” que é uma comercial atacadista
por R$ 1.800,00.
3. A Cia. “C” revende o produto para a Cia. “D” que é um supermercado por
R$ 2.200,00.
4. A Cia. “D” vende o produto para o consumidor final por R$ 2.800,00.

A soma das alíquotas do PIS e da Cofins para esse produto é de 3,65% (0,65% para
o PIS e 3,0% para a Cofins, veja como fica a arrecadação dessas contribuições por parte
do Governo Federal:

Tabela 1
Fases da Comercialização
Produto XYZ CIA “A” CIA “B” CIA “C” CIA “D”
Venda R$ 1.000,00 R$ 1.800,00 R$ 2.200,00 R$ 2.800,00
PIS + COFINS a recolher R$ 36,50 R$ 65,70 R$ 80,30 R$ 102,20

Observe que cada um dos envolvidos na comercialização do produto XYZ, ao vendê-lo


recolheu 3,65% sobre o valor da transação, assim, do fabricante até o consumidor final o
Governo Federal arrecadou R$ 284,70 (R$ 36,50 + R$ 65,70 + R$ 80,30 + R$ 102,20),
você entendeu por que dissemos acima que essa forma de tributação onera o preço final
do produto? Veja que no exemplo acima, a alíquota nominal desses tributos é 3,65%, po-
rém, por incidirem em cascata, se compararmos o valor arrecadado pelo Governo Federal
com o preço final do produto, encontraremos uma alíquota efetiva de 10,17%.
• Impostos não Cumulativos: Os impostos e contribuições cobrados de forma não
cumulativa também incidem em todas as fases da produção ou comercialização, po-
rém, ao comerciante é permitido descontar o imposto pago na fase anterior, é uma
forma de tributação mais justa e menos onerosa porque o tributo passa a incidir

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

somente sobre o valor agregado. Para que fique bem clara para você a diferença
entre as duas formas de tributação, vamos aproveitar o mesmo exemplo acima e
mostrar quanto seria arrecadado pelo Governo Federal a título de PIS e Cofins,
lembrando que nessa modalidade de tributação as alíquotas do PIS e da Cofins são
respectivamente 1,65% e 7,60%:

Exemplo: O Produto XYZ é fabricado pela Cia. “A” e tem a seguinte cadeia de
comercialização:
1. A Cia. “A” vende esse produto para a Cia. “B” que é uma distribuidora por
R$ 1.000,00.
2. A Cia. “B” revende o produto para a Cia. “C” que é uma comercial atacadista
por R$ 1.800,00.
3. A Cia. “C” revende o produto para a Cia. “D” que é um supermercado por
R$ 2.200,00.
4. A Cia. “D” vende o produto para o consumidor final por R$ 2.800,00.

A soma das alíquotas do PIS e da Cofins para esse produto é de 9,25% (1,65% para
o PIS e 7,6% para a Cofins, veja como fica a arrecadação dessas contribuições por parte
do Governo Federal:

Tabela 2
Fases da Comercialização
Produto XYZ CIA “A” CIA “B” CIA “C” CIA “D”
Venda R$ 1.000,00 R$ 1.800,00 R$ 2.200,00 R$ 2.800,00
PIS + COFINS a recolher R$ 92,50 R$ 166,50 R$ 203,50 R$ 259,00
(-) Crédito da Fase Anterior R$ - -R$ 92,50 -R$ 166,50 -R$ 203,50
Total a Recolher R$ 92,50 R$ 74,00 R$ 37,00 R$ 55,50

Observe agora que cada um dos envolvidos na cadeia de comercialização desse pro-
duto recolheu a título de PIS e Cofins somente a diferença entre o valor devido pela ven-
da e o valor pago na aquisição do produto. Dessa forma, o Governo Federal arrecadou
R$ 259,00 (R$ 92,50 + R$ 74,00 + R$ 37,00 + R$ 55,50), permanecendo a alíquota
efetiva em 9,25%.

A modalidade de cobrança do ICMS é a não cumulativa para todas as empresas


comerciais ou industriais, independente da forma de tributação do Imposto de Renda,
exceto para as microempresas e empresas de pequeno porte que veremos em outras
unidades da disciplina.

Já com relação ao PIS e à Cofins, podem ser cobrados em qualquer uma das mo-
dalidades dependendo da forma de tributação das empresas. Regra geral, as empresas
tributadas com base no Lucro Real recolhem essas contribuições na modalidade não
cumulativa e as empresas tributadas com base no Lucro Presumido as recolhem na mo-
dalidade cumulativa, salvo algumas exceções previstas na legislação.

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Veja que a não cumulatividade do ICMS é válida para qualquer que seja a forma de
tributação do Imposto de Renda da empresa. Para demonstrar, vamos utilizar o mesmo
exemplo dado para o cálculo do PIS e Cofins, tomando por base o ICMS. Veja:

Exemplo: O Produto XYZ é fabricado pela Cia. “A” e tem a seguinte cadeia de comer-
cialização:
1. A Cia. “A” vende esse produto para a Cia. “B” que é uma distribuidora por
R$ 1.000,00.
2. A Cia. “B” revende o produto para a Cia. “C” que é uma comercial atacadista
por R$ 1.800,00.
3. A Cia. “C” revende o produto para a Cia. “D” que é um supermercado por
R$ 2.200,00.
4. A Cia. “D” vende o produto para o consumidor final por R$ 2.800,00.

Esse produto sofre a incidência do ICMS à alíquota de 18% em todas as fases de co-
mercialização. Veja como fica a arrecadação por parte do Governo Estadual:

Tabela 3
Fases da Comercialização
Produto XYZ CIA “A” CIA “B” CIA “C” CIA “D”
Venda R$ 1.000,00 R$ 1.800,00 R$ 2.200,00 R$ 2.800,00
ICMS a recolher R$ 180,00 R$ 324,00 R$ 396,00 R$ 504,00
(-) Crédito da Fase Anterior R$ - -R$ 180,00 -R$ 324,00 -R$ 396,00
Total a Recolher R$ 180,00 R$ 144,00 R$ 72,00 R$ 108,00

Observe que cada um dos envolvidos na cadeia de comercialização desse produto


recolheu a título de ICMS somente a diferença entre o valor devido pela venda e o valor
pago na aquisição do produto, ou seja, o imposto incidiu sobre o valor agregado entre
uma fase e outra. Dessa forma, o Governo Estadual arrecadou R$ 504,00 (R$ 180,00
+ R$ 144,00 + R$ 72,00 + R$ 108,00), permanecendo a alíquota efetiva em 18%.

Como dissemos anteriormente, quem paga o tributo é quem consome a mercadoria,


compete ao empresário somente recolher o imposto que ele embutiu ao formar o preço
de venda. O ICMS tem a característica de ser cobrado por dentro do preço, ou seja, ao
adquirir a mercadoria, você está também adquirindo o imposto. Veja um exemplo de
como embutir o ICMS no preço de venda:

Exemplo: Determinado comerciante adquiriu um lote de mercadorias por R$ 10.000,00.


Nesse valor está embutido o ICMS de 18%, ou seja, R$ 1.800,00, o comerciante pretende
vender essas mercadorias com um lucro de 20% sobre o preço de venda e também
embutindo o ICMS de 18%. Uma vez que a operação será dentro do estado, vamos ajudá-
-lo a formar o preço de venda?

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A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

1ª Etapa – Determinação Do Custo Da Mercadoria

Valor Pago pela Mercadoria R$ 10.000,00


(-) ICMS Creditado 18% -R$ 1.800,00
Custo da Mercadoria R$ 8.200,00

Observe a diferença entre valor pago e custo: o custo das mercadorias é o valor pago
pela mesma menos os tributos recuperáveis, conforme determina o Regulamento do
Imposto de Renda – Decreto 9.580/2018, em seu artigo 301, que nos ensina o seguinte:
Art. 301. O custo das mercadorias revendidas e das matérias-primas
utilizadas será determinado com base em registro permanente de es-
toques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o livro de
inventário, no fim do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, art. 14).

§ 1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda


compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do
contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou na importação
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 13).

§ 2º Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de


aquisição.

§ 3º Os impostos recuperáveis por meio de créditos na escrita fiscal


não integram o custo de aquisição.

Observe que, no parágrafo terceiro do referido artigo, o legislador determina expres-


samente que não faz parte do custo da mercadoria os tributos recuperáveis, como é o
caso do ICMS, entre outros.

Vamos ajudar o comerciante?

Fórmula para determinação do preço de venda com o lucro sobre o preço de venda:

CUSTO
PV 
1  ( ICMS  LUCRO) / 100

Onde:
• PV = Preço de venda
• CUSTO = Valor da mercadoria sem os impostos recuperáveis
• ICMS = Alíquota do ICMS
• LUCRO = Percentual do lucro desejado

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Assim, temos:

R$ 8.200, 00
PV 
1  (18  20) / 100
R$ 8.200, 00
PV 
1  (38) / 100
R$ 8.2000, 00
PV 
1  0, 38
R$ 8.200, 00
PV 
0, 62
PV  R$ 13.225, 81

Vamos ver agora se nós conseguimos ajudar o comerciante, e se ele vai obter o re-
sultado esperado:

Preço de Venda R$ 13.225,81


(-) ICMS 18% -R$ 2.380,65
(=) Receita Líquida R$ 10.845,16
(-) Custo -R$ 8.200,00
(=) Lucro Obtido R$ 2.645,16

Observe que alcançamos o objetivo que era incluir o ICMS no preço de venda e ainda
sobrar um lucro de 20%, o valor do lucro obtido R$ 2.645,16 é o equivalente a 20%
sobre o preço de venda.

Vamos agora demonstrar o impacto que essa operação trouxe ao caixa da empresa:

Entrada no Caixa pela Venda R$ 13.225,81


(-) Recolhimento do ICMS (R$ 2.380,65-R$ 1.800,00) -R$ 580,65
(-) Pagamento ao Fornecedor -R$ 10.000,00
(=) Caixa gerado pela Operação R$ 2.645,16

Veja que, depois da entrada no caixa do valor da venda e pagos o fornecedor e o


imposto, restou exatamente o lucro desejado pelo comerciante. Isso vem a comprovar o
que já dissemos aqui, que o comerciante recolhe o imposto, quem o paga é o consumi-
dor em cada uma das fases da comercialização do produto.

Observe que, caso o comerciante quisesse o lucro sobre o preço de custo, a fórmula
seria a seguinte:

CUSTO  LUCRO
PV 
1  ( ICMS ) / 100

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Experimente desenvolver o mesmo exemplo com essa fórmula e veja a que resultado
você chegará.

Para fixar melhor o entendimento de custo e preço, vamos a um exemplo mais com-
pleto, envolvendo além do ICMS, o PIS, a Cofins e o IPI.

Exemplo: A Cia. São João exerce a atividade de Comércio Varejista de Calçados,


está estabelecida em São Paulo, e recolhe o Imposto de Renda de acordo com as regras
do Lucro Real. Adquiriu recentemente 400 pares de calçados da Indústria Calçadista Pé
de Pano Ltda., estabelecida no estado do Rio de Janeiro, ao valor unitário de R$ 60,00
cada um com IPI de 10%, mais frete e seguro da ordem de 1.200,00. O Sr. João, pro-
prietário da empresa, determinou que os calçados fossem vendidos com um lucro de
15% sobre o preço de venda, incluindo também nesse preço a comissão dos vendedores
que é de 7%. Cabe a você fazer os cálculos e determinar o preço de venda de cada par
de calçado.

Importante citar que a Cia. São João é varejista, assim, não terá direito ao crédito
do IPI sobre a compra dos calçados. Nesse caso, esse tributo não é recuperável, ele fará
parte do custo das mercadorias.

Resolução:

Vamos assumir que a nota fiscal tenha as seguintes informações:

Tabela 4
DESCRIÇÃO R$ UNITÁRIO TOTAL ALÍQ. ICMS ALÍQ. IPI
400 Pares de sapato modelo abc R$ 60,00 R$ 24.000,00 12 % 10 %
DESPESAS ACESSÓRIAS FRETE+SEGURO R$ 1.200,00

BASE DE CÁLCULO DO ICMS R$ 25.200,00 VALOR DO ICMS R$ 3.024,00


BASE DE CÁLCULO DO IPI R$ 25.200,00 VALOR DO IPI R$ 2.520,00
TOTAL DA NOTA FISCAL R$ 27,720,00
(*) o valor total da nota compreende as mercadorias mais o IPI e as despesas
acessórias, o ICMS já está embutido no preço.

1. Determinação do Custo dos Calçados

Tabela 5
TOTAL POR UNIDADE
TOTAL DA NOTA FISCAL R$ 27.720,00 R$ 69,30
(-) ICMS -R$ 3.024,00 -R$ 7,56
(-) PIS -R$ 415,80 -R$ 1,04
(-) COFINS -R$ 1.915,20 -R$ 4,79
(=) CUSTO R$ 22.365,00 R$ 55,91
(*) observe que o ICMS, PIS e Cofins foram calculados sobre R$ 25.200,00 nesse caso,
o IPI faz parte do custo do calçado em razão de o adquirente ser uma empresa comercial.

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2. Determinação do Preço de Venda

Já conhecemos a fórmula do preço de venda, que nesse exemplo será a seguinte:

CUSTO
PV 
1  ( ICMS  PIS  COFINS  COMISSÃO  LUCRO ) / 100
R$ 55, 91
PV 
1  (18  1, 65  7, 60  7  15) / 100
R$ 55, 91
PV 
1  (49, 25) / 100
R$ 55, 91
PV 
1  (0, 4925)
R$ 55, 91
PV 
0, 5075
PV  R$ 110,17

Agora, vamos mostrar para o comerciante como ficará o seu lucro e o seu caixa após
a venda de todos os calçados adquiridos:
a) Demonstração do lucro alcançado:

Tabela 6
VENDA (400 X R$ 11,17) R$ 44.068,00
(-) ICMS 18% -R$ 7.932,24
(-) PIS 1,65% -R$ 727,12
(-) COFINS 7,6% -R$ 3.349,17
(=) RECEITA LÍQUIDA R$ 32.059,47
(-) CUSTO -R$ 22.365,00
(=) LUCRO BRUTO R$ 9.694,47
(-) COMISSÕES -R$ 3.084,76
(=) LUCRO LÍQUIDO R$ 6.609,71

b) Situação do caixa após a venda de todos os pares de calçados:

Tabela 7
ENTRADA NO CAIXA PELA VENDA R$ 44.068,00
(-) PG. ICMS (R$ 7.932,24 - R$ 3.024,00) -R$ 4.908,24
(-) PG PIS (R$ 727,12 - R$ 415,80) -R$ 311,32
(-) PG. COFINS (R$ 3.349,17 - R$1.915,20) -R$ 1.433,97
(-) PG. AO FORNECEDOR -R$ 27.720,00
(-) PG. COMISSÕES -R$ 3.084,76
(=) SALDO FINAL DE CAIXA R$ 6.609,71

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

O saldo final em caixa é o mesmo valor do lucro apresentado na DRE. Isso confirma
que, quando a gestão da empresa é bem acompanhada, quando os custos e os impostos
recebem o tratamento correto, o resultado esperado sempre acontece.

Vamos agora demonstrar um exemplo mais completo com várias operações de com-
pras e vendas finalizando com o controle dos saldos dos tributos envolvidos:

A Loja de Departamentos ABC Ltda. é tributada pelo Lucro Real, está estabelecida
no estado de São Paulo, e efetuou durante o mês de Janeiro as seguintes operações
com mercadorias:
• 02/01: Aquisição de mercadorias da Indústria Alfa Ltda. no valor de R$ 15.000,00
embutido o ICMS de 18%, mais IPI de 5%;
• 03/01: Aquisição de mercadorias da Comercial Beta Ltda. no valor de R$ 10.000,00
embutido o ICMS de 12%;
• 04/01: Venda de mercadoria para o estado do Ceará por R$ 20.000,00 com
ICMS de 7%;
• 07/01: Aquisição de mercadorias da Comercial Avenida Ltda. no valor de
R$ 30.000,00 com ICMS de 12%;
• 08/01: Aquisição de mercadorias da Indústrias Delta Ltda. no valor de R$ 20.000,00
com ICMS de 18%; IPI 15%;
• 15/01: Venda de mercadorias por R$ 36.500,00 com ICMS de 18%;
• 22/01: Venda de mercadorias por R$ 45.000,00 com ICMS de 7%;
• 25/01: Aquisição de mercadorias da CIA. Alfa Ltda. por R$ 19.300,00 isentas
do ICMS;
• 28/01: Venda de mercadorias por R$ 28.300,00 isentas do ICMS;
• 30/01: Aquisição de mercadorias da Comercial Beta Ltda. por R$ 11.800,00
isentas de PIS e COFINS, com ICMS de 7%;
• 31/01: Venda de Mercadorias por R$ 32.780,00 isentas de PIS e COFINS, ICMS 18%.

