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SISTEMAS DE GOVERNO

1) Quanto ao parlamentarismo, aponte alguns elementos de


sua evolução histórica.
O parlamentarismo é originário da Inglaterra, onde se cristalizou e formou suas
bases atuais no século XIII. Na verdade, sua formação se dá ao longo da Idade
Média pela mera prática política, adaptando-se às condições políticas sem ter um
idealizador por trás.

Já em 1688, o Rei Jaime II é deposto no evento político que os ingleses batizaram


de Revolução Gloriosa. Tal movimento possuía dois objetivos precípuos, um
religioso e outro político. O primeiro era cessar as políticas a favor da religião
católica que o Rei implementara em detrimento da religião protestante. O
segundo foi resguardar as instituições inglesas e levar o Parlamento à
participação no poder soberano. Assim, Guilherme III, príncipe convidado para
assumir o trono, teve que assentir com algumas demandas, quais sejam:
consentimento do Parlamento para suspender ou alterar leis, aumentar impostos
e manter um exército nas ruas em tempos de paz. Também fica firmado que se o
Parlamento, por motivos verificáveis, fosse dissolvido, novas eleições deveriam
ser convocadas pelo Rei.

Ao longo da década de setenta do século XVIII, o Rei Jorge III tenta ‘governar’ e
demonstra total inabilidade política para lidar com a rebelião das colônias
americanas. Essa constatação vai gradualmente facilitando a consagração do
princípio do Primeiro-Ministro, iniciado informalmente em 1721 com Sir Robert
Walpole e oficialmente reconhecido somente em 1905 com Henry Campbell-
Bannerman.

O sistema parlamentarista passou a ser aplicado na Europa continental a partir


do século XIX, sofrendo várias modificações em virtude das circunstâncias
políticas locais. O exemplo mais conhecido de parlamentarismo europeu fora do
Reino Unido é o da França, que foi progressivamente adaptando-lhe às suas
instituições, desembocando no que hoje se designa semipresidencialismo. Outros
exemplos europeus de parlamentarismo são Alemanha, Espanha, Portugal, Itália,
Holanda, Bélgica, Grécia entre outras nações, monárquicas ou republicanas.
Irradiou-se pelo mundo a partir do século XX em países como Índia, Japão e Israel.

Segundo alguns estudiosos, o parlamentarismo cresceu, melhor se desenvolveu


e atingiu a sua mais elevada expressão no âmbito das monarquias constitucionais
devido ao fato de que a exclusão da competição política pela conquista do mais
alto cargo do Estado – ao mesmo tempo em que o Parlamento lhe limitava e
contrastava o poder – exerceu um efeito moderador na luta política.

2) Como é a relação executivo-legislativo no


parlamentarismo?
O parlamentarismo tende a manter a divisão clássica dos poderes de Estado
formuladas do Montesquieu, quais sejam o Executivo, Legislativo e Judiciário.
Porém, diferindo do presidencialismo, o sistema parlamentar não pressupõe a
independência entre todos eles. Na verdade, somente o Poder Judiciário é
autônomo, enquanto Executivo e Legislativo atuam conjuntamente, sendo esta a
característica primordial desse sistema de governo.

A ideia central do parlamentarismo é que a atuação do Governo se dê sob o


permanente consentimento do Parlamento. É preciso lembrar que no
parlamentarismo há a divisão do Poder Executivo entre o Chefe de Estado e Chefe
de Governo. Aquele pode ser eleito direta ou indiretamente eleito e goza de
relativa estabilidade se for um Presidente, ou total durabilidade se for um
Monarca, pois não pode ser responsabilizado politicamente. Possui poucas
prerrogativas, sendo a maior delas a de poder dissolver o Parlamento, desde que
observe alguns critérios, para convocar novas eleições. Na prática, serve como
poder moderador internamente, sendo mais influente na política internacional do
Estado.

