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AULA DE DIREITO ADMINISTRATIVO

DIA 7 DE MAIO DE 2007


PROFESSOR OSCAR VILAÇA

Controle da Administração Pública.


Finalidade: análise dos atos ampliativos de direitos.
Lei nº. 9.784/99 – Lei do Processo Administrativo – prevê explicitamente o ato de
convalidação do ato administrativo – portanto, hoje não mais se discute se há ou não
possibilidade de convalidação de um ato administrativo. Por expressa previsão legal a
resposta é afirmativa.
A convalidação será cabível se ficar demonstrado:
- não acarretar lesão a interesse público;
- não causar prejuízo a terceiros;
- não haver defeitos insanáveis.
A análise do ato administrativo sofreu modificações de 10 a 15 anos para cá. Antes
disso, havendo qualquer vício, contrário à lei, o ato era considerado imediatamente nulo.
Hoje se analisa, além da lei, o que traz caso concreto, pois pode ocorrer de um ato nulo não
causar, preliminarmente, lesão ao interesse público e nem prejuízo ao erário.
Para que seja convalidado o ato deve ser dotado de vício sanável. Será sanável se:
- estiver presente a finalidade pública;
- houver motivo – situação de fato e de direito que permita a produção do ato;
- objeto – decorre dos motivos – pela força dos motivos determinantes o
administrador fica vinculado ao ato de acordo com os motivos que o levaram a praticá-lo;
- competência;
- forma – quanto à forma e competência, podem ser sanáveis.
Competência: em princípio é vício sanável, salvo quando se tratar de competência
exclusiva, pois não sendo exclusiva será delegável.
Art. 22 da Lei nº. 9.784/99 - forma – em regra o vício de forma é sanável, pois os
atos do processo administrativo não dependem de forma determinada, salvo quando a lei
expressamente a exigir (salvo se for requisito indispensável para o ato).
Havendo um ato administrativo viciado será necessário que se faça outro ato para
convalidá-lo. Quando o ato a ser convalidado for um ato vinculado, a convalidação também o
será. Sendo um ato discricionário, a convalidação também será discricionária.
Art. 55, Lei nº. 9.784/99 – em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração.

A anulação do aro administrativo é poder ou dever da Administração Pública?


Apesar do art. 53 da Lei nº. 9.784/99 utilizar a expressão deve, quando a
Administração deparar com uma ilegalidade, em regra deve anular o ato, mas cada caso
deve ser analisado objetivamente. Não é possível em prol de uma ilegalidade violar direito
adquirido, por exemplo. O ato deverá ser mantido quando sua anulação ferir direito
adquirido ou quando a anulação for causar prejuízo maior do que a própria invalidez.
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Nas provas objetivas devemos responder de acordo com a lei (a Administração


Pública deve anular atos ilegais).
Existia uma tese defendendo o cabimento da anulação de um ato a qualquer tempo.
Os particulares entendiam que o prazo era de 5 anos. Uma terceira corrente entendia que
deveria ser seguido o prazo do CC – 20 anos. Hoje, de acordo com o disposto no art. 54 da
Lei nº. 9.784/99, o direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em
que foram praticados, salvo comprovada má-fé. O prazo é decadencial.
Os prazos contra a Administração Pública começam a fluir, em regra, no momento
em que ela toma ciência da sua prática. É a regra. Quando a própria Administração Pública
praticou o ato a ser anulado o prazo começa a contar do momento de sua prática.
Se um servidor público ingressou na Administração Pública sem concurso público e
tal fato vem a ser descoberto 17 anos depois, pode ocorrer anulação?
Pela letra da lei a resposta seria afirmativa - o art. 54 usa a expressão “salvo
comprovada má-fé”. O art. 54, ao instituir prazo decadencial, não visou encobrir a prática de
atos ilegais, mas sim evitar prática de atos de má-fé.
Na esfera estadual de SP o prazo é de 10 anos.
O art. 54, §1º da Lei nº. 9.784/99 prevê que, no caso de efeitos patrimoniais
contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. Efeitos
patrimoniais contínuos são aqueles que se sucedem mês a mês. Para cada ato praticado se
inicia um novo prazo decadencial (entendimento do STJ).
Atualmente, para que um ato seja anulado é preciso analisar a segurança jurídica.

Atributos dos atos administrativos.


Os atributos dos atos administrativos existem para que o administrador tenha
facilidade de consecução do múnus publico e não para seu próprio proveito.
São os seguintes:
- presunção de legalidade (legitimidade);
- imperatividade;
- auto-executoriedade.
O único atributo que se encontra em todos os atos administrativos é a presunção de
legitimidade.
1. Presunção de legalidade ou de legitimidade.
Há autores que utilizam tais expressões como sinônimas, mas são expressões
distintas:
- presunção de legalidade significa que o ato encontra-se de acordo com a lei;
- presunção de legitimidade significa que o ato é legítimo, ou seja, além de estar de
acordo com a lei o ato é aceito pela sociedade.