Na prática, o registro dessas operações é feito em Livros Fiscais de Registro de entra-


das e de saídas que automaticamente apuram os saldos dos tributos. Vamos demonstrar
a seguir como é feita a gestão desses tributos.
a) Controle dos Créditos de ICMS PIS e Cofins: (Valores em R$)

Tabela 8
TOTAL DA BASE DE CÁLCULO ICMS BASE DE CÁLCULO PIS COFINS
DATA
NOTA FISCAL ICMS CREDITADO PIS E COFINS CREDITADO CREDITADO
02/JAN 15.750,00 15.000,00 2.700,00 15.000,00 247,50 1.140,00
03/JAN 10.000,00 10.000,00 1.200,00 10.000,00 165,00 760,00
07/JAN 30.000,00 30.000,00 3.600,00 30.000,00 495,00 2.280,00
08/JAN 23.000,00 20.000,00 3.600,00 20.000,00 330,00 1.520,00

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TOTAL DA BASE DE CÁLCULO ICMS BASE DE CÁLCULO PIS COFINS
DATA
NOTA FISCAL ICMS CREDITADO PIS E COFINS CREDITADO CREDITADO
25/JAN 19.300,00 - - 19.300,00 318,45 1.466,80
30/JAN 11.800,00 11.800,00 826,00 - - -
TOTAIS 109.850,00 86.800,00 11.926,00 94.300,00 1.555,95 7.166,80

b) Controle dos Débitos do ICMS PIS e Cofins: (Valores em R$)

Tabela 9
TOTAL DA BASE DE CÁLCULO ICMS BASE DE CÁLCULO COFINS
DATA PIS DEBITADO
NOTA FISCAL ICMS DEBITADO PIS E COFINS DEBITADO
04/JAN 20.000,00 20.000,00 1.400,00 20.000,00 330,00 1.520,00
15/JAN 36.500,00 36.500,00 6.570,00 36.500,00 602,25 2.774,00
22/JAN 45.000,00 45.000,00 3.150,00 45.000,00 742,50 3.420,00
28/JAN 28.300,00 - - 28.300,00 466,95 2.150,80
31/JAN 32.780,00 32.780,00 5.900,40 - - -
TOTAIS 162.580,00 134.280,00 17.020,40 129.800,00 2.141,70 9.864,80

Finalizado o mês, apuramos os seguintes valores referentes aos impostos incidentes


nas operações de compras e vendas da Loja de Departamentos ABC Ltda:

Tabela 10
ICMS PIS COFINS
Total Saldos Credores R$ 11.926,00 R$ 1.555,95 R$ 7.166,80
(-) Total Saldos Devedores -R$ 17.020,40 -R$ 2.141,70 -R$ 9.864,80
(=) Saldo a Recolher -R$ 5.094,40 -R$ 585,75 -R$ 2.698,00

O resumo acima nos aponta que a empresa apurou saldos a recolher nos três
tributos incidentes sobre suas operações. Uma vez que o total dos créditos refe-
rentes a esses tributos pelas entradas de mercadorias foi menor do que os débitos
pelas respectivas saídas, esses saldos deverão ser recolhidos aos cofres Estaduais
(ICMS) e Federais (PIS e COFIS), através de guias de recolhimento próprias no
mês seguinte ao da apuração, ou seja, fevereiro, conforme calendários de recolhi-
mentos estabelecidos pelos entes federativos.

Caso a Loja de Departamentos ABC Ltda. fosse tributada pelo Lucro Presumido,
iria recolher os mesmos tributos, porém, com formas de apuração diferentes, o ICMS
continuaria na modalidade não cumulativa porque esse imposto é sempre cobrado nessa
modalidade. Já com relação ao PIS e à Cofins, os valores seriam diferentes porque se-
riam cobrados na modalidade cumulativa, cujas alíquotas sobre o valor do faturamento
tributável seria respectivamente de 0,65% e 3,0%.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Considerando que o ICMS teria o mesmo valor, o PIS e a Cofins seriam calculados
da seguinte forma:

Tabela 11
BASE DE CÁLCULO PIS 0,65% COFINS 3,0%
R$ 129.800,00 R$ 843,70 R$ 3.894,00

Observe que a base de cálculo é a somas de todas as notas fiscais de vendas


tributadas para essas contribuições.

Podemos concluir que a diferença a recolher referente ao PIS e à Cofins é rela-


tivamente grande entre uma modalidade e outra de tributação. Assim, sugerimos
uma análise mais detalhada para apurar se não seria melhor e mais econômico que
a Loja de Departamentos ABC Ltda. fosse tributada pelo Lucro Presumido, a partir do
mês de janeiro do ano seguinte, considerando nessa análise os seguintes quesitos:
1. Os valores de compras e vendas serão constantes durante todo o ano, ou o mês
de janeiro foi um mês atípico?
2. A empresa reúne as condições necessárias para a tributação com base no
lucro presumido? Que, entre outras, são:
a) Ter registrado receita bruta no ano imediatamente anterior de até
R$ 81.000.000,00;
b) Não ter recebido lucros ou dividendos do exterior;
c) Não gozar de benefícios de incentivos fiscais.
1. A empresa dispõe de controles internos rigorosos quanto às suas despesas
e receitas?
2. A empresa conta com um profissional de contabilidade atuante e atualiza-
do quanto às regras de tributação das operações e do lucro para manter
um acompanhamento constante?
3. A rentabilidade final da empresa justifica a mudança de tributação?

Perceba que a decisão de mudar de forma de tributação deve ser muito bem
analisada uma vez que, depois de tomada, só poderá ser alterada no ano seguin-
te, ou seja, ela vale para todo o ano em curso.

Outra possibilidade de tributação para a empresa em questão seria a opção


pelo regime do “Simples Nacional” (Regime Especial Unificado de Arrecadação de
Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte),
estabelecido pela Lei Complementar 126/2006. Nesse caso, teríamos que fazer uma
análise muito mais detalhada, conforme veremos nas próximas unidades.

Vamos ver agora um exemplo de Gestão Tributária de uma indústria que ven-
de produtos sujeitos à substituição tributária do ICMS.

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Exemplo: A Indústria de Equipamentos Musicais Dó Menor Ltda., estabelecida
em São Paulo fabrica equipamentos musicais e os revende para todo o Brasil, a
empresa optou pela tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real e,
durante o mês de janeiro, efetuou as seguintes operações:
• Aquisição de matérias-primas para industrialização no valor de R$ 220.000,00.
Nesse valor, está incluído o IPI de 10% e o ICMS de 18%.
• Aquisição de materiais intermediários de produção no valor de R$ 55.000,00. Nes-
se valor, está incluído o IPI de 10% e o ICMS de 12%.
• Pagamento de aluguel à pessoa jurídica no valor de R$ 100.000,00 mediante recibo.
• Venda de produtos para o estado de São Paulo, no valor de R$ 190.000,00 (só os
produtos): essa venda foi tributada pelo ICMS em 18%, IPI, 10%, além do ICMS
Substituição Tributária cujo índice de valor agregado é de 55%.
• Venda de produtos para o Estado de São Paulo, no valor de R$ 70.000,00 (só os
produtos): essa venda foi tributada pelo ICMS em 18%, IPI, 10%, além do ICMS
Substituição Tributária, cujo índice de valor agregado é de 82%.
• Venda de um equipamento musical para pessoa física situada em São Paulo, pelo
valor de R$ 5.000,00 com ICMS de 18% e IPI de 10%.
• Prestação de serviços de manutenção de equipamentos musicais para clientes es-
tabelecidos na capital de São Paulo, no valor de R$ 20.000,00, operação sujeita
também ao ISS de 5%.

Com base nessas informações, efetue os cálculos necessários e apure os saldos dos
tributos a recolher.

Resolução: Vamos, em primeiro lugar, apurar os créditos de tributos das operações


1 a 3. (Valores em R$)

Tabela 12
TOTAL DA BASE DE BASE DE BASE DE
ICMS IPI PIS COFINS
OPERAÇÃO NOTA FISCAL/ CÁLCULO CÁLCULO CÁLCULO PIS
CREDITADO CREDITADO CREDITADO CREDITADO
RECIBO ICMS DO IPI E COFINS
1 220.000,00 200.000,00 200.000,00 36.000,00 20.000,00 200.000,00 3.300,00 15.200,00
2 55.000,00 50.000,00 50.000,00 6.000,00 5.000,00 50.000,00 825,00 3.800,00
3 100.000,00 - - - - 100.000,00 1.650,00 7.600,00
TOTAIS 375.000,00 250.000,00 250.000,00 42.000,00 350.000,00 5.775,00 26.600,00
Obs: o Pagamento do aluguel feito à pessoa jurídica dá direito ao crédito de PIS e Cofins.

Agora, vamos calcular os tributos originados pelas vendas, faremos isso individual-
mente dada a característica de cada operação, e apresentaremos um resumo no final:

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Operação Número 4:

Venda de produtos para o estado de São Paulo, no valor de R$ 190.000,00 (só os


produtos): essa venda foi tributada pelo ICMS em 18%, IPI, 10%, além do ICMS Substi-
tuição Tributária, cujo índice de valor agregado é de 55%.

Tabela 13
PRODUTOS R$ 190.000,00
(+) IPI 10% R$ 19.000,00
Base de Cálculo do ICMS da Operação Própria R$ 190.000,00
ICMS da Operação Própria 18% R$ 34.200,00
Base de Cálculo do ICMS de
R$ 323.950,00
Substituição Tributária
ICMS sobre a base de Cálculo da Subst. Tributária R$ 58.311,00
ICMS subst. Trib. (R$ 58.311,00 - 34.200,00) R$ 24.111,00
Base de Cálculo PIS e COFINS R$ 190.000,00
PIS 1,65% R$ 3.135,00
COFINS 7,6% R$ 14.440,00
Valor Total da Nota Fiscal (*) 233.111,00
(*) R$ 190.000,00 + R$ 19.000,00+R$ 24.111,00

Operação Número 5:

Venda de produtos para o Estado de São Paulo, no valor de R$ 70.000,00, (só os


produtos): essa venda foi tributada pelo ICMS em 18%, IPI, 10%, além do ICMS Substi-
tuição Tributária, cujo índice de valor agregado é de 82%.

Tabela 14
PRODUTOS R$ 70.000,00
(+) IPI 10% R$ 7.000,00
Base de Cálculo do ICMS da Operação Própria R$ 70.000,00
ICMS da Operação Própria 18% R$ 12.600,00
Base de Cálculo do ICMS de
R$ 140.140,00
Substituição Tributária
ICMS sobre a base de Cálculo da Subst. Tributária R$ 25.225,20
ICMS subst. Trib. (R$ 25.225,20 - 12.600,00) R$ 12.625,20
Base de Cálculo PIS e COFINS R$ 70.000,00
PIS 1,65% R$ 1.155,00
COFINS 7,6% R$ 5.320,00
Valor Total da Nota Fiscal (*) 89.625,20
(*) R$ 70.000,00 + R$ 7.000,00+R$ 12.625,20

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Operação Número 6:

Venda de um equipamento musical para pessoa física situada em São Paulo, pelo
valor de R$ 5.000,00 com ICMS de 18% e IPI de 10%.

Tabela 15
PRODUTOS R$ 5.000,00
(+) IPI 10% R$ 500,00
Base de Cálculo do ICMS (*) R$ 5.500,00
ICMS 18% R$ 990,00
Base de Cálculo PIS e COFINS R$ 5.000,00
PIS 1,65% R$ 82,50
COFINS 7,6% R$ 380,00
(*) Nas vendas da Indústria para pessoas fisicas,
o IPI integra a Base de Cálculo do ICMS

Operação Número 7:

Prestação de serviços de manutenção de equipamentos musicais para clientes esta-


belecidos na capital de São Paulo, no valor de R$ 20.000,00, operação sujeita também
ao ISS de 5%.

Tabela 16
Prestação de Serviços R$ 20.000,00
ISS 5% R$ 1.000,00
Base de Cálculo PIS e COFINS R$ 20.000,00
PIS 1,65% R$ 330,00
COFINS 7,6% R$ 1.520,00

Resumo dos Tributos Devidos Sobre as Operações de Vendas

Tabela 17
TRIBUTOS DEVIDOS
ICMS
OPERAÇÃO ICMS SUBST.
OPERAÇÃO IPI PIS COFINS ISS
TRIBUTÁRIA
PRÓPRIA
4 R$ 34.200,00 R$ 24.111,00 R$ 19.000,00 R$ 3.135,00 R$ 14.440,00 0
5 R$ 12.600,00 R$ 12.625,20 R$ 7.000,00 R$ 1.155,00 R$ 5.320,00 0
6 R$ 990,00 R$ - R$ 500,00 R$ 82,50 R$ 380,00 0
7 R$ - R$ - 0 R$ 330,00 R$ 1.520,00 R$ 1.000,00
TOTAIS R$ 47.790,00 R$ 36.736,20 R$ 26.500,00 R$ 4.702,50 R$ 21.660,00 R$ 1.000,00

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Feitos os cálculos dos tributos recuperáveis nas entradas e devidos nas saídas de
produtos e serviços, agora vamos ao resumo mensal de apuração dos saldos a recolher
ou recuperar.

Tabela 18
APURAÇÃO DOS SALDOS DOS TRIBUTOS A RECOLHER
ICMS
ICMS SUBST.
OPERAÇÃO IPI PIS COFINS ISS
TRIBUTÁRIA
PRÓPRIA
TOTAL DOS CRÉDITOS
R$42.000,00 R$ - R$ 25.000,00 R$ 5.775,00 R$ 26.600,00 R$ -
PELAS ENTRADAS
(-) TOTAL DOS DÉBITOS
-R$ 47.790,00 -R$ 36.736,00 -R$ 26.000,00 -R$ 4.702,50 -R$ 21.660,00 -R$ 1.000,00
PELAS SAÍDAS
(=) SALDO A
-R$ 5.790,00 -R$ 36.736,00 -R$ 1.500,00 R$ 1.072,50 R$ 4.940,00 -R$ 1.000,00
RECOLHER/ RECUPERAR

De acordo com as operações realizadas pela empresa, no mês de janeiro, foram


apurados saldos a recolher do ICMS, ICMS Substituição Tributária, IPI e ISS. Verifique
que, no que diz respeito ao PIS e à Cofins, a empresa apurou saldo credor dessas contri-
buições, assim, ficou com um saldo a recuperar que será utilizado no mês seguinte. Isso
é comum, na apuração de impostos nas empresas, quando os créditos pelas compras
de mercadorias, matérias-primas ou serviços são maiores do que o valor a débito pelas
saídas de produtos, mercadorias ou serviços.

Caro(a) aluno(a), mostramos para você através dos exemplos acima como fazer a ges-
tão tributária das operações de compras e vendas das empresas, porém, é importante
saber que o processo de gestão tributária não se resume somente a isso. Vários outros
aspectos referentes a tributos precisam ser analisados para que a decisão de diminuir a
carga tributária da empresa seja a mais correta possível. Existem possibilidades de que
isso aconteça, com base nas diversas legislações que regem os tributos, nesse processo,
podem aparecer soluções milagrosas oferecidas por profissionais inescrupulosos. Essas
devem ser evitadas a qualquer custo, pois não ajudam, e trazem muitos problemas para a
empresa. Hoje, o fisco de maneira geral conta com muitos instrumentos de fiscalização
que não dependem mais da presença do agente fiscal na empresa para efetuar levanta-
mentos. Nas próximas unidades, vamos mostrar o que chamamos de inteligência fiscal,
que nada mais é do que o fisco utilizando as tecnologias para detectar sonegações e
irregularidades nas apurações de impostos.

O fisco no Brasil é muito atuante, toda vez em que ele percebe que há uma brecha
na legislação que permita à empresa economizar com tributos, ele altera a legislação
para impedir essa manobra legal. Por isso nós profissionais dessa área precisamos
sempre estar à frente do fisco, para que possamos ter vantagens, nem que sejam por
tempo limitado.

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A Gestão Tributária não está só nas operações com compras e vendas de merca-
dorias, está em todas as áreas da empresa, como, por exemplo, na área de pessoal,
que deve levar o empresário a pesquisar se, para fins de redução de encargos sociais
e trabalhistas, é melhor manter um quadro de pessoal ou contratar terceiros para de-
senvolver as atividades.

Ainda no que diz respeito às operações com mercadorias, é importante conhecer as


legislações de outros estados, pois sempre há a possibilidade de obter um benefício fiscal
que reduzirá o custo dos tributos. Nesse sentido, é importante citar um caso específico
no estado do Espírito Santo, que concede benefícios a diversos tipos de empresas que se
estabelecerem lá com a promessa de trazer empregos e desenvolvimento. Essas empre-
sas gozam de reduções muito significativas no ICMS, nas vendas para outros estados e,
em casos específicos, desembolsam somente 1% de ICMS sobre suas operações, o que
justifica, muitas vezes, a abertura de uma filial da empresa naquele estado para usufruir
desse benefício.

As questões mais comuns que nos levam a pensar em termos de redução de custos e
impostos são as seguintes:
• Produzir ou importar o produto pronto?
• Produzir ou adquirir o produto pronto no mercado nacional?
• Comprar insumos e mercadorias do estado “A” ou estado “B”?
• Ter a empresa nesse estado ou levá-la para outro?
• Manter um quadro de pessoal próprio ou terceirizar a produção?
• Manter os estoques de mercadorias ou insumos na empresa ou nos fornecedores
para recebê-los somente quando necessário?
• Ter loja física ou praticar somente o comércio eletrônico?
• Ter as atividades centralizadas ou criar outras empresas para dividir as atividades?

Além desses, inúmeros outros questionamentos podem ser levantados quando se fala
em gestão de tributos, seria impossível tratarmos cada um deles nesta unidade. Assim,
o que fizemos aqui foi passar para você uma noção geral daquilo que é mais praticado
nas empresas, que é a gestão dos tributos relativos às suas operações.