Quanto ao Chefe de Governo, é indispensável que seja indicado pelo Parlamento


ou que tenha a manifesta confiança deste para assumir a chefia do Gabinete,
órgão dinâmico e responsável. Caso incorra em escolhas erradas e gere
insatisfação generalizada, tem o Parlamento a faculdade de desconstituir essa
parte do Poder Executivo, impondo-se a necessidade da formação de um novo
Gabinete. Em geral, é o líder do partido majoritário que assume a função de
Primeiro-Ministro, pois, por óbvio, possui maior capital político para
desempenhar as funções de Governo com tranquilidade.

O Parlamento é tido como a melhor expressão das aspirações da opinião pública.


É o poder que detém mais autoridade e legitimidade para representar as
demandas do povo. Daí que a assembleia nacional de um Estado parlamentarista
é o elemento chave entre todos os outros poderes. Sua simples desconfiança leva
a imediata queda Gabinete. Entretanto, como já dito, o Parlamento poder ser
dissolvido pelo Chefe de Estado, o que desaconselha abusos e adverte contra
desmandos.

3) Quais as principais características do parlamentarismo?


Dentre as variadas características do sistema parlamentar, podemos destacar
como as mais elementares:
a) a organização dualística do Poder Executivo: divisão das funções entre o Chefe
de Estado e o Chefe de Governo. Um com a incumbência de representar o
Estado e personificar a sua unidade, enquanto o outro se atém às atividades
de governo, ou seja, a administração pública;
b) a colegialidade do órgão governamental: o Governo, que é o Poder Executivo
propriamente dito, é composto por um Conselho de Ministros liderado pelo
Primeiro-Ministro. Assim, há diversas pastas ministeriais (Justiça, Saúde,
Educação, Agricultura) que discutem seus respectivos assuntos e formulam as
propostas a serem implementadas;
c) a responsabilidade política do Ministério (ou Gabinete) perante o Parlamento:
o Governo não possui mandato por tempo determinado, ficando sua
orientação política condicionada a satisfação do Parlamento. Caso este
estenda que o Governo não mais reúne condições políticas para governar,
poderá manifestar seu desagrado mediante moção de desconfiança. Neste
caso, o Governo deve demitir-se imediatamente;
d) a responsabilidade política do Parlamento perante o corpo eleitoral: o
Parlamento é o Poder de maior relevo e exerce a tutela do Governo no
parlamentarismo. Assim, um Governo que não atende às expectativas da
população e mesmo assim seja mantido no poder, pode prejudicar as
pretensões políticas dos parlamentares. Desse modo, no período eleitoral, os
parlamentares que arcaram com a manutenção de um Governo impopular
poderão ser responsabilizados pelo corpo eleitoral com a não reeleição;
e) a interdependência dos Poderes Executivo e Legislativo: os dois poderes atuam
conjugadamente. Há duas partes no poder executivo, uma estática (Chefe de
Estado) e outra móvel (Gabinete). Essa depende do contentamento daquela,
enquanto aquela, de modo geral, depende dos bons resultados dessa.

4) Onde surge o presidencialismo? Explique.


O sistema presidencialista, paradoxalmente, provém de uma ex-colônia da
Inglaterra, expoente máximo do parlamentarismo. Foi idealizado pelos norte-
americanos no contexto da emancipação política das treze colônias inglesas no
Novo Mundo, ocorrida na segunda metade do século XIII.

Nasceu, primeiramente, da necessidade dessas colônias de se organizarem de


forma a conseguir resistir eficazmente à reação das forças inglesas. O motivo do
ímpeto independentista foi a falta de representatividade que os colonos tinham
perante a metrópole. A 4 de julho de 1776, após uma constante escalada conflitos
violentos, o Congresso Continental proclamou a independência das Treze
Colônias.

Da Convenção de Filadélfia ocorrida entre os dias 25 de maio e 17 de setembro


de 1787, ainda no rastilho do conflito pela independência, formalmente
reconhecida pelo Tratado de Paris assinado em 3 de setembro de 1783, resultou
a Constituição dos Estados Unidos da América, que fundiu os treze estados em
um só, e, ao mesmo tempo, criou uma nova forma de Estado e um novo sistema
de governo, o presidencialismo.

