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OFICINA SOBRE A VIGILÂNCIA DO

SARAMPO

Ma. Michelle Cristina Fianco


Responsável Técnica pelas Doenças Exantemáticas PI
Secretaria de Estado da Saúde do Piauí - SESAPI
SUPAT/DUVAS/GVS
Coordenação Estadual de Epidemiologia

Teresina, 09 de Agosto de 2019


SARAMPO
É uma doença viral aguda altamente contagiosa, comum na infância, que gera
uma vasculite generalizada.

Período de Transmissibilidade: 6 dias antes do exantema até 4 dias após


(maior 2 dias antes a 2 após o início do exantema)

Período de incubação: 7 a 21 dias (~ 14 dias)

Definição de Caso

Suspeito: Paciente com febre e exantema maculopapular, acompanhados de


um ou mais dos sinais e sintomas: Tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite,
independente da idade e situação vacinal

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde,2019 .


Manifestações Clínicas
Sarampo
Período de Infecção ( ~ 7 dias)

Período Prodrômico
✔ Febre acima de 38,5ºC;
✔ Tosse (inicialmente seca);
✔ Coriza;
✔ Conjuntivite não purulenta;
✔ Fotofobia
✔ Manchas de Koplic (Pequenos pontos brancos amarelados na mucosa
bucal, na altura do 3° molar, antecedendo o exantema) (~ 48h antes do
exantema)

Do 2° ao 4° dia desse período:


✔ Exantema cutâneo maculopapular morbiliforme de coloração vermelha de
direção cefalocaudal não pruriginoso.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - SARAMPO
Manifestações Clínicas
Sarampo
Período Toxêmico

✔ Superinfecção viral ou bacteriana, facilitada pelo comprometimento da


resistência do hospedeiro a doença.
✔ Frequentes complicações, principalmente nas crianças até 2 anos de idade,
especialmente as desnutridas, e nos adultos jovens.

Período de Remissão

✔ Diminuição dos sintomas, com declínio da febre,


✔ Exantema torna-se escurecido e, em alguns casos, surge descamação fina,
lembrando farinha, daí o nome de furfurácea.
Complicações Associadas ao Sarampo
Sarampo
Febre por mais de 3 dias, após o aparecimento do exantema, é um
sinal de alerta e pode indicar o aparecimento de complicações, como
infecções respiratórias, otites, doenças diarréicas e neurológicas.

Na ocorrência dessas complicações, a hospitalização pode ser


necessária, principalmente em crianças desnutridas e em
imunocomprometidos.

A maioria das mortes relacionadas ao sarampo são causadas por


complicações associadas à doença. As complicações graves são
comuns em menores de 5 anos e maiores de 30 anos.

O sarampo grave é mais provável entre crianças mal nutridas,


especialmente aquelas com deficiência de vitamina A, ou cujo sistema
imunológico tenha sido enfraquecido pelo HIV / AIDS ou outras
doenças imunossupressoras
Complicações Associadas ao Sarampo
Sarampo
✔ Cegueira ;
✔ Encefalite; (Após 20°da infecção)
✔ Otites;
✔ Diarréia;
✔ Distúrbios respiratórios graves;
✔ Aborto espontâneo ou parto prematuro;
✔ Panencefalite Esclerosante Subaguda (Surge cerca de 7 anos após
o sarampo, em geral afeta crianças que tiveram sarampo com
menos de dois anos de idade)
EVOLUÇÃO DOS SINAIS E SINTOMAS DO SARAMPO

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde,2019 .


SITUAÇÕES ESPECIAIS
Sarampo
SARAMPO MODIFICADO

✔ É o sarampo em indivíduo com algum tipo de imunidade (Resposta


parcial a vacina; transferência transplacentária; pessoas com
histórico prévio de sarampo)

✔ Mais comum em crianças menores de 1 ano com anticorpos


maternos.

ATENÇÃO!!!

Pode faltar a Mancha de Koplik, a conjuntivite e o exantema!!!