Continue seus estudos, aprofunde-se cada vez mais nesse universo tributário, assim
terá bom desempenho.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Impostos
Incidentes sobre Operações com Mercadorias e Serviços

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Regulamento do ICMS Decreto 45.490/2000
http://bit.ly/2Q7VVtt
Lei Complementar 116/2003
Lei Complementar 116/2003 – o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de
competência dos Municípios e do Distrito Federal e outras providências.
http://bit.ly/2Q4fDpV
Lei 10.637/2002
A não cumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração
Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), nos casos que
especifica; sobre o pagamento e o parcelamento de débitos tributários federais, a com-
pensação de créditos fiscais, a declaração de inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas,
a legislação aduaneira e outras providências,
http://bit.ly/2Q4fN0v
Lei 10.833/2003
Altera a Legislação Tributária Federal e dá outras providências.
http://bit.ly/2Q5Mzyi

Livros
Manual de Contabilidade Tributária
Manual de Contabilidade Tributária / Paulo Henrique Pêgas – 9 ed. – São Paulo: Atlas,2018.

24
Referências
BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário: IPI, ICMS, ISS e IR: eco-
nomia de impostos, racionalização de procedimentos fiscais, relevantes questões tri-
butárias, controvertidas questões tributárias, complexas questões tributárias, questões
avançadas no universo da governança tributária. 14. ed. rev. e atualizada. São Paulo:
Atlas, 2015.

CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento tributário na prática: gestão tributária


aplicada. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade Tributária. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

PÊGAS, Paulo Henrique. Manual de Contabilidade Tributária. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2018.

Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 07 de fev. 2019.

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GestãoTítulo
Inserir Tributária
Aqui e
Inserir TítuloFiscal
Inteligência Aqui
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. José Carlos Pereira de Almeida

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
A Prática da Gestão Tributária em Relação
aos Tributos Incidentes sobre o Resultado
das Empresas

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Formas de Tributação do Imposto de Renda da
Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL);
• Tributação com Base no Lucro Presumido;
• Tributação com Base no Lucro Real;
• Tributação com Base no Lucro Arbitrado;
• Considerações Finais.

Objetivo
• Apresentar as diversas formas de tributação do lucro das empresas criando condições
para o aluno optar pela forma mais econômica no desembolso de tributos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Contextualização
O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
são tributos que, dentro da tipologia tributária, fazem parte dos tributos diretos, e são de
competência da União.

Dessa forma e para que a empresa tenha uma boa gestão tributária dos mesmos,
faz-se necessária a escolha do regime tributário que melhor se encaixa no modelo em-
presarial. Sendo assim, é de extrema importância que o gestor tributário tenha o conhe-
cimento das modalidades existentes, bem como de suas especificidades, para que possa
decidir em conjunto com a direção da empresa a melhor e mais econômica forma de
tributação. Essa decisão deverá estar acompanhada de estudos e simulações de tributa-
ção em cada uma das modalidades analisadas, compreendendo o Lucro Presumido, o
Lucro Real e o Lucro Arbitrado, pois cada uma delas apresenta suas particularidades de
acordo com a legislação tributária vigente.

Facilitará muito o trabalho de planejamento a existência de uma previsão orçamen-


tária para o próximo exercício, pois é através dela que a alta direção da empresa apre-
sentará as suas expectativas de faturamento, custos, despesas, margem de lucro, dentre
outras informações.

Nesse contexto, a missão do gestor é fazer com que as empresas recolham o IRPJ e
a CSLL de acordo com a legislação pertinente e que os seus recolhimentos tenham a
menor carga tributária possível incidente sobre suas operações.

Lembrando que este assunto não se esgota aqui, é importante que você busque sem-
pre se atualizar com pesquisas e leituras, sempre estar informado em relação à legisla-
ção tributária para poder ajudar as empresas no desempenho em suas atividades. Afinal,
o custo tributário causa um grande impacto nessas atividades e deve ser minimizado o
máximo possível.

Bons estudos!

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Formas de Tributação do Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
Segundo Pêgas (2017, p. 430), a tributação sobre o lucro absorve parte do resultado
positivo das empresas não incidindo exatamente sobre o lucro contábil gerado em de-
terminado período.

Dessa forma, a legislação tributária não reconhece especificamente o lucro ou preju-


ízo apurado na escrituração contábil como base para os tributos (IRPJ e CSLL).

O fisco exige que, no caso da apuração com base no Lucro Real, a base de cálculo para
determinação do Imposto de Renda e da Contribuição Social seja o Lucro Real ou Lucro Fis-
cal, que é obtido através de ajustes feitos ao lucro apurado na escrituração contábil da empresa.

Outra forma que o fisco também pode utilizar para a determinação da base de cálculo
do IR e da CSLL é a receita bruta, como veremos no Lucro Presumido, para a determi-
nação do lucro da PJ e consequentemente a base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL).

E, finalmente, quando ocorridos alguns fatos que impeçam a determinação da base


de cálculo do IRPJ e da CSLL, quer seja pelo lucro fiscal ou receita bruta, faz-se ne-
cessário o fisco encontrar outro método para a determinação do lucro, que é o Lucro
Arbitrado, lembrando que esse método pode também ser utilizado como uma forma de
planejamento tributário pela própria empresa.

A seguir, abordaremos com mais detalhes as formas de apuração do IR e da CSLL,


tendo como base de cálculo o Lucro Presumido, Lucro Real e Lucro Arbitrado.

Tributação com Base no Lucro Presumido


O Lucro Presumido está disposto no Decreto nº. 9.580, de 22 de novembro de 2018
(a partir de agora, tão somente denominado RIR/2018), entre os artigos nº. 587 e 601
e pela IN RFB nº. 1700, de 14 de março de 2017 (a partir de agora, tão somente de-
nominada IN RFB nº. 1700/2017), entre os artigos nº. 214 e 225, estabelecendo sua
base de cálculo, alíquotas, deduções, regime de reconhecimento das receitas, cálculo do
imposto, obrigações acessórias, omissão da receita, dentre outras informações.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Conceito
O Lucro Presumido é a forma de tributação simplificada que visa determinar a base
de cálculo do IRPJ e da CSLL através da receita bruta auferida no período.

A opção por esse regime de tributação não é obrigatória, a legislação estabelece al-
gumas exceções para a opção pelo Lucro presumido, que obrigam alguns contribuintes
a se enquadrarem obrigatoriamente no Lucro Real, conforme veremos mais à frente.

Momento da Opção pelo Lucro Presumido


A pessoa jurídica, em linhas gerais, pode optar pelo Lucro Presumido em algumas
situações (desde que não obrigadas ao Lucro Real):
1. A partir do mês de abertura do ano-calendário, tendo a sua opção manifesta-
da através do pagamento do Documento de Arrecadação de Receitas Federais
(DARF) do IRPJ relativo ao trimestre da abertura;
2. A partir do momento em que a PJ for desenquadrada do Simples Nacional
(SN), tendo a sua opção manifestada através do pagamento do DARF de IRPJ
relativo ao trimestre que compreenda o mês a partir do qual se darão os efeitos
do desenquadramento;
3. A partir do momento em que a PJ resultante da incorporação, fusão ou cisão
faça a opção pelo Lucro Presumido através do pagamento do DARF;
4. A partir do trimestre seguinte ao que tiver sido o lucro da PJ arbitrado.

Salientando que a opção pela forma de tributação é irretratável para todo o ano calen-
dário, não sendo permitido à pessoa jurídica voltar atrás, principalmente porque a RFB
não aceita a retificação do DARF (o REDARF) para alterar a forma de tributação do IRPJ.

Limite de Receita Bruta


Para a opção pela tributação do IR e da CSLL com base no Lucro Presumido, a
Receita Bruta da empresa não pode no ano imediatamente anterior ao da opção, ter
ultrapassado R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou R$ 6.500.000,00
(seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicados pelo número de meses de atividade no
caso das empresas que iniciaram suas atividades em qualquer mês do ano.

Periodicidade
O Lucro Presumido tem como periodicidade a apuração trimestral, ou seja, os tribu-
tos IRPJ e CSLL serão calculados a cada trimestre a saber:
1. 31 de março (1º trimestre);
2. 30 de junho (2º trimestre);
3. 30 de setembro (3º trimestre); e
4. 31 de dezembro (4º trimestre).

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Base de Cálculo
No Lucro Presumido para efeito da determinação da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL, serão levados em consideração:
1. as vendas de produtos de fabricação própria e revenda de mercadorias;
2. os serviços prestados a terceiros;
3. os serviços de representação comercial; e
4. toda a receita ligada a atividade fim, ou seja, objeto principal PJ.

Regimes de Reconhecimento das Receitas


De acordo com o artigo 587, § 2º do RIR/2018 e artigos 215, § 9º, 223 e 224 da
IN RFB nº. 1700/2017, as receitas auferidas pela PJ na determinação de sua base de
cálculo poderão ter a seguinte forma de reconhecimento:
1. Regime de Competência: o tributo incide sobre a receita bruta pelo docu-
mento oficial da operação (nota fiscal de vendas, serviços etc.) independente do
seu recebimento;
2. Regime de Caixa: o tributo incide sobre os recebimentos a prazo ou sobre
suas parcelas, sendo inseridos na composição da base de cálculo dos meses de
recebimento.

Observe que o Regime de Caixa é muito favorável para a empresa, uma vez que o
tributo só é calculado e recolhido após o recebimento da parcela da venda, isso faz com
que a empresa não desembolse recursos para pagamento de tributos antes do seu efetivo
recebimento, prejudicando o seu fluxo de caixa.

Outro aspecto importante dessa forma de apuração, é que, não acontecendo o re-
cebimento das parcelas da venda, não haverá a tributação, o que não ocorre no regime
de competência.

Deduções da Receita Bruta


Da receita bruta, poderão ser deduzidas as seguintes operações relativas à atividade
da empresa:
1. As vendas canceladas e devoluções de vendas (produtos ou mercadorias);
2. Os descontos incondicionais concedidos (aqueles destacados em nota fiscal de
venda ou de serviços);
3. Os tributos não cumulativos cobrados e que são destacados em documento do
comprador ou vendedor (IPI e o ICMS ST);
4. As receitas de programas de incentivos de solicitação de notas fiscais de Estados,
Distrito Federal e Munícipios;
5. As operações vinculadas à receita bruta e decorrentes do ajuste a valor presente.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Percentuais sobre a Receita Bruta


De acordo com o RIR/2018, em seus artigos 591 e 592 e IN RFB nº. 1700/2017,
em seu artigo 33, serão aplicadas os seguintes percentuais sobre a receita bruta da ati-
vidades, para fins de apuração do IRPJ:

Tabela 1 – Alíquotas do IRPJ


Percentuais reduzidos,
Atividades Percentuais Receita Anual até
R$ 120.000,00*
Comércio e Indústria 8,0
Serviços de Transporte de Cargas 8,0
Sobre a receita bruta dos serviços hospitalares 8,0
Sobre a receita bruta de construção por empreitada, quando houver
emprego de materiais na modalidade total, fornecendo o empreiteiro
8,0
todos os materiais indispensáveis à sua execução, sendo tais materiais Atividades que não podem
incorporados à obra (IN RFB nº 1.234/2012, artigos 2º, § 7º, e 38, inciso II). se beneficiar da redução
Loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis do percentual
8,0
construídos ou adquiridos para revenda.
Serviços de transporte de passageiros 16,0
Revenda de combustíveis derivados de petróleo e álcool, inclusive gás 1,6
Prestadoras de serviços relativos ao exercícios de profissões legalmente
32,0
regulamentada, inclusive escolas (S/C do antigo regime do DL 2.397)
Intermediação de negócios, inclusive corretagem (seguros, imóveis, dentre
32,0 16,0
outros) e as de representação comercial
Administração, locação ou cessão de bens imóveis, e móveis 32,0 16,0
Construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra 32,0 16,0
Prestação de serviços de gráfica, com ou sem fornecimento de material, em
32,0 16,0
relação à receita bruta que não decorra de atividade comercial ou industrial
Prestação de serviços de suprimento de água tratada e coleta de esgoto
e exploração de rodovia mediante cobrança de pedágio 32,0 16,0
(Ato Declaratório COSIT nº 16/2000)
Diferencial entre o valor de venda e o valor de compra de veículos usados 32,0 16,0
Prestação de qualquer outra espécie de serviço 32,0 16,0

Fonte: Adaptado de RFB (2018)

No que se refere à CSLL, serão aplicadas as seguintes alíquotas para a determinação


da sua base de cálculo:
1. 12% (sobre a receita de vendas);
2. 32% (sobre a prestação de serviços).

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Demais Receitas, Resultados ou Ganhos de Capital
Conforme o artigo 595 do RIR/2018 e artigo 215, § 3º da IN RFB nº. 1700/2017,
serão acrescidas à apuração do Lucro Presumido as seguintes receitas de:
1. Ganhos de capital nas alienações de ativos;
2. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos de opera-
ções financeiras de renda variável (conforme o seu resgate ou alienação);
3. Juros relativos à remuneração do capital próprio;
4. Juros Selic a serem restituídos ou compensados;
5. Rendimentos obtidos nas operações de mútuo;
6. Demais receitas, rendimentos e resultados positivos.

Alíquotas dos Tributos


A alíquota do IRPJ é de 15%, além do adicional de 10% que é calculado sobre a par-
cela do lucro que exceder a importância de R$ 20.000,00 multiplicados pelo número de
meses do período de apuração, e a alíquota da CSLL é de 9%.

Deduções
Depois de apurados os valores dos tributos devidos (IRPJ e CSLL), poderão ser de-
duzidos os seguintes valores:
1. o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e a Contribuição Social Retida na
Fonte (CSLL) incidente sobre as receitas de prestação de serviços a terceiros;
2. o IRRF e a CSLL retida sobre importâncias recebidas de entidades da adminis-
tração pública federal;
3. o IRRF sobre ganhos líquidos de aplicação financeira etc.

Compensações
Dos valores apurados do IRPJ e da CSLL devidos, poderão ser compensados me-
diante entrega do Programa Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e De-
claração de Compensação (PER/DCOMP):
1. Os pagamentos indevidos ou a maior (tributos pagos e administrados pela RFB);
2. O saldo negativo do IRPJ e da CSLL apurados em períodos anteriores, não
compensados (a serem definidos no Lucro Real).

Exemplo de Cálculo do I.R e da CSLL


Vamos apresentar a seguir um exemplo de cálculo do I.R e da CSLL de uma empresa
que tem atividade comercial e de prestação de serviços que fez a opção pela tributação com
base no Lucro Presumido, cujas receitas foram auferidas no primeiro semestre de 2018.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Tabela 2 – Apuração e cálculo do IRPJ e da CSLL no trimestre


IRPJ – Trimestre CSLL – Trimestre
Receita de vendas de mercadorias 1.500.000,00 Receita de vendas de mercadorias 1.500.000,00
(–) ICMS substituição tributária -150.000,00 (–) ICMS substituição tributária -150.000,00
(=) Vendas Líquidas 1.350.000,00 (=) Vendas Líquidas 1.350.000,00
(A) X 8 % 108.000,00 (A) X 12% 162.000,00
Prestação de Serviços 200.000,00 Prestação de Serviços 200.000,00
(B) X 32% 64.000,00 (B) X 32% 64.000,00
(C) Ganho de Capital 50.000,00 (C) Ganho de Capital 50.000,00
(A+B+C) Lucro Presumido 222.000,00 (A+B+C) Base de Cálculo 276.000,00
IRPJ devido – 15% 33.300,00 CSLL devida – 9% 24.840,00
ADICIONAL devido – 10% 16.200,00 (=) CSLL a recolher 24.840,00
(=) IRPJ a recolher 49.500,00

Com base na Tabela 2, podemos perceber que a apuração dos tributos se deu da
seguinte forma:
1. IRPJ: sobre o resultado das vendas de mercadorias líquidas (A) e dos serviços
prestados (B) do trimestre foram aplicados os percentuais de presunção estabe-
lecidos na Tabela 1, de acordo com a atividade da PJ. Sendo a eles somadas as
demais receitas (C) apuradas no período. E, finalmente, aplicadas as alíquotas
de 15% sobre o Lucro Presumido e 10% de adicional sobre o excedente de
R$ 162.000,00 (R$ 222.000,00 – R$ 60.000,00). Observe que esse valor de
R$ 60.000,00 é o resultado da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de
meses, ou seja 3. Caso a empresa tivesse atividade de somente dois meses no
referido trimestre, esse valor seria de R$ 40.000,00 e assim por diante.
2. CSLL: sobre o resultado das vendas de mercadorias líquidas (A) e dos servi-
ços prestados (B) do trimestre foram aplicados os percentuais estabelecidos na
Tabela 1, de acordo com a atividade da PJ. Sendo a eles somadas as demais
receitas (C) apuradas no período. E, finalmente, aplicadas as alíquotas de 9%
sobre a Base de Cálculo.

Os valores de IRPJ e CSLL deverão ser pagos em quota única, até o último dia útil do
mês subsequente ao do encerramento do período de sua apuração ou, por opção da empre-
sa, em até 3 quotas mensais, iguais e sucessivas e não inferiores a R$ 1.000,00 cada uma.

O pagamento deverá ser feito através de DARF sob os seguintes códigos da receita:

Tabela 3 – Códigos da Receita do DARF (Lucro Presumido)


IRPJ CSLL
– 2089. – 2372.
Fonte: RFB (2019)

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Distribuição de Lucros – Regra Geral
Quando uma empresa gera lucros, eles são distribuídos para os sócios ou acionistas.
No âmbito dos tributos federais, o fisco não obriga que as empresas optantes pelo Lucro
Presumido mantenham escrituração contábil para a comprovação do lucro, uma vez que
a tributação é definitiva, ou seja, depois de aplicados os percentuais e seguidas demais
regras de apuração do imposto, não é necessário comprovação da realização ou não do
lucro apurado.