5) Quais as principais características do presidencialismo?


O presidencialismo, assim como o parlamentarismo, está esquematizado na
tradicional divisão dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Nele,
entretanto, há a atuação separada, independente e harmônica de um poder
perante o outro, num mecanismo que ficou conhecido como sistema de pesos e
contrapesos.

A figura central desse sistema representativo é o Presidente, ente que concentra


as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo, ou seja, exerce o Poder
Executivo unipessoalmente. É fundamental que este ascenda ao poder por meio
do voto direto do corpo eleitoral, a fim de representar a soberania nacional,
assemelhando-se a figura do Rei. Vale lembrar que o sistema presidencialista é
incompatível com a forma de governo monárquica.

Outra característica considerável do presidencialismo é a irresponsabilidade


política do Chefe do Executivo. O Presidente, ao ser eleito, assume um mandato
por tempo determinado, geralmente quadrienal, de forma a não precisar garantir
o apoio do Parlamento para permanecer como Presidente. A assembleia nacional
só pode demitir o Chefe do Executivo em casos extremos, no processo conhecido
como impeachment, quando este cometer faltas graves em suas políticas para a
Administração pública. Só pode ser afastado do cargo em caso de infração penal
ou crime de responsabilidade.

Ademais, também é garantido ao Presidente participar efetivamente da discussão


e elaboração de leis, sempre balizando o exercício de seu poder na supremacia
da lei constitucional.

6) Em relação ao Brasil, como se desenvolveram o


parlamentarismo e o presidencialismo?
O sistema presidencialista é de longe a forma representativa mais utilizada na
história política do Brasil. Com a Proclamação da República em 1889, que findou
o regime monárquico do Império, foi promulgada em 1891 a Constituição da
República dos Estados Unidos do Brasil. Nela, consagrava-se a existência de
apenas três poderes, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. O antigo Poder
Moderador, símbolo da monarquia, foi abolido.

Desde então, o presidencialismo brasileiro passou por mudanças profundas,


ocasionadas por conflitos políticos, revoltas regionais civis, rebeliões militares,
sem contudo perder seus traços essenciais. Durante toda a história da República
no Brasil, o emprego do sistema presidencialista só foi interrompido por um breve
período parlamentarista durante o mandato de João Goulart (entre 1961 e 1963)
e depois por 21 anos, durante a Ditadura Militar (de 01 de abril de 1964 a 15 de
março de 1985).

Já o parlamentarismo tem história precária na vida política brasileira. Vigorou por


aqui em dois momento distintos, tendo aparecido pela primeira vez na época do
Império, e a segunda já sob o regime republicano. Vale ressaltar que em sua
primeira experiência brasileira, o parlamentarismo foi significativamente
desfigurado, pois, ao contrário da tradição iniciada na Inglaterra, o Primeiro-
Ministro era escolhido pelo Poder Moderador, exercido a época pelo Imperador
Pedro II, cabendo a este também o poder de demiti-lo ou de dissolver a Câmara.

Na sua curta existência republicana - de setembro de 1961 a janeiro de 1963 - o


parlamentarismo foi empregado para solucionar o impasse criado pela renúncia
de Jânio Quadros. As elites militar, política e econômica da época não viam com
‘bons olhos’ a entrega do poder a João Goulart, então vice-presidente, ligado aos
ideais do sindicalismo e de posições esquerdistas. Assim, para sua posse, exigiu-
se que a Câmara instituísse o parlamentarismo, apenas com finalidade de reduzir
as prerrogativas presidenciais. Aceita a solução por João Goulart, este mobilizou,
já na presidência, suas forças políticas, e submeteu a questão a um plebiscito, que
restabeleceu o sistema presidencialista no país.

Alisson Luan e Silva

Direito – Noturno - Sala 46 – 2º Semestre

Matrícula: F04782-2

Profº. Mario Guide

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