SITUAÇÕES ESPECIAIS
Sarampo
SARAMPO ATÍPICO

✔ Nos que receberam vacina com virus morto (Monovlente) de 1963


-1967, desenvolve um exantema hemorrágico, vesicular ou
combinado, febre prolongada, cefaléia;

✔ Atualmente é muito raro;

✔ É grave, com comprometimento pulmonar com SRAG,


adenomegalia.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Sarampo
RECOMENDAÇÕES LABORATORIAIS (COORDENAÇÃO GERAL
DE LABORATÓRIOS DE SAÚDE PÚBLICA – CGLAB)

Coletar amostra para sorologia e biologia molecular:

✔ Amostra de sangue (soro);


✔ Secreção de oro e nasofaringe
✔ Urina

Todas as amostras deverão, preferencialmente serem coletadas no 1º


contato com o paciente.
1) Amostra de Sangue (Soro)
Sarampo
✔ Sangue venoso, na quantidade de 5 a 10 mL e sem anticoagulante.

✔ A separação do soro pode ser feita por centrifugação ou após a


retração do coágulo.

✔ Quando se tratar de criança muito pequena e não for possível


coletar o volume estabelecido, colher 3mL.

✔ A amostra deve ser acompanhada da ficha de Investigação de


doenças exantemáticas e registro GAL, e encaminhada ao LACEN.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Sarampo
✔ Amostra de sangue (soro) precoce – coletada antes do 5º dia do
exantema;

✔ Amostra de sangue (soro) oportuna – coletada entre o 5º e 30º dia


do exantema;

✔ Amostra de sangue (soro) tardia – coletada após o 30º dia do


exantema;

✔ Amostra de oro e nasofaringe e urina – ideal até o 5º do início do


exantema – preferencialmente nos três primeiros dias após o
exantema.

Ao interpretar os resultados laboratoriais, deve ser levado em


consideração o período da coleta.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Sarampo
Em situação de surto (1 caso confirmado de sarampo considera-se
surto):

Casos suspeitos em que a amostra foi coletada antes do 5º do início do


exantema e que apresente resultados Não Reagente ou Inconclusivo
(IgM e IgG), devem ter 2ª amostra coletada (a partir de 10 dias da 1ª
coleta).

Na rotina continua coletando de 20 a 25 dias após a 1ª coleta; (Fluxo


Casos Suspeitos/Confirmados)

Fonte: Nota Informativa 119/2018 - CGDT/DEVIT/SVS/MS


2) Secreção Oro e Nasofaríngea: Sarampo
✔ Introduzir o 1° swab de rayon na cavidade nasal direita, o 2° na
cavidade nasal esquerda e o 3° na orofaringe;

✔ Colocar os 3 swabs coletados no mesmo tubo Falcon contendo


meio DMEM (fornecido pelo LACEN) ou Soro Fisiológico;

✔ Manter sob refrigeração 2 a 8°C e encaminhar em caixa térmica


com gelox entre 24 a 48 h ao LACEN acompanhada da cópia ficha
de Investigação de doenças exantemáticas e no registro GAL.
3) Urina
Sarampo
✔ Coletar de 15 a 100 mL de urina, em frasco estéril;

✔ Coletar, preferencialmente, a 1ª urina da manhã, após higiene íntima,


desprezando o 1º jato e coletando o jato médio; não sendo possível obter
a 1ª urina do dia, colher em outra hora, quando a urina estiver retida de 2
a 4 horas;

✔ Após a coleta, manter sob refrigeração 2 a 8°C, e encaminhar ao LACEN


em caixa térmica com gelox entre 24 a 48 h, no máximo, para evitar que
o crescimento de bactérias diminua a possibilidade de isolamento do
vírus.

✔ A urina não deve ser congelada;

✔ A amostra deve ser acompanhada da ficha de Investigação de doenças


exantemáticas febris/sarampo e registro do GAL.
FLUXO DE INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS LABORATORIAIS

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde, 2019 .


DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DO SARAMPO/RUBÉOLA

DENGUE

PARVOVÍRUS
CHIKUNGUNYA
AMOSTRA B19
NÃO
REAGENTE
PARA
SARAMPO E
RUBÉOLA

ZIKA VÍRUS HERPES TIPO 6


TRATAMENTO - SARAMPO

✔ Sintomáticos
✔ Tratamento com antibiótico é contraindicado, exceto se houver indicação médica
mediante a ocorrência de infecções secundárias.
✔ Recomenda-se a administração da vitamina A em todas as crianças acometidas pela
doença, para reduzir a ocorrência de casos graves e fatais, com início no mesmo dia
do diagnóstico do sarampo, nas dosagens indicadas a seguir:

• Crianças com menos de 6 meses de idade – 50.000UI, sendo uma dose em


solução oral, no dia do diagnóstico, e outra dose no dia seguinte.
• Crianças entre 6 e 12 meses de idade – 100.000UI, sendo uma dose em
cápsula, no dia do diagnóstico, e outra dose no dia seguinte.
• Crianças com mais de 12 meses de idade – 200.000UI, sendo uma dose em
cápsula, no dia do diagnóstico, e outra dose no dia seguinte.

Para os casos sem complicação, deve-se manter a hidratação e o suporte nutricional,


e diminuir a hipertermia. Muitas crianças necessitam de 4 a 8 semanas para recuperar
o estado nutricional.

Fonte: CGDT/DEVIT/SVS/MS - 2018


PREVENÇÃO

A vacina é a melhor forma de prevenção

1ª dose com tríplice viral aos


12 meses
2ª dose com tetraviral aos 15
meses de idade

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde,2018 .


FLUXO DE AÇÕES DE VIGILÂNCIA PARA O SARAMPO
FLUXO DE AÇÕES PARA CASOS SUSPEITOS DE SARAMPO

Caso suspeito de
Sarampo

Notificar à Secretaria
Municipal de Saúde (24h)

Coleta de sangue para Vacinação de Bloqueio


Investigar sorologia e material para Vacinar os contatos
isolamento e identificação susceptíveis ( em até 72
(em até 48h) viral no 1º contato
com o paciente
horas)

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde, 2019 .


Na detecção de casos suspeitos de sarampo:

✔ Notificar imediatamente todo caso suspeito de sarampo em até 24 horas e


Investigar em até 48 h da notificação;

✔ Realizar busca retrospectiva de casos suspeitos, nos últimos 30 dias, a


partir do 1º caso confirmado (utilizando como instrumento a ficha de
notificação de doenças exantemáticas) e dar sequência na busca ativa de
casos suspeitos nos serviços de saúde;

✔ Os contatos de casos suspeitos ou confirmados devem ser acompanhados
por 30 dias;

✔ Toda ficha de notificação/investigação de casos suspeito deverá ser


preenchida adequadamente, com informações legíveis e completas;

Na detecção de casos suspeitos de sarampo:

✔ Proceder a coleta de sangue, secreção oro e nasofaríngea e urina para a


realização do diagnóstico laboratorial, de acordo com o protocolo
específico do laboratório LACEN.

✔ Orientar isolamento social: deve ser reforçada a orientação para que o


paciente com sinais e sintomas de sarampo fique em casa até o final do
período de transmissibilidade das doenças (até 4 dias após o início do
exantema).

✔ Adotar as medidas de controle:

Realização imediata de Bloqueio Vacinal seletivo abrangendo todos os


contatos, a partir dos seis meses de idade, em até 72h da notificação do caso.

Deve ser realizado em todos os locais que o caso suspeito ou confirmado da


doença frequentou (creches, escolas, faculdades, empresas, academias,
dentre outros) no período de transmissibilidade.
Bloqueio Vacinal Seletivo

Considerado oportuno se implementado no prazo de até 72 horas após a


identificação do caso suspeito/confirmado, conforme orientações a seguir:

a) Crianças de 06 meses a menores de um ano de idade (até 11 meses e 29


dias):

Administrar uma dose da vacina tríplice viral. Esta dose não é válida para a
rotina, portanto, deve-se agendar a primeira dose (D1) da tríplice viral para os
12 meses de idade.
Bloqueio Vacinal Seletivo

b) Pessoas na faixa etária de 12 meses a 4 anos e 29 dias

Atualizar situação vacinal conforme indicações do calendário nacional de


vacinação para a idade, isto é:

✔ Primeira dose (D1) aos 12 meses com a tríplice viral e Dose de tetra viral
aos 15 meses.