E, para as empresas do lucro presumido, como proceder para a distribuição do Lucro?

Conforme o artigo 238 da IN RFB nº. 1700, poderão ser pagos a título de distribui-
ção de lucros os valores do Lucro Presumido, diminuído de todos os impostos e contri-
buições a que estiver sujeita a PJ.

Tabela 4 – Distribuição de Lucros pela presunção


Cálculo da Distribuição de Lucros
LUCRO PRESUMIDO 222.000,00
(–) IRPJ –49.500,00
(–) CSLL –24.840,00
(–) PIS/PASEP –10.075,00
(–) COFINS –46.500,00
(=) LUCRO A DISTRIBUIR 91.085,00

Porém, alternativamente, conforme a Tabela 5, ao lucro apurado na presunção, a PJ


poderá distribuir o lucro contábil, sendo que, em ambos os casos, não haverá incidência
de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) para o beneficiário.

Tabela 5 – Distribuição de Lucros apurados na escrituração contábil


Cálculo da Distribuição de Lucros
01 – LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO 1.000.000,00
02 – (–) PREJUÍZOS ACUMULADOS –350.000,00
03 – (=) LUCROS ACUMULADOS NÃO DESTINADOS 650.000,00
04 – (=) LUCRO A DISTRIBUIR 650.000,00

É importante lembrar que a escrituração contábil é obrigatória para qualquer empre-


sa que tenha uma receita bruta superior a R$ 81.000,00 no ano nos termos do Código
Civil Brasileiro. Observe que, quando a RFB dispensa a escrituração contábil das empre-
sas optantes pelo lucro presumido, ela está fazendo no âmbito de sua jurisdição, o que
não significa que a empresa esteja desobrigada da escrituração contábil.

Também é importante citar que as empresas que tenham débitos de origem tributária
não podem distribuir lucros aos seus sócios ou acionistas.

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A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Obrigações Acessórias
Conforme o artigo 600 do RIR/2018, a PJ cuja opção foi pelo regime de tributação
com base no lucro presumido, deverá manter as seguintes obrigações acessórias:
1. Escrituração contábil, ou, alternativamente quando a PJ mantiver livro-caixa;
2. Escrituração contábil digital (ECD), de forma obrigatória, em substituição à letra
“a”, quando a pessoa jurídica distribuir lucros ou dividendos sem a incidência do
imposto de renda retido na fonte (IRRF) com base no lucro contábil (Tabela 5);
3. Livro registro de inventário, com os estoques do término do ano-calendário.

Caro(a) aluno(a), você observou que a tributação com base no Lucro Presumido é
bastante simplificada e podemos afirmar que é uma excelente opção de planejamento
tributário para algumas atividades, especificamente aquelas atividades de prestação de
serviços que apresentam uma rentabilidade alta e apresentam custos e despesas baixos.
Mas é importante lembrar que há outros requisitos a serem analisados para a tomada de
decisão quanto a essa forma de tributação.

Tributação com Base no Lucro Real


Ao contrário do Lucro Presumido que tem a sua apuração bastante simplificada, va-
mos ver agora a tributação com base no Lucro real que é um tanto complexa.

O Lucro Real está disposto no RIR/2018, entre os artigos nº. 257 a 586, estabele-
cendo sua base de cálculo, alíquotas, deduções, obrigações acessórias, incentivos fiscais,
dentre outras informações.

Nesse parágrafo, você já percebeu que o Lucro Real dever ser complexo mesmo,
pois o RIR/2018 destina 329 artigos somente sobre essa forma de tributação. Mas fique
tranquilo(a), isso não é nada que não possa ser entendido quando bem e calmamente
estudado e praticado.

Conceito
Nessa forma de tributação, o IRPJ e a CSLL incidem sobre o resultado, ou seja, o
lucro é efetivamente apurado pela PJ e de acordo com sua escrituração (feitos alguns
ajustes determinados pela legislação fiscal e tributária). A definição de lucro real prevista
nos diplomas legais é a seguinte: Lucro Real é o lucro do período de apuração ajustado
pelas adições, exclusões ou compensações previstas na legislação.

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Empresas obrigadas a optar pelo Lucro Real
O artigo 257 do RIR/2018 informa quais são as empresas obrigadas à tributação
com base no Lucro Real. Veja:
1. Empresas cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de
R$ 78.000.000,00 ou proporcional a R$ 6.500.000,00 ao mês;
2. Cujas atividades sejam de bancos (comerciais, de investimentos, de desenvolvi-
mento), agências de fomento, caixas econômicas, sociedades (de crédito, finan-
ciamento e investimento, de crédito imobiliário, corretoras de títulos, valores mo-
biliários e câmbio, de crédito ao microempreendedor e à empresa de pequeno
porte), distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento
mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitali-
zação e entidades abertas de previdência complementar;
3. Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
4. Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relati-
vos à isenção ou à redução do IRPJ;
5. Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo
regime de estimativa;
6. Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de
assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, adminis-
tração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultante
de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);
7. Que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financei-
ros e do agronegócio;
8. Que tenham sido constituídas como sociedades de propósito específico (SPE),
formadas por microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP);
9. Que tenham isenção de imposto sobre a renda o ganho de capital auferido por
pessoa física, até 31 de dezembro de 2023, na alienação, realizada no mercado
à vista de bolsas de valores, de ações que tenham sido emitidas por companhias
(artigo 16, da Lei nº. 13.043, de 13 de novembro de 2014).

Ajustes determinados pela legislação fiscal e tributária


Os ajustes a serem feitos na apuração do Lucro Real estão previstos nos 260 e 261,
do RIR/2018, e são definidos como adições de despesas que foram contabilizadas e que
não foram aceitas pelo fisco para a redução do resultado do período, e também de re-
ceitas exigidas pelo fisco que não foram contabilizadas em receita. Porém, o fisco exige
que sejam reconhecidas como aumento no lucro.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Exemplos de Adições: multas por infrações fiscais, brindes, doações (exceto as


determinadas pelo RIR/2018), créditos incobráveis, resultado negativo da equivalência
patrimonial etc.

Da mesma forma, podemos definir como exclusões as receitas contabilizadas e não


aceitas pelo fisco e que tenham os seus valores diminuídos do resultado da PJ, bem
como despesas exigidas pelo fisco que não foram contabilizadas em despesas. Porém, o
fisco exige que sejam reconhecidas como redução do lucro.

Exemplos de Exclusões: resultado positivo da equivalência patrimonial, lucros e


dividendos de participações societárias etc.

Prejuízos Fiscais e Base Negativa da CSLL


Do resultado operacional antes da CSLL e do IRPJ e após feitos os ajustes determi-
nados pela legislação tributária (adições e exclusões) e caso a empresa tenha registrado
um prejuízo, esse passará a ser denominado Prejuízo Fiscal para efeito do IRPJ e Base
Negativa da CSLL para efeito da CSLL.

Sendo assim e com base na Tabela 6, temos a exemplificação da Resultado Opera-


cional antes da CSLL e do IRPJ e antes dos ajustes fiscais.

Tabela 6 – Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


Demonstração do Resultado do Exercício
Receita Bruta Operacional 500.000,00
(–) Tributos sobre Vendas – 136.250,00
(=) Receita Líquida Operacional 363.750,00
(–) Custo de Mercadorias Vendidas –109.125,00
(=) Lucro Bruto 254.625,00
(–) Despesas Administrativas – 300.000,00
(+) Resultado Financeiro Líquido 10.000,00
(+) Outras Receitas/Despesas 30.000,00
(=) Resultado operacional antes CSLL e do IRPJ – 5.375,00

Dessa forma e com base na Tabela 6, a PJ em questão apurou um resultado opera-


cional antes da CSLL e do IRPJ (prejuízo) no importe de R$ 5.375,00.

No entanto, para a apuração do resultado fiscal, é necessário haver a abertura das


despesas e receitas do período para verificação daquelas que o fisco não aceita. A tabela 7
demonstra os ajustes fiscais a serem feitos:

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Tabela 7 – Ajustes fiscais
Ajustes Fiscais
(=) Resultado operacional antes da CSLL e do IRPJ –5.375,00
(+) Adições
Brindes (constantes em despesas administrativas) 1.000,00
Doações (constantes em despesas administrativas) 1.500,00
(=) Soma das Adições 2.500,00
(–) Exclusões
Resultado positivo da equivalência patrimonial (constante em outras receitas/despesas) –2.000,00
(=) Soma das Exclusões –2.000,00
(=) Prejuízo Fiscal/Base Negativa da CSLL –4.875,00

Após os ajustes fiscais, a PJ obteve um prejuízo fiscal de R$ 4.875,00 e uma base


negativa da CSLL no importe de R$ 4.875,00.

Esse prejuízo fiscal de R$ 4.875,00 poderá ser compensado nos próximos trimestres
à razão de 30% (trinta por cento) do lucro real a ser apurado desde que mantenha os
livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do
prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL utilizados para a compensação.

O Prejuízo apurado nesse trimestre será escriturado e controlado na parte B do Livro


de Apuração do Lucro Real, LALUR.

Momento da Opção pelo Lucro Real


A PJ em linhas gerais pode se enquadrar no Lucro Real (por opção ou por obrigação)
em algumas situações especiais:
1. A partir do mês de abertura do ano-calendário, tendo a sua opção manifesta-
da através do pagamento do Documento de Arrecadação de Receitas Federais
(DARF) do IRPJ relativo ao mês ou trimestre da abertura;
2. A partir do momento em que a PJ for desenquadrada do Simples Nacional (SN),
tendo a sua opção manifestada através do pagamento do DARF de IRPJ relativo
ao mês ou trimestre que compreenda os efeitos do desenquadramento;
3. A partir do momento em que a PJ resultante da incorporação, fusão ou cisão,
através do pagamento do DARF;
4. A partir do mês ou trimestre seguinte ao que tiver sido o lucro da PJ arbitrado.

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A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Lembrando que a opção pela forma de tributação é irretratável para todo o ano calen-
dário, não sendo permitida à pessoa jurídica voltar atrás, e não sendo aceita a retificação
do DARF (o REDARF) no caso de alterar a forma de tributação do IRPJ.

Periodicidade e forma de pagamento do IRPJ e da CSLL


O Lucro Real tem como periodicidade a apuração anual ou trimestral, ou seja, os
tributos IRPJ e CSLL (devidos) serão calculados a cada ano ou trimestre a saber:
1. Trimestral: apuração em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31
de dezembro;
2. Anual: apuração em 31 de dezembro.

Lucro Real Trimestral


Neste formato de apuração do Lucro Real, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL é
o valor do resultado (lucro ou prejuízo) trimestral, ajustado extracontabilmente, pelas
adições e exclusões.

Apresentamos a seguir um exemplo de apuração trimestral do IR e da CSLL:

Tabela 8 – Cálculo do IRPJ e CSLL – Apuração Trimestral


APURAÇÃO TRIMESTRAL DA CSLL E DO IRPJ – DEVIDOS
Descrição CSLL IRPJ
Resultado líquido do período antes da CSLL e do IRPJ R$ 100.000,00 ***
Resultado líquido do período antes do IRPJ *** R$ 94.645,00
( + ) Adições:
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido *** R$ 5.355,00
Despesas com brindes R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
Despesas com refeições sem comprovantes R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Multa por infração R$ 2.000,00 R$ 2.000,00
(=) Soma das adições R$ 5.000,00 R$ 5.000,00

( – ) Exclusões:
Resultado Positivo da Equity R$ 20.000,00 R$ 20.000,00
(=) Soma das exclusões R$ 20.000,00 R$ 20.000,00
(=) Resultado antes da compensação da base de cálculo negativa/dos
R$ 85.000,00 R$ 85.000,00
prejuízos fiscais
(–) Compensação de prejuízos fiscais / base de cálculo negativa da CSLL R$ 25.500,00 R$ 25.500,00
(=) Lucro Real / Base de Cálculo da CSLL R$ 59.500,00 R$ 59.500,00
CSLL – alíquota de 9% R$ 5.355,00 ***
IRPJ – alíquota de 15% *** R$ 8.925,00
Adicional do IRPJ (base de calculo inferior a R$ 60.000,00 no trimestre *** R$ 0,00
(=) Tributos devidos R$ 5.355,00 R$ 8.925,00

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Com base na Tabela 8, a PJ apresentou no trimestre em questão um resultado líquido
do período antes da CSLL e do IRPJ no importe de R$ 100.000,00, ao qual foram feitos
os ajustes fiscais (adições e exclusões), e compensados os 30% de prejuízos fiscais e da
base de cálculo negativa da CSLL de períodos anteriores (R$ 85.000,00 X 30%). Encon-
trada a base de cálculo, foram aplicados sobre ela os percentuais já citados anteriormente,
ou seja, 9% para a CSLL e 15% para o IRPJ.

Dessa forma, os valores devidos terão como vencimento o último dia útil do mês
subsequente ao trimestre de encerramento, e o seu pagamento deverá ser feito através
de DARF sob os seguintes códigos da receita:

Tabela 9 – Códigos da Receita do DARF (Lucro Real) – Apuração Trimestral


IRPJ CSLL
1) PJs obrigadas à apuração do Lucro real Trimestral:
1) PJs cuja apuração é o Lucro Real Trimestral
* Entidades financeiras: 1599;
* Entidades financeiras: 2030;
* Demais entidades: 0220.
* Demais entidades: 6012.
2) PJs não obrigadas: 3373
Fonte: RFB (2019)

Lucro Real Anual


Outra opção dentro da Tributação do Lucro Real é a sua apuração anual. Nessa
modalidade, a contabilidade da empresa apresenta uma única apuração no mês de de-
zembro de cada ano, porém, o fisco exige que a empresa faça recolhimentos a título
de antecipação mensalmente, e o mês de dezembro promova os ajustes necessários
para apuração da base de cálculo do IR e da CSLL e, em seguida, desconte os valores
recolhidos mensalmente a título de antecipação, a seu critério. A empresa pode também
apurar durante o ano balanços para suspender ou reduzir o valor da antecipação a ser
recolhida, trataremos desse assunto ainda nesta unidade.

Assim, no regime de tributação pelo Lucro Real Anual, a empresa pode optar pelo
pagamento mensal do imposto por estimativa, conforme segue:
1. com base na receita bruta; ou
2. com base em balanços/balancetes de redução/suspensão levantados de forma
mensal e cumulativa.

Base de Cálculo
No Lucro Real Anual para efeito da determinação da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL, serão levados em consideração as:
1. as vendas de produtos de fabricação própria e revenda de mercadorias;
2. os serviços prestados a terceiros;
3. os serviços de representação comercial;
4. toda receita ligada à atividade-fim, ou seja, objeto principal PJ.

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Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Deduções da Receita Bruta


Da receita bruta do tributo, poderão ser deduzidas as seguintes operações relativas a
atividade da empresa:
1. vendas canceladas e devoluções de vendas;
2. descontos incondicionais concedidos (aqueles destacados em nota fiscal de ven-
da ou de serviços);
3. tributos não cumulativos cobrados e que são destacados em documento do com-
prador ou vendedor (IPI e o ICMS ST);
4. receitas de programas de incentivos de solicitação de notas fiscais de Estados,
Distrito Federal e Munícipios; e
5. operações vinculadas à receita bruta e decorrentes do ajuste a valor presente.

Percentuais para determinação da base


de cálculo das antecipações mensais
De acordo com o RIR/2018, em seu artigo 220, e IN RFB nº. 1700/2017, em seu
artigo 33, serão aplicados os seguintes percentuais sobre a base de cálculo, para fins de
apuração do IRPJ estimativa mensal:

Tabela 10 – alíquotas do IRPJ


Percentuais reduzidos,
Atividades Percentuais Receita Anual até
R$ 120.000,00*
Comércio e Indústria 8,0
Serviços de transporte de cargas 8,0
Sobre a receita bruta dos serviços hospitalares 8,0
Sobre a receita bruta de construção por empreitada, quando houver emprego de materiais na
modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis à sua execução, 8,0 Atividades que não
sendo tais materiais incorporados à obra (IN RFB nº 1.234/2012, artigos 2º, § 7º, e 38, inciso II. podem se beneficiar da
Loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos redução
8,0 do percentual
ou adquiridos para revenda.
Serviços de transporte de passageiros 16,0
Revenda de combustíveis derivados de petróleo e álcool, inclusive gás 1,6
Prestadoras de serviços relativos ao exercícios de profissões legalmente regulamentada,
32,0
inclusive escolas (S/C do antigo regime do DL 2.397)
Intermediação de negócios, inclusive corretagem (seguros, imóveis, dentre outros)
32,0 16,0
e as de representação comercial
Administração, locação ou cessão de bens e imóveis, e móveis 32,0 16,0
Construção por administração ou por empreitada unicamente de mão de obra 32,0 16,0
Prestação de serviços de gráfica, com ou sem fornecimento de material, em relação à
32,0 16,0
receita bruta que não decorra de atividade comercial ou industrial
Prestação de serviços de suprimento de água tratada e coleta de esgoto e exploração de
32,0 16,0
rodovia mediante cobrança de pedágio (Ato Declaratório COSIT n° 16/2000)
Diferencial entre o valor de venda e o valor de compra de veículos usados 32,0 16,0
Prestação de qualquer outra espécie de serviço 32,0 16,0
Fonte: adaptado da RFB (2018)

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Os percentuais a serem aplicados para determinação da base de cálculo para ante-
cipação da CSLL são os mesmos do Lucro Presumido, ou seja: 12% (sobre a receita
de vendas);
1. 32% (sobre a prestação de serviços).