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A presunção de legalidade dos atos administrativos é “juris tantum”, ou seja, é


relativa. A conseqüência disso é a inversão do ônus da prova.
2. Imperatividade.
Poder que a Administração Pública tem de se impor ao particular independentemente
da vontade deste. No direito italiano recebe o nome de poder extroverso.
Não é atributo comum a todo ato administrativo.
Ex.: placa de transito indicando velocidade máxima de 90 km/h.
3. Auto-executoriedade.
Poder que a Administração Pública tem de executar seus atos sem a interferência do
Poder Judiciário.
Ex.: fiscalização das malas dos particulares na alfândega.
A auto-executoriedade não impede a atuação do Poder Judiciário – o ato auto-
executável não está excluído da apreciação do Poder Judiciário – art. 5º, XXXV, CF.
A doutrina divide a auto-executoriedade em:
- exigibilidade – qualidade que o Estado tem de poder exigir do terceiro o
cumprimento da obrigação, sem coação material. Ex.: aquele que dirige acima da velocidade
permitida recebe multa;
- executoriedade – é a possibilidade de coação material, independentemente do
Poder Judiciário. Ex.: poder de dissolver multidão.

Os atos administrativos são controlados pelo Poder Legislativo e pelo Poder


Judiciário.
Art. 71, CF – o controle externo da Administração Pública é exercido pelo Congresso
Nacional auxiliado pelo Tribunal de Contas.
A finalidade do controle interno de cada Poder está prevista no art. 74 da CF:
- inciso I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a
execução dos programas de governo e dos orçamentos da União. O Estado só pode gastar o
que estiver previsto no Programa de Governo;
- inciso II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito
privado. Tanto o controle interno como o externo analisam a legalidade;
- inciso III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem
como dos direitos e haveres da União,
- inciso IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. Tal
inciso demonstra a coexistência dos controles interno e externo.
Art. 74, §1º, CF - os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento
de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União,
sob pena de responsabilidade solidária.
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Controle dos atos administrativos pelo Poder Legislativo.


Art. 71 da CF.
Controle parlamentar – art. 49, X, CF – é da competência exclusiva do Congresso
Nacional fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta.
Apesar dos Poderes serem independentes e harmônicos entre si pode haver
interferência de um no outro, desde que haja previsão constitucional. A separação dos
poderes não é absoluta – sistema dos freios e contrapesos.
Art. 49, V, CF – é da competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa. Tal dispositivo é outra possibilidade de interferência de um poder em
outro.
Art. 50, CF - A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas
Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente,
informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade
a ausência sem justificação adequada. Eis outro exemplo de controle externo a cargo do
Poder Legislativo, especificamente pelo Parlamento.
Art. 58, §2º, CF - O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes
e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento
ou no ato de que resultar sua criação. Às comissões, em razão da matéria de sua
competência, cabe receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer
pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas.
Art. 58, §3º, CF - as comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das
respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a
apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal
dos infratores. Controle externo parlamentar.
Art. 51, CF - compete privativamente à Câmara dos Deputados autorizar, por dois
terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
da República e os Ministros de Estado.
O Presidente da República será julgado, pela prática de crime comum, pelo STF – art.
102, I, “b” da CF. Pela prática de crime de responsabilidade será julgado pelo Senado
Federal – art. 52, I, CF.

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O Senado Federal, quando está julgando o Presidente da República, o Vice-


Presidente da República e os Ministros de Estado nos crimes conexos com aqueles, está
exercendo controle externo (“impeachment”).
Art. 51, II, CF - compete privativamente à Câmara dos Deputados proceder à
tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.
Todo administrador público tem prazo legal para espontaneamente prestar contas.
Se não o faz, ocorre a tomada de contas. O Presidente da República deve prestar contas ao
Congresso Nacional. Se não o fizer a Câmara dos Deputados procederá à tomada de contas.
O Tribunal de Contas não julga as contas do Chefe do Poder Executivo, mas sim as
dos demais administradores.
O art. 71 da CF prevê a competência do Tribunal de Contas da União. De acordo com
o inciso I o TCU apenas apreciará as contas prestadas pelo Presidente da República e emitirá
parecer.
Art. 71, II, CF – controle externo feito pelo Tribunal de Contas.
Art. 71, IX, CF - o controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido
com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete representar ao Poder
competente sobre irregularidades ou abusos apurados. Quando o Tribunal de Contas está
exercendo sua função de controle, se deparar-se com ilegalidade, deve fixar assinar prazo
para que o órgão ou entidade adote as providencias necessárias ao exato cumprimento da
lei. Se o administrador público não sanar as irregularidades, o TC deverá sustar a execução
do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal.
O controle dos atos administrativos pode ser preventivo, concomitante e repressivo.

O controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário faz parte da função precípua
desse Poder. É exercido por meio do mandado de segurança, da ação popular, do habeas
data, da ação civil pública do mandado de injunção e da ADIn.
Todos os tipos de controle existentes têm a finalidade de preservar o Estado
Democrático de Direito não permitindo o abuso ou a arbitrariedade de um Poder sobre outro.

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