✔ Para as crianças de 15 meses a menores de cinco anos de idade,


considerar a segunda dose com a vacina tetra viral.

✔ Na indisponibilidade da tetra viral, utilizar tríplice viral mais varicela


(atenuada).
Bloqueio Vacinal Seletivo

c) Pessoas de cinco a 29 anos:

O esquema vacinal completo é de duas doses de vacina tríplice viral, com


intervalo mínimo de 30 dias entre elas.

d) Pessoas na faixa etária de 30 anos e mais:

Administrar uma dose de tríplice viral naquelas que não comprovarem


vacinação anterior.

Não sendo possível realizar todo o bloqueio em até 72 horas, as ações de


vacinação devem ser mantidas até que todos os contatos tenham sido
avaliados e vacinados conforme a situação encontrada.

NÃO VACINAR pessoas imunocomprometidas, crianças menores de 6 meses


de idade e gestantes.
VACINAÇÃO DE ROTINA :

O esquema vacinal preconizado conforme faixa etária:

• Aos 12 meses de idade, administrar a primeira dose da vacina tríplice viral


(D1).

• Aos 15 meses de idade, administrar dose única da vacina tetraviral (DU),


que corresponde à segunda dose da vacina triplice viral e a primeira dose da
vacina varicela.

A vacina tetraviral pode ser administrada ate os 4 anos, 11 meses e 29 dias de


idade.
Após esta faixa etaria, completar o esquema com a vacina tríplice viral.

As vacinas tríplice viral e varicela (monovalente) podem ser utilizadas em


substituição a tetraviral, quando houver indisponibilidade desta vacina.
VACINAÇÃO DE ROTINA :

• Para pessoas de 30 a 49 anos de idade, recomenda-se uma dose da vacina


tríplice viral, conforme situação vacinal encontrada.

• Pessoas imunocomprometidas ou portadoras de condições clínicas


especiais deverão ser avaliadas nos Centros de Referencia para
Imunobiológicos Especiais (CRIE) antes da vacinação.

• Profissionais da saúde têm indicação para receber duas doses de vacina


tríplice viral, independentemente da idade.

Fonte: CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO PARA O ANO DE 2018.


Informações importantes na Investigação do Caso

# Conferir endereço de residência com telefone e/ou e-mail para contato;


# Deslocamentos nos últimos 21 dias (local, meio de deslocamento, data do
deslocamento, contato com casos suspeitos), para avaliação do caso índice;
# Investigar com quem o caso suspeito teve contato, aonde ele foi, se ele
viajou (local, data, horário, meio de transporte, paradas, empresa), tudo
especificado com data, no período de transmissibilidade (6 dias antes e 4 dias
após o início do exantema);
# Estado Vacina (Com cópia do cartão de vacina)
# Exames específicos, inespecíficos e diferenciais (Cópia);
# Se procurou serviço de saúde (Quando?Dia?Hora?Local?Ficou
internado?Ficou em Observação?
# Contactar os serviços de saúde para investigar profissionais que estavam
trabalhando e tiveram contato com o caso suspeito.
FLUXOS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, LABORATORIAL E
IMUNIZAÇÃO EM SITUAÇÃO DE SURTO

A Nota Informativa N°119/2018 – CGDT/DEVIT/SVS/MS, presta


orientações para o desenvolvimento de ações de vigilância
epidemiológica, laboratorial e de imunização na vigência de surto de
sarampo.
DISCO DO TEMPO DO SARAMPO

Fonte: OPAS/OMS
OBRIGADA !!!
(86) 3216-3596

epidemiologia@saude.pi.gov.br

Coordenação Estadual de Epidemiologia

michelle.epidemiologiapi@gmail.com

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