Demais Receitas, Resultados e Ganhos de Capital


Integram a base de cálculo da estimativa mensal: os ganhos de capital, demais re-
ceitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas na receita bruta.

Valores que não integram a base de cálculo


No entanto, existem valores que não integram a base de cálculo da estimativa mensal,
entre eles:
1. os rendimentos e ganhos líquidos de aplicação financeira de renda fixa e de
renda variável, sujeitos a retenção do imposto de renda (não se aplica a CSLL);
2. as receitas provenientes de atividade incentivada, na proporção do benefício de
isenção ou redução do IRPJ (não se aplica a CSLL);
3. as recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas;
4. a reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas;
5. os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias avaliadas pelo
custo de aquisição em empresas domiciliadas no Brasil;
6. a contrapartida do ajuste por aumento do valor de investimentos avaliados pelo
método da equivalência patrimonial;
7. os juros sobre o capital próprio auferidos;
8. as receitas de subvenções para investimento e as receitas relativas a prêmios na
emissão de debêntures, desde que os registros nas respectivas reservas de lucros
sejam efetuados até 31 de dezembro do ano em curso;
9. outros.

Alíquotas
A alíquota do IRPJ é de 15%, com adicional de 10%, sobre a parcela do lucro real,
que exceder o valor de R$ 240.000,00 no ano, ou R$ 20.000,00 proporcional ao nú-
mero de meses que compõem o período-base, já a alíquota da CSLL é de 9%. De acor-
do com a tabela 11, demonstramos o cálculo da estimativa mensal com base na receita
bruta de uma determinada PJ.

Apresentaremos a seguir um exemplo de cálculo de antecipação mensal do IR e da


CSLL, e você vai perceber que o cálculo é semelhante ao cálculo do IR e da CSLL com
base no lucro presumido.

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UNIDADE
A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Tabela 11 – Cálculo do IRPJ e CSLL – Estimativa Mensal – Receita Bruta


IRPJ – Estimativa mensal – Janeiro CSLL – Estimativa mensal – Janeiro
Receita de vendas de mercadorias 1.500.000,00 Receita de vendas de produtos 1.500.000,00
(–) IPI sobre vendas de produtos –7.500,00 (–) IPI sobre vendas de produtos –7.500,00
(=) Vendas Líquidas 142.500,00 (=) Vendas Líquidas 142.500,00
(A) X 8 % 11.400,00 (A) X 12% 17.100,00
Prestação de Serviços 30.000,00 Prestação de Serviços 30.000,00
(B) X 32% 9.600,00 (B) X 32% 9.600,00
(C) Ganho de Capital 5.000,00 (C) Ganho de Capital 5.000,00
(A+B+C) Base de Cálculo 26.000,00 (A+B+C) Base de Cálculo 31.700,00
IRPJ devido – 15% 3.900,00 CSLL devida – 9% 2.853,00
ADICIONAL devido – 10% 600,00 (=) CSLL a recolher 2.853,00
(=) IRPJ a recolher 4.500,00

Com base na tabela 11, podemos perceber que a apuração dos tributos se deu da
seguinte forma:
1. IRPJ: sobre o resultado das vendas de produtos líquidas (A) e dos serviços pres-
tados (B) do mês foram aplicados os percentuais estabelecidos na Tabela  10,
de acordo com a atividade da PJ. Sendo a eles somadas as demais receitas
(C) apuradas no período. E, finalmente, aplicadas as alíquotas de 15% sobre a
base de cálculo estimada e 10% de adicional sobre o excedente de R$ 6.000,00
(R$ 26.000,00 – R$ 20.000,00);
2. CSLL: sobre o resultado das vendas de produtos líquidas (A) e dos serviços
prestados (B) do mês, foram aplicados os percentuais de 12% (A) e 32% (B),
de acordo com a atividade da PJ. Sendo a eles somadas as demais receitas (C)
apuradas no período. E, finalmente, aplicadas as alíquota de 9% sobre a base de
cálculo estimada.

Balancete de Suspensão ou redução do IRPJ e da CSLL


A PJ poderá suspender ou reduzir o pagamento mensal do imposto calculado com
base na presunção dos lucros, conforme estabelece o artigo 227, do RIR/2018.

Base de cálculo
Para a determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL com base no balancete
de suspensão e/ou redução, a PJ deverá levantar Balancetes de Verificação – Mensais,
Sucessivos e Acumulados, apurando-se o resultado de cada período nos moldes do
Lucro Real (ajustes das adições e exclusões).

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Dessa forma, segue na tabela 12 o exemplo de cálculo do IRPJ e CSLL com base no
balancete de suspensão e levando em conta que a PJ tem um saldo anterior de prejuízo
fiscal e base de cálculo negativa da CSLL no importe de R$ 150.000,00:

Tabela 12 – Cálculo do IRPJ e CSLL – Estimativa Mensal – Balancete de Suspensão e/ou Redução
Balancete referente ao resultado acumulado de janeiro a fevereiro
Descrição CSLL IRPJ
Resultado líquido do período R$ 92.860,00 R$ 92.860,00
( + ) Adições:
Despesas com brindes R$ 1.500,00 R$ 1.500,00
Despesas com refeições sem comprovantes R$ 1.100,00 R$ 1.100,00
Multa por infração R$ 1.200,00 R$ 1.200,00
(=) Soma das adições R$ 3.800,00 R$ 3.800,00
( – ) Exclusões:
Resultado Positivo da Equity R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
(=) Soma das exclusões R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
(=) Resultado antes da compensação de prejuízos fiscais / base de cálculo negativa R$ 86.660,00 R$ 86.660,00
(–) Compensação de prejuízos fiscais / base de cálculo negativa da CSLL R$ 25.998,00 R$ 25.998,00
(=) Base de cálculo IRPJ/CSLL balancete de redução/suspensão R$ 60.662,00 R$ 60.662,00
CSLL – alíquota de 9% R$ 5.459,58 ***
IRPJ – alíquota de 15% *** R$ 9.099,30
Adicional do IRPJ (R$ 60.662,00 – R$ 40.000,00) *** R$ 2.066,20
(=) Estimativas a recolher R$ 5.459,58 R$ 11.165,50

Nesse contexto, em ambos os casos de cálculo da estimativa mensal, ou seja, com


base na receita bruta ou com base no balancete de suspensão ou redução, o pagamento
deverá ser feito através de DARF sob os seguintes códigos da receita:

Tabela 13 – Códigos da Receita do DARF (Lucro Real) – Estimativa Mensal


IRPJ CSLL
1) PJs obrigadas à apuração do Lucro Real:
1) PJs cuja apuração do IRPJ é o Lucro Real:
* Entidades financeiras: 2319;
* Entidades financeiras: 2469;
* Demais entidades: 2362.
* Demais entidades: 2484.
2) PJs não obrigadas à apuração do Lucro real: 5993.
Fonte: RFB (2019)

Apuração Anual do Tributo Devido ou a Compensar


A PJ que optar pelo pagamento do imposto na forma Lucro Real Anual – Recolhi-
mento Estimado (receita bruta ou balancete de suspensão e/ou redução) – deverá apurar
o Lucro Real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de incorporação,
fusão ou cisão e na extinção da pessoa jurídica (data do evento).

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A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Com base na tabela 14, verificamos o cálculo do IRPJ e da CSLL anual devidos:

Tabela 14 – Cálculo do IRPJ e da CSLL – Devidos


APURAÇÃO ANUAL DA CSLL E DO IRPJ – DEVIDOS
Descrição CSLL IRPJ
Resultado líquido do período antes da CSLL e do IRPJ R$ 300.000,00 ***
Resultado líquido do período antes do IRPJ *** R$ 281.490,60
( + ) Adições:
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido *** R$ 18.509,40
Despesas com brindes R$ 1.500,00 R$ 1.500,00
Despesas com refeições sem comprovantes R$ 1.100,00 R$ 1.100,00
Multa por infração R$ 1.200,00 R$ 1.200,00
(=) Soma das adições R$ 3.800,00 R$ 3.800,00

( – ) Exclusões:
Resultado Positivo da Equity R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
(=) Soma das exclusões R$ 10.000,00 R$ 10.000,00
(=) Resultado antes da compensação da base de cálculo negativa /
R$ 293.800,00 R$ 293.800,00
dos prejuízos fiscais
(–) Compensação de prejuízos fiscais / base de cálculo negativa da CSLL R$ 88.140,00 R$ 88.140,00
(=) Lucro Real / Base de Cálculo da CSLL R$ 205.660,00 R$ 205.660,00
CSLL – alíquota de 9% R$ 18.509,40 ***
IRPJ – alíquota de 15% *** R$ 30.849,00
Adicional do IRPJ (base de calculo inferior a R$ 240.000,00 ano) *** R$ 0,00
(=) Tributos devidos R$ 18.509,40 R$ 30.849,00

Com base na tabela 14, a PJ apresentou no ano calendário em questão um resultado


líquido do período antes da CSLL e do IRPJ no importe de R$ 300.000,00, ao qual
foram feitos os ajustes fiscais (adições e exclusões), foi compensado os 30% de prejuízos
fiscais e base negativa da CSLL de períodos anteriores (R$ 293.800,00 X 30%) e sobre
o Lucro Real e Base de Cálculo da CSLL foram apurados a CSLL (alíquota de 9%) e
IRPJ (alíquota de 15%) devidos.

Nesse contexto e com base nessas informações, é necessário apurar a diferença anual
a recolher ou a recuperar, conforme tabela abaixo:

Tabela 15 – Cálculo do IRPJ e CSLL – Diferença Anual


CSLL devida R$ 18.509,40
(–) Estimativas mensais pagas (tabela 12) R$ 5.459,58
(=) CSLL a recolher R$ 13.049,82
IRPJ devido R$ 30.849,00
(–) Estimativas mensais pagas (tabela 12) R$ 11.165,50
(=) IRPJ a recolher R$ 19.683,50

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Como podemos observar na tabela 15, os valores devidos apurados de forma anual
no ano calendário em questão foram deduzidos dos valores de estimativa mensal pagos
durante o ano, prevalecendo assim diferenças a recolher dos tributos, cujo vencimento
ocorrerá em 31 de janeiro, ou, 28 de fevereiro (com 1% de juros) ou 31 de março (com
1% de juros + Selic do Mês), onde o seu pagamento deverá ser feito através de DARF
sob os seguintes códigos da receita:

Tabela 16 – Códigos da Receita do DARF (Lucro Real) – Diferença Anual


IRPJ CSLL
1) Saldo do IRPJ anual: 1) Saldo da CSLL anual:
* Entidades financeiras: 2390; * Entidades financeiras: 6758;
* Demais entidades: 2456. * Demais entidades: 6773.
Fonte: RFB (2019)

Você gostou do conteúdo? Entendeu por que dissemos no início que a apuração do IR
e da CSLL com base no Lucro Real é mais complexa? Mas podemos garantir que você
percebeu também que não é nada que seja impossível de praticar, é só conhecer e seguir
as regras legais que o seu trabalho com gestor tributário será bem-sucedido.

Para aquelas empresas que apresentam uma rentabilidade baixa, essa é a melhor
opção para a apuração do IR e da CSLL, mas não se esqueça de que outros requisitos
precisam ser analisados.

Tributação com Base no Lucro Arbitrado


O Lucro Arbitrado está disposto no RIR/2018, entre os artigos nº. 602 e 613 que
estabelecem sua base de cálculo, alíquotas, deduções, obrigações acessórias, incentivos
fiscais, dentre outras informações.

Conceito
O Lucro Arbitrado é a forma de tributação cuja base de cálculo do IRPJ é apurada
pela própria PJ ou equiparada (quando a receita bruta é conhecida) ou pelo fisco (quan-
do a receita bruta é desconhecida).

É também uma excelente forma de planejamento tributário quando bem aplicado


pela própria empresa.

O arbitramento é o recurso da RFB quando fica impossibilitada de aceitar ou mesmo


apurar o IRPJ e consequentemente a CSLL da PJ.

Nesse contexto, essa forma de tributação é excepcional, sendo aplicada somente quando
não há mais condições de fato para se apurar o IRPJ e a CSLL da PJ em sua forma de
tributação original, o que ocorre quando uma das possibilidades abaixo é constatada.

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A Prática da Gestão Tributária em Relação aos Tributos
Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Hipóteses de arbitramento
Para a apuração da base de cálculo, a autoridade tributária utilizará essa forma de
tributação se o contribuinte deixar de cumprir as obrigações mencionadas no artigo 603
do RIR/2018.

Dessa forma, os lucros das PJs serão arbitrados quando: (hipóteses de arbitramento):
1. estiver obrigado ao lucro real e não mantiver escrituração na forma das leis
comerciais e fiscais ou até mesmo quando deixar de elaborar as demonstrações
financeiras (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício)
exigidas pela legislação fiscal;
2. não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou os
registros auxiliares (livro caixa);
3. a escrituração revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou
deficiências que tornem imprestável para identificação sua movimentação finan-
ceira, bancária ou a determinação do lucro real;
4. deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e os documentos da escritu-
ração comercial e fiscal, ou o livro-caixa (quando Lucro Presumido);
5. optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido;
6. o comissário ou o representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escri-
turar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente
residente ou domiciliado no exterior;
7. não mantiver, em boa ordem e de acordo com as normas contábeis recomenda-
das, livro-razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, por conta ou subcon-
ta, os lançamentos efetuados no livro diário;
8. outros.

Período de apuração
A tributação com base no Lucro Arbitrado ocorrerá trimestralmente, em períodos de
apuração encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro
de do ano-calendário.

Alíquotas
As alíquotas do IR e da CSLL são as mesmas das demais formas de apuração, ou seja:
IRPJ de 15% acrescido do adicional de 10%, CSLL alíquota de 9%, tendo como prazo
para o seu recolhimento o último dia útil do trimestre subsequente, ao fato gerador.

Percentuais de arbitramento do lucro


Conforme o artigo 227, do RIR/2018, § 1º, o Lucro Arbitrado será determinado quando
conhecida a receita bruta, mediante a aplicação dos percentuais relativos a cada atividade.

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Receita bruta conhecida
Quando a receita bruta for conhecida, será determinado por meio da aplicação dos
percentuais estabelecidos nos artigos 591 e 592 (alíquotas do Lucro Presumido), acres-
cidos de 20%.  Ou seja, são os mesmos percentuais estabelecidos para o Lucro Presu-
mido, acrescidos de 20%.

Dessa forma, o Lucro Arbitrado (receita bruta conhecida) será determinado mediante
a aplicação dos percentuais estabelecidos sobre a receita bruta, relativa a cada atividade,
auferida em cada período de apuração trimestral, deduzida das devoluções e vendas
canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, conforme tabela 17:

Tabela 17 – Alíquotas Arbitramento – IRPJ – Receita Bruta Conhecida – Lucro Arbitrado


ATIVIDADES PERCENTUAL
Revenda de combustíveis 1,92%
Fabricação própria 9,60%
Revenda de mercadorias 9,60%
Industrialização p/ encomenda 9,60%
Transporte de cargas 9,60%
Serviços hospitalares 9,60%
Atividade rural 19,20%
Serviços de transporte/ exceto cargas 19,20%
Administração de consórcios 38,40%
Hotelaria e estacionamento 38,40%
Serv. profissionais habilitados 38,40%
Representante comercial 38,40%
Administração e locação de imóveis 38,40%
Corretagem em geral 38,40%
Serviços da construção civil 38,40%
Factoring 38,40%
Bancos, instituições financeiras e assemelhados 45,00%
Fonte: RFB (2019)

Já a CSLL será apurada mediante a aplicação das seguintes alíquotas sobre a sua
Base de Cálculo:

Tabela 18 – Alíquotas Base de Cálculo – CSLL – Receita Bruta Conhecida – Lucro Arbitrado
ATIVIDADES PERCENTUAL
Receita bruta decorrente da venda de mercadorias, de produtos, de serviços prestados e pelas vendas de
operações de conta alheia (comissões auferidas na venda de bens ou serviços por conta de terceiros); 12%
Prestação de serviços de transportes (de cargas ou de passageiros) e hospitalares.
Prestação de serviços em geral (exceto os de transportes e hospitalares);
Intermediação de negócios;
32%
Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza;
Factoring.
Fonte: RFB (2019)

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Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Observe que não há majoração dos percentuais da CSLL.

Vamos, agora, mostrar um exemplo de cálculo do IRPJ e da CSLL com base na


receita bruta conhecida:

Tabela 19 – Cálculo do IRPJ e da CSLL – Receita Bruta Conhecida – Lucro Arbitrado


IRPJ – Trimestre CSLL – Trimestre
Prestação de serviços 10.000,00 Prestação de serviços 10.000,00
(A) X 19,20% 1.920,00 (A) X 32% 3.200,00
(B) Receitas Financeiras 1.000,00 (B) Receitas Financeiras 1.000,00
(A + B) Base de Cálculo 2.920,00 (A + B) Base de Cálculo 4.200,00
IRPJ devido – 15% 438,00 CSLL devido – 9% 378,00
ADICIONAL devido – 10% 0,00
(=) IRPJ a recolher 438,00 (=) CSLL a recolher 378,00

Receita Bruta Desconhecida


Quando a Receita Bruta não é conhecida, somente a Receita Federal do Brasil,
através de procedimento de ofício poderá arbitrar o lucro do período mediante a apli-
cação dos coeficientes a seguir: mediante aplicação de uma das seguintes alternativas
de cálculo:

Tabela 20 – Alíquotas Arbitramento IRPJ e CSLL – Receita Bruta Desconhecida – Lucro Arbitrado
BASES ALTERNATIVAS COEFICIENTE
Lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis
1,5
comerciais e fiscais.
Soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e intangível,
0,04
existentes no último balanço patrimonial conhecido.
Valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do
0,07
último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade.
Valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido. 0,05
Valor das compras de mercadorias efetuadas no mês. 0,4
Soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de
0,4
matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem.
Soma dos valores devidos no mês a empregados. 0,8
Valor mensal do aluguel. 0,9
Fonte: RFB (2019)

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Tabela 21 – Alíquotas IRPJ – Receita Bruta Desconhecida – Lucro Arbitrado
IRPJ – Trimestre CSLL – Trimestre
Lucro Real do Período Anterior 1.000.000,00 Lucro Real do Período Anterior 1.000.000,00
Lucro Real Proporcional 250.000,00 Lucro Real Proporcional 250.000,00
(A) X 150% 375.000,00 (A) X 150% 375.000,00
(B) Aluguel Ativos 1.000,00 (B) Aluguel Ativos 1.000,00
(A + B) Base de Cálculo 376.000,00 (A + B) Base de Cálculo 376.000,00
IRPJ devido – 15% 56.400,00 CSLL devido – 9% 33.840,00
ADICIONAL devido – 10% 31.600,00
(=) IRPJ a recolher 88.000,00 (=) CSLL a recolher 33.840,00

Considerações Finais
As formas de tributação do IRPJ e consequentemente da CSLL estão regulamentadas
pelo RIR/2018 e pela IN RFB nº. 1700/2017, aos quais determinam sua incidência,
base de cálculo, incentivos fiscais, distribuição de lucros, obrigações acessórias, dentre
outras informações.

Dessa forma, percebemos que, em linhas gerais, o Lucro Presumido tem como refe-
rência para a base de cálculo a presunção do lucro sobre a receita bruta da atividade fim
e demais receitas.

Já o Lucro Real tem como base o resultado efetivo contábil, quer seja lucro, quer seja
prejuízo, porém, feitos ajustes extracontábeis, denominados Adições e Exclusões, a fim
de se encontrar o resultado efetivamente fiscal.

Nessa linha, temos também o Lucro Arbitrado, que tem como premissa o arbitra-
mento do fisco sobre o método para se encontrar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL,
quando a empresa comete alguma hipótese de arbitramento quer seja do Lucro Presu-
mido ou do Lucro Real.

Sendo assim, o gestor tributário deve ter em mente que a forma de tributação ideal é
aquela que melhor se encaixa na realidade da empresa, no que diz respeito à sua lucra-
tividade, inadimplência no recebimento de receitas, atendimento a legislação contábil,
reconhecimento de despesas etc.

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Incidentes sobre o Resultado das Empresas

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Manual de contabilidade tributária
PÊGAS, Paulo H. Manual de contabilidade tributária. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2017.

Leitura
Decreto nº. 9.580, de 22 de novembro de 2018
BRASIL. Decreto nº. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a
fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de
Qualquer Natureza.
http://bit.ly/2Qm6U2B
Receita Federal do Brasil – RFB
RECEITA FEDERAL DO BRASIL – RFB. Instrução Normativa RFB nº. 1700, de
14 de março de 2017.
http://bit.ly/2QekWCY
Estudo sobre Sonegação nas Empresas Brasileiras
ESTUDO SOBRE SONEGAÇÃO NAS EMPRESAS BRASILEIRAS, elaborado pelo
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.
http://bit.ly/2Qcm6PC

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Referências
BRASIL. Decreto nº. 9.580, de 22 de novembro de 2018: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm>. Acesso em: 08 fev. 2019.

BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades


por Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L6404consol.
htm>. Acesso em: 08 fev. 2019.

BRASIL. Lei nº. 8.212/91, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da


Seguridade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L8212cons.htm>. Acesso em: 08 de
fev. 2019.

BRASIL. Lei nº. 11.051/2004, de 24 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L11051.htm>. Acesso em:
08 fev. 2019.

BRASIL. Lei nº. 13.043, de 13 de novembro de 2014. Disponível em: <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13043.htm>. Acesso em: 07
fev. 2019.

PÊGAS, Paulo H. Manual de contabilidade tributária. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2017.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL – RFB. [2018]. Capítulo XIII – IRPJ – Lucro Presu-
mido 2018. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/
declaracoes-e-demonstrativos/ecf-escrituracao-contabil-fiscal/perguntas-e-respostas-
pessoa-juridica-2018-arquivos/capitulo-xiii-irpj-lucro-presumido-2018.pdf/@@
download/file/Cap%C3%ADtulo%20XIII%20-%20IRPJ%20-%20Lucro%20Presumido
%202018.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2018.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL – RFB. [2019]. Consulta Códigos de Receita (Darf


e DJE). Disponível em: <http://www31.receita.fazenda.gov.br/ConsultaReceita/
inicial.asp>. Acesso em: 08 fev. 2019.

RECEITA FEDERAL DO BRASIL – RFB. Instrução Normativa RFB nº. 1700, de 14 de


março de 2017. Disponível em: <http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/
link.action?idAto=81268&visao=anotado>. Acesso em: 08 fev. 2019.

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GestãoTítulo
Inserir Tributária
Aqui e
Inserir TítuloFiscal
Inteligência Aqui
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. José Carlos Pereira de Almeida

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
A Tributação das Microempresas e
as Obrigações Acessórias

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Introdução;
• Cálculo do Valor a Recolher;
• Escrituração Fiscal Digital (EFD-Fiscal);
• Escrituração Fiscal Digital – Contribuições
(EFD-Contribuições);
• Escrituração Contábil Digital (ECD – Contábil);
• Escrituração Contábil Fiscal (ECF-Fiscal);
• Considerações Finais.

Objetivo
• Apresentar o Simples Nacional e as principais obrigações acessórias de acordo com as
atividades das Empresas.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

Contextualização
Conforme já citamos, a Gestão Tributária nas Empresas é muito importante, pois é
por meio dela que as Empresas acompanham, monitoram e planejam estratégias para
a melhor otimização das operações visando à redução da sua carga tributária e, conse-
quentemente, uma maior maximização de seus lucros dentro da Legislação fiscal.

Porém, além da apuração dos tributos, as Empresas devem ficar atentas às obriga-
ções acessórias inerentes a esses tributos (diretos ou indiretos).

Para facilitar o seu trabalho de fiscalização e acompanhamento da arrecadação e


tributação, o fisco, em suas diversas jurisdições, cria relatórios para que os contribuintes
os preencham com informações tributárias.

Esses relatórios são conhecidos formalmente como Obrigações Acessórias, todos eles
estão previstos em Lei e são de apresentação obrigatória para cada contribuinte dentro
de suas características de tributação.

Assim, não nos basta calcular e recolher o tributo corretamente; devemos, também,
ficar alertas quanto a todo o processo operacional da Empresa, desde o seu correto
enquadramento tributário (Lucro Real, Lucro Presumido, Simples Nacional, Regime Pe-
riódico de Apuração do ICMS em normal ou substituição tributária, Regime Cumulativo
ou Não Cumulativo para a apuração do PIS e da COFINS etc.), o cadastro de produtos
com os NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) corretos, a emissão dos documentos
fiscais (Nota Fiscal Eletrônica e de Serviços, Conhecimento de Transporte Eletrônico
etc.), a correta contabilização, a correta baixa dos estoques etc., tudo isso para que ao
final do Processo Contábil e Fiscal as citadas obrigações acessórias sejam geradas de
forma correta e com o menor risco de inconsistências possíveis.

Por tudo isso, é importante Avaliar e Organizar os Processos Fiscais da Empresa para que eles
estejam em conformidade com a Lei, conforme podemos encontrar em: http://bit.ly/2QfuhL1.

Em um país tão sobrecarregado de impostos e tributos como o Brasil, por meio de


estudos e análises comparativas Planejamento Tributário de tributação cumulativa
ou não cumulativa, custos versus despesas, operações fiscais e variação da carga
tributária máxima ou mínima, é possível entender o recolhimento de todos os im-
postos e, associado a isto, identificar oportunidades de redução de custos tributários
para sua empresa. Em um cenário como o nosso, o Planejamento Tributário deve es-
tar presente no aproveitamento de incentivos fiscais, no pagamento de juros sobre
o capital, na distribuição de lucros e nas diversas formas de tributação das pessoas
jurídicas e de seus acionistas e cotistas. Além de ser um direito de toda empresa
brasileira, o Planejamento Tributário é uma obrigação para um bom administrador!

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Antes de entrarmos no assunto Obrigações Acessórias, vamos mostrar para você
outra forma de tributação que é utilizada pelas Microempresas e pelas Empresas de
Pequeno Porte, que é mais conhecida como Simples Nacional (SN).

Em seguida, vamos discorrer sobre e as principais obrigações acessórias correlatas aos


tributos anteriormente abordados nas Unidades I, II e III, tendo em vista que uma boa Gestão
Tributária termina com a elaboração e a entrega periódica das obrigações acessórias!

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

Introdução
Nesta Unidade, abordaremos o Simples Nacional (SN), abrangido pela Lei Comple-
mentar nº. 123, de 14 de dezembro de 2006, e as obrigações acessórias relacionadas
à Escrituração Fiscal Digital (EFD-Fiscal), à Escrituração Fiscal Digital das Contribui-
ções (EFD-Contribuições), à Escrituração Contábil Digital (ECD-Contábil) e à Escritura-
ção Contábil Fiscal (ECF-Fiscal), vinculadas ao Sistema Público de Escrituração Digital
(SPED) que foi instituído pelo Decreto no 6.022, de 22 de janeiro de 2007, tendo como
objetivos principais segundo SPED (2019):
• Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e compartilhamento
das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais de acesso;
• Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o
estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferen-
tes órgãos fiscalizadores; e
• Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle
dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das
operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica.

Ainda segundo o SPED (2019), o SISTEMA apresenta os seguintes benefícios:


• Diminuição do consumo de papel, com redução de custos e preservação do
meio ambiente;
• Redução de custos com a racionalização e simplificação das obrigações acessórias;
• Uniformização das informações que o contribuinte presta aos diversos entes
governamentais;
• Redução do envolvimento involuntário em práticas fraudulentas;
• Redução do tempo despendido com a presença de auditores fiscais nas instalações
do contribuinte;
• Simplificação e agilização dos procedimentos sujeitos ao controle da administra-
ção tributária;
• Fortalecimento do controle e da fiscalização por meio de intercâmbio de informa-
ções entre as administrações tributárias;
• Rapidez no acesso às informações;
• Aumento da produtividade do auditor através da eliminação dos passos para coleta
dos arquivos;
• Possibilidade de troca de informações entre os próprios contribuintes a partir de
um leiaute padrão;
• Redução de custos administrativos;
• Melhoria da qualidade da informação;
• Possibilidade de cruzamento entre os dados contábeis e os fiscais;

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• Disponibilidade de cópias autênticas e válidas da escrituração para usos distintos
e concomitantes;
• Redução do “Custo Brasil”; e
• Aperfeiçoamento do combate à sonegação.

Dessa forma, e tendo em vista os objetivos e benefícios anteriormente citados, as obri-


gações acessórias relacionadas aos tributos indiretos (ICMS, IPI, PIS/PASEP e COFINS)
e aos tributos diretos (IRPJ e CSLL) vêm a contribuir com uma maior transparência nas in-
formações geradas e transmitidas aos entes federativos (União, Estados e Distrito Federal).

Dessa forma, o Fisco (nesse caso, na figura da Receita Federal do Brasil – RFB e
Secretarias da Fazenda Estadual – SEFAZ) utiliza tais informações geradas pelas obriga-
ções acessórias com o intuito de uma maior proximidade com o contribuinte.

Nesse contexto, o Contribuinte poderá corrigir eventuais inconsistências e erros em


suas operações a fim de evitar eventuais autuações pelo Fisco.

Sendo assim, neste capítulo, abordaremos os aspectos principais do SN e das obriga-


ções acessórias, lembrando que esse assunto não se esgota aqui.

Simples Nacional
A Constituição Federal, em seu Artigo 179, determina que a União, os Estados, os
Municípios e o Distrito Federal estabeleçam formas simplificadas de tributação para Mi-
croempresas e Empresas de Pequeno Porte.

A nosso ver, o legislador teve a intenção de facilitar para essas Empresas o cálculo e
o recolhimento dos inúmeros tributos existentes, trazendo, com isso, um custo menor de
controle e apuração dos seus tributos.

Nesse sentido, a Lei Complementar 123/2006 criou o Estatuto Nacional da Mi-


croempresa e da Empresa de Pequeno Porte que, entre outros benefícios, instituiu o
Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas
Microempresas e pelas Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, que prevê que
determinados tipos de Empresas recolham todos os seus tributos de forma unificada em
uma única guia de recolhimento.

Vamos conhecer um pouco mais esse sistema?

Veja o que nos ensina a Receita Federal do Brasil, em seu site: http://bit.ly/2QemOfl.

A definição de Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte está ligada ao montante


da receita bruta auferida no ano, da seguinte maneira, nos termos do Artigo 3º. da Lei
Complementar 123/2006:
• Microempresa (ME): por definição legal, é a Sociedade Empresária, Socieda-
de Simples, Empresa Individual de Responsabilidade Limitada ou o Empresário,

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

legalmente constituídos, que tenham a título de receita bruta até o valor de


R$ 360.000,00 por ano.
• Empresa de Pequeno Porte (EPP): são considerados os mesmos tipos ju-
rídicos acima citados, que tenham receita bruta anual de R$ 360.000,01 até
R$ 4.800.000,00. Caso a EPP, além de receitas do Mercado interno, também au-
fira receitas com exportações, o limite de faturamento dobra, isso é uma vantagem
adicional para essa classe de Empresa, vez que o faturamento com exportações
também está limitado a R$ 4.800.000,00 anuais.

Apesar da denominação Simples Nacional, você verá, ao consultar a Lei Comple-


mentar 123/2006, que não é tão simples assim.

O legislador precisou criar uma série de regras e determinações para garantir o aces-
so ao Sistema simplificado somente para as Empresas que estejam dentro dessas regras,
caso contrário, ele facilitaria o acesso de um enorme número de contribuintes e isso
poderia prejudicar a estabilidade do Sistema e, é claro, também da arrecadação.

Nesse sentido, fica aqui a orientação para que você leia atentamente a Lei Comple-
mentar 123/2006 para que possa melhor entender os mecanismos dessa forma simpli-
ficada de tributação, visto que nesse espaço trataremos somente dos principais artigos
daquela Legislação.

Reforçamos o convite, até porque, em alguns casos, há a interferência das Legisla-


ções estaduais e municipais quanto aos limites de receita bruta anual.

Assim, dependendo do Estado da Federação em que você esteja, haverá diferenças


a serem consideradas, e a não observância dessas diferenças pode trazer complicações
para a Empresa que optar por esse Sistema.

Conforme citado, o recolhimento dos tributos das ME ou EPPs é feito em guia única,
e a sua apuração é feita mediante aplicação de um percentual sobre a receita bruta,
percentual esse estabelecido pela Legislação por meio de Tabelas de anexos elaborados
de acordo com a atividade exercida pelas Empresas, conforme mostraremos a seguir:

Anexo I do Simples Nacional 2018


Tabela 1 – Participantes: empresas de comércio “lojas em geral”)
Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor devido
Até R$ 180.000,00 4% 0
De 180.000,01 a 360.000,00 7,3% R$ 5.940,00
De 360.000,01 a 720.000,00 9,5% R$ 13.860,00
De 720.000,01 a 1.800.000,00 10,7% R$ 22.500,00
De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,3% R$ 87.300,00
De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19% R$ 378.000,00
Fonte: blog.sage.com.br

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Anexo II do Simples Nacional 2018
Tabela 2 – Participantes: fábricas/indústrias e empresas industriais)
Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor devido
Até R$ 180.000,00 4,5% 0
De 180.000,01 a 360.000,00 7,8% R$ 5.940,00
De 360.000,01 a 720.000,00 10% R$ 13.860,00
De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,2% R$ 22.500,00
De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,7% R$ 85.500,00
De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30% R$ 720.000,00
Fonte: blog.sage.com.br

Anexo III do Simples Nacional 2018

Participantes
Empresas que oferecem serviços de instalação, de reparos e de manutenção. Consi-
deram-se neste anexo ainda Agências de Viagens, Escritórios de Contabilidade, Acade-
mias, Laboratórios, Empresas de Medicina e Odontologia (a lista do Anexo III está no
§ 5º-B, no § 5º-D e no § 5º-F do Artigo 18 da Lei Complementar 123).

Tabela 3
Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor devido
Até R$ 180.000,00 6% 0
De 180.000,01 a 360.000,00 11,2% R$ 9.360,00
De 360.000,01 a 720.000,00 13,5% R$ 17.640,00
De 720.000,01 a 1.800.000,00 16% R$ 35.640,00
De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 21% R$ 125.640,00
De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33% R$ 648.000,00
Fonte: blog.sage.com.br

Anexo IV do Simples Nacional 2018

Participantes
Empresas que fornecem serviço de limpeza, vigilância, obras, construção de imóveis,
serviços advocatícios (a lista do Anexo IV vai estar no § 5º-C do Artigo 18 da Lei Com-
plementar 123)

Tabela 4
Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor devido
Até R$ 180.000,00 4,5% 0
De 180.000,01 a 360.000,00 9% R$ 8.100,00
De 360.000,01 a 720.000,00 10,2% R$ 12.420,00
De 720.000,01 a 1.800.000,00 14% R$ 39.780,00

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor devido


De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 22% R$ 183.780,00
De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 33% R$ 828.000,00
Fonte: blog.sage.com.br

Anexo V do Simples Nacional 2018

Participantes
Empresas que fornecem serviço de Auditoria, Jornalismo, Tecnologia, Publicidade
e Engenharia, entre outros (a lista do Anexo IV vai estar no § 5º-I do Artigo 18 da Lei
Complementar 123)

Tabela 5
Receita Bruta Total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor devido
Até R$ 180.000,00 15,5% 0
De 180.000,01 a 360.000,00 18% R$ 4.500,00
De 360.000,01 a 720.000,00 19,5% R$ 9.900,00
De 720.000,01 a 1.800.000,00 20,5% R$ 17.100,00
De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 23% R$ 62.100,00
De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,50% R$ 540.000,00
Fonte: blog.sage.com.br

Cálculo do Valor a Recolher


O percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para a determinação do valor a ser
recolhido, depois de definido o Anexo ao qual a Microempresa ou Empresa de Pequeno
Porte pertence, é obtido mediante a aplicação da seguinte fórmula:

(RBT12 * Aliq – PD) / RBT12

Onde:
• RBT12: Receita Bruta Total acumulada nos doze meses anteriores;
• Aliq: alíquota nominal constante (Anexos I e V da Lei Complementar);
• PD: parcela de deduzir constante (Anexos I e V da Lei Complementar).

Exemplo

Uma Empresa comercial de pequeno porte que tenha obtido receita de vendas no mês
de janeiro de X-1 no valor de R$ 370.000,00 e que, nos doze meses anteriores, ou seja,
janeiro a dezembro de X-0 tenha uma receita bruta acumulada de R$ 4.000.000,00,
utilizará o Anexo 1 e fará o cálculo da seguinte maneira:
(4.000.000,00X19%) – 378.000,00) / 4.800.000,00 = 7,96%
R$ 370.000,00 X 7,96% = R$ 29.452,00

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Verifique que a fórmula de cálculo do valor a recolher é realmente muito simples,
porém a decisão pela opção ou não por esse Sistema de Tributação, essa sim, não é
fácil, porque são vários os entraves legais que devem ser observados, além de outros
entraves comerciais, como, por exemplo, a transferência de créditos de ICMS e IPI, as
Empresas optantes por esse Sistema de Tributação não transferem créditos de ICMS e
IPI em sua totalidade. Isso deve ser muito bem observado porque pode trazer problemas
de competitividade para a Empresa.

Não queremos dizer com isso que o sistema não é bom; ele é muito bom, de forma
geral, mas a opção deve ser cuidadosa, pois cada atividade tem suas particularidades.

Deve-se levar em conta:


• Total da Folha de Pagamento;
• Quantidade de funcionários;
• Se os Sócios participam de outras sociedades;
• O nível de rentabilidade da Empresa;
• Se a atividade, quando comercial ou industrial, terá exigência de transferência de
créditos do ICMS e do IPI para os adquirentes dos produtos;
• Se o público alvo está localizado no mesmo estado do optante ou em outro;
• Se a aquisição de mercadorias e de matérias-primas será feita dentro do estado ou
de fora dele.

Escrituração Fiscal Digital (EFD-Fiscal)


Conforme o Convênio ICMS 143, de 20 de dezembro de 2006, foi criada a Escritu-
ração Fiscal Digital (EFD-Fiscal), que representa a escrituração dos documentos fiscais
(Nota Fiscal Eletrônica, Conhecimento de Transporte Eletrônico, Energia Elétrica etc.),
bem como o registro de apuração de impostos referentes às operações e às prestações
praticadas pelo contribuinte e demais informações de interesse das Secretarias da Fazen-
da Estadual (Estados e Distrito Federal) e Federal (União).

Nesse contexto, a recepção e a validação dos arquivos de dados relativos à EFD-FIS-


CAL é realizado pelo o ambiente nacional do Sistema Público de Escrituração Digital
– SPED, que foi instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, e é adminis-
trado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), com imediata retransmissão à
respectiva Secretaria da Fazenda Estadual (SEFAZ) de sua Unidade federada.

No entanto, para que a transmissão ocorra, o arquivo deverá ser assinado digital-
mente por Certificado Digital (contribuinte, representante legal ou por procuração)
conforme as normas da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil).

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

A EFD-Fiscal tornou-se obrigatória a partir de 1º de janeiro de 2009, sendo facultado


a cada Estado e ao Distrito Federal em conjunto com a SRFB estabelecer essa obrigação
para determinados contribuintes durante o exercício de 2008.

Tal obrigação é de uso obrigatório para os contribuintes do Imposto sobre Operações


Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte In-
terestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e/ou do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI).

A EFD-Fiscal deve ser elaborada para a Matriz e demais estabelecimentos (filiais)


do contribuinte.

Dessa forma, a EFD-Fiscal substitui a escrituração e impressão dos seguintes livros:


• Registro de Entradas;
• Registro de Saídas;
• Registro de Inventário;
• Registro de Apuração do IPI; e
• Registro de Apuração do ICMS.

A Pessoa Jurídica (PJ) deverá guardar o arquivo digital da EFD-Fiscal transmitida


juntamente com o recibo da transmissão, pelo prazo previsto na Legislação em linhas
gerais (5 anos), bem como, os documentos fiscais que deram origem à escrituração. Po-
rém, antes de qualquer procedimento de descarte, consultar a Legislação atual.

Sendo que a SRFB assegura o compartilhamento das informações relativas às es-


criturações fiscal e contábil digitais, em ambiente nacional, com os Estados e o Distrito
Federal de localização dos estabelecimentos da PJ.

Escrituração Fiscal Digital –


Contribuições (EFD-Contribuições)
A Escrituração Fiscal Digital das Contribuições (EFD – Contribuições) foi instituída
pela Instrução Normativa RFB nº 1.052, de 5 de julho de 2010, obrigando as PJs e equi-
paradas à geração e entrega do arquivo de apuração do Programa de Integração Social
(PIS/PASEP) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
com base no faturamento mensal.

No entanto, foi com o advento da Instrução Normativa RFB nº 1.252, de 1 de mar-


ço de 2012, que tornou obrigatória a geração do arquivo da EFD – Contribuições, não
apenas para as PJs e equiparadas, do PIS/PASEP e da COFINS, também para os con-
tribuintes da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), conforme os
períodos a seguir:

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• Os fatos geradores do PIS/PASEP e da COFINS ocorridos a partir de 1º de janeiro
de 2012 para as PJs e equiparadas sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda
(IR) com base no Lucro Real;
• Os fatos geradores do PIS/PASEP e da COFINS ocorridos a partir de 1º de janeiro
de 2013, as demais PJs sujeitas à tributação do IR com base no Lucro Presumido
ou Arbitrado;
• Os fatos geradores do PIS/PASEP e da COFINS ocorridos a partir de 1º de janeiro
de 2014, as seguintes PJs: Bancos (Comerciais, de Investimentos, e de Desenvolvi-
mento), Caixas Econômicas, Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento,
Sociedades (de Crédito Imobiliário e Corretoras), Distribuidoras de Títulos e Valores
Mobiliários, Empresas de Arrendamento Mercantil e Cooperativas de Crédito, que
tenham por objeto a securitização de créditos e as operadoras de planos de assis-
tência à saúde;
• Os fatos geradores da CPRB ocorridos a partir de 1º. de março de 2012 e a partir
de 1º. de abril de 2012, as PJs que desenvolvam as atividades relacionadas na Lei
n. 12.546, de 14 de dezembro de 2011.

Nesse contexto, as PJs e equiparadas devem escriturar e prestar informações sobre suas
operações (contábeis e/ou fiscais), relativas ao seu faturamento mensal, assim definido:
• Como o total das receitas auferidas pela PJ, independentemente de sua denomi-
nação ou classificação contábil, correspondente à receita bruta da venda de bens
e serviços a terceiros ou por representação comercial e todas as demais receitas
auferidas pela PJ.

Em contrapartida, as PJs devem também efetuar a escrituração de suas operações


(contábeis e/ou fiscais), correspondentes a aquisições de bens para revenda, bens e servi-
ços utilizados como insumos, despesas e encargos, para a apuração de créditos próprios
do regime não cumulativo, ou créditos presumidos da agroindústria.

A periodicidade da declaração é mensal, de forma centralizada pela matriz, e deve


apresentar informações relativas ao mês de sua entrega, bem como a apuração dos va-
lores devidos e/ou créditos nos casos de abertura, sucessão ou encerramento.

No entanto, fica dispensada da apresentação da EFD-Contribuições, no caso da PJ


tributada pelo Lucro Real ou Lucro Presumido, em que, no mês:
• Não haja receita bruta da venda de bens e/ou serviços (sujeitas à tributação, à isen-
ção, a não incidência, à suspensão ou à alíquota zero) e/ou que não tenha créditos
da não cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS.

A dispensa da entrega acima citada, não alcança o mês de dezembro do ano-calen-


dário vigente, no qual a PJ deverá indicar os meses aos quais não teve apuração dos
tributos. Sendo também dispensadas:
• As MEs e as EPPs enquadradas no Simples Nacional (SN), relativas ao ano-calen-
dário em que esteja enquadrada;

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

• As PJs imunes e isentas do IRPJ, nas quais a soma dos valores mensais da PIS/PASEP
(não sendo considerado o apurado sobre folha de pagamento), da COFINS e da
CPRB seja igual ou inferior a R$ 10.000,00, com sua obrigatoriedade de entrega a
partir do mês em que o limite fixado for ultrapassado;
• As PJs que se mantiveram inativas desde o início do ano-calendário ou desde a data
de início de atividades;
• Os Órgãos Públicos;
• As Autarquias e as Fundações Públicas;
• Os Condomínios Edilícios;
• Os Consórcios de Empregadores;
• Os Clubes de Investimento registrados em Bolsa de Valores;
• Os Fundos Mútuos de Investimento Mobiliário (sujeitos às normas do Bacen ou
da CVM);
• As Embaixadas, Missões, Delegações Permanentes, Consulados-Gerais, Consula-
dos, Vice-Consulados, Consulados Honorários e as Unidades específicas do Gover-
no brasileiro no exterior;
• As representações permanentes de organizações internacionais;
• Os Serviços Notariais e Registrais (Cartórios);
• Os fundos especiais de natureza contábil ou financeira, não dotados de personali-
dade jurídica, criados no âmbito de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, bem como dos Ministérios Públicos e dos
Tribunais de Contas;
• Dentre outras situações.

O arquivo digital com a informações em cada período de apuração mensal e será


transmitido até o 10º. dia útil do 2º. mês subsequente ao mês de referência da Escritu-
ração digital.

A falta de entrega, a entrega em atraso ou a entrega incorreta ou com omissões da


EFD-CONTRIBUIÇÕES acarretará a imposição das seguintes penalidades:
• Multa equivalente a 0,5% do valor da receita bruta da PJ no período a que se refere
a escrituração;
• Multa equivalente a 5% sobre o valor da operação (omitida ou informada incorreta-
mente o), limitada a 1% do valor da receita bruta da PJ no período da escrituração; e
• Multa equivalente a 0,02% por dia de atraso, sobre a receita bruta da PJ no período,
limitada a 1% desta, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresenta-
ção dos registros e respectivos arquivos.

O arquivo digital gerado, deverá ser submetido ao programa validador da EFD-CON-


TRIBUIÇÕES, o qual verifica as consistências das informações prestadas no arquivo,
sendo assinado por meio de Certificado Digital válido.

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A PJ deverá armazenar o arquivo digital transmitido, recibo de transmissão e docu-
mentação comprobatória das operações relacionadas a EFD-CONTRIBUIÇÕES trans-
mitida, em linhas gerais, pelo mesmo prazo de 5 anos. Porém, antes de qualquer proce-
dimento de descarte, deve-se consultar a Legislação atual.

Escrituração Contábil Digital


(ECD – Contábil)
A Escrituração Contábil Digital (ECD – Contábil) relativa às PJs e equiparadas com-
preenderá a versão em formato digital dos seguintes livros e demonstrativos contábeis:
• Livro Diário e seus auxiliares;
• Livro Razão e seus auxiliares, e
• Balancetes Diários, Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE) e demais demonstrações.

Os Livros Contábeis e demais demonstrativos contábeis deverão ser assinados digital-


mente, por meio de Certificado Digital.

Dessa forma, não deverão apresentar a ECD – Contábil:


• As PJs optantes pelo SN;
• Os Órgãos Públicos, as Autarquias e as Fundações Públicas;
• As PJs inativas (que não apresentaram atividade operacional, não operacional, pa-
trimonial ou financeira);
• As PJs imunes e isentas que auferiram receitas (doações, incentivos, subvenções,
contribuições, auxílios, convênios etc.), cuja soma seja inferior a R$ 1.200.000,00
ou proporcional; e
• As PJs tributadas com base no Lucro Presumido que distribuíram, a título de lucro,
sem incidência do IRRF, parcela de lucros ou dividendos diminuídas de tributos
e contribuições.

Não obstante, deverão apresentar a ECD – Contábil as seguintes PJs e equiparadas:


• Enquadradas no SN que receberem aporte de capital de investidor anjo;
• Tributadas pelo Lucro Presumido que distribuírem parcela de lucros ou dividendos
sem incidência do IRRF pelo Resultado Contábil (superior ao Lucro Presumido
apurado diminuído dos impostos e contribuições);
• As PJs do segmento da Construção Civil dispensadas de apresentar a EFD – FISCAL
ficam obrigadas a apresentar o livro Registro de Inventário na ECD – Contábil,
como livro auxiliar;
• a Sociedade em Conta de Participação (SCP) deve apresentá-la como livros pró-
prios e/ou livros auxiliares do sócio ostensivo;

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

• O Empresário e a Sociedade Empresária que não estejam obrigados podem apre-


sentar de forma facultativa.
• As demais PJs e equiparadas que não estejam obrigadas a apresentar e queiram
apresentar de forma facultativa.

A ECD – Contábil deverá ser gerada, validada e entregue por meio do Programa
Gerador de Escrituração (PGE), cuja transmissão se dará até o último dia útil do mês de
maio do ano seguinte ao ano-calendário a que se refere a escrituração.

Com exceção nos casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou incorporação
da PJ, deve ser entregue nos seguintes prazos:
• Se o evento ocorrer no período compreendido entre janeiro e abril, deverá ser en-
tregue até o último dia útil do mês de maio do ano em questão;
• Se o evento ocorrer entre maio e dezembro, deverá ser entregue até o último dia
útil do mês subsequente ao do evento.

Os Livros relativos à entrega da ECD – Contábil serão autenticados mediante a entrega


comprovada pelo recibo de entrega da obrigação, dispensadas qualquer outra autenticação.

No entanto, a ECD – Contábil outrora autenticada poderá ser substituída caso haja
erros que não possam ser corrigidos mediante Lançamento Contábil extemporâneo.

A substituição da ECD – Contábil cancelará a autenticação anterior e a substituta


deverá apresentar Termo de Verificação para Fins de Substituição contendo:
• Identificação da escrituração substituída;
• Descrição pormenorizada dos erros;
• Identificação clara e precisa dos registros com erros;
• Autorização expressa para acesso às informações pertinentes às modificações por
parte do Conselho Federal de Contabilidade; e
• Descrição dos procedimentos pré-acordados executados pelos auditores indepen-
dentes quando estes julgarem necessário.

Nesse contexto, o Termo de Verificação para Fins de Substituição deverá ser assina-
do pelo profissional da Contabilidade que assina os Livros e as Demonstrações Contá-
beis substitutas.

A substituição da ECD – Contábil poderá ser feita até o fim do prazo de entrega rela-
tivo ao ano-calendário subsequente, sendo nulas as alterações efetuadas em desacordo
com o Termo de Verificação para Fins de Substituição.

A falta de entrega, a entrega em atraso ou a entrega incorreta e com omissão de


informações da ECD – Contábil acarretará a imposição das seguintes penalidades:
• Multa equivalente a 0,5% do valor da Receita Bruta da PJ no período a que se refere
a escrituração;

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• Multa equivalente a 5% sobre o valor da operação (omitida ou informada incorreta-
mente), limitada a 1% do valor da Receita Bruta da PJ no período da escrituração;
• Multa equivalente a 0,02% por dia de atraso, sobre a Receita Bruta da PJ no perí-
odo, limitada a 1% desta, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apre-
sentação dos registros e respectivos arquivos.

As multas anteriormente citadas serão reduzidas:


• À 50%, quando a ECD – Contábil for entregue após o prazo, mas antes de qualquer
procedimento de cobrança;
• A 75%, se a ECD – Contábil for entregue no prazo fixado em intimação.

O arquivo digital gerado deverá ser submetido ao programa validador da ECD, no


qual se verificam as consistências das informações prestadas no arquivo, sendo assinado
por meio de Certificado Digital válido.

A PJ deverá armazenar o arquivo digital transmitido, recibo de transmissão e docu-


mentação comprobatória das operações relacionadas a ECD transmitida, em linhas ge-
rais, pelo mesmo prazo de 5 anos. Porém, antes de qualquer procedimento de descarte,
deve-se consultar a Legislação atual.

Escrituração Contábil Fiscal (ECF-Fiscal)


A Escrituração Contábil Fiscal (ECF-Fiscal) tem como objetivo substituir a Declaração
de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), a partir do exercício de
2015, ano-calendário 2014.

Nesse contexto, são obrigadas ao seu preenchimento todas as PJs e equiparadas, tribu-
tadas pelo Lucro Real, Lucro Arbitrado, Lucro Presumido, e as Imunes e Isentas, exceto:
• As PJs optantes pelo SN;
• Os Órgãos Públicos, as Autarquias e as Fundações Públicas;
• As PJs inativas (que não apresentaram atividade operacional, não operacional, pa-
trimonial ou financeira).

A ECF-Fiscal deverá ser transmitida de forma anual até o último dia útil do mês de
julho do ano seguinte ao ano-calendário a que se refira.

No entanto, os casos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou incorporação,


ocorridos de janeiro a abril do ano-calendário, deverão ser entregues até o último dia útil
do mês de julho do referido ano.

Já nos demais casos ocorridos de extinção, cisão parcial, cisão total, fusão ou incor-
poração, ocorridos de maio em diante, a ECF-Fiscal deverá ser entregue até o último dia
útil do 3º mês subsequente ao do evento.

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

Lembrando-se de que a PJ que tenha SCP deverá preencher e transmitir sua própria
ECF-Fiscal, com base no CNPJ da sócia ostensiva e o CNPJ de cada SCP.

A ECF-Fiscal poderá ser retificada em até 5 anos e terá a mesma natureza da ECF-
-Fiscal retificada, substituindo-a integralmente. No entanto, não serão aceitas a ECF-
-Fiscal retificadora que tenha por objetivo mudança do regime de tributação.

A falta de entrega, a entrega em atraso, ou a entrega incorreta ou com omissões da


ECF-Fiscal acarretará a imposição das seguintes penalidades:
• Multa equivalente a 0,5% do valor da Receita Bruta da PJ no período a que se refere
a escrituração;
• Multa equivalente a 5% sobre o valor da operação (omitida ou informada incorreta-
mente), limitada a 1% do valor da Receita Bruta da PJ no período da escrituração;
• Multa equivalente a 0,02% por dia de atraso, sobre a Receita Bruta da PJ no perí-
odo, limitada a 1% desta, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apre-
sentação dos registros e respectivos arquivos.

O arquivo digital gerado deverá ser submetido ao programa validador da ECF-Fiscal,


no qual se verificam as consistências das informações prestadas no arquivo, sendo assi-
nado por meio de certificado digital válido.

A PJ deverá armazenar o arquivo digital transmitido, o recibo de transmissão e a do-


cumentação comprobatória das operações relacionadas à ECF-Fiscal transmitida, pelo
mesmo prazo de 5 anos.

As multas anteriormente citadas serão reduzidas a:


• 50%, quando a ECF-Fiscal for entregue após o prazo, mas antes de qualquer pro-
cedimento de cobrança;
• 75%, se a ECF-Fiscal for entregue no prazo fixado em intimação.

O arquivo digital gerado deverá ser submetido ao programa validador da ECF-Fiscal,


no qual se verificam as consistências das informações prestadas no arquivo, sendo assi-
nado por meio de Certificado Digital válido.

A PJ deverá armazenar o arquivo digital transmitido, o recibo de transmissão e a


documentação comprobatória das operações relacionadas à ECF-Fiscal transmitida, em
linhas gerais, pelo mesmo prazo de 5 anos. Porém, antes de qualquer procedimento de
descarte, deve-se consultar a Legislação atual.

Considerações Finais
O Simples Nacional, apesar de não ser uma forma de tributação do Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica e sim um regime unificado de recolhimento de impostos e
contribuições, faz-se como uma forma de tributação complementar, pois quando as PJs

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buscam analisar uma maneira de diminuir a sua carga tributária, fazem-no analisando,
também, a possibilidade de enquadramento no Simples Nacional.

Por outro lado, temos as obrigações acessórias que estão estritamente vinculadas aos
tributos gerados pelas operações das Empresas.

Dessa forma, percebemos que as Empresas devem se preocupar não só com a ge-
ração, a entrega e a guarda de tais obrigações acessórias (Escrituração Fiscal Digital
(EFD-Fiscal), Escrituração Fiscal Digital das Contribuições (EFD-Contribuições), Escri-
turação Contábil Digital (ECD-Contábil) e Escrituração Contábil Fiscal (ECF-Fiscal); de-
vem, também, prestar muita atenção a suas operações de venda, prestação de serviços,
compra de produtos e mercadorias, parametrização contábil e fiscal e demais operações,
pois a geração e a entrega das obrigações são reflexos de uma boa gestão operacional
e estratégica do dia a dia das Empresas, cuja correta emissão da Nota Fiscal Eletrônica
e de Serviços e a correta Parametrização das entradas de produtos e mercadorias, a
correta contabilização e o correto enquadramento tributário, dentre outras situações,
contribuirão com as informações a serem prestadas em tais obrigações acessórias.

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UNIDADE
A Tributação das Microempresas e as Obrigações Acessórias

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006
BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
http://bit.ly/2QgfU99
Escrituração Contábil Digital – ECD-Contábil
SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Contábil
Digital – ECD-Contábil. 2019.
http://bit.ly/2QahQzW
Escrituração Contábil Fiscal – ECF-Fiscal
SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. [2019]. Escrituração
Contábil Fiscal – ECF-Fiscal.
http://bit.ly/2Qcr6Ul
Escrituração Fiscal Digital – EFD-Contribuições
SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Fiscal
Digital – EFD-Contribuições. 2019.
http://bit.ly/2Qd0u5H
Escrituração Fiscal Digital – EFD-Fiscal
SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Fiscal
Digital – EFD-Fiscal. 2019.
http://bit.ly/2QdbrEe

22
Referências
BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 16 mar. 2019.

SAGE. Simples Nacional. [2018]. Simples Nacional 2018: confira as novas tabelas.
Disponível em: <https://blog.sage.com.br/simples-nacional-2018-confira-as-novas-
tabelas-e-limites>. Acesso em: 16 mar. 2019.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Conheça o SPED. 2019.


Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/pasta/show/10>. Acesso em: 16 mar. 2019.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Contábil


Digital – ECD-Contábil. 2019. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/projeto/
show/273>. Acesso em: 16 mar. 2019.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Contábil


Fiscal – ECF-Fiscal. 2019. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/pastalegislacao/
show/1125>. Acesso em: 16 mar. 2019.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Fiscal


Digital – EFD-Contribuições. 2019. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/
pastalegislacao/show/1125>. Acesso em: 16 mar. 2019.

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL – SPED. Escrituração Fiscal


Digital – EFD-Fiscal. 2019. Disponível em: <http://sped.rfb.gov.br/pastalegislacao/
show/518>. Acesso em: 16 mar. 2019.

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23/06/2019 LUCRO REAL PRESUMIDO OU SIMPLES

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LUCRO REAL, PRESUMIDO OU SIMPLES?

Equipe Portal Tributário

Importante decisão tributária deve ser efetivada, anualmente, pelos administradores empresariais, relativamente
às opções: Lucro Real, Lucro Presumido ou Simples Nacional.

Como a legislação não permite mudança de sistemática no mesmo exercício, a opção por uma das modalidades
será definitiva. Se a decisão for equivocada, ela terá efeito no ano todo.

A opção é definida no primeiro pagamento do imposto (que normalmente é recolhido em fevereiro de cada
ano), ou, no caso das optantes pelo Simples Nacional, por opção até o último dia útil de janeiro.

A apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido
(CSLL) pode ser feita de três formas:

1. Lucro Real (apuração anual ou trimestral);


2. Lucro Presumido e
3. Simples Nacional (opção exclusiva para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).

LUCRO REAL ANUAL

No Lucro Real Anual a empresa deve antecipar os tributos mensalmente, com base no faturamento mensal,
sobre o qual aplicam-se percentuais predeterminados, de acordo com o enquadramento das atividades, para
obter uma margem de lucro estimada (estimativa), sobre a qual recai o IRPJ e a CSLL, de forma semelhante ao
Lucro Presumido.

Nesta opção, há, ainda, a possibilidade de levantar balanços ou balancetes mensais, reduzindo ou suspendendo-
se o recolhimento do IRPJ e da CSLL, caso demonstre-se que o lucro real efetivo é menor do que aquele
estimado ou que a pessoa jurídica está operando com prejuízo fiscal.

No final do ano, a pessoa jurídica levanta o balanço anual e apura o lucro real do exercício, calculando em
definitivo o IRPJ e a CSLL e descontando as antecipações realizadas mensalmente.

Eventualmente, as antecipações podem ser superiores aos tributos devidos, ocasionando um crédito em favor
do contribuinte. Então, a desvantagem é antecipar o pagamento dos tributos, tirando recursos no fluxo de caixa
empresarial.

LUCRO REAL TRIMESTRAL

No Lucro Real trimestral, o IRPJ e a CSLL são calculados com base no resultado apurado no final de cada
trimestre civil, de forma isolada. Portanto, nesta modalidade, teremos durante o ano 4 (quatro) apurações
definitivas, não havendo antecipações mensais como ocorre na opção de ajuste anual.

Esta modalidade deve ser vista com cautela, principalmente em atividades sazonais ou que alternem lucros e
prejuízos no decorrer do ano. Nesta modalidade, os lucros e prejuízos são apurados trimestralmente, de forma
isolada.

www.portaltributario.com.br/noticias/lucroreal_presumido.htm 1/3
23/06/2019 LUCRO REAL PRESUMIDO OU SIMPLES

Assim se a pessoa jurídica tiver um prejuízo fiscal de R$ 100.000,00 (cem mil reais) no primeiro trimestre e um
lucro de também R$ 100.000,00 (cem mil reais) no segundo trimestre terá que tributar IRPJ e CSLL sobre a
base de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), pois não se pode compensar integralmente o prejuízo do trimestre
anterior, ainda que dentro do mesmo ano-calendário.

O prejuízo fiscal de um trimestre só poderá deduzir até o limite de 30% do lucro real dos trimestres seguintes.

Essa pode ser uma boa opção para empresas com lucros lineares.

Mas para as empresas com picos de faturamento, durante o exercício, a opção pelo Lucro Real anual pode ser
mais vantajosa porque poderá suspender ou reduzir o pagamento do IRPJ e da CSLL, quando os balancetes
apontarem lucro real menor que o estimado ou até mesmo prejuízos fiscais. Outra vantagem é que o prejuízo
apurado no próprio ano pode ser compensado integralmente com lucros do exercício.

LUCRO PRESUMIDO

O IRPJ e a CSLL pelo Lucro Presumido são apurados trimestralmente.

A alíquota de cada tributo (15% ou 25% de IRPJ e 9% da CSLL) incide sobre as receitas com base em
percentual de presunção variável (1,6% a 32% do faturamento, dependendo da atividade).

Este percentual deriva da presunção de uma margem de lucro para cada atividade (daí a expressão Lucro
Presumido) e é predeterminado pela legislação tributária.

Há alguns tipos de receita que são acrescidas integralmente ao resultado tributável, como os ganhos de capital e
as receitas de aplicações financeiras.

Destaque-se, no entanto, que nem todas empresas podem optar pelo lucro presumido, pois há restrições
relativas ao objeto social e o faturamento.

Esta modalidade de tributação pode ser vantajosa para empresas com margens de lucratividade superior a
presumida, podendo, inclusive, servir como instrumento de planejamento tributário.

Empresas que possuam boa margem de lucro podem, respeitados eventuais impedimentos, utilizar-se do Lucro
Presumido.

Por exemplo: determinada empresa comercial possui uma margem de lucro efetivo de 15%, no entanto a
administração observou que optando pelo Lucro Presumido a referida margem, para fins tributários, estaria
fixada em 8%, demonstrando que este regime seria o mais interessante para este caso concreto.

Outra análise a ser feita é que as empresas tributadas pelo Lucro Presumido não podem aproveitar os créditos
do PIS e da COFINS, por estarem fora do sistema não cumulativo, no entanto recolhem com alíquotas mais
baixas.

Portanto, a análise do regime deve ser realizada considerando a repercussão no IRPJ, na CSLL, no PIS e
na COFINS.

SIMPLES NACIONAL

A aparente simplicidade do regime do Simples Nacional e a possibilidade de economia no pagamento dos


vários tributos são os grandes atrativos para as pequenas empresas.

Entretanto, há restrições legais para opção além do limite de receita bruta anual. Apesar da abrangência do
Simples incluir, a partir de 2015, atividades de serviços profissionais (como clínicas médicas, corretores e
outras profissões liberais) - as alíquotas de incidência previstas para serviços são muito elevadas.

As empresas de serviços que não tenham ou tenham poucos empregados poderão vir a ser oneradas se optarem
por este regime.
www.portaltributario.com.br/noticias/lucroreal_presumido.htm 2/3
23/06/2019 LUCRO REAL PRESUMIDO OU SIMPLES

Há questões que exigem análise detalhada, como a ausência de créditos do IPI e sublimites estaduais para
recolhimento do ICMS.

Outro detalhe do Simples Nacional é que as alíquotas são progressivas, podendo ser, nas faixas superiores de
receita, especialmente para empresas de serviços, mais onerosas para do que os regimes de Lucro Real ou
Presumido.

Observe-se, também, que determinadas atividades exigem o pagamento, além do percentual sobre a receita, da
contribuição previdenciária sobre a folha.

Diante destes fatos, o melhor é comparar as opções do Lucro Real e Presumido, antes de optar pelo Simples
Nacional.

CONCLUSÃO

Recomenda-se que os administradores realizem cálculos, visando subsídios para tomada de decisão pela forma
de tributação, estimando-se receitas e custos, com base em orçamento anual ou valores contábeis históricos,
devidamente ajustados em expectativas realistas.

A opção deve recair para aquela modalidade em que o pagamento de tributos, compreendendo não só o IRPJ e
a CSLL, mas também o PIS, COFINS, IPI, ISS, ICMS e INSS se dê de forma mais econômica, atendendo
também às limitações legais de opção a cada regime.

Conheça obras voltadas para a gestão e economia tributária:

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Jurídicas

www.portaltributario.com.br/noticias/lucroreal_presumido.htm 3/3
23/06/2019 PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS

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PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS

O regime não cumulativo do PIS e do COFINS consiste em deduzir, dos débitos apurados de cada contribuição,
os respectivos créditos admitidos na legislação.

A sistemática é denominada "regime de não cumulatividade do PIS e COFINS".

Exemplo:

Débitos do PIS apurados: R$ 10.000,00

Créditos do PIS apurados nas aquisições de mercadorias e outros itens admitidos na legislação: R$ 6.000,00

PIS devido: R$ 10.000,00 - R$ 6.000,00 = R$ 4.000,00.

PIS

Com a vigência da Lei 10.637/2002, a partir de 01.12.2002, com exceções específicas, foi instituído o regime
não cumulativo do PIS para as empresas optantes pelo lucro real.

ALÍQUOTAS

A alíquota geral do PIS não cumulativo é de 1,65%.

Para determinadas operações de vendas de produtores, distribuidores ou importadores de combustíveis,


produtos farmacêuticos, perfumaria, toucador, higiene pessoal, máquinas e veículos, autopeças, pneus novos de
borracha, câmaras-de-ar de borracha, querosene de aviação, embalagens para bebidas, água, refrigerante,
cerveja e preparações compostas e papel imune a impostos, a alíquota é específica, conforme definido nos
parágrafos do art. 2º da Lei 10.637/2002.

COFINS

Com a Lei 10.833/2003, para as empresas optantes pelo lucro real, a partir de 01.02.2004, com exceções
específicas, acaba a cumulatividade da COFINS sobre a receita bruta, descontando-se créditos da contribuição.

ALÍQUOTAS

A alíquota geral da COFINS não cumulativa é de 7,6%.

Para determinadas operações de vendas de produtores, distribuidores ou importadores de combustíveis,


produtos farmacêuticos, perfumaria, toucador, higiene pessoal, máquinas e veículos, autopeças, pneus novos de
borracha, câmaras-de-ar de borracha, querosene de aviação, embalagens para bebidas, água, refrigerante,
cerveja e preparações compostas e papel imune a impostos, por força do art. 21 da Lei 10.865/2004 (que alterou
vários parágrafos do art. 2 da Lei 10.833/2003), a alíquota é específica.

CRÉDITOS ADMISSÍVEIS, EXEMPLOS DE CÁLCULO E DETALHAMENTOS SOBRE OS REGIMES


DE NÃO CUMULATIVIDADE DO PIS E COFINS

Para obter exemplos de cálculos e outros detalhamentos, acesse os seguintes tópicos no Guia Tributário Online:

COFINS - Regime Não Cumulativo - Conceitos Gerais


Compensação dos Créditos da Não Cumulatividade
www.portaltributario.com.br/tributos/cofins_mp135.html 1/2
23/06/2019 PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS

Contabilização das Contribuições e Créditos Não Cumulativos


PIS - Regime Não Cumulativo - Conceitos Gerais
PIS NÃO CUMULATIVO - Créditos Admissíveis
PIS e COFINS – Aspectos Gerais
PIS e COFINS – Atividades Imobiliárias - Regime de Reconhecimento das Receitas
PIS e COFINS - Contabilização de Créditos da Não Cumulatividade
PIS e COFINS – Créditos Não Cumulativos sobre Depreciação
PIS e COFINS – Crédito Presumido - Produtos de Origem Animal ou Vegetal
PIS e COFINS – Exclusões na Base de Cálculo
PIS e COFINS - Insumos - Conceito
PIS e COFINS - Não Cumulativos - Atividades Imobiliárias
PIS e COFINS - Vendas para a Zona Franca de Manaus

Conheça também o Manual do PIS e COFINS e Recuperação de Créditos Tributários:

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Jurídicas

www.portaltributario.com.br/tributos/cofins_mp135.html 2/2

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